Eyes Of Despair
Por: Stelah
Beta: Nelloba Jones


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N/A: “Para aquele que domina meus pensamentos e invade meus sonhos.
Sei que vê amor com os mesmos olhos que vê o desespero.
Antes que um final feliz exista, estaremos a mercê de muitas tempestades...”



Meus olhos esbugalhados mirando o teto. Meu corpo quase paralisado por uma imensa dor. Uma poça de sangue me cercava, estava cada vez mais próxima do mais temido ser: o ceifeiro.
Os segundos não contribuíam em nada com minha dor infernal, passavam-se como horas e respirar estava cada vez mais difícil.
Sentia minha alma cada vez de mim mais longe. Ela parecia querer caminhar por outras bandas, num lugar distante dali. Talvez no céu, talvez no inferno, seja lá como eles o chamem.
Sua voz rouca, pelo tempo de prantos, quase que irreconhecível, fez-me desviar o olhar para um canto ainda mais escuro da sala. O garoto que me jurou amor eterno e por quem meu coração batia até aquele maldito momento, estava com uma faca em mãos, com sangue por toda a sua vestimenta.
- Eu não queria fazer isto, mas eles me mandaram. Eu não queria, mas ele quis. - ele repetia incontáveis vezes, mesmo que o soluçar atrapalhasse.
- Por que você fez isso, ? – sussurrei com as poucas forças que ainda tinha.
- Eu não queria, eu não queria, eu não queria! - seus olhos verdes voltaram-se para mim e ele pareceu se alterar. Gritos de raiva e arrependimento invadiram a sala vazia. - Eles disseram que era melhor para ela, mas eu não queria, mas ele quis, ele quis... Agora eu estou sozinho outra vez, de novo...
O corpo dele tremia e seu suor confundia-se com suas lágrimas e machas de meu sangue. Ele se balançava para frente e para trás, num movimento contínuo. Seus olhos cada vez mais distantes e ele parecia não estar na mesma realidade que a minha. A dor e desespero dele ardia mais que qualquer ferida minha.
- Vocês a tiraram de mim, tiraram! - falava com um outro alguém, ao menos era o que me parecia. Mas era um alguém, que aos meus olhos, não se podia ver. - Eu não queria machucar ninguém, mas eles mandaram e eu tive que fazer!
O garoto levantou-se apressado, jogou a faca no chão e colocou suas mãos no bolso, como se não se importasse com todo o sangue. Começou a andar em círculos, ainda repetindo seu discurso. Às vezes, passava as mãos no cabelo e mordia os lábios, como um tique nervoso. Eu já estava acostumada com isso.
Gritei, quase que o dobro que ele, até que minha voz desaparecesse. Seria diferente, agora no meu leito de morte eu não poderia ajudar meu então assassino. Não poderia levantar e abraçá-lo, consolando-o com um:
Ei, eu estou com você.
- Eu a amava, e agora? - foi o suficiente para acabar de destroçar meu coração. Minha morte seria seu fardo para o resto da vida.
A cada instante, eu me sentia mais perto da morte, mais perto do fim. Talvez fosse assim que se sentia, afinal, sua doença o deixava um passo a frente do desespero, um passo a frente da escuridão.
Seus gritos foram ficando cada vez mais baixos e, antes que se tornassem imperceptíveis aos meus ouvidos, ouvi um grito de pavor. E esta seria a última coisa que ouviria:
- Saia de perto dela, saia!
O garoto se ajoelhou diante de meu corpo e me abraçou com força, num gesto desesperado de proteção. Acompanhei seu olhar, em direção a porta e senti meu corpo esfriar de repente.
Minhas forças foram se esgotando e vi meu controle sobre meu corpo sumir, isso numa porção de segundos. Eu já não podia mais sentir seu toque.
E num olhar mais perceptivo, lá estava a morte diante de mim.


FIM

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