Ele havia escolhido um ótimo dia para o casamento: 22 de setembro, dois dias antes do meu aniversário. Era um casamento duplo, dois corações partidos, e quatro unidos de uma vez só. Eu e estávamos em estado de miséria desde o dia em que recebemos o convite.
foi o único que amei por todos esses anos. 21 para ser mais exata. E, agora, agora ele vai se casar...
Quando recebi aquela notícia, meu coração parou. me deu a notícia, ela veio aos prantos na porta de minha casa; uma casa branca, estilo inglês em Aberdeen na Escócia, brancos com detalhes prateados e as iniciais dos dois casais.
se casaria com ... Ela era pateta, feia, sem sal. Não merecia tal homem.
E , ou , com a tal da , e eu não gostava dela. Muito menos , a sua história com era quase igual à minha.
havia crescido ao meu lado, seu rosto havia mudado, agora ele demonstrava claros sinais de que já era um homem, mais bonito, mais... Mais longe de mim.
Eu sempre o amei, mesmo sem saber ao certo o que eu sentia, mas hoje, mais do que nunca, era amor.
Aos 15, eu percebi e tomei coragem para me declarar para ele. Me lembro bem, era tarde e estávamos no meio da rua, depois de sair de uma loja de biscoitos, era outono.
- ... – minha voz saiu trêmula, ele olhou para mim e me fitou. Virou até mim e me olhou com aqueles olhos castanhos calorosos como sempre. Minhas mãos entraram no bolso do casaco, se escondendo do frio.
-Há algo que queira me contar, ? – disse ele, imitando a voz do pai, que era um senhor já velho, e que usava sempre um vocabulário velho, desgastado, e tinha uma voz bem grossa. Ri baixinho e olhei para ele novamente.
- Sim. É sobre, hum... Nós. – ele mudou seu olhar de engraçadinho para atencioso, minhas mãos tremiam, mas eu não estava com frio e, sim, nervosa. – Eu... é... bem... sei que somos amigos há muito, muito tempo, mas acho que... – eu ia falar, mas minha voz falhou. Suspirei fundo e olhei novamente para ele, e, dando um leve pigarro, soltei: - Eu... eu amo você, . – ele me olhou bem nos olhos, sorriu e tirou um fio de cabelo rebelde da frente do meu rosto, e o colocou atrás da orelha.
- Bem, , há algo que quero dizer, eu... eu... também... - Então, fez-se o silêncio. Ouvíamos algumas senhoras de meia idade saindo da loja, rindo, e conversando, mas não dissemos mais nada, então, respirou fundo, pigarreou e disse: - Também amo você. – Eu não disse mais nada, mas seus lábios disseram por mim. De forma diferente do que eu esperava, se tocaram aos meus num dia frio de outono, seu choque quente contra o dia que era o inverso. Seus lábios macios e suas mãos que percorriam pelos meus cabelos, enquanto eu girava meus braços ao redor do seu pescoço. Eu podia sentir o carinho em seu beijo, em tudo na verdade, meu corpo se encaixava perfeitamente no dele, como se fossemos projetados um ao outro.
Até que uma folha amarelada pousou em meu rosto, e tivemos que parar. Ele retirou a mesma dali e complementou a cena com um selinho. Eu era a menina mais feliz de toda a Escócia naquele dia. E essa foi a primeira cena a brilhar em minha mente quando me deu os convites. Fomos namorados, sim, e eu sempre o amei... até ele fazer 24 anos e terminar a faculdade, vir e dizer a mim que precisava largar a infância. Buscar novos horizontes.
Ele tem 26 anos agora, e a segunda cena a surgir em minha mente foi aquela.
Eu, sentada na cama de meu quarto, ele ajoelhado, seus olhos ternos, como sempre, olhando para mim, suas mãos passavam pelas minhas mãos.
- , meu bem... estamos há quatro anos juntos, e... – meus olhos se focavam nos dele, ele parecia procurar não olhar muito para mim, olhava para os lados, mas eu procurava manter fortemente meu foco nos dele. Meu coração bateu tão forte quanto nunca tinha batido antes, aí vem tempestade!
A forma que ele segurava minhas mãos. Era como se me segurasse, segurasse minha vida em suas mãos doces e quentes. – E é sobre isso que eu quero conversar: meu futuro. – Seus olhos ficaram marejados, perto de mim, ele nunca se referia apenas a ele, sempre no plural. “Nós” era sua palavras mais dita, mas “eu”, “meu”, há algo muito errado. Eu não o via desse jeito, a ponto de chorar, há tempo. – N-Não sei se poderíamos continuar juntos.
Eu desabei! Chorei de verdade, como se alguém tivesse morrido, mas algo tinha morrido: nosso relacionamento, meus sonhos, tudo. Ele me olhou triste, e limpou o canto do olho.
Estava tão mal por me deixar quanto eu por aceitar ter que deixá-lo. Ele se levantou, pegou um colar prateado no bolso.
- Eu preciso crescer, sabe, não vou largar Aberdeen, mas... – ele suspirou mais uma vez, colocou o colar no meu pescoço. – Eu te amo, , de verdade... – selou meus lábios por uma última vez, rápido como tirar band-aid, para não doer. Mas doeu, doeu do mesmo jeito. Doeu mais até. Ele fungou o nariz, e se tornou nítido para mim que ele chorava. Olhou para a janela, o tempo nublado, como no dia que nos conhecemos, começava a chover, assim como meu coração. Ele pigarreou.
- , está começando a chover, melhor eu ir. – eu sabia que ele fora embora daquela maneira para não doer nele, meu choro, seu choro, ele iria chorar mais no carro, eu tinha certeza. E sabia que ele não queria que eu o visse daquela maneira.
Assim que ele foi embora, a chuva piorou. Fiquei tão triste e escura quanto o tempo, por dias não conseguia parar de chorar. E foi assim pelas outras semanas, e meses...
Passaram-se duas semanas, e resolveu que eu não devia ficar daquela maneira, ela estava certa. Comecei até a sair, ficar, namorar não, apenas noites de diversão, apenas. Seis meses depois, começou a namorar . Meu coração se partiu, a depressão retornou. Mas dessa vez, não podia me ajudar.
Ela começou seu relacionamento com na pré-adolescência, durante um jogo de verdade ou consequência, um amigo nosso sugeriu que ela desse um beijo em . Era seu primeiro beijo. Aos 12 começaram a namorar, bem cedo... Até que aos 19, ela deixou se levar por intrigas e fofoquinhas de , a atual de . Ela dissera à que estava com outra num pub, e a boba acreditou. Aposto que ela fez o mesmo com para que eles ficassem juntos. E aposto também que foi tudo uma grande cilada.
e se tornaram grandes amigas, e eu e , amigas desde a infância, que amam os mesmos garotos desde pequenas.
O dia do casamento era apenas 15 dias depois de termos recebido os convites.
E os dias se passaram rápidos. Naquela primeira semana, eu não conseguia parar de chorar, da mesma maneira que chorei quando descobri que ele estava namorando, quando nosso relacionamento acabou. Fazia anos que eu não usava aquele colar cheio de pedrinhas brilhantes e em formato de folha. Mas eu pessoalmente achava que aquele colar ia ficar lindo com o vestido preto longo que eu havia comprado exatamente para o casamento dele. E três dias antes eu estava com aquele ideal fixo de que, não havia sido o fim, e que havia algo muito errado naquele casamento.
Ele era simplesmente o amor da minha vida, se eu não pudesse tê-lo ninguém mais poderia. Isso era fato!
As lágrimas dos meus olhos se tornaram em raiva, uma raiva profunda por ter perdido o homem da minha vida para uma mulher sem coração. E amor, amor por alguém que havia dito que me amava no mesmo momento que partia. Aquele colar era o símbolo do nosso primeiro beijo, daquela folhinha que interferiu o beijo mais perfeito da minha vida.
Porque, também, nem, sequer, combinava com aquela vadia.
O dia havia chegado e a cerimônia havia sido marcada para as dez da manhã. Colar, vestido e cabelos soltos, demonstrando que eu não estava para brincadeira. não está atrás, mas, ao invés de apostar no preto como eu, usava um vestido roxo curto e justo. Ao chegar à igreja, faltava menos de alguns minutos para cerimônia. Entramos na igreja e escolhemos um bom lugar, uma de um lado e outra de outro, sentadas na borda dos bancos da igreja. Quando os noivos chegarem, viriam muito bem que estávamos prontas, prontas para qualquer coisa.
A entrada dos dois noivos, e , com aquela música que devia ser a de entrada perfeita para os noivos lindos e perfeitos que eles eram. Todo mundo olhava para mim e , todos sabiam da história. E sabiam, só de olhar, que não estávamos de acordo com a união.
viu que estávamos ali, e também.
Deviam se perguntar realmente sobre nossa audácia de fazer aquilo. Já que era claro que eles só nos convidaram por educação. Mas se nós iríamos era outro caso, outro preocupante caso.
não olhou para mim enquanto atravessava aquela passarela infernal com aquela música que parecia mais uma marcha fúnebre para os meus ouvidos. Logo após aquele desfile negro de padrinhos, madrinhas, minha ex-sogra, meu ex-sogro, a dor invadia meu coração a cada rosto conhecido que passava por mim, ou com olhares preocupados, ou com olhares de canto de olho, ou sem olhar.
Todos os homens usavam kilts, aquelas saias escocesas, elas eram usadas com roupa formal, o xadrez da roupa determinava de qual família você pertencia. Era até engraçado ver aquele bando de homens vestindo saias que chegavam até o joelho, mas era incrível como aquilo não abalava a beleza de e de , era como se não existisse. Ele continuava lindo.
As noivas entraram, duas vadias usando roupas de noiva, como conseguiam ficar horrorosas! Ver subir ao altar com o amor da minha vida era pior do que ser esfaqueada na barriga, isso era fato. Aquele ódio só crescia enquanto eu a via subindo lentamente ao som da irritante música de marcha nupcial.
E quando ela segurou as mãos de , foi aí que meu ódio subiu como fogo, quase que minhas pernas correram por conta própria até o altar e arrancou aquelas mãos malditas de lá. Mas eu me contive.
Sentei-me, calei-me. E aguentei a tal tortura. Os olhos castanhos de escapavam com frequência dos convidados para me procurar, enquanto meus olhos já estavam focalizados nos dele.
Não nos víamos há um ano, e seu último encontro comigo não fora muito agradável.
Foi durante o funeral da minha avó. E ele foi embora cedo.
Prestei atenção a cada movimento da cerimônia, até chegar a hora certa.
Então o padre começou a anunciar que o final estava chegando, mas o meu show estava pronto para começar.
Olhei para .
- Vem? – Ela olhou nervosa para os lados e negou com força com a cabeça, ela não ia cometer tal loucura, ia se aproveitar de todo o estrago que eu ia fazer.
- , você aceita ... – o padre começou...
- Não dá, , desculpa. – Ela protestou, com medo. Eu também estava, mas não tinha o que perder.
- Na riqueza e na pobreza...
- Já sabe como isso vai acabar, né?- Ela fez sinal para que eu acalmasse e pensasse bem, mas eu já tinha pensado demais até.
- E se alguém tiver algo contra essa união, fale agora ou... – Meu coração bateu acelerado, e meu corpo respondeu por mim. Levantei-me com força e estendi o braço.
- Eu! – A igreja inteira olhou para mim, alguns com surpresa, outros torcendo por mim, alguns sem reconhecer meu rosto. Corri até o altar, empurrando e . olhava assustado e se afastava aos poucos. – , quando você se foi, você disse que me amava, você nunca mais me procurou, ou fez algo do gênero, eu estou usando o seu colar, , eu não me esqueci de você. – Ele me olhou cabisbaixo, segurou minhas duas mãos com um olhar terno junto com o meu, eu não o via assim fazia anos.
- Eu... Eu... deixei me influenciar: amigos, família, minha família e a do ... Desculpe. Desculpe, , nunca te amei, sério. Você sabe disso, não é? – Ele se virou para o padre e começou a dizer. – Padre, o casamento acabou para mim, acabou. – eu me virei, fazendo que não desesperada com as mãos.
- Espere, está tudo pago, certo? – o padre fez que sim com a cabeça, levantando uma de suas sobrancelhas para mim. – EI! PESSOAL! VAI TER CASAMENTO, SIM! NÃO VÃO EMBORA!! – Gritei para os convidados, depois me virei para o padre. – Casa a gente? Tem a minha amiga, também. – Ele deu de ombros. riu.
Nós nos casamos, fizemos a festa, mudamos os bonequinhos dos noivos, e nos vingamos, em parte das vadias.
E o melhor de tudo, recuperei o homem que eu amava. Sem medo, sem o menor medo de me arriscar.
é muito feliz ao lado de , eles têm um casal de gêmeos atualmente. E eu? Estou grávida de uma menina que vou batizar de Helena.
Eu amo , e sempre o amarei.
~Le fin.
N/A: Hello my dears, acho que vocês vão tomar susto com essa fic mais clean, ACREDITEM EU SEI FAZER COISAS ROMANTICAS. A ideia desse treco ai surgiu quando o Tommy lindo casou, e o Hazz anunciou noivado, eu tava muito, muito #chatiada, ai de protesto escrevi, com todo meu pranto, e blá, blá, blá. Afinal, um casar é cuti, todos é apocalipse. Espero que se surpreendam com esse meu lado fofo, e gostem dessa fic. XX Hera.