Love Me Do
História por Dani Garcia | Revisão por Taaci



O suor formava uma fina camada em cima de suas mãos claras. Ela respirou fundo e fechou seus olhos, tentando se acalmar. Seu coração batia rápido, muito rápido. Acho que dentre todas aquelas pessoas que, naquele momento, também esperavam sua vez de apresentar seu talento, nenhuma delas se encontravam tão nervosa quanto ela.
“Céus... Por que eu deixei minha consciência me convencer a fazer isso?” Indagou-se mentalmente.
Lá fora a quente tarde terminava, enquanto, no palco a poucos metros de si, o número de comédia chegava ao seu fim. Logo, logo, seria a sua vez. A sua forca; o momento decisivo.
- Continua firme e forte aí, ? – perguntou-lhe com um sorriso brincalhão em seu rosto.
- Claro, por que não estaria? – Ela respondeu-lhe. Sua voz parecia calma, mas seus olhos denunciavam para o rapaz todo o pânico que ela estava sentindo.
- Relaxa. O vai adorar. – Ele piscou.
Era o dia do show de talentos. Que, por coincidência, caíra no mesmo dia do dia dos namorados. Ela não possuía um namorado. Mas uma paixão abrasadora ardia dentro de si toda vez que pousava seus olhos nos dele. De .
Então aproveitaria o ensejo e, se tudo corresse conforme planejado, ao final do dia, ela teria um namorado.
Já havia tentado se declarar: jogado indiretas, provocar-lhe ciúmes... Já havia feito de tudo. Uma vez, até... Talvez eu deva te contar... Não, não, não vamos nos desviar daquela tarde atípica da apresentação. Em uma outra ocasião, talvez, eu lhe conte o que é que aquela danada aprontou... Como eu ia dizendo, já havia feito de tudo, menos falado abertamente que estava completa e totalmente apaixonada pelo garoto de óculos sentado na arquibancada. E era isso que ela iria fazer agora: cantando. E com a ajuda dos melhores amigos do rapaz (que também eram seus amigos): , e .
Você deve estar se perguntando... O que levaria uma garota normal a se declarar em frente a toda uma escola para um garoto a quem nem tinha certeza se nutria por ela os mesmos sentimentos?
Mas é aí que você se engana. não era como as outras garotas normais de dezessete anos que desfilam por aí com roupas de marcas e namorados novos. gostava de rubgy, de ler, de Beatles, de História, de Literatura, de música, jogava basquete, falava inglês e espanhol, gostava de ler, de escrever e de cantar. Percebe que são coisas desconexas? Exatamente, era complicada. Fazia o que gostava, sem se importar com o que os outros pensavam. Não usava roupas de marcas. Andava de ônibus. Não tinha o cabelo liso. E nem os dentes incrivelmente brancos. Não usava maquiagem.
Mas... Exatamente por essa simplicidade, era que conversava com toda a escola. Tinha diálogo com todas as moças. E com os rapazes. Ahhh... Mas ela não tinha olhos para nenhum. Nenhum outro que não fosse .
Agora, enquanto escrevo para você, me veio em mente o momento em que eles se conheceram. Diferente da primeira vez que ameacei contar-lhes algo, essa sim seja um acontecimento que valha a pena ser contado. Ajudará você a entender melhor .
Então diga-me você, leitor: queres ler? Deseja saber como é que se conheceram? Já se sente intrigado com o final dessa história? Já foi pego pela curiosidade? Ou eu ainda não consegui te cativar? Caso não, caso realmente queira fechar essa janela, ler outra coisa ou fazer algo mais interessante, recomendo que o faça. Afinal de contas, é horrível fazer algo que não quer. Fazer algo por obrigação.
Já que aqueles que não querem saber o fim já se retiraram – assim espero – convido a você, leitor que restou – tenho a esperança de que alguém respondeu, sim, às minhas indagações anteriores – a conhecer a protagonista dessa história melhor.
Foi há dois anos. Era, assim como essa, uma tarde quente.
estava jogando beisebol com , e no grande gramado dedicado aos alunos. Era apenas uma brincadeira entre amigos. A poucos metros jazia um que, muito concentrado, lia e refletia sobre Hamlet ( não fazia ideia da existência de Hamlet naquela época. Conhecia apenas – e vagamente – Shakespeare por causa de um filme que já havia visto baseado em Romeu e Julieta).
Pois bem, estavam jogando. Mas rebateu a bola com muita força, fazendo-a voar, ir para muito longe e acertar – por obra do destino, penso eu. Os outros três rapazes – muito cavalheiros – fizeram com que fosse buscá-la.
- Joga a bola! – Exclamou pedindo, assim que chegou perto o suficiente para que ouvisse.
O rapaz levantou os olhos para a figura ímpar à sua frente: o rosto levemente avermelhado – por causa do exercício -, o peito arfante e os cabelos ondulados rebeldes presos em um elástico, chamaram-lhe a atenção. Depois olhou para a bola: o pequeno objeto branco estava ao seu lado. Olhou novamente para o livro.
- Nossa! – Proferiu. – Você é mesmo educado, hein? – Nesse momento já havia aproximado o suficiente: abaixou-se e pegou o item.
- Sou tão educado quanto você que me jogou isto. – Respondeu, sem desviar os olhos do livro.
- Ah, eu te acertei? Me desculpe. – Pediu sinceramente.
- Tanto faz. – Ele ainda olhava para o livro. Desejava que ela percebesse que estava atrapalhando-o.
- Hmmm... – respondeu, desviando seus olhos para o livro nas mãos do rapaz. – O que você está lendo?
- Ser ou não ser, eis a questão. – Respondeu com a célebre frase da obra.
Ela abaixou seus olhos para a capa do livro, tentando ler o título.
- Mas... Está escrito Hamlet...
- Você não conhece Hamlet?! – Ele perguntou, perplexo.
E então se seguiu um longo discurso sobre a importância de Shakespeare para o mundo moderno. Discurso esse que, além de não ter nenhuma importância com a história, caso eu o colocasse aqui, entediaria você, querido leitor. Mas que foi extremamente interessante para , porque mostrou-a como era diferente dos outros com os quais ela conversava.
Ela se apaixonou por ele naquele momento.
E isso nos remete ao momento atual: nervosa, ela aguardava sua vez de subir ao palco.
O show de comédia acabou com aplausos, agora seria sua vez. Caminhou, com passos vãos, até o palco, seguida por seus fiéis escudeiros. Passou entre a grande cortina vermelha. Logo à sua frente, o microfone encontrava-se lá no meio, só. Respirou fundo e fechou os olhos. Imaginou que aquilo não passava de outro ensaio. Retirou o microfone de seu suporte.
- ... – Chamou o nome do amado com os lábios secos e trêmulos. – Essa música é para você.
O homem levantou seus olhos – de algum livro – e olhou para ela, após proferida aquela frase inesperada. A moça deu um sorriso sutil.
Ouviu os garotos começarem com seus instrumentos atrás de si. Fechou seus olhos, sentindo a melodia animada inundar seus ouvidos. Antes que pudesse perceber, já havia começado a imitar John Lennon.

Love, love me do (Amor, me ame)
You know I love you (Você sabe que eu te amo)
I´ll always be true (Eu serei sempre verdadeiro)
So please, love me do (Então, por favor, me ame)
Oh, love me do (Oh, me ame)


Abriu seus orbes após a primeira estrofe. Queria ver a reação do rapaz.
Ele continuava surpreso. A boca entreaberta e ambas as sobrancelhas erguidas, como quem pergunta: “Mas que diabos...?”. Entretanto, não parecia uma reação negativa. cerrou os olhos novamente: gostava de se imaginar sozinha com o microfone. Um sorriso dançava em seus lábios.

Love, love me do (Amor, me ame)
You know I love you (Você sabe que eu te amo)
I´ll always be true (Eu serei sempre verdadeiro)
So please, love me do (Então, por favor, me ame)
Oh, love me do (Oh, me ame)


Ela, de maneira particular, era apaixonada por essa música dos Beatles. O ritmo era envolvente e fazia com que ela quisesse dançar. A letra era ousada e condizia com o que ela sentia. Se ela amasse alguém, não custava pedir para que essa pessoa a amasse de volta. Assim ela não sofreria.

Someone to love (Alguém para amar)
Somebody new (Alguém novo)
Someone to love (Alguém para amar)
Someone like you (Alguém como você)

Love, love me do (Amor, me ame)
You know I love you (Você sabe que eu te amo)
I´ll always be true (Eu serei sempre verdadeiro)
So please, love me do (Então, por favor, me ame)
Oh, love me do (Oh, me ame)


Abriu seus olhos novamente após esse verso, procurando o rapaz para quem cantava. “Agora ele já deve ter percebido, mesmo sendo lerdo como é...”. Ela pensou, ansiosa pela reação do rapaz.
Mas... A cadeira se encontrava vazia. O homem, que minutos atrás estava sentado lá, naquele lugar, agora não mais estava. Seus olhos voaram em direção à saída, procurando-o. Nada.
Diga-me, querido leitor, você acha que isso foi uma resposta negativa às palavras de ? Será que alguém seria tão indelicado ao ponto de sair sem ao menos trocar uma palavra com uma mulher que se declara? E... Detalhe: alguém que se declara no dia dos namorados? Será que seria assim, tão cruel?
Não vou lhe contar, pois isso remete ao final da nossa história. E longe de eu querer estragar uma surpresa. Aproveito o ensejo e peço que tenha paciência para ler até o final, pois já está terminando.
Mas a pobre realmente achou que aquela ação foi negativa. Sentiu uma pontada contínua em seu coração e lágrimas chegaram aos seus olhos. Lágrimas que ela não deixou cair. era forte. A última estrofe da música chegava e a mocinha cantou com a mesma intensidade de antes – se não melhor. Não se daria por vencida. Não ia deixar que uma rejeição – mesmo que fosse no dia dos namorados – fizesse com que ela perdesse o ânimo.

Love, love me do (Amor, me ame)
You know I love you (Você sabe que eu te amo)
I´ll always be true (Eu serei sempre verdadeiro)
So please, love me do (Então, por favor, me ame)
Oh, love me do (Oh, me ame)


Quando a derradeira nota musical soou, – e seus amigos – foram aclamados por uma calorosa salva de palmas. A jovem sorriu e acenou para alguns conhecidos. Mas o sorriso era falso e se quebrou assim que seus olhos voaram novamente para o lugar vazio antes habitado por seu amado. Ela suspirou. Seu peito tentava comportar a mais nova dor ali chagada.
Deu as costas para o palco e, assim que passou para dentro de cortina vermelha, sentiu uma mão em seu ombro, tentando confortá-la. Um conforto de um dos seus amigos. Ela deu um triste sorriso.
- ... – Um ser arfante passou pelas outras pessoas que estavam ali – ainda esperando sua vez para se apresentar - entre empurrões e pedidos de desculpas.
Antes que pudesse ligar a voz do falante, a pessoa, ela ergueu seu olhar por ter ouvido seu nome ter sido falado. O peito de subia e descia rapidamente e seu rosto era coberto por uma fina e brilhante camada de suor.
- Cara... Sabe o tanto que eu corri pra poder estar aqui antes que a música acabasse? – Ele engoliu em seco.
- ... – Ela murmurou.
Ahhhh, o amor...!
- Então era isso? – Ele perguntou com um pequeno sorriso no canto da boca em meio à respiração pesada.
- Errr... Acho que a gente vai embora. Tchau, , tchau, . – disse, empurrando um estupefato que não queria arredar os pés dali. deu de ombros e os seguiu.
- O que... Você tá fazendo aqui? – Ela perguntou. Seus olhos evasivos e covardes encaravam o chão.
- Ué, não era você que tava se declarando pra mim na frente de todo mundo? – Ele se aproximou dela com passos calmos. Pousou uma de suas mãos no queixo da garota e, apesar da leve pressão feita por ela, ele ergueu seu rosto. Mas os olhos de ainda encaravam qualquer outra coisa senão os de .
- Olhe para mim. – Ele sussurrou. Ela obedeceu cegamente. Sentiu suas pernas bambearem e seu coração se acelerar demasiado devido à proximidade dos dois. – Se você estava tão corajosa há alguns minutos, na frente de todos, por que é que agora mal consegue olhar para mim?
- Não sei... – Deixou as palavras saírem vãs embaladas pela voz de seu amado.
- Você é complicada, . – E sorriu.
Ela sorriu por reflexo. Já não ouvia o que dizia. Estava encantada por ter conseguido estar com ele naquele momento. Conseguido se declarar. Por ter seus sentimentos correspondidos.
A proximidade entre os dois corpos... Sentia o hálito quente do rapaz bater em seu rosto. Olhou para seus lábios. Tão convidativos... Tão próximos...
enlaçou seus braços na cintura da menina.
- Agora eu deveria te beijar, certo, namorada? – Ele disse. Sua mão caminhou lentamente até a nuca da moça, sentindo a textura macia de sua pele. Tocou-lhe os lábios doces com os seus, selando-os.
era complicada. E, por ser complicada, era perfeita.

Fim


N/a: Saudações, terráqueos! Aqui quem fala é de Marte. Eu, humilde narradora que usa (muito) a metalinguagem gostaria de saber a sua opinião sobre a história. Aliás, não saber, mas reforçar, porque eu perguntei o que vocês estavam achando o tempo todo e... Ah! E tem uma questão que vocês podem responder e que vai salvar minha vida: esse tipo de narração é cansativo de ler, flores do meu jardim? Bom, acontece que tudo o que eu escrevo não é bom o suficiente para mim, então eu queria saber a opinião de vocês. Agradeço a você que leu essa história e à minha beta linda Taa. Beijão! :D
Mas antes de me despedir completamente de vocês... Deixa eu fazer uma propaganda aqui: se você gostou da fic e quer ler outras fics minhas, não deixe de acompanhar a Challenge Accepted (Restritas/Em andamento). Minha fic linda, sangue do meu sangue, que eu amo até a próxima vida. <3
Tchau e até a próxima, meus amores! <3

N/b: Dani andou me stalkeando, só digo. sou eu. Sinto minha vida sendo exposta. -parei.
Enfim... Leitora que chegou até aqui, deixe seu comentário inspirador na caixinha abaixo informando à insegura da autora que a história está ótima. Não irá tomar seu tempo e ainda fará uma autora muito feliz. :D

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