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Get Back To The Old Days






Prólogo


"Love you forever and forever. Love you with all my heart. Love you whenever we're together. Love you when we're apart."


Capítulo único


Eu poderia começar a história de um jeito comum, dizendo que ela usava um vestido branco que ressaltava as suas curvas e a deixava com um aspecto angelical. Poderia também dizer que ela possuía os cabelos longos que despencavam em cachos modelados até a cintura, sem me esquecer de citar os seus olhos. Eram de uma cor desconhecida – uma junção de azul e preto – que o fariam ser hipnotizado por com um simples olhar. Mas eu não gostaria... Quer dizer, era óbvio que ela não estava feliz. E que dor no coração me dava ver uma menina como triste. O seu sorriso poderia iluminar aquela toda cidade. Porém ele não aparecia fazia tempos. Na verdade, fazia cinco meses, aproximadamente... Mas quem está contando? Viver tornara-se uma obrigação. Só o dever de existir. Alimentar-se de lembranças não era saudável, mas era o que ela tinha.. Lembranças.

Dia 12 de junho de 2000 – Um pouco mais sobre a história do casal: parte I


A sua cabeça estava cheia, prestes a explodir. Precisava relaxar, gritar... Precisava respirar. E por que diabos achara que uma boate que tinha cheiro de vômito, bebida e cigarro seria o lugar certo? Ele nunca foi do tipo que curtia essas festas com muita gente, mas estava tão confuso que qualquer lugar parecia ser melhor que a sua casa. Estava errado.
Saiu da roda de “amigos” – entre aspas, é claro, já que ele não confiava em nenhum deles. E, se me permitem falar, ele estava certo – e caminhou em direção ao bar, à procura de álcool. Só queria se esquecer do que tinha acabado de ver. Os seus pais haviam brigado. Feio. E seu pai o abandonara... Pela segunda vez. Aquela dor era demais. Quase deixou que toda a angústia e a vontade de chorar tomassem conta de seu ser, mas o som dos Beatles conseguiu fazer com que a sua mente fosse parar em outro lugar.
Na verdade, em outra pessoa. Ela também não pertencia àquele lugar. Era bonita, diferente demais pra isso. A menina virou um copo de Martini e fez uma careta – encantadora, como ele mesmo descreveria. Pensou em várias formas de puxar conversa, mas nada vinha à cabeça. Então ela virou. E olhou diretamente nos olhos dele. Duraram segundos, mas pareceram horas. Ela se sentiu invadida, assim como ele. Como se houvesse um imã, aproximaram-se. Não havia nada para falar ou para explicar. Só sentiam. E o que sentiam era muito estranho.
Silêncio. Quer dizer, perdoe-me! Silêncio entre eles, porque todas as outras pessoas dançavam até o chão. Não havia uma palavra a ser dita. Os olhos de rumaram em direção à saída e ele entendeu. Seguiram pelo estreito corredor e, quando abriram a porta, uma rajada de vento os pegou.
Desconfortável.
Vergonhoso.
Silencioso.
O que eles estavam fazendo ali?
– Então... Olá? – tentou falar, desconcertado.
– Oi... Eu acho.
Alguém esbarrou em e ela foi empurrada para o lado dele. Foram milésimos de segundos, mas só o simples toque com a pele dele a fez estremecer até a espinha. Ambos arregalaram os olhos e se encararam.
– Você também...
– Aham... – assentiu efusivamente com a cabeça.
– Ok. Isso está ficando muito... Muito estranho – ela assentiu e ficaram mais um tempo apenas observando a rua. Não que estivesse muito interessante, mas era uma situação desconfortável. – Não me apresentei. Sou o .
– Ah, claro! Eu me esqueci! Sou a !
– Desculpe a pergunta... Mas o que você está fazendo aqui? – ele falou e ela o olhou em dúvida. – Quer dizer, você claramente não pertence a esse lugar.
– Como se você também pertencesse... – revirou os olhos. – Está mais do que na cara que está odiando isso tudo – concordou.
– Você quer... Sei lá... Ir para outro lugar? – ela olhou incrédula para ele e logo tratou de se retratar. – Não para esse tipo de lugar! Estou falando de um café, ou sei lá... – ela franziu o cenho. – Você não tem que aceitar. ‘Ta? Quer dizer, não me conhece. Posso ser um louco ou... Não que eu seja! Porque não sou! – gargalhou com a confusão e ele olhou incrédulo. – Qual é? Ajude-me aqui.
– Tudo bem. Eu aceito – sorriu e sentiu toda a sua face tomar uma cor vermelha.
Ah, o destino! Se me permitem comentar um pouco sobre ele, devo dizer que adoro quando ele junta casais como esse. Tudo bem que às vezes sinto um ódio tremendo dele por separar-los, mas, ah, como é bom! Os corações batendo num ritmo frenético, o estômago sendo invadidos por borboletas e a ansiedade tomando conta de cada parte do corpo... Sortudos são aqueles que o destino presenteia com o amor.

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Por causa disso, seria injustiça com a nossa principal começar a história narrando-a tão mediocremente. Ainda mais num dia desses: dia dos namorados. O dia em que o amor surpreendentemente desperta nos corações adormecidos e todos resolvem declarar o quão felizes estão com seus parceiros, que pedidos de casamentos são realizados e jovens declaram amor eterno. Tolice. Pelo menos para .
Espere, espere! Permita-me retratar. Não que nossa principal seja uma garota amargurada com a vida e odiasse o amor. Era exatamente o contrário. Sempre fora romântica e tinha o amor como algo grande, excepcional e... Atrapalhado pela distância. Ela agüentava firme todos os outros 364 dias do ano, mas justamente hoje não agüentaria mais tanto tempo longe dele.

Dia 12 de junho de 2002 – Um pouco mais sobre a história do casal: parte II


Estava começando a anoitecer. O crepúsculo laranja pintava o céu e aquilo a fazia pensar que era uma pintura. Estava reunindo toda a coragem que possuía para finalmente falar. Olhou para cima, respirou fundo pelo menos três vezes e finalmente olhou nos olhos dele. Eram encantadores... Quer dizer, ele era encantador. Como demorara tanto tempo para perceber que estava apaixonada por ele? As borboletas no estômago, o suor nas mãos e a ansiedade pela sua chegada já deveriam ser sinais suficientes para ela descobrir. Na verdade, bem lá no fundo, a menina já sabia que, desde o momento que se conheceram, ele era perfeito para ela. Pensavam do mesmo jeito, tinham o mesmo gosto musical e combinavam em tudo.
– Então, , chamei-a aqui para... – travou. E se ele não sentisse o mesmo? E se acabasse a amizade? Ela era dependente dele. Não poderia pôr em risco tudo o que já haviam vivido por causa de uma paixão idiota. Deveria ser uma fase. Isso! Uma fase!
– Para...? Sabe, , ainda não aprendi a ler mentes – ele disse brincalhão. Por Deus, a quem ela estava tentando enganar? Não era uma fase. Muito menos uma paixão idiota.
– Eu estou... Acho que... Não, não acho. Tenho certeza que...
– Você poderia terminar pelo menos uma frase?
– Desculpe. Estou nervosa. É que... Não é uma coisa fácil de falar.
– Você sabe que pode falar tudo para mim. Não sabe? – ele olhou diretamente para ela e toda a sanidade que existia em seu corpo se esvaiu. Por que ela tinha que ser tão clichê? Por que tinha que se apaixonar logo pelo melhor amigo? Por uma das únicas pessoas que realmente se importavam com ela e queriam seu bem? Poderia ser um pouco menos piegas? Mas que diabos!
Olhou para cima e observou nuvens preenchendo os extensos espaços azuis sobre sua cabeça. Quando o sol já estava se pondo, ela soube que era a hora. Uma coragem, que ela não fazia a menor idéia de onde vinha, tomou conta de todo o seu ser e impulsionou o seu corpo para frente. Ficaram a milímetros de distância. Dividiam o mesmo ar... E o mesmo sentimento? É claro que sim! Estava estampado na cara de qualquer pessoa que visse na rua que ele estava perdidamente apaixonado por aquela garota. Amava o seu jeito, seu sorriso, as suas manias. Amava-a. E tinha certeza disso. Por isso, acabou com a distância que havia entre eles e uma explosão de sentimento invadiu os dois. As suas línguas se encontraram numa sintonia absurda e perfeita. As mãos ágeis do garoto percorriam todo o tronco dela e ela brincava com os seus cabelos. Depois do que pareceu uma eternidade, desgrudaram-se procurando desesperadamente por oxigênio. Ele sorriu com os dentes e ela não pode deixar de retribuir. Agora ela tinha a certeza. Foram feitos uma para o outro. O que faltava em um existia no outro. O encaixe perfeito. permitiu que a felicidade transparecesse em seu olhar e se recusou a pensar numa possibilidade diferente. Levantaram-se, apoiando-se no banco que existia atrás deles, e ambas as pernas estavam bambas e as respirações, ofegantes.
– Isso foi...
– Bom? – ela perguntou em dúvida. Ainda estava atordoada com todos os acontecimentos.
– Ótimo! Melhor do que eu pensava.
– Então você pensava nisso? – ele assentiu com a cabeça e ela envolveu os seus braços no pescoço dele. Teve que se apoiar nos dedos dos pés para conseguir alcançar a boca dele.

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pelo menos desejava ter alguém para culpar, mas ela não poderia culpar toda a nação americana por precisar de ajuda agora. Uma guerra estava acontecendo e , que sempre fora heróico e apaixonado pela nação, estava lutando literalmente para que a ameaça não chegasse a ela.
Mas que droga. Por que só o que ela conseguia era sentir saudades dele?

Dia 12 de junho de 2003 – Um pouco mais sobre a história do casal: parte III


! Devolva! Agora! – a garota gritou numa tentativa de parecer raivosa. Tentativa falha essa, só para constar.
– Devolver? Para quê? Para você ligar para o Paul e conversar com ele a noite toda? Não. Tenho planos melhores para a nossa noite – sorriu maroto e se repreendeu por quase cair nos encantos dele.
– É sério! Preciso do meu celular e Paul precisa da minha ajuda!
– Sei bem o tipo de ajuda que ele precisa... – deu a volta na cama numa tentativa de se desviar dela. Ficaram nessa brincadeira por algum tempo até que simulou uma queda, soltando um sonoro “ai”. , sempre prestativo, largou o celular na cama e foi em direção a ela.
– Deixe-me ver. Machucou? – ela aproveitou o momento de distração e se jogou em cima da cama. Pegou o aparelho e balançou no ar.
– Impressionante como você sempre cai nessa, mon chéri! – e saiu do quarto, mexendo os quadris excessivamente. Ouviu alguns resmungos dele antes de chegar à sala, mas apenas riu. Apertou a tecla de re-discagem e esperou alguns momentos até que a voz tão conhecida de Paul preenchesse os seus ouvidos. Não conseguia entender o porquê de tanto ciúmes. Tudo bem que Paul algumas vezes havia tentando dar em cima dela e ela, inocentemente, fingia que não percebia, só para não acabar com a amizade. Adorava a companhia dele, mas é claro que sempre fora e sempre seria sua paixão.
– Oi, Paul! – ela falou, recuperando o fôlego.
– Ele encrencou de novo. Não foi? – soltou um risinho e fez um barulho de quem concordava. – Quando ele vai parar de ter medo que eu a roube dele?
– Não sei! Acho que está mais do que na cara que o meu coração pertence a ele – fingiu que não tinha ouvido Paul bufar do outro lado da linha e continuou. – Mas a que devo a honra de sua ligação?
– Tem planos para hoje? Quer dizer, é meio que óbvio que você irá fazer algo hoje, mas quero saber se o dia todo... Eu precisava da sua ajuda com uns textos – ele era jornalista e sempre pedia as opiniões dela sobre as colunas. Confiava mais nela do que em si mesmo. E odiava isso.
– Ahm... Não sei, Paul. Vou ver aqui e ligo. Tudo bem?
– Tudo bem. Até mais!
Deixou o aparelho em cima da cômoda e rumou de volta para o quarto. Assustou-se quando um dos braços de envolveu s sua cintura e empurrou-a contra a parede.
– Então quer dizer que ele precisa de ajuda com os textos. Não é? – ele sussurrou provocante no ouvido dela e todos os pêlos de se arrepiaram.
– É... Eu lhe falei que não era nada de mais – ela falou tentando, inutilmente, manter a voz firme e não parecer tão vulnerável.
– E você tem certeza de que vai me deixar aqui em casa... – invadiu a sua camisa com os dedos e passou a fazer desenhos desconexos nas suas costas. – Para escrever um texto sobre política... – pegando-a desprevenida, lançou os seus lábios para o pescoço dela, distribuindo ali beijos e mordidas de leve. – Enquanto poderia estar fazendo algo muito... – seguiu com uma trilha de beijos por toda a extensão de seu rosto e tronco. Sorriu quando a sentiu falar o seu nome baixinho. – Muito melhor? – não agüentou mais a tortura e virou para procurar desesperadamente a boca dele. Quando as suas línguas se encontraram, uma explosão de sentimentos a invadiu. – Acho melhor você não ir... Sabe por quê? – ela negou efusivamente com a cabeça. Só precisava dele... Não mais do que ele estava falando fazia sentido – Porque o que você escrever depois disso... Não vai ser muito educativo para um jornal – ela gargalhou e, como num movimento automático, cruzou as pernas ao redor da cintura dele. Quem era mesmo Paul? E o que ele queria?

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A casa estava do mesmo jeito de quando saiu. Os móveis no mesmo local, os porta-retratos intactos e a caixa em cima da mesa. Fora viver com sua mãe enquanto ele estava fora. Patético, e até mesmo sabia disso. Ela deveria ser uma adulta e madura. Quer dizer, era isso que se esperava de uma mulher de vinte e quatro anos. Porém ela simplesmente não conseguia. Estavam juntos há sete anos e esse tempo só contribuiu para que a sua dependência para com ele aumentasse. O garoto a tirara do fundo do poço, no pior momento de sua vida. E essas lembranças, minha cara, são as que o narrador que vos fala não gostaria de lembrar. Ah, como essa garota sofreu... Volúvel, sentimental e isolada, não era só mais uma dessas drama-queens que se vê por aí. Ela tinha verdadeiros motivos e a ajudou. A diferença entre essa história e qualquer outra que você irá ler é que o destino nem sempre os ajudou, e só depois de dois anos eles finalmente entenderam que deveriam ficar juntos.

Dia 12 de junho de 2004 – Um pouco mais sobre a história do casal: parte IV


Sentia um cheiro familiar de menta. Sentia a pele de todo o seu rosto formigando. Sentia uma respiração pesada a centímetros de sua boca. Abriu lentamente o olho direito e deu de cara com ela sorrindo travessa. Como era bom acordar com a menina ao seu lado... Puxou-a para mais perto e a beijou na testa.
– Bom dia, dorminhoco – ela falou risonha.
– Se o dia já começou assim, vai ser ótimo – era assim. Ele era dependente dela. Um mínimo sorriso dela e a vida parecia ter um vetor diferente, com sentido e direções que antes não pareciam possíveis de se seguir. Sentia-se feliz, amado e completo, como há muito tempo não se sentia.
– O que vamos fazer hoje? Sabe, não sou muito de comemorar o dia dos namorados, mas hoje faz quatro anos que nos conhecemos.
– E por que eu deveria comemorar? Há quatro anos conheci uma menina tão chata, tão feia e tão... Outch! Não precisava jogar o travesseiro em mim, pequena.
– Continue assim que vou é jogar você da janela.
– Já disse que você fica uma graça quando está brava? – falou irritante e levou outro travesseiro na cara. Impressionante que ela tinha vinte e um anos, porém continuava com espírito de criança. Mais uma coisa que ele amava sobre ela... Quer dizer, havia algo que o garoto não gostava nela?
– Falando sério, . O que você quer fazer?
– Sabe, , não me importaria de passar o dia todo com você nessa cama...
– Você só pensa nisso. Não é, menino?
– Assim você me ofende! – falou, colocando a mão no peito como se tivesse levado uma facada no coração. – Não penso só nisso... Também pratico – ela fez uma cara assustada e depois gargalhou. Aquele era o que tanto amava. – Mas já que você quer fazer algo especial... Que tal um jantar romântico com o seu namorado lindo?
– Ih, você deve estar confundindo. Namorado lindo eu não tenho.
– Assim você me machuca, .
– Idiota. É claro que topo – sorriu e foi de encontro a ele. Beijaram-se uma, duas, três vezes e, bom... A narradora que vos fala prefere não comentar sobre a intimidade do casal, mas, se querem saber… Levando em conta os barulhos, diria que foi ótimo.
encarava o seu reflexo no espelho pela milésima vez seguida, procurando qualquer defeito. Sempre fora insegura. Suspirou pesado e terminou de fechar os sapatos. Usava um vestido preto que ia até metade de suas coxas com um sapato também preto. Se me permitem dizer, eu não entendia o porquê dessa insegurança. Era linda, divertida e tinha diversos pretendentes. Esses que ela não conhecia por uma intervenção de . Nada como um “fique longe dela” com voz de raiva para que qualquer um desistisse de conquistá-la.
Exatamente às oito horas da noite, entrou no quarto e se impressionou com a beleza daquela garota. Como ela podia ficar mais bonita a cada minuto?
– Nossa... Você está... Quer dizer, você é... Uau – sentiu todo o seu rosto tomar a cor escarlate e se apressou em buscar os olhos dele. Impressionante como toda vez que eles se olhavam ela sentia a mesma coisa de sempre. Coração batendo num ritmo frenético, mãos suando e elefantes no estômago. Porque, bom, um homem como não a fazia sentir apenas borboletas no estômago.
Depois de alguns – muitos – beijos trocados, encaminharam-se para o restaurante. Estava repleto de gente e todos os olhares se voltavam para ela quando passava. Ouviu bufar em seu ouvido diversas vezes e apenas riu da situação.
Depois de algumas horas, os dois já estavam “altos”, se assim posso dizer. Na verdade, foram apenas duas horas, mas eu não gostaria que você pensasse que os meus protagonistas são bêbados ou qualquer coisa do tipo. São apenas animados, se assim posso dizer.
, olhe para mim – ela tapou os olhos numa brincadeira inútil. Ah... O efeito do álcool. – Sério, olhe para mim – ele falou de um jeito tão sério que a menina foi obrigada a encará-lo. – Quero que você saiba, desse momento em diante, que sempre estarei com você. Para o que você precisar. Eu nunca irei abandoná-la – ela olhou em dúvida para ele. – Estou sendo sincero. Vou amá-la... Para sempre. Eu juro... Por esse... – correu os olhos pelo restaurante e viu um pequeno pingente de plástico em formato de coração pendurado na rosa que estava na mesa – Pingente.
– Sério, ? Um pingente?
– Ah, qual é, ? Não acabe com o clima. Juro, por essa coisa aqui, que nunca vou deixá-la – ele arrancou o objeto da decoração do restaurante, beijou-o e deu na mão dela. Era simples, mas ali estava uma promessa. E tenho que avisar: um homem como nunca quebra as suas promessas.

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A decoração antiga já não agradava mais. O relógio parecia cada vez mais devagar e os programas de TV pareciam irritantemente iguais. Ela só queria uma notícia, uma ligação, uma chamada no skype. Qualquer coisa que a deixasse tranqüila sobre o estado em que se encontrava. Estava aflita desde que vira uma reportagem sobre uma bomba que explodiu no campo em que ele estava. Tivera que aprender a ser confiante e não temer, mas era impossível. Com o namorado do outro lado do mundo, lutando ferozmente contra outro país, era ridículo pedir pra que ela tivesse qualquer tipo de calma.

Dia 12 de junho de 2005 – Um pouco mais sobre a história do casal: parte V


Leiam ouvindo essa música!

Estava irritada, chateada e magoada. Muito magoada. Tentara se convencer de que aquilo seria só mais uma data. Um dia qualquer, porém não conseguira porque não era mais uma data. Era o dia dos namorados. Cinco anos que eles se conheciam e três que namoravam. E assim, do nada, o resolve sumir? Sério, qual era o problema dele? Prometera a si mesma que não iria chorar. Ele vinha agindo estranho esses dias, conversando baixo, desligando o celular quando ela estava perto... tentava de todo o jeito excluir o pensamento de que ele estivesse a traindo, contudo era impossível. O seu coração parava só de pensar que poderia estar com outra.
Quando já estava exausta, mental e fisicamente, jogou-se no sofá e caiu no sono.
Acordou com uma mensagem de no telefone. Dizia para ela se encontrar com ele na praça que eles costumavam ir. Chegando lá, sentiu o seu coração parar.
Não...
Não podia ser verdade.
Aquele era mesmo o ? O seu ? Em cima do palco? E, calma, de onde esse palco veio?
– Finalmente você chegou, ! Esse menino não me deixou em paz durante toda essa semana – Emma, uma senhora que tinha uma barraca de sorvete por ali, falou.
– Você pode me explicar o que está acontecendo? O morre de medo de placo.
– Por que você não vai lá e descobre? – assentiu com a cabeça e seguiu o conselho de Emma. Chegou mais perto e viu olhar surpreso para ela. Ele sorri, de um jeito nervoso. E lindo, só para constar.
– Hum... Com licença? – falou e depois pigarreou no microfone. – Bom... Tenho algo a dizer e quero que vocês escutem com muita atenção – Something do The Beatles começou a tocar no fundo e ficou mais confusa ainda.

Something in the way she moves
Attracts me like no other lover.
Something in the way she woos me.
I don't want to leave her now.
You know I believe and how.


(Alguma coisa no jeito que ela se move
Atrai-me como nenhum outro amor.
Alguma coisa no jeito que ela me fascina.
Eu não quero deixá-la agora.
Você sabe que acredito e muito.)


– Então, vocês estão vendo aquela mulher ali? É, aquela de vestido rosa – todos os olhares se voltaram para ela e a garota ruborizou. – É... Como posso dizer? Ela é a mulher da minha vida. Alguns de vocês devem estar pensando “ah, esse homem está errado”, mas não estou. Tenho certeza. Enfim, hoje completamos três anos de namoro e ela deve estar revoltada comigo porque acha que me esqueci. Mas não esqueci. Está vendo? – ele deu uma risada nervosa e todas as pessoas ali em volta acompanharam-no. – Vocês devem estar se perguntando “como ele tem tanta certeza?” Bom... Toda vez que ela sorri, o meu coração se enche de alegria. Toda vez que ela chora, sinto vontade de chorar junto. Toda vez que a olho ou a toco, a minha respiração diminui o ritmo. Toda vez que a gente briga, o meu mundo parece desabar.

Somewhere in her smile, she knows
That I don't need no other lover.
Something in her style that shows me
I don't want to leave her now.
You know I believe and how.


(Algum lugar no sorriso dela, ela sabe
Que não preciso de outro amor.
Alguma coisa na maneira dela que me mostra
Que não quero deixá-la agora.
Você sabe que acredito e como.)


Algumas lágrimas solitárias corriam pelo rosto de , mas o sorriso dela continuava ali.
– Eu nunca fui bom com as palavras. Sabe? E me sinto um idiota aqui tentando falar para vocês e para ela o quanto a amo. O quanto amo o sorriso dela, a risada, o jeito, as piadas sem graça, os momentos de seriedade... Sério, alguém poderia me dizer como é possível amar tanto alguém assim? Só de pensar em perdê-la por um segundo, eu... Não gosto nem de imaginar. E é com essa mesma mulher que desperta todas essas emoções em mim que eu gostaria de passar o resto da minha vida.

You're asking me: will my love grow?
I don't know, I don't know.
You stick around now. it may show.
I don't know, I don't know.


( Você está me perguntando: meu amor crescerá?
Eu não sei, eu não sei.
Fique por perto agora. Ele pode aparecer.
Eu não sei, eu não sei.)


– Então... Eu a enrolei por todo esse tempo para poder finalmente lhe perguntar algo que quis há muito tempo. E, claro, tinha que ser ao som dos Beatles. Você se lembra de quando a gente se conheceu? Tocava exatamente a mesma música... E hoje quero saber se você gostaria de ter mais memórias como essa comigo. , você aceita passar o resto da sua vida junto a mim?
Ela não respondeu. Palavras não seriam o bastante. Palavras não seriam suficientes. Palavras pareciam tão... Insignificantes.
Permaneceu em silêncio, admirando-o. Encarando-o com aquilo que nunca conseguira disfarçar: o seu olhar. As fagulhas de felicidade nunca foram tão intensas, o seu sorriso nunca fora mais sincero e encantador.
desceu do palco e chegou mais perto dela. Pôs-se de joelho, numa típica pose, e abriu uma caixinha que carregava na sua mão. Havia um anel... Com um pingente de forma de coração. Exatamente igual aquele que ele deu há um ano. Só que em versão diminuta, é claro.
– Eu... É claro que aceito – e se jogou nos braços dele. As suas línguas se encontraram na sintonia absurda e perfeita. Desconhecida, mas harmoniosa, incrivelmente. Entregou-se. Coração e alma. Sem dúvidas, sem retornos e sem arrependimentos. Dois e um só. Uma explosão de sentimentos. Felicidade transbordando. Pensamentos sobre o futuro... Isso que quer dizer o amor.

Something in the way she knows.
And all I have to do is think of her.
Something in the things she shows me
I don't want to leave her now.
You know I believe and how.


(Alguma coisa no jeito que ela sabe.
E tudo o que tenho que fazer é pensar nela.
Algo nas coisas que ela me mostra
Que não quero deixá-la agora.
Você sabe que acredito e como.)


xxxx


E então a campainha tocou. E como num movimento automático, ela se levantou do sofá. Era incrível como ainda tinha esperança de que aparecesse ali. Afinal, ele sempre tocava a campainha numa tentativa de irritá-la. Selou as pálpebras, engolindo o bolo que se formava em sua garganta.
– A senhora é a ? – um senhor com um boné azul e uma blusa amarela que continha o símbolo dos correios se dirigiu a ela. Ela apenas acenou com a cabeça. – Tenho uma encomenda para a senhora – ele colocou uma carta endereçada a ela sobre o móvel. E com o nome de . Hesitou, com pesar, e aproximou-se vagarosamente. Mais três passos e um movimento de mãos. Agora, dois. Um. Pronto, já o tinha em mãos. Inspirou coragem e abriu delicadamente o papel. Uma carta. Uma folha. E, com um olhar rápido e cálculos de cabeça, vinte linhas. Pequenas elevações, causadas pela força, e letras borradas. Seriam lágrimas?

,
Perdoe-me por não saber como começar essa carta. Na verdade, eu deveria começar pedindo desculpas por não poder estar aí junto a você. Quer dizer, sete anos que nós conhecemos – cuidei para que esta carta chegasse no dia exato. Sinto como se a conhecesse há milhões de anos. E, mesmo que eu pudesse viver durante todo esse tempo, não seria o suficiente para nós dois. Sabe, só se passaram seis meses desde que o treinamento começou, mas parece uma eternidade. Antes que você se preocupe: estou bem. Tenho todas as partes do corpo e a guerra está indo melhor do que planejado. Mas nada se compara a guerra que está sendo travada dentro de mim. Eu queria poder pegar um avião e poder senti-la de novo. Ah... Como sinto a sua falta, ! Sinto falta do seu sorriso, do jeito com que você fala, do modo como revira o olho quando está incomodada, de sentir o seu cheiro de manhã. Sabe aquela expressão “eu queria estar em dois lugares ao mesmo tempo”? Então, ela nunca me pareceu tão tentadora.
Realmente não sei o que dizer. Nunca fui bom com as palavras. Eu só não podia deixar essa data passar em branco. Você foi tão importante para mim durante esse tempo que qualquer coisa que eu dissesse aqui seria inútil. Descrever o meu amor é impossível. Só quero que você saiba que o nosso amor não será afetado por distância alguma. Só mais dois meses e estarei junto a você, comemorando os sete anos. Afinal, a importância não se deve ao dia e sim junto a quem você o comemora. E lembre-se: you’ll always be my valentine.
PS1: “Something in the way she knows and all I have to do is think of her”.


Fim



Nota da autora: OLÁ! =)
Essa fic foi feita para o Especial dos Dia dos Namorados do FFOBS, então por isso os flashbacks eram sempre no dia doze. Então, vocês devem estar se perguntando “qual o problema dessa menina? Essa é a história mais sem noção que eu já li!” ou “cadê o final disso?”, mas escrevi essa fic para você fazer o final. Você que sabe como vai acabar. Pra ler essa história, têm que prestar MUITA atenção nas datas. Por que? Bom, porque até eu me confundi UAHAUAHAUA. Mas falando sério. A história passa um flashback e uma parte do presente. Tive a inspiração do nada e tive pouco tempo para colocá-la no papel, ma realmente gostei dessa história. Não tenho muito o que falar... Apenas agradecer à Schay, minha amiga linda, que me ajudou na hora de organizar as idéias. Amo você, chata.
Agradecimentos á Isa também, minha beta linda, que tem muita paciência comigo, haha.
Ah, espero que gostem. <3
PS: o meu twitter é @wherestai. Se você leu, gostou ou tem alguma critica, me avise por lá! =)
PS 2: minha outra fanfic no site: Back To Your Arms – McFly.
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