Por: Vê Fletcher


Cap. 1 – “I guess I'm stuck in this mad world, the things that I wanna say, but you're a million miles away” (McFly – Star Girl)

Sinceramente, quando meus pais autorizaram meu intercâmbio foi a coisa mais sensacional que eu já ouvi! Meu nome é e eu só tenho quatorze anos! Meu sonho sempre foi fazer intercâmbio nos Estados Unidos, mas com o meu fanatismo recente pelo McFly, minha viagem tomou outros rumos; do outro lado do Atlântico, terra da Rainha e berço do inglês. Era para lá que eu estava indo.
Duas semanas indo atrás de agências de intercâmbio até que uma me agradasse. Estava arrumando minhas malas quando o telefone tocou. Era Cindy, minha agente, e ela falaria com qual família eu iria morar.
- Você vai ficar com a família de . – ela disse e eu congelei. – Eles tem uma garota três anos mais velha do que você, , e um garoto nove anos mais velho que você, , mas este não mora com eles. – Ok, minha agente queria me matar, era a família do meu ídolo!
- Espera, espera Cindy, você ‘ta me dizendo que a família que vai me acolher é a de , integrante do McFly? – meu coração não se agüentava.
- É, por quê? Algum problema? – ela disse preocupada.
- Não! Não, é só que... – pensei por um momento. – será uma honra me hospedar na casa da família de um astro do Reino Unido. – sorri boba.
- Ok então, querida. – ela disse respirando aliviada. – Suas passagens você irá pegar amanhã de manhã comigo. Até lá! – e desligamos.
Mirei meu pôster do McFly e outro de , sorri. Outro sonho estaria se realizando! Terminei de arrumar a mala e fui jantar, naquela noite dormi como um anjo.
No dia seguinte segui para a agência, peguei os documentos, Cindy deu as últimas recomendações e fomos para o aeroporto. Dude, odeio quando minha mãe chora, fiquei meio dividida, mas precisava seguir meu sonho! Meu pai me deu dinheiro e um celular novo, um que eu queria há décadas!
Entrei no avião com um sorriso de orelha a orelha e procurei meu assento, que era ao lado da janela. Fui olhando toda a paisagem; a viagem seria longa. Eu estava voando, pela primeira vez na vida, e estava mais alto e mais longe a cada momento.

Cap. 2 – “She falls asleep and all she thinks about is you. She falls asleep and all she dreams about is you” (McFly – She Falls Asleep)

No meio da viagem acabei dormindo ouvindo McFly no meu iPod; qual é, ainda faltavam mais de dez horas para eu chegar, fora o fuso horário que é quatro horas a frente do meu. Quando acordei eram quatro horas da tarde no meu relógio e já faltavam dez horas! A família iria me pegar no aeroporto às oito da manhã, o que significava que eu passaria duas horas no aeroporto, esperando. Bom, para uma garota como eu, super curiosa, seria o paraíso! Compraria algumas lembrancinhas e aproveitaria para ouvir mais McFly, além de ler alguns livros para minha nova escola.
De certa forma, quando apontei na porta do avião, minhas pernas tremeram e meu coração disparou. Estava dando o primeiro passo em direção aos meus sonhos. Fiz questão de pisar com o pé direito, mas na hora que cheguei ao aeroporto, as grandes portas da saída abertas fizeram com que uma brisa gelada passasse, levantando meus cabelos.
- Bem vinda à Londres! – disse à mim mesma, tremendo com o frio.
Fui buscar minha mala; alguns minutos depois ela aparecia na esteira seguida da outra. Com duas malas de rodinha, uma maior que a outra, e uma pasta com meus objetos de valor eu estava pronta para vasculhar cada canto do aeroporto.
Tomei café em uma loja da Starbucks, para acordar, e saí andando pelos corredores iluminados e com poucas pessoas àquela hora. O pior de tudo era puxar as malas para qualquer lugar que eu fosse. Mas era melhor prevenir do que remediar!
Quando já dava quase sete e meia eu e minhas malas colossais entramos no banheiro para deficientes, a fim de aliviar os quatro copos venti de café. [n/a: quem já foi na Starbucks sabe que é o maior copo. =D] Troquei de roupa, coloquei meu all-star preto com lantejoulas, calça jeans e um moletom GAP. Penteei meus cabelos em um rabo de cavalo alto e passei gloss, depois de escovar os dentes, é claro.
A primeira impressão é sempre a que fica e eu passaria um ano com eles antes de renovar o contrato, esperava que os agradasse. Meu pensamento não saía de , como ele seria com a família? Agora eu também faria “parte” da família dele, como controlaria minha paixão platônica?
Estava sentada no banco de espera quando ouvi meu nome ser chamado em um inconfundível sotaque britânico. A princípio ri cabisbaixa, já começava a imaginar, e ouvir, como as pessoas me chamariam. Até que ouvi novamente e levantei a cabeça procurando o dono daquela voz. Avistei ao longe, acenando para mim, com um sorriso, sendo seguida dos pais. Levantei-me, o coração aos pulos, as mãos suando, mas o sorriso firme. Foi assim que eles me encontraram quando se aproximaram, finalmente.

Cap. 3 – “The sun is in the sky and it is gonna be a glorious day, huh. So pour yourself a coffee, put your clothes back on and tell me your name” (McFly – Everybody Knows)

- Finalmente nos conhecemos pirralha! – , literalmente, me esmagou em um abraço. Eu ri. Era tão engraçado me chamarem de pirralha.
- Também é muito bom te conhecer. – nos soltamos.
- Olá querida, - se aproximou. – bem vinda à Inglaterra! – ela me abraçou e eu sorri. – Pode me chamar de , ou mãe! – olhou-me nos olhos e pude notar certo orgulho ao dizer a última palavra.
- Seja bem vinda . – me beijou a testa e me abraçou. – Pode me chamar de ou pai. – olhei em seus olhos, não havia aquele mesmo “orgulho de mãe” que eu encontrara em , mas ele sorria por eles.
- Obrigada por me receberem! – disse tímida e me abraçou de lado.
- Será tão legal ter uma irmã mais nova e não só o bobo do meu irmão para conversar! – ela grudou nossas bochechas, como se posássemos para foto e eu ri.
- Por Deus , seu irmão nem mora mais conosco! – fez cara de sofrida e deu língua.
- Oh , não seja tão dramática, ele ainda vem nos visitar! – abraçou a esposa pela cintura. Sem dúvida aquela família era uma comédia!
A pequena-grande me arrastou aeroporto afora e nem ao menos me deixou ajudar o Sr. com minhas malas! Ela queria saber de tudo sobre minha vida no Brasil e em menos de quinze minutos parecíamos velhas amigas.
Algumas perguntas como “Acostumou-se com o fuso horário?” ou “O que você gosta de comer?” vieram do banco da frente. Limitei-me a parecer simples em relação à comida, mas a verdade era que eu era tão fresca quanto todos os McGuys juntos! Só deixei avisado que era alérgica à refrigerante; me olhou assustada como se eu tivesse dito besteira, mas depois caiu na risada dizendo que minha cara havia sido muito hilária.
Chegamos à casa, um sobrado muito lindo! Entramos e foi mostrar-me o quarto, que por sinal era de frente com o dela. Fui entrando e me deparei com uma suíte. O quarto possuía papel de parede bege com detalhes em flores lilás; uma escrivaninha espaçosa, armário embutido com alguns espelhos nas portas, uma cama de solteiro com todo o meu material escolar em cima e também havia uma sacada. O banheiro era todo branco, o que contrastava com a pia de mármore preto e o box grafite.
- Gostou? – estava apoiada na porta, de braços cruzados e uma cara engraçada.
- ‘Tá brincando? Isso é lindo! – olhei com os olhos brilhando à minha volta e ela riu.
- Vou deixar você tomar banho e depois desça para conversarmos mais; mamãe irá fazer um prato brasileiro em sua homenagem. – ela disse e fechou a porta, depois que eu agradeci. Tudo era tão novo para mim, tirei meu laptop da bolsa e conectei ao cabo que lá havia. Entrei no McFly Addiction de todos os guys, porém algo me chamou a atenção no de . Havia uma matéria sobre mim! E nos comentários o pessoal me xingava, e muito!
Juro que fiquei com medo e desliguei o computador. Peguei uma roupa qualquer da mala e entrei no banheiro. Coloquei meu Ipod na base e entrei no banho. Saí de lá completamente renovada e reparei na minha roupa. Prendi meu cabelo molhado em um coque frouxo, para não molhar, e coloquei a roupa.
Abri a porta do banheiro, eu vestia uma legging preta, blusão coladinho listrado e sapatilhas brancas. Terminei de secar meu cabelo e coloquei uma tiara, brincos e meu inseparável anel. Deixei a toalha secando e abri a porta da sacada para sair o vapor do meu quarto.
Desci e ajeitava a sala de jantar, sorriu para mim e eu retribui, em seguida entrando na cozinha.
- Nossa! Vai sair com algum gatinho inglês e nem me contou? – riu e eu também, a diferença é que eu também corei. Ela estava de jeans, all star e uma bata com detalhes em renda, o cabelo preso em um rabo de cavalo e lápis nos olhos. estava de avental, mas por debaixo dava para ver que ela vestia um jeans capri, sandálias de salto baixo pretas e uma blusa social com as mangas dobradas. Seu cabelo estava solto e ela possuía brincos grandes e na cor turquesa.
- , tem como você me ajudar aqui? Parece que algo não está dando certo! – disse triste e eu fui ver qual era o tal prato brasileiro que ela estava fazendo. Abafei um risinho ao ver que ela tentava desfiar a carne seca. Olhei no livro de receita e estava escrito “Arroz de Carreteiro”. Uau, como ela tinha conseguido a carne seca?
- Bom, você tem que fazer assim... – peguei um garfo e comecei a puxar os pedacinhos, mas estes não saíam. – Hum... a carne ainda não está cozida. – pareceu arrasada. – Não se preocupe, vamos voltar isto no fogo. – sorri e voltei a carne na panela.
- Que bom que você sabe querida! – ela riu de si mesma e ficamos conversando até que se ouviu a campainha.
- Eu atendo! – gritou e saiu correndo. Fiquei ainda conversando com sobre o que eu costumava comer no meu país até que ouvi se aproximando. – Anda, você precisa conhecê-la, ela é demais! – pelo jeito ela arrastava alguém consigo. Pensei ser sua amiga, mas meu sangue gelou quando a porta da cozinha se abriu.

Cap. 4 – “Well I met this girl, just the other day, I hope I don't regret, the things that I said now” (McFly – Met This Girl)

Eu estava a poucos passos de ninguém menos do que . sorria atrás dele, mas eu não conseguia retribuir, eu estava paralisada, assustada. Aos poucos meus lábios foram curvando-se num sorriso, eu estava acordando do meu transe.
- Hey. – eu disse tentando disfarçar a voz falha e trêmula.
- Oi ! – ele pronunciou meio enrolado, mas com aquela voz que eu tanto amava.
- Me chama de , sei que é mais fácil pra vocês. – sorri para que retribuiu.
- Ah sim, , é bom conhecê-la! – ele me deu um beijo na bochecha e um abraço aconchegante. Ele era muito cheiroso e eu tinha certeza que só faltava eu babar.
Nos separamos e eu fiquei olhando, ops, me perdendo em seus olhos até que a porta da cozinha se abriu novamente e eu quase tive um desmaio. , a namorada do entrava por ela com aquele sorriso que fazia meu sangue ferver. É, já deu pra perceber que eu não gostava dela né?!
- Oh, você é a brasileira que veio fazer intercâmbio? – “Não querida, sou a prostituta que veio satisfazer seu namorado.” Pensei gritantemente.
- É, , mas pode chamar de ! – dei meu melhor sorriso “a lá brasileira” e estendi a mão. Ela a apertou e me deu dois beijinhos na bochecha.
O silêncio predominou na cozinha, mas eu jurava que podia “ouvir” as faíscas saltarem de meus olhos em direção aos de . Portanto o clima estava, ahm... tenso. Ta bom, eu deveria estar sendo simpática, como eu havia sido com meus pais e minha irmã, mas sabe, é difícil quando sua paixão platônica segura a mão de outra garota, a qual ele já está junto há bastante tempo! Vai lá saber o que eles já fizeram.
Eca! Meu estômago embrulhou violentamente, acredito que me encolhi um pouco e vacilei o sorriso.
- Ah, mamãe, amanhã venho para passar uns dias com vocês. – pronunciou-se à mesa. Sim, durante todo aquele tempo havíamos ficado em silêncio. Meus olhos desviaram-se rapidamente do meu prato e pousaram na expressão de , que olhava a mãe.
- Está tudo bem querido, - disse feliz – vocês dois virão pra cá? – empolgou-se ela.
- Não, estarei viajando a trabalho. – me segurei para não revirar os olhos. Que raio de trabalho era esse que eu nunca via em lugar nenhum? não pareceu se afetar e bagunçou os cabelos de , fazendo-o sorrir.
Voltei a olhar para o meu prato e só falava quando me perguntavam alguma coisa.
- Está tudo bem querida? Você ficou quieta de repente! – comentou quando estávamos na cozinha, lavando a louça.
- Não, está tudo bem , acho que é só cansaço. – sorri. – Você sabe, desde que eu cheguei ao aeroporto eu estou à base de café.
- Ah entendo, se quiser, pode ir se deitar. Eu termino aqui.
- Não, não, eu vou esperar o e a irem embora, eu agüento mais um pouco. – sorri e ela concordou.
- Mamãe já estamos indo, amanhã estou de volta. – entrou na cozinha. – Boa noite, - ele beijou a bochecha da mãe e depois virou-se para mim. – vai querer carona até o colégio amanhã? – perguntou sorrindo. Abri a boca, mas foi mais rápida.
- Não precisa , eu mesma a levo, preciso acertar algumas coisas da matrícula. – ela sorriu. – Sem falar no assédio que você sofreria das meninas. – nós três rimos.
- Obrigada. –agradeci e ele me beijou a bochecha.
- Boa noite, brasileirinha. – ele bagunçou meu cabelo e sorriu. Ai aquelas bochechas coradas!
entrou pouco tempo depois para despedir-se e depois disse para que eu fosse me deitar. Achei que, por causa do fuso horário, meus pais ainda estariam acordados, então liguei para eles.
Como sabia que ninguém da casa iria me entender, aproveitei para contar tudo de bom que me acontecera até lá, inclusive o meu encontro com . Finalizei a conversa quando já passava das dez e meia da noite para mim, mas para eles ainda eram seis e meia! Me desejaram boa sorte no colégio e eu fui me preparar para dormir.
Me deitei e fiquei encarando o teto por longos minutos, eu mal acreditava que tudo aquilo estava acontecendo. Eu só não sabia como seria no novo colégio, será que eu acompanharia? As pessoas seriam amigáveis ou arrogantes? Será que as garotas teriam algum conhecimento de que eu estava morando com a família de um dos integrantes da banda mais famosa daquele momento?
Foi com esses pensamentos girando em minha cabeça que eu acabei adormecendo.

Cap. 5 – “We are a generation, can't keep us on the ground” (McFly – We Are The Young)

No dia seguinte, meu uniforme estava cuidadosamente pendurado na porta do guarda-roupa e havia uma mochila nova em cima da escrivaninha. Minhas aulas começavam às oito e ainda eram seis e meia! Levantei-me, tomei banho, coloquei meu uniforme: saia xadrez pregueada, camisa social de mangas sete oitavos, gravata e um casaco social. Guardei os livros na mochila, coloquei meia branca três quartos e os sapatos boneca e desci para a cozinha. e já estavam de pé e riam preparando o café.
- Bom dia ! – saltitou até mim e me beijou a bochecha.
- Bom dia , . – beijei a bochecha dela. - Cadê o Sr. ? – notei a ausência dele.
- Oh querida, não seja tão formal! – disse carinhosa. – Ele foi trabalhar. – sorriu como eu já me acostumara a ver.
- Gostou da mochila? – parecia ter sido ligada na tomada.
- Ah claro, eu adorei, obrigada! – disse alegre.
- Escolhi pensando em como você deveria ser. Vejo que acertei! – minha irmã disse convencida. Rimos. – Então, ansiosa pelo primeiro dia de aula? – apoiou-se na bancada.
- Um pouco, mas eu já passei por isso antes, há dois anos atrás. – sorri me lembrando da minha última escola, das amigas que eu deixara no Brasil.
- Então já sabe como é! – me encorajou. – Bom, vou me arrumar para levar a até a escola.
- Certo, eu espero o chegar. – deu de ombros. – Hoje minhas aulas começam mais tarde. – fez uma dancinha e eu ri. – Sente-se , vamos conversar.
A obedeci, enquanto se retirava, e passou a dar-me dicas sobre como me comportar no primeiro dia.
desceu com a papelada da matrícula e me chamou para irmos. Me despedi de que me desejou boa sorte, peguei um pequeno caderninho e entrei no banco da frente, conforme o caminho que fazia eu o anotava.
- O que está fazendo? – ela desviou seus olhos pela primeira vez da rua.
- Anotando o caminho que terei que fazer de volta para casa. – eu disse normalmente.
- Isso não será necessário, irá te buscar. – voltou a olhar para a rua.
- Ah não, não , eu sei que a imprensa vive em cima do , não quero lhe causar problemas. – comecei. – E além disso, várias garotas passarão a ser minhas “amigas”, - fiz sinal de aspas. – por causa dele. Não quero amizades falsas.
- Mais cedo ou mais tarde elas irão descobrir. – entortou a boca.
- É, eu sei, - suspirei – mas prefiro deixar assim por enquanto.
- Está bem, - animou-se. – se você se perder é só ligar.
- Tudo bem. – ao olhar para fora, me deparei com meu novo colégio. Ele era lindo e enorme! Haviam poucas pessoas, mas a ocasião era perfeita para uma novata adentrar em território “desconhecido”.
abraçou meu ombro e seguimos para a recepção. Fomos recebidas pela diretora, muito simpática. Minha mãe exigiu tratamento especial, pois eu vinha de fora e a diretora não tardou a concordar. Ela se despediu de mim e a diretora me encaminhou para a recepção, segurando em meus ombros, havia uma menina mais ou menos da minha idade e ela esperava ansiosamente por alguma coisa ou alguém.
- Jenny, está é . – a diretora não se enrolou para dizer meu nome, mas eu tinha certeza que ela treinara bastante.
- Me chama de . – sorri estendendo a mão para ela.
- Bem vinda . – ela sorriu. Jenny tinha cabelos curtos e repicados castanhos com mechas cor de mel, usava aparelho e uma tiara, era uma ótima garota aparentemente. – Serei sua melhor guia! – sorriu ainda mais e eu ri.
- Vou deixá-las se conhecerem. – a diretora retirou-se.
- Então, quer ver o colégio? – ela perguntou em dúvida.
- Seria muito bom! – rimos de novo. Primeiro ela me mostrou meu armário, apresentou a grade de aulas que estava cuidadosamente colada na parte de dentro dele. Peguei o material necessário e deixei o resto lá dentro.
Continuamos andando e ela me mostrou o ginásio, o vestiário, a sala de artes, de música, ballet... epa! Sala de Ballet? Pois é, lá no colégio, garotas de todas as idades podiam fazer ballet. Gostei da idéia, mas contive minha animação. Ela me mostrava cada canto, desde o refeitório até o gramado do pátio, até que bateu o sinal e entramos na classe; era gigante e várias pessoas pararam de conversar para nos olhar entrar, fiquei meio desconfortável com os sorrisos marotos dos garotos, mas Jenny me distraiu e nos sentamos no meio da classe. O sinal bateu novamente e um professor de aparência muito louca entrou na classe.

Cap. 6 – “I know that she craves me. That’s what I go to school for, even though it is a real bore” (Busted - What I Go To School For)

- Soube que tem uma aluna nova, - ele tirou um papel do bolso. – ?
- Sim, sou eu. – levantei a mão e toda a classe me olhou; senti minhas bochechas arderem.
- Seja muito bem vinda . – ele sorriu ajeitando os óculos. – Eu sou o professor John e dou aula de matemática. – concordei com a cabeça. Com certeza me daria bem em matemática naquele ano, só pelo jeito que ele cantava enquanto arrumava suas coisas.
Parece que, ao piscar meus olhos, já era hora do intervalo. Jenny me apresentou para outras garotas, todas “gente fina”. Notei que uma usava brincos do McFly e sorri. Ficamos alguns minutos conversando até que eu senti alguém me cutucar. Virei-me e me deparei com uma garota de cabelos oleosos e partidos ao meio, aparelho, óculos de armação grossa e pele cheia de espinhas.
- Me mandaram entregar isso a você. – ela estendeu um bilhete meio amassado. Eu o aceitei confusa e Jenny se manifestou.
- Ok Lucy, qual foi a recompensa dessa vez?
- Ele disse que ia me dar um beijo. – as meninas fizeram cara de nojo diante a cara sonhadora de Lucy.
- Ta, pode ir. – Jenny abanou o ar. – O que Simon mandou para você? – ela disse incerta.
- “A fim de dar uns amassos no almoxarifado, gata?” – li em voz alta e imitando voz de garoto. Todas elas riram.
- Ele sempre faz isso. – Kat comentou revirando os olhos.
- Mas quem é ele? – frisei a última palavra.
- Simon é o garoto mais popular do primeiro ano. – Jenny deu de ombros. – Ele é popular desde o jardim de infância.
- Você vai aceitar? – Luly me olhou curiosa.
- Claro que não, - amassei o bilhete. – primeiro porque isso parece filme e daqui a pouco alguma cheerleader aparece irritada mandando eu me afastar do namorado galinha dela; - mais uma vez elas riram. – e segundo porque não sou qualquer uma e pra me ter tem que merecer. – fui aplaudida com risos e o sinal tocou.
Voltamos para a sala e tivemos aula de Física, Literatura e Biologia. Nem preciso dizer que adorei os professores, né? Tudo era novo, então eu já estava à frente da turma por ter lido os livros nas férias.
O sinal da saída soou para mim como qualquer outro. Fui até meu armário, guardei alguns livros e peguei outros por causa das tarefas. Jenny se ofereceu para me acompanhar; por sorte ela morava quatro quarteirões abaixo, então ela se despediu antes.
Até então, a família com a qual eu morava era total segredo e eu não o revelaria até que tivesse certeza em quem eu poderia confiar. Cheguei em casa e destranquei a porta com as chaves que havia me dado naquela manhã. Deixei a mochila ao pé da escada, pois já ia subir e vi que assistia as “Tartarugas Ninja” na TV. Cheguei por trás e beijei sua bochecha esquerda.
- Hey. – eu disse sorrindo. Ele virou-se e eu me afastei um pouco.
- E aí brasileirinha?! – ele sorriu e eu fui para a cozinha.
- Hey . – beijei sua bochecha. – A já foi pra aula? – vi que ela não estava lá.
- Já sim, está com fome? – ela virou-se.
- Não, almocei no colégio, obrigada. – sorri. – Bom, vou fazer a tonelada de tarefas que eu tenho e depois desço para conversar com você.
Voltei para a sala e senti o olhar de sobre mim enquanto eu me abaixava para tirar meu sapato e depois até eu sumir pela escada. Fiquei meio nervosa, mas depois acabei esquecendo. Troquei de roupa, colocando uma calça bailarina preta e uma camiseta do Harry Potter.
- Hey , - depois de uma hora escrevendo, meus dedos estavam doendo e ouvi me chamar. Levantei minha cabeça e o olhei. – eu estou indo pra gravadora, você quer ir comigo? – a proposta pareceu tentadora, ele vestia uma camiseta xadrez, aberta alguns botões, os cabelos bagunçados, jeans caído, deixando aparecer a boxer. Mas eu me contive.
- Fica pra próxima , hoje estou lotada de tarefa. – sorri tímida.
- Ok, amanhã vamos direto pra lá e não aceito “não” como resposta, hein? – dito isso ele se despediu e eu sorri.
Terminei a tarefa quase cinco horas da tarde e desci para contar à sobre o meu dia e ela parou sua leitura para prestar atenção em mim. Enquanto tomávamos o tradicional chá das cinco eu fui contando, inclusive, de Simon e assim que chegou, ela me arrastou para meu quarto para que eu contasse tudo (de novo!).
Repeti toda a história e várias vezes dava gritos histéricos e eu só ria. Por fim ela foi tomar banho e eu aproveitei para fazer o mesmo. Entrei um pouco na Internet e conversei com meu pai pelo Messenger até me chamar para o jantar.
- , sabia que já no primeiro dia de aula um garoto, popular, pediu pra ficar com a ? – soltou no meio da refeição e eu arregalei os olhos. O que ela queria despertar no irmão? Ciúmes? Mas que tipo de ciúmes? Ciúmes de irmão né, burra.
- ! –a repreendi pisando em seu pé, já que ela estava sentada de frente para mim. Olhei para e ele estava branco.
- E você aceitou? – ele me olhou, mas não consegui identificar o que ele sentia. Franzi a testa, todos na mesa olhavam para mim.
- Não, é claro. Mal conheço o garoto, não fui à escola pra treinar minha “pegada” como tenho certeza de que é o motivo dele estar lá. – minha resposta fez soltar um “Uau”, respirou fundo, e sorriram para mim.
O jantar prosseguiu em silêncio e em seguida me recolhi até meu quarto. Escovei os dentes e coloquei o pijama. Fiquei segurando meu celular, na dúvida se ligava ou não para meus pais. Ergui a cabeça e estava na porta.
- Desculpa pelo o que eu disse na mesa. – ela encostou a cabeça na porta entre aberta, segurando a maçaneta.
- Não tem problema. – sorri e ela sentou (lê-se: pulou) ao meu lado na cama.
- Vai ligar pra eles? – perguntou quando viu meu celular.
- Acho que sim, se importa? –apontei para o aparelho e ela levantou-se.
- Não, boa noite. – beijou-me a bochecha e saiu. Respirei fundo e liguei para eles.

Cap. 7 – “Recently I've been, hopelessly reaching. Out for this girl, who's out of this world, believe me” (McFly – Obviously)

No dia seguinte fui a pé para a escola, encontrei-me com Jenny na metade do caminho e fomos conversando até lá. Chegando ao meu armário eu o abri e deparei-me com um bilhete.
“Ainda não vai acertar minha oferta brasileirinha? xx” era o que dizia.
- Simon não vai desistir enquanto você não aceitar ficar com ele.
- E eu tenho cara de quem vai aceitar? – olhei para ela.
- Ahm...não? – tentou Jenny e nós rimos.
Fomos para a aula, Inglês, Química e Geografia. Esse foi o primeiro tempo. Intervalo e as garotas ficaram conversando sobre algo que eu não entendia; meu pensamento estava em ... incesta é, eu sei. Mas a forma com a qual ele me olhara parecia ainda muito confusa na minha mente.
- E você ? – Jenny me cutucou.
- E eu o que? – me assustei.
- Ta pensando no Simon? – ela colocou as mãos na cintura.
- Claro que não! – rebati ágil – Eu vou sair com meu “irmão”, ele vai me levar em algum lugar que eu não sei. – sorri nervosa, tentando não falar “gravadora” e “ ”.
- Ah, tudo bem! – ela pareceu decepcionada.
Segundo horário, Matemática, História e Biologia; eu amava aquela escola! Dado o sinal, saí em disparada, não deixando tempo para Jenny me seguir. Peguei os livros em meu armário e fui andando a passos largos até o lado de fora. estava na última vaga do estacionamento do colégio, eu o vira acenando. Andei até o carro, abri a porta da frente e entrei.
- Hey. – beijei sua bochecha, me debruçando sobre o freio de mão.
- Hey, como foi na escola? – ele parecia meu pai.
- Bem, exceto por um garoto que insiste em querer ficar comigo! – revirei os olhos e virou-se rapidamente para mim.
- Ele está te fazendo mal? – vi ele apertar com força o volante.
- Não, não, - peguei em suas mãos inconscientemente, tirando-as do volante. – ele é só um bobo que não se toca! – sorri e percebi que ele olhava para nossas mãos; soltei-as constrangida. – Desculpe.
Ele não disse nada, apenas deu partida no carro. Fiquei meio com remorso e coloquei um dos fones do iPod, estava tocando “Obviously”, sorri fraco, era a música perfeita só que precisava da versão masculina. me olhava de tempos em tempos, quando eu me empolgava demais e ficava envergonhada.
- Espero que você goste de McFly! – ele disse sorrindo ao parar o carro. Tirou a chave da ignição e destravou as portas.
Saí acompanhando-o com o material atrás, se bobeasse, passaria a tarde toda lá e teria que fazer tarefa. Entramos e meu ar faltou: , Dougie e estavam em uma sala ao fundo e conversavam rindo. me guiou para um sofá em frente da tal sala e o olhar dos outros três pousou sobre mim.

[’s POV]

Deixei junto com Fletch e entrei na sala de ensaios.
- Meu caro , quem é ela? – me cumprimentou com um aperto de mão.
- Você poderia tê-la trazido em outra hora né ? De uniforme, isso é sacanagem! – Dougie sorriu maroto.
- Ihh pode ir tirando esses olhos da minha hóspede, ela é brasileira e está fazendo intercâmbio aqui. Ela ‘tá hospedada em casa. – eu disse.
- Na sua casa? O que a achou da concorrência? – maliciou.
- Dã, ela está na casa dos meus pais. – dei-lhe um pedala. – Estou passando uns dias lá, já que a foi viajar.
- Nossa, já ‘tá incesto é? – soltou e eu o olhei mortalmente.
- Deixa de ser idiota, ela só tem 14 anos! – disse, ainda bem que não ouvia o que estávamos conversando.
- Aquela gostosura só tem 14 anos? – Dougie assustou-se. – , ela só pode estar mentindo, ela tem um corpão! – ele secava pelo vidro.
- Para com isso Poynter. – esbravejei.
- Nossa calma. – ele levantou as mãos.
- Vem, vou apresentá-los a ela. – saímos da sala.

Cap. 8 – “This girl that moved just up the road from me. She had the nicest legs I've ever seen and back then…” (McFly – Unsaid Things)

Eu estava vivendo um sonho, os quatro saíram da sala sorrindo, vinha na frente seguido de Dougie, e por último.
- Dudes, essa é a . – ele apontou para minha pessoa com as duas mãos sorrindo.
- Hey . – Dougie deu um passo à frente e eu fui beijá-lo na bochecha. Senti sua mão direita pegar em minha cintura e massageá-la de um jeito sensual. Só eu ou alguém mais havia notado a taradisse do Poynter? Me separei dele e todos os outros continuavam normais, respirei fundo por dentro e fui cumprimentar , depois .
Percebi que Dougie cruzara os braços me olhando maroto, fiquei um pouco desconfortável, mas ele sequer ligou.
- Erm... – mordi meu lábio tentando quebrar o silêncio constrangedor que instalara. – se me derem licença, preciso fazer a tarefa do colégio. – e peguei minhas coisas, um pouco atrapalhada, seguindo para uma mesa ao lado do sofá. Me sentei de costas e logo os garotos foram ensaiar.
Por que eu havia ficado tão desconfortável com aquilo? Dougie era um gato, mas era evidente que eu queria outro... eu queria o ! Mas, caramba, ele tinha namorada e devia me olhar como uma pirralha, a “irmã” brasileira dele.
Eu mal conseguia me concentrar na tarefa, meus pensamentos rodavam. Coloquei o iPod, eu sempre conseguia me concentrar quando ouvia música. Olhei para o lado e lá havia café/chá e torradas, sorri, estava faminta. Levantei-me rebolando, porque a música era “Figured You Out – Nickelback” e preparei um lanchinho pra mim lá mesmo. Me virei e Dougie me olhava malicioso, com o baixo em mãos; sorri envergonhada e me virei rapidamente para a mesa. Ok, eu tinha que deixar rolar.
- Vamos almoçar agora, quer vir? – Dougie me abraçou de lado pela cintura. Eles já haviam terminado o ensaio e eu, a minha tarefa; percebi que o fuzilava com o olhar.
- É claro que ela vai, - começou me puxando um pouco agressivamente pelo braço. – está morrendo de fome! – me apertou contra seu peito.
Senti um calor percorrer meu corpo e concentrar-se nas bochechas, eu estava confusa e a falta de comida no estômago ajudava na minha confusão.
- Meu Deus, parem vocês dois, estão deixando-a constrangida. – protestou e eu sorri levemente.
Fomos todos para o carro de , ele e na frente e eu entre e Dougie. Parecia, sem ofensas, que eu estava no carro com quatro assaltantes. Minha cara de susto ao sentir que Dougie colocara a mão na minha coxa era indescritível, e cada vez mais ele ia descendo para a parte interna; prestava atenção na paisagem, mantinha a atenção na rua e , nem por milagre, olhava para trás.
Chegamos ao restaurante e eu desci rapidamente do carro.
- Acho melhor colocar isso. – colocou sua jaqueta em mim.
- Por quê? – eu estava meio atordoada, fato.
- Por causa do seu uniforme. – bem que ele disse, sua jaqueta cobria todo o meu uniforme. – Você está bem? – percebeu que eu olhava muito para trás.
- ‘To, ‘to sim. – balancei a cabeça.
- O Dougie e a Louise terminaram há algum tempo, então ele ‘tá na seca. – explicou do nada. – Mas se ele te incomodar me avisa ‘tá bom? – ele me abraçou mais forte pelo ombro e eu concordei.
- Na verdade ele... – ia começar a falar do que havia acontecido no carro, mas...
- Boa tarde Sr. , mesa para cinco? – o garçom perguntou animado.
- Claro Remi, hoje temos uma convidada especial! – sorriu e o garçom deu uma breve “checada” em mim sorrindo de canto.
- Sigam-me. – ele disse e me deu um sorriso. Ok, eu já estava ficando incomodada com tantos homens me olhando marotamente, exceto por aquele que eu mais queria que me notasse.

Cap. 9 – “Us girls we are so magical. Soft skin, red lips, so kissable. Hard to resist so touchable…” (Katy Perry – I Kissed Girl)

Metade do almoço os meninos falaram das novas músicas, isso porque eu, como toda fã, quis saber, lógico. Na metade da outra metade, acho que o garçom, distraído com minhas pernas, derrubou meu suco de uva em mim. Levantei-me, dizendo que não havia problema e fui me limpar.
Entrando no banheiro eu me olhei no espelho e só então percebi o porquê de tantos garotos me olharem. Cabelos longos, cintura definida, quadris largos e pernas grossas, além de uma bela comissão de frente (falo dos seios, ok?!). Me abracei um pouco constrangida, tudo bem, esse era o sonho de toda garota, inclusive o meu, mas será que precisava ser daquele jeito?
Tirei minha blusa para lavá-la na pia, por sorte a jaqueta de havia saído intacta do “incidente”. Pelo reflexo do espelho eu encarava meu sutiã preto sem emoção até que vi a porta do banheiro se escancarar e Dougie entrar por ela.
- você está...uau! – adivinhem para onde ele foi olhar? Exatamente, pros meus seios; me cobri e apoiei na pia.
- O que você quer Dougie? – perguntei o mais delicadamente possível.
- Você ‘tá com vergonha? – ele se aproximou de mim e tirou meus braços que cobriam meus seios, me encoxou na parede e acariciou minhas bochechas. – Eu posso te mostrar que eu sou bom... – disse e eu achei que ele estivesse bêbado.
- Dougie, - eu comecei tirando suas mãos de meu rosto e as colocando em sua cintura. – você está indo rápido demais e eu não sou qualquer uma para ceder. – olhei-o séria e peguei minha blusa da pia, dobrando-a e colocando a jaqueta de .
Saí do banheiro sem olhar para trás e voltei a me sentar à mesa normalmente, ao contrário de Dougie que saiu com cara emburrada do banheiro e deu brecha para os garotos zombarem dele.
Chegamos em casa e eu fui tomar banho, pois ainda estava melada de suco. Desci depois com uma roupa folgada e fui assistir TV com ; ele me deixou deitar a cabeça em seu ombro e aquela foi uma sensação perfeita. chegou do supermercado e fomos ajudá-la com as compras; pouco depois chegou acabando com toda e qualquer chance de eu e voltarmos a ver tranquilamente TV.
chegou quando o jantar estava pronto, este ocorreu em silêncio e como sempre, depois dele, me retirei para me aprontar para dormir e depois ligar para os meus pais. Entretanto eu não consegui pregar o olho facilmente, tudo girava na tarde daquele dia e até onde eu não pude pensar em mais nada, eu dormi.
No dia seguinte repeti o que me habituara a fazer: tomei banho, coloquei o uniforme, desci para o café, subi, peguei minhas coisas, recusei carona de , despedi-me de todos na mesa com um beijo na bochecha e saí para o colégio.
Estava na metade do segundo quarteirão quando percebi que um carro me seguia, pensei: “Ótimo, mal cheguei à Londres e já tem gente querendo me assaltar!”. Apertei o passo e o carro acelerou.
- Hey , deixa eu te dar uma carona até o colégio. – Dougie disse e eu virei meu rosto para vê-lo.
- Não, obrigada Dougie, estou indo encontrar minha amiga. – disse andando firme. - Anda, entra aqui e me deixar te levar. – ele insistiu.
- E dar brecha pra você me assediar? Só em sonho! – ri um pouco.
- Não, eu entendi o que você me disse ontem, realmente você não é qualquer uma. – ele sorriu galã e eu arqueei a sobrancelha.
- Ah ta bom Dougie. - revirei os olhos e ele fechou a cara. – Quem sabe numa outra hora, quando você não estiver dirigindo e eu não estiver indo pra escola, nós podemos começar de novo? – sorri sedutoramente para ele. Dougie ficou todo animadinho.
- Ok, mas venha de uniforme ta? – colocou a pontinha da língua pra fora e eu fechei a cara. – Ta, venha como quiser. –sorriu.
- Tchau Dougie! – entrei pela grade que dava pra casa de Jenny e ele se foi. Ri comigo mesma, poderia ser divertido.

Cap. 10 – “Typical hardly the type I fall for…” (The Pussycat Dolls – Buttons)

- Hey ! – Simon veio ao meu encontro no intervalo.
- O que você quer Simon? – fechei o armário e cruzei os braços. Ele sorriu levantando as mãos.
- Nossa, calma, eu só vim pedir ajuda. – ele encostou-se ao meu lado. – Pode me dar uma ajuda em matemática para a prova da semana que vem? – ele sorriu ainda mais.
- Ahm... – entortei a boca.
- Então hoje à tarde na sua casa? – ele mal me deixou responder e já se distanciou. Liguei para que concordou e eu voltei para a sala. Jenny me perguntou onde eu havia ficado no intervalo e eu dei uma desculpa qualquer.
Voltei para casa e almocei animada, contando do colégio. e me ouviam atentamente enquanto eu dizia as coisas loucas que meu professor falava em aula. Subi, tomei banho e me arrumei; estava ansiosa e não sei por quê. Coloquei uma bermuda jeans folgada e uma camiseta colada da Hurley. A campainha tocou e eu gritei que atenderia. Desci correndo e abri a porta.
- Hey! – Simon beijou minha bochecha.
- Hey – respondi meio sem saber o que fazer. – , estamos indo estudar. – eu e Simon paramos na sala para avisar. saiu da cozinha com uma garrafa de cerveja e Simon me abraçou na cintura.
- Ahm, hey?! – nos olhou confuso.
- Simon, - o próprio esticou a mão para . – a vai me ajudar nos estudos. – sorriu.
- Estamos lá em cima, qualquer coisa... – Simon não me deixou terminar e me puxou para cima.
Entramos no meu quarto e eu encostei a porta.
- Caraca, você mora na casa dos , a família do cara mais famoso do Reino Unido?! – ele sentou na minha cama e sorriu de sobrancelha arqueada.
- Moro, mas não conta pra ninguém, por favor. – sentei-me ao seu lado com cara preocupada.
- Por que eu não faria isso? Afinal, você ficaria popular! – ele sorriu, virando-se para mim.
- Por favor Simon, eu lhe peço, não conta pra ninguém.
- Por que você não fica comigo? – ele acariciou minha bochecha sorrindo maroto e eu olhei seus dedos sobre minha pele.

[ ’s POV]

Quem era aquele garoto metido a riquinho? Confesso que fiquei chocado quando o encontrei junto com . O cara estava a abraçando pela cintura! E depois veio todo metido dizendo que era um tal de Simon.
‘Tô falando, esse garoto estava armando e a era inocente o suficiente para acreditar que ele estava ali para estudar. Ah , deixa de ser paranóico, a sabe se cuidar sozinha, ainda lembro-me bem do que ela me respondera no jantar quando comentara do mesmo garoto. Nunca vou me esquecer.
Subi, pois já estava quase na hora de ir pra gravadora. Passei em frente ao quarto da brasileirinha, parando porque a porta estava entreaberta.
- Por que você não fica comigo? – vi o tal playboy pegar no rosto da pequena. Cerrei meus punhos e ameacei entrar no quarto. Porém, antes de eu dar meu ataque a lá Tartarugas Ninja, deu um tapa ardido na mão do garoto e eu sorri. Bem feito, ninguém mexe com a .
Saí em direção ao meu quarto sorrindo satisfeito.

[ End ’s POV]

- Eu não sou garota de chantagem, Simon! – disse determinada.
- Hum... garota difícil, eu gosto disso. – ele sorriu obcecado.
- Vamos estudar. – coloquei um fim naquilo e começamos a fazer o que era pra se fazer.
Depois de cinco horas ensinando Simon, que se distraía pelo mínimo objeto, ele disse que precisava ir. já havia chegado da escola e da gravadora, o Sr. , ops , estava para chegar. Portanto, agradeci mentalmente e fui levá-lo até a porta. assistia “House” na sala, estava na cozinha e provavelmente no quarto. Eu estava exausta, portanto não iria jantar.
- Foi legal passar a tarde com você . – ele virou-se, já do lado de fora, e eu sorri amarelo, sem saber o que dizer.
- Boa noite Simon! – ele não respondeu, fez mais do que isso, me agarrou pela cintura e lascou-me um beijo de língua. Gritei abafado e fechei minhas mãos, dando soquinhos em seus ombros para que me largasse.
Por fim ele me soltou com um sorriso de canto, tirando a marca de batom dos lábios. - Não se preocupe, seu segredo está seguro comigo! – dito isso ele foi embora. Fechei a porta e bati minha cabeça nela murmurando “droga”. Virei-me para a sala e me olhava assustado, quando nossos olhares se cruzaram ele voltou a olhar para frente. Segui até o sofá e ele não desviou o olhar da TV.
- Boa noite . – fui beijar sua bochecha, mas ele desviou como se eu estivesse atrapalhando sua visão da TV. Respirei fundo e beijei a lateral de sua testa mesmo, me retirando em seguida.
Fui até a cozinha e dei um boa noite magoado para , subi as escadas tentando segurar as lágrimas. Ver me ignorar por causa de Simon, ou seja lá o que fosse, me machucava. Bati à porta do quarto de para me despedir dela, entretanto ela notou meus olhos vermelhos e a garganta com nó.
- O que houve? – me acolheu em seu quarto.
- O Simon, ele, ele se aproveitou de mim. – eu disse em uma voz fraca.
- Mas o quê? Como assim? – ela colocou seu cabelo atrás da orelha.
- Ele veio aqui querendo que eu lhe ensinasse matemática, mas ele viu o e ameaçou contar pra escola inteira que eu morava com a família dele se eu não ficasse com ele. – algumas lágrima tímidas escorriam pelo meu rosto.
- Por que isso seria um problema? Você tem vergonha de nós? – irritou-se um pouco.
- Não é isso , eu adoro vocês. – disse rapidamente. – Só não quero amizades falsas e interesseiras no colégio por causa da fama do . – eu disse e ela sorriu, entendendo. – Quando ele estava indo embora, ele me beijou e o viu e... – disse rapidamente.
- O que tem meu irmão ter visto? – ela perguntou confusa e eu percebi que tinha falado demais.
- Nada, é só que, não faz sentido com o que eu lhe respondi no jantar quando estávamos falando do Simon, lembra? – ela concordou um pouco desconfiada.
- Não se preocupe ok? Meu irmão é meio lerdo pra essas coisas. – nós rimos. – Vá se deitar porque amanhã é outro dia! – beijou minha testa e eu a agradeci, me retirando em seguida.
Fiz o que ela disse, fui dormir, mesmo com a consciência pesada, tanto de ter deixado Simon me agarrar, quanto de ter falado demais com . Amanhã seria um novo dia!

Cap. 11 – “Oh you just got to be happy, but sometimes that's hard. So just remember to smile, smile, smile, and that's a good enough start…” (McFly – Smile)

Levantei-me completamente… sorridente. Me arrumei para a escola e desci para o café. Todos estavam em silêncio, mas meu sorriso despertava um tímido em .
- ‘To indo pra gravadora. – , que estava sentado há duas cadeiras de mim, levantou-se e deu a volta, beijou a testa da irmã, a bochecha da mãe e na minha vez passou reto, falando um frio “Tchau .
segurou minha mão e eu abaixei a cabeça. Não era agora que eu iria chorar e nem na frente delas; levantei-me sorrindo, me despedi delas e saí feliz de casa.
No colégio, Simon permaneceu quieto e apenas me deu um sorriso que eu retribui com outro, irônico, é claro. Jenny e eu estávamos em estado de súbita alegria, tudo era motivo para rirmos!
Voltando para casa, eu ria sozinha, não sei o que havia me acontecido, mas eu precisava ficar assim...talvez para não chorar. Abri a porta de casa silenciosamente e adentrei do mesmo jeito. Deixei meu material e meus sapatos ao pé da escada e vi na sala assistindo “Ghostbusters”.
Fui correndo em direção às costas do sofá, abracei sua nuca e lhe esmaguei a bochecha com um beijo.
- Oi ! – disse animada e saí correndo para a cozinha.
- Oi! – ele disse meio assustado e eu continuei pulando. Dei um beijo na bochecha de e olhei para a sala, voltara a prestar atenção na TV.
Chegando lentamente, eu me aproximava...
- GHOSTBUSTERS! – gritei antes de pular em cima de .
- Outch , o que deu em você? – me virei para encará-lo. Estava com as costas em cima de seu colo, o cabelo bagunçado e as pernas no braço do sofá. segurava uma de minhas pernas e eu notei que o clima ficara meio estranho; ele analisava minuciosamente meu rosto, parecendo hipnotizado.
Para não deixar o silêncio ainda mais estranho, me deu um ataque de riso. Assim, DO NADA! Ele começou a rir também e nos sentamos rindo, por nada! Abracei seu pescoço e esmaguei sua outra bochecha com beijos.
- A gente podia tirar foto, que tal? – olhei com cara de criança para que riu.
- Ta bom, deixa que eu vou pegar a câmera. – ele levantou-se, deu a volta no sofá, e ia subir quando eu pulei em suas costas.
- Upa cavalinho! – gritei animada e gargalhou.
Subimos para seu quarto, ele me jogou na cama e aproveitou para tirar foto da careta que eu fazia. Depois pulou em cima de mim e tiramos várias outras fotos: eu beijando sua bochecha, vice-versa, nós dois fazendo careta, rindo... e por aí foi uma longa sessão de fotos.
acabou puxando-me para baixo, me carregando nas costas até que adentramos a sala.
- ? – me desceu de suas costas imediatamente com um tom decepcionado.
- Hey amor! – ela levantou-se e veio abraçá-lo. Tenho certeza de que fiquei com cara de tacho, porque ela veio em minha direção com um sorriso torto. – Acabei de chegar, então acho que podemos ir pra casa né? – ela enrolou seus dedos no cabelo da nuca de . Já disse o quanto eu odeio essa garota?
Em questão de minutos já estava de malas prontas e não me encarava nos olhos. Aquilo me deixou mal, até tentou convencê-lo a ficar, parecendo ter lido meus pensamentos, mas não quis.
Depois da saída eu subi para o meu quarto, arrasada. Mas sorri ao ver que havia deixado a câmera em cima de minha escrivaninha. Passei as fotos para o meu computador e não as publiquei, se é o que pensou, apenas fiquei contemplando-as com um sorriso.
chegou e já ficou sabendo da notícia, não pareceu tão aflita quanto eu, mas com certeza eu teria que fingir... e muito bem! Jantávamos em silêncio, eu sentia um vazio enorme na mesa, como se eu estivesse jantando sozinha. A idéia de que estava em casa com a namorada, com a possibilidade de estarem em um clima romântico fez com que eu me levantasse bruscamente da mesa e subisse para o meu quarto, direto para banheiro.
O vaso sanitário branco foi o que vi antes de colocar tudo para fora, parecia que meu coração poderia estar ali no meio, de tão forte que era a dor.

Cap. 12 – “I can't stop digging the way you make me feel…” (McFly – The Way You Make Me Feel)

Me lembro de ter sido levantada do chão por , que inclusive lavou minha boca e colocou meu pijama. Eu estava mole e tudo estava meio embaçado à minha volta, ela me deitou na cama, beijou minha testa e a última coisa que vi, antes de fechar os olhos, foi a imagem de minha mãe, que naquele momento estava no Brasil.
No dia seguinte, ao acordar, eu estava mal... meus olhos mal se abriam, minha cabeça pesava toneladas e meu estômago doía impiedosamente.
- Como está se sentindo? – entrou no quarto sendo seguida por .
- Hum... – eu queria dizer “mal”, mas adivinhem só? Eu não conseguia falar porque minha língua pesava mais do que minhas pálpebras.
- , ligue para o colégio e avise que ela não vai. – aproximou-se e eu mal podia vê-la. – Descanse querida. – não precisei ouvir seu conselho duas vezes e apaguei.

[’s POV]

Ver a do jeito que estava eu nunca tinha visto, acho que ela estava doente ou algo parecido. Liguei para a escola e a diretora desejou melhoras para ela.
- Mamãe, posso faltar à aula para cuidar da ? – sorri fazendo cara pidona.
- Nem pensar , - ela esbravejou – eu mesma vou cuidar dela.
- Mas a senhora não tem médico hoje? – apontei para o lembrete na geladeira. Minha mãe bateu na testa.
- Caramba, esqueci. Mas você ainda vai à aula. Só se seu irmão não puder cuidar dela hoje.
- O quê?! A senhora irá deixá-la com ? – fiquei horrorizada. – Mamãe perdeu o juízo? A pode morrer nas mãos dele!
- Ora, não seja dramática. Seu irmão é bem responsável e vai saber cuidar dela. – ela pegou o telefone e discou para . Revirei os olhos e subi para ficar com .

[’s POV]

- Alô? Mãe? – eu tinha acabado de acordar com meu celular tocando. já tinha ido trabalhar, o que eu achei estranho.
- você vai pra gravadora hoje? – minha mãe perguntou, sua voz estava preocupada.
- Vou, mas é só para ensaio, o que aconteceu mãe? – também fiquei nervoso. Ouvi-a respirar fundo.
- É a , - meu estômago deu uma volta. – ela está mal desde ontem à noite. – ontem à noite? Mas ela estava tão bem de tarde! – E eu tenho médico hoje, a tem aula e seu pai está trabalhando, então será que você pode vir cuidar dela pra mim? – perguntou meio receosa.
- Claro mãe, nossa, - eu estava atordoado. – você vai levá-la ao médico hoje também? – me levantei pegando a roupa que eu usaria enquanto ainda falava no telefone.
- Vou esperar hoje, deve ser apenas um mal estar. – ela tranqüilizou a voz. – Então você vem?
- Sim, vou só tomar banho e já estou indo aí. – disse já me encaminhando para o banheiro.
- Não se esqueça de ligar para o Fletch avisando que você não vai. – sempre preocupada, eu ri.
- ‘Tá bom mãe, até daqui a pouco. – e desligamos.
Tomei uma ducha rápida, deixei um recado para , caso eu tivesse que passar a noite na casa de meus pais e liguei para Fletch enquanto entrava no carro. Ri por dentro ao dizer para meu empresário que minha irmã estava passando mal.
Para mim, estava tornando-se mais do que uma irmã, só esperava que isso não me atrapalhasse.

Cap. 13 – “And I'm dreaming so much, but I don't ever wanna stop. Don't wake me up…” (McFly – Don’t Wake Me Up)

[’s POV]

Meu irmão chegou preocupado ao extremo, subiu para o quarto de e eu fui atrás. Ele deixou a porta aberta para a luz do corredor entrar no quarto, que estava escuro.
- O que ela tem? – ele mexeu em seu cabelo.
- Ontem, quando estávamos jantando, - eu me apoiei na porta. – ela levantou do nada e subiu correndo. – fiz uma careta. – Depois, mamãe a achou ajoelhada no banheiro, vomitando. Aí ela a deitou, a ‘tava muito mal, não conseguia abrir os olhos direito e não falava coisa com coisa, ela só conseguiu dormir. – olhei para .
- Hum... – ele apenas disse isso. – vai se aprontar pro colégio, eu fico aqui com ela. – ele sorriu para mim.
- ‘Tá, só não mata a . – deu língua e eu saí.

[’s POV]

estava realmente mal, seu rosto estava pálido e ela dormia como uma pedra. me contou o que havia acontecido e eu fiquei pensativo; ela tinha vomitado no meio do jantar, isso me parecia um mal-estar mesmo.
Mandei minha irmã para o colégio e fiquei com ; abri um pouco a janela do quarto para entrar um pouco de ar. Em alguns momentos ela se mexia, mas estava dormindo.

[End ’s POV] Nunca passei tanto tempo da minha vida dormindo, eu acordava por breves momentos e via o rosto de . Achei que estava sonhando, então voltava a dormir; não queria nunca acordar daquele sonho.
Fui me sentir disposta apenas de noite, abri meus olhos, já não tão pesados mais, e vi ao meu lado. Olhei todo o quarto à procura de , mas ele não estava lá.
- Está se sentindo melhor? – ela parou de ler o livro que tinha em mãos, e pegou em minha mão.
- Sim... – respondi meio com a voz falha. – faltei ao colégio hoje?
- Céus, você não estava nada bem mesmo! – riu. – Mamãe até conversou um pouco com você hoje de manhã e o ficou aqui até alguns minutos atrás. – bingo, estivera lá mesmo. – Ele disse que você tinha breves momentos de consciência. – ela ficou séria.
- Não me lembro. – a verdade era que tudo estava bagunçado na minha mente e eu não conseguia distinguir o que fora verdade e o que fora sonho.
- Está com fome? – ela me perguntou tirando-me do transe.
- Um pouco; preciso ligar pra minha amiga e ver o que foi passado hoje. – sentei-me na cama.
- Ok, vou pedir pra mamãe preparar alguma coisa pra você. – ela beijou minha testa e me entregou meu celular.
Peguei o caderninho ao lado da cama, aquele mesmo em que eu anotara o caminho de casa. O abri e tinha um bilhete nele:
“Você me deixou preocupada pequena.

Melhoras, xx

Sorri e peguei meu celular ligando para Jenny em seguida. Esperei três toques até que ela atendesse, ficou completamente surtada e eu tive que afastar o celular da orelha.
- Você estava mal mesmo? – ela me perguntou depois de ter passado toda a matéria.
- Estava, eu não conseguia distinguir o real do inconsciente. – fechei meu caderninho e a ouvir suspirar. – Algum problema? – entrou no quarto com uma bandeja e eu sorri para ela, que se sentou ao meu lado.
- É que tem um boato rolando no primeiro ano que você transou com o Simon. – arregalei meus olhos.
- O quê?! – se assustou e me olhou confusa. – Isso é um absurdo, ele só me beijou, mas...
- ELE O QUÊ?! – ela gritou do outro lado. – Por que você não me contou? – pareceu abalada.
- Desculpa, é que eu sabia que você ia ficar brava. – olhei para baixo. – Na verdade, ele me forçou, me agarrou.
- Nossa amiga, que canalha. – ela parecia não acreditar. – Mas, olha, da próxima vez pode confiar em mim ta? – senti-me mal por estar escondendo dela onde eu morava, mas era para minha própria segurança.
- Ok, obrigada Jenny. Boa noite. – e desligamos.
- O que aconteceu? – colocou a bandeja com minha janta em meu colo.
- Aquele garoto, o Simon, sabe? – ela concordou. – Ele espalhou um boato na escola que eu transei com ele. – olhei triste para o nada.
- Que canalha! – ela irritou-se. – , não se afete pelo o que ele disse.
- Mas ele guarda um segredo meu, . – a olhei desesperada.
- Não tem problema, você não vai se vender para esse idiota, ok? – concordei. – Agora come um pouquinho. – ela sorriu.
Comi em silêncio, pensava em como seria no dia seguinte, como eu olharia pra cara daquelas pessoas. Ah , seria normal, é só você xingá-las pelas costas. Dude, aquilo seria divertido!
- Boa noite ! – ela tirou a bandeja e saiu do quarto. Levantei-me vacilante para o banheiro e me arrumei para dormir. Mal deitei na cama e adormeci.

Cap. 14 – “Don't stop me now, I'm having such a good time, I'm having a ball…” (McFly – Don’t Stop Me Now)

Uma semana se passou, eu estava em semana de provas e então não via ninguém. Estudava a tarde inteira e só via minha família na hora do jantar. Nessa semana que se passara eu nem vira e tampouco falara com .
- Amanhã vamos a uma boate, ‘tá a fim? – apareceu no meu quarto na noite anterior.
- Claro, por que não? – sorri, fechando meu livro de biologia, e ela retribuiu.
O dia seguinte foi tenso, a prova estava longa e confusa, se eu não tivesse estudado até tarde provavelmente estaria quase enlouquecendo. Entreguei a prova para a professora e ela corrigiu na hora.
- Parabéns Srta. , 9.8 – ela sorriu torto e me devolveu a prova.
- Obrigada. – peguei a prova e voltei ao meu lugar.
Fiquei sorridente o resto da aula, finalmente me veria livre de provas e curtiria meu fim de semana com uma digna festa. A primeira em muito tempo, devo ressaltar, mas que não deixaria de ser a única!
Comecei a me arrumar sete horas, sairíamos às oito. Coloquei saia jeans, um twin-set lilás e branco e sandálias plataforma. Deixei meu cabelo solto e coloquei apenas uma tiara para segurá-lo um pouco.
estava de jeans, sapatilhas e uma bata azul marinho, seu cabelo estava preso em uma trança. Esperamos ansiosas pela nossa carona, que até aquele momento não sabia qual seria. Quando abrimos a porta, ao ouvir uma buzina, era . , sua namorada, estava no carona e Dougie desceu da parte de trás do carro.
Ele usava jeans largos, tênis skatista, uma camisa da Hurley e seus cabelos loiros estavam jogados para o lado. Resumindo, perdoe-me , ele estava lindo!
- Boa noite! – ele beijou na bochecha e depois me abraçou na cintura, beijando perto da minha orelha. – Cheirosa, assim que eu gosto. – me arrepiei inteira se querem saber. revirou os olhos e seguiu para o carro.
Dougie tentou me beijar, mas eu o barrei.
- Está indo rápido demais Poynter. – sorri triunfante.
- Desculpe. – beijou-me a bochecha e seguimos para o carro, já buzinava impaciente.
A boate a que fomos, não estava lotada, encontramos e , e na mesa. Cumprimentei todos, fui mais seca com as garotas e sentei-me ao lado de Dougie. Assim que o garçom chegou, eu pedi a ele um suco e Poynter perguntou por que eu não queria um refrigerante. Foi então que eu disse que era alérgica e a atenção das pessoas da mesa voltou-se para mim. Senti minhas bochechas corarem subitamente e então todos passaram a me perguntar do Brasil.
Já estava ficando cansada de tanto responder e acho que Dougie percebeu.
- Desculpe interromper essa maravilhosa aula de história, mas – todos, inclusive eu, rimos. – vamos dançar um pouco ? – ele me puxou pela mão e fomos para o meio da pista de dança.

Cap. 15 – “I just came here to party, but now we're rocking on the dance floor, acting naughty…” (Rihanna – Please Don’t Stop The Music)

Dougie abraçou minha cintura delicadamente e eu deixei minha mão espalmada em seu peito. Ele me levava ao som de Maroon 5, pegou na pontinha do meu queixo e foi aproximando nossas bocas, mas desviei no último momento, deixando-o com vontade.
- Ainda muito rápido? – ele suspirou e eu concordei olhando em seus olhos.
Com a mão direita coloquei seu cabelo para trás e escorreguei a mesma por seu rosto. Ele fechou os olhos e apertou minha cintura contra seu corpo, quando os abriu de novo eu fazia cafuné em seu cabelo, ora bagunçando-o, ora colocando-o longe de seus olhos azuis.
Qual é dude, agora vamos analisar a situação: eu, uma menina brasileira, de apenas 14 aninhos em um clima desse com um garoto de 20. Poderia até parecer bizarro, mas era a mais pura verdade sobre o que estava acontecendo na minha vida.
Nossos rostos foram aproximando-se, narizes roçando-se e eu procurava por seus olhos que mirava minha boca. Ao selarmos nossos lábios, Dougie soltou um breve gemido, como que de satisfação e entrelaçou seus dedos em meu cabelo.
Conforme sua língua ia entrando em minha boca, Dougie já queria forçar a barra. Ele desceu a mão livre para minha coxa e soltou a outra, que estava em meu cabelo, para abrir o twin-set. Ok, ele já estava forçando muito a barra, estávamos no meio da pista de dança e ele estava me fazendo o seu brinquedinho sexual. Brinquedinho porque do jeito que ele me apertava as coxas, marcas arroxeadas seriam deixadas ali.
- Dougie, pára... – eu o empurrava pelo peito, mas minha força era inútil. – você ‘tá forçando, pára... – tentava, agora, desesperadamente, me separar de sua boca que sugava a minha.
- Dougie, pára dude. – nos separou violentamente, fazendo com que Dougie mordesse minha boca e a cortasse. – Ela não é garota pro teu bico, marmanjo. – um tom enraivecido tomava conta da voz de e ele me apertava delicadamente contra seu peito.
Todos na pista nos olhavam, do meu lábio escorria um pouco de sangue e eu olhava assustada para Poynter que não tinha expressão. me levou para perto da mesa e saiu para pegar gelo.
- Ele te machucou? – ele ajoelhou-se na minha frente segurando meus dois braços.
Olhei, atordoada, para seus olhos; minhas coxas pulsavam por causa dos apertões e meu lábio ardia. – , fala comigo, ele machucou você? – ele me chacoalhou levemente e eu desviei meu olhar para a pista, achando Dougie no mesmo lugar de antes, só que de cabeça baixa.
- As minhas coxas, elas estão doendo. – disse trêmula.
- Levanta a saia. – disse e eu o olhei, confusa.
- O que você disse? – gritou completamente furiosa.
- Eu quero que ela levante a saia, precisamos ver o que o Dougie fez. – ele olhou sério para , que arqueou a sobrancelha irônica. – Anda , levanta a saia, prometo que é rapidinho. – ele me olhou apreensivo, mas havia algo mais em seu olhar que eu não consegui identificar.
Levantei a saia, morrendo de vergonha, tocou levemente em minhas coxas e eu me arrepiei. Agora tinha medo de desmaiar na frente de todos com seu toque em minha pele.
- , sua perna está cheia de hematomas, por que não pediu para o Dougie parar? – disse preocupada enquanto, agora, colocava gelo na minha boca.
- Ele era mais forte do que eu, não consegui impedi-lo. – disse com a boca congelando aos poucos.
- Filho da puta. – abaixou minha saia esbravejando e só faltando começar a bater em alguém. – Vem, eu levo você e a para casa, vou ter que explicar para a mamãe o que aconteceu. – ele disse sério e todos concordaram.
me pegou no colo, não sei por que, mas gostei, e fomos para o carro. me abraçava, deitando minha cabeça em seu ombro enquanto discutia a ousadia de Dougie com . Sem ele, provavelmente eu e Dougie estaríamos lá e em outra situação. É, naquela mesma.

Cap. 16 – “I'd never wish for anyone to feel the way I do…” (McFly – POV)

Chegamos em casa e assustou-se ao me ver. Mandou me levar para cima enquanto puxava , contra sua vontade, e para contar o que havia acontecido.
Ele me deitou na cama e eu acariciei, involuntariamente, sua testa, tirando de lá alguns fios que lhe atrapalhavam. Pela sua expressão, ele estava se segurando para não fazer algo até que... ele me beijou. É, me beijou, mas não foi um beijo longo, foi só um selinho.
- Dizem que, se beijar, sara. – ele disse meio confuso e nervoso, mas sorriu. – Não se preocupe, esse será o nosso segredo! – ele grudou nossas testas e sorriu, me dando outro selinho.
Ok, agora quem acha que ele está interessado em mim levanta a mão. Levantou? Vixi, já deu pra perceber que você não caiu na real ainda né?!
Voltando, ele me deu boa-noite e saiu sorrindo do quarto. Nem preciso dizer que fiquei na mesma situação até que adormeci, toda dolorida.

[’s POV]

- Justo o Dougie? Ele é tão quietinho e tímido! – foi isso que ouvi minha mãe dizer enquanto entrava na cozinha.
- É mamãe, mas foi esse quietinho que quase abusou da ! – eu disse sentindo o sangue ferver, mas ao lembrar-me do beijo que eu lhe dera há pouco, me acalmei. – Ele anda muito estranho desde que terminou com a Louise, ‘tá de olho na desde que eu a levei pela primeira vez na gravadora.
- E por que você se preocupa tanto com ela? – perguntou ríspida. Eu, minha mãe e irmã olhamos horrorizados para ela, que deu de ombros.
- Porque , ela só tem 14 anos e está fora do país natal, sem os pais, sozinha. Se algo acontecer com ela, teremos problemas. – respondi à altura e ela ficou quieta. – Boa noite. – fui saindo e ela veio atrás.
Não nos falamos mais até dormirmos, algo me dizia que eu me preocupava com além daqueles motivos que eu havia dito para minha namorada...

- MÃEEEE!!!! MAMÃEEEE! – foi assim que eu acordei, gritando. Minhas coxas contraíam-se na famosa câimbra. A dor era tão forte que eu só me lembrava de ter sentido tamanhas dores no Brasil! Eu não estava conseguindo respirar direito e apenas meu tronco mexia-se.
- , o que aconteceu? – escancarou a porta do quarto, vendo eu me contorcer na cama.
- A-a min-nha p-pern-na... – eu procurava respirar, mas além das minhas pernas estarem praticamente virando para dentro, eu também chorava, muito.
- alonga as pernas dela, rápido. – ela entrou e só então vi que estava lá. abraçou minha cabeça, sentando-se na borda da cama, encostando-a em seu peito. – Shhh, calma querida, calma. – eu sentia alongar minhas pernas, mas elas estavam muito rígidas.
- A-ah a-ai... – eu gaguejava perante a dor que sentia. passou a mão pela testa, como sinal de frustração.
- Mãe não dá pra puxar, ‘tá muito contraído. – ela disse. Eu estava com a boca aberta, não conseguia dizer nada e fiquei assim por muito tempo até que eu adormecesse com as pernas paralisadas.

Cap. 17 – “Help me get my feet back on the ground...” (McFly – Help)

[’s POV]

- Liga para o Dougie, não importa se ele estiver dormindo ou o quê; eu quero falar com ele. – minha mãe me disse irritada, depois que dormiu.
Corri para o telefone e liguei o número de Dougie.
- Alô? – uma voz feminina e de prostituta atendeu. Engoli seco.
- É da casa do Dougie? – perguntei tremendo.
- É meu bem, quem fala? – sua voz ficou mais doce.
- Ele pode falar? – ignorei a pergunta e respondi com outra. Ouvi uma espécie de conversa. “Baby, telefone pra você” “Quem é?” “Não sei.”
- Alô? – a voz arrastada de Dougie soou. “Canalha!” pensei.
- Dougie vem aqui pra casa agora. – disse entre dentes, me segurando para não xingá-lo.
- Quem é? – ok, aquilo estava me irritando.
- É a , idiota. – não me segurei.
- , o telefone do é outro... – ele estava me fazendo de palhaça, só podia.
- Não, é você mesmo que eu quero. Vem pra casa agora e não discuta. – desliguei o telefone na cara dele. Olhei alguns segundos o aparelho antes de pegá-lo novamente, só que dessa vez disquei um número diferente. – Vem pra cá agora, você vai gostar do que terá aqui. - e desliguei. É, eu adorava ver o circo pegar fogo.
Dougie chegou vinte minutos depois, era três da manhã, em um carro que não era o dele, dirigido por uma morena, talvez a mesma do telefone. chegou nem cinco minutos depois e cerrou os punhos ao ver o “amigo”.
- Dougie, eu já sei o que você fez com a . – minha mãe disse com cara de velório, olhei para o meu irmão, confusa. – Por quê? – Dougie engoliu seco. Era nessas horas que eu agradecia o fato de meu pai ter sono pesado.
- Porque ele queria se aproveitar dela. – disse furioso, batendo na mesa. Dougie estava cabisbaixo, qualquer passo dele em falso naquele momento poderia até significar o fim do McFly. Isso não poderia acontecer, eles estavam no auge da carreira!
- Não, eu gosto dela. – ele disse baixo. Aquilo pareceu ser um golpe em .
- Isso é gostar Dougie? – minha mãe tomou a palavra. – Você tem idéia do quanto a machucou? – Dougie abaixou a cabeça e bufou, estressado. – Ela chegou em casa com o lábio inchado, cheia de hematomas; quem vê, acha que ela apanhou ou entrou numa briga.
- Mas o lábio dela só está cortado porque o a puxou para longe enquanto nós nos beijávamos. – Poynter se defendeu.
- Eu só fiz isso para impedi-lo de machucá-la mais. – rebateu, o clima estava tenso.
- MÃEEEEE! – ouvimos um grito vindo lá de cima.
- Droga. – me levantei correndo e subi a escada de dois em dois degraus. Entrei no quarto e se contorcia de novo na cama, agora gritando mais. Fui até ela e segurei seu rosto, estava vermelho. Olhei-a com pena enquanto passava meus dedos de sua testa para as bochechas, enxugando o suor. – Calma .
- Me aju-juda ... – ela pegou minha mão e apertou com força; ela ofegava tanto, fiquei com medo de ser apenas câimbras.

Cap. 18 – “And I won't waste a minute without you. My bones ache, my skin feels cold…” (Snow Patrol – Open Your Eyes)

[’s POV]

- ‘Tá vendo o que você fez com ela, Dougie? – entrou desesperado no quarto e ajoelhou-se ao lado da cama de . Olhei para trás e Dougie tinha uma expressão assustada e arrependida; voltei a olhar para e ela e estavam se olhando enquanto ele mexia no cabelo dela. Achei os dois tão bonitinhos daquele jeito, ainda que eu não os olhava como se fossem irmãos, era estranho. Havia algo a mais no jeito com que olhava para . Não entendia o que era, mas reparei em , aos poucos ela ia soluçando mais baixo e deixava as pálpebras pesarem. Ela acabou adormecendo olhando para , ele, então, beijou sua testa e permaneceu lá.
Saímos, afinal, Dougie ainda estava lá, muito abalado.
- Você viu Dougie o mal que lhe causou? – minha mãe disse triste, eu sabia que para ela, havia se tornado sua filha.
- Vi, eu sinto muito . – ele suspirou. – Vou me afastar dela, não se preocupe. – e pegou o celular, chamando um táxi.
- Me deixa ficar lá com a . – minha mãe ia subir quando eu a segurei pela mão.
- Não mãe, deixa o lá. – sorri e não precisei dizer duas vezes. Fomos dormir, graças que seria sábado!

Acordei depois de uma noite cheia de dores e alguém segurava minha mão, olhei um pouco em volta até me deparar com cabelos desgrenhados e uma carinha angelical. Com a outra mão comecei a fazer cafuné na cabeça de , lembrando-me de que havia feito a mesma coisa em Dougie antes dele se revelar um monstro.
- ? – puxei seu cabelo levemente e ele abriu os olhos daquela carinha angelical.
- Como está se sentindo? – ele espreguiçou-se, bagunçando meu cabelo depois.
- ‘Tá tudo dolorido, parece que eu fui atropelada por um ônibus. – era sério, meu corpo doía muito, principalmente minhas pernas, pareciam ter sido esmagadas.
- Você quer ir ao banheiro? – ele levantou-se, espreguiçando-se mais uma vez.
- Não, eu estou com fome. – olhei com carinha pidona.
- Então vamos descer! – ele me pegou no colo e eu beijei sua bochecha.
- Obrigada. – olhei em seus olhos, os mesmo olhos que eu vira antes de cair no sono.
Descemos e um cheiro extremamente bom invadiu nossos narizes.
- Nossa rainha tem fome! – entrou gritando animado.
- É pra já vossa majestade! – prestou continência.
- Ah, achei que eu fosse a rainha! – cruzou os braços e fez bico.
- Você foi rebaixada de cargo! – , agora, falava igual a um gay irritado. – Aceite as conseqüências. – sorriu maldoso. deu língua e todos caímos na gargalhada.
- Pronto meu amor. – colocou um prato de panquecas doces e salgadas na minha frente e beijou minha cabeça. – E , - ela virou-se para ele que me olhava comer. – a ligou desesperada. – ela riu. – Queria saber onde estava e sabem o que eu disse? – riu ela, parecendo uma garota(?) sapeca.
- O que? – ficou interessado.
- Disse que você já tinha ido para a gravadora. – começou a rir... sozinha.
- Erm, mãe, essa não teve graça. – fez sinal de “já deu”; dessa vez, eu, ela e rimos.
- Vocês, jovens, não tem capacidade de entender piada de gente velha, são muito complexas. – gabou-se ela.
- Bom, estou voltando para o meu cafofo, precisando é só chamar. – despediu-se de nós e saiu em seguida. Ficamos na cozinha em silêncio.
- O que aconteceu ontem? – essa pergunta era arriscada, mas eu precisava saber.

Cap. 19 – “And Your the prettiest face that walked my way, since I met you girl” (McFly – Surfer Babe)

e se entreolharam. Talvez eu devesse saber, talvez não.
- Por que o estava aqui? – especifiquei minha pergunta. Elas respiraram fundo, aparentando aliviadas.
- Eu, sua irmã, seu irmão e o Dougie conversamos ontem. – foi estranho falar “seu irmão” em relação ao . – Só que no meio da conversa suas pernas começaram a doer de novo. – ela sorriu triste. – Não se preocupe, vou te levar a um ótimo massagista hoje e tudo vai ficar bem certo? – concordei e terminamos de comer em silêncio.
me ajudou a subir e eu me troquei para que ela me levasse na massagem. Chegando lá eu fui levada de cadeira de rodas (que mico!) até a sala e descobri que o meu massagista era um cara. Sem preconceitos, mas ele era gay. saiu dizendo que iria me buscar quando terminasse e eu aproveitei a oportunidade, poderia desabafar com ele.
- Menina onde você conseguiu esses hematomas e essas pernas rígidas? – ele disse já começando a massagem pela panturrilha.
- Dougie do McFly. – eu disse.
- O baixista? – ele pareceu surpreso. – O que ele fez com você? Sexo selvagem? – deu uma risadinha abafada.
- Não, a gente se beijou, isso eu não nego, mas ele queria mais do que isso e começou a me apertar, deixando esses hematomas. – eu disse. Contei toda a história e de vez em quando Mike, esse era o nome dele, parava para exclamar horrorizado.
- Olha , - é, ele já tinha essa intimidade, mas era um cara super legal! – deixa rolar, se tratando do Dougie, ele é uma caixinha de surpresas. Mas qualquer coisa, se você ficar na dúvida, pese os prós e contras, veja o que é melhor pra você ‘ta bom? – ele me acompanhou até a porta do SPA, eu já conseguia andar, no momento em que estacionou ali na frente.
- Como ela foi durante a massagem Michael? – ela abraçou meus ombros e sorriu para nós dois.
- Foi muito bem Sra. , espero tê-la aqui mais vezes, garota de ouro! – Mike piscou para mim e eu ri.
- Bem então vamos querida, insistiu o dia inteiro para te ver! – ela riu e meu estômago deu uma revirada. queria me ver?
Seguimos cantarolando McFly e ao chegarmos em casa me esperava, ele parecia aflito. Passei pela porta de entrada e ele andava em círculos na sala.
- ? – o chamei e ele me olhou sorrindo. Abriu os braços e eu ri indo em sua direção. Me recebeu com um abraço que até me tirou do chão.
- Como você está? – ele me colocou de volta no chão.
- Estou bem melhor, o massagista deu um jeito nas minhas pernas! – sorri idiotamente para ele que bagunçou meu cabelo. Ficamos conversando mais um pouco até o celular dele tocar e ele precisar ir. Mas foram bons os poucos minutos que passamos juntos. Fui me deitar um pouco, afinal havia dormido mal noite passada e precisava descansar.
Meus sonhos foram basicamente compostos de boate, Dougie, , dores, beijos e mais uma porção de coisas que eu imaginava desde que os conheci, lá no Brasil. Era complicado lidar com o fato de que nada estava acontecendo da maneira que eu planejara, mas assim era a vida não era?

Cap. 20 – “Dancing on the kitchen tiles…” (McFly – All About You)

Por que segunda-feira tinha que ser segunda-feira? É normal e óbvio que todos odeiam esse dia, dava pra ver no rostinho “lindo” de cada aluno do colégio. Mas eu procurava não deixar essas caras amarradas estragarem meu dia. Era hoje que eu realizaria um desejo meu que estava ficando cada vez mais inevitável: dançar.
É, eu ia pedir para a diretora a chave da sala de dança, já que sabia que de segunda não havia aula. Fui até a secretaria e nem precisei entrar na diretoria, a própria estava no balcão e sorriu para mim. Nem foi preciso pedir duas vezes ou apresentar argumentos, ela me deu a chave apenas pedindo para eu devolvê-la quando terminasse de usar. Agradeci e fui para a aula. Durante todas as aulas, inclusive o intervalo eu pensava o que praticaria. Tinha um CD na bolsa repleto de músicas e faria bom uso dele com certeza.
- Tchau , te vejo amanhã. – Jenny acenou e eu sorri acenando de volta. Só precisava de alguns minutos até que a escola estivesse vazia. Peguei minha mochila e fui ao banheiro, algumas garotas do primeiro ano olharam-me torto e eu entrei em uma cabine. Coloquei um shorts preto por baixo da saia e quando ia sair parei imediatamente o que estava fazendo para ouvi-las do lado de fora.
- Ouvi que Simon quer de todo jeito aquela brasileirinha, não sei o que ele viu nela. – queixou-se uma delas.
- Parece que ele guarda um segredo da garota, ouvi algo como ela morar na casa de um famoso. – meu estômago embrulhou. As fofocas corriam rapidamente naquela escola.
- Acha que ela transou com ele para manter o segredo? – elas deram uma risadinha.
- Simon é muito manipulador, tenho certeza de que ela caiu na dele como um patinho... – e as vozes delas foram distanciando-se. Saí da cabine e respirei fundo.
Fui até a pia e me olhei no espelho, eu não era do tipo que tinha cara de babaca, como aquela garota, a Lucy. Eu era bem esperta, esperta até demais quando eu queria. Bufei, penteei meu cabelo prendendo-o em um coque bem feito.
Saí verificando se os corredores até o outro prédio estavam livres e entrei na sala rapidamente. O melhor era que aquela sala tinha um vidro grande o suficiente para pessoas me verem do lado de fora, mas eu não as verem. Ótimo, se alguém quisesse me espionar, que fizesse bom proveito!
Coloquei direto nas músicas, não dançaria até me acabar, dançaria apenas para me divertir. Calcei meus tênis de dança, flexíveis e macios, e comecei a mexer meu corpo conforme McFly comandava.
Busted, Madonna, Son Of Dork e Blink 182, essas eram algumas das músicas que eu tinha e dançava sapateado em algumas delas. Estava sendo bom... Me fez esquecer por um momento de que estava longe de meus pais, meus amigos e toda a minha família, que estava na casa da família do meu maior ídolo e que eu era amiga da minha banda preferida. Me fez esquecer, inclusive que quatro pessoas me observavam na porta...EPA! Quatro pessoas me observavam na porta?

Cap. 21 – “So hold me 'til the sun burns out” (McFly – I’ve Got You)

Continuei dançando com um sorriso no canto dos lábios, eu sabia a quem pertenciam aquelas quatro cabecinhas. A porta se abriu e eu fingi que não vi por estar olhando no outro espelho da sala, continuava dançando como se ninguém estivesse me assistindo.
, Dougie, e se sentaram de costas para o espelho principal e eu sorri para eles, ainda dançando. Nada me impedia naquele momento, caso minha saia do colégio levantasse muito, haveria um shorts preto por baixo então eu me liberava nos movimentos.
Sapateado era uma modalidade que eu estava acostumada a fazer desde pequena, então estava tentando relembrar as coreografias que eu aprendera com meu professor, cada música parecia se encaixar perfeitamente.
Chamei para dançar comigo, ele recuou no começo, envergonhado, mas eu o puxei pelas mãos e ele acabou se divertindo mais do que esperava. logo juntou-se à brincadeira e dançava feito gente velha, gerando muitos risos. veio quase em seguida e ele e Judd ficaram se agarrando enquanto dançavam “Piece Of Me” da Britney Spears.
Dougie foi o único que ficou a observar, seu olhar triste chamava minha atenção, mas eu sabia que nada poderia fazer, afinal ele havia prometido a que se afastaria de mim.
- Pronto meninos, chega por hoje! – parei a música e , e fizeram bico.
- Mas agora que eu já poderia ingressar no Bolshoi. – disse dando umas piruetas desengonçadas e quase dando de cara com o espelho da sala.
- Acredite , tem muito chão ainda para você tornar-se o primeiro bailarino. – eu ri e eles foram saindo da sala. Coloquei os sapatos do uniforme, guardei meu tênis na mochila e o CD, desliguei o aparelho de som e Dougie me aguardava no interior da sala, quase próximo de mim. – Vamos Dougie. – sorri para ele e ele me segurou pelo braço.
- , eu quero me desculpar pelo o que aconteceu na boate. – ele disse de cabeça baixa. – Não foi minha intenção te machucar, me desculpa. – Dougie estava visivelmente arrependido.
- Está tudo bem Dougie, não tem problema. – sorri fraco só que ele não me soltou.
- Eu só queria te pedir uma coisa. – ele finalmente olhou em meus olhos.
- Claro, pode pedir. – disse, mas com receio.
- Fica comigo? Quer ser minha namorada? – ele perguntou pegando em minhas duas mãos.
- Ahm... Dougie eu não, eu não sei o que dizer. – meu corpo todo tremeu.
- Pensa bem ta? Não precisa me dar a resposta agora, eu vou dar o seu tempo. – ele me beijou levemente nos lábios, tomando cuidado como se eu fosse quebrar.
- Ok. Obrigada. – sorri sem graça e saímos da sala. Apaguei as luzes e levei a chave para a diretora que sorriu.
- Então, vamos fazer o que agora? – Dougie abriu a boca pela primeira vez perto dos outros.
- Olha, amanhã é feriado e os colégios irão prolongar, eu estava pensando se nós quatro mais a não poderíamos passar esse feriado na casa de campo do . – disse e eu os olhei surpresa. Eu e eles? Sozinhos? Seria bem legal e totalmente diferente do que eu já imaginara.
- Por mim não tem problema, será muito bom passar um tempo com minha banda favorita. – acabei soltando sem querer. Eles me olharam curiosos. – Erm... não contei a vocês que amo o McFly? – fiquei vermelha quando eles negaram.
- Ah, você deve ter um McGuy preferido, diga qual é. – disse sorrindo.
- Não posso, não tenho um preferido! – disse dengosa. Mentira. Eu tinha um sim e por acaso estava morando na casa da família dele.
- Então combinado? – firmou sorridente. Todos concordaram e tratou de levar todos nós para sua respectiva casa. – Avise a mamãe que você vai acampar conosco, ela já sabe o que é. – ele me beijou na testa e eu saí do carro.
- , amanhã eu e os garotos vamos acampar! – eu disse entrando na sala com um sorriso e ela me beijou na bochecha concordando. Depois subimos e enquanto ela me ajudava a escolher algumas roupas eu ia contando a ela sobre a tarde que passara dançando na escola e a reação dos meninos. Aquele feriado com certeza seria o melhor de toda a minha vida. Só esperava que, com quatro garotos, não saísse besteira.

Cap. 22 – “I wonder if you'll ever sing this tune. All I know is the answer is in the air” (McFly – Walk In The Sun)

Eu e os quatro marmanjos fomos para a tal casa de campo de . Muita cantoria e palhaçadas depois, chegamos a uma casa meio antiga. Os meninos descarregaram o carro e eu fiquei de arrumar o meu quarto, já que eu teria um só para mim.
Quando desci, eles já bebiam cerveja e arrumavam a churrasqueira. Dougie e haviam pulado na piscina, que por sinal estava bem tratada. Fiquei perto de , que era o mais sóbrio, e tomava conta do churrasco.
Anoiteceu rapidamente e fizemos uma fogueira no quintal, os meninos pegaram os violões e começaram a cantar, já totalmente alcoolizados. Eu só dava risada, então fui pegar algo para beber na geladeira.
Antes que eu pudesse pegar qualquer coisa, a porta fechou-se diante de meus olhos, estava atrás dela e tinha uma expressão esquisita.
- O que foi ? Está passando mal? – me preocupei. Olhei e atrás dele estavam os outros três, com a mesma cara. – Vocês todos estão passando mal? – quase gritei.
- Shhh... não princesinha, é que tipo, - ele pigarreou. – eu e os dudes, a gente tava pensando se você não queria ser a nossa paciente. – ele disse, ok, ele estava muito bêbado.
- Paciente? – franzi a testa não entendendo nada.
- É, você nunca ouviu falar em brincar de médico? – ah não, eles estavam muito bêbados, era isso. Mas o que era pegando no meu antebraço?
- Ahhh, claro, claro, então eu, ahm, vou pegar os medicamentos ta? – me soltei rapidinho dele e subi correndo.
- VOLTA AQUI CINDERELLA. – gritou e todos eles riram. Me escondi em uma cômoda do corredor, onde havia um espelho em cima. Fiquei ofegante, com medo de que eles me achassem e fizessem algo que eu não quisesse, como por exemplo, me examinar.
Acabei ficando muito nervosa e com falta de ar, mas adormeci por lá mesmo, toda encolhida e com os músculos contraídos.

[’s POV]

Acordei no dia seguinte com uma ressaca caprichada. Minha cabeça pesava toneladas e meu corpo todo doía. Me dei conta de que estava deitado no tapete da sala e os dudes provavelmente caídos pela casa.
Levantei-me vacilante e encontrei as pernas de Dougie apontando pra fora da porta da cozinha. estava caído no corredor de cima e no quarto que havíamos separado para nós, mas no chão.
Perguntei-me onde estaria ; os banheiros estavam vazios, na cozinha não havia ninguém, muito menos nos quartos, no quintal e piscina não havia ninguém também. Comecei a ficar preocupado...
- Gente acorda. – gritei, e eles rapidamente despertaram reclamando da voz alta. – Acorda bando de bebum. - comecei a dar pedalas neles pra que ficassem em pé.
- Ai o que você quer ? – Dougie mal abria os olhos.
- A , eu não a encontro em nenhum lugar. – disse tentando manter a calma.
- Você já procurou no quarto dela? – apoiava a cabeça no braço, mas esta pesava.
- Já, várias vezes, no quintal, banheiros e até na rua. – roía os polegares. – Ela não pode ter saído da casa.
- Vamos procurar então. – disse e nos separamos. Procuramos na dispensa, banheiro, piscina, casa da piscina, quartinho de bugigangas, banheiros, embaixo das camas, no porão, no sótão e nada dela. Estava começando a ficar desesperado!

Cap. 23 – “If I were you, I'd take a look outside” (McFly – Look At The Sky)

[’s POV]

- vem rápido. – Dougie disse do corredor. Saí correndo, já tremendo nas bases. Ele estava ajoelhado em frente à cômoda onde havia um espelho em cima. Apontou para dentro e corri ao seu lado. Ajoelhei-me e vi encolhida dentro do armário, se abraçando e dormindo.
Tirei-a de lá, deitando-a em meu colo, ela estava pálida e suada, os lábios ressecados e os músculos contraídos.
- ela não ‘tá respirando direito. – Dougie alertou e eu reparei em sua respiração, estava falha.
- , , peguem as coisas rápido, estamos indo embora. – passei como um furacão por eles, seguindo para o carro.
- O que aconteceu? – os ouvi perguntar.
- A , ela dormiu no armário e agora está passando mal. – Dougie disse e saiu em seguida. – Eu te ajudo a entrar com ela. – ele abriu a porta do carro e eu tomei todo o cuidado para entrar com ela.
Ajeitei-a no meu colo e tirei alguns fios de cabelo de seu rosto pálido. Dude, como é que aquilo teria acontecido? Tentava me lembrar, mas não conseguia, a bebedeira da noite passada me impedia.
Dougie entrou ao meu lado e e na frente. Deram partida no carro, depois de carregá-lo com nossas coisas, e saímos em direção a um hospital.
- Alguém faz idéia do que aconteceu pra ter ido parar na cômoda do corredor? – quebrei o silêncio constrangedor. Minha cabeça palpitava, mas minha preocupação era maior. continuava encolhida em meus braços, sem ao menos se mexer.
- Bom, eu me lembro que a gente ‘tava na fogueira, aí estávamos cantando e rindo e ela levantou-se. – Dougie começou.
- Aí o teve aquela idéia estúpida de brincar de médico. – , como num estalo, lembrou-se.
- Entramos dentro da casa e abordamos a . – Dougie agora parecia lembrar-se. – Ela recusou o pedido de e subiu as escadas correndo. Então, nos separamos e tentávamos procurá-la, para examiná-la. Mas parece que o único lugar que não procuramos foi a cômoda e ela acabou dormindo por lá. – ele concluiu.
- Somos uns monstros. – eu disse com nojo de mim mesmo por ter concordado com tamanha loucura. – E agora ela está passando mal e não sabemos o que ela tem.
Mal chegamos ao centro Londres e fomos para o hospital, disse que ela havia ficado numa cômoda escura e úmida e que estava com falta de ar, enquanto entregava a pequena para uma enfermeira.
Ficamos esperando ansiosamente por alguma informação até que a médica veio. - Se tivessem demorado mais um pouquinho a garotinha de vocês teria entrado em estado de inconsciência. – ela disse e eu fiquei branco. – Não se preocupem, ela só precisa de bastante oxigênio e água. Estava desidratada e nervosa, por isso a falta de ar. Vou liberá-la esta tarde ok? Podem ficar com ela. – ela sorriu e nos guiou até o quarto de .
- Nenhum de nós beberá na frente da ou quando ela estiver por perto de novo entenderam? – eu disse antes de entrarmos no quarto e todos concordaram cabisbaixos.

Eu acordei e meu corpo estava um pouco dolorido, não sentia mais aquela sensação úmida da cômoda na qual eu entrara para escapar de . Abri os olhos e Dougie segurava minha mão apoiando sua cabeça na outra, tirava um cochilo no sofá, se distraía com uma moeda e andava de um lado para o outro.
- Pequena, você acordou, graças a Deus! – ele me viu e veio se aproximando.
- Não! – eu disse alto, assustando os outros três. – Vocês me trouxeram pra algum lugar abandonado e me examinaram, foi isso? – eu vi que estava em um hospital, aquilo era assustador. – Não cheguem perto de mim, por favor, eu disse que não queria... – disse totalmente trêmula.
- , princesa, você está em um hospital, de verdade. – disse sério.
- E-e vocês não fizeram nada comig-go? – eu perguntei, aquele esconderijo que eu havia achado parecia infalível. colocou as mãos na cabeça e andou na direção oposta a minha cama.
- Nós sentimos muito de ter tentado fazer aquilo com você , - disse. – acho que extrapolamos demais e, não deveríamos ter feito isso com você por perto, sabíamos que não daria certo.
- Então como vocês me acharam e como eu vim parar aqui? – olhei para os quatro, depois de analisar meu estado: estava com um cateter de oxigênio no nariz, tomando soro e vários sensores pelo corpo para checar os batimentos cardíacos.

Cap. 24 – “I'm a little dazed and confused” (McFly – Bubblewrap)

- Eu fui o primeiro a acordar e não te achei em lugar nenhum. – disse primeiro. – Então eu acordei os outros e te procuramos em toda a casa, até que o Dougie te achou na cômoda. – abaixou a cabeça.
- Você estava pálida, suada, não respirava direito e os lábios estavam secos. – Dougie disse acariciando minha mão. – E como não acordava, achamos melhor voltar para o centro e te levar pra um hospital.
- A médica disse que você estava desidratada e com falta de oxigênio. – completou. – E então ficamos aqui com você até agora. – eu olhava cada rosto, cada expressão, estava confusa e tonta.
- Eu vou sair daqui? – perguntei.
- Vou chamar a médica, ela disse que te liberaria hoje. – disse e saiu do quarto.
- , você me desculpa? – aproximou-se com expressão triste e pegou na minha outra mão, sem querer eu assustei e ele se afastou.
- ‘Tá tudo bem . – eu disse, mas ele não desfez a expressão chateada. Por que será que eu vinha desculpando todas essas coisas? Será que ninguém imaginava que isso me machucava também? O clima no quarto ficou estranho até entrar com uma médica muito simpática.
- Vamos ver essa mocinha levada que entrou dentro da cômoda. – todos riram fraco e eu me sentei na cama com a ajuda de Dougie. – Está tudo bem com você, pode ir pra casa, só fique longe de lugares úmidos certo? – ela tirou o soro, o cateter e os sensores e sorriu para mim.
- Muito obrigado Doutora. – apertou a mão dela. – Vamos deixá-la se trocar ok? Estamos lá fora. – ele disse e todos os quatro saíram me deixando sozinha.
Me troquei lentamente, estava ainda assustada, mas meu estômago roncando me avisou para andar logo.
- Estou com fome. – me senti uma pirralha reclamando pros pais.
- Nós vamos parar em algum lugar, tem preferência por algum? – Dougie virou-se de costas para mim e se agachou, pelo o que eu entendi, era para eu subir em suas costas. Aceitei a oferta e saímos conversando do hospital.
Bastou uma pizza do maior tamanho na Domino’s para que eu ficasse com dois pedaços medíocres e os meninos tomassem conta do resto. Mas eles também não deixaram barato, quando estava distraída, e Dougie esmagavam minhas bochechas, um de cada lado, deixando-as sujas e engorduradas de pizza.
- Ai seus nojentos. – eu pegava um guardanapo e limpava. tentava equilibrar o pedaço de pizza e o volante enquanto se apoderava da caixa no banco da frente ao lado de .
Chegamos à minha casa e, ao contrário do que eu pensava, todos eles entraram fazendo a maior gritaria e bagunça.
- O que significa isso? – disse rindo se levantando do sofá enquanto os quatro iam para a cozinha.
- PIZZA! – disseram eles e todos riram.
- Mas vocês não deveriam estar na casa de campo? – perguntou tentando pegar um pedaço de pizza, mas recebendo uma cara horrível de que puxou a caixa de pizza dela.
- Achamos melhor voltarmos mais cedo. não tinha feito compras e precisávamos de pizza. – Dougie disse e piscou discretamente para mim.
- Vocês saíram daqui com o carro cheio! – olhou horrorizada para nós cinco.
- Ah Tia , sabe como é né? – disse. – Nós nunca estamos satisfeitos! – ele sorriu.
- É o que vejo. – ela riu.
Ficamos conversando coisas sem sentido e todos se despediram rapidamente, inclusive . Não quis comentar sobre a casa de campo e fui tomar banho, quando saí liguei o computador e dei uma checada nos e-mails.
Quando eram quase oito horas da noite meu celular começou a vibrar, abri e era uma mensagem.
“Que tal sair comigo amanhã à noite? Conheço um parque de diversões que está de passagem pela cidade o que acha? Bons sonhos, xx Dougie”
Sorri e decidi aceitar o convite, amanhã ainda seria sábado, ou seja: teria o fim de semana para ficar trancada em casa ou tentar algo novo com o Sr. Poynter.

Cap. 25 – “A lot of guys try to catch her, But she leads 'em on a wild goose chase, now” ( McFly ft. Busted – Fun, fun, fun)

- Você está linda! – disse quando eu dei uma voltinha com a roupa que sairia naquela noite com Dougie.
Por incrível que pareça, naquela noite o clima estava morno em Londres e o céu estava estranhamente...estrelado. Não que eu estivesse reclamando, estava realmente lindo. Uma noite perfeita para ir a um parque com um garoto, erm...perfeito?
Quando deu a hora, desci e Dougie me esperava. Ele estava conversando com e os dois bebiam suco que havia preparado. Eles sorriram e Dougie me beijou na bochecha, abraçando minha cintura e despedi-me da família , saindo com ele pela porta.
Dougie abriu a porta do carro para mim, deu a volta, entrou e saímos em direção ao tal parque. O ambiente era gostoso, próximo ao rio Tamisa, e também havia música tocando, além do carrossel.
Logo na primeira volta, Dougie quis parar na barraca de tiro ao alvo e com a pontaria meio torta conseguiu um ursinho pequeno.
- Até sairmos daqui eu te dou o maior de todos eles. – disse ele que nem criança. Eu ri e ele pegou em minha mão.
Andamos mais um pouco e ele disse que o estômago dele gritava de fome, rolei os olhos rindo e fomos até a barraquinha de pipoca. Compramos dois saquinhos e ele pegou uma cerveja. O olhei séria e ele olhou para a latinha, devolvendo-a para o vendedor e trocando por um refrigerante.
Dougie andava jogando as pipocas para o alto e tentando acertá-las na boca, já havia perdido a conta de quantas vezes ele perdera a pipoca ou esbarrara em alguém tentando pegá-la.
- Dougie, acho melhor você parar senão você vai perder o saco todo e eu não vou dividir o meu com você. – eu disse e ele me olhou sarcástico.
- Você é gulosa sabia? – ele respondeu e eu taquei um punhado de pipoca nele. – Há, ‘tá vendo? Você acaba de perder pipocas também! – riu ele e eu lhe dei língua.
Terminamos de comer e fomos até a casa dos espelhos que havia lá também. Rimos com as nossas formas deformadas nos diferentes espelhos e Dougie até ousou me assustar, se escondendo entre eles.
Saímos de lá e ele sugeriu que fôssemos até a roda gigante. Eu, como adorava, concordei logo e ele abraçou minha cintura, enquanto admirava encantada a roda gigante toda iluminada, Dougie conversava algo com o moço que estava tomando conta do brinquedo.
- Dougie, o que estava conversando com aquele homem? – eu, com minha curiosidade, perguntei depois que a roda começou a se mover.
- Você verá! – ele disse misterioso, olhando para frente e eu fiquei curiosa. Conforme a roda ia subindo, havia uma brisa ficando cada vez mais gelada, me encolhi e Dougie me abraçou pelo ombro.
Quando chegamos ao ponto mais alto a roda gigante parou subitamente me assustando.
- Calma, foi o que eu pedi a ele. – ele disse me olhando nos olhos. – , eu sei que não começamos do jeito certo, - Poynter pegou em minha mão e olhou nossos dedos se entrelaçando. – e eu sei que te machuquei, mas eu andei pensando se você não queria se tornar minha namorada? – olhou-me com seus olhos azuis brilhando através das luzes da roda gigante.
- Dougie, você já me fez essa pergunta. – eu disse rindo e ele também riu, mas foi um riso meio nervoso.
- Eu sei, mas é que eu queria que você me respondesse agora, enquanto estamos no ponto mais alto da roda gigante. – ele disse romântico.
- Que lindo Dougie, - eu disse meio sem graça e pensei em . Era ele quem eu amava, mas ele não me dava bola, o que eu poderia fazer? Dougie gostava de mim e eu tinha consciência de que não o retribuiria do mesmo jeito, mas quem sabe com o tempo eu não aprenderia? – eu...eu aceito sim. – disse ficando vermelha. Ele sorriu largamente e pegou com as duas mãos em meu rosto, delicadamente.
Aproximou nossos rostos e nos beijamos, ali, no topo da roda gigante. Eu me sentia feliz, seus lábios contra os meus estavam me fazendo viajar. Nos separamos e eu sorri para ele, deitando minha cabeça em seu ombro enquanto a roda gigante já voltava a movimentar-se.
Descemos e saímos de mãos dadas, sorrindo como dois bobos felizes. Voltamos à barraquinha de tiro ao alvo e dessa vez Dougie conseguiu, não um urso gigante, mas um cachorro com uma flor no pescoço. Eu sorri agradecida e trocamos um selinho.
Depois de comermos algodão doce e andar no carrossel, acompanhados dos dois bichos de pelúcia, Dougie me deixou em casa, onde apenas me esperava para saber das novidades. Eita menina fofoqueira era aquela!

Cap. 26 – “Tomorrow's paper is coming out, so kiss him fast, watch the camera's flash” (Hilary Duff – Dignity)

Acordei no dia seguinte e já fui direto para o computador. Há tempos não mexia naquele negócio e estava ficando com saudades já. Entrei em todos os sites brasileiros de McFly e em quase todos eles havia a seguinte notícia: [n/a: Baseada na reportagem da Heat Magazine sobre Dougie e Frankie]
“Uma triste notícia para as fãs do McFly - O Fofo, Dougie Poynter, tem uma namorada secreta! Ontem, o casal foi visto juntos em clima romântico na roda gigante (foto ao lado) e depois foram vistos andando de mãos dadas pelo parque que está de passagem por Londres até o final do mês.
A garota, uma estudante de 14 anos, isso mesmo apenas 14, é a nova isca de Poynter. Só esperamos que o rapaz não machuque o coraçãozinho jovem de ."

Fechei o laptop atordoada, agora todos saberiam quem eu era. Como seria minha vida dali pra frente? Saí do quarto e ouvi uma discussão na sala, olhei para o relógio do corredor e já passavam das onze horas da manhã. Parei atrás do corrimão da escada e me sentei no meio dela. estava em pé, no centro da sala, segurando a Heat Magazine, onde havia a tal reportagem minha e de Dougie. O próprio estava sentado no sofá de frente para ele, cabisbaixo; estava ao seu lado, também quieta. e estavam sentados no outro sofá. Todos ali pareciam escutar apenas . Resolvi fazer o mesmo.
- Você viu onde seu passeio ao parque chegou Poynter? – ele abriu a revista bruscamente. – Agora, você expôs a para a imprensa e estão te chamando de pedófilo nas entrelinhas! – tapei a boca, assustada.
- Ah, por favor , já me perguntaram se eu faria sexo com um cachorro. – Dougie defendeu-se. [n/a: Quem aqui leu essa entrevista? o/]
- Só que isso foi uma hipótese, agora isso, - ele voltou a abrir a revista na cara de Dougie. – é real.
- E o que tem demais em estarmos namorando? – Dougie ajeitou-se, ops, largou-se no sofá. - A gente se gosta.
- Não é essa a questão Dougie. – fechou os olhos colocando a mão na testa. – A questão é que a não queria que todos soubessem quem ela é e que está morando aqui em casa. – ele estava visivelmente incomodado com isso. – Mas dude, - ele mudou o tom de voz para sarcástico. – você acaba de fazer esse favor pra ela! E se você pisar na bola com ela, pode dizer adeus ao McFly e eu irei até o inferno te buscar se você fugir. – rosnou ele e eu me encolhi na escada, começando a chorar.
Estava me expondo a um risco enorme, e se Dougie me traísse? Todos saberiam! Se ele não me quisesse mais? Todos saberiam também! Cada passo que eu desse a partir daquele momento seria registrado pelos flashes da imprensa.
Não vi Dougie levantar-se do sofá, só o vi à porta, antes que abrisse a mesma ele olhou para cima e me viu. Subiu rapidamente e me abraçou.
- Não chore pequena. – ele disse em meu ouvido, mas minha vontade foi completamente contrária. – Tudo ficará bem ok? Não precisa ter medo. – ele segurou em meu rosto e me deu um selinho demorado.
Voltou a descer a escada e o esperava ao pé dela.
- Vamos conversar ainda. – ele disse sem emoção e eu tremi.
- , depois, ela está assustada. – Dougie disse e eu me senti bem por um momento.
- Poynter, não dá pra esperar. – ele disse sem encarar o amigo. Dougie foi embora e subiu a escada sentando-se ao meu lado. – Se acalme ok? Eu só quero o seu bem. – ele disse colocando as mãos em meus joelhos.
- , s-sobre o parque, a-a idéia foi minha. E-eu não sabia que havia fotógrafos ali, e-eu...
- Shhh, - ele me abraçou e trouxe minha cabeça para deitar-se em seu ombro. – não precisa proteger o Dougie, ele me contou da idéia dele antes de vocês saírem. – droga, mas e suas ameaças de buscá-lo no inferno? – Não foi culpa sua, não foi culpa dele, não foi culpa de ninguém. – disse ele calmo e carinhoso. Beijou minha cabeça e me levantou da escada, me puxando delicadamente pelas mãos. Enxugou minhas lágrimas e beijou minha bochecha, em seguida segurando em meu rosto. – Esqueça de tudo e de todos, concentre-se em você. – ele sorriu e eu também.
- Obrigada . – eu o abracei com força.
- Não seja por isso, princesa. – ele disse e eu me arrepiei. Subi para trocar de roupa, pois ainda estava de pijamas. Naquele dia, eu e ficamos em casa, jogando vídeo-game ou assistindo filmes.
Esqueci-me das fofocas até o momento em que fui dormir e pensei em como seria o dia seguinte na escola. Jenny se sentiria ofendida por eu ter mentido?

Cap. 27 – “I'd never run him over, I wouldn't wanna dent my car. I'd never rip your throat out,‘Cos that could leave a nasty scar” (Son Of Dork – Sick)

Na segunda-feira acordei com uma sensação esquisita. Não parava de pensar em como todos me olhariam no colégio. Desci, e nem a animação de e fizeram com que eu deixasse de pensar naquela sensação.
Por isso pedi que me levasse à escola. No caminho, tentava me acalmar.
- Hoje vamos a uma entrevista do , então é provável que quando você chegue em casa não tenha ninguém. – disse sorrindo para mim e eu concordei me despedindo delas e saindo do carro.
No colégio, todos me olhavam torto, cochichando. Alguns tinham a Heat Magazine em mãos o que fazia com que eu suasse frio.
- Jenny, preciso conversar com você. – eu disse meio trêmula, assim que a encontrei. Ela fechou seu armário e me acompanhou até os fundos da quadra de esportes.
- É, eu estou sabendo que você namora o Dougie e mora com os pais do . – ela cruzou os braços.
- Jenny, me desculpa, eu não queria ficar popular por causa de uma fama que nem é minha. – ao contrário do que eu pensava, ela não estava brava.
- Não tem problema , eu sei o quanto é ruim isso. Esse colégio está cheio de mal intencionados. – ela sorriu e me abraçou.
- Então, v-você me entende? – eu perguntei me separando dela.
- Uhum, - ela sorriu. – só que, vamos combinar que não importa qual for o assunto, você não terá medo de contá-lo para mim ok? – ela disse sinceramente e eu concordei.
- Obrigada. – eu disse.
- Assim são os amigos, certo? – ela sorriu e eu concordei. Naquela manhã, a companhia de minha amiga foi essencial para que eu agüentasse todos os olhares tortos e comentários dos outros alunos. Ela me distraiu até o momento da saída, quando desculpou-se e disse que não poderia me acompanhar até em casa por ter uma reunião com um dos professores.
Agradeci a ela pela manhã incrível e fui andando, ainda ouvindo alguns comentários, até o portão do colégio. Estava caminhando de volta para casa e aquela sensação esquisita voltava a me atormentar. Agora que todos sabiam, e comentavam, sobre meu namoro com Dougie Poynter eu tinha medo até das criancinhas!
Aquilo, que mal havia começado, já estava se tornando uma pressão enorme para mim e eu não sabia se iria agüentar. Tudo bem que namorar seria mais perigoso, mas... ah, por que será que tudo o que eu pensava em relação ao amor tinha o no meio? Minha ficha precisava cair que ele não iria ficar comigo!
- Você é ? – quando estava a um bloco e meio de casa, senti me cutucarem. Virei-me e uma garota mais ou menos da mesma idade do que eu, cabelos loiros presos em um rabo de cavalo, pele branca e bem cuidada, roupas de marca e o braço com pulseiras de ouro branco encontrava-se na minha frente.
- Sim, sou eu, por quê? – reparei que sua mão direita, apoiada em sua cintura, estava coberta por uma luva preta de couro, mas estava muito quente para que ela a usasse.
De repente ela mexeu a mão esquerda e senti algo pontudo e afiado atravessar o lado direito de meu peito. Olhei para baixo assustada e um cabo rosa choque apontava para fora, pouco acima de meu seio. A dor era insuportável, ofeguei confusa e ela sorriu.
- Isso é pelo Dougie. Deixe-o em paz! – e saiu andando.
Eu não sabia se gritava, se chorava, se caía de joelhos, se saía correndo ou se arrancava a faca. A dor não me deixava pensar, portanto, saí cambaleando para casa enquanto tentava manter a calma.
- Alô, e-eu preciso de uma ambulância... – disse o endereço com a voz trêmula e contei o que se passava. A moça da emergência instruiu para que eu deitasse e procurasse respirar o mais fundo possível.
Não havia ninguém em casa ainda, deitei-me no sofá e meus olhos começavam a distorcer as imagens, então eu os fechava calmamente e tentava encher meus pulmões sem prestar muita atenção na dor, o que era bem difícil.
Ouvi uma sirene ir se aproximando e em seguida abriram a porta de casa.
- Estou aqui... – disse e em seguida apareceram dois homens de branco com uma maca ao lado.
- Fique calma, ok? – um deles disse colocando minhas mãos sobre a barriga e eu concordei.
- Tem alguém em casa? – o outro perguntou enquanto saíam comigo para fora.
- Não... – e me colocaram na ambulância.
Percebi que ela começou a se mover em alta velocidade, os sons agora já se distorciam e minha respiração falhava. Assim que um dos moços colocou oxigênio para mim, tudo escureceu a minha volta.

[’s POV]

Chegamos em casa, depois de acompanhar mais uma entrevista do meu irmão, nossa mãe foi para a cozinha, para a sala e eu fui atrás de . Seu material estava ao pé da escada, mas ela não respondia aos meus chamados. Achei que estivesse no banho, então o telefone tocou...

Cap. 28 – “Living fast, dying young” (McFly – Down Goes Another One)

[’s POV]

Atendi e era uma amiga minha que havia me visto na TV. De repente a programação a qual assistia foi interrompida pelo plantão. Meu estômago sempre revirava quando ouvia aquilo, mas daquela vez era diferente. [n/a: Quem não tem medo da musiquinha do Plantão da Globo?! xD]
“Acabamos de ser informados que uma estudante foi esfaqueada hoje em um dos bairros de mais alta classe de Londres,” disse a apresentadora, séria. “a vítima, de apenas 14 anos de idade, é ,” meu sangue gelou ao ver a foto de ocupar o canto direito da tela. “atual namorada do baixista do McFly, Dougie Poynter.” a foto de Dougie apareceu ao lado da de . Neste momento eu já não entendia mais nada do que minha amiga falava ao telefone. “Segundo boletim médico a garota encontra-se em estado grave e neste momento passar por cirurgia para remoção da faca. Voltamos logo mais com novas informações”
Deixei o telefone cair e tapei minha boca, o choro formando um nó em minha garganta. Quando meu irmão virou-se para me olhar e eu notei seu rosto pálido, eu desabei. Passei as mãos pelo rosto, desesperada. levantou-se e me abraçou forte.
Fomos à cozinha, avisar mamãe sobre o ocorrido, mas não foi necessário. A encontramos sentada em uma cadeira, chorando dolorosamente, provavelmente tinha escutado a notícia.
- Por que com ela? – ela perguntou, afogando-se em soluços.
- Mamãe... – eu peguei em seu braço.
- ELA NÃO FEZ NADA PRA NINGUÉM! – gritou ela amargurada.
- Nós sabemos. – disse com a voz esganiçada.
- Vamos vê-la mãe, é o que podemos fazer. – eu a ajudei a levantar-se e fomos para o carro.

Fiquei com dó de , ele estava com a cabeça tão cheia quanto a nossa, mas o estado em que nossa mãe se encontrava deixava a responsabilidade de dirigir para ele.
- Como assim? Vocês têm que ter alguma notícia! – foi o que ouvimos ao chegar ao hospital em que estava. Dougie andava de um lado para o outro na recepção, descabelado, suado e com os olhos muito vermelhos.
! – ele abraçou meu irmão desesperado.
- Como você está? – estava se fazendo de forte, o que não era nada bom para ele.
- Como acha? foi esfaqueada por minha culpa! – ele pegou nos próprios cabelos e os puxou enfurecido.
- Acalme-se Dougie, como você sabe se a culpa foi sua? – eu perguntei. Minha mãe havia se sentado, chorando silenciosamente.
- Não está na cara ? – ele disse. – Ninguém esfaqueia uma menina de 14 anos em plena luz do dia que, por acaso, é namorada de um integrante de uma banda famosa. – ele completou com a voz desesperada, de choro. – Me desculpem.
- Não é culpa sua Dougie. – minha mãe disse. – Ela vai nos contar assim que conseguirmos falar com ela. – sorriu e voltou a encarar o nada. Eu, e Dougie ficamos sem entender essa mudança repentina de humor dela.
- Clara, como ela está? – Dougie disse num estalo assim que viu uma enfermeira se aproximar de nós.
- E-ela entrou em coma depois de uma parada cardíaca. – disse com sua voz doce, mas que para nós soou como suspiro. – Eu sinto muito.

Cap. 29 – “When you have everything, you got everything to lose” (McFly – You Should Know By Now)

[’s POV]

- Não… - Dougie arregalou os olhos. – Não, ela não pode ter feito isso!
- Dougie, Dougie calma. – eu o segurei pelo braço e ele me apertou em um abraço frustrado.
- Ela corre mais algum risco? – , que abraçava nossa mãe, conversava com a enfermeira.
- Não. Ela vai acordar. – a enfermeira sorriu. – Só não se sabe ainda quando.
Ficamos apreensivos, esperamos mais algum tempo até que pudéssemos vê-la na UTI. Ela estava com o respirador e seu semblante era preocupado, provavelmente fora assim que ela desmaiara. Aquilo doeu em nós. Acho que até mais em Dougie e , eles que sabiam o que era a fama, mas nunca haviam provado por esse lado.
Dougie começou a chorar silenciosamente, pegou em uma das mãos de e sentou-se ao seu lado. cruzou os braços e ficou ao pé da cama. Minha mãe sentou-se do outro lado de e acariciou seu cabelo, também comovida. Eu era a única que não sabia o que fazer, mas ao olhar novamente para Dougie e vê-lo encostando dois de seus dedos em seus lábios molhados pelas lágrimas e depois os encostando na bochecha pálida de , aquilo foi o suficiente para que eu começasse a chorar.

me abraçou, eu nunca havia necessitado tanto de um abraço do meu irmão quanto eu precisava naquele momento. Anoiteceu rapidamente, pediram para que saíssemos de lá, Dougie não queria, fiquei com pena dele.
Fomos para casa, também foi, mas para a nossa, sem ao menos dar uma satisfação à . Mas aquilo não importava. Ele que foi conversar com nosso pai sobre , mamãe foi se deitar cedo, estava exausta e machucada. Papai, e eu ficamos procurando o telefone da agente de intercâmbio da para avisar aos pais dela de que ela ficaria bem.
Acordamos cedo no dia seguinte, havia dormido no sofá. Ajoelhei-me ao seu lado e o acordei mexendo em seu cabelo. A primeira coisa que ele balbuciou foi o nome de , mas eu apenas discordei e disse que não era ela. Fomos para o hospital e Dougie já estava dentro da UTI, com ela. Parecia que ele havia mergulhado de cabeça no namoro, nunca havia o visto tão mal e tão desesperado quanto estava.

Tive que ir para o colégio, Dougie e para a gravadora. Meus amigos me deram força para agüentar as aulas sem enlouquecer, eu já não sabia como seria dali pra frente. Quanto tempo ficaria dormindo? Ela iria embora sem ter acordado? Aquelas dúvidas me matavam e eu só queria a minha irmãzinha de volta. Aquilo doía profundamente.

[’s POV]

Dougie estava péssimo no ensaio, mal conseguia cantar os versos. Lágrimas escorriam por seu rosto e ele pedia várias pausas para tentar se recompor. Eu também sentia, muito, mas não podia afetar a banda e nem minha família, senão, como ficaríamos?

Sem muitas escolhas, teríamos dois shows de arena pela frente e não saberíamos se acordaria ou não. Passávamos o que dava de nosso tempo com ela no hospital e depois íamos para casa, completamente arrasados.
andava muito estranha e eu também não estava com cabeça para nada, acabávamos brigando. Eu me recolhia à casa dos meus pais, onde tinha que acalmar e dizer que tudo ficaria bem. Mas ela não deixava de perguntar se eu também não sentia a falta da nossa brasileirinha. Eu não podia deixar de me emocionar e dizer o quanto ela fazia falta.
Os shows chegaram, ainda não tinha tido nenhuma melhora; na platéia, cartazes de fãs desejando a melhora dela com fotos da nossa pequena que eu nem imaginava como elas haviam conseguido, mas que eram lindas e me faziam deixar escapar lágrimas teimosas no final de cada show.
Dougie estava entrando em depressão, não dormia, mal comia, desejava que a cada minuto estivesse com ele. Mas todos nós sabíamos que não era tão simples assim. Acho que daquela vez ele realmente havia entrado de cabeça no namoro, nunca o vira tão deprimido por causa de uma garota.
E então, depois de duas semanas em coma, respirando por aparelhos, voltava a respirar sozinha e era movida para um quarto normal. Um sentimento de esperança nos invadia, mas sabíamos que ainda não era o que queríamos.

[’s POV]

- Nunca em toda a história deste hospital houveram tantas visitas por dia! – Clara comentava comigo sorridente. – Sua irmã deve ser muito querida.
O que não deixava de ser verdade. Todos os dias, amigas, colegas, professores e até fãs do McFly vinham visitá-la. Mamãe ligava todos os dias para Cindy para que ela acalmasse os pais da . Ela já respirava por conta própria, mas ainda sim estava em coma. Dougie estava cada dia pior e agora também sucumbira ao desespero.
Chegava a brigar com a equipe do hospital, caso notasse algo diferente em sem explicação, era horrível. Ele e estavam dando um tempo desde que havia retirado o respirador, então ele vivia em casa, sempre abatido e preocupado com ela.

Cap. 30 – “The light is dancing in your eyes, your sweet eyes. Times like these we'll never forget” (McFly – No Worries)

[’s POV]

Um mês. Trinta dias sem ao nosso lado. Durante todo esse tempo fomos agüentando nossa angústia e nossa dor vindo visitá-la todos os dias. Poucas melhoras haviam sido significativas. Quer dizer, ela saíra da UTI e agora respirava por conta própria, os pontos de seu peito haviam sido retirados e seu corpo estava praticamente recuperado.
Mas e ela? Digo, a nossa . Ela não havia aberto os olhos e isso nos machucava de um jeito muito duro. Dougie havia se conformado um pouco, aprendera a controlar os nervos, mamãe já falava com Cindy sem chorar e eu... bom, eu aceitava, sorrindo fraco, os sentimentos de meus amigos e fãs do McFly.
A rotina não mudara muito, com exceção de que eu passava todo o meu tempo livre com ela e quando deixavam, até dormia lá. E então quando completou um mês eu precisei sair, pois faria um estudo do meio. Eu não queria deixá-la, mas mamãe me assegurou que e Dougie estariam com ela e também.
É, ela e haviam se reconciliado. Portanto eu fui com dúvidas e preocupação.

[’s POV]

Era difícil saber que já se passavam 30 dias desde que fora esfaqueada. Uma data que não deveria ser lembrada. Eu e Dougie fomos passar a tarde com ela, cancelamos o ensaio e ficamos lá no hospital. também quis ir, afinal, não queria mais brigar comigo.
Ficamos lá, horas e horas, Dougie sentado na borda da cama segurando a pequena e já tão pálida mão de enquanto eu andava de um lado para o outro e estava sentada na poltrona do quarto.
Ouvimos um gemido e meu olhar voltou-se para a cama, mexia a mão que Dougie segurava e abria seus olhos lentamente. Eu estava cativado pelos seus olhos, pareciam tão brilhantes e ela abria um sorriso tão lindo.
- ? – Dougie perguntou trêmulo.
- Hey... – ela disse olhando para nós três intercaladamente. Dougie subiu sua mão para tocar-lhe o rosto e soluçou, sem vergonha de parecer fraco.
- Me perdoa. – foi a primeira coisa que ele disse, franziu a testa não entendendo.
- Por que isso? – disse beijando sua mão que pousava em sua bochecha.
- Eu não queria te expor deste jeito à mídia, não imaginava que você se machucaria tanto. – Poynter disse.
- Sabe o que eu sonhei? – ela disse fraca, mas sorridente. Meus olhos começavam a encher-se d’água. Dougie apenas negou com a cabeça. – Quando estávamos lá no topo da roda gigante, me lembrei de seus olhos brilhando com as luzes do brinquedo, como seus olhos eram doces e verdadeiros naquele momento. – ouvi um soluço e dessa vez veio de . – Eu nunca vou me esquecer desse momento. – completou e Dougie a beijou na testa.
- Nem eu, meu amor, nem eu. – ele sentou-se e ela olhou para mim.
- Vem cá. – ela chamou e eu fiquei com receio de me aproximar. – Vocês estão todos bem? – ela perguntou preocupada. – A , , , você, meus pais... – ela murchou quando referiu-se aos pais.
- Todos muito preocupados, mas bem. – eu sorri bagunçando seu cabelo.
- Que bom. – ela voltou a sorrir.
- E você, como está? – se aproximou e sorriu com os olhos vermelhos.
- Acho que até melhor do que antes. – ela riu e nós também. – Fiquei muito tempo aqui? – ela olhou para o relógio do quarto.
- Trinta dias, hoje é seu trigésimo dia aqui. – eu disse e ela assustou-se.
- Eu devo ter perdido muita coisa.
- É, - Dougie sorriu. – perdeu nossas fãs desejando que você ficasse melhor, perdeu o pessoal de seu colégio vindo te visitar, todos os dias. Não havia um que te esquecia. – nós sorrimos.
- Obrigada. – ela deixou que uma singela lágrima lhe escapasse. Deixamos Dougie com ela e fomos ligar para e mamãe. As duas praticamente gritaram quando disse que ela havia acordado, mas infelizmente apenas minha mãe conseguiu vir o mais rápido que pôde. Chegou e abraçou , que, agora, já conseguia sentar-se. Nossa brasileirinha estava se recuperando bem, o médico disse que faria apenas alguns exames neurológicos e ela poderia ir para casa.
Ela e Dougie beijaram-se e a enfermeira a levou para a sala de exames. Nunca meu peito inchou de tanta felicidade. Ligamos para e que disseram que estariam no hospital o mais rápido possível. Tínhamos uma homenagem a fazer para alguém muito especial.

Cap. 31 – “The night is young. We wait for love, upside down we dream” (Paramore – Keep Dreaming Upside Down)

Durante o tempo que eu passara dormindo, havia sonhado com , Dougie, e . Os mesmos sonhos que eu tinha no Brasil, isso me fez sentir falta de casa, mesmo que eu não tivesse consciência da onde estava e nem quando era.
Quando acordei e vi Dougie abatido daquele jeito, lembrei-me de tudo o que me acontecera. E então estava lá também, emocionado, ele ficava lindo chorando. também estava lá, não tinha como ter ódio dela, eu estava em uma situação nada boa e ela se preocupava comigo, me senti reconfortada naquele momento.
chegou pouco tempo depois e eu pude abraçá-la. Um mês sem vê-los e para mim não pareciam nem algumas horas. Era estranho.
Uma enfermeira me levou para a sala de exames, mas não sem antes eu ganhar um beijo do meu namorado, o que me deixou um pouco sem graça. Voltamos, e, para meu alívio, estava tudo bem comigo e fomos para casa. Lá, , Dougie, e fizeram uma surpresa para mim. Um mini-show acústico com algumas de minhas músicas favoritas.
Agradeci, encantada e também me surpreendeu acertando a receita que ela fizera no meu primeiro dia em Londres. Eu me senti em família, como em meu sonho, e apenas faltavam meus pais para completá-la. Subi e liguei para eles, minha mãe chorou ao ouvir minha voz e pediu para que eu voltasse, mas eu insisti e disse que ia superar tudo aquilo, depois falei com meu pai. Ele se emocionou ao me ouvir e disse que não havia deixado um dia sequer de falar com Cindy, ela que se comunicara com a minha família durante todo este tempo.
Desliguei e voltei para a sala, me sentando no sofá abraçada a Dougie, ele ficava me fazendo cafuné e dando beijinhos em meu rosto me deixando à vontade. Eles foram embora logo de noite e aproveitou para ficar me abraçando e dizendo como sentira minha falta todos esses trinta dias.
Eu contei à como havia acontecido o incidente e ela determinou, junto com , que eu não iria mais sozinha e muito menos à pé para a escola. Todos os dias ela me levaria e me buscaria. Sorri concordando, afinal depois do que acontecera, não podia dizer o contrário.
Na segunda, Jenny me recebeu na escola com um imenso abraço e as pessoas que antes cochichavam sobre mim, me aplaudiam sorridentes. A diretora veio me receber também e eu me senti em casa. Na saída me levou para ver Dougie na gravadora, ela explicou que ele não conseguia ensaiar direito desde que eu entrara no hospital.
Cheguei lá e ele parou o ensaio, largando o baixo na mão de que, se não fosse rápido teria estraçalhado o instrumento no chão.
- ! – ele veio correndo e me abraçou carinhosamente.
- Como está pequeno? – eu disse depois de nos beijarmos.
- Bem melhor agora que você apareceu. – sorri sem graça e os outros saíram da sala.
Corri abraçar , e , eles me receberam com muito carinho e conversamos um pouco antes que Fletch os mandasse de volta para o ensaio.
Dougie me prometera que iria me buscar na escola sexta-feira, conversou com que concordou com animação. Por incrível que pareça a semana passou voando e lá estava Dougie me esperando no estacionamento do colégio, sem medo de ser feliz.
Entrei e nos beijamos, saindo em seguida em direção ao McDonald’s onde almoçamos. Fomos para sua casa e lá assistimos a alguns filmes, estávamos deitados no sofá da sala, Dougie me abraçava apertadinho, ora ou outra prestando atenção em nossas mãos entrelaçadas.
Levantei-me, sempre que comia os lanches do McDonald’s ficava morrendo de sede, fui até a cozinha e peguei um copo d’água. Então senti ele me abraçar por trás.
- Já disse que você nesse uniforme me enlouquece? – ele disse no meu ouvido, massageando minha cabeça com as pontas dos dedos.
- Deixa de ser safado! – eu disse rindo, afinal, aquilo era muito engraçado. Apenas quando Poynter começou a passar a mão por debaixo da minha saia é que eu tive que ficar séria. – Dougie, por favor. – ele parou imediatamente e me beijou com carinho.
- Só quando você quiser. – ele sorriu revirando os olhos e voltamos para a sala, ficando do mesmo jeitinho de antes. Segundo o que ele me dissera, enquanto mudávamos de canal, no dia seguinte eu voltaria para lá, pois ele daria uma festa na jacuzzi dele. Fiquei pensando no que vestir até que fui embora da casa dele ainda com a cabeça fervilhando de idéias.

Cap. 32 – “So good you got to abuse it, so fast that sometimes we lose it” (McFly – Corrupted)

A festa na jacuzzi, entretanto, não rolou. Acordei e me avisou disso, mas ela disse que Dougie havia me convidado para sair e que me deixaria na porta de sua casa no horário combinado. Sorri agradecida e fui tomar café.
e lutavam pelo último pão da cestinha, enquanto estavam distraídos eu o peguei e eles olharam mortalmente para mim que fiz uma carinha de cachorro sem dono.
Logo aquietou o espírito de porco de trazendo pães torradinhos, daqueles em que se passa a margarina e derrete. Foi o bastante para que ele ficasse com o rosto cheio de farelos, uma graça!
- Hey, o que está fazendo? – entrou, meia hora depois que eu havia subido para o quarto, no mesmo.
- Vendo nossas fotos. – sorri enquanto passava as fotos para vê-las. Ele riu e sentou-se ao meu lado.
- Nossa eu realmente saí estranho nessa. – ele dizia isso em todas as fotos, me fazendo rir. – Então, Mr. Poynter te chamando para sair hein? – ele brincou e eu fiquei sem graça. Quisera eu que ele quem estivesse me convidando para sair.
- Está com ciúmes ? – provoquei e bagunçou meus cabelos, me apertando em um abraço.
- Sabe como é né?! já está grandinha demais para eu influenciá-la. – ele riu e eu lhe dei um tapinha no ombro. – Posso ficar com vocês essa noite? – ele fez cara de bebê.
- Não bonitinho, - apertei suas bochechas. – por que você não sai com a ? Assim estaremos quites. – Deus sabe o quanto aquilo doeu em mim.
- Eu não sei, acho que ela estará cansada. – suspirou e beijou minha cabeça. – Sabe que você é uma menina muito engraçadinha? – ele me abraçou apertado, quase me sufocando.
- É, e por quê? – perguntei num fio de voz.
- Sei lá, desde que a cresceu, ela ficou chata! – ele sussurrou como se estivesse compartilhando um segredo. Rimos.
- Aham, e você ficou espertinho. – comecei a fazer cosquinha nele até que ele me soltou. – Agora deixa eu me arrumar ok?
- Claro, vou tomar banho e nos encontramos lá embaixo. – ele mandou beijos no ar de um jeito gay e saiu.
Ri sozinha, estava ficando cada vez mais próximo de mim. Mas será que Dougie poderia ser uma barreira no nosso relacionamento? Fui tomar banho pensando nisso até que o vapor do banheiro fizesse com que eu pensasse em outras coisas como onde Dougie me levaria e se ele iria querer algo mais naquela noite.
- Obrigada , provavelmente Dougie me leva de volta. Boa noite. – beijei sua bochecha e saltei do carro, acenando antes dele virar a esquina.
- Dougie? – entrei em sua casa que estava com a porta aberta. A televisão estava ligada e na mesa haviam vários potinhos com salgadinhos e aperitivos.
- Oh amor, já chegou? – ele saiu da cozinha com um copo de refrigerante em mãos e de boxers, senti meu rosto queimar.
- Você ainda não está pronto? – tentei desviar minha atenção dele.
- Pronto? Pra quê? – ele sorriu de canto e eu percebi.
- Ué, você não disse à que sairíamos? – coloquei minhas mãos na cintura.
- Ah baby, achei melhor termos nossa noite de amor em casa. – ele sentou-se no sofá.
- Noite de amor? – arqueei a sobrancelha, espera, ele não estava pensando em...
- É, tipo quando duas pessoas se amam e querem, sei lá, ah você sabe. – sim, ele queria isso mesmo. – Fazer amor sabe? Como vocês mulheres chamam. – deu de ombros.
- Dougie, você não ta falando em... – senti um estalo, ele queria aquilo mesmo. – não, eu não posso fazer isso. – pensei em , a primeira pessoa que me veio na cabeça.
- Por que não linda? – ele me chamou com a mão e quase que automaticamente eu fui até ele.
- Erm...eu, não tenho idade pra isso. – dei a desculpa.
- Claro que tem, olha seu corpo, uma mulher formada. – ele sorriu fofo e não resisti àquele seu sorriso. Acariciei seu peito, olhando cada pedacinho de pele, ele me puxou pela nuca e grudamos nossos lábios.
O beijo esquentava, não havia como pará-lo, parecia que eu também queria aquilo tanto quanto ele. Em flashes, invadia minha mente e era quando eu parava um pouco de beijar Poynter, mas ele logo me puxava para outro beijo.
De repente um latido invadiu a sala e Dougie se separou de mim, já estávamos deitados no sofá, ele por cima de mim, e começava a tirar minha camiseta.
- Flea, sai. – ele disse bravo.
- Ai tadinho Doug. – sentei-me no sofá e passei a fazer cafuné no cachorro que abanava o rabo freneticamente. Dougie sentou-se (lê-se: socou-se) no sofá emburrado. – Deixa de ser egoísta, que eu saiba você adora animais! – eu disse ainda sorrindo para Flea.
- É, mas não quando eles interrompem momentos. – ele disse visivelmente irritado e chateado.
- Não fica assim Dougie, Flea não tem culpa! – eu defendi o cachorro que olhou para Dougie. Dougie bufou e eu suspirei. Flea colocou as patas nas coxas de Poynter começou a lamber seu rosto, como se fosse um pedido de desculpas.
- Ah, hahaha, sai seu babão, hahaha isso faz cócegas! – ele ria enquanto tentava tirar Flea de cima dele. Eu ri também, afinal era engraçado, Dougie não podia evitar que gostava de animais de estimação, mesmo que este o tivesse broxado.
Flea ficou entre minhas pernas, sentado no chão, enquanto assistíamos a qualquer filme. Dougie acariciava minha mão e de vez em quando me dava salgadinhos na boca. É eu sei, mordomia demais, mas ele era um fofo, o que eu poderia fazer?

Cap. 33 – “What's wrong with me? Why do I feel like this? I'm going crazy now” (Rihanna – Disturbia)

- Espera, tenho um pijama da Jazzie que deve servir pra você. – Dougie subiu as escadas e eu o segui. Já havíamos cansado de assistir o filme e eu estava praticamente dormindo em pé.
- Ela dorme aqui? – perguntei estranhando.
- É, de vez em quando, quando está muito bêbada para voltar para casa. – Dougie riu e tirou da gaveta um conjunto de seda, e com babado, de regata e shortinhos. – Aqui está. – eu o peguei sorrindo tímida e ele me guiou até o banheiro de seu quarto.
Coloquei aquele pijama que ficou minúsculo em mim e saí morrendo de vergonha, tapando minha barriga e puxando o shortinhos para baixo.
- Hey, não precisa ter vergonha. – Dougie veio ao meu encontro e me abraçou, um abraço gostoso e aconchegante. Depois envolveu meus ombros e fomos nos deitar, ele ligou a televisão apenas para fazer barulho, já que não prestávamos atenção nela.
Acabei adormecendo trocando beijos com Dougie, enquanto rolávamos calmamente pela cama, nos acariciando.
No dia seguinte acordei e apoiei meu queixo em minha mão, observando Dougie dormir. Ele ficava tão fofinho com os olhos fechados, principalmente dormindo, ele estava todo relaxado (e largado) na cama; foi então que me surgiu uma idéia.
Não que eu quisesse transar com ele, estaria indo muito rápido e contra meus princípios, só tinha curiosidade de saber qual seria sua reação se eu o provocasse. Com leveza, coloquei uma perna minha entre as duas dele e fiquei por cima, sorri maldosamente e desci meu rosto até seu pescoço.
Um beijo e ele não acordou. Dois beijos, nada. Resolvi investir mais, peguei um pouco de sua pele com os dentes e dei um chupão, ele gemeu. Desci para os ombros, peito, aos poucos ele ia tomando consciência do que estava acontecendo e ia subindo suas mãos para minhas pernas nuas e depois para o bumbum... até que ele inverteu as posições e me beijou com voracidade. Seus dedinhos espertos iam descendo meu shortinhos até que eu o parei.
- Tsc, tsc, tsc, menino mau. – acariciei sua bochecha fazendo biquinho e olhando em seus olhos que miravam meus lábios.
- Você me provoca, safadinha. – ele me beijou no pescoço, sugando minha pele branca. Provavelmente ficaria marcado.
Nem preciso dizer que estava amando né? Suas mãos delicadas iam tocando meu corpo em pontos estratégicos, como será que Dougie me conhecia tão bem? Fui amolecendo em suas mãos, meus gemidos já eram mais aparentes.
- Dougie...pára... – não foi um pedido de alerta, foi mole e quase falho.
- Se sentindo mole? – ele perguntou no meu ouvido e eu fechei os olhos concordando. – Esse é o famoso tesão, . – mordi meu lábio com sua voz mais próxima ao meu ouvido. Eu tinha que resistir ou sabia que iria broxar na hora que Dougie realmente quisesse.
Poynter se afastou um pouco de mim e eu tentei abrir meus olhos, mas meu corpo todo parecia anestesiado. Era uma sensação tão boa que eu mal conseguia controlar. Ouvi uma risadinha abafada e ele voltou a me beijar no pescoço.
- Você quer ? – não sei por que, já que nunca gostei que me chamassem assim, ouvir Dougie chamando meu nome estava me amolecendo cada vez mais... eu mal conseguia raciocinar direito e teria dito sim, se o telefone não tivesse tocado. – Já volto princesa. – ele me deu um selinho e desceu da cama.
Virei meu rosto para o lado e fechei os olhos completamente, sorrindo boba. Meu corpo estava tão “alegrinho” que eu não tinha vontade de me mexer.
- ? – Dougie sussurrou.
- Hum... – mal consegui responder e comecei a rir.
- Ela está no banho , depois peço para ela retornar está bem? De nada, tchau. – e senti a cama afundar. – você está quase gozando! – ele riu e eu também. – Vem, vou te colocar no banho assim você conseguirá falar civilizadamente com a Sra. .
Ele me levou até o banheiro e, com roupa e tudo, me colocou embaixo do chuveiro com água fria. Agora eu já conseguia abrir meus olhos e pude perceber que os seus analisavam a água escorrer pelo meu corpo.
- Já disse que você fica muito sexy com o corpo molhado? – ele me prensou na parede, entre os dois registros do chuveiro e me beijou, doce e calmamente.
Quando percebi que meu corpo estava amolecendo novamente, devido aos movimentos que Poynter fazia sobre ele, esfregando-se em mim, eu decidi pará-lo.
- Dougie... acho melhor pararmos por aqui. – fui lhe dando curtos beijos.
- Ok. – ele sorriu e desligou o chuveiro. Deu-me uma toalha para eu me enxugar e depois fomos até o quarto. – está esperando uma ligação sua. – ele me estendeu o telefone. – Só lembre-se de que você não dormiu na mesma cama que eu e não estávamos quase transando há pouco certo? – ele riu. – Vou fazer o café para nós. – beijou minha testa e saiu do quarto.
Ri. Como poderia ter me entregado assim tão fácil? Vejo que amolecer meu corpo Dougie já tinha conseguido, será que com meu coração seria a mesma coisa? Ou não?

Cap. 34 – “There were places we would go at midnight” (Hilary Duff – Who’s That Girl)

Eu estava em uma sala escura, estava frio e a única coisa que eu enxergava era um piano. Havia uma pessoa sentada de frente para ele, ela olhava melancolicamente para as teclas.
- ? – sua pele era pálida, os cabelos eram escuros. Não poderia ser , ele não brilhava daquele jeito. – , é você? – resolvi me certificar de que era ele. O rapaz virou, seus olhos eram brancos com apenas um resquício de pupilas.
Ele sorriu malicioso e levantou-se, recuei. As intenções em sua expressão não eram claras e então em menos de um piscar de olhos ele me segurava pelo pulso.
- Quem é você? O que quer? Me solte! – eu me contorcia, mas seus dedos estavam fechados em meu pulso firmemente. E então ele me puxou para perto, seu peito era largo e musculoso, sua camisa azul petróleo estava aberta alguns botões dando a incrível impressão de um peitoral definido.
- Não tenha medo, é para o seu próprio bem. – ele disse suavemente enquanto enrolava seus dedos em meu cabelo, sua pele era gelada. Jogou meu cabelo para o lado e acariciou a branca pele de meu pescoço.
- O que vai fazer? – perguntei trêmula e então pude ver seus olhos, carregavam certo desejo.
- Provar um pouco de seu gosto. – ele roçou seus lábios em minha pele e eu me arrepiei, mas não consegui não ficar rígida.
Seus dentes arranharam lentamente minha pele e então eu senti uma dor profunda atravessar todos os músculos do pescoço. Uma ardência incomum emanou de onde sua boca estava e eu o repelia pelo peito com a força que me restava...

- NÃO! – sentei-me ofegante na cama. O quarto estava escuro, apenas o abajur ao lado de minha cama aceso. Em meu colo, um exemplar de Twilight estava aberto. Peguei-o e estava bem na hora em que James encurralava Bella na sala de ballet. Passei a mão pelo meu rosto, enxugando o suor e resolvi terminar de ler.
Agora eu reconhecia o personagem de meu sonho, Edward Cullen tocava piano e isso, inconscientemente, me fez relacioná-lo a . Ele era o vampiro que me mordera. Senti um arrepio percorrer meu corpo ao me lembrar do sonho e terminei rapidamente de ler o livro, ficando encantada e desesperada pela continuação.
Compraria o segundo livro na manhã seguinte. Enquanto isso, tentaria dormir sem que Edward, Jasper, Emmett ou até mesmo James me assombrassem, tentando consumir meu sangue.
Ao amanhecer eu possuía olheiras enormes sob os olhos, como previsto os sonhos não pararam, tomei uma chuveirada e procurei esconder com corretivo as rodelas pretas embaixo de meus olhos. Desci para o café e não parava de bocejar.
- Parece que não teve uma noite confortável, querida. – olhei enquanto ela me servia sorridente, ela me lembrava muito Esme. Deus, eu precisava parar com esse vício de comparar as pessoas aos personagens do livro.
- Alguns pesadelos. – suspirei olhando para o café em minha xícara sem emoção.
- Terminou Twilight? – me perguntou, o olhar curioso. Ela, sem dúvida, seria Alice.
- De madrugada. – bocejei. Trocamos algumas idéias sobre o livro e ficara decidido que depois de minha aula iríamos até a livraria comprar New Moon. Eu teria que esperar longas horas, ouvindo Jenny comentar do mais novo babado, ou vendo Simon me encarar com um sorriso maléfico de canto, ou até mesmo vendo como minha escola parecia-se, por ora, com a Forks High School.
O sinal soou como a badalada de meia noite e aquilo me estremeceu. Passei a mão sobre minha lisa pele do pescoço.
- Está tudo bem ? – Jenny me olhou preocupada.
- Está sim, por quê?
- Você não parou de passar a mão pelo pescoço. – deu de ombros. Despedi-me dela e me esperava no ponto de ônibus, sorrindo. Olhei para trás, o estacionamento onde os alunos guardavam seus carros, esperando encontrar um Volvo prateado e um garoto de aparência pálida ao lado dele, talvez esperando sua família, composta por mais quatro irmãos, todos adotados e de beleza tão incomparável quanto a dele.
- ? – me cutucou e eu percebi que ficara imaginando tempo demais. O ônibus nos aguardava e pude notar certa impaciência do motorista.
Seguimos até o shopping mais próximo, em todas as lojas de livros lá estava Twilight bem no primeiro estande. Não foi difícil encontrar New Moon e eu logo peguei meu exemplar, ansiosa. Tão ansiosa que me sentei no chão da livraria para ver o que acontecia depois de Bella ter se cortado com o papel de presente e os cacos de vidro em seu aniversário. Jasper iria “perdoá-la”?
- O que estão fazendo aqui? – uma voz familiar soou atrás de mim, mas nem dei muita importância a ela.

Cap. 35 – “How can I decide what's right? When you're clouding up my mind” (Paramore – Decode)

- precisava comprar New Moon. – riu e outras risadas juntaram-se à dela.
- Como está meu amor? – Dougie me abraçou por trás e beijou meu pescoço. Levantei-me em um salto tocando minha pele, assustada. – Oh, te assustei? – ele me olhou curioso.
- Não, desculpe. Estava entretida com a história. – apontei sem graça para livro em minhas mãos. Meu olhar rapidamente se desviou para , com toda a certeza, a beleza inumana de Edward o deixaria deprimido. Então me lembrei do sonho... meu estômago revirou.
- Você está bem? – Dougie franziu o cenho e eu voltei meu olhar para ele. Sentia-me como Bella quando estava diante de confusão.
- Estou. – balancei minha cabeça e reparei em Dougie. Ele parecia-se muito com Jasper. Seus cabelos com mechas loiras, os olhos às vezes assustados. Eu o via não como alguém que eu devesse amar. Olhei para o livro em minhas mãos, esse pensamento fez com que eu me sentisse culpada. Se eu não amava Dougie, que sentido fazia eu ficar com ele, brincando com seus sentimentos?
era como Edward, inalcançável. Ele conversava com , e . parecia Emmett, forte, mas sorridente e era Jacob Black, não pelo cabelo, mas pelo jeito brincalhão de ser.
Era incrível como cada um deles encaixava-se em minha história. , o Edward...aquele pelo qual eu deveria lutar por; Dougie, como Jasper, o estranho que ao invés de querer distância, era muito próximo; como Alice, delicada e saltitante; como Emmett, infantil, mas maduro o suficiente e que mostrava certo afeto e como Jacob, parecia um amigo de muitos anos.
- ? – Dougie tinha o semblante preocupado. É, eu estava viajando demais pela história. Mas era o meu jeito de ser, entreter-se demais com o enredo.
- Oi? – balancei a cabeça e sorri fraco.
- Vamos? – ele apontou para os outros que já estavam no corredor do shopping. Estranhei, há pouco tempo eles estavam logo a minha frente e agora tão distantes. Dougie pegou em minha cintura e me rebocou para fora da loja depois dele ter pagado pelo livro. Se ele tivesse a velocidade dos vampiros...seria magnífico!
Almoçamos no shopping mesmo, eu olhava cada rosto com atenção, estava me perdendo no mundo da história e trazendo-o para a realidade. Dougie chamava minha atenção inúmeras vezes e perguntava se eu estava bem. quase não falou comigo durante o almoço, o que eu achei estranho.
- Eu fiz alguma coisa? – perguntei, já que fui a última a entrar no carro e ainda estava do lado de fora.
- Não, só não quis atrapalhar sua onda de imaginação. – ele piscou sorrindo e beijou minha testa.
Fomos embora, naquele dia mesmo terminei New Moon, queria o quanto antes saber do paradeiro de Edward. Quando vi no relógio já era madrugada, precisava de Eclipse. Adormeci exausta, sonhos embolavam-se em meu subconsciente, aterrorizando minha mente. Eu estava suada quando acordava e logo em seguida voltava a dormir completamente cansada. Estava obcecada em viver eternamente.
Confusa, eu tinha medo de perder , Edward parecia um personagem que me afetava mais do que ele. Os sonhos misturavam-se, me confundindo, eu tinha vontade de gritar. Sentei-me na cama suada, alguém estava sentado ao meu lado. Gritei.
- Calma. – colocou a mão no peito. – Você está muito agitada , vim ver o que se passava.
- Eu, eu não consigo dormir. – disse ofegante.
- Percebi. O que te perturba? – ela pegou em minha mão, naquele momento, fria e suada.
- Os Cullen. – eu disse. Ela me olhou sem entender. – Eles me desejam. – eu estava obcecada, aquilo era pior do que qualquer outra obsessão minha.
Precisava fazer alguma coisa, senão quem pagaria por isso seria eu mesma, e não sei se agüentaria por muito tempo.

Cap. 36 – "I'm scared of cracking up again, I just want it to be like it was before" (Busted - 3am)

Depois de finalmente ter finalizado toda a série de Twilight eu finalmente pude dominar meus pesadelos e pensar a respeito de Edward sem que ele tentasse me matar ou coisa parecida. Estava menos paranóica, digamos assim.
Dougie já havia voltado ao normal também, afinal, ele ficara extremamente preocupado com o meu estado "em órbita" desde que eu me interessara por Twilight. Já fazia três meses que namorávamos e ele estava aprendendo a controlar seu tesão quando pegávamos mais pesado nos beijos. Inclusive porque, agora, ele só vinha à minha casa. À casa dos , quero dizer. Então ele tinha que se comportar caso ou até mesmo irrompesse pela porta enquanto estávamos a sós em meu quarto.
, bem, eu tinha certeza de que quando ele e Dougie conversavam, sabe, quando nós mulheres da casa íamos até a cozinha, enfim, eu tinha certeza de que ele dava umas dicas para o Dougie. Mas o que eu poderia fazer? Homens são sempre homens, não importa o quão fofos ou pacientes eles sejam.

As coisas no colégio também estavam se normalizando depois do escândalo de eu ser a nova namorada de Dougie Poynter, entretanto Simon ainda me perseguia pelos corredores, ameaçando contar a todos onde eu morava. Com certeza isso não teria sido muito pior do que o garoto que se aproximava, na hora do intervalo, do grupo com o qual me sentava para comer. Jenny franziu as sobrancelhas, afinal, era um garoto do segundo ano!
- Hey! , certo? - era um garoto de cabelos castanhos e ondulados, tinha um sorriso fofo e parecia ser apenas um pouco mais alto do que eu.
- Sim, em que posso ajudá-lo? - sorri olhando bem para seu rosto.
- Meu nome é Arthur, eu ouvi dizer que é namorada de Dougie Poynter. - me esforcei para não revirar os olhos. Duas palavras: garoto lerdinho. - Eu queria saber se você não gostaria de ir a uma festa que vai acontecer amanhã, na casa de um amigo meu.
Espera. Um garoto do segundo ano convidando uma garota do primeiro? Olhei para Jenny em dúvida, mas Luly intrometeu-se.
- Estaremos lá, . Nossos irmãos estão na classe dele. - ela piscou para mim e Jenny concordou meio incerta.
- Está bem, obrigada pelo convite. - sorri e ele afastou-se após acenar com a cabeça.

- Então , quais são os planos para amanhã? - me perguntava isso todos os dias, era até engraçado como a animação dela era sempre a mesma.
- Bom, erm, fui convidada para uma festa na casa de um garoto do segundo ano. - me olhou atenta.
- Uau! Sua primeira houseparty! - animou-se.
- Dougie vai com você? - perguntou calmamente, mas pude ouvir certa seriedade na voz.
- Ah, não, minhas amigas estarão lá. Os irmãos delas estão na classe do garoto. - eu disse e isso pareceu convencê-la.
- Bem, então acho que ficará bem. - concluiu, por fim, colocando um ponto final na conversa.

No dia seguinte o principal assunto que circulava nos corredores do colégio era a tal festa, e como ela seria "bombada" com a presença da namorada de um famoso, no caso, eu. Jenny estava meio quieta, mas não deixava isso transparecer muito, parece que os boatos da festa não soavam bem para ela.
- Você está bem? - perguntei pela milésima vez enquanto seguíamos para nossos armários e depois para a última aula do período.
- Estou, é que, quanto mais gente comentar da festa, mais gente terá nela. - disse em um gemido.
- Calma, estaremos lá e vamos ficar na nossa, ok? - eu disse tentando me acalmar também.
- Ok. - e fomos rindo de algumas palhaçadas que o professor de matemática dissera na última aula.

A tarde toda me concentrei entre fazer o dever de casa e arrumar uma roupa para a festa, assim que chegou do colégio ela me expulsou da escrivaninha e me mandou direto para o banho. Disse que me levaria à festa. Senti um breve desconforto, me levando à minha primeira festa e ainda mais na casa de um garoto do segundo ano? Não sei por que, mas tinha medo do que ele iria pensar de mim.

Quase oito horas da noite e lá estava eu parada ao pé da escada com uma calça jeans capri, uma bata roxa, sapatilhas prateadas e o cabelo solto, preso por pequenas presilhas.
- Está linda! - disse e concordou orgulhosa. Ela que havia escolhido meu modelito.
- Obrigada. - sorri sem graça e saiu da sala, vindo ao meu encontro.
- Vamos? - perguntou ele sorridente, logo depois de dar uma checada em mim, estendendo o braço.
- Claro. - sorri para ele e saímos da casa depois de eu me despedir de minha família.
Durante o caminho até a casa do tal garoto fomos cantando animados e rindo de qualquer comentário que , por ora, fazia. Era tão divertido passar meu tempo com ele.
- Está entregue mocinha. - disse ele parando em frente a uma casa enorme e lotada de adolescentes.
- Obrigada . - me debrucei sobre o freio de mão e beijei sua bochecha. Foi um beijo demorado e eu pude sentir sua bochecha começar a corar. - Boa noite.
Saltei do carro, dando a volta, e acenei para ele até sumir de vista. Peguei meu celular e mandei uma SMS para Jenny, logo a vi saindo da casa sorridente e me abraçou.
- É tão bom que tenha vindo, já estava começando a me achar careta demais por não estar bebendo. - ela disse com água nas mãos.
- Não se preocupe, agora não está mais sozinha, são duas caretas! - rimos entrando na casa onde a música era ensurdecedora.

Cap. 37 - "I'm in the wrong place, at the wrong time" (McFly - Just My Luck)

- E aí, querem beber alguma coisa? – Luly apareceu com um copo que dentro tinha um líquido azulado.
- Eu aceito um Sex On The Beach. – eu disse e Jenny me olhou assustada. – Ah, qual é, lá no Brasil tomamos isso em festa de debutantes. – dei de ombros.
- Está louca? Tem vodca! – Jenny disse.
- Eu deixo você provar um pouco do meu, vai gostar. – eu disse e ela acenou com a cabeça.
- Que nada, eu vou querer um desse também. – ela disse e Luly concordou, saindo em seguida para pegar nossas bebidas.

Depois de Luly ter dado minha bebida, resolvi subir com o copo na mão e entrei em um quarto vago. Queria um pouco de silêncio e aproveitei que Jenny tinha ido ao banheiro. Tomei um gole e observei o cômodo à minha volta, haviam vários porta-retratos e, em um deles, Arthur estava cercado de amigos. Presumi que aquele seria seu quarto, mas ele não dissera que a festa seria na casa de um amigo?

Assim que esvaziei o meu Sex On The Beach, umas sensações estranhas começaram a tomar conta de meu corpo. Toda a relação espaço-tempo eu perdia aos poucos. Alguém abriu a porta do quarto por breves segundos, pois pude ouvir o som da música do andar de baixo. A pessoa foi se aproximando e eu me sentei na cama, já que minha visão estava meio turva.
- Jenny? – tentei, mas minha voz saiu abafada por um cansaço que eu começava a sentir.
Um braço me envolveu na cintura e senti o calor do corpo que ficou próximo ao meu. Lábios carnudos grudaram na pele suada de meu pescoço enquanto minha cabeça pendia para trás. Logo, a pessoa deitava-se por cima de mim, era um garoto.
Não, não podia ser Dougie, porque ele estava em casa, na casa dele, quero dizer. Ah meu Deus, por que eu quis vir a esta festa? Olha só onde fui me meter!
- Me deixa provar um pouco desse corpo gostosinho. – disse uma voz e minha pele se arrepiou quando os lábios desceram para minha virilha. Não. Não, não e não, eu tenho que impedi-lo, eu nem de fato o conheço.
- Arthur? – consegui reconhecer o sussurro, mas minha voz saiu ainda mais arrastada.
- Shhh. – disse ele tirando lentamente minha roupa. É claro, tudo agora fazia sentido, a aproximação dele no colégio, o convite, o incentivo de Luly. Era tudo armação. Tudo começava a girar em minha mente agora, eu deveria ter trazido meu namorado.
- O que está...fazendo? – minha voz falhou na última palavra quando senti a língua do garoto no meio de minhas pernas, lambendo delicadamente. Soltei um gemido baixo, sentia meu corpo desfalecendo lentamente, a começar dos pés. O que estava acontecendo? Eu não poderia sair correndo, ele estava abusando de mim, mas eu sequer conseguia pronunciar qualquer palavra, que dirá um alerta para que se afastasse de mim. Céus, o que vou fazer agora, não tenho como me defender, se estivesse aqui...
Logo em seguida senti algo entrar em mim. Doeu, mas depois eu comecei a me sentir mais leve enquanto entrava e saía de mim e por fim ouvi um gemido ao fundo antes da cama afundar-se ao meu lado. Ele havia conseguido, o que seria de mim agora no colégio? Uma drogada que transara com o garoto do segundo ano e colocara chifres no baixista do McFly. Eu podia ver meu mundo desabar, assim como sentia meu corpo pesar cada vez mais, era um cansaço estranho...
Arthur me puxou para deitar em seu peito, enrolou seus dedos em meu cabelo solto, eu não tinha como impedi-lo, sentia nojo de mim mesma naquele momento. Como Dougie reagiria? Ele não acreditaria em mim, eu mesma não acreditaria em mim! Não era ingênua ao ponto de ser drogada com tanta facilidade. Eu havia sido enganada, havia confiado em uma amiga minha para me pegar o drink e ela me sabotara.
Agora, minha cabeça afundava no peito do garoto ao meu lado, ela estava confusa e dormente e, então, eu desfaleci completamente.

Cap. 38 – “Come on, somebody, come on. Rescue me. Come on, somebody, come on. Set me free” (House Boulevard – Set me free)

A minha consciência pesava no dia seguinte, eu mal conseguia abrir os olhos. Entretanto, sentia que meu corpo estava sendo deslocado, algo furava minha pele no braço esquerdo e meus olhos estavam cerrados.
Entrei em um lugar com cheiro estranho, alguém estava ao meu lado. Podia ouvir sua voz conversar com alguém que estava atrás de mim.
- Dougie? – balbuciei, tão fraca. Ele me olhou, seus punhos estavam fechados e seu olhar era sério. – Eu...sinto...muito. – disse. Sentia cada célula, cada músculo, cada membro de meu corpo ir pesando cada vez mais. Era como se eu estivesse morrendo, sentia meu coração bater tão fraco que a qualquer momento poderia parar.
me veio à memória, a última vez que eu o vira... estava sorrindo para mim ao me deixar em minha primeira houseparty. Aquela festa...um completo erro.
- Me...beija. – eu pedi sem saber se ele atenderia ou não. Segundos depois eu senti a carne de seus lábios ir de encontro a dos meus. Foi então que tudo mudou radicalmente, meu coração se acelerou e parecia que meu peito era pressionado, pois eu não conseguia respirar.
- ? ? – eu ouvia ao longe. Abriram minha boca e um tubo entrou por ela parando em minha garganta. Oxigênio começou a correr diretamente para meu pulmão e meus olhos tornaram a pesar. – ? Consegue me ouvir? Não me deixe. – dizia a voz, mas tudo se distorcia. Eu já não sentia nada da cintura para baixo, estava com medo de dormir e nunca mais acordar.
Por fim eu me deixei ser vencida pelo cansaço e pela dor, meus olhos fecharam-se e eu não ouvi mais nada.
Quando consegui ouvir um barulho, o mínimo que fosse, eu retomava minha consciência lentamente. Meu corpo ainda não se mexia direito e eu fui abrindo meus olhos lentamente. Estava em um hospital.
Olhei para o lado, minha visão ainda focando-se, Dougie estava sentado na outra cama, a cabeça apoiada em um dos braços, o cabelo desgrenhado e uma agulha intravenosa em seu braço esquerdo. Olheiras profundas tomavam conta de seus olhos que encaravam o vazio.
- Dougie? Dougie? – chamei rapidamente temendo que fosse um sonho. – E-eu sint-to m-muito. – disse quando ele me olhou. – Me d-drogaram naque-ela fest-ta. – comecei a chorar, sua expressão não mudara da vazia com a qual eu o encontrara. – Fiq-quei pris-sioneira do m-meu própr-prio corp-po. – Ele então se levantou, meio vacilante, e tocou meu rosto. Sua pele estava quente e quando entrou em contato com a minha úmida, eu respirei fundo.
- ficou muito tempo drogada. Se você se agitar agora pode piorar. – ele disse calmo, me olhando nos olhos.
- Me perdoa, por favor. – disse com a voz de choro evidente. – Me sabotaram naquela festa e...aquele garoto, Arthur, ele sabia que eu estava drogada e se aproveitou de mim. – disse com nojo de mim mesma. Dougie ficou com os olhos vermelhos.
- Não se preocupe, ele foi preso. – disse simplesmente.
- C-como? Quero dizer, c-como me desc-cobriram? – o olhei sem entender, meus olhos inchavam de lágrimas, mas eu simplesmente não conseguia parar.
- Um dos vizinhos denunciou a festa e a polícia te achou no quarto quando foi prendê-lo. – ele entortou a boca. – Como você não respondia, perguntaram ao garoto o que você tinha e, como ele já estava bastante encrencado, assumiu que tinha te drogado. Os médicos que acompanhavam os policiais na casa te analisaram e disseram que ele havia usado a droga do estupro, aquela “Boa noite, Cinderella”.
- Dougie... – eu o chamei, mas ele não parecia nem perto de terminar a explicação. Eu queria evitar aquele sofrimento para ele, mas ele não parecia ser do tipo que carregava a dor sozinho.
- Ligaram para o e depois para mim. Eu não sabia o que fazer, . – senti minha pele arrepiar, de modo ruim acredito, ao ouvir meu nome. – Ver você na ambulância, coberta de mantas a expressão cansada, totalmente perdida. E quando pediu para me beijar... – ele sorriu fraco acariciando meu cabelo. – eu não pensei duas vezes em atender ao seu pedido, você estava tão mal...Mas então seu quadro mudou de repente, você não respirava mais, o pessoal da ambulância se agitou e quando vi estava chorando e pedindo para que não me deixasse.
Dougie enxugou os olhos na manga da camisola do hospital. Levantei meu braço para tocar seu rosto, ele se preocupava tanto comigo.
- Há quanto tempo estou aqui? – perguntei entre soluços.
- Três dias, eu não deixei o quarto uma única vez e por isso precisei ser internado. Você me deixou sem rumo, , eu não conseguia comer e muito menos dormir. – solucei dolorosamente, minha garganta fechava-se em um nó de culpa.
- Dougie, eu sinto muito. – balancei minha cabeça. Estava decidindo que iria libertá-lo. Iria deixar que ele tivesse direito a uma garota da idade dele, que o amasse de verdade, da forma como eu nunca o amaria. – Eu...eu quero terminar. – olhei-o para ver sua reação.
No primeiro momento ele pareceu perdido, depois empalideceu e eu temi que ele estivesse passando mal. Fungou, e pegou em minha mão.
- Por quê? – perguntou com a voz alterada pelo choro. Era a coisa certa a se fazer.
- Você merece alguém melhor do que eu, da sua idade, por favor, não fique com raiva de mim. – disse.
- Eu, eu não me importo se o problema for a idade. – disse ele gaguejando entre as palavras. Eu não queria contar a ele que não o amava, bastava de sofrimento.
- Dougie, por favor, não torne as coisas difíceis. – eu implorei. – Eu só quero seu bem. Ele respirou fundo, acariciou meus cabelos, beijou minha testa. Para que todo aquele ritual?
- Está bem, minha linda, eu só quero te ver feliz. – ele sorriu e eu também. Acenei com a cabeça agradecida. – Eu te amo, quero que sempre saiba disso. – ele encostou sua testa na minha.
- Obrigada Dougie, por tudo. – disse pausadamente a última parte e nos beijamos. O último beijo de um amor que tomava caminhos diferentes.

Cap. 39 – "All eyes on me in the center of the ring, just like a circus" (Britney Spears - Circus)

Depois do meu término com Dougie eu ainda era o centro das atenções no colégio, só que, desta vez, os meninos queriam ficar comigo. A maioria deles. Eu dispensava, não queria entrar em outro romance sendo que acabara de sair de um conturbado. Bem, não conturbado, eu passara momentos maravilhosos com Dougie, mas o coma e todas as outras coisas ainda me machucavam só de lembrar.
Entretanto, em um dia no colégio apareceu um garoto. Ele era do primeiro ano, como eu, tinha olhos incrivelmente profundos, os cabelos bagunçados, me lembrava alguém... era simpático e atencioso e não pediu de cara para ficar comigo. Seu nome era Alex e junto com este nome vinha o meu primeiro ficante desde Dougie Poynter.
Minhas amigas estavam impressionadas e viviam dizendo que eu tinha bom gosto, bom, exceto por Luly que havia mudado de colégio depois do escândalo da festa. Alex era tão calmo que era impossível se cansar com ele. Sempre antes de trocarmos algum selinho ele fazia carinho no meu rosto e me olhava nos olhos. Ou então quando íamos ao cinema e fazia carinho em meu braço e beijava o topo de minha cabeça. Até quando fui à sua casa, grande e rica por sinal, nós mais ficamos trocando carinhos e beijos do que de fato rolou alguma coisa que eu tinha quase certeza de que aconteceria.
Até que chegou o dia em que ele insistiu para ir à minha casa, eu não tive como recusar, afinal ele sempre era tão delicado comigo e atendia a todos os meus pedidos. Bom, eu e ele fomos conversando animadamente até em casa; não esperava encontrar Dougie e lá, então só me dei conta do que tinha feito minutos depois.
- Dougie! - eu disse animada correndo para abraçá-lo, fazia um bom tempo que não nos encontrávamos e isso fazia falta, pois havíamos nos tornado ótimos amigos.
- Pequena! - ele sorriu me recebendo em seus braços e beijando minha cabeça.
- Que surpresa, vocês dois! - eu sorri olhando para e depois para Dougie.
- Pois é, sentimos falta daqui por um momento. - disse bagunçando meus cabelos. E então eu ouvi um pigarro logo atrás de mim, me soltei envergonhada de Dougie que não entendeu.
- Ahm, meninos, este é o meu, é, ficante, Alex. - eu o chamei com a mão sorrindo para ele.
- É um prazer conhecer a banda que desbancou os Beatles. - ele disse com os olhos brilhando.
- Bem, parte dela. - sorriu amarelo e me olhou sem entender. Dei de ombros e Dougie me encarava um pouco assustado. Enquanto isso, Alex puxava assunto com e eu aproveitei a deixa para conversar com ele.
- Ele te trata do jeito que você merece? - ele perguntou sério, mas com o olhar preocupado.
- Trata Dougie, ele é carinhoso e atencioso, também é muito calmo e ralou muito para conseguir ficar comigo. - dei um sorrisinho enviesado por último e ele gargalhou baixinho.
- Se ele te fizer algo eu serei o primeiro a quebrá-lo por inteiro. - ele cerrou os punhos. Eu sabia o quanto era difícil para ele me ver com outro.
- Acalme-se, não vou deixar que ele me faça mal. - garanti a ele que me abraçou com força. Só eu sabia o que significava aquele abraço. "Volta pra mim" ele dizia silenciosamente. Mas eu simplesmente não podia, não queria vê-lo sofrer.
Virei-me na direção de Alex e , para mim era tão estranho ver meu ficante conversando com o verdadeiro amor de minha vida. Um pouco assustador eu diria, mas nada que eu não pudesse suportar. Chamei Alex e subimos para o meu quarto, ele sentou-se na minha cama, ainda com o mesmo brilho no olhar.
- Gostou deles? - perguntei sorridente enquanto entrava no banheiro, saindo logo em seguida com um elástico para prender meu cabelo.
- Claro, nossa o é muito simpático. - ele bagunçou os cabelos e eu me sentei ao seu lado. - E o Dougie, nossa ele é realmente apaixonado por você. - completou ele e eu entortei a boca.
- Por que acha isso? - tentei fazer pouco caso.
- Eu vi o jeito com que ele olha. - Alex beijou meu rosto. Será que não podíamos falar de outro assunto?
- Hum... gostou do meu quarto? Eu sei que ele não é tão espaçoso e confortável quanto o seu, mas...eu gosto dele. - disse mudando de assunto rapidamente.
- Que nada, ele é ótimo. Qualquer lugar é ótimo desde que você esteja nele. - ele segurou em meu rosto. Campeão em dizer coisas fofas, nos beijamos calmamente como sempre fazíamos depois dele soltar um de seus elogios.

Já fazia algumas semanas que estávamos ficando e Jenny estava cada vez mais certa de que ele me pediria em namoro. Naquela tarde, depois de Jenny ter dito aquilo eu percebi que Alex estava frio comigo, quase não soltava seus elogios e tampouco me beijava longamente. Preferi acreditar que era o suspense para o dia seguinte quando ele fosse me pedir em namoro e eu agüentei a sua falta de carinho naquele dia.
No dia seguinte eu segui radiante para a escola, o sol tinha aparecido em Londres e era notável uma brisa morna e nenhuma suspeita de chuva. Parecia que tudo daria certo...ou pelo menos quase tudo.

Cap. 40 - "Jealousy, turning saints into the sea" (The Killers - Mr. Brightside)

Durante as aulas não vi Alex em nenhum lugar, nem no pátio e muito menos no intervalo. Achei estranho. Normalmente ele me avisava ou mandava uma mensagem bonitinha avisando que teria algum problema para ir à escola. Entretanto eu sabia que deveria estar desconfiada, o problema era que eu desconfiava da coisa errada, eu achei que ele estivesse preparando a maior "festa" pra me pedir em namoro na frente da escola inteira. Pobre brasileira eu era.
Enquanto atravessava o pátio para guardar meus livros no armário eu o avistei conversando com uma garota do terceiro ano. Nem parecia, já que os dois tinham a mesma altura, só a reconheci por ser a garota mais insuportável e promíscua do colégio. Apertei o passo para ir conversar com ele, mas minhas pernas bambearam quando eu vi a tal garota se aproximar de Alex e beijá-lo na frente de todo mundo. E ele não impediu! Do contrário, pegou na nuca daquelazinha e aprofundou o beijo. Meu estômago revirou de nojo, ele era só um ficante mesmo, e eu fantasiando que ele iria me pedir em namoro.
Guardei minhas coisas no armário e quando seguia para os portões do colégio ele ainda estava lá, beijando-a, só que dessa vez um dos amigos dele chamou sua atenção e eu o vi olhando assustado para mim. Dei as costas e fui embora, o mais rápido que meus pés poderiam agüentar. Eu estava com ódio, com nojo, desiludida e machucada. Eu deveria ter desconfiado quando ele me tratara tão mal no dia anterior, mas eu era tão bobinha que preferi acreditar que ele queria me fazer uma surpresa.
- espera! - espera, tinha alguém me chamando? Porque eu só ouvia uma voz irritante de um tal de Alex vindo de trás de mim. - ! - ele se posicionou na minha frente.
- Você é um idiota sabia? - eu disse com a boca torta de tanto nojo que eu sentia. - Não venha me dizer que não é o que eu estou pensando, porque eu vi! E eu não duvido dos meus olhos. - desviei-me dele e continuei andando.
- Ah, calma aí. - seu tom de voz mudou, ele estava sendo irônico? - Nós somos ficantes, lembra? - ele pegou em meu braço.
- Nós éramos ficantes, Alex, eu não tenho mais nada com você. Agora me solta senão eu vou começar a gritar. - eu rugi, irritada. Ele que não quisesse testar minha força.
- Wow, calma aí. - ele apertou mais a mão em volta de meu braço. - Você não vai fazer nada, por que eu quero um contrato com a gravadora do seu ex e do seu amiguinho lá. E eu não vou deixar que você estrague tudo agora. - ele disse sério.
- Pode parar, eu não vou ficar com um interesseiro como você. - eu me remexi para tentar livrar meu braço de sua mão, estava começando a doer.
- Ah vai sim... - ele deu um sorrisinho de canto.
- Ah é? Me convença. - eu o desafiei. Garoto insolente.
- Você vai ficar comigo sim, porque eu posso abrir um processo contra a empresa dos seus amiguinhos alegando o que eu quiser.
- Ah, por favor, não me faça rir. - revirei os olhos, aquilo era palhaçada?
- Eu não brinco, garota, posso colocar o McFly no chão mais rápido do que você pensa. - ele parecia dizer a verdade. - Acho melhor você não abrir a boca sobre nada, senão adeus McFly. - ele me soltou e virou-se para ir andando em direção ao estacionamento do colégio.
Comecei a tremer, será que ele realmente falava a verdade? Ou seria um truque barato? Eu não abriria a boca sobre isso, mas precisaria arranjar um jeito de me livrar dele sem afetar os meninos, senão a culpa seria minha...e para sempre minha.
Voltei a andar lentamente, as pernas ainda trêmulas. Minha cabeça explodia a cada minuto com idéias mirabolantes que, minutos depois já não prestavam. Cheguei em casa sem ao menos perceber, abri a porta e ouvi uma conversa ao longe, de alguém que conversava na sala. Minha visão começou a ficar cheia de pintinhas pretas e quanto mais eu piscava mais ela escurecia. O chão parecia sumir sob meus pés, a maçaneta da porta, já fechada, escorregou por entre meus dedos, os pêlos de minha nuca se arrepiaram e eu sentia o suor frio escorrer por minha face. Tentei dar um passo, mas não senti meu pé tocar o chão, na verdade, não senti mais nada.

- Ela vai ficar bem, só precisa de um pouco de repouso e muito líquido. Deve fazer uma alimentação mais freqüente para que não volte a acontecer. - eu ouvi alguém dizer. Ainda era distante, mas era real.
- Ok, obrigada doutor. - Doutor? Eu estava em um hospital? De novo? O que havia acontecido comigo? Me remexi, tentando voltar a sentir meu corpo e tê-lo sob controle novamente. Abri os olhos lentamente, tentando me acostumar com a falta de claridade no local. Estava na sala dos . Suspirei aliviada. estava sentada na ponta do sofá no qual eu estava deitada, acompanhando com o olhar e o médico que seguiam para a porta. e Dougie estavam sentados, ou melhor, empoleirados nas poltronas que haviam ao lado do sofá e conversavam sobre algo que eu não conseguia prestar atenção.
Minhas mãos repousavam sobre meu abdômen e eu ainda estava com o uniforme do colégio, só que sem os sapatos.
- Como está se sentindo? - foquei minha visão em que sorriu para mim.
- Minha cabeça dói. O que aconteceu? - eu senti movimentação e e Dougie se ajoelhavam ao lado do sofá.
- Você chegou da escola e desmaiou na entrada. - ela explicou olhando para em dúvida que concordou.
- Por pouco você não bateu a cabeça na escada, só arranhou a testa. - franzi a testa e depois me arrependi, aquilo doeu pacas. Levantei a mão e senti um pequeno curativo ali.
- O médico disse que foi fadiga, pela mudança nos seus hábitos alimentares, fuso horário e tudo o mais. Nada que não possamos consertar. - brincou e rimos.
O meu sorriso sumiu segundos depois, ao me lembrar do por que havia desmaiado, daquele rosto sério que me ameaçara mais cedo naquele dia. Alex só tinha inveja porque eu tinha amigos que ele jamais teria, eu tinha amigos de verdade.

Cap. 41 - "In the Silence Of The City, the smiles are washed away" (McFly - Silence Of The City)

- Vai ficar para o jantar Dougie? - ouvi perguntar depois de se certificar que eu estava bem.
- Se todos concordarem, - ele sorriu tímido. rolou os olhos e lhe deu um pedala, bagunçou seu cabelo e eu sorri fraco. - então eu aceito. - ele riu.
Por todo aquele tempo eu fiquei em silêncio, não tive forças e nem vontade para fazer todas as tarefas do colégio, não tive forças para sequer abrir a boca, porque eu sabia o que iria sair. Era só aquilo que estava na ponta da minha língua, nada mais. Jantamos, eu era a única em silêncio, Dougie tentava se comunicar comigo pelo olhar, mas eu não conseguia entender, ou também não prestava atenção.
Eu sentia falta de rir com os na mesa, meu sorriso estava em outro lugar, guardado para melhores momentos. Momentos que não fossem aqueles. Me levantei, deixei meu prato, quase intocado, na cozinha e quando me virei para subir ao meu quarto, Dougie me esperava na porta.
- O que houve? - ele me olhou preocupado. Tive vontade de chorar, mesmo longe eu o preocupava tanto. Não era justo.
- Podemos conversar no meu quarto? - disse, me abraçando, algo que eu fazia raramente.
- Claro, claro, - ele disse baixinho. - pode ir subindo que eu já vou. - ele passou a mão em meu cabelo e me deu um beijo na testa.
Me despedi da família e subi. Nem sei quanto tempo fiquei lá, parada, olhando a colcha em minha cama, eu estava perdendo a noção de tempo mergulhada em pensamentos. Só "acordei" quando senti a cama afundar e uma mão delicada pegar a minha.
- Me conta o que te perturba. Você não é de ficar calada como está hoje. - ele tentou brincar, mas ao ver que eu não sorri, voltou a ficar sério novamente. - O que aconteceu ? - Dougie indagou novamente, eu podia sentir o nervosismo através de sua mão, que mexia-se inquieta entre meus dedos.
- Lembra do Alex? - eu disse e ele concordou. Fiquei surpresa por Dougie não ter cerrado os punhos e nem nada. - Eu o vi beijando outra garota hoje. - suspirei. - Eu nem fiquei chateada sabe? Nós éramos só ficantes. Mas como eu fui burra em acreditar que ele me pediria em namoro. - fechei os olhos, amargurada. - E então eu fui embora do colégio, ele me seguiu. Tentei acabar tudo o que tinha com ele, mas ele me segurou pelo braço, - minha voz foi ficando trêmula, eu sabia que iria contar o que não devia. - ele disse que não era para eu fazer aquilo, senão ele abriria um processo contra vocês. - abri os olhos, embaçados pelas lágrimas. Era o fim, eu estava contando porque simplesmente não podia ficar de boca fechada. Alex era um ordinário e merecia receber alguma lição. - Eu o enfrentei, dizendo que não acreditava nele, mas Alex disse que ia fechar a Super Records antes que eu pudesse fazer alguma coisa, por isso ele me pediu para não contar nada e eu concordei com medo da culpa ser minha se algo lhes acontecesse. E agora eu acabei de te contar isso, - parei para soluçar. - por favor, se algo acontecer me diz que você vai acreditar no que eu disser. - apertei a mão de Dougie.
Ele não respondeu, me abraçou forte e afagou meus cabelos.
- Eu acredito em você pequena, não é um idiota que brinca com você e sai ganhando. Fique tranqüila, vamos cuidar disso, só não fique assim. - ele disse baixinho e eu abafava meus soluços em seu peito. Como eu sentia falta de um ombro e não me dera conta!
- Por favor Dougie, se ele vier atrás de vocês, não o façam achar que eu disse alguma coisa...por favor. - eu sabia que Dougie contaria a assim que me deixasse no quarto, eu só queria ter certeza de que eles manteriam o segredo.
- Isso não vai ficar assim , você não precisa ter medo de nada. Vamos cuidar disso, temos ótimos advogados, não será um playboy que vai nos destruir. - eu sorri com suas palavras firmes. Dougie era tão bom e reconfortante...eu sabia que ele falava aquilo mais para mim do que para ele mesmo, sabia que o fato de Alex ter sacaneado comigo o deixara amargurado. Eu sabia que ele ainda queria me proteger e era isso o que mais me surpreendia.
- Dougie? Quer carona para casa? - Droga, entrara no quarto. Me separei de Dougie, sem olhar para e limpei meu rosto discretamente. - O que houve? - Bem, nem tão discretamente assim.
- Nós temos um problema. - Dougie o olhou e franziu a testa.
- Pode mandar. - algo me dizia que eu acabara de assinar meu atestado de tagarela.

Cap. 42 - "Maybe that's the reason I've been acting so cold" (Gwen Stefani - The Sweet Escape)

O dia seguinte foi calmo, nenhum sinal de Alex pelos corredores do colégio e nem aos arredores, pelo menos eu estava livre de sua ameaça...por enquanto. A aula passou muito rápido e eu mal vi quando Jenny se despedia de mim, depois de outro dia exaustivo no colégio.
Eu havia passado o dia tranquilamente. Bem, até aquele momento.
- Você contou a eles! - Meu corpo foi jogado contra a parede de um beco antes que eu pudesse dizer "sweet". E então a imagem que eu viera evitando por todo aquele tempo estava à minha frente.
- Eu juro que não contei. - me defendi, fazendo a voz mais suplicante que conseguia.
- Ah é?! Então por que eles não atendem meus telefonemas? POR QUÊ? - ele gritou a última pergunta me fazendo fechar os olhos e encolher meu corpo.
- Não sei, não sei! Talvez eles devam estar em alguma entrevista ou sei lá! - eu disse rapidamente, quase atropelando as palavras. Alex bufava, como um touro enfurecido.
- Você vai aprender que com o Alex Staller ninguém brinca. - ele me pegou pelo braço e começou a me puxar para o beco.
- O que você está fazendo? Me solta! - comecei a me contorcer, ele estava tão furioso que descontava sua raiva em mim.
- Vai aprender a não abrir a boca na hora errada. - ele gritou e eu vi movimentação no fundo daquele lugar escuro. Logo, dois garotos apareciam, com os uniformes do nosso colégio. Eles eram do primeiro ano mesmo, mas muito altos e corpulentos. - Plano B galera, vamos ter que mudar de estratégia. - Alex me olhou pelo canto do olho e os outros dois concordaram com sorrisinhos enviesados. Ah não, que não fosse aquilo que eu estava pensando.
- Quietinha gata, e tudo terminará bem. - o maior deles se direcionou para as minhas costas e logo minha visão escureceu.
- O que estão fazendo? - eu perguntei, me agitando. Era horrível quando não se podia ver nada.
- Preparando uma surpresa para você. - Alex deu um risinho debochado. Fui puxada e abaixaram minha cabeça, logo reparei que me sentava em algo macio, parecia-me um banco de automóvel.
O ronco do motor não demorou em ser ouvido e estávamos arrancando, mal eu sabia para onde. Durante o trajeto eles discutiam sobre algo que eu não conseguia ouvir, já que a venda estava tão apertada que passava por cima de meus ouvidos, me impedindo de ouvir tudo com a clareza que eu precisava.
Alguns, muitos, minutos depois, andando acima do limite de velocidade, paramos. Me tiraram do carro, ouvi a abertura de uma porta e tudo tinha cheiro de novo, principalmente madeira.
- Bem vinda ao novo lar, princesa. - Alex disse em meu ouvido tirando a venda em seguida. Enquanto isso, seu outro amigo amarrava minhas mãos fortemente com uma corda áspera.
Eu estava em um sobrado, ele era todo branco, bem iluminado, rico em móveis novos, o piso em marfim, assim como as escadas e todos os outros acabamentos em madeira. A casa era nova, a situação não era. Seqüestro, era só o que me faltava na lista de "furadas" em Londres.
- O que querem de mim? - perguntei tentando fingir indiferença.
- Não é de você que queremos, apesar de ser um desperdício, - Alex riu. - é deles que queremos. - ele sorriu para os amigos que concordaram.
- Vocês querem me trocar por um contrato? - eu disse enojada.
- Parece pouco não é, amor? - o mais alto se pronunciou. - Mas para nós é o suficiente. - ele deu um riso debochado.
- Poderá fazer o que quiser aqui nesse seu novo lar enquanto fazemos as negociações, sua única restrição será andar de mãos atadas e sob nossa vigilância, mas acho que você sobrevive a isso. - Alex cruzou os braços e ergueu a sobrancelha, como que me desafiando.
- Claro. - disse irônica e fui me sentar no sofá empoeirado.
- Boa menina. - concluiu ele e seguiu para a cozinha. Bufei, aquilo era ridículo; não fazia sentido chorar e nem ficar desesperada, a verdade era que aqueles três eram completos imbecis.
As horas praticamente se arrastavam, eu estava surpresa por meu celular ainda não ter tocado, mas meu estômago roncava irritantemente.
- Eu 'to com fome. - resmunguei. Um dos garotos saiu da cozinha e sentou-se ao meu lado.
- Desculpe, não temos comida nenhuma aqui, gata. - o garoto mastigava zombeteiro uma maçã vermelhinha.
- Me dá um pedaço da sua maçã? - pedi calmamente, me fazendo de coitadinha.
- Só se você me der um beijo. - ele abriu a boca cheia de maçã e eu fechei a cara.
- Nojento. - virei meu rosto para o outro lado e ouvi sua risada debochada ir se afastando.
- É claro que é verdade, seus idiotas, acham que eu brincaria com isso? - ouvi Alex exclamar da cozinha, que estava com a porta fechada. - Ah, querem falar com ela? É pra já. - ele escancarou a porta e eu fingi acordar assustada. - É para você docinho. - ele sorriu e colocou o telefone em minha orelha.
- A-alô? - eu disse incerta de quem estaria do outro lado da linha.
- , você está bem? - como sua voz soava doce em meus ouvidos.
- ! Eu... - Alex tirou o celular antes que eu terminasse a frase.
- Quietinha. - ele sussurrou para mim. - Está claro para você agora, McGuy? - ele disse arrogante. Algo me dizia que negociar com os quatro garotos que eu tanto admirava seria um processo lento e, dependendo de minha sorte, doloroso.

Cap. 43 - "We were living for the love we had and living not for reality" (The Cranberries - Just My Imagination)

Passei o resto da tarde no sofá daquela enorme sala, o estômago roncando incansavelmente, eu já podia sentir uma dor aguda na boca dele e uma breve tontura. Me lembrei daqueles filmes policiais e, desafiando minha crença, consegui passar minhas mãos para a frente de meu corpo, depois de transpassá-las pelas pernas. Respirei fundo, não ouvia mais nenhum barulho dos garotos vindo da cozinha, então resolvi subir. Fui me apoiando no corrimão e assim que cheguei ao corredor do andar de cima meu material do colégio estava lá. Abri a bolsa silenciosamente e peguei meu celular, o abri e haviam 87 ligações não atendidas. Suspirei e segui para o quarto mais próximo.
Digitei rapidamente uma mensagem de texto contendo as palavras: "Apenas dê o que ele quer." para e Dougie, os dois únicos celulares que provavelmente estariam ligados. Espera, isso era besteira, todos estariam ligados porque todos estavam à minha procurar, era algo do meu inconsciente que me fizera mandar aquela mensagem para apenas os dois.
Por via das dúvidas, coloquei para vibrar, caso respondessem, mas eles não o fizeram. Me encolhi na cama, com frio, e escondi o celular embaixo do meu corpo. Peguei no sono rapidamente, acordando com duas mãos quentes pousando em meu corpo por trás. Abafei um grito assustado, pensando estar sonhando.
- Shhh, quietinha. - o garoto sussurrou em meu ouvido. Não era Alex.
- Por favor, me deixa. - eu disse com a voz falhando.
- É só você ficar quietinha que eu não faço nada. - mesmo com sua 'promessa', eu não relaxei meu corpo. O garoto me abraçou por trás, me encoxando e seu corpo logo começou a esquentar o meu, me dando uma sensação de falso conforto, o que me fez adormecer novamente.
No dia seguinte eu acordei com meu celular vibrando, me mexi e minhas mãos estavam pousadas sobre algo macio e quente. Abri os olhos, sentindo a cabeça latejar e inspirei, parecendo ser a primeira vez em muito tempo, eu estava exausta.
Olhei a minha volta, havia outro corpo a frente do meu, só que era Alex. Ele dormia profundamente e tinha pequenas olheiras. Me mexi lentamente para pegar o celular, haviam duas novas mensagens:
"Está perto de acabar pequena, eu prometo. "
"Estamos fazendo o possível para que você saia disso logo. Estou me sentindo tão culpado, por que eu a deixei ir?! Te amo, Dougie"

Eu sabia que Dougie referia-se ao nosso namoro (como sempre), mas eu estava tão atordoada, tão...com fome que eu não via escolha a não ser acordar meu “seqüestrador” para avisá-lo disso.
- Alex... - mexi nele. - Alex acorda, eu 'to com fome. - eu disse manhosa para ele e ele só se mexeu e murmurou.
- Volta a dormir , já já passa. - ele me abraçou mais e eu voltei a deitar perto de seu peito, sentindo seu perfume de playboy.
Por que aquilo não acabava logo? As horas se arrastavam aos meus olhos. Um dos garotos já tinha se levantado, mas eu fingia que dormia. O que estava atrás de mim caiu acidentalmente da cama e logo se levantou. Só sobrou eu e Alex, ele mal se mexia, talvez para não me incomodar ou porque adorava ficar perto de mim.
- Alex, acorda cara, estamos cercados. - eu ouvi ao longe e a cama tremeu. Ouvi passos até o lado da porta, onde provavelmente tinha uma janela e ouvi um "Droga" baixinho.
- Acorda a garota, não temos muito tempo.
Eu mal consegui abrir os olhos quando o fortão se aproximou de mim.
- , acorda, parece que sua carona chegou. - ele disse sarcástico. - Anda levanta.
- Eu não consigo. - disse sonolenta em uma voz baixa.
- Ok, deixa que eu te levo então. - e em segundos eu estava no colo daquele rapaz, segurando meu celular escondido e tentando me manter consciente.
Alex estava parado rente à porta de entrada, gritando com os policiais do lado de fora, o outro estava empilhando as coisas dos garotos e eu fui posta apoiada em um pilar entre a sala e o hall de entrada.
- Eu só devolvo a garota se eles me derem o contrato. - disse Alex, ou melhor, gritou ele.
- Está bem Mr. Staller, vamos fazer a troca bem lentamente. - a voz do que parecia ser de um dos policiais ecoou pela casa.
- Vem. - disse ele me pegando pelo braço e colocando algo gelado em meu pescoço. - Eu estou saindo. - gritou ele. A porta foi aberta lentamente e a claridade ofuscou meus olhos de uma maneira desconfortável. Não era só a polícia que estava lá, uma ambulância e a imprensa formavam o público daquele imenso circo.
estava a frente dos carros e dos policiais, entre eles e a casa. Segurava um pequeno bolo de papéis e andava pé ante pé sempre olhando para trás e recebendo sinais afirmativos dos policiais.
Quando faltavam mais ou menos uns quatro metros para ele chegar à casa, ele parou, ajoelhou-se, jogou o contrato que caiu na escada da entrada e colocou as mãos na cabeça. As lágrimas começaram a inundar meus olhos lentamente, por que ele estava fazendo aquilo? Meu estômago gritava por comida, gritava por água, gritava por uma cama, por descanso...e estava lá. Correndo o perigo de ser baleado, assim como eu, que já estava sob a mira de um revólver.
Ele tentou me passar segurança com o olhar, mas estava mais do que claro que seus olhos emanavam medo e dúvida, não o culpava. Alex deu alguns passos comigo.
- Pega os papéis, minha linda. - ele disse triunfante e eu me abaixei lentamente para pegá-los. Entreguei a ele e ele colocou a arma de volta na calça. - Pode ir agora, você foi uma boa menina. - quando ele disse isso eu não acreditei, minhas pernas mal se moveram, mas então eu vi seu olhar começar a analisar o papel e como eu havia visto de relance que aquilo não era um contrato eu tratei de colocar vida nas minhas pernas e saí cambaleante em direção a que se levantava lentamente, me esperando de braços abertos.

Cap. 44 - "Don't even talk about the consequence, 'cuz right now you're the only thing that's making any sense to me" (The Veronicas - Untouched)

Mal posso descrever a sensação de ter meu corpo aconchegado por outro que tantas noites eu sonhei. O calor que emanava do peito de assim que meu corpo se encontrou com o dele, seu perfume delicioso que invadiu meu nariz quando meu rosto procurou refúgio em seu pescoço, tudo nele me dava a sensação de que eu ficaria bem. Sem perceber fui molhando sua camisa, minhas mãos se entrelaçaram em seu pescoço e minhas pernas sucumbiram ao cansaço. As mãos de seguraram minha cintura com firmeza e ele me pegou no colo, fazendo com que minhas pernas entrelaçassem sua cintura, ele acariciava meu cabelo sem dizer nada, apenas caminhava para longe da confusão de policiais correndo de um lado para o outro. Ele sentou-se na porta da ambulância e continuamos em silêncio.
- Está com fome? - ele me perguntou. Não consegui pensar direito, a presença dele era tudo o que importava naquele instante.
- O que você deu ao Alex? - foi a primeira coisa que consegui perguntar.
- As condições de prisão dele. - riu ele baixinho. - Eu fiquei com medo de que ele lhe fizesse algum mal. - confessou.
- Eu estava bem, só estava com fome. - tentei despreocupá-lo.
- Mas e aquela mensagem? - ele virou o rosto para tentar me olhar, mas eu estava tão escondida em seu pescoço que ele não conseguiu me ver.
- Só queria que vocês dessem logo a Alex o que ele queria. - respondi.
- Hum... - foi o que ele disse por fim. - você me deu o maior susto! - exclamou ele parecendo um gay e eu ri.
- Desculpa. - pedi parecendo criança.
- Ok, mas não faça mais isso. - beijou minha cabeça e ficamos por mais uns dez minutos daquele jeito. Meu coração era o mais aquecido de todo o meu corpo, ele batia vívido e confortável, me dando uma sensação de aconchego e alegria.
- , você é meu McGuy preferido. - eu disse em um sussurro, mas que ele escutou. - Como disse? - ele só podia estar de brincadeira, já que ele possuía uma sobrancelha arqueada e um sorrisinho malandro no canto da boca.
- Ah você ouviu, seu chato. - eu lhe dei um soquinho brincalhão no braço e nós dois rimos. Já seguíamos para casa.
- Mas eu quero ouvir de novo. - ele colocou a mão na orelha e se inclinou para mim.
- Presta atenção na rua. - eu avisei, rindo.
- Eu posso encostar o carro e aí teremos todo o tempo do mundo para você falar. - ele ameaçou parar o carro, indo para a faixa mais pra esquerda.
- NÃO! - gritei. - Okay, você é meu McGuy preferido. - eu cantei cada palavra e rimos, já estacionando na frente da casa dos . Como passava rápido o tempo quando estava com . Os carros de Dougie, e estavam estacionados do lado de fora.
- Olha só quanta gente veio para te ver. - ele disse irônico.
- Bobo, não precisava ter preocupado todo mundo. - me fiz de ofendida.
- Você merece essa atenção toda, brasileirinha. - ele bagunçou meu cabelo e eu sorri boba. saiu do carro e me ajudou a descer, andamos abraçados até a porta da casa e podíamos ouvir a conversa alta e animada do lado de dentro...
- Olha só quem está de volta! - anunciou e eu senti meu rosto queimar. Como sempre, me alcançou antes que todo mundo e me abraçou, complementando o abraço, entrou nele, esmagando nós duas. Em seguida ouvi a voz de Dougie, e por último ir se aproximando. Logo, todos nós ríamos histericamente e eu e gritávamos por estarmos sendo sufocadas.
- HELP!!!!!! - gritei a todo pulmão rindo e pronunciou-se.
- Já chega meninos. - ela disse risonha e bateu palmas para afastá-los. - Ah, , minha querida, como nos assustou! - ela me abraçou delicadamente.
- Eu sinto muito , desculpe. - eu respondi com a voz meio abafada pelo seu abraço. - Resolvemos o problema mãe, está tudo acabado agora! - queixou-se, birrento. Eu o olhei e tive uma idéia, iria levantar o ego daquele McGuy carente.
- Mas sabe , foi muito corajoso, - eu comecei e ela olhou o filho mais velho sem acreditar. Nos sentamos no sofá, sem perceber, formando uma roda comigo no centro. - ele que pegou o falso contrato e foi se aproximando para entregá-lo quando Alex estava com uma arma apontando para mim. - eu fazia gestos largos e sorria satisfeito.
- Oh, esse é meu filhote. - o abraçou e encheu seu rosto de beijos. recebeu tapinhas amigáveis dos amigos.
- Sabe mãe, me disse que eu sou o McGuy preferido dela. - meu sorriso congelou e eu olhei os outros meninos, o que mais ficou chateado foi Dougie. Era de se esperar.
- Ahm...é, mas eu tenho um carinho especial por cada um de vocês meninos, eu me identifico de uma maneira diferente. - disse, cautelosamente para não gaguejar. e sorriram talvez tentando imaginar o que tinham de parecido comigo, já Dougie fixou seu olhar em algum ponto da sala, e eu sabia que ele não pensava em nada.
Ele subiu algum tempo depois, provavelmente para ir ao banheiro, e eu precisava de uma desculpa para conversar com ele.
- Hum...gente, eu tenho alguns presentes do Brasil que eu só me lembrei agora! - bati em minha testa.
- Quer ajuda? - estava se levantando quando eu a cortei...
- Não, não, pode deixar. - eu fiz sinal para que ficasse e subi a escada de dois em dois degraus. A verdade era que, com tudo o que vinha me acontecendo eu havia esquecido dos presentes que comprara para eles dias antes de embarcar. Eles deveriam estar em algum lugar da minha mala, mas o mais importante naquele momento era conversar com Dougie. Precisava esclarecer algumas coisas a ele.

Cap. 45 - "We used to be, just like twins, so in sync" (Katy Perry - Hot 'n Cold)

Chegando ao andar de cima eu parei, esperando que uma das portas do corredor se abrisse. Ouvi a torneira do banheiro ser aberta e em seguida Dougie sair do banheiro. Ele parou ao me ver.
- , o que...
- Me desculpe não ser aquilo que você esperava. - eu o olhei triste.
- Está tudo bem, - ele me abraçou. - ainda te tenho de alguma forma. - sussurrou em meu ouvido e eu sorri o abraçando com força.
- Vem, tenho uns presentes do Brasil que esqueci de entregar a vocês assim que cheguei. Eu sei, faz alguns meses que estou aqui, mas é que tanta coisa vem me acontecendo que eu simplesmente esqueci. - eu ia dizendo enquanto arrastava Dougie para o meu quarto.
Não foi difícil achar os presentes, só sei que segundos depois os braços de Dougie estavam abarrotados de presentes e eu o guiava para descer as escadas da casa. Todos pararam de conversar e olharam curiosos um Dougie escondido pelos presentes. Eu ri meio sem graça com todos me olhando.
- Erm, bem, eles estão um pouco atrasados, mas a intenção continua a mesma: Trazer um pouco da cultura do meu país para vocês, como lembrança. - eu peguei um vaso indígena, pequeno, mas bem detalhado e o entreguei para . - Este é para a família , dizem que traz felicidade e fartura à casa. - ela agradeceu me abraçando. Peguei um pacote retangular embrulhado cuidadosamente em um papel azul. - Este é para o McFly, um calendário personalizado, cada dia um símbolo do Brasil. - Entreguei a que abriu rapidamente o embrulho e mostrou aos outros que sorriram curiosos. - Vamos aos presentes individuais?
- É, melhor, 'tá um peso isso daqui! - Dougie queixou-se e todos riram dele.
- , - ela deu um passo a frente. - nós lá no Brasil costumamos usar bastante bijuterias feitas de sementes, eu espero que você goste. - Fora difícil escolher um presente para ela, até que minha mãe deu a idéia. Simplesmente fora brilhante.
- Oh, eu adorei , muito obrigada! - pediu para que colocasse nela o colar e realmente ficou espetacular.
- Bom, agora eu não faço a mínima idéia de como consegui trazer isso aqui , mas valeu a pena. - eu peguei uma embalagem verde, retangular e comprida. - O melhor vinho do Brasil, reconhecido mundialmente. - entreguei a ele. [n/a: Tá, não sei se realmente existe um vinho assim aqui :x]
- Obrigado querida, vou saboreá-lo hoje mesmo! - ele beijou minha testa.
- E o meu? E o meu??? - balançou os braços nos ar, inquieta.
- Calma, o seu está bem aqui: - peguei um leve embrulho roxo. - é uma coleção de pedras semi-preciosas brasileiras, talvez você não entenda o que cada uma delas signifique, pois está em português, mas ficarei feliz em traduzir para você. - ela mal pegou o embrulho de minhas mãos e agarrou meu pescoço em um abraço desengonçado que só ela sabia dar.
- OMG! Pedra semi-preciosas mamãe! - ela olhou maravilhada para os pais que riram da sua felicidade. - Obrigada pirralha! - ela beijou minha bochecha e voltou a se sentar toda feliz com seu presente.
- Está acabando Dougie. - eu disse e ele concordou com um sorriso tímido.
- Próximo, uhhh, esse é do . - um embrulho xadrez estava em meus braços. - Eu achei difícil te trazer um presente, mas com sorte e algumas viagens eu achei o que mais combinava com você. - ele o pegou, envolveu meus ombros com seu braço e beijou minha bochecha murmurando um obrigado tímido e sorrindo maravilhosamente. Sentou-se com e Harry praticamente secando seu presente, ele resmungou brincalhão e o abriu.
- Uau, o que é isso? - ele me olhou, maravilhado e confuso ao mesmo tempo.
- É uma cuia, lá no Brasil tomamos chimarrão nela. - tentou repetir a palavra "chimarrão", mas não teve muito sucesso arrancando risos nossos.
- Obrigado. - ele disse, se animando cada vez mais que mexia no "brinquedo".
- Hum, agora do ! - peguei um presente listrado, ele era todo irregular. levantou-se e se aproximou de mim. - Eu sei que você achava que conversavam entre si ou que se cortasse os pêlos eles cresceriam de novo. - [n/a: Quem coloca o como personagem aqui, entende o que eu estou dizendo xD] - É nativo do Brasil, por isso acho que vocês nunca devem ter visto, talvez no colégio, mas há muito tempo. - eu entreguei a ele que ainda me olhava com curiosidade. - Abre. - o incentivei. Por um momento pensei ter visto em seus olhos um brilho infantil.
rasgou o embrulho, deparando-se com um mico-leão-dourado. [n/a: sorry gente, não resisti *-*] Era bem felpudo, ou seja, se ele quisesse cortar os pêlos, pode ter certeza de que não ficariam buracos.
- Obrigado . - ele me abraçou com força, como uma criança faz quando ganha o que quer.
- Por nada . - devolvi o abraço com carinho e ele voltou a sentar-se, colocando o macaco pendurado em seu pescoço e sorrindo feito um bobo.
- Só restam do Dougie e do . - eu olhei para os dois embrulhos. - O que será que vai ser? - olhei para os dois fazendo mistério.



Cap. 46 - "She's goes up and down in my heart, turned into jelly beans" (McFly - Little Joanna)

- Quem quer receber primeiro? - eu perguntei idiotamente, já que pela cara, os dois queriam. - Okay, vai o do Dougie. Sorry . - ele sorriu e eu peguei os dois presentes da mão de Dougie. Um olhar curioso mantinha Dougie ao meu lado. - Eu sei que você adora usar essas pulseiras de semente, colares e também que ultimamente tem usado uma faixa no cabelo. - seus olhos azuis brilhavam, meu sorriso era terno. - Nós lá no Brasil temos um artesanato parecido e eu achei que talvez você gostasse. - entreguei timidamente o embrulho. - E como eu sei que você adora zoar tudo o que veste, trouxe um traje indígena de um dos povos que influenciaram em nosso vocabulário. Espero que curta também.
Ele abriu e começou a pular, os presentes começaram a escapar por entre seus dedos e eu tive que pegar os que caíam, rindo.
- Nossa, é demais, olha pra isso! - ele viu a saia de palha [n/a: os índios usam isso ainda? xD] e ficou todo animado. , e começaram a rir.
- Você pode ir a gravadora assim Dougie, tenho certeza que vai render bem quando fizermos algum "Behind The Scenes". - disse apoiando a mão no queixo.
- Obrigado . - ele me levantou do chão, me pegando no colo. Beijou minha bochecha e enquanto me girava no ar sussurrou - Eu te amo.
Corei, envergonhada e ele me pôs no chão. Só faltava o de , este seria o melhor de todos. Um presente maravilhoso para uma pessoa maravilhosa, aquele que estava presente nos meus sonhos mais loucos, mas também nos mais bonitos. Aquele cuja voz me fazia sonhar todos os dias e que estava ali, agora, na minha frente, sorrindo como uma criança, esperando pelo embrulho que eu tinha em mãos.
- Certa vez eu estava passeando em uma feira lá no Brasil, - eu iria enrolar o quanto pudesse. - e sempre haviam algumas coisas estranhas, foi quando eu achei uma barraca, havia um moço, muito jovem. Ele estava montando um porta-retrato. Foi quando ele me viu e sorriu.
- E então? - apesar do presente não ser para ela, estava impaciente.
- Então eu percebi que haviam várias fotos e ele estava montando o porta-retrato a partir de... - parei na metade. - Bom, , descubra por você mesmo. - eu sorri envergonhada. pegou o embrulho e o abriu, olhando maravilhado para o que estava esculpido no porta-retrato. O que eu havia feito era uma montagem, ele em uma paisagem do Rio de Janeiro, o detalhe era que o artista daquela feira, montava os porta-retratos com jujubas. [n/a: Isso é fruto da minha imaginação hein gente?! Não vão procurar um cara numa barraca que monta paisagens com jujubas, por favor! xD] Ele se levantou, deu o porta-retrato para segurar e veio em minha direção, parecia até em câmera lenta. Ele estava lindo, ele era lindo!
- Obrigado pequena. - me abraçou com força, passando a mão carinhosamente pelo meu cabelo e a escorregando por minhas costas, deu um beijo em minha bochecha e quando me soltou eu tinha certeza de que estava vermelha como um tomate.
- Bom acho que as crianças já podem sossegar e comer alguma coisa. - disse rindo e foi pegando os papéis de embrulho espalhados pela sala. Eu estava com um sorriso radiante e mais ainda os meninos que se divertiam, um se gabando com o outro pelo o que haviam ganhado.
Comemos rapidamente e voltamos à sala, já era tarde e os meninos haviam combinado de passar a noite por lá. , eu e descemos alguns colchões de ar e arrumamos a sala para os quatro, mais eu e dormirmos por lá. Estava sendo a experiência mais incrível de todo o meu intercâmbio até então. Esperamos que e fossem se deitar, escolhemos alguns filmes e nos aglomeramos, cada um de um jeito, por debaixo das cobertas.
O cheiro de pipoca e o borbulhar dos refrigerantes invadiam a sala silenciosa enquanto esperávamos voltar da cozinha. já estava semi acordado, comia pipocas feito um esfomeado e Dougie me envolvia pelos ombros, deixando os seus como apoio para minha cabeça. Já , dormia há algum tempo. Conforme "Os Incríveis" ia passando, eu sentia meus olhos pesarem. O ombro de Dougie estava tão aconchegante e eu estava tão quentinha que não me lembro até quando eu assisti o filme.

Cap. 47 - "You know that I can't sleep 'coz I'm terrified" (McFly&V - Chills In The Evening)

De repente meu corpo ficou rígido. A respiração acelerou, eu não conseguia puxar ar suficiente, sentia-me como se estivesse me afogando. Sentia algo molhado em meu rosto. Minhas mãos suavam, frias, e estava ficando cada vez mais difícil de respirar.
- Shhhh....shhh... - senti braços me envolverem. Abri meus olhos lentamente, inundados pelas lágrimas, estava muito assustada. - Foi só um sonho, foi só um sonho. - reconheci a voz rouca de . Pelos seus olhos pequeninos eu presumia que o acordara.
Pensei em pedir desculpas, mas tudo o que saiu de minha garganta foi um grunhido, parecido como de quando eu chorava. Ele sorriu, mas havia preocupação em seus olhos. Sua mão escorregou lentamente por minha bochecha, tirando o rastro de lágrimas que a cobria.
- Vai ficar tudo bem, ele não está mais aqui. - eu havia falado enquanto sonhava? - Shhhh... calma. - procurei abrigo em seu peito, semi coberto e abafei o que pude dos soluços. A mão de escorregou pelo meu braço descoberto e ele segurou fortemente minha mão gelada e trêmula, rapidamente esquentando-a com a sua, bem maior que a minha.
Cada vez que eu fechava meus olhos fortemente, além de sentir lágrimas caírem eu via a imagem de Alex. Meu corpo todo tremia de vez em quando, como se uma onda de choque o percorresse e nesse momento me abraçava mais forte.
- Eu estou aqui, tudo vai ficar bem, não se preocupe. - ele sussurrava. Acariciava meus cabelos e tentava confortar meu corpo inquieto com o calor do seu. Meu novo travesseiro era seu ombro, seus braços me envolviam... mas apesar de tudo quando meus olhos se fechavam, vencidos pelo cansaço, a realidade se tornava outra. Bem mais conturbada.

['s POV]

Ao voltar da cozinha eu percebi que já havia adormecido. Me surpreendi, afinal, depois do dia conturbado que tivera, esperava que ela demorasse para dormir. Fui o último a desligar a TV, e arrumar a pequena bagunça. Me deitei e fiquei encarando o teto quando dormi. Ou eu estava sonhando, ou alguém falava...
- Alex não, eu não quero, me solta...Alex eu estou com fome, por favor... - se remexia ao meu lado. Abri meus olhos e ela chorava, dormindo. Virei-me de frente para ela, estava tão agitada e assustada que eu não sei se poderia encostar nela.
Foi só quando a respiração dela começou a alterar que eu realmente me assustei, cheguei a pensar que ela estaria tendo um ataque cardíaco ou algo do tipo, a abracei e comecei a sussurrar que tudo ficaria bem. Ela finalmente acordou e acho que queria me dizer algo, mas só conseguia chorar. Fiquei preocupado, ela estava tremendo e suava frio, precisava esquentá-la.
Meu peito, ao mesmo tempo que se aquecia, encharcava com as lágrimas da pequena, de tempos em tempos ela tinha espasmos pelo corpo, como se levasse choques elétricos. Os soluços se acalmavam, ela parecia descansar, e então tudo voltava, apertava sua mão em meu ombro e eu acariciava sua mão já mais quente.
Quando ela finalmente dormiu, eu estava com um braço debaixo de minha cabeça, encarando o teto enquanto acariciava seus cabelos. Seu rosto repousava sobre meu peito e eu sentia as lágrimas ainda caírem. Percebi que a sala ficava cada vez mais clara e os dudes começavam a se mexer. foi o primeiro a acordar, sentou-se, coçou a nuca e passou as mãos no cabelo bagunçado. Apoiou a cabeça no sofá que estava logo atrás de nós e ficou encarando o nada por um momento. Ouvi movimentação além de e se levantava, seguindo meio grogue para o banheiro. Abafei um risinho e voltei a encarar . Quando percebi que iria olhar em minha direção, para evitar que puxasse conversa e acabasse acordando eu fechei os olhos rapidamente. E mal percebi, mas minutos depois eu estava dormindo profundamente.

['s POV]

Levantei-me. Precisava ir ao banheiro mais próximo. Me aliviei, lavei o rosto e prendi meu cabelo em um coque mal feito, ainda estava sonolenta, por isso voltei à sala. já estava acordado e acenou com a cabeça para mim. Sorri e olhei meu irmão. estava deitada sobre ele e, se não fosse por seu rosto vermelho e as lágrimas que ainda caíam de seus olhos fechados, quando ela acordasse eu iria tirar uma com a cara dela.
Sentei-me em meu colchão, ponderando o que a levara a ficar naquele estado, enquanto isso resmungava ao meu lado, dei um tapa em sua cabeça e ele escondeu seu rosto embaixo do travesseiro. Ri baixinho e me assustei quando agachou-se ao meu lado, tirando-me de meus pensamentos.
- O que houve com a ? - ele me olhou duvidoso.
- Não sei, acho que não passou a noite bem... - entortei a boca, várias dúvidas giravam em minha cabeça.
- Será que alguém ouviu e a confortou? - ele sentou-se, finalmente.
- Talvez o , só vamos saber quando os dois acordarem. - Nesse momento ouvimos outro barulho, olhamos para o lado e Dougie levantava. Poderia ser só mais um acordado, se não fosse pela sua expressão arrasada ao ver deitada sobre , chorando.

Cap. 48 - "I hate this part right here. I just can't take your tears" (Pussycat Dolls - I Hate This Part)

['s POV]

Dougie passou as mãos pelo cabelo e levantou-se. Deu um sorriso fraco para mim e e saiu pela porta da frente, logo em seguida ouvimos seu carro ser ligado e arrancar. Fiquei preocupada, mas precisávamos dar a ele um tempo para pensar. Ligamos a televisão enquanto esperávamos e acordar e fomos a cozinha enquanto ouvíamos MTV.
bocejou na porta da cozinha enquanto eu e conversávamos sobre qualquer coisa e tomávamos suco de laranja.
- O que houve com a pequena? - disse tentando arrumar seus cabelos sem ter muito sucesso.
- Acho que ela teve uma noite difícil. - suspirei.
- E cadê o Dougster?
- Foi embora já. Não gostou de ver a em cima do . - abafou um risinho e eu dei-lhe um tapa no ombro.
- Ele ainda precisa se acostumar. - sorri sem graça para que já fuçava na geladeira.
- No mínimo deve ter acordado ao ouvir a chorando e ficou consolando-a. - disse deixando eu e boquiabertos.
- Você ouviu o que aconteceu? - perguntei esperançosa.
- Não, mas é o que mais me parece. - deu um gole na cerveja que pegara. Ficamos em silêncio, por longos e intermináveis minutos, eu só queria que acordasse.

['s POV]

Já deveria passar do meio dia quando acordei e ainda dormia apoiada em meu peito. Resolvi levá-la para seu quarto, não era justo ela ficar naquele chão enquanto o que mais precisava era descansar. Subi com ela no colo e estranhei a porta do quarto dos meus pais estar aberta, porém, sem ninguém lá dentro. Não havia escutado conversas enquanto caminhava para o quarto de .
Entrei e a deitei cautelosamente na cama, ela precisava dormir ainda. Dei um beijo em sua testa e fui me afastando lentamente até senti-la segurar minha mão e cerrar os olhos. - Me desculpe. - ela disse em um sussurro.
- Descanse, pequena. No que precisar, eu estarei aqui para você. - me aproximei mais uma vez até dar um beijo na pontinha de seu nariz e enfim me afastar enquanto nossas mãos deslizavam, se soltando lentamente.
Desci até a cozinha, abrindo a porta lentamente para não assustar ninguém e dei de cara com , e , todos conversando calmamente e...nenhum sinal de meus pais.
- ! Até que enfim. - minha irmã levantou-se e veio me abraçar. - O que houve com a ? Ela está bem? Passou mal? - sempre ansiosa e me bombardeando de perguntas, típico.
- Acalme-se. - eu tirei seus braços de minha cintura e a olhei nos olhos, desde pequena aquilo a acalmava e até então eu não sabia por quê. - Ela teve uma noite difícil, cheia de pesadelos e acabou passando um pouco mal, mas está tudo bem.
- Eu disse. - pronunciou-se para surpresa de . - Dougie não precisava ter feito tudo aquilo.
- O que ele fez? - perguntei confuso.
- Ah, ele foi embora quando viu a deitada em cima de você. - deu uma risadinha recebendo um olhar feio de .
- Ele ficou chateado, talvez por não ter ouvido a chorando e ajudado-a. - eu fiz um "hum" com a boca fechada e segui para a geladeira. - Você viu a mãe e o pai?
- Não, quando subi para levar ao quarto eles não estavam no deles. - disse.
- Devem ter saído cedo, antes dessa confusão toda. - disse pensativa. Nos sentamos à pequena mesa que havia na cozinha para conversar e brincar um pouco. Eu só esperava que Dougie não fizesse alguma loucura.

[Dougie's POV]

Cheguei em casa largando as chaves do carro em cima da mesa na entrada, bati a porta e me joguei no sofá, sem vontade de sair de lá tão cedo. Várias coisas passavam pela minha cabeça. Será que algum dia eu havia mesmo amado ? Ou era só um sentimento de proteção que eu sentia em relação a ela? Minha cabeça estava confusa, tudo vinha acontecendo tão repentinamente; desde que ela chegara a Londres não havia tido um momento sequer de paz. Estava mais do que na hora dela merecer aquilo tudo.
Liguei a televisão em um canal qualquer e meus olhos perderam-se naquelas imagens coloridas que passavam com velocidade pela tela de cristal líquido. De repente um som familiar vinha de algum canto, mas eu não sabia dizer se vinha da televisão ou se estava alucinando. Era uma melodia antiga, mas tinha acordes bem diferentes daqueles que eu estava acostumado a ouvir.
Prestei atenção na letra que começava a ser cantada, me virei e meu Iphone vibrava com a música "The Ballad Of Paul K". [n/a: Gente, nem sei como coloquei essa música como toque do Dougie xD] Peguei e no visor estava escrito , pressionei meu indicador no espaço onde estava "ignorar ligação" e desliguei o celular em seguida. Me levantei e segui para minha estante de DVDs e procurei pelo nosso Wonderland Tour, estava na hora de reviver o passado, pelo menos naquele momento era o que eu mais queria.

Cap. 49 - "Those sweet memories, will always be dear to me. And girl no matter what was said, I will never forget what we had" (Michael Jackson - Remember The Time)

Estava acordada há muito tempo, mas sem coragem de descer. Enquanto revirava em minha cama, eu pensava em tudo o que havia me acontecendo desde que chegara a Londres. Contratempos. Eu sequer havia tido tempo de visitar as maravilhas que aquela cidade tão fria e chuvosa poderia me oferecer. Joguei o lençol longe, estava na hora de dar as caras e, melhor, conhecer a cidade que eu tantos anos sonhara em viver.
Segui até o banheiro e me olhei no espelho, ótimo, estava com o rosto parecido com uma estátua mal feita. Entrei no chuveiro sem mais delongas e esfreguei cada parte do meu corpo singularmente. Era hora de uma nova aparecer. Passei creme em meus cabelos e os sequei cuidadosamente. Fui até meu guarda-roupa e escolhi um jeans skinny e uma blusa manga sete oitavos, azul. Por cima apenas uma leve jaqueta e all star nos pés. Passei perfume e lápis nos olhos para disfarçar o inchaço. Me olhei no espelho uma última vez e respirei fundo.
Ao mesmo tempo que parei no topo da escada, pronta para descer, a campainha tocou. Desci sem saber o que pensar sobre quem seria e abri a porta com um sorriso que congelou ao ver quem estava ali na minha frente.

['s POV]

Estávamos na cozinha há tempos, eu já havia considerado em subir para ver se precisava de alguma coisa, mas chegava a conclusão de que ela precisava descansar. E então, tão inesperado quanto pudesse parecer, a campainha soou. Poderia ser qualquer um, desde Fletch até algum repórter para perturbar nossa tranquilidade.
A porta estava sendo aberta sem que nenhum de nós tivesse deixado a cozinha. Meus pais teriam chegado? havia acordado? Me levantei lentamente e abri uma pequena fresta da porta da cozinha. Eu mal conseguia acreditar no que via.

- Ainda é tarde para começar de novo? - aquela voz tímida ecoou em meus ouvidos ainda que meio abafada pelas dezenas de flores que ele carregava.
- Acho que não. - eu senti minhas bochechas arderem e ele formou um sorriso naqueles lábios dos quais eu já havia provado. - É bom te ver de novo.
- São para você. - ele entregou as flores.
- Lindas, obrigada. - eu as peguei e dei espaço para ele passar.
- E então onde estão os outros? - Dougie entrou e procurou com os olhos azuis pela sala.
- Não faço ideia, devem estar na cozinha. - eu deixei as flores na mesa ao lado da entrada e seguimos para a cozinha. Sem dúvida estavam todos lá.
- Dougie! Voltou cedo... - parecia realmente surpresa e o clima ficou estranho.
- O que aconteceu dude, saiu correndo hoje de manhã. - disse colocando a mão no ombro de Dougie e eu o olhei estranhando. Ele sorriu amarelo para mim.
- Eu... precisava pensar. - disse, pigarreando.
- Certo, mas...e aí conseguiu dormir bem? - sorriu virando-se para mim.
- É, acho que sim, dormi muito tempo? - perguntei preocupada.
- Não mais do que o necessário para considerar-se renovada eu imagino. - sorriu e foi impossível não retribuir. Seus traços eram cansados, mas dava para ver a felicidade emanando de seus olhos.
- Mas e aí Dougie, o que o traz de volta à esta humilde casa? - apoiou a o queixo na mão fazendo uma pose gay e despertando risos.
- Enquanto estive em casa pensei que poderíamos levar a para passear, sabe, conhecer Londres.
- Ótima ideia, afinal, não há melhores guias do que nós! - estufou o peito no fazendo rir. Eu estava maravilhada, eles tinham lido minha mente ou algo parecido?
- Onde quer ir primeiro? - sorriu, dava para perceber através de seus olhos que ele estava feliz por me ver feliz.
- Que tal vocês se arrumarem primeiro e aí eu falo?
- Hum...essa garota está muito misteriosa para o meu gosto. - riu. - Ok, e se revezem no banheiro de hóspedes, você vai pro banheiro do pai e da mãe e eu vou pro meu mesmo. - ela sorriu e todos se dispersaram.
- Está com fome? - eu perguntei a Dougie.
- Um pouco, eles parecem já ter comido. - ele apontou para a bancada da cozinha meio bagunçada.
- É, vou fazer algo para comermos. - disse e peguei a torradeira. Não era boa em sanduíches por isso achei que pães com manteiga acalmaria nossa fome, por enquanto.
Nos sentamos e comíamos em silêncio enquanto eu planejava um itinerário mentalmente. Aquele dia estava para ser inesquecível. Dougie me ajudou a deixar a cozinha limpa e íamos saindo quando nos deparamos com , , e , todos prontos e a nossa espera.
- E então? - os olhos de pareciam brilhar de excitação.
- Madame Tussauds. - eu arqueei a sobrancelha. estendeu minha câmera fotográfica e juntos seguimos para o carro. Aquele, sem dúvida, seria o melhor dia de todos.

Cap. 50 - "We were in London, let's do it - let's break the law! We were in London, tell it like it is!" (Pet Shop Boys - London)

Viajar por Londres em um carro, mesmo que um de nós tivesse que ir no porta-malas era incrível! Eu estava praticamente limitada a ir a escola e voltar, então eu quase nunca saía daquele perímetro. sentara-se comigo no banco de trás junto com enquanto ia ao lado de , que dirigia, e Dougie, por ser o menor dos quatro garotos, fora o escolhido a ir no porta-malas.
- O Parlamento! - eu disse animada enquanto passávamos rente ao palácio de Westminster e consequentemente ao Big Ben.
- Se quiser vamos à London Eye depois. - me olhou pelo retrovisor com seu sorriso sereno.
- É claro! - disse animada e riu.
- Vai ter que nos mostrar o Brasil depois hein?! - brincou.
- Pode deixar, mas vou logo avisando que terão de andar com guarda-costas. - eles arregalaram os olhos para mim. Eu ri e continuamos o passeio de carro até chegarmos ao museu de cera.
Estava um pouco cheio, apesar de ser horário de almoço, então procurávamos ficar sempre juntos embora uma vez ou outra fôssemos parados por conta dos fãs. Nesse momento eu me distraía com as estátuas para não parecer deslocada, logo depois vinha se desculpando e eu sorria dizendo que não havia problema. De todas as estátuas naquele museu (e acredite, eram muitas!) as que eu mais havia gostado eram a de Michael Jackson, Amy Winehouse, Britney Spears, Madonna e Johnny Depp. Sem dúvida eram as mais realistas, não que as outras não fossem, mas foram as que eu mais havia gostado.
- Próxima parada? - estendeu a mão para mim e olhou para que entendeu o recado também estendendo a mão para mim. Olhei para os dois que sorriam e peguei suas mãos, eles a apertaram fortemente me pegando no cotovelo também e me fazendo pular, descendo o último degrau da saída do museu.
- London Eye? - tentei olhando para todos a minha volta.
- É pra já. - prestou continência. - Sigam-me. - ele fez um gesto no ar do tipo "sigam-me os bons" e fomos animados atrás dele.
- Cuidado, o pode se perder facilmente. - ouvi Dougie comentar sem resquício de parecer discreto e recebeu o dedo do meio do amigo.
Conseguimos que ficássemos apenas nós seis dentro da cabine para, segundo , aproveitarmos melhor a vista e eu ter a oportunidade de tirar muitas fotos. Ter a sensação de estar em uma roda gigante, por um momento, me fez lembrar do meu primeiro beijo com Dougie. Involuntariamente o encarei, ele estava escorado ao meu lado esquerdo da cabine olhando a paisagem parecendo bem tranquilo e com um sorriso estampado nos lábios, algo me dizia que ele pensava o mesmo que eu.
- Estamos chegando ao topo. - comemorou.
- Prepare a câmera, . - disse abraçando meus ombros. Foi o que bastou para que eu começasse a tirar fotos, até que me surgiu uma ideia.
- Todo mundo sentando. - eu disse rapidamente. Eles me obedeceram e eu posicionei a câmera com o timer em cima do assento, preocupada em pegar todos.
- Venha ! - apressou e todos começamos a rir descontroladamente até que a foto bateu e nem reparamos! Foto espontânea, sem dúvida a melhor forma de se garantir um momento registrado e ao olhar para ele, lembrar-se do que se passava.
- Ficou ótima. - mostrei a foto com todos nós de bocas abertas, gargalhando.
O moço que cuidava da London Eye abriu a porta e olhou feio para nós que saíamos rindo descontroladamente.
- Nossa, essa foi, sem dúvida, a melhor volta de roda gigante que eu já tive. - eu disse, por fim.
- Vamos às compras? - olhou para mim com cara pidona.
- Ok, mas antes vamos comer alguma coisa. - Dougie se pronunciou me fazendo lembrar que só havíamos comido algumas torradas há algumas horas atrás.
- E onde vamos almoçar? - , como sempre, virou-se para mim.
- Agora é com vocês. - ergui as mãos, como me desculpando.
- Conheço um lugar ótimo. - arqueou a sobrancelha malicioso e eu percebi que só eu sorria quando ele começou a andar e todos ficaram parados o olhando estranho. - Ah qual é gente, confiem em mim.
- Coitadinho do . - apertei seus ombros olhando para os outros.
- Pequena, você não sabe com o que está lidando. - me puxou de volta.
- Ok, - encolheu os ombros. - onde querem ir? - sorriu fraco. Fiquei com pena dele.
- Não tem problema, depois eu vou com você onde queria ir. - eu sussurrei a ele que abriu um sorriso bonito como só ele sabia dar.
Seguíamos, sem surpresa da minha parte, para o Burger King. Estava na hora de por a prova a comida inglesa sem que fosse caseira. Será que eles passariam no meu teste?

Cap. 51 - "And we could be together, change the world forever. Make it all seem better" (McFly - Friday Night)

Entrar naquela lanchonete do Burger King me fez lembrar da filial que tinha no Brasil, coincidentemente na minha cidade. Examinei detalhadamente o lugar enquanto era encaminhada ao balcão ao lado dos meninos e de . A atendente ficou sem fôlego e começou a gaguejar, nós tentávamos não rir, afinal, coitada. Fizemos os pedidos e fomos nos sentar, de preferência bem longe de todos para evitar que a imprensa caísse matando e estragasse nosso dia juntos.
Parecíamos crianças, comendo e nos lambuzando, rindo escandalosamente de um dos meninos que fazia caretas com as batatas em algum lugar do rosto. Pela primeira vez, em muito tempo, eu me sentia em casa. Feliz, como há muito eu desejava me sentir. Eu estava sentada de frente para e sentia que de vez em quando ele olhava para mim, como se fosse para checar se eu estava me divertindo tanto quanto ele. Seria incapaz não se divertir quando você estava em Londres, com a sua banda preferida e seu amor platônico te olhando de tempos em tempos. Eu estava no paraíso! Saímos de lá e, ao meu gosto, fomos a Camden Town fazer compras.
- Você precisa renovar seu guarda-roupa! - me fez dar uma voltinha. - Vamos transformá-la em uma inglesa de classe. - eu sorri de orelha a orelha, era melhor do que eu poderia jamais esperar.
- Ok, vamos lá! - Dougie disse aparentando já estar cansando e levou um tapa de no braço.
- Deixa de ser molenga ou não quer vê-la bonita? - ela arqueou a sobrancelha e eu paralisei. Até onde aquela conversa iria?
- Quero. - ele olhou para mim e sorriu e eu pude respirar aliviada.
Fiquei boquiaberta de ver a quantidade de lojas, uma mais linda do que a outra e pelo jeito também pensava o mesmo, já que me fazia entrar em cada uma delas. Os meninos, com medo de serem abordados por diversas fãs ao mesmo tempo, optavam por entrar conosco nas lojas e quando eu entrava no provador era a parte mais engraçada, já que eu saía e haviam 5 cabecinhas olhando para mim, o que me deixava vermelha de vergonha. Todas as peças que eu provava os meninos diziam que gostavam, mas dava a última opinião, antes da minha, é claro.
Saíamos com uma sacola, em média, de cada loja, logo, os meninos eram nossos carregadores enquanto ainda entrávamos de loja em loja. Não demorou muito até que começasse a escurecer e precisássemos voltar para casa. me garantiu que havíamos comprado o suficiente para 2 anos em Londres e todos nós rimos. Quando colocamos as sacolas no porta-malas contamos dezessete delas e Dougie, mais uma vez, fora o escolhido, dessa vez para fazer companhia às nossas compras.
Ao pararmos em casa um sentimento de culpa me atingiu, não estaria na hora dos meninos voltarem para suas casa e...para suas namoradas? e eu descemos do carro sendo acompanhadas pelos outros quatro que carregavam nossas sacolas. Entramos em casa e se assustou com a quantidade de compras que havíamos feito.
- Não olhe para mim, são todas para a . - apontou para mim que fiquei com cara de assustada, o que pensaria de mim?
- Vejo que deve tê-la ajudado! - ela sorriu delicada e tentando não rir da situação. - Espero que tenha feito boas compras, querida.
- Eu fiz, afinal, com ajuda que eu tive seria impossível não comprar alguma coisa. - eu ri, mais aliviada, olhando para meus ajudantes.
- Agora vão colocar essas sacolas lá em cima que o jantar está quase pronto. - disse.
- Ah obrigado , mas nós não podemos ficar. - tentou coçar a nuca, mas não conseguiu diante da quantidade de sacolas em suas mãos.
- Temo que voltar para casa. - se lamentou, parecia que por um momento ele havia realmente se esquecido de .
- Oh sim, então, eu os espero no final de semana que vem? - ela sorriu.
- Claro! Pode contar com a gente! - Dougie sorriu, animado.
- Ok, hora de subir as sacolas. - eu disse tentando quebrar o clima chato que se instalara e subi atrás dos meninos para o meu quarto.
- Cara, há muito tempo eu não me divertia assim. - pude ouvir comentar com os garotos.
- É, me fez lembrar de como era bom ser solteiro. - ainda ouvi a voz de , mesmo que distante. Olhei para ao meu lado e nós duas abafamos a risada.
- Eles só querem saber de se divertir, nunca vão crescer. - disse ela.
- Ah, vai dizer que você não gosta do jeito deles? - eu perguntei brincalhona.
- Eu adoro! - ela riu e entramos em meu quarto.
- Bem meninos, muito obrigada pela ajuda! - eu sorri, satisfeita com as minhas compras do dia.
- Vai nos ver na gravadora amanhã? - perguntou esperançoso.
- Ai , não sei se vai dar, tenho aula. - entristeci, lembrando que as aulas recomeçavam no dia seguinte, mesmo com o final de semana conturbado que eu tivera.
- Não tem problema, - se pronunciou. - te pegamos na escola, certo dudes? - ele sorriu e foi impossível não fazer o mesmo.
- Fechado. - eu disse e nos despedimos. Era incrível como a casa ficava silenciosa sem aquelas quatro presenças desastrosas...no bom sentido, é claro.

Cap. 52 - "You're like an angel and you give me your love, and I just can't seem to get enough oooh" (The Saturdays - Just Can't Get Enough)

Tudo parecia normal em mais aquele dia do colégio, eu mal podia esperar pelo fim do dia para poder encontrá-los. Todos os dias, quando acordava, me beliscava para ver se aquilo era mesmo verdade. Embora eu houvesse estado metida nas mais diversas confusões, eu podia dizer que me sentia a pessoa mais sortuda do mundo. Digo, quem tem a sorte grande de conhecer seus ídolos de uma só vez e ainda por cima ficar hospedada na casa da família do seu preferido? Dude, era muita sorte! Algo me dizia que as coisas estavam prestes a melhorar para o meu lado, então cheguei ao colégio de cabeça erguida e fui recebida com sorrisos pelas minhas amigas. Acho que nunca havia curtido tanto estar em uma aula de Física, o tempo voava, tudo estava ao meu favor pela primeira vez em muito tempo.
O último sinal tocou e eu reparei uma aglomeração inquietante no estacionamento, algo me dizia que era por ali que eu deveria seguir. Dei longas passadas rindo cada vez mais que me aproximava, os meninos estavam encurralados ao redor do carro de , dando autógrafos e tirando fotos com as inúmeras fãs que haviam em meu colégio. Abri espaço entre elas e alcancei os meninos ainda rindo, acenou e abriu espaço para que eu entrasse no carro, foi o primeiro a se despedir e entrou na direção, sendo seguido por , e , respectivamente.
- Dessa vez vocês não escaparam. - eu ri enquanto buzinava acenando e saindo do estacionamento com gritos ao fundo.
- É, mas ainda bem que não se descontrolaram. - passou a mão pelo cabelo suspirando.
- Próxima parada pequena? - virou a esquina que nos afastava cada vez mais do colégio.
- Onde vocês forem, eu vou! - sorri para ele pelo retrovisor.
- Vamos lá! - ele esticou o braço para frente no maior estilo Super Homem e pisou no acelerador.
Como era de se suspeitar, a primeira parada foi no Domino's, três pizzas gigantescas para viagem e, segundo os meninos, seguíamos para a gravadora. Entretanto, eu sabia que aquilo era para evitar meus protestos, já que os caminhos que tomava eram diretamente ligados à sua casa. Não, não a casa de e , mas sua casa com ; eu já havia visto aquele lugar diversas vezes através de fotos que eles postavam no twitter, mas estar lá era completamente diferente. A casa era enorme e muito bem decorada, a enorme televisão e a coleção interminável de DVDs indicava que eu estava na casa certa. Os bichinhos de estimação de não estavam por lá, o que era uma pena, daria de tudo para conhecê-los também.
- Comidaaaaaa! - praticamente salivava em cima da bancada de mármore negro de .
- Se está com fome, por que não vem ajudar? - disse como se fosse óbvio enquanto fazia bico e se levantava para ajudar o amigo. Eu apenas ria, sem deixar de observar os minuciosos detalhes daquela casa.
- Ahm, , onde tem um banheiro? - eu perguntei enquanto eles ainda colocavam a mesa. Embora eu quisesse ajudar, e insistiam que eu não precisava me incomodar e chegavam até a brigar comigo, mesmo que não conseguissem parar de rir.
- Seguindo rente à escada, primeira porta à direita. - ele apontou sorrindo e eu agradeci acenando com a cabeça. Levantei-me do banco onde estava sentada e segui, como havia dito, rente à escada. A verdade era que eu não conseguia parar de observar sua casa. Os diversos quadros espalhados pelas paredes me faziam sorrir e quando me dei conta já segurava a maçaneta da portinha do lavabo há muito tempo. Entrei e fechei a porta, assim como todo o resto da casa, o banheiro tinha classe e era muito bem decorado e organizado. Tirei algumas fotos, sim, eu estava me passando por uma fã louca, mas eu não me importava. Sabia que precisava aproveitar cada momento que me surgia!
Lavei o rosto e dei uma ajeitada no meu cabelo sorrindo de orelha a orelha, não conseguia parar de agradecer pelo meu sonho! Quando abri a porta me deparei com , como se estivesse me esperando. Eu sorri para ele e ele sorriu para mim, estendeu seu braço e eu fui para perto dele, me abraçou pelos ombros e beijou o topo de minha cabeça. Fechei os olhos sorrindo calmamente, antes que começássemos a andar virei-me de frente para poder abraçá-lo apertado. Aquele sim era um abraço digno de fã-ídolo.
- Vamos comer. - ele disse, a voz doce. Dava pra perceber que ele estava visivelmente aconchegado ao meu abraço e não queria soltá-lo mais.
- Vamos sim. - soltei-me dele e sorri largamente, o acompanhando de volta à cozinha.
- Está pronto finalmente! - se levantou ao me ver e esperou que eu me sentasse, ao contrário de e que atacavam a pizza sem dó nem piedade. Só consegui rir. não perdeu tempo também, pelo visto sabia que se bobeasse ficaria sem. Enquanto eu pegava pedaço por pedaço, os meninos comiam dois ao mesmo tempo, com um em cada mão! Além de tomar cerveja, também uma atrás da outra. Eu estava no refrigerante, então não tinha com o que me preocupar já que sabia que não ficaria sem.
- Vocês deveriam ser sócios da Heineken e da Domino's. - eu me pronunciei terminando meu terceiro pedaço e já me sentindo empanturrada.
- Pode acreditar, vontade é o que não falta. - disse de boca cheia, mostrando seus dentes com alguns pedaços de orégano fazendo com que todos rissem.
- Então, , qual sua série favorita? - abria sua quinta cerveja e olhava para mim ao mesmo tempo. Ele, pelo jeito, era perito em abrir garrafas. Percebi que estava prestes a começar uma conversa que eu nunca imaginaria ter... era como se fosse uma entrevista, só que a entrevistada seria... EU!

Cap. 53 - "I always used to be the shy girl, not a hot girl and not your type girl. I never cared about the cool clothes, about the right shoes, making the right moves" (The Saturdays - Lose Control)

Senti meu rosto corar levemente enquanto dava o último gole no refrigerante. Todos olhavam ansiosamente para mim, haviam até parado de comer!
- Bom, - pigarreei. - eu gosto de Law & Order, House, Gossip Girl, The Vampire Diaries. O típico de qualquer adolescente. - sorri envergonhada.
- E Friends? - perguntou radiante. Ri, sabia que ele perguntaria sobre essa.
- Infelizmente não, assisti apenas uma vez e não gostei. - entortei a boca ao ver sua expressão levemente desapontada. Eu pensava que me acharia diferente, mas pelo jeito não foi isso que aconteceu.
- Nossa! Até que enfim alguém com gosto diferente nesse mundo! - levantou os braços para o alto e olhou para o teto. - Não aguentava mais conhecer pessoas, fãs e amigos, que gostavam de Friends! Podemos marcar de um dia assistir Law & Order, que tal? - ele olhou para os companheiros e depois para mim.
- Claro! Por mim fechou! - sorriu também, apoiando a cabeça em uma das mãos.
- Qual Law & Order você gosta? Eu, uma vez, li na Internet que há várias versões. - olhou para mim.
- Gosto do Special Victims Unit...
- Ah, o de estupros! - pronunciou-se, interessado, erm, até demais.
- Sim, sim. - concordei tomando outro gole do refrigerante.
- Fechado! - e disseram juntos.
- Podem vir aqui em casa se quiserem! - se pronunciou, agora sorrindo. - Também quero ver, se você acha bom, então deve ser bom! - meu sorriso abriu, gigante, quase impossível de se conter. No Brasil, eu não costumava ser a mais popular do meu colégio, eu não andava na moda, embora tivesse meu próprio estilo, mas não era a queridinha de todos por assim dizer. Então, ouvir dizendo que confiava em mim sobre uma série de televisão, aquilo tinha feito meu dia um milhão de vezes melhor.
- Ok, estou com os DVDs dentro da mala, é só me falarem o dia. - eu ainda continuava sorrindo, mas já me sentia uma idiota. Balancei a cabeça e esperei os meninos terminarem de comer. Seguimos, então, para a imensa sala de , estava na hora de nos divertirmos em frente à grande tela plana. Para variar, os meninos escolheram Guerras Nas Estrelas, totalmente previsível. Sentei-me entre e , que aparentavam ser os mais viciados, enquanto e sentaram-se um de cada lado das minhas pernas, no chão, discutindo sobre a melhor parte do filme. Na posição em que estávamos, seria muito engraçado uma foto bem estilo "família".
Pensando na diversão, tirei a câmera da minha bolsa e pedi a , que estava em um bom ângulo, para que virasse a câmera de modo que pegasse todos nós e no três a foto foi tirada diante de muitas risadas pelas piadinhas como "Hey, pára de fazer chifrinho em mim". Era óbvio que a vítima havia sido , mas eu consegui afastar a mão de a tempo para que a foto saísse espontânea e perfeita o suficiente para que eu me divertisse toda vez que olhasse para ela.
Não demorou muito para que a sala estivesse lotada de saquinhos de salgadinhos esparramados. Deus, eu ainda estava cheia do almoço e esses meninos ainda tinham fome?! Estava me divertindo à beça, afinal, eram constantes as guerras de salgadinhos e afins e nem eu era poupada de levar punhados no cabelo. às vezes os defendia pegando-os e comendo, dizendo que não se deveria desperdiçar. , por outro lado, estava tão vidrado na televisão que mal parecia notar o que se passava à sua volta, inclinei-me na direção de que se assustou, mas depois procurou saber o que eu estava fazendo. Oras, só estava procurando o melhor ângulo para tirar uma foto de com o meu celular, sua carinha era tão fofa... parecia uma criança! Bom, na verdade, eu tinha absoluta certeza de que aqueles quatro McGuys eram crianças, e que nunca cresceriam, bem, eu não queria que eles crescessem!
e eu rimos quando consegui bater a foto fazendo um barulhinho irritante, mas ainda assim continuou hipnotizado pelo filme, o que nos fez rir ainda mais. Guardei meu celular e voltei a prestar atenção no filme, embora no fundo, no fundo, não o fizesse completamente. Usei aquele momento descontraído para observá-los, um por um, demorada e discretamente. Era incrível ver como, acima de tudo, eram muito amigos e próximos, parecendo até da mesma família e isso era muito bom! Já havia presenciado algumas brigas naqueles meses que já haviam se passado, mas nada que uma boa conversa não resolvesse, tudo calma e voluntariamente, isso era realmente espetacular! Quisera eu que minhas brigas no Brasil fossem resolvidas daquele jeito.
Olhei para baixo, sentindo falta de casa por um momento, era como se eu tivesse reaberto um buraco em meu peito, uma sensação de vazio me dominou até que fui desperta pelo grito protestante de diante da exibição dos créditos finais do filme. Sorri, voltando à realidade e me sentindo inteira novamente, o que era estranho. Como aqueles quatro seres faziam com que eu me sentisse tão bem a ponto de esquecer-me de tudo à minha volta? Definitivamente eu não sabia.
disse que me levaria para casa e, depois de deixar os meninos em suas respectivas casas (não que elas fossem longe umas das outras, muito pelo contrário), dirigíamos conversando sobre coisas aleatórias enquanto eu encarava, sem me cansar, a imagem de Londres correndo por minha janela. Avistei a já tão conhecida casa da família e sorri ao que diminuía a velocidade do carro. Quando ele parou, exatamente de frente para a entrada da casa, eu soltei o cinto de segurança.
- Obrigada pela carona, ! - eu disse abrindo a porta, mas ele me segurou pelo braço e eu virei para ele, surpresa.
- O que acha de ir à praia comigo? - ele perguntou e eu paralisei. Eu. Praia. . Aquilo era uma ilusão?

Cap. 54 - "I wanna know what love is, I want you to show me. I wanna feel what love is, I know you can show me." (Mariah Carey - I Want to Know What Love Is)

- Tipo eu, você, a Giovanna e a ? - sorri, mesmo que meu desejo não fosse aquele.
- Não, boba, só eu e você. - aquelas palavras soaram como música aos meus ouvidos. Eu e ele. E só! Concordei com a cabeça sem saber o que dizer, afinal, meu cérebro havia parado de funcionar. Ele sorriu satisfeito e beijou-me a bochecha antes de murmurar um "Vai lá então, a gente se vê." Saltei do carro achando que poderia desmaiar naquele momento, eu estava me sentindo completamente feliz, eu poderia gritar, pular, enfim, parecer uma completa doida que eu não me importaria. Eu estaria saindo com , o meu sonho de vida, o meu herói, o meu ídolo e o melhor: meu amor platônico.
Entrei em casa e e conversavam no sofá da sala, bem, isso até eu apontar no cômodo e então elas pararam e sorriram para mim. , no seu estilo clássico, veio pulando até mim e me abraçou pelo pescoço, me fazendo ficar levemente sem ar e rir.
- Oi . - eu disse e ela, rindo, respondeu.
- , não mate a asfixiada. - ela limpou algumas lágrimas do seu ataque de riso. Realmente a cena era sempre cômica.
- Ok, - ela me soltou apertando de leve minha bochecha. - vamos subir? Quero que você me conte tudo sobre a sua tarde. - ela segurou minhas mãos e começou a balançá-las de um lado para o outro. Eu já disse que era maluquinha da cabeça? Pois é, ela era!
- Certo, certo, até mais! - acenei para e fui literalmente arrastada para o andar de cima. - Nossa, por que esse suspense todo? Poderíamos conversar na frente da sua mãe! - eu disse ao me sentar na cama de , sim, ela havia me arrastado para o seu quarto.
- Qual é, não queria que ela escutasse quando você dissesse que deu uns pegas no Dougie no sofá não é mesmo? - meu queixo caiu. Ela havia dito aquilo mesmo? Imaginei a cena: eu e Dougie nos agarrando no sofá enquanto continuava vidrado na TV (ou não) e e nos imitariam, fazendo o maior escândalo. Voltei ao presente balançando minha cabeça.
- Ficou louca? - eu disse ainda horrorizada, gargalhou.
- Com'on , eu sei que você bem que gostaria de ter feito isso! - ela deu um soquinho no meu ombro e eu ri ainda de boca aberta.
- Não , eu e o Dougie não temos mais nada, não seria justo com ele. - disse, mesmo que gaguejando em algumas partes.
- Você o considera como um irmão não é mesmo? - ela disse, agora sorrindo sincera e eu apenas concordei. - Eu acredito em você. Mas agora me conte, não me diga que eles quiseram assistir Guerra nas Estrelas?
- Acertou na mosca. - eu ri quando ela fez cara de tédio. - Quer ver seu irmão durante o filme? - saquei meu celular e entrei na pasta de fotos mostrando a ela a carinha fissurada de , fazendo-a rir descontroladamente.
- Oh. Meu. Deus. Como você conseguiu isso? - ela pegou o celular e olhou mais de perto.
- Simples, o ficou assim o filme todo. - eu disse como se fosse óbvio e devolveu o celular para mim. - Eles são quatro eternas crianças. - conclui sorrindo boba.
- Assim que é bom. Ser gente grande é muito chato. - torceu a boca e começou a rir em seguida.
- É por isso que gosto deles. - murmurei, mas ela me olhou.
- Ohhhh é verdade, você passou a tarde com seus ídolos, conte-me , como foi? - ela fechou o punho, fingindo ser um microfone e o apontou para mim.
- Muito bom, srta. , devo dizer que esse é o sonho de toda fã e me senti honrada em poder realizá-lo. - me ajeitei e disse de maneira formal, nós duas rimos.
Voltei ao meu quarto e fui tomar um banho, quando saí, meu celular vibrava insistentemente sobre minha escrivaninha. Segui até ele e o abri dando de cara com uma SMS de número desconhecido. Selecionei para abrir a mensagem e lá dizia:
"Sábado, eu e você, às 15 horas. Passo aí pra te pegar. xx"
Sorri involuntariamente, é claro que aquela pessoa era ninguém menos do que . Faltavam alguns dias até a praia e eu já me sentia nervosa...era de se esperar que eu encarasse tudo aquilo como uma dose merecida de sorte. Era só esperar e torcer para que assim continuasse.

Cap. 55 - "That's what girls do. They keep you guessin' the whole day through. Play your emotions, push all your buttons it's true. That's what girls do." (Hilary Duff - That's What Girls Do)

- ACORDA DORMINHOCA! - me levantei assustada com esses gritos, quase caindo da cama. Desenrosquei-me das cobertas e puxei meu cabelo para trás a fim de ver quem estava ousando me matar de susto.
- . - resmunguei, voltando a me cobrir, inutilmente já que ela puxou as cobertas de mim. Ótimo.
- Vamos bonitinha, dia das garotas! - ela levantou os braços para o alto, sacudindo-os. Eu ri, não tinha como ficar brava com ela. - Eu, você e mamãe vamos às compras. Você tem dez minutos. - ela disse e fechou a porta. Suspirei. Faltava apenas um dia para que e eu saíssemos e eu não sabia como me sentir. Digo, eu não sabia se ficava nervosa, se ficava feliz ou se ficava louca.
Sem muitas opções levantei-me da cama e me arrastei até o banheiro tomando uma ducha rápida. Sem querer chamar muita atenção vesti uma calça skinny jeans, uma blusa soltinha com uma pequena estampa da bandeira da Grã-Bretanha e vesti um colete preto por cima sem abotoá-lo. Calcei meu all star vermelho e coloquei uma headband branca, dei uma última olhada no espelho e peguei minha bolsa, saindo do quarto.
- Está uma gata! - disse, deixando o queixo cair um pouco. Ela vestia uma calça capri, tênis Puma e uma camiseta preta de manga sete oitavos com um decote em "V". Estava de cabelos soltos e algumas pulseiras no braço direito. Ela também estava linda, devo dizer.
- Você também. - disse fazendo um biquinho e rimos.
- Vamos meninas? - disse pegando as chaves do carro e nós concordamos, seguindo logo atrás dela para o lado de fora da casa. disse que iríamos à Primark e quase fez o carro tombar. Segundo o que elas haviam me contado, lá havia uma enorme variedade de roupas por preços absurdamente pequenos. É claro que meu dinheiro não era problema, mas eu realmente queria conhecer a loja porque, tratando-se de , eu poderia virar uma diva da moda com menos de cinquenta libras. É, ela era minha fada madrinha da moda e eu era grata por isso.
Cores e mais cores, corredores lotados de roupas e preços baixíssimos. Poderia parecer uma liquidação ou uma feira, mas era assim que a Primark se encontrava. me arrastava para todos os lados, empilhando roupas e mais roupas em meus braços, uma atendente até me ofereceu uma sacola que eu agradeci mais calma. nos acompanhava de longe, era quase impossível parar a pequena naquela situação. Eu apenas a seguia (lê-se: era puxada) para todos os cantos sem conseguir controlar a minha felicidade. No momento em que chegamos ao provador foi aquela discussão, nada grave, porém queria convencer a moça a me deixar entrar com todas as peças, sendo que o limite era de oito.
- Mas como vou poder testar todas as combinações? - argumentava com uma cara emburrada.
- Oh meu Deus, você é , irmã de ? - duas meninas se colocaram ao lado de que ainda fuzilava a moça realmente ofendida.
- Sou eu sim. - ela mostrou seu melhor sorriso.
- Tira uma foto comigo? - uma delas perguntou. Eram magras e tinham o cabelo castanho escuro repicado com uma franja de lado. Usavam calça skinny e pelo menos alguma outra peça xadrez. Enquanto a outra sacava a máquina da bolsa, a que estava ao lado de se virou para mim. - não é? - a outra parou de vasculhar a enorme bolsa para me olhar.
- Oh meu Deus, você é a ex namorada do Dougie e aquela que foi esfaqueada! - ela parecia chocada e eu sorri sem graça.
- Torcemos muito para que melhorasse. - a outra disse e sorriu animada. - Por favor, junte-se a nós na foto!
- Oh, - eu disse meio sem jeito. - obrigada! - entreguei as roupas que a moça havia se oferecido para segurar e me juntei à e a garota, dando meu melhor sorriso.
- Agora é a minha vez. - disse a que estava com a máquina na mão. Outra foto bateu e elas se despediram agradecendo a atenção. Voltávamos ao impasse do provador.
- Desculpe srta. , pode entrar com as roupas. - a moça disse com um sorriso que eu conhecia muito bem, era um sorriso de admiração, de fã.
- Obrigada. - disse surpresa e me puxou rapidamente para as cabines que quase não estavam cheias. Escolhemos um provador do canto, que parecia ser o maior, e ela me empurrou lá dentro abarrotada de roupas. - Vamos lá, não temos o dia todo. - disse imitando uma menina arrogante, o que nos fez rir.
As provas funcionavam desse jeito: eu colocava uma peça de baixo, como um shorts ou uma calça e ia mudando as blusas até que elas se esgotassem e chegássemos à conclusão sobre o que tinha ficado bom com o que, e o que nem tinha chance. Por fim, voltamos com três sacolas, duas para mim e uma para . Embora eu pensasse que fosse consumista, talvez eu estivesse certa, mas que também ela era bem exigente, ah, isso era! Mas eu havia curtido meu dia de compras, afinal, isso é o que garotas fazem não é?

Cap. 56 - "Open up your plans and damn you're free, look into your heart and you'll find love love love" (Jason Mraz - I'm Yours)

O celular tocou minha típica música para despertador. Sorri me espreguiçando, aquele era o grande dia. Honestamente não sabia o que esperar, mas tudo indicava que seria um dia com o qual eu sempre sonhara. Poderia tanto ser um dia fã-ídolo como poderia ser um dia -, isso só dependeria de nós e do que ele pretendia, claro. Por exemplo, se ele levasse um violão e me pedisse para escolher uma música eu escolheria qualquer uma, agora, se ele quisesse que fizéssemos tipo um "quiz" bom, aí eu seria obrigada a deixar meu lado "fãnática" aflorar. Ri com meus pensamentos absurdos e resolvi, por fim, me levantar de uma vez por todas. Era incrível como minha imaginação fluía horrores quando se tratava de .
Tomei café da manhã em silêncio, com medo de que, se abrisse minha boca, deixasse escapar algum de meus pensamentos absurdos sobre . Apesar de eu achar que não se importaria, ao menos devia algum respeito à , afinal, se eu era como uma filha para ela deveria ser, então, uma "irmã" para . Concordei em assistir "Deal or no Deal" com na televisão enquanto as horas teimavam em não passar. Eu me virava em todas as posições possíveis no sofá e acho que ela notava, pois virava a cabeça para o lado cada vez que eu pulava para mudar de lado.
- O que você tem hoje? - ela me perguntou, quando o comercial entrou, com aquele brilho de curiosidade no olhar.
- Não é nada. - desconversei rapidamente. Não sabia se havia comentado qualquer coisa com ela, então preferi não arriscar.
- Hum... - ela fez um barulho estranho com a boca e voltou a se distrair com a TV.
Quando deu meio dia, um cheiro de comida invadiu a sala nos deixando loucas de tanta fome. e eu ríamos das caretas que fazíamos conforme o cheiro ficava cada vez melhor. Então, a campainha tocou, o que nos surpreendeu de certa forma; a menina saltitou até a porta, contorcendo-se de uma maneira engraçada para abri-la.
- Mala sem alça! - ela gritou rindo. Gelei. O que fazia ali?
- Oi brasileirinha. - ele bagunçou meu cabelo e em seguida me deu um beijo no topo da cabeça. Naquele momento, senti cada músculo do meu corpo relaxar.
- Hey. - respondi com um sorriso inclinando minha cabeça para acompanhá-lo, mesmo que de cabeça para baixo, com os olhos seu caminho até a cozinha. Meu Deus, como ele ficava uma delícia naquele jeans claro totalmente caído. Dispersei meus pensamentos e voltei a encarar que havia voltado com um pulo para o sofá.
- Eu também me sentia assim quando era mais nova. - ela soltou sem mais nem menos, me fazendo encará-la com cara de interrogação. - , ele sempre me fez sentir segura e relaxada. - explicou-se e senti minhas bochechas queimarem furiosamente. Como ela havia percebido?
- Eu não, eu... - comecei a gaguejar sem nada em mente para contrapor. Ela estava certa, afinal.
- Tudo bem, eu o divido com você. - sorriu ingênua e eu retribuí seu sorriso. Mal sabia ela que não era daquele jeito que eu o queria.
- Então meninas, - sentou-se entre nós duas, só que no chão. - novidades?
- , por favor, você já se esqueceu do quão gay isso soa? - disse segurando-se para não rir, mas o irmão apenas deu de ombros.
- Então, , - ele enfatizou meu nome naquela voz perfeita, o que me fez arrepiar até o dedinho do pé. - alguma novidade? - olhou de esguelha para que apenas bufou. Eu achei graça, depois de tantos anos eles ainda pareciam duas crianças, como aquelas das fotos que eu tinha em meu computador.
- Bom, - comecei meio tímida. - um garoto me chamou para sair hoje à tarde. - sorri de canto e ele abriu o melhor sorriso que ele sabia dar. empoleirou-se no braço do sofá, curiosa.
- Acho que o conheço, - alisou o queixo mantendo o ar de mistério. - mas tenho certeza de que será um ótimo passeio. - sorriu novamente e permaneceu estática, extremamente curiosa pelo o que eu podia notar.
se levantou em silêncio e seguiu para a cozinha, sendo seguido pela irmã, parecia até que eles haviam combinado. Assim que a porta da cozinha bateu e voltou, já que não tinha tranca, me aproximei lentamente para ouvir sobre o que eles estavam conversando.

Cap. 57 - "Remember when we scratched our names into the sand and told me you love me" (McFly - Too Close For Comfort)

- Você sabia, mamãe, que vai levar para sair? - cutucou, mas eu sabia que não havia mal algum em suas palavras, pelo menos não para mim.
- Eu sou o cara da banda favorito dela, não questione meu cavalheirismo de popstar. - disse mostrando a língua, mas recebendo outra em troca.
- E você nem me convidou! - queixou-se, eu e rimos.
- O passeio não permite irmãs mais novas pentelhas. - disse rindo enquanto abria um dos armários com porta de vidro da cozinha.
- O que está fazendo? Os meninos vão com você? - ela havia se sentado na bancada de mármore e falava em alto e bom tom, denunciando-o à mãe. Não era por menos, ele estava segurando uma garrafa de vinho nas mãos.
- Não, mas preciso me divertir também não é? - novamente mostrou a língua e virou-se para ele. "Lá vem bronca." pensei, mas tudo o que ela fez foi rir.
- Oh , não beba na frente de , vai constrangê-la. - e então ela e começaram a rir descontroladamente e foi a vez de emburrar a cara.
Eu estava me divertindo do lado de fora, mas de repente havia me lembrado que precisava me arrumar para o passeio na praia. Como um raio, segui para o andar de cima e me arrumei mais rápido do que The Flash. Com uma blusa com decote em "V" deixando aparecer as alças de meu biquíni frente única e um short jeans, além de chinelos havaianas, desci para ajudar a colocar a mesa do almoço, mas não foi preciso. Ela já estava posta e com as travessas sendo colocadas.
- Uau, sempre uma gata. - soltou enquanto desviava de que voltava da cozinha com mais uma travessa fumegante. Sorri envergonhada ao que ele me olhou de cima a baixo.
- Nada mal, . - ele sorriu malicioso e, se eu já não estivesse totalmente no térreo, provavelmente já teria rolado escada abaixo com minhas pernas bambas.
- Obrigada. - disse e minha voz saiu praticamente em um sussurro.
- Está linda querida. - disse e todos puderam se sentar finalmente. Agora as horas pareciam voar e eu sabia que era o "causador" disso. Quando dei por mim, estava com a mochila nas costas, ouvindo as recomendações de enquanto ela me abraçava e a pelos ombros.
- Divirtam-se. - acenou e eu retribui assim que o carro começou a andar. Éramos, agora, apenas eu e e meu estômago já começava a dar voltas e mais voltas.
Por sorte, me distraía com a sua doce voz enquanto me perguntava coisas banais, mas que, para mim, soavam como perguntas realmente interessantes. Dentro de seu carro, a paisagem passava como leves borrões, mas que ainda assim me atraía para admirá-la enquanto o sol se preparava para se pôr. Estava tudo indo bem até agora, o vento batendo em meus cabelos e, consequentemente, em meu corpo, era perfeito para esconder o suor que emanava dele, parecendo encharcar o banco do carro de .
- Chegamos. - ele disse, depois do que me pareceu uma eternidade sem poder ouvir o timbre de sua voz. Então eu parei por um momento e passei a observar a praia a minha frente. Era perfeita. As águas estavam adquirindo um tom acobreado pelo sol que já alcançava o horizonte. Não havia mais ninguém ali, tanto que parou o carro a alguns metros, em um pedaço de asfalto que parecia servir para aquilo mesmo. Descemos nossas coisas e então eu reparei que ele havia trazido seu violão o que me fez sorrir. Andamos um pouco até ele dizer para parar, estendemos as toalhas e terminamos de colocar as coisas ao nosso redor. colocou o violão em seu colo e dedilhou algumas notas soltas, prendendo minha atenção nele.
- Está perfeito. - eu disse sem conseguir parar de sorrir.
- Vai ficar ainda melhor. - ele sorriu enigmático e meu estômago deu uma cambalhota, agora mais do que nunca, eu estava realmente preparada para tudo aquilo.

Cap. 58 - "You can be a sweet dream or a beautiful nightmare, either way I, don't wanna wake up from you" (Beyoncé - Sweet Dreams)

Assistimos ao pôr-do-sol em meio às risadas que dávamos ao nomear as formas estranhas que as nuvens adquiriam, além do tom rosado conforme o sol repousava sobre o mar. Já havíamos beliscado pelo menos um pouco de tudo que havia ali, desde salgadinhos, lanches naturais e até mesmo chocolate. É claro que não poderíamos perder a hora do chá, como bons ingleses, então se preocupou em trazer uma térmica com água quente e dois saches sabor Cranberry com Romã [n/a: Gente, quem nunca tomou esse chá eu recomendo, é muito gostoso! :B] além de saches de açúcar e colheres. Meu Deus, esse havia trazido a casa em sua mochila!
Mentira, ele sabia arrumar, e muito bem, as coisas no pequeno espaço que ele tinha, coisa que eu jamais me imaginaria fazendo, pelo menos não com sucesso garantido. Para meu fascínio, não havia ficado grudado com o violão como eu havia imaginado, pelo contrário, havia deixado-o na areia, solitário, enquanto entrosávamos conversando animadamente. Ele sabia puxar um bom papo sem parecer cansativo ou sempre na mesmice. Não havia tocado no McFly, a não ser vez ou outra, mas ele se interessava mais no Brasil, minha vida, as minhas dificuldades do intercâmbio. Era bom conversar com ele, mesmo que fosse sobre o clima, ele parecia ser minucioso ao contornar os assuntos que sabia que me deixariam triste ou meio óbvios.
Havia algum tempo que ele olhava a garrafa de vinho dentro da mochila, parecendo acanhado para pegá-la, então eu mesma me arrisquei.
- Vamos ver o que mais temos na fantástica mochila de . - brinquei colocando meu braço dentro, fingindo que fosse funda o suficiente para que entrasse até quase meu ombro. riu um pouco nervoso. - Oh, o que temos aqui, uma garrafa de vinho! - analisei o rótulo, mas nada poderia extrair de lá visto que estava escrito em outra língua, não sendo inglês, claro.
- Me dê a garrafa, crianças não podem tomar. - ele disse brincalhão em um momento de distração minha e tomou a garrafa de minhas mãos.
- Ao que eu sei Mr. , você também é uma criança. - puxei-lhe a garrafa de volta e a coloquei no meio, enterrando parcialmente na areia. Ele fez bico, deixando aquelas bochechas rosadas inflarem, uma graça!
- Ok então. - pareceu concordar por ora. Bem, disse por ora, pois no segundo seguinte ele estava entornando a garrafa no gargalo mesmo. Olhei horrorizada para ele que limpou os lábios com as costas da mão e deu de ombros. Limitei-me a dar de ombros também, talvez fosse divertido vê-lo bêbado. É claro que da última vez que isso acontecera eu quase havia sido estuprada por ele e os garotos, mas talvez um fosse mais indefeso do que quatro.
- Hey, tudo bem? - ele perguntou estalando os dedos na minha frente e só então percebi que havia entrado em meus devaneios.
- Claro, apenas consultando velhas memórias. - sorri sem graça e ele arqueou a sobrancelha. Jesus, não faça isso comigo!
- Boas? - tomou mais um longo gole da garrafa e me senti salivar. Então era isso, eu queria me embebedar com ele.
- Claro, não vale a pena se lembrar das ruins, a não ser que seja para não cometer os mesmos erros. - disse me sentindo A filósofa e ele acabou por rir. Poxa, assim ele acabava com o meu crédito! Dei um soquinho em seu braço e ele gemeu em protesto. O que o mundo tinha contra mim naquele dia? Parecia tudo estar conspirando, ele queria que eu o agarrasse era isso? Porque eu não estava muito longe de fazê-lo, não mesmo. - Me dá um gole. - puxei a garrafa de sua mão com força e virei um grande gole, sentindo a paisagem rodar um pouco quando voltei a cabeça ao normal, trazendo a garrafa comigo.
- O que está fazendo? - ele disse bravo, mas dava para ver que já estava um pouco alterado. - Menina má! - enterrou a garrafa entre nós.
- Oh e eu sou. - sussurrei para mim mesma, mas o silêncio era tanto que, se não fosse pela leve brisa e as ondas do mar, tenho certeza de que meu sussurro pareceria mais um grito. fingiu ignorar, mas eu sabia que ele havia escutado o que me fez sorrir por dentro. Ele pegou o violão, finalmente, da areia, dando-lhe uma leve sacudida para tirar os grãos que a brisa havia depositado sobre a madeira escura.
- Então, o que vai querer? - antes que ele o apoiasse no colo, peguei o instrumento e o apoiei sobre minhas coxas.
- Quero que você me ensine. - disse determinada. me olhou surpreso, mas aproximou-se de mim, ficando mais próximo das minhas costas, a respiração quente dele e levemente aromatizada de vinho me fez arrepiar. Sairíamos com a dignidade inteira dali?

Cap. 59 - "I wanna kiss you, but if I do then I might miss you, babe" (Lady Gaga - Love Game)

Dedilhei qualquer coisa, querendo que se parecesse com os acordes iniciais de Star Girl, mas falhei veemente. riu atrás de mim e eu ameacei dar-lhe uma cotovelada no estômago. Talvez o vinho me deixasse agressiva, talvez não.
- O primeiro acorde é este aqui. - com sua mão direita, ele tocou a minha, que naquele momento estava gelada, posicionando meus dedos de acordo com as cordas a serem pressionadas. A cada respiração de meu corpo dava leves choques que iam se espalhando, começando da nuca e indo para todas as partes.
Eu mal me concentrava no que ele dizia, parecia estar em um mundo paralelo, atendo-me apenas aos meus pensamentos que entravam em conflito sobre me aproximar perigosamente de ou não. Quando ele se afastou, entretanto, eu permaneci curvada ao violão, então ele riu e disse para eu relaxar e entregar-lhe o instrumento. Ele o pegou, mas não sem antes dar outro gole no vinho, estendendo-o para mim em seguida, o que eu não recusei.
Os acordes se pareciam com os quais ele havia tentado me ensinar minutos antes, só que agora eram muito bem executados. Sua voz ecoou pela praia carregando os versos de Star Girl e eu o acompanhava cantando apenas os "Ooh", muito desafinados por sinal, mas que nos rendiam boas risadas. O céu estrelava-se lentamente enquanto as nuvens abriam espaço, indo para bem longe de nosso campo de visão; ao que ficava mais escuro, eu e acendíamos os lampiões que ele havia trazido já que, segundo ele, não se podia fazer fogueira na praia, o que o fez resmungar e, consequentemente, rir por conta do nosso alto nível de álcool no sangue.
Eu estava encostada em seu ombro direito, de costas para ele e com a cabeça inclinada para trás observando as estrelas e murmurando palavras que não faziam sentido, mas que eram completamente engraçadas.
- Ih, acabou. - foi virar a garrafa de vinho, mas estava vazia. Não consegui conter o riso, já que estava bem alta. Ele, como não estava muito diferente, pôs-se a rir comigo. Colocou o violão de lado e ficamos em silêncio por algum tempo. Eu mexia na borda de uma das toalhas sem perceber, ou fingindo não perceber, que seu olhar estava focalizado em meu rosto parcialmente iluminado pelos lampiões e os cabelos formando uma sombra ainda maior, visto que alguns fios de minha franja insistiam em ficarem próximos aos meus olhos. Ele, para minha surpresa, ergueu uma de suas mãos e tocou meu rosto, tentando prender os fios rebeldes, o que me fez fechar os olhos e sorrir.
- Não adianta. – eu disse, visto que era uma batalha perdida. Segurei em seu pulso e abri os olhos lentamente, ele ainda me encarava com aqueles olhos enormes e maravilhosos dele, os lábios haviam acabado de ganhar uma camada brilhante, visto que ele passara sua língua por ali, prendendo minha atenção momentaneamente. Seus dedos ainda estavam paralisados sobre minha pele corada o que me fazia titubear sobre qual seria seu próximo movimento. Soltei seu pulso um pouco sem graça, mas ele não se deixou abater, em um piscar de olhos estava mais próximo que da última vez, o que me fez ficar ansiosa. Minhas pernas estavam jogadas para trás, mas um de meus braços pousava sobre elas, o que me fez sentir a inquietação de meus pés, que se mexiam. Era assim que eu ficava quando estava nervosa ou esperando por algo.
Mais rápido do que uma batida de coração, senti seus lábios se chocarem contra os meus, lábios quentes e úmidos movimentavam-se sobre os meus secos, mas sedentos. Por um momento senti a cena congelar, era como se eu tivesse parado no tempo, na primeira sensação que havia sentido e, puxa, era incrível! deslizou sua mão até encontrar meu pescoço, onde ele o envolveu e deu um leve apertão, como se pedisse para que eu reagisse. Mas talvez eu não conseguisse, talvez eu só ficasse ali petrificada com os fatos ecoando em minha cabeça atordoada: " está te beijando, está te beijando...." No segundo apertão, percebi que, além disso, ele pedia passagem com sua língua e dessa vez eu não vacilei, abrindo minha boca levemente. Estávamos bêbados, no meio de uma praia deserta e nos beijando. Aquilo definitivamente não estava na minha lista de sonhos tresloucos. E era disso que eu gostava, do improvável.
Com o meu resquício de sanidade pude perceber que meus pés ainda se mexiam, inquietos e me amaldiçoei mentalmente por isso, mas não foi necessário medidas drásticas, ao que usou sua outra mão para tocar meu braço e, ali, abrir espaço para tocar minha cintura. Eu realmente não tinha mais motivos para me mexer freneticamente. Seu toque era como morfina para os meus músculos, eles simplesmente adormeciam de uma maneira tão boa que nem meu estado alcoólatra parecia um problema. Seus dedos grandes faziam carinho sobre a pele levemente descoberta pela camiseta o que me deixava cada vez mais ensandecida, seu toque era bom e delicado o que me deixava ainda mais louca e isso se refletia na maneira como eu respondia ao seu beijo. Nossas línguas pareciam sincronizadas, não era um beijo de bêbado, muito pelo contrário, parecíamos fazer aquilo há muito tempo o que me deixou levemente assustada. Eu já havia beijado e não me lembrava? Não era possível, seu beijo era único.
Ele finalmente desceu a outra mão para minha cintura, moldando-se à ela e aquecendo-a levemente, suas mãos eram grandes e suaves, estavam me deixando louca. Subi meus braços para abraçar seu pescoço e isso pareceu o sinal verde para que ele tentasse algo mais ousado. Ajoelhada sobre a toalha, vi meu corpo ser puxado para cima do dele, podendo então sentar-me em seu colo. Aquela era a melhor sensação de todas. Seus braços me envolveram protetores, e sua mão ousou vasculhar por debaixo de minha blusa. Um gemido escapuliu de minha garganta e eu franzi a testa. Que não o interpretasse como um aviso para parar.

Cap. 60 - "We're partners in crime, you got that certain something, what you give to me, takes my breath away" (Aerosmith - Cryin')

Eu tinha medo de parar. Tinha medo de desviar de seus lábios para outra parte de seu corpo. Estava extremamente tensa, embora seus lábios me acalmassem. se deitou na toalha, me puxando consigo, senti algumas mechas de meu cabelo caírem sobre seu rosto e fiz o máximo para colocá-las para trás. Levantei-me um pouco para tirar minha camiseta, ficando só de biquíni. Encarei um pouco envergonhada, mas ele só deslizou as mãos pelas laterais do meu corpo e me puxou de volta para o beijo.
Nos viramos de lado, invertendo as posições e foi a vez dele tirar a camisa. Por um momento esqueci que eu tinha 15 anos e ele, 24. Envolvi meus braços ao redor de seu pescoço quando nossos lábios voltaram a se tocar com urgência, sua pele em contato com a minha surtia um efeito hipnotizante. Arranhei de leve suas costas largas e isso me deu uma sensação maravilhosa de conexão. sustentava seu peso e seu beijo era um pouco mais voraz, mas eu não me importava, estava bom e nós dois estávamos gostando.
Não faço ideia de quanto tempo ficamos ali nos beijando, a única coisa que sei é que caímos no sono de repente, como se o cansaço fosse súbito. Senti a claridade imensa me atingir nos olhos fechados e franzi o rosto, abri levemente e percebi que já era de dia. me abraçava pelos ombros com um braço enquanto com o outro envolvia minha cintura. Havia sido uma boa ideia trazer uma manta, já que o clima inglês não perdoava, ainda mais nós dois que estávamos semi-nus. Direcionei meus olhos para seu rosto e não pude deixar de sorrir, a expressão estava angelical enquanto ele dormia e eu não queria interromper aquele momento. Mas, como estávamos praticamente em um espaço aberto, era necessário antes que alguém nos descobrisse, então eu o cutuquei levemente pelo ombro, sentando-me em seguida. Sabia que ele não teria nada além de uma bela ressaca e eu realmente não queria conversar sobre a noite anterior, pelo menos não por enquanto.
- Hey. - disse ao que ele acordou. - Dormiu bem? - já havia vestido minha regata e tentava dar um jeito em meu cabelo, se sentou coçando os olhos e espreguiçou-se.
- Sim, mas agora estou com uma ressaca daquelas. Você? - finalmente olhou para mim e sorriu.
- Bem também. - sorri de volta e ele beijou minha testa. Nos levantamos e guardamos as coisas, seguindo para o seu carro.
- Que tal um café para amenizar a ressaca? - perguntou enquanto colocava a chave na ignição.
- Parece bom. - sorri e coloquei o cinto. Ele se lembrava de que havíamos tomado um porre, mas quanto ao nosso amasso, nada. É claro que eu não poderia ficar chateada com isso, havia sido uma atitude irresponsável e, na pior das hipóteses, tomada no calor do momento. Agora nada restava além do arrependimento, bom, isso seria amenizado se ele tivesse dito apenas uma palavra sobre isso. Mas ele não o fez. Deu partida no carro e saímos de volta para a cidade.
Na primeira Starbucks que encontramos, estacionou o carro e saímos em direção à loja. Alguns fotógrafos tiraram fotos de nossa entrada, estávamos de touca e óculos escuros além de leves jaquetas para não parecermos tão despojados, me abraçava pelo ombro, tentando evitar que eu saísse nas fotos, mas aquilo era inútil. Eu, por outro lado, soltava um risinho levemente tímido, só para não sair com a expressão pior do que já estava. Nos sentamos em uma das mesas até que uma das atendentes apareceu e nos atendeu. pediu um frapuccino de chocolate e eu, um de baunilha. Não falamos nada por um bom tempo, na verdade, até que nossas bebidas chegassem.
- Desculpe pelos papparazzi. - ele disse ao tomar um gole.
- Não tem problema, acho que já me acostumei. - dei um sorriso de lado. Minha língua coçava para conversar sobre a noite anterior, mas deixaria que ele começasse o assunto.

Cap. 61 - "See you messed up my mental health I was quite unwell" (Lily Allen - Smile)

Mas ele não começou. Terminamos nosso café e seguimos pela estrada, silenciosos. Eu estava confusa, chateada e, até certo ponto, irritada. Será que só eu me lembrava da noite passada? Ou ele estava tentando abafar, caso eu o acusasse de pedofilia? Ah, qual é?! Ele era , meu ídolo e amor platônico. Morava na casa dos pais dele e tinha total acesso a ele e à banda. O que mais eu poderia querer? Dinheiro? Ele que não pensasse assim, pois eu ficaria extremamente ofendida.
- Quer passar o dia em casa? - perguntou ele de repente, me pegando de surpresa.
- Mas... e ? - droga . Fica quieta!
- Está fora da cidade em um trabalho, não volta antes de oito dias. - ele sorriu de canto me distraindo por longos segundos.
- Então por mim tudo bem.
- Se ela estivesse em casa você viria? - provocou e, naquele momento, me esqueci completamente da raiva que sentia dele minutos antes.
- Não gosto de incomodar. - me esquivei. Deus sabe a vontade que eu tinha de xingá-la até o último nome possível.
- Entendo. - ele disse com um toque de diversão na voz. Eu sabia que ele estava se segurando para não rir, mas o que eu poderia fazer? Alguns minutos depois e já entrávamos na rua de sua casa. - Então, o que vai querer fazer?
- Não sei, a casa é sua, por que não sugere algo? Eu te sigo. - sorri um pouco envergonhada. Uau , que tal subirmos para o seu quarto e terminarmos o que começamos na praia? Não, , foco! Foco!
- Oh não, você não deveria ter dito isso. - ele riu enquanto inclinava a cabeça para trás. Oh. Meu. Deus. Não faça isso comigo, não deixe seu pescoço à mostra. É cruel demais.
- E por que não? - meu sorriso se alargou.
- Porque agora você vai me acompanhar em uma maratona De Volta Para o Futuro. - seu sorriso tornou-se maléfico.
- E quem disse que eu vou? - dei um passo para trás, apoiando-me no corrimão da escada que estava logo atrás de mim.
- E quem disse que você não vai? - ele deu um passo na minha direção ao mesmo tempo em que dei outro.
- Só se você me pegar. - dito isso saí correndo pela casa gritando enquanto ele fazia uns sons estranhos na boca. O primeiro alvo foi a mesa da sala de jantar, acho que demos pelo menos umas três voltas ao redor dela até que eu me desviei e fui para o sofá. Nesse, nenhuma volta foi necessária, pisou sobre ele, atravessando-o mais rápido do que eu imaginara.
Seguimos para o lado de fora da casa, o quintal era enorme, mas só a árvore ali seria um bom alvo de fuga. Corri até ela, mas me alcançou no meio do caminho. Colocou-me sobre um de seus ombros e, enquanto ríamos, ele me levava de volta para dentro da casa. Entrando na cozinha, ele me colocou sentada sobre um dos bancos que lá havia e recuperamos nosso fôlego.
- Nossa, você realmente me cansou. - ele colocou a mão sobre o peito, rindo enquanto ofegava.
- Eu sei. - pressionei levemente minhas têmporas, pois estavam pulsando. - , acho que não dormi muito bem na praia. Se importa se eu descansar um pouco? - perguntei sem jeito.
- Claro, pode subir, segunda porta à direita. Fique a vontade. - ele sorriu e beijou minha testa.
- Ok, então... te vejo mais tarde. - parei na ponta da escada e acenei para ele, que ainda estava na cozinha. Subi lentamente, aproveitando cada degrau da escada, analisando cada detalhe dos quadros que acompanhavam a escada, formando um zigue-zague gracioso.
Contei as portas. Uma. Duas. À Direita. Estava encostada, então tudo o que precisei fazer foi empurrar levemente a porta branca e me deparei com um simples quarto de hóspedes. É claro que estava um pouco bagunçado, mas havia algo no closet que chamou a minha atenção. Caminhei até ele, na parede esquerda, e acendi a luz que ali dentro havia.
Era como se fosse um santuário do McFLY com várias fotos deles mais novos. Fotos exclusivas de sessões que eu nem imaginava conseguir um dia pela internet! E estava tudo ali, junto com vários álbuns e CDs nomeadas com letra de mão. Analisei algumas delas, eram demos! As demos mais antigas, do primeiro ao terceiro CD... aquilo era fantástico! Mas... será que me deixaria vê-las?

Cap. 62 - "Tripping out, spinning around, I'm underground, I fall down, yeah, I fall down" (Avril Lavigne - Alice)

Decidi sentar-me na cama e trazer algumas das coisas comigo, precisava olhar aquilo mais de perto. Mal dava para acreditar! Eu tocava cada objeto como se fosse sagrado, mas a verdade era que eu queria gravar na memória tudo aquilo.
- Vejo que você encontrou o santuário do McFly. - abriu a porta me dando um enorme susto e quase me fazendo cair da cama. - Desculpa, eu não quis te assustar. - ele riu junto comigo e sentou-se ao meu lado na cama.
- Isso daqui é objeto de desejo de muitas fãs! - Eu peguei algumas demos e coloquei entre nossos rostos com os olhos esbugalhados. riu.
- Eu sei, por isso fica na minha casa, em um quarto à prova de fãs! - ele deu um sorriso enviesado parecendo seguro de si.
- Acho que está se esquecendo de algo, Mr. Sherlock Holmes, - eu sorri maliciosa. - eu sou uma fã.
- Oh não, - ele bateu na testa fingindo preocupação. - por favor, senhorita, tenha piedade de nossa coleção! - inclinou-se tocando minhas coxas enquanto parecia estar me venerando. Eu comecei a rir.
- Com uma condição. - cruzei os braços e ele virou a cabeça levemente, o suficiente para me olhar. - Você tem que me deixar passar essas músicas para o meu iPod, eu prometo não passar para ninguém. Se você quiser, pode passar até, assim eu nem mexo.
- Fechado. - endireitou-se e esticou a mão, a qual eu não recusei. - Vejo que você não está mais cansada. - ele arqueou uma sobrancelha sorrindo de canto e senti minhas bochechas queimarem.
- Definitivamente não, principalmente com todo esse material dos sonhos bem na minha frente. - o problema foi que eu me esqueci de medir as palavras antes mesmo que deixassem meus lábios. Eu poderia estar roxa de vergonha, porque a expressão que se formou no rosto de foi impagável. Ele pensava que eu estava falando dele! E, vendo a maneira como eu havia colocado na frase, ele tinha razão. - Desculpa , eu não... - não consegui terminar a frase, eu estava muito envergonhada.
Analisei sua expressão mais uma vez, ele estava ali, eu estava aqui... a distância poderia ser eliminada com uma aproximação rápida. Eu tinha a minha chance e ele não parecia muito preocupado com isso. Coloquei meu peso sobre a perna que eu mantinha dobrada a frente do meu corpo e, com isso, dei um impulso em sua direção, onde eu o abracei e tão logo grudamos nossos lábios.
Era loucura, pode dizer, mas assim que senti suas mãos invadirem minhas costas, um pouco do meu medo se esvaiu. Eu disse um pouco. Não sei quanto tempo ficamos assim, no meu êxtase não dava para contar, apenas sentir. Quando me empurrou pelos ombros eu não sabia para onde olhar, queria olhar em seus olhos e, com muito esforço, assim o fiz.
- O que foi isso? - ele perguntou ofegante tocando os lábios vermelhos.
- Me desculpe. - disse automaticamente, a verdade era que eu não tinha nada do que me desculpar.
- Por que você fez isso? - seu tom estava mudando e eu podia reparar, franzi minha sobrancelha.
- Mas ontem você... - eu comecei, mas não me deixou terminar.
- Ontem eu estava bêbado, , não justifica nada. - então ele se lembrava. E não havia comentado nada por vergonha pelo jeito. Qual é? Só porque tinha beijado uma adolescente de 15 anos? Por favor...
- Mas nós... - tentei mais uma vez e então ele disparou a falar.
- Deus, onde eu estava com a cabeça em te levar para aquela praia? Nós ficamos bêbados, qual é a prudência disso? - o que estava acontecendo com ele? havia se levantado da cama e andava de um lado para o outro, fazendo gestos largos.
- , essas coisas acontecem, eu... - tentei me justificar, mas ele parecia uma bomba-relógio. parecia desabafar, mas estava fazendo isso para a pessoa errada.
- Céus eu fui beijar uma fã! - ele riu sem humor algum sem me olhar. - Uma fã que deu sorte e foi morar com os meus pais. - meu peito se apertou, o que ele estava dizendo?
- ... - minha voz saiu diferente, machucada, falha.
- Qual o sentido disso tudo? - cada palavra era como um soco no estômago, eu só conseguia me encolher mais e mais. - O que eu estou fazendo, onde eu estou com a cabeça? É só uma fã! - Só uma fã. Esse trecho repetia na minha mente enquanto eu sentia as primeiras lágrimas apontarem.
- Você não estava bêbado, , e eu sei disso porque foi só uma garrafa de vinho. Quero dizer, olha a merda do seu tamanho, isso não afetaria nem o menor dos seus músculos. - protestei, finalmente chamando sua atenção. Eu estava em pé ao lado da cama, embora achasse que minhas pernas fraquejariam a qualquer momento. - Não pode negar que gostou e não me parou quando teve oportunidade. Isso que está batendo em você é culpa, culpa por manter um relacionamento que não te faz mais feliz. Eu vejo medo em seus olhos, medo de largá-la por uma fãzinha de nada. - da onde eu havia tirado tudo aquilo? Deus, eu estava realmente irritada.
- ... - ele apaziguou a voz, mas isso não me impediu de terminar.
- Eu realmente espero que você seja feliz nesse mundo de fantasia em que você vive, espero que você consiga enganar muitas pessoas com esse teatro, porque a mim você não engana mais. - andei apressada até a porta e desci as escadas correndo. Ele não me chamou, não tentou me impedir.
Era oficial: eu estava desistindo do meu sonho, do meu ídolo, de tudo. Eu queria ir embora, e o mais rápido possível.

Cap. 63 - "The time has come to say goodbye, the sun is setting in the sky, the truth turned out to be a lie, it's over, over" (McFly - The Last Song)

Peguei um táxi aos prantos, disse ao motorista, trêmula, o endereço e encostei a cabeça no vidro, chorando amarguradamente. Cheguei em casa e subi correndo para o meu quarto, precisava ligar para minha agente dizendo que queria ir embora.
- Hey, o que houve? – entrou no meu quarto enquanto eu procurava por meu celular. Ela sentou-se ao meu lado e pegou em meu queixo.
- Eu quero voltar para casa. – disse num murmúrio.
- Mas por quê? O que aconteceu, fizemos alguma coisa? – ela preocupou-se.
- Não, eu só estou com saudades... – menti.
- Você estava tão bem na casa do agora há pouco, - ela parou um momento, acho que para pensar. – o que ele te fez? – seu tom enraiveceu.
- Nada. – Tudo, era a resposta certa.
- Você gosta dele não gosta? – perguntou sem mais nem menos. Ergui minha cabeça e a olhei parando de chorar um minuto. Balancei minha cabeça.
- Eu sinto muito, . – abaixei meu olhar. – Eu juro que tentei, mas ele estava no meu sonho.
- O que ele te disse? – parecia que ela não queria minhas desculpas, estava preocupada comigo.
- Disse que, - respirei fundo. – disse que isso tudo era um erro, que eu só era mais uma fã, mas com sorte por ter ficado na casa da família dele. – voltei a chorar. – , isso dói mais do que se eu tivesse levado um tiro. – coloquei minha mão no peito, me curvando enquanto um soluço se desprendia da minha garganta.
- Não fale isso ! – ela enxugou algumas lágrimas com o polegar. – Você quer mesmo voltar? Meu irmão é um idiota, mas ele não pode te fazer desistir do seu sonho assim! – ela estalou os dedos.
- Eu não posso... – disse num sussurro. Ela me abraçou.
- O que está acontecendo? – entrou no quarto.
- Ela quer voltar para casa, mãe. – disse triste ainda sem me soltar.
- Por que, meu bem? Não está feliz conosco? – ela colocou as mãos em meus joelhos e eu tirei meu rosto do ombro de para olhá-la.
- Não é isso , eu só...só... – pensei em contar do , mas não, era um golpe muito baixo.
- ...ela só sente saudade dos pais dela. – completou para mim.
- Mas só faltam quatro meses para o ano letivo acabar, você não quer esperar mais um pouco? – ela sorriu e eu neguei, depois de pensar por um momento.
- Desculpe. – voltei a chorar e as duas ficaram me consolando até que eu adormecesse.

['s P.O.V.]

Depois que saiu correndo de casa eu havia me tocado da besteira que havia dito. Era tudo mentira, eu a amava, até mais do que , em oito meses ela havia feito eu me sentir o garoto mais sortudo do mundo por ter uma “fã-irmã” ao meu lado. O telefone tocou, atendi rapidamente esperando ser .
- O que você fez ? disse assim que eu atendi. Sua voz estava trêmula.
- Sobre o que ? – é claro que eu sabia sobre o que era.
- Você tem noção de que ela estava chorando até agora? – sua voz se alterou e eu percebi que ela chorava. – Ela quer ir embora , disse que você a destruiu. – riu sem humor algum.
- Não, vocês não podem deixá-la ir. – me desesperei. – Eu fui um idiota, disse aquilo para ela e eu não sei por quê. Eu a amo. – sussurrei a última frase.
- Você a ama ? – ela perguntou sarcástica. – Não parece com tudo o que você disse.
- Eu sei , mas você precisa me ajudar. – eu estava mordendo meu polegar, precisava consertar aquilo.
- Se vira , ela vai embora amanhã, por que não usa esse seu cérebro minúsculo para concertar a burrada?
- Ótima idéia, - exclamei. – vou me esforçar. – comecei a pensar em algo.
- Ah, e sabe o que mais ? – ela disse triste. – me disse que preferia ter levado um tiro a sentir o que está sentindo. – e desligou.
Pronto, era tudo o que eu precisava para passar a noite acordado, sentindo meu estômago revirar e uma vontade enorme de chorar. O que eu havia feito? Era o que continuava a batucar em minha mente.

Cap. 64 - "Tell me how I'm supposed to breath with no air (air)" (Chris Brown ft. Jordin Sparks - No Air)

Eu estava terminando de fechar minha bagagem, não parava de chorar e tinha o olhar apreensivo, mas ainda sim sorria. Minha irmã resolvera ficar em casa, ela mal conseguia dizer uma palavra sem soluçar quando nos despedimos. Fui com o coração apertado para o aeroporto, estava desistindo do meu maior sonho visto que uma de suas partes havia sido destruída.

[’s POV]

havia sido um idiota e agora eu e meus pais pagávamos o preço, estávamos perdendo a . Ela era uma garota extraordinária, uma ótima amiga e irmã. Nunca havia sido tão feliz quanto eu fora nesses oito últimos meses. Eu não podia deixá-la ir, tinha que fazer alguma coisa ou eu nunca o perdoaria.
A campainha de casa tocou, fui atender a porta enxugando meu rosto na manga do moletom.
- Cadê ela? Cadê a ? – apoiou-se no batente desesperado, estava descabelado, com olheiras e todo amassado. Eu gargalharia, se a situação não estivesse tão pesada.
- Ela, a mãe e o pai já foram para o aeroporto. – disse sem emoção.
- , olha, me desculpa, eu sei que eu errei. – ele passou a mão pelo cabelo. – Mas eu a amo, só não fui corajoso o suficiente para lhe dizer, achei que tudo não passava de um amor de irmão, mas era muito mais do que isso.
- Eu hein , por que você está me dizendo isso? – me irritei. – 'Tá escrito na minha testa? – ele deve ter achado graça, porque começou a rir.
- , consegue segurar a ? Eu vou correndo para o aeroporto e vou dizer tudo isso a ela! – ele beijou minha testa e nem esperou eu responder para sair em disparada ao seu carro e arrancar dali.
- Tá né?! – dei de ombros e liguei para minha mãe. – Alô, mãe, segura a aí no aeroporto que tem gente querendo se despedir dela. – sorri e desliguei. Esperava que fizesse a coisa certa agora.

[’s POV]

Eu dirigia em alta velocidade, precisava chegar a tempo ou a perderia para sempre. Para sempre não, mas por um longo tempo, que eu nem gostava de pensar. O aeroporto estava lotado e eu pouco me importava que alguma fã me reconhecesse, precisava achar minha pequena.

If I should die before I wake
[Se eu morrer antes de acordar]
It's cause you took my breath away
[Isso foi porque você tirou a minha respiração]
Losing you is like living in a world with no air
[Perder você é como viver em um mundo sem ar]

- ! – a achei, saí correndo em disparada, ela ainda não tinha me escutado. – ! – pronunciei um pouco enrolado, mas não me importei. Metade do aeroporto me olhava.

I'm here alone
[Eu estou aqui sozinho]
Didn't want to leave
[Não queria partir]
My heart won't move, it's incomplete
[Meu coração não se moverá, está incompleto]
Wish there was a way that I can make you understand
[Queria que houvesse um jeito que eu pudesse fazer você entender]

Ouvi alguém me chamar, pensei ser , mas ela havia ficado em casa e o aeroporto era consideravelmente longe. Ouvi de novo, uma voz meio enrolada, me virei lentamente e me esmagou em um abraço. Ao sentir seu perfume as lágrimas tomaram conta e eu comecei a chorar. O abracei com força, como se nunca mais quisesse largá-lo.

But how do you expect me
[Mas você espera que eu]
To live alone just me
[Viva sozinha, logo eu]
'Cause my world revolves around you
[Porque meu mundo gira ao seu redor]
It's so hard for me to breath
[É tão difícil para eu respirar]
- Não chore pequena, eu estou aqui. – ele disse afagando meus cabelos com a voz alterada também pela emoção. – Eu sinto muito por ter dito aquelas coisas horríveis a você. – ele beijou minha cabeça. Subi meu rosto para seu pescoço e encostei meus lábios em sua pele. Solucei alta e claramente. – Eu... – ele soluçou. – Eu te amo, . – disse simplesmente, como se apenas se tocasse naquele momento. – Quero que você fique conosco, comigo. – disse ele. Separei-me de seu corpo, seu rosto estava vermelho e as olheiras destacavam-se. Enxuguei seu rosto sorrindo fraco.

Tell me how I'm supposed to breathe with no air
[Me diga como eu vou respirar sem ar]
Can't live, can't breathe with no air [Não posso viver, não posso respirar sem ar]
That's how I feel whenever you ain't there
[É assim como eu me sinto quando você não está lá]
It's no air, no air
[Não tem ar, sem ar]
Got me out here in the water, so deep
[Me pegue aqui nesta água, tão profunda]
Tell me how you gon' be without me
[Me diga, como você vai ficar sem mim?]
If you ain't here, I just can't breathe
[Se você não está aqui eu não posso respirar]
It's no air, no air
[Não tem ar, sem ar]

“Última chamada para o vôo 357 com destino a São Paulo, Brasil, embarque no portão 5”.
Olhei para o balcão, depois olhei para , seus olhos me imploravam.
- Fica. – ele disse fraco. – Por favor. – completou. Aquelas palavras, lotadas de toneladas de sentimentos me atingiram em cheio. Sorri para ele e o abracei com força, indicando que eu ficaria.

I walked, I ran
[Eu andei, eu corri]
I jumped, I flew
[Eu pulei, eu voei]
Right off the ground to float to you
[Direto do chão para flutuar até você]
There's no gravity to hold me down
[Não há gravidade para me segurar]
For real
[Sinceramente]

But somehow I'm still alive inside
[Mas de alguma maneira eu ainda estou viva por dentro]
You took my breath, but I survived
[Você levou minha respiração, mas eu sobrevivi]
I don't know how
[Eu não sei como]
But I don't even care
[Mas eu nem me importo]

jogou a passagem longe sorrindo e a abraçou. Depois todos nós nos juntamos em um grande abraço e eu saí com ao meu lado, segurando em minha cintura.
Voltamos para casa e deu um grito ao me ver. Me esmagou em um abraço, como da primeira vez que eu a havia visto e ficamos juntas até o fim do dia, quando me roubou para subirmos para o meu quarto. Despertou-me um frio na barriga, o que ele queria conversar comigo?

So how do you expect me
[Mas você espera que eu]
To live alone just me
[Viva sozinha, logo eu]
'Cause my world revolves around you
[Porque meu mundo gira ao seu redor]
It's so hard for me to breathe
[É tão difícil para eu respirar]

Tell me how I'm supposed to breathe with no air
[Me diga como eu vou respirar sem ar]
Can't live, can't breathe with no air
[Não posso viver, não posso respirar sem ar]
That's how I feel whenever you ain't there
[É assim como eu me sinto quando você não está lá]
It's no air, no air
[Não tem ar, sem ar]
Got me out here in the water, so deep
[Me pegue aqui nesta água, tão profunda]
Tell me how you gon' be without me
[Me diga, como você vai ficar sem mim?]
If you ain't here, I just can't breathe
[Se você não está aqui eu não posso respirar]
It's no air, no air
[Não tem ar, sem ar]

- Eu quero que você vá morar comigo, . – ele disse sentado de frente para mim, com as mãos em meus joelhos.
- Mas e seus pais, a ? – perguntei, ficaria muito mal.
- Ela supera, - ele sorriu de lado. – vamos, eu te levo todos os dias para a escola, nós podemos sair para jantar de noite, e os caras podem até ir em casa. – ele animou-se, mas não, eu não queria me descuidar dos estudos saindo todo dia à noite.

Tell me how I'm supposed to breathe with no air
[Me diga como eu vou respirar sem ar]
Can't live, can't breathe with no air
[Não posso viver, não posso respirar sem ar]
That's how I feel whenever you ain't there
[É assim como eu me sinto quando você não está lá]
It's no air, no air
[Não tem ar, sem ar]
Got me out here in the water, so deep
[Me pegue aqui nesta água, tão profunda]
Tell me how you gon' be without me
[Me diga, como você vai ficar sem mim?]
If you ain't here, I just can't breathe
[Se você não está aqui eu não posso respirar]
It's no air, no air
[Não tem ar, sem ar]

- , - coloquei minhas mãos por cima das suas e seu sorriso murchou. – eu prefiro ficar aqui mesmo, é pertinho da escola, minhas amigas moram aqui e você pode me visitar sempre que quiser já que a casa é sua também. – sorri.
- Se é assim que você quer minha linda. – ele beijou minhas mãos. – Seu desejo é uma ordem. – segurou em meu rosto e me beijou delicadamente.

Tell me how I'm supposed to breathe with no air
[Me diga como eu vou respirar sem ar]
Can't live, can't breathe with no air
[Não posso viver, não posso respirar sem ar]
That's how I feel whenever you ain't there
[É assim como eu me sinto quando você não está lá]
It's no air, no air
[Não tem ar, sem ar]
Got me out here in the water, so deep
[Me pegue aqui nesta água, tão profunda]
Tell me how you gon' be without me
[Me diga, como você vai ficar sem mim?]
If you ain't here, I just can't breathe
[Se você não está aqui eu não posso respirar]
It's no air, no air
[Não tem ar, sem ar]

É claro que minha história não terminava por aí. e terminaram, e ele ficou solteiro pela primeira vez em muito tempo. Concordamos em não anunciarmos nosso namoro, mesmo porque ele era mais velho do que Dougie e poderia dar algum problema. Não que eu tivesse algo contra isso, por mim estava tudo bem. Continuei vivendo com minha segunda família e pedi que minha agente prolongasse meu visto para ficar lá por mais tempo até que tivesse um definitivo. Meus pais, é claro, me apoiaram e também estavam se preparando para se mudarem para lá comigo. Era o meu próprio final feliz. Mas, hey, quem disse que isso era um final? Eu tinha muito que viver e era isso o que eu faria.

FIM



N/a: A todas as leitoras que acompanharam Exchange Program nesses longos dois anos de duração, muito obrigada! Obrigada pelos incríveis comentários e me desculpem pela demora e pelos momentos sem atualização. Espero que vocês curtam o final e, é claro, comentem ainda mais! Nos vemos por aí! xx, Vê

N/b: Erros? Envie diretamente para mim em awfulhurricano@gmail.com. Não use a caixa de comentários, por favor. xx Abby

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