Gemer... Acho que essa é uma das melhores palavras do meu vocabulário. Minhas mãos passavam por todo seu corpo enquanto ela gemia baixinho em meu ouvido. Seus cabelos longos caíam sobre o meu rosto. O cabelo dela era macio... Mas não era o que eu queria. O rosto dela era bonito... Mas não era ele que eu queria ver. Seu corpo estava agarrado ao meu, mas não era a ele que eu estava acostumado. Eu queria o cabelo da . Queria ver a . Queria o corpo da . Mas cadê a ? Essa não é a ... A é melhor que isso... Por que diabos eu não estou com a ? O que está acont... PUTA QUE O PARIU. ESSA NÃO É A ! Abri os olhos, pisquei algumas vezes até reconhecer o rosto da Haylie. CARALHO, O QUE EU ESTOU FAZENDO COM ESSA PIRANHA?

[Flashback]

- Por que você faz questão de ir?
- Porque ela é minha amiga!
- E daí? A já vai estar lá...
- E DAÍ QUE EU NÃO SOU A !
- Vocês são todas amigas! Dá na mesma! Pra que mais de uma? – eu reparei que tinha dito a coisa errada. Ela me olhou com aquele olhar assassino.
- Que saco, ! A Ellie vai embora UMA VEZ só. A Haylie faz festa toda semana, por que você precisa ir nessa?
- Porque eu já tinha confirmado!
- Confirmado pra quem? Pra Haylie? Ah é, tá certo... Você não pode decepcionar a Haylie, né? – ela perguntou irônica, pronunciando “Haylie” com desprezo.
A verdade é que eu queria ir por orgulho. Eu tava a fim de ir à festa, mas depois que a fez birra pra gente ir à festa de despedida da Ellie, eu cismei do contrário. Fala sério... A menina vai mudar pra uma cidade a meia hora daqui. MEIA HORA. E a nem gosta tanto assim dela... Mentira. Gosta sim. Mas isso não vem ao caso. Casal orgulhoso é foda, ninguém abre mão.
- Pára com isso. Eu só estou a fim de ir à festa! Eu disse que ia e eu gosto de cumprir meus combinados, dá licença?
- Claro... Dou toda licença. Ainda mais sabendo que a Haylie vai se atirar pra cima de você, como sempre.
- Ela não se atira pra cima de mim! Ela só é minha amiga.
- Não, imagina. De onde eu tirei isso, né? – irônica de novo. ODEIO quando ela é irônica.
- QUE PORRA, .
- Ai, , tá bom! Tudo bem, vai à porcaria da festa da sua amiga e eu vou à festa da minha amiga. Tá bom pra você?
- Tá ótimo. – falei irritado, me jogando pra fora do quarto.


[/Flashback]

Eu me afastei da Haylie num pulo, juntei minhas roupas numa fração de segundo e me joguei pra fora do quarto antes mesmo dela falar alguma coisa. Mas no instante em que eu saí vestindo a blusa e olhei pra frente, eu parei. Olhei pra frente paralisado de desespero. NÃO É POSSIVEL. O QUE ELA ESTAVA FAZENDO ALI?

[Flashback]

Me esparramei mais no sofá, abri mais uma latinha e tomei um gole. Já tava me sentindo bem alterado... Foda-se. A Haylie veio se sentar do meu lado.
- Oi, . – ela falou, se insinuando.
- Oi, Haylie. Tchau, Haylie. – não tava com saco pra ninguém. Por que eu sempre fico assim quando brigo com a ? Que saco. Terminei de beber a cerveja.
- Nossa... Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou, me entregando outra já aberta.
- Aconteceu. Você. – respondi sem emoção, bebendo em goles grandes.
- Já sei... Brigou com a de novo? – que porra. Por que ela não vai embora? Ah é, a casa é dela.
- Não. Sai daqui, Haylie. – ela nem se moveu.
- Então, por que ela não tá com você? – ela ignorou meu pedido (leia-se ordem).
- Que porra, menina. Ela é minha namorada, não meu gêmeo siamês! Por que a gente precisa estar sempre junto?
- Calma! Você tá bem estressadinho hoje, hein? – ela me passou mais uma cerveja. Acho que ela quer me embebedar... Foda-se.
A próxima coisa que eu me lembro é de estar num quarto qualquer, aos beijos com a Haylie sentada em cima de mim.


[/Flashback]

Porra. Porra, porra, porra. Era pra estar na festa da Ellie, não aqui! Antes que eu pudesse pedir qualquer explicação, ela me olhou significantemente e se virou, sumindo no meio de todas aquelas pessoas. Caralho, merda, desgraça, cacete, aonde essa capeta tava indo e O QUE ela tava fazendo aqui? Merda, ela tá indo contar pra . Alguém me dá um tiro? A porta do quarto se abriu e a Haylie colocou a cabeça pra fora.
- , o que... – eu fechei a porta na cara dela de novo e saí correndo a 15 mil quilômetros por hora. Procurei a por toda a parte, mas ela não estava à vista... ! O devia saber. O sempre sabe onde a está.
- , CARA. Me ajuda! Você viu a ? – perguntei desesperado.
- Vi... Ela acabou de sair correndo, falou que tava com pressa. Não entendi, a gente acabou de chegar!
- Ah tá... Ok, obri... O QUÊ? VOCÊ TROUXE A PRA CÁ? – filho da puta! Como ele faz isso comigo? Amigo mil esse, hein?
- Trouxe, por quê? – ele me olhou assustado.
E antes de responder, eu voei pra fora da casa. Entrei no meu carro e comecei a dirigir desesperadamente (sem contar a quantidade exagerada de cerveja que eu tinha acabado de tomar). Depois de uns 10 minutos, eu reparei que estava perdido. Porra. Onde fica a casa da Ellie? Eu sempre soube onde era... Não é muito longe, a já deve estar lá. Parei o carro, derrotado. A já sabia de tudo, não tinha mais jeito. Peguei meu celular e disquei o número dela.
- FALA, CACHORRO. – ? Meus olhos brilharam! Mas espera aí, aquela voz não era da ...
- Ellie?
- FALA, CACHORRO. – ela repetiu. A Ellie é um doce.
- ONDE VOCÊ MORA? CADÊ A ? DEIXA EU FALAR COM A ?
- Olha aqui, seu imbecil. Vou falar uma vez só, então presta atenção. – DEUS É PAI. Já fui até pegando a caneta pra anotar o endereço.
- Fala. – eu disse, esperançoso.
- VOCÊ TEM MEDO DE PERDER A VIDA? PORQUE VOCÊ TÁ PERTO DISSO, COLEGA.
- O quê? Não! Ellie, me ajuda! Me passa seu endereço! – esperança evaporando...
- Pra quê?
- PRA QUÊ? PRA IR ATRÁS DA . – além de grossa, a palhaça ainda se faz de idiota. Eu mereço...
- Ela não tá mais lá. – ela me informou, mal humorada. - Já foi pra casa.
- Cala a boca, Ellie. Não quero vê-lo! – eu ouvi a voz da no fundo.
- ! – olhos brilhando de novo!
- Ela não quer te ver.
- Eu sei! – desliguei o telefone no mesmo instante, ligando o carro de novo e fazendo o caminho que eu conhecia tão bem.
Em menos de 3 minutos, eu tava na porta da casa dela. Joguei-me pra fora do carro e toquei a campainha. Ouvi passos até a porta. Esperança MIL de novo... Era a . A pantufa estúpida de urso dela sempre fazia esse barulhinho estranho. Ela abriu a porta e minha esperança foi embora com a mesma rapidez que chegou. O rosto dela tava encharcado, ela tava usando o típico pijama de fossa e olhava pra mim com desprezo. Antes que eu pudesse sentir o coração apertado, ela já tinha fechado a porta de novo.
- , a gente precisa conversar!
- Não.
- , me escuta...
- Não.
- Me deixa entrar?
- Não.
- Abre a porta? – ela não respondeu, mas eu ouvi a chave girar na fechadura. Abri a porta lentamente e olhei pra dentro. Ela tava sentada no degrau que dava pra sala, de costas pra porta. Caminhei lentamente até ela e sentei-me ao seu lado. Ela nem se mexeu, os olhos fixos no outro lado da sala, as lágrimas rolando pelo seu rosto. Porra. Eu não fazia ideia do que falar.
- ...
- Com a Haylie. – ela me interrompeu. - Com mais de 50 vadias na festa, você tinha que escolher a pior. – se eu não sabia o que falar antes, imagina agora...
- Eu não escolhi, .
- Não, imagina. A culpa é dela, né? Foi tudo contra a sua vontade... Você devia dar queixa, estupro é coisa séria, . – doeu ouvir a voz dela dizendo o meu nome com tanto ódio. E a maldita ironia tava lá de novo...
- ... – era a única coisa que eu conseguia falar. Coloquei a mão levemente sobre o seu ombro.
- Tira. – ela falou azeda. Eu obedeci.
- Desculpa...
- Ah, ok, tá de boa. Espera aí que eu vou ali dar o cu na esquina e em cinco minutinhos eu volto pra te pedir desculpa, ok? – ela falou com a maior naturalidade.
- , desculpa, sério! Eu tava bêbado! Completamente! Eu não me lembro de nada, nada mesmo! Eu juro que, a partir de agora, a gente vai fazer o que você quiser! Só faço o que você deixar e só vou aonde você deixar! – vomitei as palavras. - Por favor? – implorei. Se essa menina terminar comigo, acho que eu engulo uma roda de caminhão.
- EU NÃO QUERO ESCRAVIDÃO, ! Eu quero fi-de-li-da-de. Eu só preciso que você seja fiel...
- PODE SER! Isso também, e tudo mais que você quiser! Eu te dou qualquer coisa, eu faço qualquer coisa! – acho que naquela hora, eu vendia até minha mãe.
Ela balançou a cabeça negativamente, secou um pouco o rosto e se levantou. Eu me levantei junto. Ela olhou pra mim com uma cara de decepção que doeu mais do que todos os gritos. Por um instante, eu desejei fervorosamente que ela estivesse gritando, e não me olhando daquele jeito. E com esse olhar, eu percebi que não tinha jeito. Ela não ia me perdoar.
- Não dá, . – ela pôs em palavras a mensagem que eu já tinha entendido pelo olhar.
Ela não me olhou com raiva, mas meu coração se esfarelou e minhas pernas tremeram de ver o estrago que eu tinha feito na minha pequena. Ela se arrastou até a porta, abriu e me deu passagem. Eu continuei paralisado no mesmo lugar, o pânico me dominando.
- ... – eu gemi baixinho, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
- Por favor. – ela pediu e eu não tive como contrariá-la.
Desviei o olhar pra baixo e me arrastei porta afora, derrotado. Ela fechou a porta e eu ouvi seu choro recomeçando baixinho, e segundos depois, passos até a porta, passos de volta e silêncio. A Ellie veio levar a pro quarto... A Ellie não é muito delicada e meiga, mas é uma amiga do caralho. Felizmente, a tem uma amiga assim, e, infelizmente, precisa dela no momento... E a culpa é minha. Que bom que a tem a Ellie. Voltei para o carro sem saber o que fazer e peguei meu celular.
- Você tem algum problema mental ou você é burro assim mesmo?
- Ela terminou comigo...
- É lógico, sua anta. O que você tem na cabeça? – gritou comigo.
- Como você... – claro que ele sabe. Ele é o melhor amigo dela.
- Você tem simplesmente a menina mais incrível que você vai ter em toda sua vida e você a trai com a Haylie? – ele continuou exaltado, mas parou quando ouviu meus soluços baixos do outro lado da linha. - Cara, você tá chorando? – ele perguntou em choque. Não respondi. Confesso que eu também tava em choque. - Onde você tá?
- Na frente da casa dela.
- Chego aí em dois minutos. – ele desligou.
E que bom que eu tenho o .



Cap. 2

Vi o carro se aproximando, estacionando e o correndo em minha direção. Ele abriu a porta do passageiro e se sentou ao meu lado. Ele não gritou como no telefone, ficou por um tempo em silêncio e, então, disse:
- Eu sinto muito, . Mesmo.
- A culpa é minha.
- É mesmo. – caralho. E ele nem pra dar uma força moral. O olhei horrorizado. - Então, quem tem que consertar isso é você.
- Como? Eu tentei.
- Tentou o quê?
- Fazer ela voltar pra mim, ué. – respondi confuso.
- Foi difícil?
- Claro que foi! – gritei indignado. Por que ele tava falando aquilo? - Tanto que eu não consegui...
- Entendo... Mas a só vale isso? – só? SÓ? ESSE PATETA FAZ IDEIA DO QUE EU ESTOU PASSANDO AQUI? Mais um amigo MIL.
- Que porra, voc... – mas aí eu entendi... - Não.
- O que ela vale?
- Muito mais. – entendi o que ele quis dizer.
Não era qualquer uma, era a . Ela merecia mais do que algumas lágrimas e pedidos de desculpas. Ela merecia as estrelas escrevendo seu nome e a rainha da Inglaterra a reverenciando. Ela merecia uma estátua em ouro puro e uma nação inteira ajoelhada aos seus pés. Ela merecia o mundo aos seus pés... Mas como eu sou humilde e conformado, eu sei que não vou conseguir nada disso. Mas ela merecia o máximo de esforço possível, e isso eu podia dar. sorriu pra mim, vendo que eu tinha entendido.
- Você vai ralar, colega.
- , você é um gênio! – exclamei maravilhado.
- Eu sei, eu sei. Agora deixa eu ir ver a , porque eu disse que não ia demorar.
- Você falou com ela?
- Ela me ligou chorando antes de você.
- Chorando? – repeti.
- Copiosa e desesperadamente. – eufemismo MIL também... Ele saiu do carro e foi até a casa dela, enquanto eu pensava sobre o que fazer. Alguns minutos se passaram e eu já tinha a primeira ideia pronta. Quase não dormi essa noite, fazendo preparativos. E o pouco que eu dormi foi no carro...

Plano 1
Fatos: a faz caminhada todos os dias, às 8 horas da manhã. A é pontual. A não é fã de rosas vermelhas, ela diz que são clichês. A gosta de tulipas. A sempre precisa tomar suco de melancia no fim da caminhada, mas ela diz que só compra na hora porque, se comprar antes, ela pára de correr antes de terminar o percurso. Ela chega simplesmente exausta. Tão exausta que eu sempre tenho que ir buscá-la de carro. A ama perfume masculino.
Estratégia: pessoas espalhadas pelo percurso dela, com pétalas de tulipas na mão. , belo e esbelto esperando por ela no fim, com um copo de suco de melancia na mão e o carro pronto pra levá-la pra casa.
Chances de sucesso: 25%

Fui pra casa e fiz minha higiene diária, é claro, porque eu não sou porquinho. Jorrei metade do perfume em cima da minha cabeça e saí. Alguns minutos depois, meu carro tava estacionado na frente da casa dela, de novo. Olhei para o relógio e no segundo em que o ‘7:59’ se transformou em ‘8:00’, a porta se abriu. Ela tava vestindo a roupa de ginástica de sempre, os cabelos presos em um rabo, iPod ligado, e, pra minha tristeza, olhos extremamente inchados. Ela abriu a caixa de correio, viu que não tinha nada e seguiu o caminho do parque. Virei o carro rapidamente e segui em direção ao parque por outro caminho.

Estava tudo pronto. O suco tava em minhas mãos, meus ‘ajudantes’ estavam posicionados e a já devia estar no parque, pisando em pétalas de tulipas rosas por onde passava. Depois de alguns minutos, a vi chegando, caminhando rapidamente e olhando atordoada para as pétalas de tulipa que iam surgindo em seu caminho. Eu sou muito romântico, fala sério. Seu eu não tivesse traído minha namorada, acho que eu seria o melhor namorado do mundo, pode falar.
Ela tava toda suada... Linda! As palmas das minhas mãos suavam e eu batia o pé, nervoso, esperando que ela me visse.
E ela viu. Quando ela virou o rosto pra cima e nossos olhos se encontraram, a expressão dela era difícil de ler... Ela foi se aproximando e eu sorri. Estendi o suco levemente e tive a impressão de que ela sorriu de volta, fraquinho... Mas foi impressão minha. Porque eu pisquei, e quando abri os olhos ela não tava lá. Ela tinha simplesmente virado as costas e continuado a correr, sem nem ao menos parar pra respirar, sem ao menos pegar o suco, sem ao menos me olhar direito.

Plano 1: fracasso.
Observações: a tem muito mais fôlego do que eu imaginava.



Passei em uma papelaria, passei o dia rodando a cidade, preparando o próximo plano. Vou confessar que esse deu mais trabalho... Mas a vale a pena.
Depois de passar na papelaria e comprar alguns (MUITOS) envelopes, fui pra casa, escrevi o nome e o endereço da em todos (TODOS) eles e saí em busca de colaboração! Traduzindo: eu fui até o centro da cidade e pedi todas as pessoas possíveis pra escrever uma mensagem em um papel e o endereço na parte da frente do envelope.

Plano 2
Fatos: a adora receber cartas, ela acha romântico. A olha a caixa de correio todas as manhãs, só por costume mesmo, já que nunca tem nada. A acha projetos envolvendo muita gente o máximo.
Estratégia: Encher a caixa de correio da de cartas de algumas pessoas (digamos METADE DA CIDADE) pedindo pra ela voltar pra mim.
Chances de sucesso: 45%


Depois de encher (leia-se entupir completamente) a caixa de correio dela, fui me deitar no carro, de novo. Coloquei o despertador e, por mais que eu tentasse ficar acordado caso ela saísse pra um passeio noturno ou alguma coisa assim, não consegui... Caí no sono em um segundo.

Acordei com o barulho infernal do meu celular na manhã seguinte... Juro que se não fosse pela , eu não levantava nem ferrando. Dirigi rápido entre as ruas vazias até o meu apartamento pra me deixar apresentável (jorrando, é claro, a outra metade do perfume em mim) e voltei pra frente da casa dela, em tempo de vê-la saindo. Ela foi até a caixa de correio, abriu e eu vi seu queixo cair até o umbigo quando ela viu que não tava vazia. E cair até o joelho ao ver que não só não tava vazia, como tava lotada.
Ela pegou a primeira carta, olhou o remetente desconhecido e fez uma cara confusa. Ela abriu e, provavelmente, (com certeza) se deparou com o escrito “, o te ama. Volta pra ele.”. Seus olhos se estreitaram e ela olhou em volta, me procurando e me encontrando no mesmo segundo. Ela me ignorou e pegou o próximo envelope, com mais um remetente desconhecido e mais um bilhete de “, o te ama. Volta pra ele.”. Ela respirou fundo e pegou o próximo. E o próximo e o próximo. Depois de MUITOS envelopes, ela bufou, agarrou todos e os jogou na lixeira ao lado da caixa de correio. Ela virou para o outro lado e seguiu para o parque, sem olhar pra trás... E lá fui eu esperá-la no parque.

Plano 2: Fracasso.
Observações: a é mais sem coração do que eu esperava.



O dia passou sem grandes novidades. Fui ao parque esperar a com o suco de melancia e as pétalas de tulipa exatamente como ontem, e, exatamente como ontem, ela não me deu nem um sorrisinho. É a vida.
Depois disso, fui preparar a minha próxima tentativa... Essa foi mais cara, mas nada que a não valha. Por sorte, eu tenho a chave da casa dela, ajudou bastante.

Plano 3
Fatos
: a sai do trabalho às 20:00 e chega por volta das 20:20. A é total e completamente viciada em chocolate. O tipo preferido dela é crocante. Ela odeia o cachorro do vizinho. ODEIA. A gosta de balões. E, como vocês já sabem, a adora tulipas.
Estratégia: Deixar a casa dela cheia de balões, tulipas e chocolates crocantes pra quando ela voltar do trabalho.
Chances de sucesso: 65%

Como sempre, depois de fazer os preparativos, eu fui pra minha casa. NEM DEUS sabe o quanto eu sinto falta da minha cama... O carro não tem metade do conforto do meu quarto, né? Mas é a vida. Fui me arrumar pra encontrar a minha amada.

Eram 20:40 e a ainda não tinha chegado. Eu tava na frente da casa dela há um tempo, esperando pra ver como ela ia reagir. O trânsito devia estar ruim... Porra de trânsito. Distraído em meus pensamentos, nem vi o carro dela chegando... Quando olhei de novo, ela já tinha estacionado no jardim e já tava quase na porta, tirando as chaves da bolsa. Ela chegou à porta e parou. A princípio, pensei que fosse pra pegar as chaves direito, destrancar a porta, sei lá. Mas ela continuou lá parada e, lentamente, se virou para trás. Ela olhou curiosa pra caixa de correio por uns instantes, parecendo se decidir. Até que ela optou por voltar e checar. Quando ela abriu a portinha, mais um bolo de cartas caiu. Ela abriu a primeira e sorriu ao ler “, o te ama. Volta pra ele.”. ELA SORRIU. JESUS ABENÇOE O REMETENTE DESSA CARTA. Ela fechou o envelope, pegou as cartas e, olhando em volta furtivamente, colocou as cartas da bolsa. ELA GUARDOU AS CARTAS. Olhinhos brilhando mode on! Já é um começo. Ela foi até a porta e dessa vez a abriu, pulando a três metros de altura quando mais de 50 balões vermelhos em forma de coração voaram pra fora da sala, inúmeros bombons crocantes caíram em seu colo e um buquê de tulipas rosa caiu aos seus pés. Ela olhou para o outro lado da rua, me vendo e, dessa vez, sorrindo cínica. Ela pegou os bombons, abriu um por um e os jogou para o cachorro do vizinho, do outro lado da cerca. Ela esperou mais alguns balões voarem pra fora, pegou o buquê, foi até a lixeira ao lado da caixa de correio e o atirou lá dentro. Ela entrou e fechou a porta. De dois em dois minutos, uma janela se abria, balões vermelhos voavam pra fora, buquês amassados caíam no chão e o cachorro do vizinho ganhava mais alguns bombons. Eu vi a cena se repetir depois que as luzes do segundo andar se acenderam.

Plano 3: Fracasso.
Observações: A desperdiçar chocolate é raro. A dar ao cachorro do vizinho mais do que um chute é raro. Não, não é raro. É RAAAARO. Entende? E eu acho que obtivemos um pequeno progresso em relação ao plano 2.


Plano 4
Fatos
: a sempre pega engarrafamento na hora de ir ao trabalho. A ama The Calling. A sempre faz uma pausa no trabalho, de meia hora, às 15:30h. A adora crianças pequenas (grandes o bastante pra não babarem nela e pequenas o bastante pra não encherem o saco).
Estratégia: Contratar um carro de som tocando The Calling pra segui-la de casa até o trabalho, do trabalho até sua casa. Fazer um passeio com uma creche.
Chances de sucesso: 85%

A minha tia é diretora de uma creche e lá tem uma turma da idade exata que a gosta... Três a seis anos. Perfeito. Eu não me dou muito bem com crianças, mas eu me viro.

Depois da passada na minha casa pra uma ajeitadinha geral, eu voltei pra porta da casa da . Ela saiu de casa, abriu a caixa de correio, pegou as cartas, não abriu nenhuma (provavelmente já sabia o que tava escrito em todas elas), voltou pra dentro da casa e saiu de novo de mãos vazias (olhinhos brilhando de novo!) e seguiu para o parque. E eu fui também. Cara, isso já ta até virando rotina...
Eu estava lá, esperando por ela com o suco de melancia nas mãos, quando a vi vindo na minha direção. Ela não estranhava mais as pétalas de tulipa, só passava naturalmente por cima delas. Ela foi se aproximando, eu estendi o suco e respirei fundo, na esperança de ao menos um sorriso... Que infelizmente, eu não recebi. Decepção! Mas, para minha surpresa, minhas mãos estavam vazias e ela caminhava na direção contrária com um copo de suco de melancia nas mãos... Ela pegou o suco. ELA PEGOU O SUCO! Ninguém ficou mais feliz que eu. Ninguém mesmo! Acho que nem a velhinha que recebeu um beijo no rosto.

Voltei pra casa da , para vê-la receber mais flores, mais balões e mais chocolates. E, para minha surpresa de novo, as flores caíram no chão do jardim, os balões subiram para o céu, mas o cachorro não recebeu nenhum chocolate. NENHUM!
Depois de um tempo, ela saiu de casa de novo, agora arrumada pro trabalho. Ela entrou no carro, deu partida e saiu, sem saber que uma van já a esperava na esquina com os CD’s do The Calling prontos para serem tocados todo o caminho até seu trabalho. (Detalhe: um “, volta pro ” entre cada música). Faaaaaaaaala que eu não sou foda!
Agora, era só ir pra creche e esperar a van nos buscar. Eu tinha feito uma seleção (com a ajuda da minha tia, depois de um pouco de insistência) das 14 crianças mais fofas entre três e seis anos da creche. Eu ia levá-las pra fazer uma excursão, mas antes, fizemos alguns preparativos pro plano.
Às 15:00h, Jake, o motorista da van, chegou e eu e as 14 crianças entramos na van. Caralho, como elas dão trabalho! Eu não sou muito fã de crianças, mas tenho de confessar que entendo porque a gosta tanto. Chegamos ao trabalho da e ficamos todos esperando perto de uma fonte ali do lado. Esperamos um pouco e eu a vi saindo do prédio. Fiz sinal para as crianças e, em um segundo praticamente, toda a rua olhava pra gente. As crianças gritavam “” e levantavam cartazes feitos por elas mesmas com desenhos de casais e escritos de “O te ama, volta pra ele” em letras infantis.
Ela demorou um pouco pra entender o que estava acontecendo, mas quando me viu, seus olhos se arregalaram e ela ficou parada, estática. No fim, as crianças só gritavam coisas aleatoriamente e corriam por ali enquanto uma delas tentava pular na fonte. Graças ao meu bom Pai, o Jake estava lá pra me ajudar, então eu não precisei me preocupar com isso. A pareceu acordar do transe e correu até onde estávamos.
- Você tá louco? – ela sussurrou e eu apenas sorri. – Usar essas crianças pra fazer uma coisa dessas...
- Ah, . Fala que não foi criativo! – ela me deu um tapa. - OUTCH.
- Seu idiota, você tá se aproveitando delas!
- Claro que não, olha a felicidade delas!
- Mas imagina a preocupação dos pais, se perguntando onde o filho deve estar agora: PULANDO EM UMA FONTE. Onde você achou essas crianças?
- Calma, . Os pais deles as... – ela me interrompeu.
- , VOCÊ SEQUESTROU ESSAS CRIANÇAS? – ela gritou exaltada e mais pessoas olharam.
- Quê? Eu NÃO! NÃAAAO, ! CLARO QUE NÃO. – eu exclamei horrorizado. - Elas são da creche da minha tia, eu não sequestrei ninguém, JURO. – ela me olhou desconfiada.
- Ah, bom. – ela resmungou e arrancou um cartaz da mão de uma menininha. - O que é isso? – ela perguntou, o examinando, mal humorada. - E quem é essa daí? – ela apontou pra menina. - É um desenho. Foi a Maggie que fez. – inventei o nome da menina pra dar uma melhor impressão. - E essa é a Maggie. – ela olhou encantada pra menina.
- É mesmo, Maggie? – ela se abaixou pra ficar da altura do ser em questão. - Muito obrigada!
Cara, eu sou FODA. A menina não falou um “a”, então a nem desconfiou que o nome da coitada não era Maggie. Ficamos em silêncio por uns segundos, sorrindo, os dois. (ISSO MESMO QUE VOCÊ LEU. OS DOIS). Até que ela disse:
- Tenho que ir, . Isso foi... Inesperado. – ela sorriu. O sorriso dela é lindo! - Cuida direito dessas crianças, hein? – ela ficou na ponta dos pés e me deu um beijo no rosto. YEAH, BABE, ELA ME DEU UM BEIJO NO ROSTO! Ela sorriu sem graça, se virou e voltou para o trabalho.
Fiquei tonto de alegria e juro que se Jake não estivesse se encarregado de levar as crianças de volta pra van, eu teria largado todas elas lá mesmo. Cheguei em casa depois de levar as crianças pra creche e me joguei na cama, completamente exausto, completamente eufórico. Mas eu não tinha tempo a perder. Eu tinha mais uma surpresa a preparar, e se esta não desse certo, acho que eu ia ter que apelar pra macumba.
Voltei pra porta da casa dela pra ver a caixa de correio vazia, a lixeira também (yay!), e alguns balões voando em direção ao céu... Nada de flores, nada de chocolates. E, de novo, o banco do meu carro me serviu de colchão...

Plano 4: nem tão fracassado.
Observações: crianças dão trabalho.



Plano 5
Fatos
: a ama The Calling. A ama Alex Band. A ama que eu cante pra ela. Eu nunca canto pra .
Estratégia: cantar pra ela.
Chances de sucesso: ?
Desespero: 100%



Cap. 3

Sábado... Finalmente. A dá aulas de Inglês para crianças aos sábados de manhã. Ela sai às 8h e volta mais ou menos ao meio dia. Mas para o meu desespero, já eram quase 19 horas e nada da aparecer. Comecei a me desesperar, mas me obriguei a ficar calmo. Ela podia ter saído com alguma amiga, né? Normal... Mas SERÁ que ela tava com outro? Porra. Não. A não é tão rápida... É? Não sei.
Meu violão tava no banco de trás e, é claro, eu já tinha passado em casa e me embelezado pra ela. Pensei sobre o que eu tava fazendo... A amava o Alex. Não sei o que ela vê naquele magrelo fudido, mas o pior de tudo é que EU ia cantar pra ela. Puta merda, é bom ela não terminar comigo nunca, porque CARALHO, eu to cantando ALEX BAND pra ela! É bom ela me perdoar, depois disso eu mereço.
Quando eram exatamente 20 horas e a taxa de desespero no meu sangue já estava alta demais, a chegou. Ela saiu do carro sozinha (DEUS É PAI), abriu a porta depois de esvaziar a caixa de correio e entrou.
Era agora. Peguei meu violão, saí do carro e corri até a varandinha na porta da casa dela, antes que ela tivesse tempo de entrar no banho, dormir ou qualquer coisa assim. Minhas mãos tremiam e eu tive medo de que minha voz não saísse. Eu ainda podia ouvir seus passos pela sala enquanto ela fazia barulho mexendo em algumas coisas que eu não identifiquei. Então eu comecei.

Anything no youtube
The Calling

I will be there
(Eu estarei lá)
Always waiting
(Sempre esperando)
Waiting for you
(Esperando por você)
To let me inside
(Pra me deixar entrar)
Where your fire burns
(Onde o seu fogo queima)
In a city of angels
(Em uma cidade de anjos)
Just like a river rushing straight into the sea
(Assim como um rio deságua no mar)
I'm the one thing meant for you and you for me
(Eu sou o único destinado pra você e você pra mim)


Eu ouvi seus passos pararem e ela fazer silêncio completo nas minhas primeiras palavras.

Whatever you want
(O que você quiser)
Whatever you need
(O que você precisar)
Whatever it takes, I'll do anything
(O que quer que exija, eu farei qualquer coisa)


A ouvi andar lentamente até a porta e se jogar no que eu supus ser o chão. E, infelizmente, durante as pausas, eu pude ouvir seu choro.

And as you sleep
(E enquanto você dorme)
Eyes through the window
(Olhos através da janela)
I'm watching you dream
(Estou vendo você sonhar)
Well are you dreaming of me?
(Bem, você está sonhando comigo?)
So why can't you see
(Então por que você não vê)
You're all that matters
(Que você é tudo que me importa)
You know if this earth should crack
(Você sabe que se essa terra rachar)
I'll be your solid ground
(Eu vou ser sua base sólida)
I will be there to catch you when you fall down
(Eu vou estar lá pra ate segurar quando você cair)

Whatever you want
(O que você quiser)
Whatever you need
(O que você precisar)
Whatever it takes, I'll do anything
(O que quer que exija, eu farei qualquer coisa)

If I have to crawl
(Se eu tiver que rastejar)
Get down on my knees
(Ficar de joelhos)
Whatever it takes, I'll do anything
(O que quer que exija, eu farei qualquer coisa)

I'd take the stars right out of the sky for you
(Eu tiraria as estrelas do céu por você)
I'd end the world give you the sun, the moon
(Eu acabaria o mundo para te dar o sol, a lua)
For all of time, forever loving you
(Por todo o tempo, pra sempre amando você)

Whatever you need
(O que você precisar)
Whatever it takes, I'll do anything
(O que quer que exija, eu farei qualquer coisa)
If I have to crawl
(Se eu tiver que rastejar)
Get down on my knees
(Ficar de joelhos)
Whatever it takes, I'll do anything
(O que quer que exija, eu farei qualquer coisa)


Terminei a música e respirei fundo, esperando que ela abrisse a porta. O silêncio só era quebrado pelos seus soluços baixos. E meu coração ficava mais apertado a cada um deles. Eu esperei pacientemente até que, de repente, ela abriu a porta e se jogou nos meus braços. O meu coração, instantes atrás apertado, agora parecia explodir. Ela estava nos meus braços de novo e eu a abracei forte contra meu peito.
- Eu te amo, . Eu te amo muito, me desculpa. Você não sabe o quanto esses dias sem você foram difíceis e você não faz idéia da falta que você me faz.
- Eu também te amo, ! – ela sorriu pra mim. - Obrigada pelo que você fez. Mesmo. Foi tudo tão lindo!
- Não foi nada comparado ao que você merece, e eu faria muito mais. – cá entre nós, aleluia, deu certo na última tentativa. Se não tivesse dado, acho que eu me afogava, porque já gastei minha criatividade pro resto da vida.
- Awn, que lindo! – ela exclamou, pousando as mãos sobre as minhas bochechas. - Você cantou pra mim! Você cantou The Calling pra mim, foi a parte mais linda! – os olhos dela brilharam. - Eu juro que, se a música não fosse do Alex, você teria sido mil vezes melhor que o cantor original! – ela me puxou pra um beijo para que eu não tivesse tempo de reclamar.
Sinceramente, não tive tempo, nem a mínima vontade. Meu estômago deu quinhentas e treze voltas e eu vi estrelas. Ela me segurava pela nunca enquanto eu apertava sua cintura. Nossas línguas se mexiam em uma sintonia perfeita e, pela primeira vez em dias, eu me senti completo.
Ela partiu o beijo, sorriu pra mim e apontou pra porta com a cabeça. Ela entrou, me deu passagem e assim que ela fechou a porta, eu a beijei de novo, encostando-a na parede. Ela puxava meus cabelos enquanto nos beijávamos cada vez mais intensamente. Eu a levantei sem partir o beijo, ela colocou suas pernas em volta da minha cintura e eu fui andando até a escada, e da escada até o quarto.
Soltei-a no chão e ela puxou minha camisa pra cima. Fomos caminhando até a cama, onde eu a deitei lentamente enquanto levantava seu vestido, acariciando todo seu corpo. Ela abriu meu cinto e foi tirando minha calça. Eu a beijava carinhosamente enquanto terminava de despi-la. Ela sorriu grande pra mim. Deus, como eu senti falta disso!



Sem dúvidas, essa noite entrou para o TOP 5. Um: eu tava com a . Dois: a cama dela é consideravelmente mais confortável do que o banco do meu carro. Agora ela tá deitava do meu lado, dormindo, linda como sempre... Eu a amo. Demais. Como eu nunca amei ninguém. E nunca vou amar. "" e "amor", as duas tão disputando o posto de palavra preferida do meu vocabulário. Acho que a primeira está ganhando...
Estou me sentindo uma cadelinha no cio. Dá licença, que agora eu vou fazer algumas tarefas de homem. Aquelas que irritam as mulheres... Tipo mijar e deixar a tampa levantada ou arrotar na mesa. Sei lá. Alguma coisa bem "macho".


FIM



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