Inseparable 2
You’re Still Holding All Of My Heart
Por Biia Haack (Biia Cullen)



E então dois anos se passaram.
E apesar de tudo pelo que eu e meus irmãos passamos durante esse período, continuava com meu interior vazio.
Nós lançamos um novo CD há dois meses e agora fazíamos uma turnê pela América do Norte, mas isso não foi suficiente para me preencher.
Nós havíamos conquistado fãs de todo o mundo e recebíamos diariamente tantas cartas que nem cabiam mais nas mãos de Big Rob (e olhe que elas são enormes), mas isso não foi suficiente para me preencher.
Eu até havia arranjado uma namoradinha, mas isso também não foi o suficiente para me preencher.
Nada, resumindo, fora o suficiente para me preencher.
Não me ache depressivo. No meu último relato, sei que era feliz e saltitante como um duende. Convenhamos: 2 anos FAZEM diferença em um cara.
Principalmente quando ele sente falta de algo tão importante quanto sua própria vida.
E sim, eu estou namorando, apesar das circunstâncias. É uma garota que conheci há poucos meses, , e devo dizer que não é a pior das minhas namoradas. Mas ela nunca chegaria aos pés dela.
Ah, minha querida . Minha garota perfeita, meu anjo na Terra, minha razão para sonhar e continuar vivendo o meu sonho. Ah, quando voltaria a vê-la?
Sei que parece meloso, levando em conta o meu considerável amadurecimento, mas nada me faria esquecê-la. Ela ERA inesquecível para mim.
Nem preciso dizer que MORRIA de ciúmes dela, preciso? Afinal, sem brincadeira, eu escrevi um caderno inteiro só de músicas para . Quando minha atual namorada descobriu esse caderno ficou feliz no princípio, mas quando descobriu que não era para ela e sim para alguém que eu havia conhecido há dois anos... duas palavras para descrever sua reação: ódio mortal. E óbvio que esse ódio mortal era direcionado para .
Meus irmãos não aprovam meu namoro com , mas acham melhor que eu continue com a vida, uma vez que ela está a milhas e milhas de distância.
E provavelmente já se esqueceu de mim.
Deixe-me explicar: Ela me deu email e telefone, e quando voltei para os EUA fazia de tudo para me comunicar com ela por esses dois meios de comunicação úteis, e ela também se esforçava. Mas eu possuía muitos show e afazeres, ela tinha que estudar demais para provas e mais provas, sem contar o fuso horário. Resultado? Acabamos nos distanciando, conseguindo nos falar quando os dois estavam disponíveis, o que era raro.
Com esse distanciamento, sentia que estava me impedindo de viver, e lembro-me de suas palavras perfeitamente.
- , eu estive pensando… eu sinto muito pelo o que vou dizer, mas acho que deveríamos conhecer… outras pessoas, sabe? Você é famoso e deve estar se sentindo preso por minha causa. Eu sinto muito por isso, mas acho que será melhor se continuarmos só amigos…
- Não, , eu não me sinto preso a você! Eu te amo! – tentei a convencer em vão.
- , eu lhe peço que não minta para mim só para me deixar menos…. mal. – Apesar de ela tapar o bocal do telefone, pude ouvi-la fungando levemente. Ela estava chorando. – Continuaremos a ser amigos, , e nada mais. Viva sua vida.
Nada que eu falei para ela a fez mudar de idéia.
Cada vez que me lembro dessa situação, sinto um angustiante aperto no peito, seguido de lembranças maravilhosas ao lado daquela que possui meu coração, e mais agonia.
Mesmo depois do que ela falou, nada me faria esquecê-la.
Fiz o que ela me pediu (muito nas coxas, mas enfim) e continuei minha vida, viajando de cidade em cidade, tocando toda noite, escrevendo músicas para aquela que realmente amo e encontrando a cada dois dias. Pode parecer idiotice e hipocrisia sair com a , mas infelizmente, a vida é idiota. E injusta também, diga-se de passagem.
- Ai , você está tão calado hoje! – Falou no meu ouvido, enquanto buscava incessantemente minha mão para segurá-la, como se fosse de ouro.
- Ai , você está tão perceptiva hoje! – Murmurou baixinho no ouvido de , imitando o jeito de falar, e apenas nós dois ouvimos o comentário – Realmente, sua esperteza me preocupa! Como isso tudo cabe numa cabecinha tão pequena? Ela não ameaça explodir?
não conseguiu se segurar e gargalhou alto, fazendo meus pais e meu irmão mais novo, Frankie, se virarem e olharem interrogativamente para ele. Eu me contentei com um sorriso disfarçado, sem olhar .
- , você está bem amor? – Perguntou olhando para , falsamente preocupada.
- Se estivesse longe de você, com certeza estaria pulando de alegria. – Ele murmurou, e e eu rimos baixinho.
- Fala mais alto querido, eu não estou te ouvindo. – Falou , agora agarrando meu braço com uma proximidade desnecessária. E o que eu mais queria era afugentá-la de perto de mim.
- Estou ótimo. – Ele respondeu, dando um sorriso falso para ela.
Já deu pra perceber que quando estamos na presença de , os comentários desnecessários rolam soltos, né?
Pois bem, continuamos jantando alegremente. Alegremente entre aspas, já que meus pensamentos, para variar, estavam a uma distância considerável daquele restaurante em especial. Deviam ser umas 8 horas da noite, o céu escuro estava cheio de estrelas e com uma lua cheia começando a subir. Bela noite.
Nossos pratos chegaram e começamos a comer, eventualmente conversando e contando um caso ou outro (Leia-se: e contavam, eu apenas sorria de vez em quando e concordava com a cabeça). só largou do meu braço quando teve que usar as duas mãos para comer a carne em seu prato. Salvo pelo steak!)
- “You know when the sun forgets to shine, I'll be there to hold you through the night, and we'll be running so fast we can fly tonight” – era o meu celular, tocando e vibrando em meu bolso.
A única pessoa na minha agenda telefônica com essa música de toque era a mais linda e maravilhosa que eu poderia ter encontrado na face da Terra.
Eu olhei para e , eles eram os únicos que sabiam que esse era o toque dela. Felizmente, não sabia disso.
- Ahn, me dão licença? Eu preciso atender essa ligação. – Eu falei, levantando-me rapidamente. Senti segurar com força a manga da minha camisa, me impedindo de sair da mesa.
- Ain amor, porque não liga depois? Quem quer que seja, pode esperar. – Ela falou, toda melosa.
Acredite, essa pessoa não poderia.
- Dá licença, ? – falei de um modo mais ríspido, e ela me soltou imediatamente. – Não sou ignorante só porque tenho um pouco de fama, ao contrário de certas pessoas.
e ficaram soltando gritinhos do tipo “Tooma na testa, ” e ela ficou com uma cara de bunda impagável, de acordo com . Eu não fiquei ali por mais de um segundo para ver essa tal cara.
Fui até o banheiro masculino praticamente correndo, atropelando qualquer ser, animado ou não, na minha frente. Mal havia entrado no cômodo, já havia apertado o botão “Atender” no meu celular e o colocado no ouvido.
- Oi, .
Eu simplesmente não conseguia comparar a sensação de ouvir a voz dela a nada, nada nesse mundo.
- Olá, . – Eu sorri, sentindo-me mais leve que uma pluma. – Como você está?
- Estou bem. – Ela falou, e meu sorriso se alargou ainda mais. Eu gostaria de poder ver seu lindo sorriso perfeito. – E você?
- Melhor imposs...
- ! O AVIÃO VAI DECOLAR, DESLIGA A PORCARIA DO TELEFONE. – Gritou alguém ao fundo em português. Óbvio que eu entendi bulhufas.
- , calma! – Ela respondeu na mesma língua e suspirou, depois voltando a falar inglês. – , escuta bem o que eu vou te falar. Eu estou saindo nesse exato momento para uma viagem à Flórida, vamos passar uma semana com a tia da minha amiga aqui e iremos visitar a Disney e…
Eu fiquei mudo. Estava simplesmente impossível consegui encontrar minha voz, ela parecia ter desaparecido junto com minha sanidade e capacidade piscar.
- ? ?! Você tá me ouvindo? – perguntava no telefone.
- Senhorita, por favor, desligue seu celular. – Falou uma voz adulta, aparentemente da aeromoça, em português. Mais uma vez, entendi bulhufas.
- Sim, só um instante. – pareceu um pouco irritada. – Escute , amanhã meu vôo vai chegar às 4h em Dallas, e depois iremos para a Flórida, chegando umas 6h. Quando chegar em Dallas, eu te ligo, ouviu?
CARAMBA, ONDE TÁ A PORCARIA DA MINHA VOZ?!?!
- Senhorita, por favor...
- Ai caramba, você tá mal comida é? Vai encher o saco do piloto! – falou em português e apesar de não ter entendido, não parecia ser coisa boa. – Bom, , é isso. Só avisando pra... sei lá, avisar. Tenho que ir agora...
Ela desligou o telefone, e eu não consegui falar uma palavra, sílaba ou fração de sílaba. Fiquei ouvindo o tu tu tu do telefone durante uns dez minutos, até que a porta atrás de mim se abriu.
- Hey cara, você tá legal? – Perguntou , colocando a mão no meu ombro.
- Era a , né? E o que ela falou?
Oh meu Deus. OH. MEU. DEUS.
- ? – balançou a mão em frente aos meus olhos, mas eu mal parecia notar, tamanho o choque que havia tido.
OH. MEU. DEUS. AO. QUADRADO.
- Deu tilt. – Falou , negando com a cabeça. Senti que ele pegou meu celular, retirando-o da minha mão e verificando. – Foi uma conversa relativamente longa. Ela falou alguma coisa importante?
- Ela... Ela... ELA...
- Olha , a gente também já tinha percebido que ela era mulher. Agora vamos lá, ela...?
- ELA DISSE QUE ESTÁ INDO PRA FLÓRIDA! – Eu simplesmente agarrei pelos ombros e o chacoalhei, tamanha minha animação e felicidade. – ELA TÁ VINDO! ELA ESTÁ VINDO!
- Eu meu santo, parece alguém falando “A nave mãe está vindo, ESTÁ VINDO! E VAI NOS PEGAR!” – comentou, mas eu estava tão animado que nem fiz questão de depreciar tamanha esperteza por parte de meu irmão. Saí do banheiro correndo, indo em direção à mesa.
- ELA ESTÁ VINDO! – Falei alto, mas por sorte o restaurante estava cheio, então meus gritos desconexos foram abafados. – MÃE, PAI, FRANKIE, ELA ESTÁ VINDO!!
- Quem está vindo? – Foi quem perguntou, ainda com cara de bunda. Nem fiz questão de responder, essa aí não precisava saber tão cedo. Já meus pais conheciam toda a história.
- Quando, filho? – Perguntou meu pai.
- Está vindo para cá hoje, e vai chegar umas 4h da manhã em Dallas. Depois vai pra Flórida, chegando lá umas 6h.
- Que bom meu amor! – Falou mamãe, sorrindo e demonstrando sincera felicidade por mim.
- Mas filho, não podemos ir para a Flórida agora. Estamos no meio da época de shows! – Falou Paul, e minha mãe o cutucou forte com o cotovelo. – A não ser que adiemos alguns shows... é, acho que dá sim... posso marcar um show extra lá na Disney…
- Obrigado, pai! – Fui até ele e abracei-o com força. Ele retribuiu o abraço, sorrindo para mim.
A felicidade dentro do meu corpo não me permitia ficar quieto em um só lugar. Eu queria andar, pular, voar, saltitar, plantar bananeira, sair correndo, qualquer coisa que me fizesse sentir vivo. Porque agora eu estava vivo novamente. Eu veria a razão do meu viver em pouco tempo.
Nós saímos rapidamente do restaurante e fomos arrumar as malas para irmos até a Flórida. Meu pai conseguiu uma reserva em um ótimo hotel, e as passagens não foram problema. O único obstáculo foi...
- Eu vou com você, . – Falava , insistindo e batendo pé. Que coisa mais irritante, mas não seria essa reação infantil que me deixaria triste. – Não vou deixar você ir visitar sua amiguinha sozinho!
Ela falou a palavra amiguinha com tanto desprezo que, sinceramente? Segurei-me ao máximo para não terminar com aquela ali naquele momento. Afinal, porque eu estava com ela mesmo?
- , é sério. Não precisa vir comigo, eu posso muito bem me cuidar sozinho.
- Você não é o problema dessa viagem... – Ela falou baixo, aparentemente tentando não me fazer ouvir.
Mas por infortúnio meu, eu ouvi.
A imprensa iria cair em cima se descobrisse que, da noite para o dia, o casal queridinho de Hollywood se separou por causa de uma brasileira. E esse foi o único motivo para não ter terminado com .
- , querida – Falou minha mãe, fazendo o possível para ser simpática. – Você também vai, só que iremos em aviões separados, sinto muito.
- Tá. – Ela respondeu simplesmente, com cara esnobe. Eu ia partir pra cima dela, mas e estavam ao meu lado e me seguraram. Eu respirei algumas vezes. Bem fundo.
- , vou ter que te ensinar a agradecer ou o quê? – Eu perguntei, olhando friamente para ela.
- Obrigada, senhora Jonas. – Ela deu mais um de seus sorrisos falsos e pegou o celular, ligando para alguém. Minha mãe lhe entregou um papel com as informações do vôo, apenas assentiu.
Pense na , . Pense na nos olhos dela… acalme-se.
Como não se acalmar pensando em tamanha perfeição?

:)


havia ligado para mim às 4h, avisando que havia chegado à Dallas. Infelizmente eu não pude atender ao telefone, já que estava dormindo profundamente.
Sim, foi um grande erro meu, mas eu tive insônia até as 2h da manhã, até que minha mãe me deu um remédio e eu consegui dormir finalmente. Sonhando com quem? .
Foi quem atendeu e, segundo ele, o vôo de estava um pouco atrasado, mas nada muito diferente do horário antes programado.
- e , acho melhor levarem o ao aeroporto. – Falou minha mãe quando chegamos ao hotel, 6 horas antes. – Seu pai tem que resolver algumas coisas e eu não posso deixar Franklin sozinho. Portanto, vão de táxi ou aluguem um carro e mandem um beijo para por mim.
- Pode deixar que o se encarrega desse servicinho. – e começaram a rir, eu apenas revirei os olhos.
E aqui estávamos, 6h da manhã, no Orlando International Airport. O portão de desembarque estava previamente definido como o portão 5, o pouso previsto para 6h33.
Eu, pra variar um pouco, estava inquieto.
- , agora é sério. A vai chegar logo logo, você quer que ela o veja assim?
- Não, , não quero. – Respondi, tentando ficar parado.
Para esperar pela , nos sentamos em um café ali por perto, mas eu não comi absolutamente nada, já que meu estômago parecia reduzir de tamanho a cada minuto que se passava. Eu me sentia um tanto dormente mas ao mesmo tempo alerta, a cada segundo eu olhava para o telão que anunciava a chegada dos vôos e me decepcionava, percebendo que este não havia mudado.
- , as pessoas vão notar, dá pra parar de chamar atenção? – me censurou. Óbvio que nós estávamos disfarçados, com sobretudos pretos, chapéus e óculos.
- Olha quem fala, o cara com um óculos vermelho vivo e chapéu branco! – Eu respondi. Ele realmente estava com esses dois acessórios, e chamavam muito mais atenção do que um rapaz agitado.
- Tá legal, vamos jogar Vinte Dicas. , você começa.
- Eu estou pensando em alguém...
- ? – eu perguntei.
- Não, agora são 19. – sorriu. – É uma mulher…
- ?
- Não, , não é a . 18. – Ele pareceu pensar um pouco. – Ela é muito chata.
- Sei lá… próxima. – Falei, desinteressado. Certamente não era a .
- Ela é tão irritante que veio até Orlando pra nos encher o saco e agora está vindo em nossa direção.
Nem precisei virar para saber quem vinha.
- ! – Ela gritou irritantemente, e metade do aeroporto se virou para ver. Eu suspirei pesadamente, derrotado só com a idéia de ter que aturá-la por mais um segundo. – Amore de mi vida, que saudade!
- Oi, . – Eu falei, virando para ela. – Será que dá pra falar mais baixo? Estamos tentando não ser notados aqui…
- Pra que se esconder? – Ela então virou pra todo mundo e começou a berrar. – Que o mundo saiba que o namorado de ,
- SHIIIU! – Tapei a boca dela com a mão antes que ela terminasse meu nome. Infelizmente, algumas pessoas já pegavam os celulares e se aproximavam sorrateiramente.
- Parabéns, cérebro de ameba, era tudo o que precisávamos. – Falou .
- Aaaain, me descuuulpa! – Ela me abraçou, me dando um selinho fora de hora. – Que droga, parece que agora teremos que ir embora sem receber sua amiguinha…
- , precisamos convers… - Já não dava pra agüentar aquela guria, mas me interrompeu.
- , olha!
Ouvi bufar ao meu lado e agarrar meu braço direito como se dependesse disso para viver, mas eu estava pouco me lixando para o que aquela guria estava fazendo.
Olhei para a direção que ele apontava e percebi que havia uma movimentação atrás do vidro que separava o portão de desembarque do resto do aeroporto. Havia várias pessoas andando pra lá e pra cá, pegando malas na esteira rolante e saindo para encontrar parentes e amigos.
A princípio não vi nada, mas então senti a felicidade invadir meu corpo novamente.
.
Ela estava linda, andando calmamente enquanto puxava um carrinho com duas malas em cima e conversava com uma garota, também bonita. Mas nada comparado à minha . Minha garota perfeita.
Elas pararam no meio do caminho, parecendo procurar por alguém. Percebi com a visão periférica que e me olhavam, esperando por uma reação. Como eu ainda estava paralisado, nada fiz além de observá-las.
suspirou e começou a acenar para , o que fez mais pessoas virarem as cabeças para o estranho grupo de três garotos e uma garota ao lado da pequena lanchonete. Mais atenção.
Além dessas pessoas, a amiga de percebeu, enquanto a própria continuava a procurar entre as pessoas do aeroporto. Sua amiga, que eu supunha ser a tal , cutucou e apontou para nós quatro.
Pude perceber de longe a reação de minha amada. Primeiro, ela ficou muito feliz, o sorriso que surgiu em seus lábios mal cabendo eu seu perfeito rosto. Eu havia me esquecido como ela era linda ao vivo, mais linda que em meus sonhos.
Mas sua segunda reação perturbou meu espírito [n/a: UI]. Ela pousou os olhos na grudenta agarrada ao meu braço e seu sorriso sumiu sem deixar vestígios. Sua expressão foi tomada por uma tristeza repentina.
Tudo isso em um segundo de reconhecimento.
olhou preocupada para a amiga, mas apenas sorriu fraco para a outra. Em seguida, as duas vieram correndo em nossa direção, com um sorriso médio em seu rosto. Mas ela olhava somente e .
- Meninos! – Ela exclamou quando chegou perto de nós, deixando o carrinho ao lado e abraçando meus irmãos de uma só vez. Sua voz, seu jeito, tudo continuava como eu lembrava, se não estivessem melhores. – Eu morri de saudades!
- E nós também, pequena! – Eles falaram a última palavra em português, fazendo rir muito.
- Vocês ainda precisam praticar o sotaque, mas a idéia é o que vale. – Ela soltou-os e então virou-se para mim, agora com um meio sorriso nos lábios e uma expressão fria. – Oi, .
- Oi . – Eu respondi, tentando andar para poder abraçá-la. Mas o ato saiu um pouco desajeitado: Com ainda pendurada em mim, acabei indo para frente com apenas o lado esquerdo, ficando em uma posição esquisita. Olhei então para minha namorada. – Se importa?
Eu jurava que ela ia dizer sim. Porém, depois de me encarar furiosamente, ela me soltou e cruzou os braços. Eu voltei minha atenção para e estava indo abraçá-la, mas ela já havia recomeçado a conversa com meus irmãos.
Acho que nunca senti tanta raiva de em toda minha vida.
- Gente, essa aqui é a . – Ela apresentou, sorrindo.
- Prazer, garotos, a falou muito de vocês. – olhou meus irmãos, tomando o cuidado de olhar para mim discretamente e depois voltar sua atenção para eles.
- Espero que tenha sido coisa boa. – sorriu. Já parecia estar em uma espécie de transe, já que não parava de olhar para a amiga de .
- Que nada, ela me contou uns podres… Meninos do céu! – Ela falou como uma legítima patricinha, fazendo e rirem.
Eles continuaram conversando, mas percebi que estava extremamente quieta. Ela olhava para o nada e quando alguém lhe dirigia a palavra, ela pedia desculpas por não prestar atenção e pedia para repetirem.
- do céu, o que deu em você? Os ares de Orlando não são bons o bastante para sua presença?
- Ha ha ha, você hilária. Na verdade acho que só estou cansada. – Ela falou, sorrindo fraco para .
- Precisam de carona, gente? – Perguntou .
- Minha tia pediu para ligarmos para ela quando chegássemos, mas acho que aceitaremos. A casa dela é meio longe daqui… - falou.
- Não tem problema, podemos chamar uma limo pra levar a gente…
- Limo? UMA LIMUSINE? – gritou, animada. – Eu vou andar de limusine? Tá de brincadeira comigo?
- Não, não. – sorriu. – Vamos de limo sim.
ficou festejando e apenas sorria para a amiga sem dizer nada. Apesar de não ter certeza, eu já possuía uma teoria do por que da quietude de minha amada: Ela devia estar com ciúmes ou se censurando por ter falado aquelas coisas sobre sairmos com outras pessoas há algum tempo. Ou talvez isso tudo era presunção minha. Nunca se sabe.
- Já que o não quer me apresentar. – Falou ao meu lado, entrando na minha frente e estendendo as mãos para . – Muito prazer, sou , a namorada do .
Ela deu um beijinho no rosto de cada uma das meninas e depois voltou ao meu lado, agarrando meu braço como antes, mas desta vez eu nem me importei. O estrago já estava feito e já havia tirado suas próprias conclusões. Sabe lá Deus o quão erradas seriam. Ou talvez corretas.
Acho que nunca fiquei tão confuso em meus próprios pensamentos.
- Muito bem, a limo já está chegando. Precisam de ajuda com as malas? – perguntou, depois de desligar o celular e guardá-lo no bolso.
- Relaxa, temos carrinhos. – sorriu e nós começamos a andar, indo para o local onde táxis e mais táxis estavam esperando. , e conversavam animadamente enquanto tentava chamar a atenção de , se esfregando em mim e me dando beijos na bochecha e na boca. Ela infelizmente conseguiu.
A limusine chegou pela rua e quando estávamos indo em direção ao carro preto, alguém berrou:
- SÃO OS JONAS BROTHERS!
- Ótimo. Era o que precisávamos. – suspirou e agarrou pelo braço, puxando-a e levando seu carrinho para a limusine rapidamente.
- Vem. – fez o mesmo com e entrou no carro. Era eu quem deveria ter feito isso.
- ! – Gritou , agarrando meu braço – ELAS ESTÃO VINDO!
- Anda logo. – Falei friamente, enquanto puxava para dentro do carro.
Lá dentro, , e ocupavam um banco, enquanto estava sentada perto da janela no banco oposto. Ela olhava para fora distraída enquanto mexia em uma mecha de seu cabelo. Não perdi tempo e sentei-me ao seu lado. Infelizmente, sentou do meu outro lado.
- Pra onde? – perguntou o motorista. deu-lhe as instruções rapidamente e ele arrancou, não permitindo que as fãs chegassem perto de seu carro preto.
, e conversavam e riam constantemente, mas continuava silenciosa em seu canto. Eu suspirei quando agarrou meu braço novamente, isso já estava virando festa.
Senti algo em meu bolso vibrar. Retirei meu celular e lá dizia que eu possuía uma mensagem nova. Olhei para os três e e continuavam falando animados, apenas me olhando interrogativamente. É, a mensagem era dele.
Eai? Vai esperar ela ir embora pra dizer alguma coisa?
Direto ao ponto.
Acredite, é mais difícil do que parece.
Por favor, , não se faça de vítima. Ela falou sim que vocês deveriam ser só amigos, mas você realmente acha que ela queria ver você aqui, hoje, com uma namorada se esfregando em você depois de dois anos separados? É óbvio que ela ainda gosta de você e está arrependida pelo que falou. É melhor você conversar com ela. E rápido.
Acredite, meu caro irmão, o que eu mais queria era falar com ela. Mas eu não conseguia formar uma mera sílaba, quanto mais formar frases que fazem sentido.
- zinho, o que você tanto digita nesse telefone? – tentou puxar meu celular, porém fui mais rápido e guardei-o.
- Nada, . – Eu falei, e em segunda virei para . – O que vocês vão fazer amanhã?
Primeiro eu pensei que ela não tivesse me ouvido, mas ela suspirou e virou para mim, seu olhar gelado e inexpressivo.
- Pergunte para . Ela é a ‘coordenadora’ da viagem, e não eu. – Sua voz era tão fria quanto seus olhos, com uma pontada de raiva que eu percebi. Seria raiva de mim?
- Amanhã a gente vai pra... – Ela pegou um mapinha na bolsa de mão. - ... Epcot. E eu não sou coordenadora de porcaria nenhuma, dona , você sabe tão bem quanto eu a ordem dos parques.
suspirou, fechando os olhos.
- , o que aconteceu? - perguntou alguma coisa em português. Eu, e ? Boiando legal. Ah, a também. Mas quem se importa com ela mesmo?
- , conversamos na casa da sua tia. Tenho certeza de que se começar a falar aqui, vou abrir um berreiro com capacidade de encher o rio São Francisco.
- Entendido, câmbio e desligo. – voltou a falar inglês. – Então, vamos brincar de Vinte Dicas?
Meus irmãos e ficaram brincando de vinte dicas, parecendo que nada havia acontecido, mas eu olhava para , tentando decifrar sua expressão. Ela percebeu o meu olhar, já que virou para a janela bruscamente. Notei uma vermelhidão nas maçãs de seu rosto.
- Ah, , eu quero ir pro hotel. – Falou , melosa como sempre. Ê guria chata. O que eu tava fazendo com ela mesmo?
Espera aí. Eu já não respondi essa pergunta? Ótimo, agora estou perdendo de vez a organização das minhas memórias.
- Quer sair do carro agora ou prefere que eu a jogue pela janela? – comentou baixinho, fazendo e desatarem a rir.
Dei o endereço do hotel de ao motorista e lhe pedi que passasse lá antes de irmos à casa da tia de . Em poucos minutos estava saindo do carro, emburrada e fazendo biquinho.
- Você não vem? – Ela perguntou, fazendo bico.
- Depois eu volto. Tchau. – , antes de sair, olhou irritada para e me deu um beijo. Lutei contra todos os instintos de afastá-la e simplesmente fiquei parado.
Finalmente, saiu e fechou a porta do carro. A limusine acelerou e continuamos nossa trajetória, todos no carro silenciosos. retomou a conversa com meus irmãos, tentando restabelecer o clima amigável de antes.
Eu olhei para , que continuava olhando para fora. O que deveria falar?
Parece que demorei demais formulando alguma coisa, porque quando tive uma idéia, havíamos chegado à casa da tia de .
- Bora , levanta essa bunda daí! – Ela falou, puxando para fora do carro. Saímos todos do carro, , e eu fomos pegar as bagagens no porta-malas, que não eram muitas.
- Bem garotos, vocês vão amanhã? – Perguntou , sorrindo para nós. Na verdade, ela parecia estar perguntando especialmente para . Hm, suspeito.
- Com certeza. Qual é o seu celular, ? – Perguntou .
Eles trocaram telefones, e nós marcamos de nos encontrar às 9h30 na frente da grande bola brilhante que é o símbolo da Epcot. Antes de voltarmos ao carro:
- ? Posso falar com você por um instante? – perguntei.
As duas amigas, que andavam lado a lado, pararam e se entreolharam. parecia pedir socorro à colega, mas esta sorriu e virou para mim.
- Ela é toda sua. Eu vou... ahn... tocar a campainha enquanto isso. – E saiu, indo em direção à porta da casa da tia. Vi suspirar e resmungar alguma coisa em português enquanto se virava e vinha em minha direção.
- Sim? – Ela perguntou formalmente, cruzando os braços na frente do peito. Por mais que ela estivesse fria, a beleza em seu rosto continuava estonteante.
- Erm... Como você está? – Eu perguntei. Idiota. Burro. Retardado.
Ela me olhou como se eu tivesse algum tipo de doença e levantou de leve uma das sobrancelhas.
- Depois de dois anos sem nos ver pessoalmente e só conversando por internet e telefone, a única coisa que você tem a me perguntar é “Como você está”? – Sua voz estava carregada de mágoa e desprezo enquanto ela negava com a cabeça. virou de costas para mim, indo para a casa da tia de .
- Espere! – Eu fui até ela e segurei-lhe a mão, virando-a de frente para mim. Um choque pareceu passar dela para mim, algo quente e inesperado. Ela pareceu sentir também, já que tremeu, arrepiada.
Lembrei-me do nosso primeiro beijo, quando aconteceu a mesma coisa.
Puxei-a então para perto de mim, colocando minha outra mão em suas costas e a cabeça dela embaixo de meu queixo. Ela ficou parada, parecendo ter sido pega de surpresa, e eu percebia a resistência que ela apresentava.
- Eu senti sua falta, meu anjo. – Eu falei, fechando os olhos e sentindo o perfume doce que exalava do seu cabelo. Melancia, como antes. Como eu me lembrava. [n/a: não, você não troca de xampu HAHA]
Senti o coração dela acelerar assustadoramente e sua respiração ficar um tanto falha. Ela continuava com um dos braços grudado ao corpo, e o outro eu estava segurando gentilmente. A testa dela estava encostada em meu peito, e eu podia sentir a ponta de seu nariz roçando em minha camisa.
- Eu... eu... – Ela gaguejou, ainda sem reação.
Foi então que ouvi um click por perto.
se desvencilhou rápido, seu rosto tão vermelho quanto um tomate, e abaixou os olhos, olhando para as mãos.
- Eu... tenho que ir, . Tchau. – Ela começou a andar rápido em direção à casa, quase correndo, cruzando novamente os braços em frente ao corpo. Mal ela havia chegado à porta da casa, abriu a porta para ela entrar.
Eu fiquei a observando até que sumiu dentro da casa. Suspirei e voltei para o carro, onde meus irmãos me esperavam.
- E então, como foi? – perguntou como quem não quer nada. Como se eles não tivessem visto tudo pelas janelas.
- Melhor do que eu imaginava. – Eu falei, suspirando profundamente. Ela continuava linda, maravilhosa e perfeita, como sempre.
- Estão de bem?
- Você acha, né ? – Falou , encostando a cabeça no apoio do banco. – Óbvio que ela vai continuar assim até aquela chata da levar um pé na bunda. E eu acho que isso vai demorar um pouco, considerando o quanto é lerdo pra essas coisas.
- Não, isso vai acontecer mais rápido que você imagina, caro . – Eu falei, passando a mão pelo meu cabelo. – E eu tenho dois motivos pra você.
e se entreolharam e se ajeitaram nos bancos, parecendo animados.
- E quais seriam esses motivos?
- 1: Eu não agüento mais a . – Eu falei, dando de ombros e meus irmãos concordaram. – E 2: Eu ouvi um click suspeito atrás de mim quando abracei .
- Isso significa que... – olhou para mim, parecendo receoso.
- Que amanhã, a foto de nosso abraço estará na capa de todas as revistas de fofocas dos EUA. vai ficar sabendo disso mais cedo ou mais tarde, de preferência depois que eu tiver terminado com ela.

(:


- ACOOOOORDAAAAAAA!!!!!
Déjà vu?
- Por que vocês tem que me acordar TODO SANDO DIA desse jeito?
- Porque eu me divirto HORRORES – Falou enquanto se sentava na cama, tentando parar de rir. apenas sorria, parecendo ocupado com as roupas de sua mala.
- Papai, mamãe e Frankie? – Perguntei.
- Decidiram levar Frankie no shopping. Aparentemente esqueceram de colocar blusas suficientes para o pestinha. – Falou , ainda vasculhando sua mala em busca de alguma coisa.
- E a mala veio cheia de que?
- Bichinhos de pelúcia. – respondeu, sorrindo. Percebi que já estava pronto, e ainda não havia vestido camisa alguma.
Nós iríamos ao Epcot com e . Cara, parece que tudo aquilo ontem não passou de um sonho, e não foi um dos melhores. Na verdade, acho que estaria na lista dos piores sonhos que eu já tive.
Mas infelizmente não foi um sonho, foi realidade. está aqui em Orlando junto com sua amiga (pela qual eu suspeito que tenha uma quedinha) e nós vamos nos encontrar com elas. Só que está fria comigo. E com parcial razão.
Afinal, quem falou para nos separarmos? Ela.
Não, não estou a culpando por isso tudo. Óbvio que eu deveria ter terminado com a no exato momento em que soube da vinda da . Mas infelizmente, sendo um Jonas, não posso fazer qualquer coisa sem pensar duas vezes. Se eu começasse a namorar , os tablóides obviamente iam pensar o pior: que eu troquei pela primeira que vi. E seria perseguida para sempre de uma maneira nada agradável.
- Nossa , desde quando você acorda tão cedo? – Levantei-me da cama e fui até o banheiro, sendo seguido por meu irmão desocupado.
- Desde que mamãe, papai e Frankie decidem ir cedo para o shopping e ME acordar para avisar. – Enquanto eu ia até a pia, ele encostou no portal do banheiro com os braços cruzados. – Desastroso, não?
- Eu me pergunto como eles conseguiram te acordar. - Peguei minha escova e coloquei a pasta dental, começando a escovar meus dentes.
- Não foram eles, foi Big Rob. – Ele negou com a cabeça e sorriu. Se eu não estivesse com a boca cheia de pasta de dente, iria sorrir também. Eu simplesmente ADORO ver Big Rob acordando o , é bem semelhante ao que meu querido irmão faz comigo, a diferença é que Big Rob é... bom, BIG.
- Fa-ando no Big Rob, e-e vai com a ente?
- Primeiro cospe a pasta, . Não entendo nem quando você fala normalmente, imagina assim! – olhou brevemente para o lugar onde eu supunha que estava.
- Falando no Big Rob, ele vai com a gente? – Eu perguntei depois de cuspir a pasta de dente na pia.
- Sim, mas ele vai ficar afastado pra não chamar atenção pra gente.
- Vamos tomar café? – chegou também no banheiro, vestindo uma blusa listrada azul e branca, que combinava com seus óculos azuis marinho.
- Bora, deixa eu só... ME VESTIR, quem sabe?
Coloquei uma camisa verde e calças jeans, complementando com um tênis e meus óculos escuros. Descemos rapidamente, cumprimentando Big Rob na porta do quarto, mas quando chegamos ao térreo para tomar café...
- Jonas, o que você tem a dizer sobre o abraço de ontem?
- Jonas, quem é aquela garota?
- Você oficialmente terminou com ?
- Jonas... Jonas!
Sim, repórteres.
Vários e vários repórteres estavam no térreo esperando pela gente, sendo impedidos pelas fitas de segurança que os policiais devem ter colocado. Meus irmãos sorriram, mas eu fiquei pasmo.
Acho que esconder dos fofoqueiros não será tão fácil quanto eu pensava.
Fomos tomar café rápido, e quando estávamos voltando para nosso quarto...
- ! – pulou em mim, dando um beijo em minha bochecha. – Como você está meu amor?
- , acho que a gente precisa conversar...
- Depois, quem sabe no parque. – Ela deu um sorriso falso, parecendo esconder algo. – Agora eu tenho que fazer... uma coisinha ali. 9h estarei aqui em baixo esperando você. Beijinho!
Ela me deu um selinho rápido e saiu, sem mais nem menos. Olhei para meus irmãos, que pareciam tão confusos quanto eu, e fomos até o elevador. Os repórteres continuaram onde estavam, vendo a cena toda e ficando ainda mais eufóricos. Dei graças a Deus quando as portas do elevador se fecharam, nos permitindo subir em paz para o andar desejado.
- Gente, o que foi aquilo? – perguntou. – Ela não está nem um pouco ciumenta, escandalosa, chata e irritante! Bem, irritante ela continua... e chata também... mas vocês entenderam! Ela não deu chilique!
- E desde quando deixa Jonas sozinho por um segundo apenas? – perguntou, arregalando os olhos. – Sério, essa nossa vida está cada vez mais estranha.
- Acho que ela percebeu que a concorrência tá braba. – Falou , e ele e começaram a rir.
- Não há concorrência, não com a . – Eu falei, sentindo uma pontada dentro de meu peito. ainda não estava falando comigo. – Ela é a única.
- Olha colocou a mão em meu ombro. – Eu acho que ela acha que você não acha mais que ela é a única.
- Bem confuso, , mas entendo o seu ponto. – Falei, respirando fundo. Ele tinha razão, apesar da confusão de suas palavras. devia pensar que ela havia sido substituída ou algo parecido.
Chegamos finalmente no andar desejado. Escovamos nossos dentes (nós somos higiênicos) e começamos a nos “disfarçar” para irmos ao parque. Sim, nós teríamos que ir disfarçados, uma vez que não queríamos ser parados a cada cinco minutos para dar autógrafos.
Eu coloquei um piercing de pressão no meu nariz (odeio isso, mas é por uma boa causa), óculos com lente sem grau e deixei apenas os curtos fios de barba aparecendo. colocou seus óculos sem lente também, só que colocou o piercing de pressão no lábio. decidiu deixar sua barba por fazer, além de colocar um bigode falso e óculos de lente sem grau também. Agora sim, estávamos prontos. Horríveis, mas prontos.
Mandamos os sósias lá para o andar de baixo (Sim, os mesmos de 2 anos atrás. Eles eram iguaizinhos a nós.) e saímos pela entrada dos funcionários com a ajuda de Big Rob. já conhecia nosso esquema, então saiu conosco pelos fundos.
- Oi, meu amorzinho! – Ela já estava dentro da limusine, e quando eu entrei, agarrou meu braço novamente.
- Oi, . – Falei, respirando fundo. Eu não ia terminar com ela ali, na frente dos meus irmãos. Posso ser um tanto besta de vez em quando, mas não era um completo babaca.
Por incrível que pareça, ela apenas colocou a cabeça no meu ombro e... dormiu!
- Realmente, o mundo vai acabar nesse exato segundo. Desde quando ela tem sono pra dormir ao lado de Jonas? – comentou baixinho, tomando cuidado para não acordar .
- Acho melhor ficarmos quietos, o dragão adormecido pode acordar a qualquer hora e nos fritar com seu fogo verde! – falou e nós três rimos baixinho. – Bom, eu não duvido que isso possa acontecer.
Apesar de estar feliz por estar dormindo, era realmente incomum ela estar tão cansada... ela dizia que passava 10 horas dormido só pra não ter olheiras, e eu nunca duvidei de sua palavra. Mas agora, ela dormir assim, de repente? Estranho.
Continuamos o trajeto normalmente, e contando piadinhas sobre e gargalhando eventualmente enquanto eu aproveitava meus segundos de paz. Como estaria hoje? Será que ela estaria abatida e fria como ontem? Ou ela estaria melhor?
Minhas perguntas se dissiparam quando chegamos ao parque.
- , acorda. – Eu a cutuquei.
- Ahn? Ah , desculpa!! – Ela me abraçou forte – Prometo nunca mais dormir enquanto estiver com você!
- Adeus esperanças! – caiu de joelhos na calçada e começou a rir. fez cara de “Cala a boca, idiota” e saiu do carro. Eu saí logo em seguida.
- Burnin' up in the place tonight, and the brothers singing loud (and we’re feelin' right), get up and dance (don't try to fight it), Big Rob’s for real (and that's no lie)… - O celular de começou a tocar. Sim, esse era o toque selecionado para o número do Big Rob. Conveniente, não?
- Manda!... Aham... tá... falou, see ya Big Rob! – desligou o telefone, olhando pra gente. – O Big Rob avisou que vai estar de olho na gente, caso aconteça alguma coisa imprevista. E mandou avisar que seu óculos tá torto, .
- Valeu. – Eu ajeitei os óculos, sendo em seguida agarrado por . – Vamos logo, as meninas devem estar esperando pela gente.
Entramos no parque, pagando a entrada rapidamente, e paramos na frente da gigante bola brilhante.
- Vocês estão vendo elas? – perguntou, olhando em volta.
- Ah, talvez elas tenham furado conosco... Que droga! – falou. Acho que vou me tornar um babaca antes do que pensava, já que a idéia de terminar com na frente de todo mundo não me parecia tão má quanto antes.
- Adotaram o visual radical agora é? – falou perto de nós. Viramos na direção de sua voz e lá estavam as duas amigas usava uma camisa regata, uma mochila pequena e shorts de ginástica. Já usava uma camiseta verde (e colada, diga-se de passagem) com um short de tactel. Linda, como sempre.
- Ah, mudar de vez em quando é bom. – Falou , sorrindo um pouco demais para . Esse garoto não tem jeito mesmo.
- Acho que não combina com vocês, sei lá, meio rebelde.– falou.
A falou.
- Gente, parece que o gato não comeu sua língua, afinal! – Falou , fazendo rir de leve.
- Ontem eu só tava meio cansada mesmo. – Ela não olhou para mim durante um só momento. Ah, então essa era a condição: Se ela tivesse que falar, seria só com meus irmãos. E quando olhasse para mim, teria de ser fria e inexpressiva.
- Ai, parem com essa bobagem e vamos logo! – resmungou, e eu desejei não ter trazido ela. Mais uma vez.
Nós fomos a todos os países do lugar: Almoçamos na Itália, vimos vikings na Noruega, experimentamos Guacamole no México, compramos trocentas coisas na China e Alemanha, vimos como se corta um bonsai no Japão, dançamos em Marrocos (a coisa mais engraçada que eu já vi foi tentando impressionar com sua dança. Pobre ), as garotas compraram perfumes na França, fomos a um falso pub no Reino Unido e vimos um filme no Canadá (aproveitamos para tirar um cochilo).
O dia foi longo, devo admitir, e continuou com seu comportamento atípico. parecia um pouco mais distante de mim, e isso me deixou feliz e intrigado. O que havia dado nela, afinal?
Como se eu realmente me importasse.
No fim do dia, havia um show de lasers e fogos sobre o lago central do parque, e nós ficaríamos ali para assistir. Felizmente, ninguém desconfiou de nosso disfarce bizarro, e conseguimos ficar em paz um dia na vida.
- Como será esse show de fogos? – perguntou enquanto se apoiava na barra de segurança do lago. Ela continuava me ignorando, e a também.
- Aposto que é lindo. – Falou , olhando para o lago.
- É muito bonito. – falou, se aproximando da amiga de minha amada e olhando para ela. – Eu pelo menos acho, mas vou deixá-las tirarem suas próprias conclusões.
sorriu para durante um tempinho (novamente, mais do que o necessário), e depois voltou sua atenção para a amiga e continuaram a conversar.
- Ai , temos mesmo que assistir esse show de novo? Nós já vimos umas dez vezes! – reclamou. Pela quinta vez. Durante o dia, parece que ela resolveu me importunar mais que o normal e, apesar de distante, continuava com seu hábito ficar se esfregando em mim toda vez que estava por perto.
Eu devia ser um santo para ter tanta paciência.
- Sim, , nós temos. As meninas nunca viram, e o show é realmente lindo. – Assim como certa pessoa apoiada na barra de segurança, nem notando que eu estava a admirando.
- , eu estou aqui. – ficou balançando a mão na frente de meus olhos, me fazendo fechar os olhos e contar até dez. – Eu sei, você já me falou isso antes...
- Então porque você insiste? – Eu perguntei, olhando pra ela.
- Porque eu achei que a gente podia dar uma escapulida... sabe? passar o resto da tarde juntos... – Nossa, como ela estava carente! Gente...
- Não vou deixar minhas amigas na única semana que elas estão nos EUA só pra ter uma tarde com você, . – Eu falei, olhando inquisitivamente pra ela.
Ela ficou com MUITA raiva.
- QUER SABER? VOU EMBORA SOZINHA ENTÃO!
- Já vai tarde, monstrenga. – falou alguma coisa em português e deu uma risada.
Por alguns segundos senti-me no céu, vendo tão leve e feliz aquela maneira. Graciosamente, ela colocou a mão em frente a boca e escondeu o sorriso, virando para o lago novamente.
Mas, como tudo que é bom acaba rápido, começou a fumegar.
- DO QUE VOCÊ ME CHAMOU, FILHA DE ÍNDIO?
parou de rir instantaneamente e olhou com raiva para . As duas encaravam minha atual irritante namorada como se fossem matá-la. Na verdade, a idéia não parecia má nesse momento.
- ! – Eu falei tão indignado quanto as meninas. Meus irmãos também ficaram sérios, mas todos nós nos espantamos quando quase avançou em , sendo segurada apenas por .
- SUA IDIOTA, FILHA DUMA PUTA, VAI MORRER AGORA POR INSULTAR MEU PAÍS! SÓ PORQUE VOCÊ NASCEU NO NORTE DA AMÉRICA ACHA QUE É MELHOR QUE NÓS? AH, VOCÊ VAI PAGAR SUA RIDÍCULA SAFADA...
E os xingamentos continuavam enquanto tentava se desvencilhar de , que segurava a amiga com toda a força. Eu e meus irmãos parecíamos paralisados com a cena, não conseguindo mover um único músculo por vontade própria.
Quando os xingamentos passaram do inglês para português, aí que a coisa ficou complicada mesmo. e falavam em português muito rápido, minha amada tentando acalmar a amiga que xingava muito. As pessoas ao redor estavam começando a olhar até que tapou a boca de e sussurrou algo em seu ouvido. parou de se debater e voltou sua atenção para o lago, como se nada tivesse acontecido.
- Burnin' up in the place tonight, and the brothers singing loud (and we’re feelin' right), get up and dance (don't try to fight it), Big Rob’s for real (and that's no lie)… - o celular de começou a tocar novamente. Depois de algum tempo tocando a música ele atendeu, ainda meio paralisado.
- Manda... sim, está tudo bem, foi só a ... tá, tomaremos mais cuidado. Bye. – Ele desligou o celular rapidamente e olhou para mim, como se esperasse que eu fizesse alguma coisa com .
E eu sabia exatamente o que fazer.
- , você perdeu a razão ou o quê? Que coisa mais ridícula! – Eu falei, indo até minha futura ex-namorada.
- Aiin , eu sinto muito... – Ela falou enjoada – Mas o que eu posso fazer se certas pessoas não aceitam a verdade sobre...
Ela não pôde terminar a frase, já que havia vencido rapidamente a distância entre nós e dado um soco (bem dado, por sinal) no nariz de .
- A VERDADE É QUE VOCÊ É UMA NOJENTINHA QUE SÓ FICA AÍ, SE APROVEITANDO DA FAMA DO NAMORADO PRA APARECER UM POUCO, SUA METIDA FALSA...
Mais xingamentos bilíngües e antes que pudesse dar outro soco em , meus irmãos já a seguravam e a levavam para longe de .
- AAAAAAAAAI MEU NARIZ! – gritou, colocando as mãos no rosto. – , OLHA O QUE ELA FEZ COM O MEU NARIZ!
- Estou vendo, e acho melhor você ir procurar um hospital. Deve estar quebrado. – Tive vontade de elogiar o soco de , mas acho que ainda não era a hora certa para isso.
- VOCÊ NÃO VAI COMIGO? – Ela perguntou com a voz ficando histérica.
- Anda logo, , óbvio que eu não vou perder o show de fogos. Você não disse que queria ir embora? Aí está a sua desculpa perfeita.
Ela saiu resmungando enquanto limpava o sangue do nariz, mas eu não me preocupei. Virei-me para os outros e fui na direção deles.
- Ai minha mão, como essa guria tem ossos duros! – reclamou, fazendo , e rirem. – Mas acho que não quebrei nada.
- , você é minha ídola a partir de hoje! – ficou de joelhos e começou a reverenciar , que riu dele. – Você fez o que nenhum de nós pôde fazer por mais de 2 meses!
- Eu sei, eu sei... eu sou demais. – sorriu. – Então, esse show vai começar logo ou não? Eu preciso lavar minha mão, deve estar infectada com coccos.
Ficamos esperando à beira do lago, o clima entre todos nós estava bem melhor e mais relaxado agora que havia ido embora. Começou a escurecer e, em pouco tempo, estavam anunciando que o show começaria em alguns minutos.
Nos posicionamos perto da barreira da seguinte forma: (da esquerda pra direita) eu, , , e .
parecia ter implorado para trocar de lugar com ela, porém manteve-se firme em seu lugar. Ela e conversavam bastante, até demais para meu gosto. Só amigos? Não durante muito tempo.
simplesmente se recusava a encostar nem que fosse um dedo em mim. Ela estava grudada na barreira e sempre que eu me mexia, ela parecia se mexer junto, se afastando de mim novamente. Eu suspirei.
A música de fundo começou a tocar, e podíamos ver um barco do outro lado do lago, se aproximando lentamente. Enfim, começou.
Os lasers coloridos dançavam no céu, iluminando o ambiente com cores e formas que se deformavam quando chegavam às nuvens. Alguns fogos de artifício foram acesos, iluminando o rosto de cada espectador desse show maravilhoso, que surpreendia e emocionava a todos.
Os fogos variavam de cor e forma, algumas vezes sendo apenas um fiozinho no céu, e outros formando aqueles gigantes de pontos iluminados. e ficavam ocasionalmente soltando ‘ohs’ e ‘ahs’, surpresas com a beleza da apresentação.
- É lindo! – falou, se aproximando inconscientemente de . Meu irmão hesitou brevemente, mas em seguida passou seu braço pelos ombros de , puxando-a para perto. Como ele é apressadinho... – Meu Deus, eu poderia olhar para isso a noite inteira.
- Realmente, é maravilhoso. – falou , sua voz estava carregada de emoção. Ela virou o rosto de leve, me olhando sorrateiramente, mas quando percebeu que eu a observava virou a cabeça rápido. Eu tinha certeza de que ela estava corada. Percebi ela suspirar profundamente.
- Eu sabia que vocês iam gostar. – Eu falei, ainda observando o show de fogos à minha frente.
Pude perceber que abaixou a cabeça devagar, parecendo olhar para o lago. Não entendi sua reação, já que estava ao meu lado, até que vi uma gota cair de seus olhos e pousar na barreira.
Meu coração pareceu ter se espremido até ficar do tamanho de uma ervilha. Tudo o que eu mais queria era passar meu braço por seus ombros, aconchegá-la em meu peito e beijar-lhe os lábios, acalmando-a de uma vez por todas
Queria dizer-lhe que a amava e que tudo ficaria bem. Queria dizer-lhe que não era preciso chorar. Queria passar minha mão em suas bochechas, limpando as lágrimas que agora caíam com mais freqüência. Queria olhar em seus olhos e sorrir, recebendo seu sorriso divino como resposta.
Infelizmente, nem tudo na vida é como nós queremos.
notou alguns minutos depois de mim e se desvencilhou cuidadosamente de , voltando sua atenção para a amiga e abraçando-a.
- Calma, . Vai ficar tudo bem. – falava baixinho, apenas para ouvir. Ela me olhou por um momento, como se quisesse dizer algo, mas então virou-se para meus irmãos. – Eu vou ao toalete com a , já estaremos de volta.
Antes que meus irmãos pudessem ver o porquê da decisão repentina, já estava andando rápido com ao seu lado na direção do banheiro feminino. Não sabia que era possível, mas senti meu coração se apertar ainda mais.
- O que aconteceu? – perguntou, confuso.
- Eu fui um idiota lerdo. – Falei enquanto apoiava meus cotovelos na barreira de segurança.
- Nós já sabíamos disso há muito tempo, . – respondeu, chegando perto de mim e apoiando seus cotovelos na barreira da mesma maneira que eu. – A diferença é que agora, além de estar magoando seus próprios sentimentos, você está magoando os de outra pessoa.
- Apesar de não gostar de ouvir isso... é a mais pura verdade.
- E que conclusão você tira dessa situação? – Perguntou , juntando-se a nós dois.
- Que eu tenho que terminar com a . – Respondi, ainda olhando para os fogos de artifício e os lasers. – E tenho que reconquistar .
- Uau , que dramático. – revirou os olhos. – Falar é fácil, maninho, difícil é fazer.
- Plantou vento, colhe tempestade. – sorriu.
- Parem com essas frases de caminhoneiro, fazendo o favor? Estão me dando dor de cabeça. – Reclamei, abaixando a cabeça e olhando minhas mãos.
Continuamos em silêncio até que e voltaram do banheiro, a segunda com os olhos meio inchados e vermelhos. Ninguém fez perguntas.
Quando o show acabou, eu e meus irmãos esperamos pelo táxi que levaria e de volta à casa onde estavam hospedadas. Apesar do acontecimento de antes, ainda possuía os indícios de estar feliz e animada: Não se dirigiu a mim pelo resto da noite, mas conversou bastante com meus irmãos e com sua amiga.
Isso certamente me magoava, mas não podia reclamar: Eu fiz a besteira, e agora eu vou consertar tudo.
Bom, tecnicamente a havia feito a besteira... mas eu havia começado a sair com a . Apesar de não parecer uma daquelas grandes besteiras, para mim era. Afinal, se eu tivesse me mantido firme e não saído com ninguém, nada disso estaria acontecendo.
E eu estaria com aquela que eu realmente amo.
Depois que as garotas foram embora, voltamos para nosso hotel e fomos para o salão de jogos enquanto esperávamos por nossos pais e Frankie para irmos a um restaurante.
E no dia seguinte, eu pretendia terminar com .

:)


- ! – Uma voz irritante, chata e melosa berrou no meu ouvido.
- Fala sério, já basta meus irmãos me acordando assim... – Eu resmunguei enquanto virava o rosto para o colchão e colocava o travesseiro sobre minha cabeça. – O que é?
- É que ontem você nem foi me dar um beijo de boa noite... – reclamou, retirando o travesseiro do meu rosto e se ajoelhando no chão para ficar da minha altura. Percebi que sobre seu nariz, havia uma gaze branca presa com dois pedaços de fita crepe.
- Desculpe, . – Cara, acho que meu cérebro não tava funcionando direito. Eu não consigo lembrar... eu tinha algo muito importante para fazer hoje, mas o que era?
Sentei-me na cama e percebi que meus irmãos estavam com os travesseiros sobre as cabeças, aparentemente tentando dormir. E as cortinas escuras, que supostamente deveriam bloquear a luz solar, estavam semi-abertas. E não havia claridade alguma para bloquear.
- Não acredito. – Resmunguei indignado, colocando minha cabeça entre as mãos. – , que horas são?
- 5h32, porque? – Ela perguntou inocentemente.
- Ah nada, são só cinco e meia da manhã e eu to sendo acordado pela minha namorada porque ela não ganhou um beijo de boa noite. – Eu olhei para ela enquanto passava a mão no cabelo.
- Onde você quer chegar, amorzinho? – Ela perguntou, colocando a mão no meu braço. Eu esfreguei meus olhos fortemente, desejando que isso fosse um sonho. Ou um pesadelo, no caso.
Levantei-me devagar, sendo observado constantemente por e ouvindo comentários desnecessários. Escovei meus dentes e molhei minha nuca, tentando me refrescar. Orlando era realmente quente, principalmente nessa época de verão.
Abri a mala de e peguei seu notebook, ligando-o em seguida. Com isso, pareceu agitada.
- O que foi agora? – Eu perguntei quando ela veio até mim e tentou chamar minha atenção de qualquer maneira.
- Ai amor, sinto sua falta... – Ela me abraçou pelo pescoço e me puxou para longe do aparelho eletrônico. Eu me desvencilhei de seu abraço da melhor maneira possível.
- Deixa eu só dar uma olhada nos meus emails e a gente conversa. – O notebook apresentou a página de entrada e eu digitei a senha. Em segundos, eu fui até o ícone da Internet e cliquei nele.
- ! Eu estou passando mal! – começou a fazer um drama, se agarrando aos meus ombros e dobrando as pernas como sinal de fraqueza. Eu revirei os olhos.
- Por favor, né . Que coisa mais ridícula.
Foi então que a ficha caiu. Eu tinha algo importante para fazer hoje. Eu tinha que terminar com . E eu tinha que reconquistar , meu verdadeiro amor.
Bom, foi aí que um certo desastre aconteceu. Eu explico: O tem uma mania meio sem noção de ficar visitando sites de fofocas para ver o que falam da gente e ficar “por dentro” dos assuntos mais interessantes. Por isso, a página oficial da internet do é um site de fofocas chamado Oceanup [n/: existe gente...], bem atualizado e até divertido.
Mas o desastre não seria o fato de ter como página inicial um site de fofocas (apesar de ser estranho), e sim a primeira reportagem do dia.
Se bem que algo assim não deve ser chamado de desastre, e sim uma graça. Um milagre. Uma bênção.
A foto do post era uma garota, que eu identifiquei como sendo minha atual namorada, beijando um cara que parecia ser o salva-vidas do hotel onde estávamos. E o título era: “Adeus, Jonas?”
Abaixo vinha um pequeno texto, mas não me importava com isso. No momento, acho que eu me sentia mais feliz que nunca, como se um grande peso tivesse sido retirado das minhas costas.
- Ah, que interessante, . – Eu falei, olhando para ela com um sorriso irônico para ela. – Agora eu tenho mais um motivo para terminar com você.
- Não, ! Isso é uma montagem, não vê?
- Óbvio que não é , tá me achando com cara de idiota? É você sim e mesmo que não fosse, isso não atrapalharia o que eu estou para fazer.
- , não ouse...
- Ouso com todas as células de meu corpo desejando isso. – Eu falei, levantando-me da cadeira onde estava sentado e olhando para ela. – , eu estou terminando com você.
- NÃO, ! – Ela me abraçou, mas eu a afastei rapidamente. – NÃO, VOCÊ É O AMOR DA MINHA VIDA! FOI UMA BESTEIRA! EU ESTAVA COM RAIVA DAQUELAS SUAS FOTOS COM A BRASILEIRA, DAÍ EU ENCONTREI ESSE AÍ... FOI TOTALMENTE SEM SENTIMENTO, NÃO SIGNIFICOU NADA PRA MIM!
- Por favor, . Nada disso significou algo para você, nosso namoro era só pra te dar fama, video girl. Isso não é algo que eu faria, mas considerando tudo o que você fez para minha família e meus amigos, eu direi com o maior prazer: Eu estou pouco me lixando para você.
Ela ficou horrorizada primeiro, e depois seu rosto se transformou em uma máscara de ódio.
- ÓTIMO, VÁ FICAR COM SUA BRASILEIRINHA, SEU IDIOTA, EU NUNCA QUIS FICAR COM VOCÊ MESMO! SÓ FIZ ISSO POR PENA DE VOCÊ, PENA DO SEU ESTADO DEPLORÁVEL NAQUELA ÉPOCA!
- Uau, agora estou magoado. – Falei friamente. Depois fui até a porta e a abri. – Se importa em ir embora de uma vez? Eu preciso me arrumar, afinal, eu e meus irmãos vamos sair para comemorar essa data memorável.
parecia espumar de tanta raiva. Ela saiu pisando duro, me fuzilando com os olhos de tal forma que senti medo. Depois dessa, temo que tenha que aprender a dormir de olhos abertos.
Fechei a porta na cara da sem dó e desliguei o notebook. Agora sim eu poderia ter um sono leve e sem preocupações. Por que agora, nada me impediria e reconquistar .
- Filho, você está bem? – Meu pai me perguntou do quarto dele.
- Melhor, impossível.

:)


- Agora tudo vai se resolver, como num romance! – falou, rindo em seguida. Estávamos na limusine e nos dirigindo para o Magic Kingdom, onde iríamos nos encontrar com as garotas, e eu havia acabado de contar o que aconteceu naquela manhã. – Daqui a pouco vocês estarão indo para o castelo da Cinderela...
- Literalmente. – Falou .
- Não sou só eu, né senhor ? – Eu falei, levantando uma sobrancelha. – Aposto que tem mais um alguém que vai para o castelo da Cinderela...
- Não sei do que você está falando, Jonas. – revirou os olhos. – Sei que hoje, eu e esperamos que você e se resolvam de uma vez, já que finalmente a -cara-de-bunda- saiu do seu caminho.
- Eu também espero, mas do jeito que as coisas estão meio tensas, tudo pode acontecer. – Suspirei. – Ou não.
O esquema de segurança seria o mesmo do dia anterior: Disfarces e Big Rob nos vigiando de longe. Pagamos nossas entradas e entramos no parque, indo até o jardim que ficava em frente a uma construção semelhante a uma mansão, com o nome “Magic Kingdom” na parte frontal.
Esperamos por poucos minutos, até que vimos duas garotas visivelmente perdidas na multidão que passava pelas catracas e adentrava o parque.
- Perdidas, mocinhas? – perguntou quando nos aproximamos delas.
- Na verdade, sim... – começou a falar, até ver a pessoa que lhe dirigia a palavra. – Sem graça, e eu pensava que era um ser gentil e amável que nos ajudaria nessa muvuca.
- Assim você até me ofende, sabe. – fez cara de cachorrinho abandonado. – Acho que vou pra o hotel e chorar um pouco.
- Se quiser, eu te empresto uns lencinhos. – respondeu, e os dois riram.
- Sou só eu ou estamos os três sobrando aqui? – Perguntou , e e eu concordamos.
- Ah, cala a boca. – deu um leve empurrão em com o ombro e corou um pouco. – Vamos logo, talvez aqueles dançarinos estejam apresentando agora.
Nós andamos durante um bom tempo, e , e conversavam sem parar. Eu e ficamos mais para trás, deixando o silêncio pairar desconfortavelmente entre nós.
- Então, o que vocês fizeram antes de virem para cá? – perguntou, olhando para mim e para com o canto dos olhos.
- Ah, eu e o dormimos antes de levantar para nos arrumarmos. – respondeu enquanto observava algumas casas a nossa volta. Estávamos chegando ao jardim central do parque, que ficava de frente para o castelo da Cinderela.
- E o resolveu dar o fora na . – deu de ombros.
Antes disso, andava ao meu lado tranquilamente, mantendo seu olhar no chão e ocasionalmente olhando em volta. Mas quando falou isso, ela levantou a cabeça repentinamente e olhou para meu irmão, esperando que ele continuasse.
- Sério? E como isso aconteceu? – continuou. Pelo tom dela, percebi que ela, e tinham planejado toda essa conversa.
- Acho que ele finalmente resolveu ouvir o coração. – fechou o punho e levantou-o, como alguém determinado a fazer algo [n/a: influência de desenhos japoneses. Abafem]. Óbvio que era uma grande zoação.
- Essa foi profunda. – comentou, dando um risinho.
- É verdade, ? – começou a andar de costas, olhando para mim com um sorriso estranho no rosto. – Você terminou mesmo com a ?
- Pode apostar. – Respondi, sorrindo para ela. – agora é passado.
- Legal. – olhou de relance para e voltou a andar normalmente. – Então, tem algum filme decente passando no cinema esses dias?
Apesar de tudo, para mim não parecia ter mudado o humor. Ela voltou a olhar para os pés enquanto caminhava, parecendo mais avoada que antes. Parecia ser frustração. Mas com o quê?
Chegando ao enorme castelo, ficamos assistindo a apresentação dos personagens da Disney, que dançavam e cantavam no palco em frente ao monumento. Em minutos, o show havia acabado e estávamos andando para a Adventureland.
- O que tem aqui para fazer? – perguntou. Ela agora andava entre e .
- Você gosta de Piratas do Caribe? – Perguntou .
- Sim, por quê?
- Acho que você vai gostar então.
Nós fomos a uma espécie de excursão por alguns cenários de Piratas do Caribe, chegando a andar em um barquinho no fim. Os bonecos que representavam os atores eram bastante reais, alguns semelhantes a pessoas de verdade. As garotas ficaram fascinadas pela apresentação, tirando muitas fotos e filmando algumas partes.
parecia estar se divertindo, apesar do seu jeito avoado e aparentemente frustrado. Ela sorria regularmente, mas não era o sorriso que eu amo. Era um sorriso fraco, sem vida, sem ânimo. Algo vazio.
Depois do Piratas No Caribe, fomos até o Frontierland, onde havia um brinquedo chamado Splash Mountain. Acho que pelo nome já deu perceber que tem água no meio.
- Deixa eu ficar na frente? – pedia incessantemente.
- Mas daí você vai se molhar mais que todo mundo. – Advertiu .
- Isso é o divertido! – respondeu, passando seu braço pelos ombros de . – Se você vai num brinquedo de água e não se molha, não vale a pena!
- Vocês dois vão na frente então. – Eu falei, sorrindo para eles. – E divirtam-se ficando encharcados pelo resto do passeio.
- Só não vale reclamar depois. – complementou.
- Sem problemas. – respondeu, dando de ombros. – Eu não estou de blusa branca e vim de biquíni por baixo da roupa. Além de estar usando esse short de ginástica, que nem vai ficar molhado por muito tempo.
olhou para ela, cauteloso. Ele não havia tomado tais precauções, uma vez que usava uma blusa branca e calças jeans amarelas. Mas parecia que para ele pouco importava seu estado após o brinquedo, desde que ficasse ao seu lado.
- Eu não quero me molhar de maneira alguma. – falou, cruzando os braços. – Como o carrinho é de 6 pessoas, eu vou no último banco.
- Eu também. Ao contrário do , eu vim de camiseta branca e não quero me expor dessa maneira. – Eu respondi, fazendo todos menos rirem.
- Eu vou no meio só pra molhar um pouco. Nada muito exagerado. – falou.
E assim, fomos no brinquedo.
A distribuição dos lugares foi a seguinte: na cadeira frontal direita, e na cadeira frontal esquerda. Atrás de , estava sentado sozinho, com o banco ao seu lado vago. Atrás do tal banco vazio, eu estava sentado, e eu meu lado estava .
parecia estar travando uma luta interna. Quando íamos nos sentar nos bancos, ela hesitou em se sentar ao meu lado, mas depois consentiu, parecendo resignada.
- Não quer estragar a chapinha? – Eu perguntei quando nos sentamos na última fileira e colocamos os cintos.
- É mais pelo fato de ter que ficar o dia inteiro com roupa molhada. – Ela respondeu sem olhar para mim.
- Medo de pegar gripe?
- Também. Eu fico doente muito fácil. – continuou sem olhar para mim.
- Somos dois então. – Eu sorri para ela, sem receber resposta. Suspirei e voltei a ficar quieto.
Quando o “barco” começou a se mover, começou a conversar com e sobre qualquer coisa inútil. Eu já estava pensando no que fazer quanto a .
Afinal, o que ela quer mais de mim? Eu acabei de terminar com a simplesmente pra ficar com ela e mesmo assim ela continua me ignorando como se eu fosse um garoto qualquer. Será que eu era um garoto qualquer para ela? O que ocorreu há dois anos não passou de curtição?
Simplesmente não pude me segurar.
- Afinal, , o que você quer de mim? – Eu perguntei, frustrado, e ela pareceu ter sido pega de surpresa.
- Como?
- O que você quer de mim, ? – Eu virei meu rosto para ela. Seus olhos estavam fixos nos meus, e sua expressão parecia perplexa e ao mesmo tempo receosa. – Eu acabei de terminar com a e você continua me ignorando. Por quê?
- Er... Eu não estou te ignorando, . Não sei do que você está falando.
- Ora, , é claro que sabe.
- Não, não sei. – Ela voltou a olhar para frente. Percebi vagamente que o barco estava subindo. – Ultimamente, a única coisa que eu tenho certeza é o fato de que somos amigos. E nesses últimos dias, esse fato me pareceu a mais pura verdade.
Ela falou amigos com tanta amargura...
- E de onde você tirou isso? – Cara, às vezes eu gostaria de pensar um pouco mais antes de falar qualquer coisa.
- Lembra-se, ? Eu estava te prendendo, e não venha falar que é mentira. – Ela virou-se para mim rispidamente. – Falei para sermos só amigos. A maior merda que já falei em toda minha vida. Só somos amigos, você continuou vivendo sua vida, como eu falei. – então completou baixinho. – Acho que fui burra demais pensando...
- Pensando...? – Perguntei.
- Pensando que, quem sabe, você não me ouviria. Você me esperaria. Mas eu não te culpo, . – Ela olhou para mim. – Eu é que fui ingênua demais. Para variar um pouco.
Ingênua?
- Pelo amor de Deus, . Você não foi ingênua. Eu não ia ficar com ninguém, não ia realmente te ouvir. – Eu falei a mais pura verdade. Estava na hora de deixar tudo isso sair. – Eu ia ficar te esperando pelo tempo que fosse. Mas infelizmente... eu não sei explicar. Eu não sei porque eu comecei a sair com a . Eu não consigo explicar.
Ela ficou apenas me observando. Droga, porque ela tinha que fica tão calada?
- Mas o que realmente importa é o agora, .
- Não, não é, . – Ela suspirou. – O futuro também importa.
- Como assim, ? – Eu perguntei. Realmente não havia entendido direito o que ela quis dizer com isso. Ela virou-se para frente e ficou olhando para suas mãos.
- Lembra que em 4 dias eu vou voltar para o meu país? Lembra-se que moramos em países diferentes? A milhas e milhas de distância? E vou sofrer mais que qualquer outra pessoa nesse mundo? Tudo porque eu tinha que ter me apaixonado por alguém tão impossivelmente perfeito quanto você?
Seus olhos começaram a se encher de lágrimas, seu nariz começou a ficar avermelhado e ela agora mordia o lábio inferior quando parava de falar.
- O futuro também importa, . Porque para nós, não há futuro.
Aquilo me acertou como uma facada.
- Realmente acha que quem vai sofrer mais será você? , óbvio que você não vai sofrer mais! Eu sou a causa da nossa separação, lembra? Você acha que toda noite antes de dormir eu não penso nisso? Não penso que se eu fosse normal, eu poderia continuar com você? Eu teria assim um futuro com você? É óbvio que eu penso nisso!
- Esse não é o ponto, . – Ela negou com a cabeça. – E se você fosse normal, , nunca teríamos nos conhecido.
- Mesmo assim, , se eu fosse normal teríamos sim futuro...
- E daí? De qualquer maneira, você não é normal, . E Ficando ou não juntos, eu voltarei para o Brasil e você vai ficar aqui. E tudo de novo. – Mais lágrimas descendo por suas bochechas. – Toda a angústia. Toda a tristeza. Todas as cicatrizes que antes eu havia lutado para curar agora vão se abrir, formando novamente a cratera em meu coração que me aterroriza todas as noites antes de dormir.
Senti algo molhado descer pela minha bochecha também. Droga, eu estava chorando, por que tudo isso tinha que ser tão complicado?
- Eu não quero perdê-lo novamente, . – Ela abaixou a cabeça, acenando negativamente. - Perder alguém uma vez já é horrível, mas duas vezes? É tortura.
- Mas ...
Infelizmente, antes que eu pudesse falar qualquer coisa mais, o carrinho desceu a uma velocidade incrível. E para a minha incrível sorte, se abaixou na hora em que estávamos incrivelmente caindo, fazendo uma incrível quantidade de água espirrar em (adivinha em quem!) mim.
levou um susto quando começamos a descer e por reflexo agarrou minha mão, que estava apoiada no braço do assento. Quando nossa pele se tocou um arrepio correu por meu braço, e percebi que pelo dela também. Mais uma vez.
Com isso, nem me importei com o fato de estar totalmente encharcado por culpa do . havia tocado minha mão, e mais uma vez a sensação de sua pele contra a minha era incomparável. Durante toda a descida, a mão dela continuou apertando a minha sem ao menos vacilar, ela parecia ter sido surpreendida pela queda repentina.
Quando o carrinho voltou a andar em linha reta, e olharam para mim e começaram a rir.
- Ah... brilhante ! – Falou , colocando os braços na barriga. Ela estava rindo muito.
- Eu sei. – Ele levantou-se e começou a examinar a própria roupa, procurando por algum sinal de água. – Ótimo, estou intacto.
- Que bom, , porque EU NÃO ESTOU. – Eu respondi, fazendo eles rirem ainda mais. O barco finalmente parou e antes que eu pudesse terminar o que ia dizer para , ela já havia soltado o cinto e ido embora.
- ! – gritou enquanto soltava o cinto e foi atrás da amiga.
- De novo ? Você não cansa de fazer a garota chorar não? – perguntou enquanto soltava o cinto também. Saímos do barquinho rapidamente e fomos caminhando na direção de uma barraca de sorvete.
- Você não ouviu nada, ? Não ouviu o que ela falou? – Eu perguntei. Havia um lado bom em estar molhado dos pés a cabeça: não parecia mais que eu estava chorando.
- Ouvi tudo, mas preferia ouvir de você.
- Eu não ouvi, então pode ir desabafando. – Reclamou enquanto nos sentávamos em uma mesa do quiosque de sorvetes. Óbvio que ele não ouviu, estava ocupado demais dando em cima da .
Resumi rapidamente para meus irmãos o que eu e havíamos conversado.
- Definitivamente você foi um idiota. – falou, cruzando os braços.
- Mas...
- Não venha dizer que a culpa foi da ! – me reprimiu, e eu fiquei quieto. Era exatamente o que eu ia fazer.
- Não é bem isso... a tem culpa, mas não inteira. – comentou. – Mas afinal, , você não conhece as mulheres? Elas quase sempre não querem dizer o que falam!
- Nossa , esses dias suas escolhas de palavras estão ótimas...
- Ele quis dizer que a pode ter falado aquilo, mas ela não estava falando de verdade. – tentou explicar. – Quando ela falou para vocês só serem amigos, ela não queria isso, mas falou para não se sentir culpada por “tomar sua vida”, entende?
- Obrigado pela tradução, . – Falei baixinho enquanto passava a mão pelo meu cabelo. Ótimo, além de ficar com a calça molhada pelo resto do dia, ainda fico com essa blusa branca encharcada, deixando à mostra meu tórax [n/a: EU QUERO o/] e com frio. Maravilha.
- , não adianta. Já está feito. Agora a única coisa que você pode fazer é reparar seu erro.
- Pode apostar, , eu vou reparar. Nem que seja a última coisa que eu faça.
- Larga de se achar o herói da história, . – revirou os olhos, fazendo rir baixo.
Vi ao longe uma pessoa correndo em nossa direção, e em poucos segundos reconheci a . Infelizmente a razão do meu amor não veio junto com ela.
- Cadê a ? – Perguntou quando a garota chegou ao nosso lado, arfando.
- Ela... ainda... tá... ufa... no banheiro. – Ela levantou a cabeça e colocou as mãos na cintura. – É impossível retirá-la de lá. Ela falou que só sai quando um milagre acontecer.
- Parece que esse milagre vai vir mais cedo do que ela planejou. – respondeu, sorrindo. – Nós vamos falar com ela.
- No banheiro feminino? – levantou uma sobrancelha.
- Por incrível que pareça. – suspirou e depois virou-se para mim. - Está vendo, , o sacrifício que a gente faz por você?
- O mínimo que o senhor podia fazer é facilitar nosso trabalho. – reclamou, depois deu as costas e, junto com , foi até o banheiro feminino.
- Eu me pergunto como esses dois vão entrar naquele banheiro. – Comentei, fazendo sorrir por um momento. Logo depois ela ficou séria novamente, me olhando dentro dos olhos. – O quê?
- Não sei. – Ela respondeu sarcástica, suspirando. Ela então sentou-se à mesa, cruzando os braços sobre a mesma e pousando sua cabeça.
- O quão mal ela está? – Eu perguntei depois de me sentar.
- Já vi pior. – Ela respondeu, levantando a cabeça e dando de ombros.
- Como assim? – Havia algum jeito de ela estar pior do que aquilo?
- Ah, , , . – balançou a cabeça negativamente. – Realmente você não entende, não é? A realmente sofreu muito durante esses dois anos. Muito mesmo.
Peguei uma pequena parte da minha blusa e a torci, deixando algumas gotas de água caírem no chão. Eu tinha a impressão de que ia ouvir algo que não seria agradável. Nada agradável.
- Quando você foi embora... cara, foi a pior época. De todos os anos que eu conheço ela, nunca a vi tão mal. – continuou. – Ela passou a primeira semana basicamente se recusando a comer qualquer coisa, por sorte eu consegui enfiar alguns doces pela güela daquela louca.
“Na segunda semana, ela estava um pouco melhor, mas só porque você havia ligado pra ela e tals. Aos poucos foi melhorando, mas eu sempre percebi que, quando ela via algum pôster ou ouvia uma música de vocês, seus olhos se enchiam de lágrimas e ela cruzava os braços, apertando-os com as mãos.”
Senti como se meu estômago estivesse se revirando dentro da minha barriga, uma sensação já conhecida. Era como eu me sentia quando acabava de falar com ao telefone, na internet. Era a angústia, velha companheira.
- Daí a partir do 3º mês ela voltou à rotina, e posso dizer que os pais dela ficaram super aliviados. – deu um meio sorriso. – fazia de tudo para não chorar na frente de ninguém com exceção a mim. E ela se esforçava para voltar a sorrir, a sair comigo e com nossos amigos de antes, a estudar novamente. Ela foi forte.
“Foi então que, no abril do ano passado, ela começou com uma história de ‘O está preso a mim, ’ e ‘Eu me sinto mal por isso, estou impedindo-o de viver a vida dele’ e esses blás blás blás. Não sabia o que dizer para ela, até que um dia ela me ligou chorando, dizendo que havia terminado com você. Eu senti-me impotente, afinal, ela é minha melhor amiga e eu não podia fazer nada por ela.”
Lembrei-me da tristeza que senti ao ouvir aquelas palavras de . Como aquilo doeu em mim, como me fez sofrer e ficar dias depressivo a ponto de ter que cancelar 3 shows. Lembro dos meus pais tentando me consolar, dos meus irmãos tentando me ajudar. Lembro de como foi difícil.
- Foi praticamente a mesma coisa de quando você foi embora, a única diferença mesmo foi que ela tinha que continuar a estudar, afinal, ela tem que passar no vestibular para entrar em uma escola super boa lá no Brasil. – encostou o queixo nos braços cruzados sobre a mesa. – E ela passou no meio do ano.
“Com a faculdade ela não tinha muito tempo para ficar triste, e eu sinceramente agradeci por isso. é uma pessoa forte, mesmo sendo chorona do jeito que é.”
sorriu e eu apenas meneei com a cabeça. Lembrei-me de nossos últimos momentos há 2 anos atrás, quando ela chorou pela maior parte do tempo.
- E graças a Deus ela não soube do seu namoro com a . – comentou. – Estava tão ocupada com a faculdade que não tinha tempo pra ficar de olho em fofocas e essas coisas. Mas foi um choque tremendo quando ela te viu com a no aeroporto, eu podia sentir que ela queria simplesmente sair correndo e voltar para o Brasil.
- Mas por que ela me avisou que viria afinal? Porque você a deixou fazer isso? Se ela estava sofrendo tanto antes? – Perguntei. – Porque a deixou continuar a falar comigo como “amigos”?
- Eu não posso controlá-la, . – deu de ombros. – Ela é realmente alguém imprevisível e eu não tenho autoridade alguma para mandar nela. Sou apenas uma amiga, que está lá nos momentos difíceis e dá conselhos.
Eu entendia perfeitamente o que falava.
- O que você sugere que eu faça? – perguntei enquanto esfregava meus olhos.
- O óbvio: fale com ela. Só não faça promessas vazias, pelo amor dos céus. – sorriu para mim. – Apesar de ter te xingado algumas vezes em pensamento por ter feito minha amiga chorar tanto... você é um cara legal.
- Obrigado, eu acho. – Sorri de volta para a garota. – Você também é legal. Te acho uma ótima pretendente pro meu irmão.
- Ah, cala a boca! – ficou vermelha e me deu um tapa de leve no braço. – Agora vamos, acho melhor irmos procurar os outros. – Ela baixou seu olhar para minha blusa molhada e sorriu. - A propósito, belo tanquinho.
Depois de ficar vermelho e fazê-la rir um pouco, nos levantamos da mesa e começamos a andar em direção ao banheiro, mas antes de chegar o celular da começou a tocar.
- Alô?... oi, ... aham... O QUÊ??? – Ela gritou de repente, o que me assustou de verdade. – Ah... ah tá... , não me mata assim de susto!... tá... okay, bye. – Ela desligou o telefone. – A já foi pra casa da minha tia.
- Ótimo, vamos lá que eu vou falar com ela. – Eu respondi, recomeçando a andar, mas parou na minha frente com os braços abertos, impedindo minha passagem. – Você sabe muito bem que eu posso te atropelar, né?
- Mas não vai. – Ela levantou uma sobrancelha. Novamente. – Você vai encontrar com seus irmãos na porta do banheiro feminino e vocês vão para o hotel. Amanhã ela vai estar mais calma, daí sim você fala com ela, entendeu?
- Sim, senhora. Mais algum desejo? – Eu bufei, fazendo-a sorrir. Tudo o que mais queria era falar com a , ficar de bem com ela de uma vez por todas. Eu sentia falta de sorrir ao lado dela, de beijá-la e abraçá-la. Droga, estou ficando meloso demais [n/a: sei que sou melosa, tá...].
- Além disso, você tá encharcado. Vai logo pro hotel se trocar, cara. – Ela colocou a mão no meu ombro, depois retirou-a rápido e a secou discretamente no short. – Eu vou indo. Vejo você amanhã.
- Até lá. – Eu respondi enquanto saía correndo na direção da saída do parque. Mas antes que ela desaparecesse, ela se virou para mim.
- E toma cuidado aí, alguém pode querer lavar roupa nesse tanque!
Depois de ficar vermelho mais uma vez e observar a amiga de minha amada sair do parque rindo bastante, fui andando na direção do banheiro feminino e pensando em alguma maneira de fazer uma surpresa pra .
Fazer uma música? Não, já fiz isso. Uma serenata? Também já fiz. Subir na janela dela? Vão pensar que sou ladrão. É, realmente vou ter que fazer do jeito tradicional.
Chegando ao banheiro, meus irmãos estavam conversando com um homem alto com roupas de policial. Eles realmente entraram no banheiro feminino e pelo jeito foram surpreendidos por um policial que deve ter ouvido algumas garotas comentarem algo sobre “garotos no banheiro feminino”. Dessa eu vou rir eternamente, mas só quando estiver bem de espírito. Agora eu tenho coisas mais importantes com que me preocupar.
- ...E além disso, eu posso muito bem prendê-los – Falava o policial, seu rosto já vermelho.
- Não senhor, não será preciso! Já estamos indo embora. – Eu falei, colocando a mão no ombro do policial. – Esses dois estavam apenas ajudando minha amiga, mas agora já está tudo bem. Vamos, , ?
Nem permiti o policial continuar com o discurso, já puxando meus irmãos espertos em pessoa para a entrada do parque.
- Cara, nem tenho como te agradecer. – respondeu, dando uns tapinhas nas minhas costas. – Ele ainda ia ficar uma hora ali falando abobrinhas sobre direitos das mulheres e blá blá blá.
- Tem sim. Liga pra empresa de taxi, limusine, whatever. Vamos voltar logo pro hotel.
- O que, tá com vergonha da barriguinha exposta? – perguntou e eu senti minhas bochechas queimarem levemente. Eu havia praticamente me esquecido da camisa branca que me expõe desagradavelmente.
- Você é que deveria ficar com vergonha, acabou de ser pego entrando no banheiro feminino! – Isso fez meu irmão ficar quieto.
Continuamos caminhando para fora do parque, só que agora eu estava com os braços cruzados em frente ao peito tentando manter uma pequena parte coberta. Tudo isso por culpa de .
Pegamos um táxi normal e voltamos para casa, onde meus pais e Frankie esperavam por nós.
- Filhos, como foi o parque... MEU FILHO, PORQUE VOCÊ ESTÁ TODO MOLHADO? – Minha mãe reagiu melhor do que eu imaginava.
- Pergunte ao seu filho . – Eu respondi, dando de ombros. – A culpa é toda dele. Agora, se me dão licença, estou me sentindo muito cansado... Acho que vou dormir.
- Mas ainda nem almoçamos! – Meu pai exclamou, parecendo preocupado. Ele sabia muito bem que na nossa idade, quando chegava a hora do almoço nós mal agüentávamos esperar pela comida.
- Estou sem fome. Vou para o quarto, quando voltarem me avisem. – Eu falei baixo, me sentindo mais cansado do que o normal. Estranho, eu não estava sentindo tanto cansaço assim mais cedo. Agora eu estava até ficando arrepiado por causa das correntes de ar que vinham ao encontro do meu corpo molhado!
Pedi as chaves do quarto e subi rápido pelo elevador. No quarto, tomei um banho quente e troquei minhas roupas encharcadas por roupas secas e, ao meu ver, quentes. Mas mesmo assim continuava com frio, e o ar condicionado nem estava ligado.
Fui para a cama, onde fiquei deitado durante um tempo embaixo dos cobertores para tentar me aquecer. Por incrível que pareça, eu continuava me sentindo cansado. O que está acontecendo comigo, afinal?
Mas só quando eu espirrei pela primeira vez que eu entendi. Eu estava ficando doente, coisa que acontecia freqüentemente depois de tomar banho de água gelada. Tudo o que eu precisava nesse momento.
Os resfriados, apesar de não serem surpresa para mim, não chegavam tão depressa quanto esse. Acho que eu já estava ficando doente antes de hoje, mas a água gelada acelerou bastante o processo.
Tudo o que eu fazia para melhorar desses resfriados era simplesmente tomar chá e dormir. Não havia muito que fazer, uma vez que resfriado não tem cura.
Eu não podia ficar doente! Como eu poderia falar com amanhã? Os meus resfriados geralmente duram uns 4 dias ou mais, o tempo praticamente exato que a ficaria aqui!
Não havia jeito, eu teria que me arrastar até a casa da tia da amanhã para falar com minha amada. Além de estar muito cansado hoje, a me advertiu para não ir lá. Droga.
Entre um ou outro espirro, finalmente consegui dormir.
Mas, pra variar um pouco, meu sono não foi pesado e tranqüilo, e sim leve e perturbado. A cada dez minutos eu tinha que acordar para espirrar e umas sete vezes alguém entrou no quarto e me chamou para fazer alguma coisa. Apesar de não entender nada, eu havia sido meio acordado.
A partir de certo horário eu consegui dormir melhor, tendo até um ou dois sonhos.
Quando acordei novamente, senti minha garganta latejar e meu nariz estar meio entupido. Esse resfriado está mais forte do que qualquer outro.
Olhei a minha volta e nas duas camas ao meu lado, não havia uma vivalma. Levantei-me devagar, sentindo o cansaço voltar e um calafrio percorrer minha espinha. Como estava frio aquele quarto! Levei o cobertor junto comigo e desliguei o maldito ar condicionado. Ótimo, isso deve ter piorado muito mais meu resfriado.
- Aleluia acordou! – ouvi a voz de Frankie atrás de mim. – Já era hora, né ?
- Como assim? Que horas são? – perguntei, desnorteado.
- Meio dia. – Frankie respondeu enquanto entrava no quarto e sentava na cama de . – Você praticamente dormiu durante um dia inteiro. e foram até a cobertura do hotel enquanto mãe e pai foram ao supermercado.
- E você não foi por quê? – Eu perguntei.
- Mamãe me mandou ficar de olho em você. – Meu irmão caçula se levantou da cama e foi para o outro quarto, que era conjugado ao nosso. – Além disso, estou assistindo desenho.
- Tinha que ser... Espera aí. Meio dia?! – Droga. Eu passei o dia anterior inteirinho dormindo, além da manhã inteira. Eu tenho que ir até a !
Apesar dos meus pés estarem congelando assim como a maior parte do meu corpo e o cansaço extremo que sentia, fui até minha mala e peguei algumas roupas para poder me trocar. Óbvio que roupas de frio.
- Chegamos! – Droga, meus pais chegaram, o que torna minha fuga impossível. Eles são os primeiros a perceber quando estou doente. – Franklin, já acordou?
- Já, ele tá trocando de roupa, mãe. Pai, vem ver o desenho comigo? – Franklin! Traístes teu próprio irmão?
- ! – Minha mãe chamou quando entrou no quarto. – Por que você está trocando de roupa?
- Eu... vou sair, mãe. – Mentir para ela nunca dava certo mesmo. Bom, na maior parte das vezes que eu tentava ela descobria. E de quebra me colocava de castigo. – Tenho que ir ver a .
- Nada disso! – Ela entrou no banheiro quando eu estava abotoando minha camisa. – Oh meu Senhor, como você está pálido! Nem pense em sair doente do jeito que está!
- Pálido? – Fui até o espelho e me olhei. Realmente, eu estava pálido e haviam algumas gotas de suor se formando no topo da minha cabeça. Suando frio. – Que isso mãe, eu nem estou tão pálido assim.
- Pensa que eu nasci ontem, é? Você não vai sair para nada, vai ficar de cama o dia inteiro! – Ela me arrastou de volta para a cama e me cobriu novamente com vários cobertores.
- Mas mãe, a ...
- Sem mais nem menos e nem meio termo. Você vai ficar. – Ela me olhou séria. – Eu vou pedir para prepararem um chá de ervas para você, daqui a pouco seus irmãos voltam para te fazer companhia. Infelizmente, seu pai e eu temos que ir a outro supermercado mais tarde, estão faltando algumas coisas por aqui.
Ela foi andando até o outro quarto, mas antes de sair parou e se virou para mim.
- E nem pense em sair, nem que seja para ver o Papa. – Minha mãe me encarou séria por pouco mais de um segundo e depois saiu do quarto.
Geralmente eu me sentiria muito, mas muito mal por estar enganando minha mãe. Mas dessa vez a causa é urgente e nobre.
Passei a tarde inteira sendo vigiado pelos meus pais e meu irmãozinho caçula, até que no fim da tarde meus irmãos chegaram vermelhos como camarões e brancos na área em volta dos olhos. Muito comédia.
- Aleluia vocês chegaram! Passei a tarde inteira ouvindo o Frankie rir de algum desenho! – Eu reclamei, fazendo meus irmãos darem um meio sorriso.
- Sei que nós somos muito importantes, mas a culpa é sua se você tá todo dodói! – deu uns tapinhas na minha cabeça, o que me irritou levemente. – Eai, o que vai fazer quanto a você sabe quem?
- Preciso da ajuda de vocês. – Murmurei apenas para meus irmãos ouvirem. – Mamãe e papai vão sair daqui a pouco junto com o Frankie, daí a gente pode ir até a casa da tia da ...
- Mas cara, você tá doente. Como você vai até lá se mal se agüenta de tanto frio? – me perguntou baixinho.
- Cara, eu não estou bem, mas vocês sabem que o terceiro dia é sempre o pior pra mim e hoje já é o segundo. Se eu mal me agüento hoje, amanhã eu não agüentarei mesmo! Eu tenho que ir hoje ou a vai embora e nós vamos ficar assim. Eu não posso mais agüentar isso.
e ficaram em silêncio e depois de um momento concordaram com a cabeça. Antes que pudéssemos planejar como iríamos à casa da tia da , Frankie apareceu na porta.
- Creio que eu tenha uma informação que possa interessá-los, senhores. – Frankie falou, deixando a mim e aos meus irmãos de queixo caído. Desde quando aquele pirralhinho falava dessa maneira?
- Qual sua proposta... Frankie? – perguntou depois de se recuperar dessa cena no mínimo estranha. Frankie veio até nós com as mãos cruzadas atrás das costas e um meio sorriso no rosto.
- Eu posso muito bem contar para papai e mamãe sobre o que vocês vão fazer hoje. – Nossa, não sabia que Franklin tinha uma mente tão malfeitora. Ele está prestes a estragar a única possibilidade do irmão conseguir reconquistar o amor da vida dele e mesmo assim parece que não se importa. – Mas eu não vou.
- E você veio nos contar isso por que...? – perguntou.
- Porque eu só não vou contar com uma condição... – Ele cruzou os braços em frente ao peito e olhou principalmente para mim. – Eu quero ir com vocês.
- Não. – Meus irmãos e eu respondemos juntos, na lata. Óbvio que ele não iria, afinal, o que ele faria no meio daquele rolo todo?
- MÃÃE, PAAI! – Ele gritou para a porta e pulou em cima dele, tapando sua boca. – MmmMmmM MMmmMm...
- Frankie? – Mamãe apareceu no quarto e soltou meu irmão mais novo rápido. – O que aconteceu?
- Ah mamãe, a gente só tava brincando com o nosso querido irmãozinho. – levantou Frankie e apertou suas bochechas, fazendo e eu rirmos. – Não há nada acontecendo de errado.
- Não é v...
- Aceitamos, Franklin! – Eu falei antes que ele terminasse.
- Aceita o que, ? – Minha mãe olhou para mim com desconfiança.
- Aceito brincar com meu irmãozinho querido. – Sorri. Às vezes, penso que eu deveria me dedicar mais à minha carreira de ator, se eu consigo enganar minha mãe... consigo enganar até um leitor de mentes.
- Ah... bem, desde que você permaneça embaixo dos lençóis, tudo bem. – Denise deu de ombros e saiu do quarto. Eu e meus irmãos soltamos o ar repentinamente, aliviados.
– Muito bem, seu aprendiz de Poderoso Chefão, conseguiu o que quer. Mas pode me explicar o porquê dessa idéia de jirico? – Perguntei.
- Quero conhecer a . Eu tenho que aprová-la para você, irmão. – Frankie era realmente maléfico cara. Sinistro. – Além disso, se eu ficar aqui com papai e mamãe, vou acabar indo ao supermercado chato.
- Tudo bem então. E qual seria a informação super secreta da qual você fala? – perguntou, sentando-se na minha cama e cruzando os braços.
Frankie se aproximou de mim e de , sendo seguido por , e nós fizemos uma espécie de rodinha.
- Mamãe pediu ao recepcionista para ficar de olho em vocês três. Ele vai ligar pra ela se vir vocês tentando sair do hotel. – Frankie parecia aquelas crianças que acabam de descobrir o maior tesouro do mundo e estavam se gabando para todo mundo.
- Nossa, nem imaginávamos mesmo. Parece que estamos cercados de mentes malignas. – sorriu para Frankie. – Valeu por nos contar, irmãozinho.
- Tudo bem, eu quero mesmo conhecer a . E também essa tal de da qual você tanto fala, . – Frankie voltou para o outro quarto, nos deixando a sós para podermos bolar um pequeno plano de fuga. Mas eu sabia que com a mente de , nós poderíamos passar facilmente para o lado de fora. Esse meu irmão é brilhante para planos de fuga.
As mentes malignas da família Jonas. Definitivamente se um dia eu ficar velho demais para fazer parte de uma banda (se bem que hoje em dia, você pode ter 70 anos na cara que ninguém liga...), vou lançar um livro com esse título. Aposto que vai se tornar um best-seller mundial!

(:


- Estaremos de volta mais tarde garotos. Comportem-se. – Minha mãe falou enquanto saía. Engraçado como ela olhava especialmente para mim, não?
- Vai com fé, mãe. – sorriu para ela. Como ele pode estar tão calmo?
Além de estar preocupado e nervoso com tudo isso, sentia-me mais fraco que antes, todos os músculos do meu corpo doloridos e minha cabeça latejando, fora a garganta arranhando e o nariz entupido. Uma linda visão, não?
E dez mil vezes meus irmãos me perguntaram se eu não queria desistir por causa do meu estado de saúde. Óbvio que eu respondi não: Eu não desistiria da por uma simples gripe, resfriado, whatever.
- Então , tem certeza de que você quer fazer isso? Você sabe tão bem quanto eu como os nossos pais vão ficar se descobrirem. – Tava demorando pra alguém perguntar.
- Irmão, você tá praticamente acabado com esse resfriado. A gente pode esperar por amanhã, daí você vai estar melhor e tals... – tentou me convencer. Mais uma vez.
- Gente, eu já falei. Assumo os riscos com nossos pais porque a vai embora em 3 dias, e os meus resfriados geralmente ficam muito piores no terceiro dia, vocês sabem muito bem disso. Vamos logo.
Quando me sentei na cama, vi o quarto girar e me senti tonto. , que estava ao meu lado, colocou a mão nas minhas costas para me apoiar e ia começar um discurso sobre minha irresponsabilidade, mas o calei com um olhar.
Ele me ajudou a levantar e fui então trocar de roupa, colocando calças jeans, um suéter com uma blusa branca por baixo, sapatos sociais e óculos escuros que esconderiam minhas olheiras. Apesar de ter dormido bastante, as olheiras debaixo dos meus olhos pareciam se recusar a desaparecer.
- Venha, Frankie, vamos logo. – chamou meu irmão mais novo enquanto nos dirigíamos para a porta. Cada passo que eu dava, sentia que ia desmoronar. Nunca havia me sentido tão cansado, nem quando terminávamos um show e muito menos com um resfriado.
Como Big Rob estava de folga hoje, seria mais fácil executar o plano de . Teríamos que ir pela garagem e subir pela rampa de acesso, evitando ser vistos por qualquer um. Lá fora, chamaríamos um táxi e iríamos para a casa de . Simples e fácil.
Em teoria.
O que não esperávamos era que o recepcionista tivesse posto um vigilante a porta do elevador do nosso andar, apenas para vigiar nossos passos. Droga.
- Frankie, agora você vai ter que nos ajudar, pestinha. – chamou meu irmão mais novo. Ele explicou a Frankie um novo plano para podermos passar pelo vigilante, coisa que o garoto adorou.
- Como num video-game? – ele perguntou, animado.
- Exatamente, irmãozinho. Agora vai lá!
É o seguinte: O andar onde estávamos era em formato de ‘T’, onde o risco vertical (baixo para cima) era o local do elevador e o risco horizontal (esquerda pra direita) era o corredor dos apartamentos. [n/a: confuso, eu sei...]
Pois bem, nós estávamos em um desses corredores de apartamento, perto do ponto de encontro dos dois riscos. Frankie então saiu correndo em linha reta, passando por esse ponto e indo até o outro lado. Chegando lá, ele se sentou.
- AAAAAI! – Nosso irmão mais novo gritou. – Meu pé!
O vigilante não hesitou e correu para ajudar o pequeno, nem notando os três garotos que esperavam pacientemente atrás de uma pilastra. Quando o vigilante virou de costas para nós, andamos sorrateiramente até o elevador e apertamos o botão. No visor onde mostrava os andares, dizia que o elevador logo estaria perto.
- Garotinho, você tá bem? – Ouvimos o vigilante perguntar, parecendo genuinamente preocupado.
- Acho que machuquei meu pé, tio. – Frankie também deveria pensar na carreira de ator. O garoto era bom.
Quando o elevador chegou, fez sinal positivo para Frankie enquanto entrávamos.
- Bem tio, acho que já estou legal. – Nosso irmão mais novo levantou-se rápido e saiu correndo, entrando no elevador conosco. O Vigilante ficou ali parado, apenas observando o garoto correndo em direção ao elevador aparentemente vazio.
Apertamos o botão e o elevador desceu, permitindo-nos voltar a respirar normalmente. A descida não demorou, e quando percebemos já estávamos caminhando pelo estacionamento sem nada com o que nos preocupar.
Apesar do meu sofrimento com todo esse movimento, eu não me permitia parar. Meu único objetivo em mente era encontrar e dizer-lhe o que deveria ter dito há dias atrás, beijar-lhe os lábios e saber que poderíamos ficar juntos novamente. Oh yeah, ser meloso rules!
Chegamos à parte externa e chamamos um táxi que passava ali perto por pura sorte. Entrando no carro amarelo, o motorista perguntou:
- Pra onde?
deu o endereço da casa da tia da e o carro recomeçou a andar, parando ocasionalmente em sinais e acelerando em pistas retas e não tão cheias.
- Cara, você deveria ligar pra . – Falou . Eu estava com a cabeça encostada no encosto a poltrona e com os olhos fechados, pensando na . Minha . Em pouco tempo, seremos só nós dois novamente.
- Pra quê? – perguntou.
- Ué, pra avisá-la que estamos indo. Imagina se ela resolve sair com a ! Tanto risco e esforço pra nada. Além disso, é bom que a saiba para nos ajudar com esse caso todo.
- O tem razão, , você realmente serve pra alguma coisa nesse mundo. – piscou para meu outro irmão e pegou o celular.
concordou totalmente em nos ajudar, inclusive iria armar a situação perfeita para mim e para : Minha amada estava no quarto ouvindo música e deitada na cama, e faria o possível para mantê-la ali.
- Muito bem, , vamos descobrir afinal se você é homem mesmo. – comentou. - Aí está sua chance perfeita, não vá desperdiçá-la.
- Pode ter certeza de que não irei. – Eu murmurei. Não falei baixo porque estava falando comigo mesmo e sim porque isso tudo estava realmente acabando comigo. Minhas pernas latejavam assim como minha cabeça, sentia-me fraco e a garganta estava seca. O único fio que me segurava era .
Acho que devo ter dormido no meio do caminho, porque quando abri os olhos novamente estávamos entrando na rua onde a tia de morava. Em poucos minutos, estávamos na frente da tal casa.
pagou o taxista e nós quatro saímos do carro, indo para jardim da tia de . Quando Frankie ia tocar a campainha, apareceu e tapou o pequeno aparelho com a mão.
- vai descer se ouvir a campainha. – Ela explicou. – Entrem.
Cumprimentamos nossa amiga com um beijo, sendo único que recebeu um abraço. Prefiro não gastar minha preciosa e escassa energia pensando nesse rolo.
- Esse é o famoso Frankie? – perguntou e se abaixou, ficando da altura do nosso irmãozinho.
- Muito prazer em conhecê-la, senhorita . – Frankie estendeu a mão. ignorou-a e deu um abraço no pequeno.
- Fala como gente grande, que precoce! – Ela falou quando soltou meu irmãozinho. Ele pareceu até feliz com o abraço: Mais um Jonas caindo na ladainha dessa .
- Mentes precoces são o que não faltam na nossa família. – respondeu.
- Na minha, o que mais temos são mentes não-precoces. Um desastre. – respondeu rindo.
- Ah , não é assim. – Ouvimos uma voz feminina vinda da cozinha e uma mulher entrou na sala. – Não somos todos burros, a não ser meu irmão que por acaso é seu pai.
- Gente, essa é minha tia. Tia, esses são os Jonas: Frankie, , e . – apontou para cada um na ordem, e nós apertamos brevemente a mão da tal tia.
- Desculpem-me pela falta de educação, mas infelizente estou de saída. Tenho uma emergência no trabalho e não posso ignorá-la. – Ela sorriu. – Adeus, garotos. Foi um prazer.
A mulher saiu, deixando-nos sozinhos na sala.
- Ela é médica, por isso tem que sair assim de repente. – Explicou e depois olhou para mim. – Você não tem algo pra fazer não?
- Sim, sim... – Eu respondi. – Onde fica o quar...
- Segundo andar, terceira porta à esquerda. – respondeu. Depois se virou para meus irmãos. – Ficar vermelho de sol e deixar a área em volta dos olhos branca é moda?
Fui até as escadas e as subi, tendo que parar no topo para recuperar meu fôlego. Conforme caminhava na direção do tal quarto, sentia meu coração bater furiosamente contra minhas costelas, minha boca ficou mais seca que antes e minhas mãos começavam a suar frio. Nervosismo? Mais que isso.
A porta do quarto era de madeira branca e cheia de desenhos esculpidos. Antes de bater, ouvi uma bela música que parecia vir do quarto atrás de mim.

“Can’t even feel your eyes on me
Want to know if you’ve forgotten at all
Can’t even feel you wanting to see
See my shape, my face, my eyes in nightfall”


Eu conhecia muito bem essa voz...

“Can’t even feel your hands holding mine
Want to know if you’ve forgotten at all
Can’t even feel your eyes’ old shine
Glowing my empty road so again I won’t fall”


Coloquei o ouvido na porta e ouvi uma fraca melodia de violão.

“Did I lose you once at all
As a falling star on the dark sky
Passes once and never shall be back
I can’t see it again passing by

I wish you were the sun, bright
So you could warm me with your smile
But you could never disappear at night
To stay with me for more than a while”


Abri a porta vagarosamente, tentando ao máximo não fazer barulho e fechei-a atrás de mim. Sentada em um banquinho de costas para mim e perto de uma janela, estava sentada com um violão em seu colo. Ela continuava tocando.

“Will I ever feel your eyes on me again?
Want to know if you’ve forgotten at all
Can’t even feel you wanting to see
See my shape, my face, my eyes in nightfall”


Aproximei-me dela sorrateiramente.

“Will I ever feel your hands again holding mine?
Want to know if you’ve forgotten at all
Can’t even feel your eye’s old shine
Helping, so I won’t get lost under the nightfall”


Parei quando estava a centímetros de minha amada, podia sentir seu perfume a aquela distância e o calor exalando de seu corpo. Pensei em abraçá-la pela cintura, eu necessitava tocá-la novamente, mas não podia fazê-lo: ela se assustaria.
- Desde quando você está aí, ? – Ela parou de tocar repentinamente.
Oh céus. Ela me descobriu. Como?
- Apesar de ser transparente, a janela também pode servir como um espelho. Bem fraco, mas serve. – Ela até respondeu minha pergunta mental.
- , essa música é linda. – Eu comentei, colocando as mãos para trás e respirando fundo.
- Você não respondeu minha pergunta. – Ela revidou. – Há quanto tempo?
- Pouco. – Respondi baixo, sentindo minha cabeça latejar um pouco mais. – eu vim aqui porque...
Parei por um instante para olhá-la. Ela havia colocado o violão na capa e havia voltado para perto do banquinho, agora me encarando o tempo todo. E foi naqueles olhos onde achei a força e a coragem para falar tudo.
- , eu sinto muito por tudo isso. Sinto muito por tê-la feito sofrer tanto durante esse tempo.
- Mas você não sabe...
- Sim, eu sei. A me contou. – Eu a cortei sem agressividade. – Sinto muito por ter feito você passar por tudo aquilo com aquela nojenta da minha ex, sinto muito por tê-la envolvido nisso, sinto muito por distanciar-me de você, sinto muito por não te amar como deveria...
- Não, . Você continuou sua vida.
- , , . – Eu sorri para ela. – Como ficar com a seria continuar minha vida...
Ela levantou o olhar e me encarou, seus olhos desta vez não estavam cheios de lágrimas.
- ... Se minha vida é você?
Ela continuou me olhando, percebi suas mãos apertando furiosamente seus braços e sua respiração ficar mais acelerada.
- , eu fiz uma grande besteira. Eu...
- Você falou para eu continuar com minha vida. E daí? Eu fiz duas besteiras enormes.
- E quais seriam elas? – me perguntou, deixando seus braços penderem ao lado de seu corpo.
- Uma foi ter começado a namorar a ...
- E a outra?
- Não ter feito isso até agora.
E apesar do meu estado doente, do meu cansaço e da minha dor de cabeça, eu andei rápido até e a beijei.
Acho que esse sim foi o melhor beijo que já tive em minha vida. Nossos lábios se completavam com harmonia, passando de um ritmo lento para um mais apressado, necessitado. Era exatamente o que descrevia o beijo: nós dois necessitávamos disso mais que nunca.
Coloquei minhas duas mãos na cintura de , apertando-a contra meu corpo e acabando finalmente com a distância entre nós. Ela passou as mãos pela minha nuca, brincando com o cabelo daquela região.
Não sei quanto tempo passamos ali, aproveitando finalmente algo que nós dois queríamos há tanto tempo, mas sei que em um momento, o sol estava se pondo, e eu podia vê-lo pela janela do quarto.
Cortamos o beijo devagar, às vezes voltando a nos beijar entre sorrisos. Quando paramos de uma vez, encostei minha testa na dela.
- Você não sabe o quanto eu precisava disso. – Eu murmurei, fechando os olhos e concentrando-me na sensação da pele dela contra a minha.
- Roubou as palavras da minha boca. – sorriu para mim e me deu um breve beijo. Ela então retirou uma das mãos da minha nuca e passou na minha bochecha e...
- POR DEUS! VOCÊ ESTÁ QUEIMANDO DE FEBRE! – Ela se distanciou de mim e colocou a mão na minha testa. Sua mão parecia estar fria. – COMO VOCÊ PODE PENSAR EM VIR AQUI DOENTE DESSE JEITO?
- Ai , eu estou bem... – Senti uma leve tontura provavelmente causada pelo esforço, e tentou servir de apoio para mim.
- ! ! Venham aqui agora! – Minha amada gritou e eu teria rido por causa de seu tom se não me sentisse cansado demais até pra respirar. Ela tentou me levar até o quarto ao lado, onde supostamente era seu quarto. Havia uma escrivaninha, uma cama e um armário. Não pude observar mais nada, já que quando caí na cama de , eu já estava dormindo.
O primeiro sonho que veio foi estranho. Parecia que estava conversando com minha mãe, sobre algo, e ficava rindo do que as duas diziam. Daí meu pai chegava com cachorros quentes e todo mundo começava a dançar.
O segundo sonho do qual eu me lembro era melhor. Eu estava no quarto onde havia dormido, e tudo estava escuro, sendo iluminado apenas por uma luz branca que vinha de fora da janela. Eu me levantei da cama olhando em volta, e meus olhos encontraram os de . Ela sorriu para mim e eu sorri de volta como um bobo apaixonado. Talvez eu fosse um mesmo.
Ela segurou minha mão e me levou para perto da janela, onde mostrou-me as estrelas e a lua. Minha amada encostou a cabeça no meu ombro e eu a abracei, realmente feliz em dois anos.
Depois sonhei com outra coisa bem estranha. Eu e estávamos andando em um jardim de uma casa, e na frente da tal casa havia um casal adulto parado e olhando para meu amor. soltou minha mão e correu até eles, abraçando-os forte. Ela olhou para mim e me chamou.
Quando fui na direção deles, a mulher me recebeu com um abraço, porém o homem me olhava com uma cara feia. Ele começou a falar algo, parecendo brigar comigo e com . discutia com ele, e em instantes tudo desapareceu em um piscar de olhos.
Então eu voltei a sentir tudo ao meu redor. Não ouvia nada à minha volta, mas sentia que em cima de mim estava um cobertor quente e pesado demais.
Devagar, abri os olhos e vi somente o teto do quarto de . Óbvio que eu me lembrava de tudo, como poderia esquecer?
Apoiei-me nos cotovelos e percebi que estava sem camisa alguma, só de calças e meias. Okay, alguém me despiu. Espero que tenha sido minha mãe.
Esfreguei meus olhos e olhei para frente, não encontrando ninguém, mas quando olhei para o resto do quarto notei que havia alguém sentado em uma cadeira ao lado da minha cama. Era .
Meu coração bateu mais rápido ao vê-la e senti-me mais feliz que nunca. Nós havíamos nos reconciliado. Estávamos juntos novamente.
Coloquei as pernas para fora da cama e fiquei ali sentado, observando-a dormir serenamente, seus olhos fechados com leveza e sua respiração calma e estável. Ela havia encostado a cabeça na parede atrás de si e cruzado os braços em frente ao corpo. Fiquei apenas analisando cada pedaço de seu perfeito e maravilhoso rosto. Ela era linda.
- Vai continuar me observando mesmo?
- Não, agora vou tentar descobrir como você consegue ver coisas que estão às suas costas e quando você está de olhos fechados. – Eu respondi.
- Ninguém vai conseguir descobrir, eu tenho um dom natural – Ela sorriu e abriu os olhos. O maior espetáculo que eu poderia apreciar: seu verdadeiro sorriso estampado em seu lindo rosto, com os olhos combinando com o sentimento. Felicidade genuína.
- Eu vou fazer um esforço. - Ela levantou-se da cadeira e sentou na beira da cama, me observando. – O que foi?
- Você fica muito mais lindo quando está sorrindo de verdade, sabia? – sorriu para mim mais uma vez. – E não um sorriso “Finjo que estou bem”.
- E você não imagina o quão estonteante fica quando tem um sorriso estampado no rosto. – Sorri para ela e ficamos nos encarando. Dois idiotas apaixonados.
Finalmente eu a puxei gentilmente pela nuca e a beijei com calma. Agora nós teríamos todo o tempo do mundo, nada iria nos separar.
- Por favor parem com isso, acho que vou vomitar.
A não ser um certo Jonas.
- O que foi, ? – Perguntei pacientemente.
- Ah nada, só vim ver meu irmão praticamente em coma. – Ele colocou a cabeça para fora do quarto. – ELE ACORDOU!
- Adeus paz. – Eu murmurei, fazendo sorrir e se levantar, vindo se sentar ao meu lado. Acho que eu poderia passar a eternidade admirando seu sorriso, seu rosto, seus gestos.
- Ei eu estou aqui. Não vão começar a se beijar de novo. – reclamou enquanto vinha até nós e colocava uma bandeja de comida na mesa de cabeceira ao lado da cama. – Pára de olhar a garota como se ela fosse um... sei lá... uma comida deliciosa.
- Vou tomar isso como um elogio, . – sorriu para ele e pegou um pão, partindo-o ao meio. – Vai querer, ?
Meu estômago roncou: não havia percebido que estava com tanta fome.
- Acho que isso é um sim. – riu baixinho e entregou-me um pão inteiro, que ataquei sem dó nem piedade. Em pouco tempo, todos os habitantes da casa estavam entrando no quarto.
- ! – Minha mãe gritou quando viu que eu estava acordado e veio me abraçar. – Graças a Deus, você finalmente acordou! Está se sentindo bem? Sente fraqueza? Tontura? Dor de garganta? – Ela colocou a mão na minha testa. – Ainda com um pouco de febre, mas acho que passa logo...
- Denise, acalme-se. – Meu pai puxou levemente minha mãe, fazendo-a sair de cima de mim. – Ele já está melhor, deixe-o respirar.
- Eu avisei para ele não sair... – começou.
- Nem pense nisso, Jonas. Você não vai escapar do seu castigo tão cedo. – Denise ralhou com meu irmão e depois virou para mim e para . – E isso vale para vocês dois.
- Eu mereço. – Comentei, fazendo todos na sala se surpreenderem. – Gente, eu falei que eu mereço e não que eu me arrependo de ter feito isso.
- Bom mesmo. Do jeito que essa cérebro de minhoca aqui – apontou para . – não saiu desse quarto durante esses dois dias, não ficar arrependido seria o mínimo a fazer.
- Óbvio que eu não estou arrependido. – Eu falei, pegando a mão de e sorrindo para ela, fazendo-a corar. E então raciocinei algo. – Espera aí. Dois dias?
- Oh yeah bro, dois dias inteirinhos dormindo e matando mamãe e papai de preocupação. E obviamente, nossa querida aqui.
- Ai gente pára... – colocou as mãos no rosto. – Assim vocês me deixam sem graça!
- Essa é a intenção, darling. – começou a rir. – Tá vermelhaa, ta vermelhaa, lá lá lá...
- Chega, todo mundo fora daqui. – A tia de interveio. – Deixem o garoto em paz.
- Ah, só porque eu estava me divertindo... – falou, fazendo e rirem. Meu pai e Frankie também saíram do quarto, deixando apenas e minha mãe.
- , tenho realmente que te agradecer por ter me ajudado a cuidar do meu . – Minha mãe começou enquanto olhava para carinhosamente e sorria. – Percebo que meu filho está com alguém de valor.
- Senhora Jonas, apesar da minha vergonha toda por ter feito isso (praticamente ter interferido nos seus cuidados com o ), eu simplesmente agradeço por ter me aturado esse tempo e me sinto lisonjeada ao ver que essa é a impressão que passo para a senhora. E mais uma vez, obrigada.
As duas se abraçaram. Cara, O QUE DIABOS FOI ISSO? Sei lá, deve ter sido coisa de mulher.
- Agora vou deixá-los sozinhos, preciso ajudar a tia de com o jantar. – Minha mãe pegou a bandeja vazia em cima da mesinha e foi saindo. Antes de sair, ela falou o clássico. – Juízo.
Eu e a rimos juntos e em seguida ela pegou minha mão direita, entrelaçando nossos dedos e deitou sua cabeça no meu ombro. Eu gentilmente soltei meus dedos dos dela e passei meu braço por seu ombro, abraçando-a, e pousei meu queixo em cima da cabeça dela gentilmente.
- Finalmente, só nós dois. – Ela suspirou. Ficamos um tempo assim, aproveitando a companhia um do outro, eu podia sentir seus ombros se elevando e abaixando sutilmente com sua respiração.
- Então meu amor, quando vai gravar sua música? – Eu perguntei. levantou o rosto e percebi que suas bochechas estavam vermelhas. – Oh, não me diga que não havia pensado nisso.
- Na verdade eu não pretendia fazer nada com essa música, simplesmente deixá-la aí, parada. – Suas maçãs do rosto ficaram ainda mais vermelhas. – Nem está tão boa assim.
- Prefiro não comentar. – Sorri para minha amada e dei-lhe um beijo. – E pra quem foi a música?
- ! – levantou-se e olhou pra mim, agora mais vermelha que um pimentão. Eu levantei-me também e percebi o olhar de descer brevemente para minha barriga, para depois desviar para outro lado e permitir que as bochechas de minha amada ficassem mais vermelhas, se é que isso era possível.
Comecei a rir da vergonha dela e fui vasculhar o quarto à procura de uma camiseta qualquer. me cutucou, ainda vermelha, e estendeu a mesma blusa que eu usava no dia em que praticamente desmaiei.
- Obrigado, mas não precisa ficar envergonhada. – Eu ri novamente e dei-lhe um beijo na testa. Depois vesti o suéter. – E então, você ainda não respondeu a pergunta.
- Realmente você ama me deixar vermelha, né? – cruzou os braços e torceu a boca, ficando tão linda...
- Você fica parecendo uma bonequinha. – Passei minhas mãos por sua cintura e fiquei abraçado com ela, olhando-a nos olhos. – Então?
- Sabe, eu me inspirei numa pessoa... – Ela passou as mãos pelos meus braços até chegar na minha nuca, onde entrelaçou seus dedos. – Eu a admiro muito sabe.
- Aham...
- É uma pessoa realmente linda, sabe. E muito boa, simpática... – Ela sorriu para mim.
- Sei. – Eu levantei uma sobrancelha.
- É a pessoa que eu mais amo nesse mundo. – Ela ficou me olhando. – E realmente é perfeito.
- Tamanha perfeição eu só conheço uma. – entrou no quarto. Que pessoa mais inconveniente.
- Definitivamente não é você, . – deu a língua para meu irmão.
- Você não tem que ir dar em cima da , não? – Perguntei descaradamente.
- Ah ta bem, seus chatos. – saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Ignorei a conversa que estávamos tendo e beijei novamente, eu não conseguia me cansar de fazer isso. Era tão surreal, certos momentos eu até pensava que tudo isso foi um sonho e eu ainda estou no restaurante com meus irmãos e minha ex namorada irritante.
- POMBINHOS APAIXONADOS, O JANTAR TÁ PRONTO! – Ouvi gritar para nós. – PAREM QUALQUER COISA QUE ESTEJA FAZENDO E DESÇAM! NÃO ME OBRIGUEM A SUBIR, POR FAVOR!
Nós dois rimos e descemos as escadas, não soltando nossas mãos por um momento sequer.
Acho que não preciso dizer o quão feliz estou por estar com a , né? Feliz é pouco. Cara, eu tava alegre, feliz, nas nuvens, rindo à toa, exultante, qualquer adjetivo para ‘mais que feliz’ que você puder encontrar. Eu me sentia bem, completo, leve.
- Ainda bem que vocês desceram, eu não queria subir para ver alguma coisa e vomitar. – reclamou e deu-lhe um pedala. A mesa da sala onde estávamos era grande o bastante para acomodar todos nós e ainda sobrarem dois lugares.
Sentei-me ao lado de e percebi que e estavam lado a lado. Porém, ao invés de conversarem tão animados que fariam até uma pedra aprender a falar, olhava para a comida e estava comendo sem interrupção, procurando olhar para qualquer lugar menos para .
- Quando os dois se pegaram? – Perguntei baixinho para .
- Eles não se pegaram. – foi quem respondeu. – Mas agora pouco, antes de vocês descerem, mamãe perguntou se os dois estavam namorados. Todo mundo ficou fazendo brincadeirinhas e agora os dois tão nesse doce aí.
- Que gay. Depois ele fala que eu não sou homem. – nós três rimos, mas fomos interrompidos pela tia de que batia em um copo de vidro com uma colher.
- Quero fazer um brinde. – Ela falou e todos levantaram os copos. – À saúde de e à esse jantar que a Denise e eu preparamos!
- Tin tin! – Todos falaram juntos e bateram os copos uns contra os outros, rindo bastante.
- Ao nosso amor. – Eu falei no ouvido de , fazendo-a sorrir.
- Ao nosso amor. – encostamos nossos copos e demos um rápido beijo. Apenas um entre milhares que pretendíamos dar um no outro.
E mesmo estando a milhas e milhas de distância, ela ainda estará guardando meu coração.

:)


HALLELUJAH BRO! Cara, finalmente eu tomei vergonha na cara e escrevi a parte dois da Inseparable (antes conhecida como I Know...We’re Inseparable). E a trabalheira pra scriptar isso aqui? A maior fic que eu já escrevi, falando sério!
Enfim, gostaria de agradecer um bandigente: Primeiro os Jonas, ÓBVIO, por existirem nas nossas vidas e nos trazerem felicidade nos momentos tristes; Deus, por me ajudar com as idéias; Meus pais, por não me tirarem do PC às 3h da manhã (hora da inspiração); Minhas amigas Gabyzudah (é nóis na aula escrevendo fic o/) e Bia Ventura (xará lindonaa), obrigada por tudoo; Meus irmãos, por me mostrarem como é uma relação fraterna em casa (todas as briguinhas e provocações dos Jonas foram inspiradas na realidade. Ou no que eu queria que fosse realidade); Minha beta Didi (obrigada por me ajudar!); Demi Lovato :D só pra agradecer a ela pelas músicas mais animadas e divertidas que me dão inspiração! (Juntamente com as dos Jonas)

Fui eu mesminha que escrevi a música, então faz um favor e não furta sem antes falar comigo? TNKS HAHAHA’ Obrigada mesmo por ter lido essa budega toda aí em cima, se gostou deixa um comentário pra fanfic writer aqui ficar feliz :D

Agora é hora dos links mágicos. Let’s Go?
Twitter: http://twitter.com/biahaack
MSN: bia.haack@live.com (adeda à vontade :D)
Xoxo amo vocês!


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PS.: Gostou dessa fic? Leia outras de minha autoria:
1. I Can Only Look At You
2. Inseparable – Even If We’re Miles And Miles Apart
3. O Banco Da PracinhaPS.: