Fade Away
Beta-reader: Kath






11 de setembro de 2001. Sentado diante de sua mesa de trabalho, terminava um relatório que devia ter entregado há duas horas. Respirou fundo, salvou, e foi tomar um café. Junto à máquina de café, estava uma mulher de cabelos e , vestida numa camisa e saia lápis, no alto de um salto de cerca de 12 centímetros.
"Linda", pensou . É claro que ele pensou assim, era um dos poucos pensamentos puros que passava pela sua cabeça sempre que a via.
Nunca trocaram mais que algumas palavras no trabalho, ou então algumas risadas e olhares nas Happy Hours da empresa. Ele não sabia bem o que aquela mulher causava nele, e nem o porquê, mas aquele ar independente e sagaz dela o hipnotizava de tal forma que o tornava incapaz de pensar em algo que não fosse pelo resto do dia. Ele a assistiu tomar mais um gole da sua xícara de café, tomando um susto quando a mesma lhe dirigiu a palavra:
- Veio aqui tomar café ou ficar me admirando, ? - sorriu ligeiramente maliciosa, e sentiu um arrepio percorrer seu corpo.
- E o que te faz pensar que eu viria aqui ficar te admirando? - O homem arqueou as sombrancelhas e sorriu de volta, entrando na brincadeira.
- A sua cara de sonso enquanto me olha... Mas se isso te consola, ainda assim, você continua lindo! - a mulher gargalhou, e se dirigiu ao corredor, mas antes depositou um beijo na trave de , que ficou mais atônito ainda do que antes, sem saber o que fazer consigo mesmo.
"Que porra foi essa?" repetia para si mesmo, tentando entender o que acontecera ali. Tomou uma xícara de café sem realmente sentir o gosto, e voltou para sua sala, encarando suas mãos e pensando no que fazer. É claro que o estava provocando, é claro que ele queria mais que tudo ceder àquela provocação, mas o que ele não sabia era o que levava a garota a fazer isso.
"Ok, eu não sou feio. E nem pobre, mas, bem... Ela é gostosa! Quer dizer, o que ela veria em... Ah, não quer dizer merda nenhuma, eu vou entrar no jogo dela, quero saber o que ela tem na cabeça. E por baixo da saia." Sorriu para si mesmo, e saiu de sua sala em direção à de , sem saber bem o que faria ou diria. Ao chegar na sala, bateu na porta e ouviu um "Entre!" meio distraído.
- O que dese... Oi, ! - a expressão de , ao ver , mudou drásticamente, e seu olhar antes sério e distraído agora era uma mistura de indecisão e malícia, malícia essa que se confirmou no sorriso que se formava nos lábios da garota.
- Oi, . - a encarava, sem tentar reparar que na camisa de havia um botão a mais aberto, deixando à mostra mais do que devia do busto da mesma.
- Então, você veio até aqui para...?
- Não sei direito, acho que quis te admirar mais um pouco. - ao ouvir o tom ligeiramente irônico de , o sorriso nos lábios da mulher aumentou.
- Só admirar? - deu uma risada de leve, e ameaçou se levantar da cadeira, vendo engolir seco. Desconcertado diante da presença forte da garota, tudo o que foi capaz de fazer foi afrouxar o nó da gravata, apesar de, na verdade, ser
algo mais embaixo que estava apertado. Ao notar que o olhar de se localizava exatamente alí, engoliu em seco novamente, perdendo toda a pose de machão que havia planejado manter. "Mas com uma mulher dessas, quem se importa de ser submisso?" Levantando-se, arrumou seu decote e prendeu os cabelos. Foi andando em direção a , que se enrijeceu por completo ao vê-la mais perto, e não soube se se alarmava mais ou respirava aliviado ao notar que havia levantado apenas para trancar a porta da sala. Como estava de costas, não vira que a garota havia ido em sua direção, e deu um pulo ao ouvir a voz dela sussurrando em seu ouvido:
- Vai ficar aí parado com essa cara por mais quanto tempo? - as palavras de surtiram efeito imediato em , que se virou para ela e a empurrou lentamente até a parede atrás deles. Vendo a mulher tomar fôlego para falar mais alguma coisa, a interrompeu com um beijo violento e cheio de vontade. Em questão de poucos segundos, as pernas de já estava em volta do quadril de , suas unhas arranhando com força as costas do mesmo, enquanto o garoto pressionava sua ereção na intimidade de . Ao romper o beijo, passaram algum tempo simplesmente se encarando, e sorrindo cheios de malícia, ofegantes. Até que surpreendeu e, puxando levemente os cabelos da garota, a fez inclinar a cabeça, deixando o pescoço a mostra, onde depositou beijos, chupões e mordidas, enquanto sua outra mão brincava na barra da saia da mesma, fazendo-a gemer de impaciência. Sem soltar a mão dos cabelos de , o garoto a puxou para mais um beijo. Uma impaciente havia jogado o paletó de longe, e tentava desesperadamente abrir os botões da camisa do mesmo, mas estava trêmula demais para conseguir fazer isso direito. Ao perceber isso, sorriu e resolveu se aproveitar agora que finalmente estava no controle, e envolveu com as mãos os seios de por cima da camisa fina da a garota, que gemeu novamente, em aprovação. Rompeu o beijo e seguiu em direção a orelha da mesma, intercalando sussurros e mordidas. começou a abrir lentamente os botões da camisa de , e, enquanto isso, beijou-a
novamente, dessa vez com mais calma, fazendo isso sobrepôr-se à pressa da garota. colocou um fim ao beijo e sorriu.
- Vamos sair daqui, e ir para um lugar onde não corramos o risco de ser interrompidos. - grunhiu, mas concordou. Vestiu seu paletó, enquanto abotoava novamente sua blusa, e tentava inutilmente arrumar o cabelo.
Saíram da sala da garota se segurando, e a mesma riu baixo ao ouvir grunhir novamente quando a porta do elevador se abriu revelando que ali dentro já havia gente. Desceram mais de 30 andares até o primeiro andar, e não fazia ideia de como pretendia se esconder num prédio comercial com mais de 100 andares e milhares de pessoas andando por lá todo o tempo, mas sabia que ela devia ter um plano. E tinha. Quando viu que estavam sozinhos em um dos estacionamentos do prédio, a garota puxou pelo cós de sua calça até um cantinho onde ele jamais havia ido, e onde revelou uma porta entreaberta. Entraram no quartinho, que tinha algumas caixas empoeiradas e um sofá de couro velho.
A garota empurrou na direção do sofá e foi em direção à porta para travá-la.
- Você, fica aí. - riu e deu uma piscadinha, enquanto trancava a porta com a chave presa à fechadura no lado de dentro.
- Ah, mas vai estragar a brincadeira? - fingiu um tom frustrado ao ver a garota desabotoando a própria blusa e indo em direção ao sofá onde se encontrava.
- E quem disse que isso é estragar? Eu só estou agilizando as coisas. - e riu novamente, enquanto se sentou em cima de , posicionando-se em cima do membro rígido do garoto. Antes que pudesse pensar em qualquer coisa, já estava colando seus lábios novamente, enquanto suas mãos passeavam livremente pelo colo descoberto de , que soltava gemidos baixinhos aprovando. Num movimento brusco e inesperado, deitou no sofá e se colocou por cima dela, apoiando-se nos braços. A garota passou as pernas em volta do quadril de , puxando-o mais ainda para si e sorriu antes de beijá-lo com a mesma vontade de antes. Uma das mãos de puxava os cabelos de , enquanto a outra desceu devagar pelo peito do mesmo, e parou no cós da calça, onde o torturou até abrir os olhos e ver a expressão de súplica em seu rosto, convencendo-a a soltar o cinto que apertava a calça, jogá-lo longe e, em um movimento só, colocar a mão dentro da boxer, apertando com satisfação o membro rígido alí dentro, que gemeu antes de puxar para si novamente e começar outro beijo. Rapidamente, a garota deu um jeito de tirar a calça de e atirá-la no chão, rindo durante o beijo. Depois da calça, a camisa e a gravata foram as próximas a ficar jogadas no chão. Ficaram se provocando durante algum tempo,
até que interrompeu o beijo bruscamente, deixando encarando-o atônita, enquanto ele descia depositando beijos no colo da mesma, apertando de leve os seios da garota. Sorriu ao perceber que o fecho do sutiã se localizava na frente, e não hesitou em tirá-lo.
Apertou novamente os seios de , bricando com os bicos dos mesmos, há muito já enrigecidos de excitação. Continuou descendo, e lambeu de leve a barriga da garota, que se arrepiou imediatamente, fazendo-o sorrir novamente, enquanto assistia as reações de uma completamente entregue, sem entender direito que sensação inédita era essa de tê-la para si. Ao encontrar o zíper da saia que
a garota vestia, desceu o lentamente, e na mesma velocidade, deslizou a saia para longe dela. Depositou um beijo na virilha da garota, que gemeu novamente, sentindo-se torturada e fazendo sorrir mais ainda. Colocando devagar a mão
por dentro da calcinha de , sentiu o quão excitada ela estava, e, devagar acariciou aquela região, fazendo-a gemer mais ainda. Colocou parte de seu dedo indicador dentro da intimidade de , mexendo-o devagar, com o intuito
de provocar, e assistindo com satisfação os efeitos que seus movimentos causavam na mesma. Tirou a mão dali, ouvindo um grunhido em desaprovação de , fazendo-o gargalhar.
- O que isso tem de engraçado? - o olhar da misturava excitação e um pouco de frustração.
- Nada, eu só gosto de te assistir. - sorriu mais ainda. - Eu nem comecei.
E com essas palavras, antes que a garota pudesse revidar, tirou a calcinha de e rapidamente, posicionou seus dedos indicador e médio dentro da intimidade da mesma, fazendo a ofegar e gemer alto. Com movimentos
intercalados entre rápidos e lentos, descobria o que tirava aquela mulher, aparentemente tão inatingível, do sério.
Tirando os dedos de dentro de , abaixou a cabeça devagar, e beijou toda aquela região da garota, vendo-a ofegar e se arrepiar a cada movimento feito por ele. Ao invés de fazer o que esperava, se posicionou novamente
em cima da garota, e penetrou-a rapidamente, enquanto a mesma cravava as unhas em suas costas e gemia alto em seu ouvido.
O garoto queria acelerar o ritmo, chegar logo ao ápice, mas, ao mesmo tempo, queria que aquele momento durasse o máximo possível, então desacelerou os movimentos, provocando , cuja expressão implorava por mais velocidade e força.
Depois de mais alguns segundos assim, nem o próprio foi capaz de suportar, acelerando novamente as investidas, e sorrindo ao ver um sorriso satisfeito nos lábios de , que tentava inutilmente conter os gemidos, já tão altos que poderiam ser ouvidos por qualquer um do lado de fora do quartinho. A garota arranhava as costas e o peito de , puxava os cabelos do mesmo,
que a segurava pela cintura, apertando-a com força conforme as ondas de prazer e os arrepios percorriam seu corpo. Após mais alguns instantes, chegou ao seu ápice, e continuou até sentir se contrair com força e relaxar novamente, informando-o que haiva chegado ao orgasmo. Deitou-se ao lado da garota, onde ficaram se olhando com carinho e satisfação, incertos do tipo de sentimento esse momento havia de causar. acariciava o peito de , que mexia no cabelo da mesma. Não falavam nada, tudo o que queriam dizer estava no olhar, e palavras só serviriam para destruir esse momento tão único entre os dois. Alguns minutos depois, ouviram uma explosão alta, e sentiram o chão tremer. se levantou alarmada, vestindo-se rapidamente sem saber
o que acontecera.
- Fica aí, eu saio para ver o que aconteceu. - ao ver a garota assentir, se vestiu e saiu porta afora. Viu montes e montes de pessoas vestidas de terno correndo sem rumo, trombando entre si. Correu até um homem que, entre todas aquelas ali, parecia mais calmo, e tentou descobrir o que acontecera.
- Alô, moço, o que houve? - o homem o olhou espantado.
- Como assim o que houve? A torre 1 foi atacada por um avião, desabou, nós seremos os próximos! - a notícia atingiu como um soco no estômago.
- O senhor está falando sério?
- Mas é claro que estou, não vê essas pessoas correndo? Não vai adiantar nada, sabe. Todos aqui morreremos, não tem saída e nem luz no fim do túnel.
voltou correndo para o quartinho, onde trancou a porta e agarrou .
- O que aconteceu, ? - assustada, tudo o que a garota queria era uma resposta, mas simplesmente a abraçou e acariciou seus cabelos,
em choque.
- , por Deus, o que houve?
- Vamos morrer. - falou tranquilamente, mas lágrimas rolavam pelo seu rosto, diante da veracidade daquelas palavras, diante do fim eminente.
- Como assim, ? Morrer? - ao terminar a frase, ouviram um barulho ensurdecedor, e puxou para si novamente, colou seus lábios
e se deitou com ela no sofá. Sentiram o chão tremer como se acontecesse um terremoto, até que perceberam que o tremor vinha de cima, e que todo o
World Trade Center estava desabando sobre suas cabeças. A partir daquele momento, tudo aconteceu em câmera lenta.
se apertou nos braços de , chorando. Tudo o que ele fazia, era olhar para a mulher ao seu lado, angustiado. Então, as primeiras vigas
começaram a ceder, e depois delas, pedaços de concreto. Duas das paredes cederam, gritou, mas um pedaço de concreto a atingiu,
calando o grito em sua garganta. Antes que pudesse processar o que havia acontecido, a parte de uma das vigas de sustentação o acertou,
fazendo-o ficar desacordado. Talvez, aquele fosse o fim.

's POV

Eu acordei dolorida, sentindo como se o mundo inteiro estivesse sobre mim. E deveria estar. Eu e estávamos soterrados por não
sei quantos quilos de concreto, e, na verdade, eu não me importava com isso. Chamei por ele, e nada. Chamei novamente, e nada.
É claro, eu não tinha forças para gritar, mas tentei. Uma tosse incontrolável começou, e eu inalei mais pó do que você jamais vai ser capaz de imaginar. Cada movimento doía, mas eu precisava chamá-lo, ele precisava estar vivo. Ouvi gritos ao longe, e tentei responder, esses gritos chamavam por sobreviventes, e poderiam salvar , mas tudo o que consegui, foi tossir novamente. Então, ouvi a voz dele, ao meu lado, fraca, chamar.
- ? - senti meus olhos encherem de água.
- ? Estou aqui, como... Como você está? - ele precisava estar bem.
- Eu... Eu acho que não vou conseguir sair daqui. E você?
- Não importa. Eu não saio daqui sem você, e é só disso que você precisa saber.
Eu sabia que ele sorriu, mas sua voz não respondeu. caíra no sono novamente, e não havia nada que eu desejasse mais do que ver ele acordado novamente. Tudo em mim doía, cada partícula do meu corpo. Eu não abri os olhos, estava focando em ouvir.
Ouvi vozes gritando novamente, tomei fôlego e gritei "AQUI!" dessa vez sem tossir e nem falhar.
- Eu ouvi alguém chamar daquele lado, vamos! - ouvi a voz distante se aproximar, e gritei novamente.
- HEEEI! AQUI!
- Você está aí sozinha? - a voz agora estava bem perto, provavelmente só alguns quilos de concreto nos separavam. Tentei falar alto e claro. Até agora não sei como consegui.
- Não, tem um homem desacordado comigo, ele está mais ferido que eu, por favor, nos ajudem! - a ideia de estar ferido a ponto de não se salvar doeu mais do que todos os meus machucados e lesões por todo o corpo. Não era justo eu sair dali inteira e ele sem vida.
Eu não seria capaz de sobreviver com isso. A ideia daquele homem incrível morrer ali, do meu lado, não só incomodava, mas doía.
Não sei bem o quê, mas algo aconteceu dentro de mim, algo mudou durante nossos momento juntos nesse quarto que agora está reduzido a escombros. Ele causou em mim sensações que vão além do físico, eu me senti... Completa. É, acho que essa é a palavra certa. Ele me completou, e, saber que talvez ele já estivesse sem vida, era como se um pedaço de mim fosse arrancado.
Ouvi removerem pedaços de concreto, ouvi passos ao fundo, até que uma luz me atingiu.
- Nós estamos te vendo! Vamos remover mais alguns escombros e tentar chegar até vocês. Fique calma.
Ele não precisava me pedir para ficar calma, por mais incrível que pareça, eu estava numa calma que beirava a frieza. A linha que separava a minha calma, dessa frieza, era a minha vontade, a minha necessidade de estar vivo. Ele TINHA que estar vivo.
Ouvi mais alguns escombros serem removidos, e logo vi a luz do dia chegar até mim, e uma ponta de esperança se acendeu.
A gente não tinha ficado tanto tempo ali, afinal, então, mesmo que estivesse muito ferido, havia como ele sair dali
inteiro. Não havia? Novamente, mais pedras removidas, e a brecha de luz ia aumentando, até tudo ficar tão claro que me cegava.
As pedras continuaram a ser removidas, e vi então um homem de vermelho, com uma maca ao lado.
- Você, moça, fique calma, vamos te tirar daí. - espera, ME tirar daqui? Não ouviram que havia um homem comigo?
- Senhor, tem um homem comigo! Por favor, tirem-no daqui primeiro, ele está num estado mais grave que o meu, está desacordado! - e então eu ouvi a voz dele, mais fraca do que antes, falar.
- Vá, . Eles vão me tirar daqui também, relaxe. - ao ouvi-lo falar, entrei em desespero, ele estava morrendo, o que havia de incompreensível nisso? Ele tinha de ser retirado daqui primeiro.
- SENHOR, ELE ESTÁ MORRENDO, TIREM ELE DAQUI PRIMEIRO, POR DEUS! - consegui gritar novamente, mas dessa vez, com um acesso de tosse no final,
- Ok, vamos tentar retirá-lo, mas, por favor, mantenha a calma! - o homem pareceu alarmado.
Ouvi novamente o barulho de pedaços de concreto sendo removidos, e então uma máquina de quebrar pedras foi ligada, e logo fui capaz de ver a luz do dia também chegava até . Respirei aliviada.
Alguns minutos depois, eu vi um mole e desacordado sendo levantado por dois homens, com cuidado, sendo colocado numa maca e levado embora. Senti novamente lágrimas nos meus olhos, e permiti que elas rolassem. Caí no sono em seguida, sem saber quando e onde acordaria, isso se eu acordaria.

's POV.


Acordei, abri os olhos, e me levantei. Espera, me levantei? Fechei os olhos novamente, e tentei me lembrar do que acontecera.
Me lembrei do quarto no estacionamento, do desabamento... De . Me lembrei das súplicas dela para que me tirassem daquele inferno antes dela, e então tudo o que eu precisava era saber como ela estava. Mas, se eu estava naquele estado, como estaria bem agora? Pisquei, e olhei para baixo. Nada no mundo é capaz de descrever o que eu senti ao me ver ali deitado, encubado, com sangue e soro sendo injetados em mim. Se eu pudesse chorar, garanto que o teria feito. Sacudi a cabeça uma, duas, três vezes, mas ainda assim, a visão continuava. Me levantei e saí da cama, e da mesma forma, continuei vendo a mim, ou sei lá, o meu corpo ali naquele estado deplorável. Meus olhos roxos, meu rosto inchado, meu nariz coberto de curativos.
Então, era por isso que eu estava desse jeito. Eu estava morrendo.


's POV

Quando abri novamente os olhos, vi apenas uma luz branca e forte nos meus olhos. Segundos depois, as formas foram se distinguindo, e eu compreendi que estava num hospital. Tudo o que eu sentia era dor.
Doía para respirar, para piscar, e quando tentei mover a cabeça, foi como se tivesse uma lança atravessada no meu pescoço que me impedia de me mexer. Havia elétrodos no meu peito, e soro sendo injetado no meu braço direito. Fechei os olhos e me lembrei de tudo o que aconteceu, e, como se nada mais no mundo
importasse, eu só precisava saber se estava bem. Minutos depois, um dos homens que me tirou dos escombros apareceu, e me perguntou gentilmente como eu estava.
- Como está ? - foi tudo o que fui capaz de pensar.
- ? O homem que estava com você?
- Sim, sim, como ele está? - o homem respirou fundo e me olhou profundamente nos olhos. E foi aí então, que o mundo acabou:
- Ele está internado em estado gravíssimo, sofreu várias fraturas internas e... Não sabem ao certo se ele vai poder se salvar.
Tudo ficou escuro, e eu me perdi de mim mesma. Desacordada novamente.

's POV

Ela estava dormindo, feito um anjo. A mãe dela estava sentada em uma poltrona, preocupada. E eu estava em pé, ao seu lado, desejando mais que tudo poder tocá-la. Ela estava bem. Falava meu nome durante o sono, inúmeras vezes. Alguém havia dito a ela como eu estava e isso a perturbara. E então eu percebi a pior parte nisso tudo: o meu sofrimento a fazia sofrer. Essa era a pior coisa -
saber que doía nela. Ela se mexeu, resmungou alguma coisa e continuou a dormir. E eu continuei ali, assistindo e zelando o seu sono.

's POV

E novamente acordei, e novamente a primeira coisa que pensei e disse, foi o nome de . Minha mãe estava cuidando dele para mim, descobrindo se houvera evoluções no quadro dele, cada coisa.
- Bom dia, filha. - minha mãe sorriu, fracamente.
- Bom dia, mãe. E o ?
- O que eu vou te dizer agora é animador. - e sorriu em seguida - Ele tem falado, mesmo desacordado. E fala o seu nome, querida.
Uma onda indescritível de esperança percorreu todo o meu ser. Ele estava melhorando, mesmo que muito devagar, e ele falava o meu nome.
- É sério, mãe? - senti meus olhos se encherem de lágrimas novamente, e, pela primeira vez em 3 dias, de felicidade.
Minha mãe confirmou com a cabeça, sorrindo, e me beijou na testa. As coisas dariam certo, eu sabia disso.

's POV

Assistindo a reação de enquanto comemorava o fato de eu chamar seu nome durante o "sono", eu senti remorso.
É, isso mesmo, remorso por estar morrendo. Porque eu queria viver, queria viver só para senti-la nos meus braços novamente.
Todo o resto estava em segundo plano. Eu não sei o que aconteceu, mas essa mulher despertou em mim algo que eu não conhecia, e é muito mais que injusto eu só sentir isso agora que... Estou morrendo. Já fazia três dias, e nada,
nenhuma reação do meu corpo, além de chamar o nome de . Eu estava é enfraquecendo mais ainda, eu vi a preocupação dos médicos, vi a forma como falavam como se eu estivesse mesmo desenganado. Eu não podia morrer,
eu não queria morrer, mas, ao mesmo tempo, tinha certeza de que isso estava cada vez mais próximo.

's POV

Já havia passado uma semana desde o ataque ao WTC, eu já conseguia me mexer, e até andava pelo quarto. Mas continuava da mesma forma, em coma, entubado. Morrendo. A esperança que me invadiu quando soube que ele chamava
meu nome há 4 dias já havia desaparecido, pois mesmo chamando o meu nome, o quadro dele só piorava. Quão injusto é estar apaixonada por alguém que começou a morrer do seu lado, que também está apaixonada por você, mas está... Morrendo?
Ele não podia ir embora, não podia me deixar, mas estava fazendo-o do mesmo jeito. Eu dormia todas as noites rezando e pedindo pelo amor de Deus para ele se recuperar, mas, pelo jeito, Deus não queria me ouvir, devia estar preocupado cuidando de todas as outras vítimas do ataque para prestar atenção nas minhas súplicas. Ou talvez, estivesse se vingando do fato de eu jamais ter pedido a ajuda Dele antes, mas também, nunca ter parado para agradecer à Ele tudo o que eu tinha como minha mãe sempre mandou. Eu estava cada dia mais saudável, e ainda assim, cada vez mais doente.

's POV

Eu a vi dormir chorando, e pedindo à Deus para que eu me recuperasse. Se pudesse, choraria junto. Eu estava morrendo, e era capaz de sentir isso. A minha presença estava sumindo a cada dia que passava, e eu me sentia esquecido por Deus, e por todos. Porque até mesmo os médicos já pareciam tão certos da minha morte que as tentativas de medicação e de estímulos estavam diminuíndo cada vez mais. Meu pai e minha irmã ficavam praticamente 24h por dia ao meu lado, e eu lamento não ter ficado ali com eles, mas eu precisava ficar perto de enquanto pudesse, mesmo que fosse incapaz de tocá-la ou falar com ela. Ela estava ali, adormecida.
Sussurrei em seu ouvido "eu te amo", e continuei vigiando seu sono.

's POV

Passaram-se 15 dias desde o ataque, e eu já era capaz de andar pelos corredores do hospital. O médico acompanhava tudo satisfeito e sorridente, e eu tentava fingir que estava sorridente da mesma forma.
- Pelo jeito, você já pode andar pelo hospital inteiro! - Dr. Bellamy falou, sorrindo. E então, eu tive a ideia genial.
- É, pelo jeito sim... Será que eu... Hm, posso visitar um paciente que está na UTI? – falei, tentando parecer o mais inocente possível, e acho que funcionou.
- Oho! Bom, eu creio que sim. Quem a senhorita gostaria de visitar?
- Jones. Ele... - minha voz falhou - Ele estava comigo embaixo dos escombros. - meus olhos me traíram, e lágrimas começaram a rolar
pelo meu rosto. Felizmente, isso surtiu um efeito bom no Dr. Bellamy, que concordou em me levar até o quarto de , enquanto o hospital
estava vazio.

entrou devagar no quarto de , sendo ajudada pelo pai do mesmo, que se admirou com a garota que viera de sua recuperação visitar seu filho. Ao vê-lo naquele estado, não conseguiu conter as lágrimas, e um choro desesperado se formou em sua garganta.
acariavia os cabelos de , chorando e repetindo promessas sussurradas, em desespero. Dr. Bellamy começou a se perguntar se
não havia sido errado trazer a garota até aquele lugar, mas, ao ver a ficha de , entedeu que foi o melhor que ele poderia fazer pelos dois.
O próprio , ou o que restava dele, assistia tudo ao lado de seu corpo, angustiado e desesperado, desejando mais do que nunca voltar à vida.
Ver naquele estado, sofrendo por sua causa o destruía mais ainda, e era por ela que ele queria viver, mas pelo jeito, só vontade de sobreviver
não era o suficiente pra continuar vivo. Queria abraçá-la nem que fosse pela última vez, sentí-la nos braços mais uma vez antes de ir embora de fato, mas estava ciente que nem à isso ele teria direito. foi se acalmando, o hospital foi ficando movimentado novamente, e o médico resolveu que era melhor levá-la de volta para seu quarto.
Antes de sair, tirou a máscara da encubadora por alguns instantes do rosto de , e colou seus lábios, antes de recolocar a máscara nele, e virar as costas com dificuldade. Ao chegar na porta do quarto, olhou para trás e sussurrou um "eu te amo". Algo dentro dela lhe dizia que ele seria capaz de ouvir aquilo, e que ela precisava dizê-lo, para não se arrepender depois. Sabia que aquela seria a última vez que o veria, e isso a matava, como se algo dilacerasse todos os seus órgãos internos da forma mais cruel.
De volta a seu quarto, a garota deitou-se na cama, e chorou até dormir, sendo assistida de perto por , que desaparecia mais e mais a cada minuto. O prórpio era capaz de sentir que estava sumindo, e queria aproveitar os últimos instantes na presença de , mesmo que ela não pudesse sentí-lo ali. Ela dormia profundamente, e o garoto desejou que, por alguns instantes,
fosse capaz de tocá-la, de ser visível, de ser sentido. Algo o surpreendeu.

's POV

Eu não sei como, mas algo ali aconteceu. Fui capaz de me sentir, e ao tocar , de sentí-la também. Ao ver seu corpo reagir ao meu toque, percebi que ela era capaz de me sentir. "Eu te amo", sussurrei em seu ouvido. Quando a vi abrir os olhos, e me olhar assustada, pensei que tudo acabara ali. Mas pelo jeito, foi capaz de entender sozinha o que estava acontecendo, e segundos depois, seus lábios estavam grudados nos meus, e suas mãos enroscadas em meus cabelos. Eu queria, eu precisava aproveitar cada instante, porque eu sabia que eles eram os meus últimos.

's POV

Acordei e vi à minha frente. Não era o que eu havia deixado na UTI, era o que estava comigo há duas semanas, cheio de vida. Como um raio, a explicação para isso me atravessou, e eu assimilei a verdade em questão de segundos. Era de fato ele ali, mas ele estava se despedindo. Apesar da dor ser enorme, a vontade de aproveitar aqueles últimos instantes ao lado dele era ainda maior, então, num gesto desesperado, colei nossos lábios, e deixei que meu corpo fizesse o resto, sem me preocupar em pensar. Tudo o que eu queria naquele momento, era aproveitar enquanto podia - sentí-lo nos meus braços, nos meus lábios, ouví-lo e poder falar com ele. Após cerca de dez minutos ali, nos encarando, sorrindo de forma angustiada um para o outro, repetindo inúmeros "eu te amo" e intercalando esses momentos com beijos, eu senti que estava desaparecendo. Todo o ruído do hospital cessou, tudo o que eu ouvi foi o barulho dos aparelhos quando um coração para. De repente, aquele vivo que estava em meus braços, se tornou apenas uma presença. Li nos lábios dele um último eu te amo antes de vê-lo desaparecer diante de meus olhos.
A verdade absoluta e dolorosa tomou conta de todo o meu ser: esse era o fim.



N/A: Bom, é isso! HAHAHA É a minha primeira fic aqui no site e e e e eu espero que gostem, assim como eu amei escrevê-la. *-* Quero agradecer à @allaboutcah, que foi a primeira pessoa que leu e me encorajou a mandar a fic, a @KathFF, a beta ~da elite~ (-n) HAHAHA, e um agradecimento muito mais que especial à 3 caras que nunca vão ler isso, mas mesmo assim... Obrigada MUSE, por ser a trilha sonora dessa fic, e de praticamente tudo o que eu escrevo! <3 Obrigado também ao meu amorzinho, Sandro, que nem é muito fã dessa história de fanfic mas me acalmou todas as vezes que eu tive surtos psicóticos por causa do meu notebook maluco que vive dando pau. Você não vai ler mas eu te amo ok? (L)

E ah sim, obrigado a você, que leu e gostou, e que não gostou também. HM Por favor, não deixem de comentar e e e e eu fico por aqui. >< Espero não ter sido chata demais nessa n/a EAHUIEHAUHAE fui! Beijos, @_bellswithsocks. :3
N/B: Solinda. Beta da elite, flw aí! UHSAIOJDS
Qualquer erro, seja de script, português ou ambos, não envie para o site, para a Péus ou use a caixinha de comentários, envie diretamente para mim. Se quiser, sinta-se livre para enviar-me um tweet informando o erro.
Obrigada.


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