8781 Km
autora: Anna || beta: Paah Souza.



Bryan diz: Eu te amo, .
diz: Por que você ta falando isso agora? Você sabe que eu também te amo, você é o meu melhor amigo.
Bryan diz: Porque eu acho que eu estou apaixonado por você.

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Até hoje, quando eu olho pra trás e relembro os detalhes de como a gente se conheceu, eu me pergunto como eu não tive certeza de que se tratava do meu ídolo o tempo todo. Já fiz essa pergunta pra minha melhor amiga milhões de vezes, e ela sempre diz que não havia como eu saber. Talvez ela tenha razão. Mas agora que eu sei a verdade todas as evidências parecem tão ridiculamente claras, que eu me odeio por não ter nem mesmo desconfiado.

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O ano começava, e a vida monótona de estudante do ensino médio continuava se repetindo, apesar dos meus sonhos malucos sobre ir pra Londres e finalmente conhecer a banda mais maravilhosa do mundo e, se possível, me casar com o da mesma. E assim, como no início do ano anterior, todos os meus sonhos tiveram que ser deixados de lado, para que eu me concentrasse em infinitas aulas de física, química, redação, português e seus respectivos professores chatos.

E, como sempre na minha vida monótona, eu liguei o computador assim que cheguei da escola. E pensar que, durante o almoço, eu nem imaginava que naquela tarde eu conheceria o meu melhor amigo.

Depois de uma exaustiva sessão de deveres de casa, tudo o que eu queria era entrar no computador e esquecer que quantidade de movimento é igual à massa, vezes velocidade. Entrei no MSN e estava tudo normal. Além de estar no Messenger, eu obviamente estava no Omegle. A melhor ferramenta para se assustar estrangeiros (ou ser assustada). E mais uma vez, como sempre, todos saíam da conversa depois que eu citava o desenho Billy e Mandy, ou afirmava que era uma pirata do século XXI.

Stranger: Hi. (Oi)
You: ARE YOU BILLY? (VOCÊ É O BILLY?)
Stranger: MANDY, IS THAT YOU? (MANDY, É VOCÊ?)

Foi assim que eu conheci meu melhor amigo. Nessa conversa aparentemente sem noção, eu fui apresentada a um estranho que me entedia melhor que meus pais e com quem eu me sentia tão à vontade quanto com uma amiga.

Com o tempo a conversa se tornou mais racional, se transferiu para o MSN e eu descobri que ele morava na Inglaterra, se chamava Bryan, tinha anos e uma namorada. Lógico que eu fiquei super animada por conhecer alguém que morasse no país dos meus sonhos e, por mais que soubesse que podia ser perigoso, contei minha vida pra ele. Meus pais, minhas irmãs, minha escola, professores, dramas, tudo. Ele, por sua vez me contava bem menos coisas, não entrava em detalhes sobre sua família, ou o que fazia e coisas assim. A coisa mais íntima sobre ele que eu sabia era que sua namorada se chamava .

Apesar do jeito tímido e caladão dele, nós nos dávamos muito bem, e, às vezes, eu entrava no MSN simplesmente pra falar com ele e mais ninguém. A gente se conhecia há uns três meses e quase sempre que a gente se falava eu ligava a web-camera, para que ele pudesse me ver, e, apesar de sermos confidentes um do outro, eu nunca tinha visto mais que uma foto dele, o que tenho que admitir: me deixava muito puta.

O que me estressava ainda mais era que, apesar de no final de cada conversa nossa eu sempre me prometer que não ligaria a bendita web de novo até que ele concordasse em ligar a dele também, eu sempre estava lá no dia seguinte. Com um sorriso idiota no rosto enquanto ele dava todas as respostas certas pras minhas perguntas, ou apenas fazia os comentários mais lindos e encorajadores do mundo sobre algum problema diminuto meu.

O jeito como ele me ouvia e entendia mesmo que tudo que eu falasse fosse idiota e infantil. Eu me encantava quando ele não me chamava de louca quando eu explicava que um comentário dele tinha sido uma “opinião muu” (ou seja, não tinha importância, era dispensável, assim como a opinião de uma vaca, era uma “opinião muu”). E quando, mesmo que a namorada dele estivesse dormindo do lado, ele ficava horas conversando comigo no MSN.

Ele era o meu melhor amigo no mundo, e, mesmo não o conhecendo pessoalmente e nem mesmo pela web cam, eu sentia ciúmes dele, queria protegê-lo e abraçá-lo sempre que alguma coisa dava errada, ou quando ele brigava com um de seus melhores amigos.

Eu sempre mantive o nosso “relacionamento” simplesmente uma amizade, afinal ele tinha uma namorada e estava a mais de 10.000 quilômetros de mim. Além disso, me parecia inconcebível que um homem de anos pudesse algum dia se interessar por uma adolescente de .

O mês de abril já estava na metade e passando muito rápido. No mês seguinte, a banda dos meus sonhos (leia-se o dos meus sonhos) viria mais uma vez para o Brasil e eu ainda não tinha comprado os ingressos para o show que eu iria, mesmo que tivesse que ir a pé. No ano anterior, eles haviam feito outra visita ao país, e eu tinha estado lá. Esse ano não seria diferente.

Minha amizade com Bryan continuava como sempre: perfeita, e me fazendo pensar cada vez mais no quanto era injusto ele estar tão longe. E como sempre eu continuava contando pra ele absolutamente tudo sobre mim, inclusive minha preocupação mais recente: o show do McFly. Estranhamente, sempre que eu mencionava a banda, ou o , ele se fechava, ficava frio e fazia comentários como: ele não te merece e coisas assim. Esse assunto sempre rendia discussões, e, por isso, eu preferia evitá-lo, por razões obvias.

Confesso que com a aproximação do show ficou mais difícil não tocar no assunto tão temido, mas essa era a menor das minhas preocupações. Bryan estava diferente. Não entrava tanto quanto costumava, tinha sempre que sair cedo e, por mais que eu quisesse evitar isso, a gente se afastou um pouco, afinal nós não podíamos mais conversar o dia todo, ou contarmos tudo um pro outro (não que ele me contasse alguma coisa).

Apesar da crescente distância entre nós (como se o oceano não fosse suficiente), nada do que eu sentia por ele havia mudado. Bryan ainda era meu melhor amigo e a falta que ele me fazia era indescritível.

Maio chegou e com ele mais ausência da parte dele e mais ansiedade da minha parte. E cada vez que a gente se falava era como se o mundo pudesse acabar e, ainda assim, nós teríamos assunto e estaríamos felizes simplesmente por nos falarmos. Contudo, o comportamento do Bryan não tinha mudado, ele continuava distante e nesse ponto mal entrava no MSN. Suas justificativas eram sempre as mesmas: muito trabalho, problemas no namoro e coisas assim. Eu queria e fazia de tudo que podia pra ajudar, mas quando se está do outro lado do oceano, e tudo que a pessoa que você ama precisa é de um abraço não há muito que fazer.

Mesmo com todos os problemas dele e com a minha frustração por não poder ajudar, a vida continuava e eu tinha finalmente comprado o ingresso para o tão esperado show. Nem preciso dizer o quanto estava animada, não é? E, por causa da minha animação, praticamente berrei a noticia pra Bryan assim que nós nos falamos. O que levou a mais uma sessão de reclamações e questionamentos sobre como eu conseguia gostar de McFly e onde eu enxergava beleza no . Mais uma vez, eu ignorei as provocações e perguntei sobre a vida dele, esperando a resposta de sempre: chata, exatamente como ontem. Mas a resposta foi completamente diferente.

Bryan diz: err... I broke up with (err... eu terminei com a )
diz: why would you do that? I always thought you would end up married! (por que você faria isso? Eu sempre achei que vocês terminariam casados!)
Bryan diz: I love you, . (Eu te amo .)
diz: Why are you saying that now? You know I love you too, you’re my best friend. (Por que você ta falando isso agora? Você sabe que eu também te amo, você é o meu melhor amigo.)
Bryan diz: Because I think I’m in love with you. (Porque eu acho que eu estou apaixonado por você.)

Por mais brega que isso possa soar, meu coração acelerou e, pela primeira vez desde que tínhamos nos conhecido, eu não tinha idéia do que dizer. Meus dedos percorriam o teclado levemente, enquanto eu pensava numa resposta que fizesse sentido. Por meses, tudo o que eu sentia por ele vinha sendo encoberto sob a capa de amizade. E sob o meu medo de me deixar apaixonar por alguém que estava tão longe fisicamente porque Bryan definitivamente fazia parte da minha vida, mesmo que não estivesse presente todos os dias em carne e osso.

diz: I love you too. (Eu também te amo)
Era a única coisa que fazia sentido. Qualquer outra coisa que eu dissesse estragaria tudo. Eu tinha que dizer a verdade e havia feito exatamente isso. Por mais que eu não tivesse admitido pra mim ainda, eu o amava. Era simples, e fazia todo o sentido do mundo dizer aquilo em voz alta. Eu estava apaixonada pelo meu melhor amigo e ele me amava também. Mas, como sempre, o pequeno obstáculo que o oceano Atlântico representava surgiu na minha mente, ofuscando a felicidade momentânea.

O MSN fez seu irritante e característico barulhinho, o que me despertou dos devaneios. Bryan estava offline, ele tinha ficado online somente o tempo suficiente para ler minha resposta. Prendi a respiração por um segundo, enquanto subia a barra de rolagem da janelinha do MSN, como se pra me certificar de que toda a conversa não passara de um sonho ou algo assim. Ler as palavras dele de novo me fez sorrir e isso teve o mesmo efeito nas incontáveis vezes em que reli a conversa naquele dia.

Minha visão estava desfocada quando fui acordada por minha mãe às três da manhã do dia seguinte. Eu tinha dormido bem e, finalmente, o dia do tão esperado show chegara. Por mais que chegar a fila naquela hora pareça loucura, e provavelmente é mesmo, eu precisava ficar na grade esse ano. E isso era um fato.

Tenho que admitir que a fila foi bem entediante. Mesmo que minha excitação por poder ver meus ídolos mais uma vez fosse gigante, tudo o que eu conseguia pensar era sobre Bryan e o que ele sentia por mim, ou o que eu sentia por ele. Ainda não fazia muito sentido, nada daquilo principalmente porque eu nunca tinha visto ele.

Contudo, eu tive que tirar isso dos meus pensamentos quando as pessoas na fila começaram a correr em direção à entrada da casa de shows em que o McFly tocaria. Só digo que a entrada do show, cheia de empurra-empurra e correria foi a parte fácil da apresentação. É lógico que eu tinha que grudar na grade e foi isso que eu fiz. O que eu não previa era a força que as pessoas ao meu lado estavam dispostas a fazer pra me tirar dali. Acho que nunca fiz tanto exercício pros bíceps. O show foi perfeito, eu chorei, gritei, cantei e pulei, como já era de se esperar.

As musicas se relacionavam com minha vida, em vários aspectos, inclusive o mais urgente e atual: Bryan. Após quarenta minutos de muita força pra não ser esmagada e não perder meu lugar, eu estava cansada, mas não poderia estar mais feliz. Chegou, então, a parte que praticamente todas as fãs loucas como eu esperavam, os guys iam conversar com o publico, agradecer, antes dos últimos minutos de show. Sinceramente, não tinha idéia se ficava eufórica, ou triste por saber que estava no fim.

Como sempre, o Danny falou primeiro, seguido do Tom, Dougie e por último o . Gritei como uma louca em resposta a todos, mas o que realmente me interessava era o . Quando ele falou, meus olhos se encheram de lágrimas e, em meio a outras milhares de choronas, eu não entendi muito bem porque tamanha comoção. Só quando ele continuou falando eu percebi. Sua voz me lembrava muito a do Bryan, meu coração perdeu uma batida, mas eu me concentrei sem querer perder uma palavra do que ele dizia.

- Thank you so much you all for coming today, you’ve been a great audience! (Muito obrigado a vocês por terem vindo hoje, vocês foram uma platéia ótima!).

Gritos.

- We love Brasil, and I have to say it, São Paulo’s been one of the best! (Nós amamos o Brasil, e eu tenho que dizer, São Paulo tem sido um dos melhores.).

Mais gritos.

- Err... I’d like to take a moment now and try to find a person I know is here today. (Err... Eu gostaria de um momento agora pra tentar achar uma pessoa que eu sei que está aqui.).

Silêncio. Silêncio mortal dentro de uma casa de shows lotada por alguns segundos antes que a excitação e a antecipação tomassem conta de todos. Todos queriam saber quem era essa pessoa que faria o parar o show pra achá-la.

- Err... ? ?

Milhares de gritos de supostas ’s, pessoas se empurrando, pessoas ME empurrando e nesse ponto eu não conseguia mais manter a força constante na grade pra continuar ali. Minha voz se recusava a sair, e minha boca a se fechar. Minhas irmãs estavam no mesmo estado, me encarando em milhares de perguntas mudas. O havia vindo até a beirada do palco e olhava atentamente a multidão, procurando por sua garota. Procurando por mim.

Minha voz ainda não saía, e eu acho que estava meio catatônica encarando o palco porque um dos seguranças que ficam entre a grade o palco segurou meus braços e me puxou, provavelmente com medo de que eu estivesse desidratada. O desespero tomou conta de mim no instante em que meus pés deixaram o chão. E se ele não me visse? Ou pior, achasse que eu não queria vê-lo, e se ele voltasse pra Inglaterra decepcionado comigo? Nos braços do segurança encontrei minha voz e gritei com toda a força que conseguia.

- BRYAN!

Em meio aos milhares gritos de “” o meu se sobressaiu e ele olhou na minha direção e eu sorri, aliviada. Eu vi meu nome saindo dos lábios dele silenciosamente enquanto o segurança me colocava no chão em pé e pulava do palco facilmente, vindo em minha direção.

Senti alguém puxando meu cabelo atrás de mim, e estava pronta pra me virar e bater na piriguete que tentava me incomodar num momento desses, mas senti seus braços em volta do meu corpo. Os braços fortes me puxaram pra perto do corpo e do rosto que eu idealizava, e eu levei a mão a cabeça pra me livrar da invejosa que, mais tarde, eu descobri ser minha irmã.

Rindo da minha desgraça (desgraça KD?), ele me abraçou, colocando seu rosto no meu cabelo. Não sabia muito bem o que fazer com minhas próprias mãos, o que deveria fazer. Eu só sabia o que eu queria fazer, então passei meus braços em volta do seu pescoço, abraçando-o com força.

- I’m sorry you had to find out this way. (Eu sinto muito que você tenha que descobrir desse jeito.).
- I couldn’t think of a better way. (Eu não consigo imaginar um melhor.).
- I’ve been meaning to tell you, but I thought you would hate me for lying. (Eu pretendia te contar, mas eu achei que você ia me odiar por mentir.).
- We’ll talk about this later ok? I believe that the rest of the band is waiting for you, plus I can feel holes being cut on my back. (Vamos conversar sobre isso depois? Eu acho que o resto da banda está te esperando e eu consigo sentir buracos se formando nas minhas costas enquanto eu estou aqui.).

Com um sorriso que me fez sorrir junto, ele voltou pro palco pedindo desculpas e me deixou plantada no espaço entre o palco e a platéia, protegida dos olhares e puxões de cabelo por um segurança armário.

O show acabou sem mais emoções fortes, como se mais alguma fosse necessária. Mas, depois do breve conto de fadas, eu não tinha idéia do que ia acontecer. Eu sabia que ele teria que voltar pra Londres, e eu tinha dezessete anos e nem tinha terminado o ensino médio.

Faltavam dois shows no Brasil pro fim da turnê deles, e, depois de muita insistência e um documento assinado por mim, pelo e pelos meus pais, fui autorizada a viajar com eles pela semana seguinte. O que eu nem preciso dizer é que foi a melhor semana da minha vida. Além de melhor, foi a mais curta.

Na despedida no aeroporto, ele deixou comigo seu famoso moletom da Hurley, dizendo que era uma promessa de que ele teria que voltar, mesmo que fosse só pra buscar a blusa. Ou pelo menos foi isso que ele disse na presença dos meus pais. Consegui me controlar e não chorei muito perto dele, o que foi um milagre.

Apesar do sonho, das milhares de fotos nas revistas, entrevistas e cartas recebidas, minha vida continuou, com os mesmos professores chatos e suas matérias e com o meu melhor amigo sempre presente.

Isso tudo aconteceu há seis meses, e, agora, enquanto arrumo minhas malas pro próximo ano que passarei em Londres fazendo intercâmbio, eu ainda me lembro de todos os detalhes de tudo que aconteceu. Mas em vista da viagem cruzando o maior obstáculo de todos entre nós, os detalhes da semana maravilhosa parecem insignificantes. Afinal, um ano tem cinqüenta e duas semanas, e eu estou me preparando pra passar cada uma delas com o meu melhor amigo no mundo.



FIM! rs

nota da autora: Terminei! Finalmente depois do que pareceram séculos sem imaginação pra continuar a fic eu consegui terminar! Espero que gostem e quero agradecer ao meu sonho por ter me dado uma idéia tá boa e ao McFly por existir. Q E claro, a Pah que betou tudo direitinho pra colocar a fic aqui! Er... Comentem!

nota da beta: Heey, gente! Estou aqui apenas para dar um ooi, e pra dizer que se tem qualquer erro que vocês tenham percebido nessa fic, podem me avisar por aqui, e eu estarei disposta à corrigir o mais depressa possível.
Enjoy, everyone !
XOXO', Paah Souza.

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