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História por Esther Scott | Revisão por Sofia Queirós




Prólogo


Ele esteve lá o tempo todo, mas ela amava outro.
Mas como lutar com o melhor amigo dela? Aquele que a conhece a tempo suficiente para decifrar cada pequeno detalhe escondido entre milhões de sorrisos e lágrimas.
Ele espera pacientemente até o dia em que ela perceba isso, e que não seja tarde de mais.
Mas as vezes, o tempo é o melhor remédio para curar a dor de um amor não correspondido.


Há dois dias.


"Eu vou pedi-la em casamento, eu vou pedi-la em casamento..."
A mesma frase rondava a cabeça de desde ontem a noite.
Seu melhor amigo ia se casar. E definitivamente, não era com ela.
"Nada melhor do que pedi-la em casamento no dia dos namorados!"
Isso tinha acabado com e aumentado consideravelmente sua aversão por esse dia.
Jogou-se em sua cama e fechou os olhos pensativa, teria que sair para buscar no aeroporto daqui a dez minutos e não tinha a mínima vontade de ir.
Estranho, adorava ir buscá-lo. Em todos os feriados, festas... Ela sempre ia realizada. Sabia que ele odiava pegar ônibus ou taxi, então sempre fazia esse favor a ele.
Enrolou mais alguns minutos na cama e levantou-se para ir.

- Pensei que havia desistido de mim! - exclamou e virou-se para trás, estava a dez minutos andando pelo aeroporto atrás dele.
- Nunca! - Respondeu e foi abraçá-lo. - Como está os preparativos para o noivado? - Perguntou a contragosto.
- Ótimo! Quer dizer, eu nunca foi muito criativo então está de bom tamanho. Será no Hyde Park ao nascer do sol e a noite terá o jantar de oficialização. Ela e os pais chegam amanhã. - Finalizou quando entrou no carro e deu partida rumo a sua casa.
- ... Eu não sei como explicar, mas eu acho melhor eu ficar no hotel. - Falou e assim que ela parou o carro no sinal vermelho, olhou-o pávida. - Eu sei que sempre fico na sua casa, mas realmente é necessário - Completou e virou-se para a janela.
apenas deu a volta com o carro e foi para o Hotel Hyde, em frente ao parque que seria palco do horror daqui a dois dias. Sem ainda conseguir medir as palavras, foi o resto do caminho em silêncio.
Cinco minutos depois já estava parando o carro em frente ao hotel.
- Porque no Hyde? Era o nosso parque. - Perguntou sem conseguir deter sua curiosidade.
- Ele deixou de ser nosso no dia em que estávamos brigados e você não apareceu lá, mesmo sabendo que era um momento extremamente difícil para mim. - Respondeu magoado por ter que voltar ao passado. - E respondendo a sua pergunta, vou pedir lá pois foi aonde nos conhecemos. E ela me deu o apoio que minha melhor amiga desde que nasci, não foi capaz de me dar naquela época.
- Me desculpe - murmurou , mas não soube se ele foi capaz de entender. Bateu a cabeça diversas vezes no volante depois que entrou no hotel, e quando sua cabeça começou a demonstrar sinais de dor, parou. Deixou tudo de lado e escreveu mentalmente, devo seguir em frente.
Com este pensamento, deu partida no carro mas não foi para casa. Passaria em dois locais antes, pizzaria e em seu segundo lar.

- Por que você insiste em bater? Não sabe que eu sempre deixo a porta aberta? - perguntou estressado para Lena.
- Estou avoada hoje, me desculpe. - Explicou entrando na casa e indo direto para o sofá.
- Como se não estivesse nos outros dias - Sussurrou, mas alto o suficiente para ela ouvi-lo. Mas reprimiu-se assim que se lembrou do que ela tinha feito mais cedo.
Pegou as duas pizzas que tinha deixado no chão ao lado do sofá e levou-as para a cozinha. Não demorou muito e logo já aconchegava-se em seu colo.
- O que eu faço agora? - Perguntou manhosa.
- Compre um vestido para ir deslumbrante - Falou e riu de sua própria fala, mas o encarou com os olhos decepcionados e marejados, e ele percebeu que realmente ela não estava para brincadeiras. - Um abraço para melhorar - Falou com a voz fina imitando que sempre fazia isso quando ele estava mal. A garota riu e logo foi entrelaçada pelos braços de . - Vamos comer pizza! - Exclamou levantando-se e puxando-a com ele para a cozinha.

Virou a chave desligando o carro, enfim em casa. Saiu e cumprimentou o porteiro simpático e pegou o elevador.
Abriu a porta de casa e uma verdadeira zona mostrou-se. Andou até o quarto pegando as roupas e sapatos jogados pelo chão, e contrário aos outros dias, retirou os sapatos do pé e os guardou.
Escolheu uma camisola qualquer e entrou no banheiro para tomar banho. Depois de bons minutos debaixo da água quente, desligou o chuveiro e foi se deitar, vencida pelo cansaço.
não conseguia aceitar o fato de ter deixá-lo ir embora 10 anos atrás. Talvez se não tivessem brigado por causa de seu egoísmo, as coisas estivessem diferentes agora.
Sabia que era ingênuo da sua parte pensar assim, ele não teria desistido de uma grande promoção no trabalho por ela.
Mas talvez, teriam continuado numa espécie de namora à distancia… Mas certamente não teria dado certo.
Era e . e . E sempre seria assim. Poderiam ter casado, teriam milhares de filhos e morariam bem no interior, com uma casa bem grande de cercadinho branco. Seriam felizes. Ou o destino teria separado-os denovo.
Deveria ter sido otimista em relação aos dois há 10 anos, não agora, estava tudo acabado entre eles.
Mas uma coisa não mudaria por nada, apesar de tudo. Sempre valeria lutar pelos dois.

O telefone começou a tocar minutos depois, despertando de seu breve sono. Sequer tinha percebido que havia dormido em meio aos seus pensamentos.

Olá. Aqui é a , não estou em casa ou talvez esteja apenas te ignorando.
Deixe seu recado!

- Ei . Bom, eu fiquei o resto da tarde no hotel pensando em você.
Pedindo por favor que não esteja chateada comigo. Perdoe-me por mais cedo.
Espero poder desfrutar de sua companhia amanhã.
Um grande beijo, .

Não precisava de recado em secretária eletrônica, pedido de desculpas ou sequer ter falado alguma coisa.
Ela já havia o perdoado.


Há um dia.

Pov:

Meu celular despertou exatamente as sete horas da manhã. Peguei-o desligando o despertador.
Segundo informação da própria, ela ia hoje buscar a futura noiva no aeroporto. E calculando o que ela faz antes de sair de casa cedo, como por exemplo: Dormir 10 minutos a mais do que deveria, levantar lentamente e ir tomar um banho mais ainda, ficar em frente ao guarda-roupa esperando que uma roupa boa apareça de repente a sua frente…
Neste momento, em vez de estar chegando ao aeroporto, estaria correndo pelo apartamento procurando as chaves, o celular e calçando uma sandália. Como sempre, segundo seus relatos, o elevador estaria na puta que pariu em vez de no andar dela ou pelo menos próximo.
E então, por fim, desistiria de procurar o celular em suas bolsas e calças, e desceria pelas escadas.
Tudo isso para não decepcionar , vale dizer.
Contei até 20 e apertei o send do celular.
- !
- Ei - falei, ainda com a voz sonolenta.
- Devo lhe agradecer pela décima quinta vez por me ligar exatamente agora. Procurei meu celular pela casa inteira e não achava. E ele estava no carro, acredita? - Perguntou mostrando-se surpresa.
- Não consigo nem acreditar - ri.
- Não ria! - Repreendeu-me - Eu me atrasei por isso.
- Só por isso? - Perguntei, mesmo sabendo que ela confirmaria.
- Claro! Eu estava dentro do horário certo e não achava de jeito nenhum. - Soltei uma gargalhada sabendo que era mentira. Todos os dias da semana em que ela ia trabalhar era assim. - Caralho! - Gritou irritada.
- O que foi ? - Perguntei assustado.
- Transito na avenida. Malditas crianças que fazem os pais acordarem cedo para levá-las para o parque. - Levantei da cama e fui escolher uma roupa para vestir depois do banho. - Te ligo mais tarde. E não se esqueça que vai almoçar comigo hoje!

Entrei no banheiro e fui tomar um banho ainda esbravejando por me fazer ir a esse almoço ridículo. O que eu tinha haver com toda a história de que o melhor amigo dela ia se casar e ela estava odiando isso? Não faço a mínima ideia. Mas certamente, eu teria que conhecer os pais da noiva.

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Ajeitei a gravata azul-marinho e me mexi desconfortável na cadeira do restaurante.
A futura noiva, Kelly, estava rindo de tudo que falava. Diferentemente do resto da mesa.
estava, obviamente, pegando pesado. Mas não percebia que era de propósito.
A garota não estava apenas relembrando os momentos mais constrangedores dele, estava jogando sujo.
Queria mostrar a Kelly tudo de ruim de e fazê-la não aceitar o pedido amanhã. Mas não estava dando muito certo, Kelly se divertia com tudo isso.
Diferentemente dos pais, que não estavam com a cara nada boa.
Os pratos chegaram e todos foram servidos muito bem. Mas acredito que alguns ficaram com indigestão depois do comentário de . Eu apenas me pus a rir disfarçadamente.
Depois de uma pequena oração de agradecimento, resolveu abrir a boca mais uma vez.
- Vocês são religiosos? - Perguntou docemente.
- Sim, extremamente. Acreditamos que o caminho de Deus é o melhor, e o resto está perdido no mundo. - Respondeu a mulher e sorriu para o marido e para a filha.
- Ora, e vocês não acham um problema não acreditar em Deus? - Depois da pergunta descabida de , olhares surpresos se dirigiram a Kelly, o dela para pedindo explicações, e passava o olhar por todos ali, provavelmente rindo da situação.
- Isso é passado - tentou concertar as coisas assim que percebeu que Kelly não falaria nada. - Não achei que fosse necessário comentar.
- Passado ? - Perguntou fazendo sua falsa cara de desentendimento. - Antes de ontem mesmo você comentou algo sobre isso no telefone comigo. Eu seria até capaz de repetir as exatas palavras…
- Não será preciso - Falou forte o pai da garota - Nós três vamos nos retirar rapidamente. Com licença - Avisou e puxou a filha pela mão e a esposa apenas acompanhou.
encarava que ainda olhava para onde os outros três iam.
Eu, presente em um momento delicado desse, dei um chute com meus sapatos, usados pela primeira vez, na canela de .
- O que você estava pensando ?
- Desculpe-me , eu não sabia que você guardava segredo deles. É bom avisar antes!
- Depois nós conversamos - encerrou o assunto assim que os outros voltavam a mesa.
Os pratos chegaram imediatamente e todos comeram num silêncio de me causar náuseas.

- Pai, eu ficarei com agora para conversarmos. - Kelly falou assim que acabou de comer, já que todos haviam acabado há tempos.
Os pais da garota, sem falarem nada, saíram da mesa apenas silabando uma despedida para eu e .
Nós quatro levantamos da mesa e fomos embora.
Não sei o motivo, mas todos nós fomos para o quarto de hotel de , que eu poderia dizer facilmente que era maior do que o meu apartamento.
- , acompanhe-me - falou indo até um “escritório”, deixando eu e Kelly sozinhos no sofá.
Mas , antes de ir, passou lentamente ao meu lado sussurrando um “Dá em cima dela” e rindo.
Eu claro, apenas fiquei calado um bom tempo. Até que os dois voltaram para a sala.
- Vamos ! - Exclamou me chamando. Despedimos de e Kelly e fomos embora.
- Como foi lá dentro? - Perguntei quando a porta de elevador fechou.
- Nada demais, me desculpei e ele aceitou. Aproveitei também para encher a cabeça dele de dúvidas sobre o casamento.
- Você está passando dos limites . - Falei e saímos do elevador indo para o carro de .
Fomos em silêncio até meu prédio.
- Eu amo ele , me entenda - Falou com os olhos marejados.
- Vai subir? - Perguntei.
- Não, pediu para que eu acompanhasse Kelly hoje enquanto ele resolvia os últimos preparativos.
Abri a porta e saí do carro, e a fechei em seguida.
- Eu te amo , e nem por isso faço alguma coisa em relação a você e seus amores - Expliquei, ela ouviu e sorriu. E sem dizer mais nada, deu partida no carro e foi embora.

Subi para o meu apartamento e joguei-me no sofá.
Lembrei-me imediatamente de . Ela esteve ali boas horas ontem a noite.
Reclamando de , de casamentos…
Reclamou o tempo inteiro, mas eu não me importava. Seria sempre , independente se ela estava agindo como um ajo ou com uma mente maléfica querendo acabar com um namoro.
Retirei minha roupa e coloquei-as para lavar.
Deitei no sofá e liguei a televisão, fiquei entretido por um bom tempo com o final de um filme, e quando acabou mudei de canal milhares de vezes mas nada prendeu minha atenção novamente.
Busquei me celular na mesa do centro e fui para o quarto.
Disquei o número de , pensando se deveria fazer isso ou não, mas por fim liguei.
- Ei !
- Qual é o motivo de tanta alegria?
- Não imagina? - Perguntou e eu fiz silêncio, esperando ela entender que era para explicar. - Eu fiquei falando sobre o tempo inteiro, sobre várias coisas dele… E por fim, ela ficou calada e de vez em quando falava “Eu não sabia disso”, “ Você sabe tanto sobre ele”, e quando falei sobre as cuecas jogadas, meias e o temperamento dele, ela fez uma cara tão esquisita que eu quase caí no chão rindo.
- E o que ela está fazendo agora?
- O chegou aqui e agora eles estão discutindo sobre ela ter dado em cima do atendente da loja. Ele achou o número do cara na bolsa de compras.
- Ela fez isso? - Perguntei surpreendido.
- Não, eu fiz isso. E acidentalmente o cartão parou na bolsa dela. -
- E você acha isso certo? - Perguntei.
- Olha , não é hora para isso. está vindo para cá. Até mais! - Falou desligando, mas antes pude ouvir ele pedir para levá-lo em casa que Kelly ficaria com o carro dele para poder ir embora.

Joguei meu celular para o lado e dormir quase instantaneamente, porém não perdurou até o dia seguinte.
Um pouco pela minha fome, um pouco pelo horário e claro, por .

Você tem uma nova mensagem.

Você não vai acreditar .
está totalmente confuso em relação a amanhã. Ouvi da boca dele falar que agora está percebendo quem ela realmente é. Disse que não tem mais certeza de nada, só que amanhã ele irá acordar bem tarde.

O que você falou para ele?
E ele acordar tarde tem haver com o que ?

Ele pediria a mão dela quando o sol nascesse no Hyde park!
E exatamente como ele irá fazer isso se estiver dormindo?
Algo sobre eles serem os opostos, que ela vai querer participar dos assuntos financeiros dele, já que sua família é rica, e os pais dela não gostaram nada dele e o resto da família também não irá.
E ela, para ajudar-me completamente, veio aqui e falou umas boas para ele, sobre algumas coisas que eu havia dito hoje mais cedo.

Me diga que você não tem nada haver com a dormideira repentina dele.
E que está arrependida de tudo isso!

Haha, vá dormir e deixe-me em paz!
Beijos.


Dia dos namorados.

Pov:

- , acorda. - Já estava há meia hora tentando acordá-lo, não que isto fosse do meu agrado. Por mim, ele dormiria até o dia que a Kelly pegasse seu avião e fosse para bem longe.
Mas infelizmente não era possível.
- Porra , me deixa dormir! - Ralhou.
- Deixe de ser injusto! Estou lhe fazendo um favor! - Deitei-me ao lado dele e encarei-o. - Kelly lhe mandou uma mensagem.
- Avisa que não quero vê-la. - Respondeu enfiando o rosto dentre os milhares de travesseiros.
- Ela não irá entender - Tentei convencê-lo.
- Eu não estou me entendendo. - Disse sentando na cama. Pegou minhas mãos e as entrelaçou com as dele. - Tudo que você disse estava certo. Só ontem eu desconfiei dela me traindo, se intrometeu em assuntos pessoais, falou asneiras… Eu estou cansado.
- Você quem sabe - Respondi e fui trocar de roupa no banheiro.
- Como assim eu que sei? - Perguntou indignado e eu ri fraco para ele não poder me ouvir - Estou querendo acabar com tudo e é isso que você me diz? Não tem um consolo, uma dica… Nada?
- Eu nunca gostei dela - Falei saindo do banheiro. - E eu tenho que ir embora. - Dei um beijo em sua bochecha.
- Adeus minha grande amiga conselheira!
- Avise-me se vai haver jantar hoje ou não! - Gritei já do lado de fora.

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Eu havia dormido demais. E isso é um fato verídico.
Vesti uma roupa qualquer depois de um bom tempo em frente ao guarda-roupa, peguei as chaves que estavam por baixo de um bolo de revistas de vestidos e desisti de continuar procurando o celular assim que chequei novamente o relógio. Quinze minutos para as três.
Liguei o carro e acelerei, torcendo para que chegasse o mais rápido possível no Hotel Hyde.
Esperei longos minutos o elevador e intermináveis dentro dele.
Rezei 15 vezes o Pai Nosso antes de abrir a porta do quarto.
Ainda bem que havia preparado-me psicologicamente.
Todas as roupas, anteriormente na mala, estavam jogados pelo extenso quarto.
Havia garrafas de bebidas alcóolicas, provavelmente desconhecidas pela maioria da população, vazias.
- ! - Gritei desesperada. Olhei rápidamente por todo o cômodo e encontrei-o sentado no chão entre a cama e a parede.
- Acabou tudo! Tudo! - Falou chorosamente - O que eu irei fazer?
- Acalme-se , por favor - Pedi sentindo meus olhos e minha garganta arderem.
- Eu a amo! Muito , muito mesmo!
- Eu sei, desculpe-me. - Algumas lágrimas escorreram por meu rosto e ele se pôs a enxugá-las.
- Vamos tomar um banho - Levantei-me e o ajudei a fazer o mesmo.
A secretária eletrônica, que deveria estar repetindo a um bom tempo, novamente começou a falar.

Esta tudo acabado! Por que você me fez vir até Londres? Para terminar comigo?
Você é um idiota, mas não precisa se preocupar comigo.
Eu estou indo embora.


Senti todo o meu corpo estremecer, eu havia causado aquilo. Eu mal me lembrava o motivo disso tudo.
No final, eu apenas havia machucado mais ainda .
- Sente-se aqui - Pedi para e ele jogou-se na cama fechando os olhos.
- O que você esta fazendo? - Perguntou meio sonolento.
- Calado! - Pedi não muito educadamente.
Ótima hora para não atender. Liguei mais uma vez, e outra.. Até que enfim ele atendeu.
- Espero que tenha um boa desculpa para me acordar - resmungou e assim que ouvi sua voz sorri, metade alegre e a outra metade menos preocupada.
- Eu preciso que você venha até o hotel onde está e ajude-o a tomar banho.
- Uma pequena pergunta antes. Você acha que eu sou viado? - Só para me fazer rir a essa hora. Não pude conter uma gargalhada e com isso, olhou confuso.
- Não, porque essa pergunta?
- Não sei, de repente porque você esta me mandando ir para um quarto dar banho em outro cara.
- Cale a boca . Eu preciso muito, venha rápido - Pedi percebendo meu desespero voltar.
- Já estou no carro! - Avisou - Tchau.
- - Gritei - E quanto a sua opção sexual, eu não me importo - Ele já havia retirado o celular da orelha certamente, mas com certeza aquele “Vai pra puta que pariu” foi direcionado a minha pessoa.

Respirei fundo quinze vezes tentando continuar fazendo a coisa certa.
estava deitado na cama sem camisa e completamente bêbado.
Há três dias eu queria exatamente aquilo, eu o ajudaria a sair daquela e ficaria com ele. Mas agora, as coisas eram diferentes.
Não que eu não o amasse. Pelo contrário, eu o amava demais. Mas não estava mais confusa quanto a isso.
De repente eu e ele não éramos uma opção tão boa.
Talvez tudo aquilo havia me ajudado a perceber isso. havia mudado, e certamente eu também.
Não somos mais os mesmos de dez anos atrás. Muito menos os sentimentos em relação a sermos um casal.

- Preciso que você fique bem quieto - Pedi aproximando-me da cama. - Espere parado até o chegar. - Pedi mais uma vez, recebendo em troca um “uhum” sonolento.
Desci correndo as escadas decidindo para onde eu iria agora.
Sentindo uma fadiga, diminui o passo. Pude ver entrar no elevador, sem ao menos me ver antes.
Peguei a chave no bolso da minha calça e entrei no carro indo ao aeroporto.
Tive tempo até de ligar o rádio, graças ao infernal trânsito da cidade.
Cerca de 15 minutos depois eu já entrava no aeroporto atraindo milhares de olhares esquisitos.
- Kelly! - Gritei.
- o que faz aqui? - Perguntou parando de andar e repousando as malas.
- Eu preciso que você volte para o .
- Como assim? - Perguntou confusa. - E aliás, ele que não me quer.
- Eu o farei mudar de ideia. - Tentei acabar com o assunto e puxei sua mãe indicando para ela ir comigo. Mas Kelly continuou parada com uma cara de bunda que ela é mestre em fazer.
- Eu não irei humilhar-me desta maneira. E, mesmo se fosse, ele está crente que eu o andei traindo.
- Você está traindo ele? - Perguntei direta, mesmo sabendo a resposta.
- Claro que não - Negou indignada.
- Então está tudo bem por mim. - Falei e enfim ela cedeu e se direcionou ao carro comigo.
Coloquei suas malas na parte trás e sentei no banco motorista percebendo uma Kelly inquieta.
Girei a chave e o carro ligou.
- Ah, quase me esqueci - Falei batendo a mão na testa - Você o ama?
- Sim , sim - Respondeu revirando os olhos e dando um sorriso tímido.
- Então vamos! - Exclamei apertando o pé no acelerador e partindo.

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- Sente-se aqui e espere até eu descer com ele.
Kelly sentou-se em uma das cadeiras da recepção.
- Tem certeza ?
- Toda Kelly - Respondi sorrindo verdadeiramente para ela.

Peguei o elevador e segundos depois já estava batendo na porta. abriu-a em seguida.
- Cade ? - Perguntei entrando e passando o olhar por todo o cômodo pela segunda vez no dia.
- Foi embora - Respondeu dando ombros.
- E o deixou sozinho? - Perguntei assustada.
- Eu já estou bem . - Respondeu e foi me abraçar, sem nenhum motivo aparentemente.
- Nada meloso comigo no momento ok? Por favor. - Pedi me distanciando dele. - Não dê chilique. Kelly está ai.
- Como assim? - Perguntou aproximando-se novamente e me chocalhou.
- Eu preciso que você a desculpe. Ela não te traiu, não mentiu para você, ela é um anjo .
- Como você tem certeza disso tudo?
- Eu apenas tenho, por favor. Vamos lá! Você a ama e esse sentimento é mútuo.
- Porque isso agora?
-Porque eu gosto dela. No começo não, mas agora… Eu me sinto arrependida por não ter te forçado à pedi-la em casamento no aeroporto quando ela desembarcou.
- Puta que pariu. E agora? E agora?
- E agora o que ? - Perguntei apreensiva.
- O sol já vai se pôr. E não vai ser nada legal como eu tinha planejado…
- Meu melhor amigo vai se casar! - Gritei e fui correndo abraçá-lo.

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Acenei para os quatro indo embora.
Era final do dia dos namorados e este era o pior.
Nem direito a cobertas e chocolate eu estava tendo.
Sentei em uma das cadeiras do aeroporto e mexi freneticamente na renda do meu vestido. Por fim, desisti de fazer isso e resolvi ligar para .
- Eu estou no aeroporto . E eles estão aqui.
- O que você fez?
- Eu fiz o que vim fazer. - Respondi suspirando.
- Os separou?
- Não, eu me despedi.
- Você está bem com isso? - Perguntou preocupado.
- Melhor do que imaginei.
- Sabe, eu lhe imagino sentada sozinha em um banco jogada de qualquer jeito falando ao telefone - Confessou rindo - Ora enrolando os fios no seu dedo - Parou de falar e eu retirei meu dedo do cabelo colocando-os sobre meu vestido - E ora mexendo na renda do seu vestido - Finalizou soltando uma risada.
Olhei para todos os lados o procurando, mas não o achei.
- Sabe o que aconteceu com uma garota que procurou a felicidade? - Perguntou rindo e eu me levantei, olhando mais delicada para todos os lados.
- O que aconteceu? - Perguntei sorrindo.
- Foi feliz para sempre. - Respondeu e por um passe de mágica entrou em minha área de visão.
- Como você me achou? - Perguntei sem saber se continuava ao telefone, gritava ou corria até ele. Fiquei com a primeira opção.
- Coincidências, deduções, informações de … - Explicou - Precisa de mais alguma coisa? - Perguntou.
- Não, só de você - Respondi abraçando-o e um sentimento diferente em relação a ele se apossou.
Ele riu.
- Isso você já tem.



Epílogo
Dia dos namorados - 2030

Depois de um bom tempo que foi embora, eu ainda encontrava-me pensando em nós dois.
Apesar de ter ao meu lado, eu ainda sentia que não estava completa.
Mas mais uma vez esteve lá, aguardando-me abrir os olhos mais uma vez. E não entregar-me a ele apenas de corpo, mas também de alma.
Mas isso não aconteceu acelerado e sim em etapas, mais demoradas do que deveriam.
E por isso, em 2016 eu me vi perdida novamente. havia desistido.
Havia passado quatro anos e eu ainda não o deixava participar da minha vida inteiramente.
Então ele foi embora.
E olhando agora para trás, acho que foi o melhor dos tempos, apesar de certa forma ter sido apenas desilusão. vEu havia acabado de completar 30 anos. Eu tinha planos, sonhos, vontades e futuro…
Mas encontrei-me perdendo tudo aquilo.
Foi uma época de grandes escolhas. Às vezes as coisas que você mais quer não acontecem. E às vezes, as coisas que jamais esperaria acontecem. Como desistir do meu trabalho em Londres e tudo.

A vida muda de um jeito e nunca permanece a mesma, mas sempre será a sua vida.

Eu peguei o primeiro voo para a Alemanha depois de 5 anos que não via e fui embora.
Durante um tempo na Alemanha, eu me sacrifiquei por ter feito a mesma coisa que . Fugido da vida.
Mas assim que obtive o perdão de , que residia em Munique, eu percebi que não havia semelhança nenhuma. Eu larguei tudo, mas fui atrás da única pessoa que viu o melhor de mim em um momento obscuro.

E então eu já tinha 35 anos, e o que eu havia feito? Só corrido atrás de erros do passado.
Eu não tinha casado, não tinha filhos…
Eu tinha , mas não era um grande feito para uma mulher na minha idade.
O amor… É esse sentimento eclético e profundamente conectado com o resto da vida.
Você não quer ele puro, quer também a realização pessoal que vem junto com ele. Mas vale lembrar que eu não tinha. Ainda.

Mas então você evolui, adapta-se… E agora 18 anos depois, de ter deixado seguir em frente e começado a me envolver com , Eu olho para minha nova vida e minha grande família, e penso numa frase bastante famosa: Nunca é tarde demais para ser o que você poderia ter sido.

retornou o namoro com em 2021 e casou-se em 23, ainda na Alemanha.
Em 24, após o retorno a Londres, teve um casal de gêmeos: Angelina e Joshua.
E em 26, acrescentou mais uma menina a família: Johanna.

Atualmente, (43), (44), Angelina, Joshua (Ambos com 6) e Johanna (4), moram no interior da Inglaterra em um casa com cercadinhos brancos.
, seus dois filhos e sua recente esposa todos os anos no verão vão visitá-los.
E Kelly também, apesar de nos últimos dois anos não ter ido por estar constantemente viajando com seu namorado, jogador de futebol aposentado.


Fim.


N/a: Oi leitoras! Minha primeira fanfic finalizada aqui no ffobs, e primeira short escrita.
Primeiro queria agradecer a todas que leram e comentaram (se alguém ler, claro), essa fic foi escrita de última hora para o Especial dia dos namorados.
Queria agradecer também a Sofia, que deve ter betado essa fanfic na correria, já que eu mandei bem em cima da hora.
Um beijo.

Só para avisar, eu tenho outra fanfic aqui no ffobs, chama-se Sem Lembranças e está em mcfly/andamento.


NOTA DA BETA: Encontrou erros que provavelmente passaram despercebidos pela desastrada aqui?
     
P.S: A opção "descontar na autora através dos comentários" foi desativada pela eminente injustiça que representa.


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