Dia dos namorados não faz mais sentido sem ela aqui comigo. Ficar sentado na frente da porta de casa e vê-la todos os dias sair, era meu passa-tempo favorito, mas agora apenas fico aqui esperando o dia em que iria ver um táxi parar no outro lado da rua e ela sair por ele. Me coração acelera só de lembrar o sabor de seus lábios, seu cheiro misturado com a fragrância de uma colônia suave, o calor de sua pele contra a minha, o toque de suas mãos em meu corpo, cada linha, cada curva. Geralmente me pegava perdido em pensamentos por horas só me lembrando de cada detalhe daquela garota. Ainda me pergunto: por que ela me deixou dessa forma? Por que a deixei ir? Não sei onde estava com a cabeça quando a levei ao aeroporto para que fosse embora para Londres fazer faculdade. Entre tantas por aqui, por que tinha que ser uma tão longe? O pior é, por que fico me martirizando por isso? Não era para ser tão difícil desse jeito. É ridículo um cara da minha idade ficar se rastejando atrás de uma menina. Mas a amo tanto, que se torna impossível esquecer qualquer coisa relacionada a ela. Desde quando meu pai comprou essa maldita casa aqui pra mim, nos tornamos amigos. Sua mãe veio trazer uma torta de morango como boas vindas, então ela veio junto, na época era só uma menina inocente de doze anos. Sei que deve estar achando que sou um pedófilo, mas não é bem assim. Não fiquei com uma garotinha de doze anos, só que essa garotinha cresceu, se tornando uma mulher linda. E agora faltando uma semana pro dia dos namorados, ela nem se quer atendia meus telefonemas. Estava começando a ficar preocupado, fui até em sua casa, perguntar para sua mãe como que ela estava, me disse que estava bem, mas que não sabia quando voltaria, e também que não tinha ideia do motivo de sua filha não atendia minhas ligações. Estava revoltado com isso, mas não posso negar, nascemos um para o outro. Ela era a dona do meu coração. Passo noites em claro pensando em como ela está. Fico tão preocupado, sinto tanto a sua falta. Foi estranho e engraçado como tudo começou. Um simples ato pode desencadear algo enorme que não podemos controlar, e foi isso que aconteceu. Quando percebi já estava lá, caído aos seus pés.


Tudo começa com um simples ato impensado.

Cinco anos atrás, em alguma época do ano, deitado no sofá da sala.
Ser filinho de papai chega a ser chato às vezes, apenas fazer faculdade e ficar em casa estudando o dia todo era irritante. Sim, eu tenho vida social, mas o que fazer se meus amigos só sabem falar de bunda, futebol e beber? Não estou sendo um cara chato, só acho que tem coisa melhor a fazer do que ficar jogando meu tempo fora com eles. Já todas as mulheres que encontrava só queriam saber de sexo, sexo e mais sexo. Nenhuma que se interessava em um compromisso sério, ou quando achava, a garota era uma mala sem alça, um grude. Já namorei meninas que me sufocavam. Mas acho que encontrei a certa dessa vez. Não era ninguém de importante, só uma menina da faculdade, estávamos ficando já tinha um tempo, e não tenho nada a reclamar. Na TV não tinha porcaria nenhuma passando e meus trabalhos já estavam prontos. Tinha que arrumar um emprego, isso sim. Levantei, desliguei a TV e sai. Sentei nos degraus a frente de minha casa. Fiquei olhando o movimento, até que vi , minha vizinha da frente, saindo de casa com uns livros em mãos. Ela era uma menina fofa, apesar de nossa grande diferença de idade, que era de sete anos, nós éramos amigos. Até que ela era bem madura pra sua idade. Parecia uma bonequinha, sempre de vestido e com um arco que segurava sua franja.
- ? – chamei atraindo sua atenção pra mim.
A menina de quatorze anos me olhou de um jeito tímido e sorriu, atravessou a rua e se aproximou.
- , você está ocupado? – perguntou se aproximando.
- Não. Precisa de ajuda pra estudar? – ela me olhou e sorriu afirmando com a cabeça. – Ok. Senta aqui. – bati com a mão na madeira ao meu lado.
Nós sempre sentávamos na escada à frente de casa e ficávamos conversando horas. As histórias que ela contava eram as melhores. Sempre tão divertida e meiga. Não sei por que, mas sempre sentia que ela me olhava diferente. Deveria ser coisa de minha cabeça. Ajudei com seu dever de casa. Me impulsionei para pegar seu estojo do outro lado e guardar o lápis, então pude sentir melhor o cheiro fraco de seu perfume floral, até que era gostoso. Ela se virou sutilmente pra mim, nossos rostos ficaram tão próximos, travei minha mandíbula e engoli em seco. O que ela estava pensando em fazer? A garota me pegou de surpresa quando encostou seus lábios macios e finos contra os meus me dando um selinho leve. Cheguei para trás nos separando.
- , você tem apenas 14 anos e eu tenho namorada. – falei rapidamente.
Os olhos dela se encheram de água, então a menina se levantou e saiu correndo. Passei a mão em meu rosto. Como pude deixar isso acontecer? Que droga! Pensei em levantar e ir atrás dela, pedir desculpas por ter sido meio grosso, mas isso iria confundir a cabeça dela mais ainda. Olhei pro seu caderno que tinha ficado em minhas mãos. Se alguém tivesse visto aquilo, encararia como abuso sexual de minha parte, era apenas uma criança. Não que eu a visse dessa maneira, mas infelizmente era. Gosto muito dela, mas como amiga. Abri seu caderno e coloquei na ultima página. Comecei a escrever um recado.
,
me desculpe pro ter sido grosso, mas essa é a realidade. Sabe bem disso, você é esperta e entende bem as coisas. Te vejo como minha irmã mais nova, então por favor, não confunda as coisas. Gosto muito de você, só que não dessa forma que está pensando. Se alguém nos visse daquele jeito juntos, poderiam encarar como uma forma de assédio da minha parte. Você é nova demais e eu sou velho demais. Beijos nessa sua bochecha vermelha e te amo baixinha.”
Fechei o caderno e atravessei a rua. Toquei a capainha. Sua mãe quem atendeu. Entreguei o caderno de e disse que ela tinha esquecido em minha casa.”


A emoção começa a ser mais forte que a razão.

Três anos trás, festa da de 16 anos.
Nós nos aproximamos ainda mais nesses anos e agora me pego apaixonado por uma menina de 16 anos. Não conseguia parar de pensar naquele sorriso maravilhoso em nenhum momento. O jeito como que chamava meu nome, o cheiro leve de seu perfume, a cor de seus olhos, o tom de seus lábios finos e rosados. Me coração acelerava só de escutar sua voz. Essa menina deve ter feito algum trabalho pra mim. O pior de tudo é que não posso me manifestar, pois ela estava namorando um cara, que por sinal, era um babaca. Sempre me dava raiva ao vê-la chorando por causa de alguma briga deles, me doía ver ela ferida daquela forma. gostava mesmo dele. E eu, ia falar o que? Se tentasse me aproximar dela de outra forma, seria mal visto por sua família que era rigorosa com essas coisas. Já era de costume me pegar perdido em pensamentos nos quais ela sempre estava neles. Nunca de forma obscena, eu a respeitava. Me arrumei pra festa que seria na casa dela. Assim que terminei, atravessei a rua e entrei pela porta que estava aberta. A casa estava cheia, e quando a vi não resistir em dar um sorriso enorme. Ela era linda de qualquer jeito. Impossível de não ficar louco apenas com seu sorriso. E aqueles olhos, tão intensos e apaixonantes. Às vezes pensava que vivia um sonho. vestia um vestido que caia até seus joelhos, ele era florido, em seus pés tinha uma sandália com um pequeno salto e seus cabelos estavam soltos, caiam sobre seu ombro até seus peitos rígidos. Suas mãos finas e delicadas pareciam de uma princesa, e em seu dedo anelar sempre carregava uma aliança prata. Me dava vontade de rir quando olhava para aquilo. Ainda não entendo porque continuava com aquele idiota. Ela tinha passado uma maquiagem bem fraca, que combinava perfeitamente com seu estilo. Me aproximei e a abracei com força.
- Você está linda. - sussurrei em seu ouvido discretamente sem que ninguém percebesse.
Isso a deixou envergonhada, então disse um obrigada bem baixo de volta. olhou para os lados. Seus dedos finos e gentis passavam entre os fios de seu próprio cabelo os arrumando, mas eu a conhecia, sempre quando fazia isso, era porque estava nervosa. Tinha algo errado, deu pra perceber como estava tensa. Peguei o a pulseira que comprei de presente pra ela em meu bolso. Quando peguei na mão de , ela me olhou assustada se entender. Dei um meio sorriso, então coloquei a fina pulseira de prata em seu pulso, nela tinha um pequeno pingente de rosa na ponta. Nos olhamos, e uma vontade crescente de beijar aqueles lábios estava me dominando. Passei o polegar na maçã de seu rosto, ela fechou os olhos lentamente e sorriu. Admirei sua beleza, depois a puxei pra perto e dei um beijo em sua bochecha.
- Parabéns. – falei e me afastei.
Tinha que me afastar nem que fosse por um momento. Estava sendo difícil me segurar, ainda mais com ela fazendo essas coisas, sendo tão ! Fui até a cozinha procurar alguma bebida alcoólica, mas não achei. Também era de se esperar, em uma festa que só tinha menores de idade, os pais de certamente não deixariam isso acontecer. Então tive que me contentar com um ponche. Não seria nada mal se alguém batizasse ele. Até que estava bem animado. Me dava vontade de ri com as amigas de me secando. Essas adolescentes não têm jeito. Sentei no sofá, até que apareceu uma atirada que sentou-se ao meu lado e começou a puxar papo. Sei lá o que a menina falava, estava mesmo era olhando minha baixinha de longe que estava brigando com o babaca de seu namorado. Não é possível que nem no aniversário dela ele da uma trégua. A garota ao meu lado já estava alisando minha coxa, e se eu tivesse bebido pelo menos um pouco teria agarrado ela ali mesmo, porque aquilo estava me dando tesão. Levantei rapidamente, quando vi dando um tapa na cara de seu namorado e sair correndo. Ela subiu, fui atrás dela. se fechou em seu quarto. Bati na porta.
- Vai embora. – gritou do lado de dentro.
- Sou eu, .
- Entre. – respondeu com mais calma.
Entrei no quarto e a vi sentada na cama, ela estava abraçada com suas pernas e chorava. Aquilo partiu meu coração. Sentei ao seu lado e esperei que ela começasse a falar. O que não demorou muito.
- , por que os caras nunca querem compromisso sério? – ela chorava ainda mais. – Por que são todos idiotas? Não é possível que não tenha nenhum cara que goste de mim! Hein ? Não vai falar nada também? Vai ficar quieto ai feito uma mula?
- Você está perguntando isso pro cara errado. – respondi olhando pra ela.
- Cara errado? Então me diz qual é o certo! – estava nervosa. – Fala alguma coisa! – levantou da cama e ficou parada na minha frente. – Argh! Odeio quando falo as coisas contigo e você não responde!
- É porque você não está falando a coisa certa. – levantei, puxei ela pela cintura e a beijei.
Segurei sua nuca fazendo com que meus dedos se entrelaçassem com seus cabelos. Ela retribuiu o beijo, e quando senti o gosto de sua boca, senti como se tivessem me injetado uma adrenalina. A encostei contra a parede. Não estava me importando o que ela acharia. Só queria tê-la em meus braços. O gosto salgado de sua lágrima se misturou com nossos lábios. Nunca beijei alguém com tanta intensidade em minha vida. Minhas mãos percorreram aquela cintura fina e frágil com certa delicadeza. As mãos dela foram deslizando pelo meu peito o alisando, depois foi subindo até meu pescoço e me puxou pra mais perto. Não podia fazer isso, era apenas uma menina de 16 anos, mas eu queria tanto ficar com ela. Minha razão brigava com minha emoção. Me separei dela ofegante. Seus lábios estavam vermelhos. Nos olhamos com intensidade. Passei a mão nos cabelos de minha nuca, estava completamente sem jeito. Tinha que sair dali. Se não as coisas iriam piorar ainda mais. Sai do quarto apressado, desci as escadas correndo e fui pra minha casa. Que merda fui fazer? Beijei uma menina menor de idade. O pior é que gostei. Nunca deveria ter provado aqueles lábios. Eu sabia que não podia ficar muito tempo perto dela, ainda mais sozinhos, e foi exatamente o que fiz! Subi para meu quarto e olhei pela janela, a luz do quarto de ainda estava acesa. Ela me atraia de tal forma como nunca nenhuma outra mulher conseguiu, simplesmente me encantava. Seu jeito de ser me hipnotizava. Deitei em minha cama e fiquei olhando as luzes que andavam pelo teto quando algum carro passava pela rua. Logo o som da festa parou e escutei as pessoas indo embora. Levantei e vi sentava na varanda de sua casa. Tinha que ir lá falar com ela. Fui até lá, e quando me viu parado na porta de sua cas,a começou a chorar mais ainda.
- He,y . – me sentei ao seu lado. – Não fique assim.
- Não ficar assim? – me olhava nos olhos.
- É, olha esquece o que aconteceu lá em cima. Foi errado.
- Errado, ? Não sabia que amar alguém era errado. – as lágrimas escorriam por seu rosto. – Acha mesmo que não percebo como você me olha?
- Hey, hey, hey, não é nada disso que está pensando.
- Não? Então por que me beijou daquele jeito? – me encurralava feito um rato, estava começando a me arrepender de ter vindo até aqui.
- Eu não...
- Vai mentir pra mim também? – perguntou tão próximo de meu rosto que fiquei sem saber o que dizer. Desde quando uma menina me tira as palavras dessa forma?
- Não, ! Pare com isso, pare de achar que todos que têm que te amar! As coisas não são assim. – ela me olhou com os olhos mais cheios de água ainda. Para que fui abrir minha boca? – Desculpe.
- Vai embora, me deixa sozinha. – pediu abaixando a cabeça.
Levantei e a deixei ali sentava no sereno da noite. Queria levá-la pra dentro e cuidar dela, mas não podia.”


O amor nos deixa loucos.

Dois anos atrás, velório de meu pai.
Estava sentado na poltrona de couro da capela. Meus óculos tampavam meus olhos inchados e com olheiras. Minha mãe não parava de chorar nenhum momento. Agora eu tinha que ser o homem da família, ser forte e apoiar minha mãe, mas era complicado, se nem eu mesmo estava conseguindo me segurar, como apoiaria alguém. Vi entrando na capela com uma rosa branca na mão que contrastava com seu vestido preto de alcinha. Seu cabelo preso em um rabo de cavalo alto deixava seu colo mais a mostra e em seu pulso estava à pulseira que havia lhe dado no ano anterior. Assim que me viu atirado naquele sofá surrado, caminhou lentamente em minha direção. Seu andar era sensual, ela estava mudando, mas pra mim continuava a mesma menina meiga. Ela sentou-se ao meu lado e me entregou à rosa branca. Não houve palavras a serem ditas que me consolassem. apenas entrelaçou seus dedos com os meus e encostou a cabeça em meu ombro como forma de consolo. Fiquei feliz com ela ali, adorava sentir sua pele quente e macia. Encostei minha cabeça na dela. Passei o polegar nas costas de sua mão fazendo um carinho ali. Ela ergueu o olhar até alcançar o meu, seus lábios estavam com um batom rosa claro, e tão perto que poderia beijá-los agora mesmo se PUDESSE. Jess tomou toda minha atenção assim que voltou da cafeteria, ela fez questão de parar na nossa frente e esticar um copo de café praticamente na minha cara. Bem, Jess era minha namorada, já estávamos há algum tempo junto. As duas se encaram, e se aninhou mais a mim como forma protetora. Só pra provocar ela deu um beijo em minha bochecha. Dei um pequeno riso.
- Oi, . – destacou o nome em um tom mais alto.
- Oi, JeSS. – deu ênfase no “S” fazendo um barulho semelhante o de uma serpente.
- Você está sentada no MEU lugar.
- Estou? Ah me desculpe, foi na roça perdeu a carroça. – olhei pra me perguntando de qual baú ela tinha arrancado aquilo.
- Menina, a creche fica do outro lado da rua, agora solta meu namorado e desinfeta.
- Jess, não começa. – pedi tentando fazer que a duas não saíssem no tapa ali mesmo. – ... – não precisei nem continuar a frase, ela já tinha entendido.
Soltei sua mão. me olhou e levantou do sofá deixando Jess sentar. Ela sabia ler meus pensamentos como ninguém, nos tornamos tão íntimos que apenas com uma troca de olhar já podíamos entender um ao outro. ficou de pé no outro lado da sala apenas nos observando. Enquanto Jess falava de compras no shopping, eu só pensava e olhava para uma pessoa. Evitei ficar olhando por muito tempo. Aquela vontade de tê-la não passou nem se quer um dia. Sempre quando fico com Jess me imagino como seria se eu estivesse ficando com a . Ela era tão carinhosa e delicada, ao contrário de minha namorada que era bruta feito um cavalo. Não estou reclamando, às vezes era bom, mas não é com ela que queria estar. E sim com aquela garota do outro lado da sala. Seus cabelos mexiam levemente quando uma brisa batia neles. Precisava dar uma volta, ficar ali estava me deixando louco. Levantei e deixei Jess sentada falando sozinha. Fui pro lado de fora tomar um ar fresco, meu pai seria enterrado em meia hora, então tinha que tentar me manter firme. Acendi um cigarro e do nada alguém tirou ele de minha boca. Olhei para o lado e vi .
- Odeio quando você fuma. Não vou deixar que se mate aos poucos. – reclamou como se fosse minha mãe.
- Me deixa. – pedi e sai andando.
- Não, , não vou te deixar. Sei como está mal e amigos são para apoiar os outros nas horas difíceis. – veio andando ao meu lado e parou à minha frente. – Não estou aqui pra falar palavras de consolo, sei que isso não vai adiantar, estou aqui pra te escutar desabafar e te segurar, caso caia. – colocou a mão na cintura. – Não precisa bancar o durão na minha frente, sei que seus olhos estão inchados de tanto chorar, não precisa esconder isso de mim. – passou a mão em meu rosto e tirou meus óculos escuros. – É, você está feio pra caramba, é melhor ficar com eles. – brincou colocando os óculos de volta em meu rosto. Foi impossível não rir.
A puxei pela cintura e nos abraçamos. Encostei o rosto em seu ombro e chorei. afagou meus cabelos e deu um beijo em minha cabeça. Ela me guiou até o banco de uma praça, e fez com que eu deitasse nele. Apoiei minha cabeça em suas coxas, quanto suas mãos me faziam um cafuné gostoso, acabei pegando no sono deitado naquele banco duro, mas não estava ligando, ela estava ali comigo. Senti me sacudir de leve. Abri os olhos e vi que ela sorria.
- Dormi demais? – perguntei.
- Não, mas está na hora de ir. – levantei e dei um beijo em sua bochecha.
- Obrigado. – agradeci por estar a todo momento comigo. – Você é maravilhosa.
- Não fique falando isso, uma hora vou acreditar que é verdade.
- Mas é. – passei a mão em seu rosto, me aproximei ainda mais e encostei minha testa na dela e nossos narizes se tocaram. – Você não pode ser real. – sussurrei olhando pra sua boca.
- Se não fosse real, não faria isso. – acabou com nossa pouca distância e encostou sua boca na minha. Como sempre recuei.
- Temos que ir. – falei levantando e estendo a mão pra ela.
não pegou minha mão, levantou, passou a mão em seu vestido o arrumando e depois saiu andando. Quantas vezes já mencionei que sou um idiota? Fui atrás dela.
- , não fique chateada comigo. – pedi.
- Não estou, . Só que sua mãe está te esperando pra ajudar a levar o caixão. – ela não parava de andar, então segurei seu braço e a puxei. – O que foi?
- Você está irritada comigo.
- Não estou.
- Sim, está! – retruquei. – , você sabe como as coisas são.
- Então acho melhor soltar meu braço antes que as pessoas acham que você está me assediando. – aquilo foi pior que um tapa na cara. Soltei seu braço.
Ela continuou andando e eu fiquei parando a vendo se distanciar cada vez mais. Respirei fundo, olhei pro céu azul e ensolarado e por fim, tomei coragem para continuar. Voltei até a capela, e Jess veio até mim, ela estava furiosa.
- O que você pensa que estava fazendo com aquela menina lá na praça? – perguntou baixo, mas seu jeito de falar era extremamente nervoso.
- Conversando, Jess. Você acha que estaria fazendo o que? – a puxei pra um canto.
- Se agarrando com ela! – ri quando ela disse aquilo, quem dera se fosse verdade.
- Acha mesmo que eu iria ficar com uma menina de 17 anos?! Jess, até parece que você não me conhece.
- É, , às vezes não te conheço mesmo. – respondeu cruzando os braços e fazendo um bico.
- Não acredito que está com ciúmes de uma criança. – reclamei e ela olhou pro lado. – Em Jess.
- Estou, você dá mais atenção pra aquela fedelha do que pra mim. – choramingou.
- Fala sério. – segurei seu rosto. – Pare de bobeira. Eu gosto de você, isso é o que importa. – mentir pra que aquilo não virasse um escândalo, estava valendo.
- Então me prova e para de falar com ela. – ok, já estava começando passar dos limites.
- Jess, é minha melhor amiga. Como quer que do nada eu pare de falar com ela? – isso eu não faria de jeito nenhum.
- Você decide, eu ou aquela pirralha. – disse e me deixou ali com cara de babaca.
Isso é castigo por gostar de uma menina muito mais nova. Eu mereço mesmo. Caminhei até o caixão de meu pai e fechei a tampa. Após o padre rezar, meus primos já estavam de pé ao meu lado pra me ajudar a carregar aquela enorme caixa de madeira. A levamos até o carro fúnebre, depois fomos a pé para o cemitério que era perto dali. Abracei minha mãe enquanto ela chorava, também não limitei minhas lágrimas, fomos andando abraçados. O sol já estava começando a se por, e o céu estava meio laranja e vermelho. Quando chegamos, levamos o caixão até a cova. Joguei a rosa que me deu sobre a tampa e esperei até que o ultimo grão de terra o cobrisse. Assim quando acabaram de enterrar meu pai, o cemitério estava vazio. Me encontrei sozinho ali olhando para a lápide de mármore preto. Fiquei ali por mais um tempo refletindo sobre as coisas. Pai, me diz o que fazer? Abaixei e passei a mão nos escrito em alto relevo. “Aqui jaz um ótimo pai, marido, filho e irmão. - Nunca desista de seus sonhos, por mais difíceis que sejam. -” Respirei fundo e me coloquei de pé. Vi de longe encostada na copa de uma arvore. Ela me olhava com atenção, estava com os braços pra trás do corpo e com uma perna cruzada por cima da outra. Andei até lá.
- Precisa de carona? – perguntou.
- Não, vim de carro. – respondi, então ela levantou as chaves do meu Nissan. – Que horas você me roubou isso?
- Quando você estava dormindo, ela caiu do bolso da sua calça. Vamos, eu dirijo, você não está em condições disso.
- Quem disse que não? – não ia me aproximar muito.
- Ok, se acha que pode dirigir até em casa, tudo bem. – veio até mim e estendeu a chave pra que eu a pegasse. Por que ela fazia isso comigo? Encarei aqueles olhos cheios de sentimento, ela era tão cheia de vida. – Se não quer minha companhia é só falar. – disse quebrando o silêncio.
- Não falei nada. – permaneci sério. – Precisamos conversar. E você pode ir dirigindo.
- Tá.
Andamos até o carro sem trocar nenhuma palavra. Mas quando entrei no veículo já comecei.
- Jess quer que paremos de nos falar.
não me respondeu, apenas colocou a chave a ignição e deu a partida.
- Não vai falar nada? – perguntei.
- Quem tem que decidir isso é você. – ela não tirou o olho da pista. – Se está esperando minha opinião sobre a atitude ridícula de sua namorada, espere sentado.
- É você ou ela. Não quero parar de falar contigo, mas também não quero me separar dela. – olhei pelo vidro ao meu lado. – Você é minha melhor amiga...
- E você gosta dela. – completou minha frase. – , não posso interferi em suas decisões. Faça o que achar o certo. Já é um adulto e não precisa da opinião de uma criança.
- Você escutou, né? – agora mesmo que não ia conseguir olhar pra cara dela.
- Infelizmente. Adorei saber que me vê como uma fedelha, e obrigada por me defender. – disse com sarcasmo.
- Não é nada disso.
- Você sempre fala a mesma coisa. “Não é nada disso que está pensando.” Sabe, estou começando a achar que sou maluca. – afundei a mão em meu rosto. Alguém me ajuda a consertar a merda que tinha acabado de fazer? Não sei lidar com desse jeito, ela sempre me encurrala.
- Quer que eu fale o que?
- Não quero que diga nada. Você trepa ou sai de cima, decide, ficar em cima do muro já está começando a me irritar. você é indeciso demais.
- Então vou te colocar no meu lugar e você vai ver se estou indeciso. – respondi irritado e a olhei. – que anel é esse na sua mão? – como que eu não tinha visto aquilo antes? Ela fechou ainda mais a mão no volante escondendo o anel.
- Não mude de assunto. – tentou se esquivar.
- Não mude de assunto você! O que é isso? – perguntei me ajeitando no banco.
- É só um anel.
- Não me diga, pensei que era um elefante. Quem te deu isso? – ela não respondia. – Muito legal da sua parte, sempre te conto tudo, e agora está escondendo as coisas de mim.
- É porque não era nada sério.
- Estou vendo que não era nada sério. Quem é ele? – chegamos em casa, e ela não me respondeu, apenas saiu do carro. – não fuja de mim.
- Não estou fugindo. – disse apressada atravessando a rua.
- Não... Volte aqui, menina. – a segurei pela mão.
- , me solta. – puxou a mão de volta.
A peguei pelos braços e coloquei ela em meu ombro.
- Você vai me explicar essa história direitinho. – dei um tapa em sua bunda.
- , me solte. – se mexia tentando descer. – E não bata na minha bunda!
Abri a porta de casa com uma só mão e a fechei com o pé. Assim que entramos a coloquei no chão.
- Agora você só sai depois que me explicar que palhaçada é essa. – parei na frente da porta a impedindo de sair.
- Não é palhaçada nenhuma. Me deixe sair, tenho que ir pra casa.
- Já disse que só vai sair depois que me contar o que isso significa. – disse pegando sua mão e a levantando deixando bem a mostra seu anel novo.
- Estou namorando. – ela andava de um lado para o outro tentando passar por mim e sair.
- Com quem? – eu a cercava.
- Um carinha ai. – disse olhando pra todos os lados menos pra mim.
- Nome. – encostei na porta e a tranquei.
- Ai, pare com isso, está parecendo meu pai. – reclamou. – Agora me deixe sair.
- Não. , pare de agir dessa forma, só estou preocupado com quem você está andando. – a puxei pra perto. Não, na verdade estava me roendo de ciúmes por dentro.
- Sério? – parou na minha frente.
- Uhum. – afirmei com a cabeça. – Vai que o cara é um maluco e tenta te fazer algum mal? O Jack estuprador existiu mesmo. – coloquei minhas mãos em sua cintura.
- Ah , isso é bobeira, não precisa se preocupar, ele não é nenhum psicopata. – ela fazia algum desenho com o dedo em meu peito, suas bochechas estavam vermelhas.
- Me desculpa se te magoei alguma vez? – me olhou e uniu as sobrancelhas.
- Por que está falando isso agora?
- Caso aconteça de pararmos de nós falar, queria que soubesse que sinto muito. – passei a mão em seu rosto e ela abaixou o olhar.
- Então vai mesmo parar de falar comigo por cauda da Jess? – sua voz era triste.
- Não. Sabe que eu nunca faria isso.
- Então por que disse “caso paremos de nós falar”? Quer dizer que passa por sua cabeça me ver longe. – escorreu uma lágrima por sua bochecha. – Você nem se manifestou quando ela disse aquelas coisas pra mim no velório. E muito menos me defendeu quando ela me chamou de criança, pelo contrario, concordou. Pensei que éramos amigos. Não sabia que me ainda me via dessa forma.
- Concordar com ela foi à melhor desculpa que arranjei. – levantei seu rosto. – Não te acho uma criança, e sim como uma mulher, mas sempre vou te ter como minha menina. – dei um beijo em sua testa.
- O que você quer dizer com: “foi à melhor desculpa que arranjei”? – por que ela sempre tinha que fazer isso? Agora foi a minha vez de olhar pro lado. Me afastei dela e fui pra cozinha. – Quem está fugindo agora?
- Às vezes você me sufoca. – apoiei meus cotovelos no balcão.
- Desculpe se você não consegue responder as coisas que pergunto como um homem. – sentou-se sobre o balcão ao meu lado.
Olhei pra suas pernas expostas. estava começando a me provocar. Fui subindo meu olhar até encontra o dela.
- Pare de tentar me fazer falar. Sabe que nunca dá certo. – falei e fiquei de pé à sua frente. – Sabe que detesto quando você me pressiona.
- Essa técnica funciona, quando você se sente encurralado acaba falando o que quero saber. – semi-serrei os olhos. Muito espertinha. – Sei que está me escondendo algo, e não é de agora, mas prefiro pensar que não é nada. Porque geralmente você diz que estou engana e confundindo as coisas.
- Você está me provocando. – cheguei mais perto. – Pare com isso.
- Parar com o que? Não estou provocando ninguém, agora se está se sentindo provocado é porque sente alguma coisa.
- Chega, ! – me exaltei. – Acabou com esses joguinhos de pergunta e resposta. Estou farto disso. – ela me olhou meio assustada. – Quer mesmo saber o que está acontecendo? – perguntei chegando mais perto, segurei suas pernas e as abri ficando no meio delas, encostei minhas mãos no balcão e nossos rostos ficaram bem próximos.
- Está me assustando. – disse tentando se afastar um pouco.
- Está com medo de que? Não vou te fazer nada, nem sou maluco disso. – falei serio a olhando bem. – Agora agüente as conseqüências. Porque você procurou por isso.
- , se afasta, me deixa ir embora. – abaixei a cabeça e ri.
- Suas mãos estão tremendo. – segurei uma mão dela, mas ela a puxou de volta. – . – disse com calma agora. – Não precisa ficar com medo de mim. Sou incapaz de te fazer mal.
- Tá. Agora você pode, por favor, sair do meio das minhas pernas? – pediu. Suas bochechas estavam extremamente rubras.
- Adoro ver essas bochechas vermelhas. – sorri e me afastei, ela puxou seu vestido pra baixo tentando ao máximo esconder suas pernas. – Te amo. – falei quebrando aquele clima tenso que foi criado.
- O que? – me olhou com os olhos arregalados.
- Nada, esquece. – cocei a cabeça e fui até a geladeira. – Está com fome?
- , repede o que você acabou de dizer.
- Não falei anda, você que está escutando coisas. – brinquei, isso a deixava irritada. Fiquei caçando alguma coisa na geladeira, e nem a olhei.
- Pare de brincadeira, estou falando serio. – desceu do balcão. – Repete, .
- Está com fome? – perguntei novamente. – Foi o que falei.
- Não, antes disso. – fechei a geladeira vendo que não tinha nada de bom. Ela estava de pé atrás de mim.
- Adoro ver suas bochechas vermelhas. – repeti.
- Você é um ridículo mesmo. – soltou um ar e depois bufou. Ri da sua reação. – Pare de rir. – deu um pulinho, então ri mais ainda. – !
- Desculpa, mas você fica muito engraçada nervosa. Parece uma criança fazendo pirraça.
- Não me chame de criança.
- Ok, baixinha.
- Não sou baixinha. Ah ! Você está me irritando. – saiu ando pra sala. – Não dá pra conversar mais com você. Só sabe ficar de bobeira.
Fui andando atrás dela e dei um tapa em sua bunda.
- Não faça isso! Sabe que não gosto quando bate na minha bunda, isso é um ato vulgar. Não sou essas garotas com que você costuma ficar e fazer sexo selvagem. – dei outro tapa em sua bunda. – Pare com isso, menino.
- Nossa, agora sou um tarado que faz sexo selvagem. Me diga mais sobre suas teorias sobre mim. – bati novamente em sua bunda.
- Ah ! – ela se virou e me deu um tapa no peito. – Oh meu Deus, olha o que você me fez fazer. Desculpe. Machucou? – perguntou passando a mão onde tinha dado o tapa.
- Sim, vou morrer com esse tapinha de batata que me deu. – fiz cara de coitado.
- Besta, deveria é ter dado um é na sua cara. – ela alisava meu peito agora.
- Quem é o tarado agora? – perguntei e ela tirou suas mãos rapidamente de mim. Comecei a rir. Ela era tão certinha.
- Está me deixando constrangida. – reclamou virando de costa. A abracei por trás. – Você está com cheiro daquelas flores do velório.
- Então toma um banho comigo. – sussurrei em seu ouvido e ela se arrepiou toda. – Depois passa a noite aqui.
- Agora deu pra brincar de maníaco sexual?
- Iria adorar brincar com você. – estava ficando nervosa.
- Pare com isso. Brincadeira boba. – tirou minhas mãos de sua cintura. Ri novamente.
- , você é muito engraçada. Achou mesmo que estava falando sério? – serio era, mas uma coisa impossível de acontecer.
- É claro que não. Sei que não é de falar serio essas coisas. Vai lá e tome um banho. Vou pedir uma pizza.
- Tem certeza de que não quer ir esfregar minhas costas?
- Peça para a Jess fazer isso, ok? Só sou a criança que mora do outro lado da rua. – a abracei de novo e peguei ela no colo.
- Adoro esse seus ciúmes. – mordi sua bochecha e fui subindo com em meus braços. – Você vai esfregar minhas costas, meus peitos, atrás da minha orelha...
- , você sabe que não gosto dessas brincadeiras. – tentou descer de meus braços. – Hey, não tenho ciúmes da Jess, só acho que ela é uma biscate de quinta. – cheguei em meu quarto e joguei em cima da minha cama.
- Quer que eu tire sua roupa? – ela estava possessa. – Ou você mesma tira? – perguntei tirando minha camisa. Ela me olhava sem saber o que fazer.
- Vista essa camisa. – tampou os olhos.
- Até parece que você nunca me viu sem camisa. – dei de ombros e desabotoei minha calça. – Ah , só estou brincando com você. Quero pizza de calabresa. – falei indo pro banheiro e encostando a porta.
Tomei um banho quente e relaxante. Deixei a água bater em minhas costas, elas estavam meio doloridas de ficar sentado naquele sofá horroroso. Foi difícil me controlar debaixo daquele chuveiro. Tive que respirar fundo várias vezes e me concentrar em outra coisa que não fosse . Já não estava conseguindo segurar mais o que sentia, ficar tão perto dela já não estava me fazendo mais bem, e ela me pressionando ainda, não era uma coisa muito boa. Não posso deixar que nada disso aconteça. Se alguém descobrir o que sinto por aquela menina, não quero nem ver o que pode acontecer. Família e amigos iriam cair em cima de mim falando que ela era apenas uma criança, que isso não podia ter acontecido, e Jess, essa sim armaria o escândalo do século, o pior não é a carga que cairia encima de e sim, que cairia em cima de , seus pais não a deixariam mais me ver, e também, não sei bem o que ela sente, pode ser que goste de mim, assim como gosto dela, ou não. Se ela estiver tão apaixonada quanto eu, iria sofrer. E a única coisa que não quero é vê-la triste por uma idiotice minha. Quem sabe isso o que sinto pode ser passageiro. Tinha que me abrir com ela. Irei tentar dizer tudo o que sinto, o problema é conseguir. È ridículo estar agindo assim, pareço um garoto. Mas só quero protegê-la. Terminei meu banho e vesti meu pijama (calça de moletom e regata), desci e vi minha baixinha sentada no sofá da sala assistindo TV. Pulei no sofá e deitei com a cabeça em sua perna, ela se assustou com minha chegada inesperada. estava com outra roupa, seus cabelos estavam soltos e molhados.
- Foi em casa? – perguntei.
- Sim, fui avisar minha mãe que estava aqui, ai aproveitei e tomei um banho. Estava me sentindo mal com aquela roupa. – passou a mão me meus cabelos igualmente molhados. – Disse que ia ficar aqui contigo te dando apoio. – sorri, ela era tão perfeita.
- Obrigado. – peguei sua mão e dei um beijo nas costas dela. – Não sei como estaria sem você aqui. – sorriu de um jeito meigo depois passou a mão em meu rosto, fechei os olhos sentindo seu toque singelo. – Por que você faz isso comigo? – perguntei ainda de olhos fechados.
- Depende do que está falando. – sua voz era doce.
- Me faz parecer um menino bobo que gosta da professora de português. – ri de mim mesmo.
- Porque você também me faz parecer uma menina boba que gosta do professor de educação física. – abri os olhos e encontrei os dela, tão profundos quando um oceano, poderia me perder ali a qualquer segundo se me descuidasse. – , o que você sente por mim? Agora é serio, sem brincadeiras.
- Meu coração acelera só de escutar sua voz, quando você chega muito perto fico sem saber o que dizer ou falar, o cheiro do seu perfume me deixa viciado, seus olhos me hipnotizam e às vezes me perco olhando pra eles, o toque de sua pele na minha é entorpecente e seu jeito me encanta de tal forma que me faz querer tê-la perto de mim todo o momento. Estou há tanto tempo apaixonado por você que já não sei se é sonho ou realidade. – falei olhando pra ela, e em nenhum momento desviei o olhar. Os olhos de estavam cheios d’água. – Hey, minha baixinha. Está chorando por quê? – perguntei me sentando no sofá e secando a lágrima que escorria pelo seu rosto. – Desculpe se disse algo... – ela encostou a ponta dos dedos em minha boca, fazendo com que me calasse.
- Você gosta mesmo de mim do jeito que está falando? – sua voz era embargada. Comecei a ter medo de repetir que sim, talvez ela não estivesse gostado. – Sim ou não?
- Acho que te amo.
- Meu Deus. – sussurrou olhando pra baixo. – Como isso pode acontecer, ? Não era pra você gostar de mim desse jeito. – aquilo veio como uma facada em meu peito.
- Olh,a , é só você esquecer o que acabei de te falar, é coisa minha, não precisa se envolver nisso.
- Não dá. – olhou pra mim. – Gosto de você também. Mas se minha mãe cogitar isso, não sei, acho que é capaz dela me mandar pro Japão. – ela chorava mais ainda, eu a abracei. – Não quero ficar longe.
- Nem eu. –afaguei seus cabelos e a apertei ainda mais entre meus braços. – Se ela te mandar pro Japão vou escondido dentro da sua mala. – brinquei só pra que ela risse, e deu certo. – , olha pra mim. – segurei seu rosto entre minhas mãos. – Não vou deixar que nada de mal te aconteça. E se for preciso que você continue sendo minha vizinha e minha melhor amiga, sou capaz de reprimir tudo o que sinto e deixar que seja feliz, não quero atrapalhar sua vida. Você é nova ainda, vai achar um cara da sua idade.
- Não quero outro cara. Quero você. – meu coração apertou, encostei minha testa na dela.
- Não podemos ficar juntos, sabe disso. Se alguém descobrir vai dar confusão. Vão te tirar de mim. – aquilo era tão difícil de dizer. Era como se fosse um adeus e ela nunca mais voltasse. fechou os olhos com força e balançou a cabeça em negação, depois afundou o rosto em meu peito e envolveu meu tronco com seus braços frágeis. – Não fique assim. Tente facilitar as coisas.
- Que droga. – resmungou, nunca foi de falar desse jeito. – Por que tenho que ser tão nova? A vida é injusta. – apertou ainda mais os braços em minha volta. – Gosto tanto de você.
- Também. – a puxei pra que nos deitássemos no sofá.
Encostei minha cabeça em uma almofada, enquanto se aninhava em cima de mim e deitava com a cabeça em meu peito. Peguei o controle da TV e a desliguei. Queria ficar em silêncio apenas escutando sua respiração. Comecei a cantar qualquer música que a deixasse mais calma. Fiquei fazendo carinho em suas costas e fitei o teto branco iluminado pela luz do abajur. Realmente a vida era injusta. Meu pai morreu cedo e a garota da minha vida era um sonho impossível de se realizar. A campainha tocou, nem se mexeu.
- ? – chamei, mas acho que ela tinha dormido.
Levantei com ela nos braços e a coloquei deitada no sofá. Fui ver quem era. Assim que abri a porta vi Jess junto com o entregador de pizza. Gelei.
- Pediu pizza, amor? – perguntou pegando a caixa da mão do menino.
- Jess, o que está fazendo aqui?
- Vim ver como estava. – sorriu e entrou. Eu mereço. Paguei a pizza e fui atrás de Jess. – Nossa, pediu uma pizza grande apenas pra você.
- Não é só pra mim. – respondi. – Quero ficar sozinho. – falei cruzando os braços e encostando no batente da cozinha. Tomara que não acorde e venha ver o que está acontecendo.
- Ai , larga de ser chato. – disse abrindo a geladeira e pegando duas cervejas.
- Jess, qual parte você ainda não entendeu que meu pai morreu e quero ficar sozinho?
- Não entendi a parte de ficar sozinho, sou sua namorada, vou ficar aqui contigo e te fazer esquecer o que aconteceu hoje. – passou por mim. – Traga a pizza. – Não, não, não, ela não podia estar indo pra sala.
- Amor, vamos comer aqui na cozinha mesmo. – falei tentando trazer ela de volta.
- Não, quero comer na sala vendo TV. – fui correndo atrás dela.
- Espera. – segurei ela pela cintura. Vi acordando e nos olhando. Nenhuma desculpa vinha em minha mente, então a beijei. Abri os olhos no meio do beijo e fiz sinal pra que se escondesse.
A menina saiu correndo de fininho pro outro cômodo. Então afastei Jess.
- Serio, agradeço sua compreensão, mas dessa vez quero ficar sozinho. – Jess fechou a cara.
- Ok, não quer a minha companhia, já entendi. Prefere ficar sozinho do que com a sua namorada. Aposto que se fosse aquela garotinha do outro lado da rua, você iria querer.
- Não vai começar de novo com essa história, vai? é minha amiga. Tira isso da sua cabeça. – peguei as garrafas de cerveja de sua mão.
- Eu sei, mas você prefere ficar conversando com ela, do que namorar comigo. – cruzou os braços.
- Jess, não vou repetir. Você é uma coisa, ela é outra. Esquece isso. Já está começando a encher essa sua cisma. – fui praticamente empurrando ela pra porta. – Amanhã nos vemos. – lhe dei um selinho e abri a porta pra que ela saísse.
- Você está me expulsando da sua casa. – parou de andar e me olhou com raiva.
- Sim! Estou cansado, quero comer e dormir. Você está me deixando com dor de cabeça. – a empurrei pra fora, fechei a porta e a tranquei pra maluca não voltar. – Alguém me explica em que estava pesando pra começar a namorar ela? – resmunguei baixo.
Vi de pé na porta da cozinha e sorri. Ela tinha todo aquele jeito de menina inocente, e aquilo me matava. Meu coração estava acelerado, dei passos rápidos e largos em sua direção. A puxei pela cintura, fazendo com que nossos corpos se unissem e a ergui do chão. Com a outra mão segurei sua nuca e finalmente pude sentir o gosto daqueles lábios novamente. Tão macios. enlaçou os braços em volta de meu pescoço. Desci as mãos e agarrei suas coxas a levantando pra que ficasse na minha altura, as pernas dela envolveram minha cintura, e suas pequenas mãos bagunçavam meus cabelos. O toque dela era tão gostoso, e me deixava excitado. Andei com ela me meus braços até a sala, coloquei deitada no sofá e repousei meu corpo por cima, sem deixar que meu peso caísse sobre ela, mas em nenhum segundo paramos de nos beijar. Alisei a lateral de seu corpo, tocando cada curva acentuada, gravando cada detalhe em minha mente caso isso não retornasse a acontecer. Tinha que aproveitar o momento. Escutei meu estômago roncar. Então me lembrei que não tinha comido nada o dia inteiro e estava faminto. tentou falar alguma coisa, mas não deixei, então ela começou a rir e me afastou um pouco.
- Não vou fugir de você. Vamos comer, a pizza vai esfriar. Depois voltamos pra cá, se ainda quiser. – disse meio envergonhada, selei nossos lábios novamente e ela me empurrou. – . – me repreendeu e começou a rir.
- Não tenho culpa se a sua boca é viciante. – mordi seu lábio inferior. – É macia, gostosa demais. – dei outro selinho e sorriu. – Ok, vamos comer.
Sai de cima dela e a ajudei se levantar. Comemos a pizza vendo TV. me ajudou a lavar a louça e depois fomos para meu quarto ficar deitado debaixo das cobertas vendo filme.
- . – chamou e deitou encima de meu peito.
- Oi. – a olhei.
- Me dá mais um beijo? – pediu toda tímida. Ri com aquilo.
- Só um? – perguntei sorrindo e a puxando pra mais perto de mim. – É impossível de te dar apenas um beijo. – sussurrei e a beijei com calma.
Ficamos desse jeito por quase uma hora, não queria soltar nunca aqueles lábios. Senti que as coisas estavam começando a esquentar. Então me afastei um pouco, não podia fazer aquilo com ela. Não agora.
- O que houve? – sua voz era preocupada.
- É melhor pararmos por aqui antes que façamos algo que você possa se arrepender depois. – passei a mão em seus braços, ela estava deitada em cima de mim.
- Eu quero você. – disse cada palavra pausadamente. – E não vou me arrepender de nada. Confio em você. – fechei os olhos e ri pelo nariz. – Prefiro que seja contigo, do que com um moleque qualquer que não sabe o que esteja fazendo direito. – ela beijou a ponta de meu nariz. – Sei que quer isso tanto quanto eu. , eu te amo e nunca tive tanta certeza na minha vida. – me senti o cara mais feliz do mundo ao escutar “eu te amo” sair da boca dela com tanta ternura.”


O ciúme é uma coisa irracional.

Uma ano e meio atrás, a festa.
Hoje teria uma festa, na qual iria com Jess, isso mesmo, ainda estamos namorando. Esperei até que saísse pra encontrar seu namorando. Como sempre perfeita, nos olhamos e rimos. Ela era fofa demais. Assim quando a vi virando a esquina da rua saindo de vista, entrei em casa e fui me arrumar pra festa. Estava empolgado, sabia o que aconteceria esta noite, assim como em todas as outras que já fui e ela estava lá. Coloquei minha melhor camisa e o perfume favorito dela. Antes de sair me olhei no espelho e sorri. Assim que abri a porta dei de cara com Jess, seu vestido curto e vermelho a deixava vulgar, mas fazer o que se ela gosta de ser chamada de vadia o problema é dela. Estendi a mão e Jess a pegou. Fomos andando a pé, já que a festa era perto. Jess não parava de falar sobre ter brigado com uma amiga por causa do vestido que estava usando. E eu só pensava na minha baixinha. Chegamos à festa antes mesmo que eu percebesse, era um lugar aberto com uma grande fogueira central e várias caixas de isopor espelhadas por todos os cantos contendo bebidas. Vi meus amigos e acenei pra eles, ia me aproximar se Jess não tivesse me puxado feito um cachorro pra acompanhá-las até suas amigas. Rolei os olhos, estava entediado com aquilo. Peguei uma cerveja e filmei o lugar inteiro em busca do sorriso perfeito de . E a localizei abraçada com seu namorado. Assim quando ela me viu, esquivou o olhar, ri com sua atitude. Sempre tão meiga e delicada. Não desisti. Dei a desculpa que iria dar uma mijada pra conseguir pelo menos sair de perto de Jess e suas amigas por um momento. Andei em passos lentos e despojados até , que me olhou meio apavorada com medo de alguma atitude impensável minha, realmente era meio complicado pensar quando se estava em sua presença. Passei por ela e seu namorado. Dei uma volta rondando o perímetro e conhecendo mais o local. Porém em nenhum momento a perdi de vista. Parei na frente da fogueira, agora nossos olhares se cruzaram, sorri de lado e ergui uma sobrancelha, virei o rosto brevemente olhando pra um lugar mais afastado e depois voltei meu olhar pra ela. Pude ver seus cabelos balançando de um lado pro outro enquanto sua cabeça estava baixa, podia apostar quanto quisesse que tinha um sorriso estampado em seu rosto. Dei as costas e andei até o lugar onde sabia que me encontraria. Encostei na copa de uma árvore e fechei os olhos, sentindo a brisa leve da noite. Não me impressionei quando senti um par de mãos quentes envolver meu rosto e lábios levemente gelados tocarem os meus. Não ousei abrir os olhos. O cheiro de seu perfume era inconfundível, assim como seu toque e jeito delicado. Parecia até uma boneca de porcelana. Troquei nossas posições a encostando agora no tronco da árvore, intensifiquei nosso beijo lentamente, tornando-o mais profundo. Com ela era sempre tudo tão calmo, sem pressa ou pressão. Nos separamos e encostamos nossas testas, um sorriso bobo surgiu em meus lábios, então ela me deu um selinho rápido e riu. Enruguei minha testa e fechei os olhos com força, me segurando pra não agarrá-la de novo.
- O que foi? - escutei sua voz preocupada perguntar.
Apenas sussurrei um - Nada. - de volta.
Era perigoso de fazermos isso aqui, tanto quanto eu, como ela também sabia disso. Tudo bem que já corremos riscos maiores, mas sempre sentia um aperto no peito ao cogitar perdê-la. Era tão bom sermos amantes, nos encontrar as escondidas. Sei que se alguém nos pegar junto isso vai acabar. Sendo que nós dois somos comprometidos apenas por fachada em busca de esconder nosso romance. Escutamos um barulho de galho quebrando, olhamos juntos pro mesmo lado, então dei passagem pra que ela fosse embora e me deixasse ali sozinho, quem quer que seja, não poderia nos ver de tal forma. Sai andando também, voltei até Jess, que não tinha uma cara muito boa, e assim quando cheguei perto o suficiente a mulher de um chilique. Não escutei metade do que disse, só o final.
- Estou indo embora com as meninas, se você quiser que fique ai.
Vai embora logo e me deixa em paz, assim quando me deu as costas, fui até meus amigos. Fiquei conversando com eles, mas sempre olhava pra ver onde minha pequena boneca estava. Praticamente vivi um AVC quando a vi entrando em um carro velho com seu namorado. O que ela estava pensando em fazer? O veículo estava lá só pros casais se pegarem, não tinham motor. Um amigo meu tinha uma bomba de fumaça, peguei aquilo de sua mão e sai andando em direção ao carro. Estávamos em uma festa, brincadeiras desse tipo sempre aconteciam. Não estava ligando se ela ficaria brava comigo, mas ela não ficaria com aquele cara na minha frente desse jeito de forma alguma. Nunca fiquei esfregando Jess em sua cara. Peguei o isqueiro emprestado de uma garota e acendi a bomba de fumaça. Abri a mala do carro e joguei aquilo lá dentro, fechando a tampa em seguida. Me afastei e esperei que eles saíssem lá de dentro. O pessoal ria da situação, não demorou muito e vi os dois saindo de lá, o menino sem camisa e ela arrumando o vestido. Minhas narinas inflaram. Como ela pode estar em uma situação dessas com aquele moleque? Não consegui olhar por muito tempo. Sai andando de perto para não falar nada e nem fazer nenhuma besteira. Peguei uma cerveja dentro de um isopor e a tomei em uma só golada. Joguei a garrafa longe e peguei outra. Encostei em outro carro velho e fiquei lá bebendo de braços cruzados observando as pessoas se divertirem. Vi vindo até mim, estava irritada. Parou à minha frente e então deu um tapa em meu rosto. Nos olhamos sérios. Pensei em agarrá-la ali mesmo, mas não fiz nada, só fiquei esperando ela ir. Fitei o nada. Não deveria ter feito aquilo. Agora estava com raiva de mim, e eu dela por ter me dado um tapa, sei que mereci, mas ela me provocou. Era melhor ir pra casa, a festa acabou pra mim. Voltei andando admirando o céu daquela noite estrelada. Assim quando cheguei, subi pro meu quarto e fiquei sentado na janela olhando pra casa da frente esperando pra que a luz do segundo quarto fosse acesa indicando que ela havia chegado em segurança. Mas essa noite isso não aconteceu, me deixando preocupado. Ela não podia fazer isso comigo, prometeu que seria o único dela! Peguei meu celular discando rapidamente seu número, fiz isso várias vezes, só não tive a coragem de executar a chamada. Tão covarde, tão burro. Só não queria deixá-la mais irritada comigo. Taquei o aparelho em cima da cama, o que fez ele quicar e cair no chão. Não dormi a noite toda esperando por sua chegada, só que foi em vão, já que nem ao amanhecer ela apareceu. Por fim me atirei na cama e fechei os olhos, conseguindo dormir um pouco. Não sei bem por quanto tempo dormi. Acordei com Jess ligando para meu celular, não atendi. Estava cansando e sem vontade de falar com ninguém. Muito mal humorado levantei e tomei um banho. Passei o resto do dia trancado em meu quarto esperando a chegada de . Não me cansava nunca de ficar sentado em minha janela escutando música e pensando sem parar em nossos momentos juntos. Coloquei tudo a perder. Levantei rapidamente quando a vi chegar de mãos dadas com seu namorado, os dois estavam felizes e riam de algo. Antes de ela entrar em casa, o beijou e depois olhou pra minha janela. Nem se quer um sorriso, nada. Me ignorou por completo, praticamente batendo a porta na minha cara. Tínhamos que conversar. Peguei meu celular e mandei uma sms pra que chegasse na janela, e não tive resposta. Abri a janela de meu quarto e dei um assovio. Ela tinha que falar comigo! Finalmente chegou a janela só de calcinha e sutiã. Me assustei, ela nunca foi de fazer isso. Fiquei sem palavras, ainda mais depois que notei que tinha algumas marcas perto de seus peitos e nas costelas. Não consegui ficar olhando por muito tempo, ela tinha se entregue praquele cara. Não acredito que fez isso. Sempre tão pura. Me afastei e fechei a janela junto com a cortina. Será que não significo nada pra ela? Sempre fiz de tudo pra agradá-la. Encostei na parede e fechei os olhos. Acho que isso quer dizer que terminamos. Então por que não consigo assimilar este fato? Sempre soube que seria difícil deixar que ela fosse embora, mas não sabia o quanto.


Não tem jeito, quando amamos uma pessoa, é pra sempre.

Um ano e cinco meses antes, o telefonema.
Eu e não estávamos nos falando desde o ocorrido. E agora estava no apartamento de Jess quando meu celular tocou. Reconheci o número no mesmo instante, olhei a hora e já estava tarde. Era . Não sabia se atenderia ou não, mas por fim atendi. Fui pra varanda e olhei pra trás, Jess estava no quarto se vestindo.
- O que houve? Por que está me ligando a essa hora? – perguntei baixo olhando por cima de meu ombro certificando que Jess não estava escutando. Não sabia que seria tão difícil de falar com ela.
- . – ela estava chorando. Meu coração acelerou e se apertou ao mesmo tempo.
- Está tudo bem? – sussurrei, não podia falar alto.
- Por que você está falando baixo? – ela soluçava.
- Jess está no quarto. Queria que ela fosse você. – estava com tanta saudade. – Por que está chorando?
- Porque sou uma boba, estou com saudades. – olhei mais uma vez pra trás. Jess me olhava de longe.
- Acho que não podemos mais seguir em frente com isso. Você tem outro, e eu também.
- Não, . Por favor. – como amava escutar meu nome saindo de sua boca. – Eu te amo.
- Você não sabe o quanto é difícil escutar isso. Por que você ficou com ele? – perguntei, só de lembrar tinha vontade de enfiar uma faca em meu peito e arrancar meu coração fora, só para não sentir aquela dor.
- Não fiquei com ele, aquilo era maquiagem. Eu juro, fiz só pra te provocar. – disse em prantos. Por mais que não quisesse eu acreditava piedosamente em suas palavras. – Ah . Preciso tanto de você. Sonho todas as noites contigo.
- Também tenho sonhado com você. Seu namorado sabe que está me ligando?
- Não. Terminei com ele. Estou cansada de ficar me escondendo. Quero ficar contigo de verdade.
- Também queria, mas sabe que não é assim que funciona.
- Amor, com que está falando? – escutei Jess perguntar. Olhei pra trás.
- Com minha mãe. – menti e disse alto pra que escutasse.
- Mande um beijo pra ela. – falou e se deitou.
- Jess te mandou um beijo. – riu.
- Acha que ela desconfia de algo?
- Não.
- . – sussurrou do outro lado da linha.
- Sim.
- Te amo.
- Tenho que desligar.
- Não, por favor. Me deixa pelo menos escutar mais um pouco da sua voz. – pediu.
- Não dá. Eu nunca queria dizer isso, mas adeus. – encerrei a ligação.
Voltei para o quarto e vi Jess nua deitada na cama. A ignorei e peguei meu casaco que estava encima do sofá.
- Onde pensa que está indo, amor? – perguntou em uma voz sensual.
- Embora. – respondi pegando as chaves de meu carro. – Jess, você é linda tem um corpo maravilho, mas não é você quem eu quero.
- Você não pode me chutar dessa forma! – reclamou se levantando da cama.
- Desculpe, não estou chutado. Só estou terminando. – dei um beijo em sua testa.
Ela começou a reclamar e falar um monte de besteiras, mas não dei ouvidos. Apenas fui embora. Dirigi pra casa o mais rápido que consegui. Parei na frente de minha casa e olhei pro outro lado da rua. Desci do carro e atravessei. Joguei uma pedrinha em sua janela e me encostei na cerca. Sorri ao ver aquela menina linda se aproximar e me olhar através do vidro. Estava de pijama, também a essa hora da noite já deveria estar dormindo. abriu a janela sem entender nada.
- Se você pular eu te seguro. – falei e ela riu.
- Quando você disse adeus, pensei que nunca mais te veria. – disse se debruçando na janela.
- Anda, desce, precisamos conversar.
- Ok. Espera. – fechou a janela.
Não demorou até que vi a porta da frente ser aberta. Ela veio até mim. Não resisti, a beijei ali mesmo.
- Te amo. – passei a mão em seu rosto fazendo um carinho. – Aceita namorar comigo?
Ela abriu e fechou a boca várias vezes, mas não respondeu minha pergunta, apenas abaixou o olhar. Ela se sentia culpada.
- Estava no apartamento de Jess, e ela estava lá, nua deitada na cama me esperando, e foi ai que percebi, que não adiantaria em nada continuarmos juntos, sendo que ela não era a garota que amo. Já que cada momento que passa você não sai da minha cabeça, então terminei com ela.
- Desculpe. É que você fez aquilo...
- Shiu. – encostei o indicador em seus lábios. – Sou um idiota, não deveria ter ficado com ciúmes. Também tenho que pedir desculpas.
- Desculpa. – repetiu várias vezes e me abraçou beijando minha bochecha. – Nunca terei coragem de ficar com outro de tal forma.
- Senti saudades. – a abracei.
Nos beijamos com intensidade. Depois a levei pra minha casa. Definitivamente aquela noite foi à melhor de todas que já tive. De manhã quando o celular dela tocou, ela simplesmente o jogou longe. Agora estávamos deitados, abraçados um ao outro, nossos corpos tão quentes e colados, se formando apenas um.
- , ontem a noite não respondi sua pergunta. – sussurrou em uma voz sonolenta.
- Então responde agora. – acariciei seu ombro nu.
- Aceito.


Foi assim que tudo aconteceu. Quando começamos a namorar, sua mãe surtou, mas depois se acostumou com a idéia. Sabe, cansei de esperar. Tenho que fazer algo da minha vida, não posso ficar aqui esperando a volta de uma menina. Tinha que fazer algo, tomar uma atitude, e é isso que vou fazer!


O amor é capaz de superar qualquer distância.

Uma semana depois, dia dos namorados.
Olhei mais uma vez o papel em minha mão, era aqui mesmo. Subi os degraus da pensão e me encaminhei até a recepção. Pedi informação para uma senhora muito simpática, que me levou até o quarto. Bati duas vezes na porta e esperei. Quando a porta se abriu, olhei para que estava de pijama. A peguei pela cintura e nos beijamos.
- , o que você está fazendo aqui? – perguntou assim quando nos separamos.
- Você não atendia meus telefonemas, qual é a graça de passar dia dos namorados sem minha baixinha? – ela sorriu.
- Me desculpe, não tenho tido tempo nem pra respirar. A faculdade está me sufocando. Entre. E cuidado pra não cair na minha bagunça. – entrei e tinha papeis espalhados para todos os lados.
O cômodo era pequeno e apertado com aquela cama de casal no meio, tirando o guarda roupa e a escrivaninha.
- Não vim aqui só pra te ver. Precisamos conversar. – falei sério e ela me olhou já preocupada. – Sabe, você longe de mim não está dando certo. Isso tem que acabar. – já começou a chorar. – Está chorando por quê? Nem acabei de falar. – enruguei a testa desaprovando seu comportamento.
- Você vai se separar de mim. – me abraçou. – Só peço que agüente mais alguns anos e vou voltar pra casa.
- , não posso esperar mais. Minha vida está passando e não sou tão novo, não posso ficar sentado pra sempre na porta de casa esperando que você volte. – a afastei. – Tenho que seguir em frente assim como você também está seguindo.
- Mas ... – a interrompi.
- Não. Pra mim chega. Não posso viver desse jeito longe de você. Quer casar comigo? – perguntei me ajoelhando à sua frente e abrindo uma caixinha de veludo preta na qual continha dois anéis.
ficou completamente sem reação.
- Ora seu besta! Por que me fez pensar que queria se separar? Ah meu Deus, . É claro que aceito casar contigo! – peguei sua mão e coloquei o anel em seu dedo, ela fez o mesmo.
- Não conseguiria terminar nunca com você. Além do mais, aluguei um apartamento no centro pra nós. Não precisa mais ficar aqui.
- Como assim alugou um apartamento pra nós? – perguntou sem acreditar.
- Estou vindo morar aqui até que você termine sua faculdade. – os olhos dela brilharam.
- Já disse que te amo? – perguntou pulando encima de mim, a abracei.
- Sim, mas repete? – perguntei sorrindo.
- Eu te amo. – me deu um selinho demorado.

Fim.


N/A: Oi meninas! Não sei nem o que dizer, esse foi meu primeiro romance, então, por favor, não me enforquem, tentei ser a mais romântica e fofa que pude. E olha, pensei que não sairia nada. Foram duas outras versões antes dela, cheguei a arrancar o cabelo pensando que não conseguiria escrever, mas enfrentei como um desafio e saiu isso ai! A fic foi baseada em várias músicas e tals. Agradeço a Benny pela força que me deu com esse especial, acho que se não fosse a moral dela, nem tinha conseguido chegar até aqui. E como costumo cumprir com minhas promessas, dedico essa fic pra Thaina. Espero que todas tenham gostado, dei o melhor de mim. Beijos, até o próximo especial, bem que podia ser de halloween, né?
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