Grown-Up Kids
Por Amy Moore




Era um lindo dia ensolarado e aquela garota estava deitada na grama rala do parque, onde pessoas corriam, jogavam Frisbee, faziam piquenique e etc. Aquela menina, porém, apenas ficava ali, deitada, lendo um livro que já lera muitas vezes.
? – O garoto chegou perto dela.
— Fale, Tom. – Ela nem o olhou.
— Larga isso!
— Não! – Ela parecia brava. – Tom, faltam cinquenta e sete dias para sair a primeira parte de Relíquias da Morte nos cinemas e eu nem li A Pedra Filosofal!
— Você já leu! – disse Tom. – Uma vez antes de cada filme novo e cinco vezes logo após comprar cada um. Você já leu esse pelo menos onze vezes!
— Mas...
— É seu ritual ou o quê?
— Não é um ritual!
— Então por que ler tudo de novo onze vezes?!
— Tom. – Ela se levantou, ficando de pé, e ele fez o mesmo. – Tom, eu gosto de relembrar os detalhes antes de ver os novos filmes!
— Então assista aos filmes anteriores!
— Eu assisto, mas não é a mesma coisa! – Era tão lógico para ela; por que ele não via isso? – Os livros...
— São diferentes, tá. – Tom revirou os olhos. – Mas...
— Tom! Faltam SÓ cinquenta e sete dias!
— Você lê isso em duas semanas, talvez menos – acusou.
— Não dá, né, não agora! Eu trabalho, faço faculdade... Não é mais como antes, quando eu li Relíquias da Morte pela primeira vez...
— Há mil anos luz...
— ...que eu pude ler em treze horas, só parando pra comer, beber água e essas coisas. Hoje eu tenho muito que fazer.
— Então não leia.
— Chega! Lerei e pronto!
— Você gosta mais dessa droga de livro que de mim.
— Até dos livros você tem ciúmes, Fletcher? – riu. – Você tem probleminha.
— O quê?
— Você tem probleminha, e se você tem probleminha, você precisa de tratamento...
— Ah, não. Lá vem você com essa historia de probleminha de novo!
A menina riu e voltou a ler. Se não a amasse tanto, ele ficaria feliz em deixá-la. Era obcecada demais, ela.
— Bom, então vamos ao cinema mais tarde?
— Melhor não.
— Por quê?
— Hoje sai o terceiro episódio de The Vampire Diaries. Estou louca para ver como Damon...
— E amanhã? – Ele a cortou. Não aguentava mais ouvir o nome "Damon", assim como muitos outros.
— Só se voltarmos bem cedo! – disse ela. – Nem louca perco a estréia da sexta temporada de Supernatural! Perder de ver Dean, aquele ser perfeito, lindo e maravilhoso dirigindo o Impala... E quero saber se o Cass aparece... E Sam! O Sam esca-
— Tá okay, – disse Tom, desanimado. – Me liga quando quiser me ver.
Tom se virou e se afastou, chateado.
— Tom? Tom! Ei!
Ele não quis ouvir. Ela deu de ombros e voltou a ler Harry Potter e a Pedra Filosofal; Harry ainda estava conversando com Draco na loja da Madame Malkin – cena que no filme não tem – e ainda faltava muito para acabar.

Tom não atendeu às ligações dela naquele dia. A menina se sentiu culpada, e por isso resolveu ir à casa de Kevin (amigo de infância dela) para desabafar e ver o que o amigo achava da situação.
Lá na casa de Kevin, a menina conversou sobre os caras com quem Kevin saiu nos últimos tempos e deu boas risadas enquanto ele pintava as unhas dela com esmalte vermelho, evitando o assunto principal – Tom.
— (...) E então ele ficou "tweetando" indiretas pra mim, sabe? Aí eu surtei, menina. Sabe como fico quando começam com essa coisa de possessividade. Não sou propriedade de ninguém.
— O que você fez? – A menina perguntou ao Kevin, rindo.
— Mandei um "reply" pra ele, dizendo: "cara, ficar contigo é uma puta falta de sacanagem; vai pro show do Restart que você ganha mais, querido!" – Kevin riu. – Ele não gostou. É um "colorido", você sabe.
— Ai, Kevin, coitado do menino! – E riu. – Ele só estava gostando de ficar contigo, o que tem de ruim nisso? Além do mais, você pegou pesado; falando isso pra ele no Twitter? Coitado... Caramba, você tá borrando todo meu dedo!
— Foi mal, piranha! – disse, pegando o removedor de esmalte e limpando onde havia borrado. – Mas chega de falar dos meus coloridos. E o Tom? Como andam as coisas com ele?
"Como andam as coisas com ele?" Isso era o mesmo que perguntar: "vocês já fizeram sexo?" Kevin insistia que ela devia fazer sexo com Tom, pois na concepção dele um namoro de cinco anos já devia ter dado em casamento.
— Normal.
— Ou seja, você continua tão virgem como quando nasceu. Não, espera, acho que beijo deve contar alguma coisa. É, definitivamente.
— Cale-se, Kevin – pediu a outra, segurando um risinho debochado.
— É sério, piranha. – Kevin parou de pintar as unhas dela e a encarou. – Homem como Tom você não encontra mais hoje em dia, e você prefere passar seu tempo com um monte de páginas velhas e inúteis do que sair com o cara. Vai dar pra ele que você ganha mais!
— Kevin, para com essas gracinhas...
— Não é gracinha. – Ele sorriu maliciosamente. – Tom é muito gostoso, e deve ter um monte de vadias querendo que ele as pegue de jeito.
Ela suspirou.
— Quando for a hora, Kevin, eu farei isso.
— Você não tem jeito mesmo! – Kevin parecia ter desistido do assunto.
Passamos para assuntos aleatórios, e paramos de conversar assim que começou Vampire Diaries.
— Damon! – Eu dei um berro e fui correndo para a frente da TV.
— Piranha, olha o que você fez! – Quando ela o ouviu gritar, virou-se e viu o Ipod de Kevin, que estava sobre o sofá, no chão. Kevin tinha muito ciúme daquele Ipod.
— Desculpa! Ai, Deus...
— Vai logo, antes que eu te mate por perder o início do episódio também, vai.
Rindo, ambos se encaminharam apara a sala.

Na manhã seguinte, resolveu ir atrás de Tom para poder se redimir por tê-lo magoado na tarde anterior. A Sra. Fletcher disse que ele havia saído, e ela resolveu esperar. Como a Sra. Fletcher estava cuidando das plantas, ela a acompanhou até o jardim de inverno, que era bem amplo, bonito e bem cuidado. Ela ficou lembrando-se da primeira vez em que esteve ali.

Flashback

Era dia das crianças; e o pai haviam acabado de se mudar para a vizinhança, e os Fletcher convidaram-nos para passar o dia junto deles, assim a menina podia fazer amizade com seu filho. O Sr. não hesitou; pegou a filha e foi conhecer melhor os novos vizinhos.
Os adultos se lançaram numa conversa e viu-se buscando meios de se aproximar do menino triste e emburrado que estava sentando num canto da sala.
— Você é o Thomas? – sorriu para o menino. Ele não falou com ela. – Eu ganhei uma Barbie de Dia das Crianças – disse ela, com orgulho, como se tivesse ganhado um troféu. – O que você ganhou?
— Nada – disse ele.
— Por quê?
Mais uma vez, Tom não disse nada.
— Hmm... Então eu vou te dar uma coisa de dia das crianças. – pegou um pirulito de uva no bolso do vestido. – Toma! Presente!
— Eu não quero. – A carranca dele se agravou ainda mais enquanto olhava o pirulito colorido de aparência apetitosa.
— Ué... Por que não?
— Eu odeio dia das crianças. É chato.
A menina não entendeu como o dia das crianças podia ser chato, e Tom não explicou – nem naquele dia, nem depois. Simplesmente falava que odiava o dia das crianças e pronto. Para ela, no entanto, era o segundo melhor dia do ano, depois do natal. Mas depois, pensando um pouco, ela pareceu compreender porque ele podia não gostar da data.
— Sabia que eu não gosto de aniversários? – Isso pareceu prender a atenção de Tom.
— Nem do seu? – perguntou. Como alguém podia não gostar de aniversários? Como podia não gostar de comer bolo, assoprar as velinhas, ganhar um monte de presentes bacanas...?
— Principalmente do meu – confidenciou ela.
— Por que não?
— No dia que eu nasci a mamãe foi pro céu. Sabia? Foi porque eu nasci. E o dia do aniversário é o dia que a gente nasce. Eu não gosto do dia que eu nasci.
— Pro céu? Sua mãe morreu?
— Aham. – A pequena parecia prestes a chorar, mas depois olhou para a Barbie em suas mãos e sorriu. – Vamos brincar?
Tom fez que "sim" com a cabeça, e logo iniciaram um jogo de pega-pega.


Fim do Flashback

Não demorou muito até Tom aparecer.
?
— Oi. – A menina se levantou e fez sinal para saírem dali. Tom entendeu e foram para o quarto dele.
— E então? – Sua expressão era carrancuda e ele ainda parecia ressentido.
— Tom, me desculpe. – sorriu para ele. – Você sabe que eu posso ser um tantinho obsessiva... Não quero que isso afete de modo algum nossa relação.
Tom deu-lhe as costas. Estava muito aborrecido. A menina sabia que se apelasse para o sentimentalismo, ele cederia.
— Você lembra quando me conheceu? – Tom não disse nada. – Éramos crianças. O menino que odiava dia das crianças porque era chato...
— E a menina que odiava aniversários porque a mãe tinha morrido naquela data.
Ela encarou o chão por um instante. Era sempre horrível quando chegava o aniversário dela e algum amigo surgia do nada com um bolo e gritava "surpresa!" Na única vez em que isso aconteceu, ela chorou desesperadamente na frente de todo mundo e saiu correndo de casa. Foi traumatizante para ela e também para os amigos dela.
— Não quero falar dos meus traumas de infância. Sabe que ainda sofro por causa disso, mas esse não é o ponto... Você se lembra de tudo naquele dia? O passeio no parque, depois do almoço?
Mas é claro que ele se lembrava. Como podia esquecer?

Flashback

— Vou chegar primeiro! – estava a alguns passos à frente dele, a boneca numa mão, um doce noutra... Ela e Tom corriam para o parque logo à frente, sob protestos do Sr. e Sra. Fletcher e do Sr. . – GANHEI!
— Não é justo! – Tom estava emburrado. – Eu ia ganhar! Você me empurrou; foi trapaça!
— Para de resmungar, seu velho gagá. – dava gargalhadas. – Mas eu ganhei e eu escolho a brincadeira. Trato é trato!
— Tá bom. – Tom continuava de cara feia.
— Quero brincar de casinha!
— O quê? NEM EM SONHOS!
— Por favor? Por favor? Por favor? – fez a famosa carinha de "cachorro pidão", e Tom não gostava de ver ninguém triste, por isso cedeu aos pedidos da menina.
Isso nunca mudou; mesmo anos e anos depois.
— Você vai ser o meu marido e a boneca é a nossa filhinha.
Tom fez um careta.
— Mas eu não tenho aliança! – quase gritou. – Você é um marido muito feio, chato e burro! Tem que me dar uma aliança!
— Tá bom! Vamos comprar, então!
Tom pediu dinheiro aos pais, foi com até uma banca ali por perto e, ainda sob o olhar cauteloso dos adultos, comprou um anelzinho rosa feito de plástico para .
— Agora sim você é um marido bonito, inteligente e legal! – deu um beijo na bochecha dele. – Agora vai levar a Stacy pra escola. AGORA, JÁ! ANDA LOGO, TÁ ESPERANDO O QUÊ?!
Tom passou o dia fazendo tudo que ela queria só pra não vê-la gritar.


Flashback

— Eu ainda tenho a aliança de compromisso que você me deu, Tom. Você era o melhor marido do mundo.
Tom ficou mais vermelho que pimentão. Então, abraçou a namorada e deu-lhe um breve beijo estalado nos lábios.
— Sabe, eu ainda quero ser o melhor marido do mundo para ti, mas de verdade. – Ele sorriu. – Mas se você me trocar por aquele Harry Potter outra vez...
— Na verdade, Tom, eu não amo o Harry. Amo mesmo é o Draco Malfoy.
— ...eu juro que não me responsabilizo por mim, .
— Tom, se Draco existisse, eu nem chegaria perto de você. – E riu.

— Piranha, vai começar! – Kevin gritou, quase quicando no sofá.
— Jensen, Misha e Jared, oh, Deus! Finalmente! – voltou correndo, quase derrubando toda a pipoca no chão durante o processo.
O primeiro episódio da sexta temporada se Supernatural estava sendo exibido, e a menina e o amigo assistiam.
— Ah, eu não acredito que ele deixou a caçada de lado! – disse . – Será que não o veremos mais em cemitérios à noite, com lanternas, sal, e tal? Água benta, prata, armas, o Impala, um pouco de sangue...?
— Ah, era tão sexy ver o Dean com aquela pá, cavando, suado... Ui! E Sam só numa boa, segurando lanterna...
— Ai, ai – suspirou a menina. – Bom, pelo menos o sal e água benta eles têm que usar. Duvido que uns fantasmas e demônios não apareçam para dizer "oi".
E assim seguiu a noite. Com conversas intermináveis sobre aquela nova temporada.

Algumas semanas se passaram. insistira e ganhara a batalha com Tom; leu todos os livros de "Harry Potter" outra vez.
Falando em Harry Potter, o dia da estréia do sétimo filme nos cinemas finalmente chegara, e parecia prestes a surtar.
— Tá faltando alguma coisa. – fitava sua imagem no espelho com o cenho franzido. Foi então que ela lembrou. – Ah! Droga; estava esquecendo o mais importante!
Ela correu até o armário e puxou de lá um cachecol verde com listras prata do gancho. Logo o colocou no pescoço, sobre a capa preta com brasão verde com uma cobra e os dizeres "Sonserina", além da gravata, que combinava com o cachecol.
... Será que você pode ir vestida como gente normal? – Tom não estava gostando nada da situação.
— Thomas, eu vou assistir Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1 hoje! Preciso ir caracterizada! É a penúltima chance que tenho!
Tom revirou os olhos. Só mesmo para achar que sair por aí vestida como uma personagem de filme era uma coisa importantíssima.
— Deixe para usar isso dentro do cinema, pelo menos – pediu.
— Não – disse ela, ajeitando com delicadeza as vestes bruxas. – Não.
— Mas por que verde e prata? – perguntou Tom. – Harry não usa rosa com purpurina?
— É vermelho e dourado – disse ela, torcendo o nariz. Tom sabia muito bem as cores das Casas de Hogwarts, mas quando se tratava de Harry Potter, ele adorava irritá-la. – Verde e prata são as cores da Sonserina, e você sabe que eu sou mais o Draco do que o Harry, então... Aliás, por falar nisso... – Ela foi até o guarda-roupa outra vez e tirou um novo cachecol da Sonserina. – Comprei um para você também!
Tom fez uma expressão de pavor, que foi engraçada, considerando-se tudo.
— Nem morto uso isso.
— Você pode ser o meu Draco Malfoy. – Ela sorriu. – Ah, vamos, Fletcher! Ponha isso!
— Mas...
— Eu lutei com você usando sabres de luz quando fomos ver Star Wars em 2005! – gritou. – Odeio Star Wars, mas por sua causa eu lutei com uma merda de um pau que brilha no meio de um shopping lotado! E agora você não quer vestir uma droga de um cachecol comum?
— Você venceu – disse ele, arrancando o cachecol da mão da garota. Lutar com o sabre de luz foi muito legal; ele não entendia como ela podia não ter gostado. O pessoal no shopping adorou. Aplaudiram e tudo mais.
— Aw, Tom, você ficou lindo com o cachecol da Sonserina! – Os olhos da menina brilhavam intensamente. – Lindo, lindo, lindo!
— Fale sério, . Não preciso de um cachecol para ser lindo.
— Tem razão, meu Draco Malfoy substituto.
Tom revirou os olhos.
— É, eu também te amo, meu bebê.
Eles se beijaram. Tom era feliz demais com aquela garota.
— Agora vamos satisfazer seus desejos de criança – debochou Tom.
— Você me deve isso, já que não me deu presente no dia das crianças.
— Como você ainda se diz adulta?
Rindo, puxou-o pelo braço, e juntos foram ao cinema, para satisfazer não só a criança interior de , mas a de Tom também.

Continua...
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Nota da Autora:
Hey! Espero que tenham gostado da fic bobinha! Anyway, quero ler seu comentário!
Comentem. Não demora, faz a autora feliz e evita possíveis sequestros - só um toque. Qualquer erro encontrado nesta fanfiction é meu. Por favor, me avise por email ou Twitter. Obrigada. Amy Moore xx
Beijos xx



Outras fics da autora:

Harry Potter:
Bleeding Love Life Lies [Finalizada] | Bleeding Love Life Lies II [Em Andamento]

Restritas:
A Mensageira [Andamento] ~ Baseada no meu primeiro livro, que está para publicar.

McFLY:
Things We Lost When Far Apart [Em Andamento] | It’s Not The End [Finalizadas]

30 Seconds To Mars:
With Arms Wide Open [Finalizadas]

Crepúsculo:
We All Fall Down [Em Andamento]




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