NOMEDAFIC



Capitulo I

Ele parou na frente do espelho, com as mãos na pia. O banheiro estava vazio, era cedo demais, mas ele não conseguira pegar no sono a noite toda. Ele já havia protelado demais.
Só faltavam dois dias para o dia dos namorados, e, coincidentemente, para o baile mais importante do ano. E já fazia anos que ele tentava arranjar a coragem necessária para chamar a garota que ele queria. Droga, Severo... – pensou – Como você pode ser tão covarde?
Lily era sua melhor amiga. E a garota mais perfeita que ele conhecia. Ela podia não saber, mas ele sabia desde o momento em que ele havia posto os olhos nela. E depois de seis anos a conhecendo, não havia dúvidas pra que ela era a única garota que importava pra ele.
Mas como? Ser seu melhor amigo era de fato um problema e uma vantagem. Ele já era próximo dela, e poderia falar a qualquer instante, mas... E se ele arruinasse tudo? E se ela só o visse como um amigo? Ele não era, afinal de contas, o único interessado nela. Ele tinha sorte que Lily tinha recusado alguns convites, que já haviam sido jogados a ela com algumas desculpas sobre ter que estudar para as finais, mas ele sabia que ela queria ir ao baile.
Ele respirou fundo.
Você vai conseguir, ela vai aceitar... você vai conseguir... – repetiu o mantra a si mesmo. Ele perguntaria em algum ambiente legal, diferente... Talvez nos campos? Ou Hogsmeade? Quem sabe no lago? Suspirou, até a parte mais simples de seus planos já era complicada.


Ele acordou tarde naquele dia. Mas não se importava. Pegou os óculos ao seu lado e abriu as grandes cortinas vermelhas, que cercavam sua cama, de bom humor. Ele começaria seu plano para levar Lilian ao baile. Era quase uma questão de honra. Sirius zombaria dele para sempre, se ele não conseguisse este ano.
James a convidara em anos anteriores, mas ele seria capaz de apostar que ela havia levado na brincadeira. Ela quase nunca ia aos bailes, de qualquer modo. Quando foi, dançara com vários, mas nunca tinha um par fixo. Dizia que viera com as amigas, somente para se divertir e acompanhá-las.
Ela era realmente uma garota muito bonita. E inteligente. James apreciava as qualidades dela, mas mais do que isso: ele não passaria mais um ano indo ao baile com uma garota qualquer escolhida na última hora.
Ele se olhou no pequeno espelho do armário, passando as mãos no cabelo negro e bagunçado. Ela não tinha motivos para negar o convite. O que ele poderia temer?
Bom, este ano a abordagem seria diferente. Nada de piscadelas indiscretas na mesa da Grifinória durante o jantar ou mesmo convites feitos às pressas, com Sirius rindo ao seu lado enquanto ela caminhava para sua próxima aula. Não, nada disso. Ele chegaria com calma. Conversaria com ela. Seria um cara normal e divertido como era, e não convidaria logo de cara. Deixaria Lily interessada antes e aguardaria, depois que ela já estivesse com a ideia na cabeça, a convidaria. E pronto, está feito. Simples e rápido o suficiente, para ele somente estar colocando o plano em ação dois dias antes. E com garantia de sucesso. Ou pelo menos ele achava.


- Eu estou dizendo, Sev, eles são maus! – ela dizia, uma vez mais. Ele suspirou, quantas vezes mais ele precisaria participar daquela discussão?
- Lily, não é como se eu morresse de amores pelos seus amiguinhos grifinórios também!
- Eu sei, eu sei! Mas é diferente. Olhe pra mim! Sev, eles... Você sabe muito bem com o que as famílias deles estão envolvidas. – ele abriu a boca para falar, mas ela o interrompeu levantando um dedo – E também sabe muito bem que eles não têm nada, nada contra esse tipo de coisa. É isso que eu chamo de mau, Severo, isso! Não pegadinhas infantis e aventuras idiotas pelos castelos, como as que você acusa praticamente todo grifinório de participar.
Ele bufou.
- Tá, eu sei. Mas e dai? E dai que as famílias deles suportam você-sabe-quem? Você sabe que eu não sou estúpido o suficiente pra me meter com este tipo de coisa. Ou não confia em mim?
- Sev, eu confio, mas... Eu tenho medo. E se você sabe do que eles são capazes, por que anda com eles de qualquer modo?
- Ah, não sei, Lily. – disse sarcástico – Talvez porque eu precise ter algum outro amigo além de você, sabe? Um da minha casa, quem sabe, só pra conhecer alguém lá dentro, já que eu passo a maior parte do tempo com aquelas pessoas.
- Argh, Severo! De todos, todos ali, você tinha que escolher justo estes?
- E por que você se importa, de qualquer modo? – As palavras haviam saído rápido demais, sem que ele pudesse pará-las e reconsiderar. Era fato que ele vinha se sentindo trocado, e que ultimamente Lily passava muito tempo com os grifinórios, mas ele teria segurado estas palavras se pudesse. Isso poderia atrasar seus planos.
Ela parou como se tivesse levado um tapa. Sentia a raiva e a mágoa correndo por seu corpo, e por um segundo sua visão ficou turva. Ela já esquecera onde estavam, as árvores, o campo ao seu redor era só mais um elemento que seu cérebro apagava. Ela fixou os olhos nele, possessa.
- Por que eu me importo? POR QUE eu me importo, Severo? Talvez, não sei, porque você é meu melhor amigo. Porque eu te conheço há seis anos e não gostaria de te ver indo pelo caminho errado. Ou sei lá. Não sei mais por que me importo, também.
Ela o empurrou e seguiu andando. Ele se virou e agarrou o pulso dela, fazendo-a virar. Ele tinha um plano e nada o impediria. Já era tempo de mais naquele sofrimento. E eles estavam a dois dias do dia dos namorados. Ele olhou em seus olhos.
- Lily... Você tem que confiar em mim. Eu não vou fazer nada estúpido, você sabe disso. Desculpe pelo jeito que eu disse.
Ela baixou o rosto, segurando as lágrimas e seu cabelo vermelho caído no rosto.
- Eu confio, Sev... É só que... Eu não sei, eu tenho medo que eles estejam de usando, te manipulando, e quando você vir... Vai ser tarde de mais.
- Lily... Não vai acontecer nada. Fique tranquila. Eu sei que se eu me perder, eu tenho você como bússola, não? Você sempre apontaria o caminho certo.
Ela assentiu e sentiu uma lágrima rolar por seu rosto. Ele estremeceu, não aguentava vê-la chorar. Era pior porque ele sabia que a culpa era sua.
- Lil... Desculpa. E-Eu não queria te magoar. Vamos, deixe-me te compensar. Amanhã nós podemos ir até Hogsmead, que tal? Doces, cerveja amanteigada, vamos esquecer disso tudo, ok? – Ele tentou fazer com ela olhasse para ele, e encarou os grandes olhos esmeralda marejados dela, se esquecendo de respirar por um segundo.
- Tá. – ela engoliu as lágrimas, aliviada por ver de novo aquele Sev meigo que ela conhecia.

Capitulo II
Ela entrou no grande salão comunal da Grifinória com seus livros embaixo do braço, sentou-se no sofá, tirou os sapatos e ficando em uma posição confortável começou a estudar. Ela sabia que teria que revisar defesa contras as artes das trevas com Severo de qualquer modo mais tarde, não importava o quando estudasse sozinha, então partiu para herbologia.
Ela estava muito focada nos livros para perceber a figura que sentou aos seus pés na outra extremidade do sofá até que ele se pronunciasse. Ela deu um pulo ao reconhecê-lo.
- Oi. – disse James.
Ela hesitou, franzindo as sobrancelhas. Se aquilo fosse mais um truque idiota como em todos os outros anos para leva-la ao baile... Ela limpou a garganta.
- Oi.
- Então... O que você esta estudando?
- O que você quer, James? – disse, rudemente. Ela estava cansada de mais para tolera-lo.
- Nada. Foi só uma simples pergunta.
- Um pergunta, depois outra, e outra...
- Isso não vem ao caso.
Ela o encarou por alguns segundos, até que por fim resolveu responder.
- Herbologia.
Ele assentiu. Precisava manter a conversa rolando.
- Sei... Você entende do assunto? É a minha pior matéria, com toda certeza. – ele riu nervosamente – Eu não negaria ajuda.
Ela deu de ombros.
- Sei o necessário sobre o assunto. É até divertido, se você gosta de poções. Mas não sou nenhuma expert.
Ele fez uma careta para a menção de poções, mas ela deixou passar. Ele se levantou e sentou na poltrona mais perto dela e começou a fazer perguntas.
Não no melhor humor possível, Lily respondia algumas. Mas ela estava aliviada por ele ainda não ter feito nenhuma menção ao baile, a sua aparência ou a seu amigo sonserino, como de costume. Ela não estava convencida de que isso não viria, de que James poderia ter finalmente mudado e realmente decidido ser legal sem segundas intenções com ela, mas ele já havia melhorado a seus olhos só por conseguir manter uma conversa descente com ela.
E ela gostava de ajudar, de estudar com outros. Não só a ajudava a gravar cada detalhe da matéria como a divertia e melhorava seu humor. Estava tarde e ainda assim ela passou mais de uma hora ali, ajudando-o. Ele acabou por realmente entender uma coisa a mais ou outra, por mais que a maior parte de suas dúvidas criadas ali fossem falsos pretextos para continuar ouvindo a voz dela, continuar em seu plano, até que por fim os dois concordaram que já era tarde e se dirigiram a seus dormitórios.


Ela acordou de bom humor, com o sol batendo em seu rosto. Ela nunca fechava completamente as cortinas ao redor de sua cama, gostava de um ambiente mais amplo. Penteou seu longo cabelo ruivo e se vestiu, arrumando seus livros em seguida. Lembrou-se então que iria a Hogsmead com Sev hoje. Eles iam muito e sempre passavam horas conversando no Três Vassouras ou na Dedos de Mel, mas o clima entre eles estava estranho ultimamente. Seu estômago se contorceu nervosamente.
Temia por seu melhor amigo naquelas companhias e ao mesmo tempo temia por si própria. Não era como se ela se importasse muito com o baile, mas gostava de se divertir com suas amigas e amigos lá. Vinha recusando alguns convites ultimamente, puramente porque não queria ter este tipo de compromisso sério com ninguém. Ela não se via passando a noite inteira com algum garoto que ela mal conhecia, com o dever de ser educada, responder a perguntas e, bom, conhece-lo melhor. Não tinha tanta paciência como demonstrava. Ela poderia ir com Sev, mas... Ela tinha medo que ele interpretasse um convite de maneira errada. Ele era seu melhor amigo. Ela nunca pensara nele exatamente como muito mais do que isso, por mais que não pudesse negar que ele seria um perfeito namorado para qualquer que fosse a garota escolhida. Ele era divertido, inteligente e doce com qualquer um que chegava de verdade a conhecê-lo. O problema é que poucos conseguiam, fechado do jeito que ele era. Mas ela não podia culpa-lo, com a família que ele tinha. De fato, ela era provavelmente a única amiga que realmente via estes lados dele. Isso a preocupava.
Mas ela nem sabia se ia mesmo a esse baile. Talvez ela simplesmente aproveitasse o silêncio para estudar naquela noite. Poderia chamar Sev. E se ela fosse ao baile poderia casualmente encontrar com ele lá e eles se divertiriam sem todas as formalidades, certo? Era melhor assim, informalmente. Ela não considerou a possibilidade de ele chama-la.


James acordou ainda de melhor humor naquele dia. Era o dia de fazer seus movimentos. Arrumou seu cabelo, pôs suas vestes e encontrou Sirius e Remo no Salão Comunal. Eles iriam até Hogsmead, tomariam algumas cervejas amanteigadas e discutiriam seus planos. Cada um teria convidado uma garota para o baile até o fim do dia, e, com sorte, elas teriam aceitado. Todas nesta hora já deviam estar desesperadas por um par, ainda mais eles. Não havia nada a temer. James só não sabia que encontraria sua garota escolhida lá, e bem perto de receber outro convite.

Capitulo III

- E como vão as coisas na sua casa? – ele perguntou. Eles já estavam sentados ali conversando por mais de uma hora. Ela deu um gole em sua bebida antes de responder.
- Bem, eu acho. Meus pais estão. Não tenho tido muitas noticias da Tunia. Não que ela tenha voltado a falar comigo, mas, às vezes, mamãe comenta, sabe? A última coisa que ouvi é que ela estava saindo com um cara... – a voz dela foi morrendo. Não era o tópico mais agradável, mas conhecendo Sev – e a problemática família dele – há anos não sentia mais vergonha ao falar sobre seus problemas.
Sentado em uma mesa no canto do mesmo bar com seus amigos, James resmungava. Eles estavam ali há muito tempo. E o pior: pareciam estar se divertindo. Se ele a convidasse primeiro? Ele era o melhor amigo dela, era bem capaz que ela aceitasse. Ele precisava intervir. Não importava como.
- Vai lá, cara. Você não tem nada a perder mesmo. – Disse Sirius, jogando o cabelo sempre perfeito para trás e atirando um olhar malicioso na direção da garota que acabara de aceitar seu convite para o baile e que agora ria e se gabava para as amigas em uma mesa perto deles.
Ele assentiu e se levantou.
- Ahm, Lily? – Começou Severo, do outro lado do salão. – Você...
Mas James andara rapidamente até o balcão do bar onde eles estavam sentados e se sentara ao lado de Lilian, interrompendo-o.
- Hey, Evans.
Ela suspirou e se virou lentamente, aborrecida. Ela estava de bom humor até aquele momento. James tinha sido legal noite passada, mas agora voltava a sua personalidade arrogante e inconveniente.
- O que quer, James?
- Nada. Só te vi aqui sentada e achei que você pudesse gostar de companhia.
- Caso você não tenha notado, eu já tenho companhia.
Ele sorriu, meio sem graça. Não tinha exatamente contado com esta resposta. Ela se virou pra Severo novamente.
- Eu já volto.
E caminhou para o banheiro. Snape estava furioso por dentro, por ter sido interrompido justo naquele ponto. Ele tinha certeza que tinha sido propósito. Ele encarou James. Este levantou, dando de ombros, e começou a andar de volta para sua mesa. Mas mudou de ideia. Ele sabia que quando ela voltasse ele convidaria e ele praticamente tinha estragado suas chances. Tinha que ao menos agir primeiro. Mudou seu caminho até o corredor onde ficavam as portas para os banheiros. Esperou-a.
Ela saiu distraída, pulou ao ouvir seu nome e ele parado, encostado na parede. Resolveu ignora-lo, e passar, mas ele se moveu e se pôs no meio do corredor, em seu caminho. Ela suspirou.
- Sabe, eu nunca entendi por que você passa tanto tempo com Snivellus. Quer dizer, ele não é da Grifinória, não é bonito... – ele passou a mão no cabelo, sorrindo.
- Nada disso é da sua conta, Potter. Saia da minha frente.
- Não tão rápido, Evans. – ele suavemente pôs a mão no ombro dela e ela se afastou, irritada.
- O que você quer?
- Eu precisava te perguntar algo antes.
Ela suspirou, revirando os olhos. De novo não, pensou. Encarou-o, esperando. Não tinha como fugir dali de qualquer modo.
- Você, ahm... Se interessaria em ir ao baile comigo?
Ela ergueu as sobrancelhas, se controlando para não rir.
- Não.
O sorriso dele morreu. Ela viu a confusão tomar o rosto dele. Ele não tinha nem considerado a possibilidade dela recusar o convite.
- Por quê? – as palavras saíram antes mesmo que ele pudesse considera-las, mas ele teria perguntando do mesmo modo.
Agora ela não pode se conter e riu alto. Ele sentiu a raiva percorrer seu corpo. Ele estava mesmo sendo zombado?
- Por quê? Ah, James, quão convencido você pode ser? Acha que seus convites são irrecusáveis?
- Por quê? – ele repetiu.
- Porque... Sim. Por que eu... Não... Quero.
- Você hesitou. Não consegue me dar uma resposta descente, Evans? Nem você sabe por que recusou, sabe?
Ela tentou controlar seu temperamento.
- Olhe aqui, James...
- Sem essa, Lily. Pare de inventar desculpas para todo mundo, você sabe que quer ir nesse baile. E sabe que eu posso ser um bom par. Pare de se preocupar com seus amiguinhos e...
- Cale a boca. Você mal me conhece, você não sabe o que eu quero ou não!
- Ah, mas está tudo ai em seus olhos, Evans! Lindos, de fato. Mas não sabem mentir.
- Ou quem sabe você não saiba interpretar, ou veria a raiva que me possui agora, Potter.
- Raiva ou desejo? São próximos, você sabe.
- São mundos completamente separados, seu idiota. Pelo menos pra mim. Você não sabe de nada do que está falando. Agora saia da minha frente.
- Ah, Lily, pare de fugir. – ele não se moveu. Ao contrario, começou a ir à direção dela, colocando-a literalmente contra uma parede, uma mão no ombro dela. Ela tentou se esquivar, enojada.
- Me solte, James.
- Você ainda não me convenceu...
- Droga, ME SOLTE! – ela o empurrou com força e ele recuou alguns passos. Ele teria vindo para cima dela de novo, mas uma mão agarrou a parte de trás de sua blusa e o jogou com força na parede oposta. Era Severo.
Lily estava perto do choque. Nem sabia quando ele tinha entrado ali. James se levantou, a ira tomando seu corpo e partiu pra cima de Snape. Ele o empurrou, desprevenido, contra a parede, desferindo um soco contra seu rim. Severo o empurrou, socando-o, mas James virou e com força o derrubou no chão, batendo a cabeça dele repetidas vezes no mesmo. Snape sentiu a dor em seu nariz vinda junto com um crack, mas com uma cotovelada se livrou momentaneamente de James e se levantou. Mas o adversário veio uma vez mais pra cima dele, lançando xingamentos e acusações para todos os lados. Snape o socou no queixo, lançando para trás e pegou sua varinha na fração de segundo que demorou para que James se recuperasse. Ele lançou rapidamente um feitiço de defesa e o adversário foi lançado para trás, caindo no chão. Severo se virou, ele sabia que não demoraria até que James revidasse. Ele pegou Lily pelo cotovelo e lançou-a, contra seus protestos, para dentro do banheiro feminino, trancando a porta em seguida. Ele a queria fora da linha de alcance dos feitiços que ele sabia que estavam por vir. Um lançado por James que agora se levantara e pegara sua varinha passara agora a centímetros de sua orelha. Severo se virou, e a troca de feitiços começou. Eram luzes lançadas pra lá e pra cá. Uma acabou por atingir a porta que separava o corredor do resto do bar, e agora Severo, de frente para ela, via em um canto Sirius se levantar e Avery o encarar, pondo a mão no ombro de Mulciber ao entender a situação. Enquanto os dois continuavam a brigar e os feitiços começavam a estourar canecas e bancos pelo bar, Sirius foi à direção deles, tirando sua varinha, mas Lupin atirou os braços em volta dele, impedindo-o de progredir e gritou para que James parasse. Avery segurou Mulciber, irado, de se juntar a briga também, mas torcia a berros para Severo. Snape acertou James, por fim, com um feitiço estuporante, fazendo-o cair desacordado embaixo de uma mesa. Ele abriu a porta do banheiro, para checar como estava Lily. Ela estava irada, mas seus pensamentos de ódio foram apagados quando ela viu o sangue no rosto dele e a destruição no local. Ela queria dizer algo, ela queria dizer que foi errado ele ter se metido naquilo, mas... Ela estava simplesmente muito aérea ainda com o fato de que ele a tinha defendido com garras e dentes ali. Ela não sabia o que sentia. Ele checava com perguntas até irritantes que ela respondia automaticamente a saúde dela e ela queria abraça-lo, mas quando finalmente teve uma oportunidade, viu Sirius, agora livre de Remo, correr na direção de Severo e desferir um soco. Severo Reagiu, empurrando-o, mas antes que ele pudesse fazer qualquer outra coisa Avery se aproximou e assumiu a briga. Os dois acabaram separados e furiosos por Snape e Remo.

Capitulo IV

Snape acordou na enfermaria. Sua visão estava turva, seu nariz e algumas outras partes do corpo ainda doíam. Lily estava sentada ao seu lado em um banquinho, com um livro nas mãos.
- O que... O que aconteceu? – ele perguntou confuso. Ele não se lembrava de grande coisa. Em um momento estava bem, separando uma briga e no outro... Nada, ele não se lembrava de nada.
Ela tirou os olhos do livro, fechou-o, sorrindo ao perceber que Severo tinha acordado, e colocou-o na mesinha.
- Bom dia.
- O que aconteceu? – ele repetiu.
Ela revirou os olhos, mas resolveu responder.
- Aparentemente Pettigrew sacou uma varinha e conseguiu te acertar com um feitiço. Te trouxeram pra cá e deram algumas coisas para você dormir. Sabe como é, acho que acharam que ajudaria na sua recuperação.
Ele franziu a testa.
- Não se preocupe, você não é o em pior estado aqui. – Ela apontou para as macas com James e Sirius ainda desacordados.
- Mulciber já foi liberado. Mas pelo visto ele fez certo estrago em um dos braços de Sirius antes disso. Madame Pomfrey disse que te liberaria pela manhã, ela deve passar aqui logo quando vir que você acordou.
Ele assentiu. As coisas ainda estavam girando um pouco.
- Então... Como eu estou?
- Seu pior problema é o nariz, de resto você não tem muito com o que se preocupar.
- Bom, não é como se pudesse ficar pior do que já era então...
Ela riu, se apoiando nas barras da lateral da cama.
Durante a noite tivera muito tempo para pensar naquela tarde. Ela nunca havia esperado uma atitude como aquela de Severo. Ele era seu melhor amigo, claro, mas nunca o imaginou tão protetor.
- Hey, Lil? – ele disse, tirando-a de seus devaneios. – Quer ir ao baile comigo?
Ela sorriu, corando.
- Você sabe que eu sou terrível dançando, não sabe?
Ele continuou a encarando, um sorriso malicioso no rosto.
- Claro, claro. – Ela se aproximou e o beijou na bochecha. Ele corou. – Quem mais teria ficado aqui a noite inteira com você de qualquer modo? Eu poderia ter passado essas primeiras... – ela olhou para o relógio – Sete horas do dia dos namorados de trilhões de outras formas mais interessantes. – ela riu, ele se sentia aliviado.
Madame Pomfrey entrou no quarto.
- Ah, sim. Sr. Snape, vejo que já acordou. Muito bem, muito bem. – Ela se aproximou rapidamente, checando-o – Beba isto, sim, tudo. – Ela olhou o relógio – Bom... Acho que é só. Você já esta liberado. Um nariz quebrado e alguns efeitos colaterais da queda pelo feitiço, mas nada grave. Imagino que a Srta. Evans já tenha te colocado a par de tudo. Ótimo, bem, evite quedas por um tempo, sim?
Ela afastou, saindo do quarto e Snape levantou. Quando ele colocara pijamas? Se perguntou, mas achou melhor deixar de lado. Lily ofereceu sua mão para ajudá-lo, mas ele dispensou a ajuda, caminhando até o banheiro pegando suas roupas na mesa.
- O que aconteceu enquanto eu estava apagado? – perguntou.
Ela se apoiou na bancada ao lado da porta do banheiro e começou a falar.
- Bom, eu tive que explicar a situação, mais algumas testemunhas e todos os que estavam acordados. Não demorou até que os professores chegassem à cena, estavam todos por ali. Pedro tentou escapar, mas as pessoas não deixaram, entende? Imagino que vão chamar você, James e Sirius para contarem suas versões mais tarde. McGonnagal estava bem brava. Mas acho que ela ficou mais ou menos do meu lado. Ou seja, do seu lado. James está mais encrencado.
Ele saiu do banheiro.
- Bom, podia ser pior. – Ele se olhou no espelho atrás da bancada, agora sem o curativo – Falei que não podia piorar. – ele olhou pra ela – Você passou a noite inteira aqui?
- Aham.
Ele riu.
- Mesmo sabendo que eu não ia acordar? – ela fez uma careta – Por quê?
Ela deu de ombros e ergueu as sobrancelhas.
- Porque eu me importo.
Ele sorriu.
- Obrigada.


Ela se olhou no espelho e sorriu, seu coração acelerado. Havia preso seu cabelo de lado, formando cachos grandes. Seu vestido longo e justo de seda verde escura abraçava seu corpo com perfeição. Ela se sentou na cama para por seus saltos enquanto as outras garotas brincavam sobre ela finalmente ir a um baile com um acompanhante. Elas nem ousaram questionar a escolha de Lily.
Ela tinha tido algumas horas para pensar em sua decisão. Mas se antes estava nervosa por poder dar a entender algo errado e acabar por arruinar a amizade deles, agora praticamente queria que as ideias surgissem. Ela finalmente havia percebido o quanto gostava dele. E aparentemente, o quanto ele gostava dela. Talvez a tensão entre os dois fosse por isso: eles nunca conseguiriam ser só amigos. Não se conhecendo tão bem, não se importando tanto, não do jeito que viam um ao outro. Ela respirou fundo.
Ela saiu ao corredor, por fim, e o encontrou parado na porta. Ele a encarou por alguns segundos.
- Você está linda. – disse, sorrindo e oferecendo-lhe o braço.
Ela sorriu, sem jeito, agradecendo. Eles andaram até o salão, todo decorado agora em tons de vermelho e branco. Muitos já dançavam animados pela banda.
- Quer dançar? – ele perguntou.
- Eu já te avisei sobre a minha capacidade com os pés...
Ele riu.
- Lily, você já me viu andando. Devo ser pior que você. Vamos. – ela fez uma careta, duvidando que alguém pudesse ter menos coordenação que ela, e ele a puxou para a pista.
Desajeitadamente os dois dançaram. Aos poucos foram se soltando e se misturando a multidão, e não ligavam para nada. Uma musica mais lenta começou.
- Quer pegar alguma coisa pra beber?
- Claro.
Eles caminharam até o bar rindo, ele com o braço nas costas dela.
- Está se divertindo? – ele perguntou.
- Sim. – ela sorriu. – Talvez eu devesse ter vindo em bailes acompanhada antes.
- Talvez. – ele pediu as bebidas e se virou novamente para ela – Mas você nunca se divertiria tanto sem mim. – eles riram. Ele estava brincando, mas para ela era verdade.
- Você tem razão, você sabe. Mas eu poderia ter te convidado.
- Não... Você tem vergonha de mais pra esse tipo de coisa.
Ela riu.
- Como você em todos os outros anos?
- É, mais ou menos por ai.
Eles pegaram as bebidas e começaram a caminhar para um dos terraços de pedra que davam para o lago.
Ela começou a se perguntar o que diabos ela estava fazendo. Ele tagarelava do seu lado, como sempre fazia quando estava nervoso e ela tentava definir o que agora era a relação deles. O clima entre eles pesava no ar com as dúvidas, ambos sabiam. Estavam juntos, em um baile, mas... Como amigos? Não era o que parecia. Mas também não era nada mais do que isso, era? Não até aquele momento.
- Pense bem – ele começou – É muita pressão em cima dos garotos. E das garotas. Já reparou como esses bailes sempre caem em datas estratégicas como o dia dos namorados? Ou próximos ao natal, ou em grandes eventos... É sempre quando tem gente mais frágil e desesperada por ai. Ter passado cinco anos nessa escola indo a apenas dois bailes é algo do que eu quase me orgulho. – ele riu – Quer dizer, pode ser extremamente constrangedor não ter um par por aqui.
Ela só o olhava, debruçada na sacada de pedra, com um sorriso no rosto. Precisava de definições, precisava acabar com a expectativa e com o nervosismo que estava fazendo seu coração bater tão rápido, e só havia uma maneira de conseguir as respostas. Ela largou o copo em cima de uma mesa e olhou para o grande relógio no meio do salão. 23:50. Mordeu o lábio, hesitante.
- O que foi? – ele perguntou.
Ela não respondeu, só caminhou até ele. A música lenta ainda tocava. Ela colocou as mãos em volta do pescoço dele. Agora que estava de saltos a diferença não era tão grande. Então ela o beijou lentamente. Ele pôs as mãos ao redor da cintura dela, puxando-a para mais perto e correspondeu o beijo sem empecilhos. O coração dela estava acelerado, mas desta vez não era ruim e de repente seu corpo parecia mais sensível de tudo a sua volta, de cada toque, de cada som. Milhares de borboletas pareciam ter sido soltas de seu estômago. Mas ela nunca se sentira melhor. A tensão parecia ter finalmente acabado, como se todo o ar a sua volta tivesse em um segundo ficado mais leve. E ele, finalmente, tendo a garota de seus sonhos nos braços não poderia ter tido uma noite melhor.
Depois de um tempo, ela se afastou e olhou nos olhos dele:
- Feliz dia dos namorados, Sev.
Ele a soltou e esticou o braço até um grande vaso e pegou um Lírio.
- Feliz dia dos namorados, Lily.


N/A: Sim, sim, um lírio, por que rosas são muito cliche,e porque eu amo lírios e por que Lily = lírio ee enfim x) vamos deixar essa parte de lado e recomeçar. Olaaa! Bom, primeiro eu quero desejar a todas e todos vocês um feliz dia dos namorados, tenha você encontrado sua metade da laranja ou não, como eu, por que né, nosso dia ainda chega meninas e meninos \o/ Aproveite muito esse dia abraçando seu amor, seus amigos, família, cachorros, gatos ou uma fic (S2), porque o especial é pra isso haha. Muuito obrigada por lerem, eu espero ter deixado seu dia mais alegrinho pelo menos por uns 15 minutinhos! -> esse deve ser o dia certinho pra usar todo tipo de diminutivo né u.u Bom, acho que é isso. Obrigada, de novo, por me aguentarem por mais de cinco mil palavras (alguém chegou aqui? *uhul*) Beijoos, tenham um ótimo dia!


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