One Night Fairy Tale
Por Lalis


Then I saw you from the corner of my eye and it hit me like a top, I can't lie
Então lá estava eu, no casamento da prima da tia da minha mãe, ou qualquer coisa do tipo. Estava com o meu iPod ouvindo The Cab cantar a plenos pulmões e sabe quando sua garganta coça querendo gritar junto com a música? Pois é, e isso é o que eu normalmente faria se não estivesse numa igreja lotada de gente em silêncio. Fechei os olhos e comecei a balançar a cabeça, tentando me distrair da minha garganta que implorava para fazer algum som, de preferência alto.
Senti uma cotovelada em minhas costelas e quando olhei para o lado vi minha mãe me encarando de um jeito que, sinceramente, dava medo. Revirei os olhos e parei com o que estava fazendo, mas me recusei a tirar os fones, me encostei no banco e olhei para o padre. Vi alguém se mexer com o canto do olho e voltei meu olhar para a coluna de bancos à minha esquerda uma fileira à frente e tive uma visão que me interessou, um garoto vestia um paletó azul acinzentado e tinha os braços apoiados no encosto do banco deixando à mostra antebraços um tanto musculosos, já que as mangas estavam dobradas até a altura do cotovelo. Tinha cabelos castanhos cacheados cortados nas laterais o que dava a impressão que só cresciam para cima, ri baixo, nem eu sei por que, quando ele olhou para a direita distraidamente e pude ver seu perfil, cara ele era bonito, bem bonito.
Sorri e recostei minha cabeça no banco novamente fechando os olhos, comecei a balançar o pé conforme a batida da música me fazia esquecer de onde eu estava, e novamente aquela coceirinha chata na garganta começou a me incomodar, só que dessa vez minha mãe não conseguiu me avisar à tempo que eu estava me empolgando demais.
- BOUNCE, BOUNCE BABY, BOUNCE BACK TO ME... – berrei para o mundo ouvir até que minha mãe apertou meu braço
- – disse ela entre dentes olhando para mim com o olhar mais feroz que eu já vira na vida
Olhei em volta e a igreja inteira, in-teira, estava me olhando com o queixo caído, alguns tinham a expressão de estarem segurando o riso, meus primos. Voltei meu olhar direto para o garoto do paletó azul acinzentado e vi que ele também estava olhando para mim, mas não como as outras pessoas, ele simplesmente me olhava, do mesmo jeito que eu o olhei minutos atrás, observando. Todas as pessoas já tinham se cansado de me condenar com o olhar e voltado sua atenção para o padre novamente, mas nós continuávamos a nos encarar, não sei, mas alguma coisa no olhar dele me prendia, sem contar o fato de que ele não era bonito nem bem bonito como eu achei, ele era maravilhoso. Senti alguém me cutucar e quando olhei era meu pai, agora eu estava realmente ferrada.
- Da aqui – disse ele estendendo a mão
- Mas pai... – tentei argumentar, mas ele me interrompeu
- – disse seco
Tirei os fones e os enrolei no iPod desligado, entreguei hesitante para ele porque eu sabia que não o veria tão cedo assim. O problema é que eu sou, literalmente, movida a música então você já pode imaginar. Me recostei no banco novamente e me lembrei do garoto do paletó azul acinzentado, olhei na direção dele novamente e ela já tinha se virado para frente novamente. Fiquei os últimos dez minutos do casamento que restavam brincando com as minhas unhas e quando o padre anunciou o fim do casamento fui quase a primeira a me levantar, queria ir logo embora dali antes que meus primos chegassem com os comentários agradáveis de sempre, eu amava eles, só que às vezes eles eram... garotos demais.
Meus pais se levantaram e nós saímos da igreja juntos, por mais bravos que estivessem comigo eles não deixavam de ser gentis e eu amava isso neles. Quando terminamos de descer os degraus da igreja para a pracinha que ficava em frente a ela ouvi a infeliz voz do meu primo me chamando do jeito mais irônico possível.
- ziiinha – chamou ele arrastando a palavra. Parei no mesmo segundo e fechei os olhos, me virei de frente para ele e abri um sorriso ainda mais irônico do que o tom da voz dele.
- Diga, meu priminho lindo – cruzei os braços
- Cara, se você quisesse seguir carreira de cantora estava feita – disse rindo colocando a mão sobre a boca
- Nossa, David, como você é engraçado – disse erguendo uma sobrancelha
- A qual é, ! – disse ele manhoso – Você sabe que eu só estou brincando com você
- Eu sei – disse abrindo um sorriso que não queria e recebendo o mesmo sorriso em resposta
Eu e David éramos como irmãos, crescemos juntos e ele sempre quis dar uma de irmão comigo: ficava com ciúmes dos garotos, queria cuidar de mim sempre que íamos em algum lugar juntos, me irritava mais do que tudo nessa vida e todas aquelas outras coisas, boas ou ruins, que os irmãos mais velhos fazem. Ele tem 17 e eu 16 então nossos pais desconfiavam muito de nós e evitavam ao máximo nos deixar sozinhos, mas essa fase felizmente já passou, porque agora eu posso conversar em paz com o David. Ele é a única pessoa que sabe de tudo e mais um pouco sobre mim, não que eu não tenha amigas, mas a questão é nenhuma delas consegue ser como ele é pra mim.
- Priminha, eu realmente não sabia do seu dom para cantar – disse Max, meu outro primo, chegando ao meu lado e passando o braço por minha cintura – Porque nunca nos falou nada?
Max era irmão de David e tinha a minha idade, ele também era bem especial pra mim e tudo o mais, mas ele era um pouco mais relaxado do que o irmão, digamos assim. Se importava comigo e tudo, mas só sabia ser meu amigo nas horas boas, mas não fazia isso por mal, e também nunca perdia uma oportunidade, como essa, de tirar com a minha cara.
- Porque eu realmente não sabia que cantava tão bem assim – disse sarcástica e ele riu, adorava me ver irritada
- Bom, agora que seu dom “aflorou” – disse fazendo aspas com os dedos – O que vai fazer?
- Apresentações diárias para o meu chuveiro, como sempre – respondi rindo um pouco
Os dois caíram na gargalhada não entendi porque, o comentário nem tão engraçado assim. Revirei os olhos para os dois e comecei a procurar meus pais na multidão que começava a se formar na frente da igreja, conforme as pessoas saíam de lá de dentro. Olhei na direção da porta que foi o último lugar onde eu os vi e comecei a procurar por ali, vi minha tia com o meu tio, mas meus pais não estavam com eles, mais para o lado meus avós conversavam com algumas pessoas e logo ao lado eu vi um paletó azul acinzentado, achei engraçado a cor da roupa, mas quando me lembrei de quem estava usando prendi a respiração e levantei o olhar para seu rosto. Ele conversava com um outro garoto e estava rindo com o sorriso mais bonito do mundo no rosto, sinceramente, aquele garoto devia ser algum tipo de Deus, porque além de tudo, ele era estiloso.
- ...e eu acho mesmo que ele está afim de você – ouvi David dizer
- O que? – perguntei me virando para eles com uma expressão meio grogue
- Você não ouviu nada não é? – ele perguntou deixando as sobrancelhas numa linha só o deixando com uma expressão engraçada
- Não
- Resumindo: Alex Black está afim de você
- O QUÊ? – gritei, mas dessa vez ninguém pareceu notar
- Pois é – respondeu simples
Eu ia perguntar qual era a história toda, mas sinceramente eu não queria saber. E antes que você me pergunte, Alex Black é simplesmente um dos três garotos mais cobiçados de toda a minha escola. Então era realmente chocante ele estar a fim de MIM, uma simples mortal, eu nem era líder de torcida nem nada do tipo, eu só faço aula de química com ele e nunca nem fiz um trabalho em grupo com ele nem nada. Sério nada, de onde brotou isso?
Preferi não perguntar nada sobre o assunto, claro que aquele tipo de informação faz o coração de qualquer garota disparar, mas eu não gostava dele, claro que ele é incrivelmente gato e mais da metade daquela escola se mataria por ele, inclusive alguns caras.
Continuei olhando em volta procurando por meus pais até que vi minha tia se aproximando sorridente de mim e David. Senti Max voltar para o meu lado e David chegar um pouco mais perto.
- Meninos, vamos? – perguntou sem direcionar a pergunta para ninguém
Meus primos começaram a seguir minha tia e eu já estava me virando para ir caçar meus pais no meio da multidão até que minha tia me chamou.
- ?
- Oi, tia – disse me virando
- Você vem com a gente – disse ela estendendo o braço como oferecendo um abraço
- E meus pais? – perguntei indo até ela e recebendo seu abraço
- Já foram, eu disse que levava você – respondeu com o braço sobre meus ombros enquanto andávamos atrás de meus primos em direção ao carro, felizmente ninguém parecia estar ligando muito para o pequeno incidente de alguns minutos atrás.

Can I have this dance?
Chegamos no lugar da festa alguns minutos depois e ainda estava meio vazio, alguns convidados aqui e ali, melhor assim, menos gente para cumprimentar. Encontramos meus pais que me receberam bem, como se eu não tivesse berrado no meio do casamento da prima da tia da minha mãe, ou qualquer coisa do tipo. Sentamos todos juntos e eu e David voltamos ao assunto Alex Black, eu realmente não conseguia acreditar, era humanamente impossível que aquilo acontecesse.
- David, você deve ter ouvido errado
- , pela última vez, não ouvi – disse ele revirando os olhos para mim
Resolvemos sair para andar no jardim do salão, mentira eu resolvi sair, porque o David desistiu no meio do caminho quando viu a mesa de salgadinhos. Cara, como aquele menino come. Sai para a varanda do salão e fiquei ali, olhando o nada enquanto ouvia uma música leve tocar no salão, provavelmente a música de recepção. Ouvi alguns passos atrás de mim e achei que fosse David ou Max, mas quando me virei para olhar não vi o terno preto e comum que ambos usavam e sim um azul acinzentado que me fez prender o ar quase que instantaneamente, tudo bem que eu nem conhecia o garoto, mas se você visse o quanto ele era gato.
- Ei – disse ele simpático acenando com a cabeça para mim e se debruçando no parapeito ao meu lado
- Ei – respondi depois de alguns segundos
- Então ahn... você canta muito bem – disse com um ar divertido, ah qual é será que ninguém ia me dar uma folga por causa disso?
- Claro – respondi com uma risada fraca – Vão me zoar por causa daquilo até eu morrer, não vão? – perguntei me debruçando de novo no parapeito
- Provavelmente – respondeu rindo fraco – Ah propósito, sou Nicholas – e de repente havia uma mão estendida em frente ao meu peito
- – disse baixo apertando-a
Me virei de frente para o salão novamente e fiquei olhando enquanto as pessoas se amontoavam no centro para, provavelmente, ver a valsa do casal, e pude ouvir ao fundo uma música baixa tocando: valsa. Eu ainda não havia olhado no rosto dele desde que ele entrou ali e eu realmente queria olhar de novo naqueles olhos, mas parecia que isso não ia acontecer tão cedo.
- Gosta de dançar? – de repente ele estava em frente a mim com a mão estendida e as sobrancelhas erguidas.
Ou ia.
- Gosto, mas eu não sei co...
- Só relaxe – ouvi ele dizer e senti minha mão ser erguida pela dele e sua mão pousar em minha cintura
Levei a outra mão ao seu ombro meio que por instinto e deixei que ele me levasse junto com a música. Olhei para o rosto dele e percebi que ele já me encarava, sorriu ao ver meu olhar sobre ele e fiz o mesmo, sentindo minhas bochechas corarem. Dançamos a valsa toda nos encarando e eu nem percebi que estava dançando, com ele era tão fácil, ele passava uma confiança pelo simples fato de agir sem te avisar, casa segundo era uma surpresa.
Paramos no exato momento em que a música terminou do lado oposto da varanda de onde tínhamos começado. Ele se afastou de mim e se inclinou para frente beijando minha mão. Tudo bem, ele é maravilhoso, estiloso, dançarino e cavalheiro, quer mais?
Sorri ao gesto dele e ele fez o mesmo se levantando novamente, ele era exatamente da minha altura, quando eu estava de salto, o que fazia com que nos encarássemos sem querer, mas eu gostava disso. Senti alguma coisa vibrar em meu tornozelo no momento em que ele abriu a boca para falar e o violão de Vegas Skies preencheu o silêncio, bufei e me abaixei para pegar o celular preso numa das tiras da minha sandália.
- Alô – atendi ainda agachada
- , onde você está? – ouvi a voz de David perguntar, juro que eu ia castrá-lo, porque sempre que eu estava em um desses momentos românticos e fofos ele me liga. Sem-pre.
- Na varanda do salão – respondi seca
- Vem comer – mandou e desligou. Gentileza sempre.
Prendi o celular de novo na sandália e me levantei revirando os olhos, mas antes que eu tivesse tempo de dizer qualquer coisa, Nicholas falou. Eu já disse que a voz dele é muito sexy?
- Problemas?
- Não, só meu primo querendo mandar em mim – respondi e ele sorriu – Tenho que ir comer
- Então ele manda mesmo em você? – perguntou rindo baixinho
- Não, pff – bufei como se aquilo fosse absurdo, e era mesmo – Mas provavelmente meus pais mandaram ele ligar
- Vamos então? – convidou se virando de lado para mim e me oferecendo o braço direito sorrindo
Passei meu braço pelo dele e entramos no salão, quem via podia jurar que éramos um casal, andamos até o meio do lugar das mesas de braços dados.
- Vou me sentar então – disse tirando meu braço do dele sem realmente querer
- Claro, eu também – respondeu sorrindo com o canto da boca – Te vejo mais tarde?
- A noite é uma criança – de onde eu tirei isso?
Ele sorriu e piscou para mim antes de se virar na direção oposta da minha mesa e sair andando. Fiquei observando ele se afastar por alguns segundos depois me vire e fui em direção a minha mesa, me sentei ao lado de David sob o olhar desconfiado dele. Merda.
- Então, ficou morgando sozinha lá? – perguntou mexendo a coca distraidamente, mas era isso que ele fazia quando estava desconfiado
- David, pode parar, eu sei aonde você quer chegar
- Eu só to te avisando, você sabe como esse moleques são – disse ele apontando com o polegar por cima do ombro
- Nós só conversamos – disse fechando os olhos, ele realmente me irritava às vezes
- Em que língua? – perguntou irônico e eu sabia do que ele estava falando, ele sempre fazia essa piadinha sem graça
- Na humana – respondi olhando pra ele com um olhar quase feroz
Ele abriu a boca algumas vezes, mas não respondeu nada apenas me olhou como se dissesse “estou de olho”. Alguns minutos depois os pratos do jantar começaram a chegar e ele não falou mais comigo, mas era normal daqui a pouco ele já voltaria a falar comigo.
Terminamos de jantar e o DJ começou a colocar umas músicas mais animadas tentando fazer o pessoal se animar e ir dançar, mas só haviam algumas crianças dançando de um jeito tão estranho que podia jurar que uma delas estava tendo uma convulsão. Quando as músicas anos 80 começaram em menos de 5 segundos a pista estava cheia, vi minha tia vindo em direção a mim, David e Max dançando como ela provavelmente dançava quando tinha minha idade, me dei conta do que ela ia fazer e me levantei indo em direção para o banheiro.
- Vamos meninos, vamos dançar
- Não, mãe – ri baixo
Foi o que eu ouvi antes de me afastar muito da mesa e a música cobrir as vozes deles, fui até o banheiro, mas não entrei, fiquei encostada na parede ao lado da porta que ficava escondida por uma outra parede à sua frente. Fiquei ali olhando minhas unhas enquanto dava um tempo antes de escapar para fora do salão, alguns minutos depois sai de fininho em direção à porta da varanda e consegui sair. Fui até o parapeito e me apoiei nos cotovelos olhando em volta, o salão era numa espécie de chácara e a vista, mesmo à noite, era bonita.
- Também se escondendo? – ouvi uma voz pergunta atrás de mim

Softer lips that I ever could imagine
Pulei de susto e me virei de frente para a porta da varanda, apoiando as mãos no parapeito atrás de mim. Era o Nicholas, encostado na parede ao lado da porta com os braços cruzados, e que braços, rindo baixo de mim, tanto que só notei porque seu peito balançava. Revirei os olhos e sorri.
- Por quê? Você está?
- Sim – respondeu simples andando até mim com as mãos no bolso da calça
- Pensei que gostasse de dançar – comentei reparando rapidamente no tamanho de seus antebraços apoiados contra o corpo
- E aquilo é dançar? – perguntou com as sobrancelhas erguidas apontando com o polegar por cima do ombro
Olhei por cima de seu ombro e vi as pessoas se mexendo de um jeito que, sinceramente, não parecia dançar, de verdade. Ri ao ver aquelas cena e depois voltei meu olhar para ele de novo, e como ele é bonito, meu Deus.
- Meus irmãos estão lá – disse de repente e me assustei com seu comentário repentino
- Meu primos também, coitados – lamentei e ele riu
- Então aquele altão de olhos azuis é seu primo? – perguntou com uma cara de não sei o quê. De verdade, não sei o que ele quis demonstrar
- É – respondi franzindo as sobrancelhas
- Jurava que era seu namorado, eu vi a cara que ele fez quando você se sentou e...
- Relaxa ele é assim mesmo, nós crescemos juntos e ele às vezes acha que tem alguma responsabilidade sobre mim, entende?
- Como um irmão? – esperto
- Exatamente – disse apontando o dedo para ele
Ficamos em silêncio por um tempo, ele estava observando a chácara como eu há alguns minutos e eu ria vendo as pessoas dançarem como se tivessem 16 anos de idade.
- O que será que tem lá? – perguntou de repente apontando para um breu completo
- Não faço idéia
- Vamos – chamou andando em direção ao breu e parando no parapeito para me esperar, me olhou com os olhinhos brilhando e as sobrancelhas um pouco erguidas. Maravilhoso, estiloso, dançarino, cavalheiro E fofo.
Andei até ele e vi um sorriso se abrir em seu rosto, um sorriso de verdade, de dentes à mostra e agora eu tinha certeza de que não tinha como ele ficar mais bonito. Ele se virou de costas para mim e pulou para o outro lado, por um momento eu gelei, mas depois me lembrei que estávamos no térreo, me olhou e acenou com a cabeça em sinal para que eu fosse. Olhei para minhas sandálias e para o comprimento de meu vestido, seria complicado, me sentei no parapeito de costas para ele e girei procurando fazer o mínimo de movimento com as pernas para que o vestido não subisse. Terminei o giro de pernas cruzadas sem querer e depois desci do parapeito, olhei para ele e vi que ele me encarava com a boca semi aberta.
- O que foi? – perguntei preocupada
- Nada não – respondeu sacudindo a cabeça para os lados – Vamos? – chamou estendendo a mão direita para mim.
Dei a minha mão para ele com um sorriso fraco&bobo no rosto e senti ele entrelaçar nossos dedos. Fomos andando em direção a um breu dos infernos e eu apertava a mão dele quando ouvia qualquer mínimo barulho ou pensava ter visto alguma coisa, e toda vez ele dava uma risada baixa meio rouca super sexy logo antes de continuar a conversar comigo para me distrair.
Depois de meio minuto andando vimos uma casa surgir na escuridão, era enorme e branca com detalhes em azul, não sabia que existiam coisas desse tipo em New Jersey. Reparei que estávamos a dois passos de uma árvore onde havia um balanço, fiquei observando o balanço se mexer levemente com a brisa quente que às vezes soprava e senti a mão de Nicholas ameaçar se soltar da minha, a apertei meio que impulsivamente. Qual é, o lugar é assustador. Ele riu baixo de novo e fechou novamente seus dedos sobre os meus, me puxou na direção do balanço e eu me sentei segurando nas cordas que o prendiam na árvore, senti as mãos dele segurarem a corda perto das minhas e o balanço começar a se mover para frente e para trás.
- Tudo bem aí? – ouvi ele perguntar
- Aham
- Não está mais com medo? – perguntou com um tom divertido na voz
- Não – respondi depois de rir fraco, de repente senti a balança parar do nada e alguma coisa roçar nas minhas costas
Girei na balança e vi uma coisa branca a centímetros do meu nariz, me assustei um pouco recuando o rosto para trás, olhei para cima e vi Nicholas sorrindo com o canto da boca. Ele se agachou deixando nossos rostos na mesma altura novamente e me olhou nos olhos, eu jurava que podia mergulhar neles se tentasse de tão profundos que eram. Aproximou nossos rostos ao máximo, agora o castanho de seus olhos era tudo o que eu via e minha respiração falhou quando senti a dele em meu queixo.
Não sabia o que ele queria, claro que a minha vontade era de atirar meus braços em seu pescoço e... cara o que há de errado comigo? Eu nunca fui de me atirar nos garotos assim, quer dizer, não sem uma iniciativa deles, mas com ele eu jurava que se quisesse eu me atiraria, alguma coisa nele me prendia, me fazia querer ficar olhando para ele.
Então de repente, eu senti a balança ir para trás levemente, mas o suficiente para que, quando voltasse, fizesse nossos lábios se tocarem. Entrei em desespero, achei que o vento tivesse mexido a balança e feito aquilo até que eu senti ela ser interrompida antes que voltasse para trás de novo, então eu entendi que ele tinha feito aquilo. Malandrinho. Ficamos com os lábios somente encostados por uns trinta segundos, fiquei completamente entorpecida sentindo aqueles lábios que eram mais macios do que eu jamais imaginaria, o senti por as mãos em minha cintura e se levantar me puxando levemente pela cintura. Fiquei em pé e levei as mãos à sua nuca, ficamos daquele jeito por mais alguns segundos até que senti sua língua pedir passagem para minha boca, meu coração disparou e quase veio fazer companhia à minha língua em minha boca, respirei fundo discretamente e dei passagem para sua língua. Ele parecia tímido, mas assim que elas se tocaram era como se só existíssemos nós dois e ele perdeu completamente a vergonha, mas sem detalhes.
Resumindo: ele beijava incrivelmente bem, como eu nunca havia sido beijada na vida, sério. Perdi a noção de quanto tempo ficamos ali, mas não me pareceu muito, afinal eu não senti nada durante todo o tempo em que nos beijamos, senti ele quebrar o beijo e encostar sua testa na minha. Abri os olhos e vi que os dele também estavam abertos, me encarando, sorri e recebi o mesmo em resposta. Eu não sabia o que fazer, ele me deixava sem jeito, mas de um jeito bom, como se eu não precisasse fazer nada com ele, só de estar ali estava bom.
- Eu... – começou a dizer como se tomasse coragem para continuar – Eu... – parou novamente, mas porque dessa vez foi interrompido pelo meu celular Bufei me abaixando e atendi seca o celular ainda agachada, encarando os joelhos de Nicholas.
- Alô
- – ouvi a voz de David exclamar, ele era um cara morto – Onde você está garota?
- Andando – respondi seca de olhos fechados passando a mão sobre a testa, e posso jurar que ouvi a risada baixa de Nicholas me fazendo sorrir fraco
- O que? Andando aonde? – perguntou parecendo confuso – Não, esquece, só volta pra cá, ok? – pediu parecendo cansado
- Por quê? – quis saber com uma sobrancelha erguida
- Não agüento mais dançar, você precisa me ajudar – pediu manhoso e eu ri na cara dele
- David, me poupe
- É sério, você não tem noção de como... – houve alguns barulhos no bocal do telefone eu ouvi a voz da minha tia distante, então o telefone foi desligado
Prendi o telefone na sandália novamente e me levantei rindo, coitado do meu primo, mas eu não ia perder aquela noite pra ir salvar ele, não dessa vez. Me levantei olhando para baixo e quando voltei a encarar Nicholas ele tinha um sorriso torto nos lábios. Sexy.
- O que foi? – perguntei inclinando a cabeça para o lado
- Você – respondeu simples aumentando ainda mais o sorriso e continuou a fala quando percebeu que eu ainda não tinha entendido – Tem alguma coisa em você que me deixa assim... bobo
Abri um sorriso enorme quando ouvi o que ele disse, ele conseguia ser tão fofo e nós nem nos conhecíamos direito, tudo bem que tínhamos nos beijado, mas isso não muda nada. Ele sorriu depois de mim e ficou me encarando, eu queria dizer alguma coisa, mas não sabia o que e eu me sentia mal de deixar as pessoas sem resposta, ainda mais depois de uma fala como aquela o problema era que tudo que eu conseguia fazer era sorrir. Levou sua mão ao meu rosto e ficou acariciando minha bochecha com o polegar o que me fez fechar os olhos, não eram só seus lábios que eram macios.
Quando ia abrir os olhos novamente senti seus lábios roçarem nos meus, como se ele estivesse me provocando e fiquei parada só esperando. Ele fez a volta de meus lábios com os seus, deu um beijo em minha bochecha e mordeu levemente meu lábio inferior me fazendo arrepiar até a alma, o que ele deve ter percebido porque eu juro que senti um sorriso em seus lábios antes de ele voltar a me beijar.
Era incrível o efeito que aquele garoto tinha sobre mim, seu toque me dava uma sensação de paz que eu nunca havia sentido antes e se comentários sobre seu beijo. E tudo isso sendo que eu o tinha conhecido a uma hora e meia no máximo e são nessas horas que eu agradeço por meus pais e tios serem tão festeiros e serem quase os últimos a irem embora das festas. Ficamos nos beijando como antes, talvez com um pouco menos de vergonha, mas não vou entrar em detalhes, estava na maior perfeição do mundo até uma brisa mais fria bateu em minhas costas descobertas me fazendo tremer levemente. Ele cortou o beijou e olhos nos meus, como eu adorava quando ele fazia isso.
- Está com frio? – não, tremi porque quis
- Um pouco – respondi olhando para baixo e passando as mãos em meus braços
Ele tirou o paletó e o jogou por cima de meus ombros e depois passou seu braço por eles nos virando em direção ao salão da festa.
- Vamos voltar – disse simplesmente e começamos a andar
Recostei minha cabeça em seu ombro e ele deitou a dele sobre a minha. Caminhamos até o salão conversando sobre qualquer bobagem, era tão fácil conversar com ele, já que qualquer assunto que você começasse ele dava um jeito de continuar, por mais estúpido que fosse, e ele sempre me fazia rir.

Stop talkin’ lets get with it
Chegamos ao parapeito da varanda do salão de festas meio minuto depois, estava tocando uma música lenta, daquelas de balada anos 80. Ele pulou primeiro e depois me ajudou me erguendo levemente pela cintura. Senti meus pés chegarem ao chão antes do esperado o que fez meus joelhos vacilarem um pouco, senti ele apertar as mãos em minha cintura me dando apoio. Desviei meu olhar de meus joelhos e o voltei para os olhos de Nicholas, nos encaramos por alguns segundos até que ambos começamos a sorrir, ele me deu um selinho rápido e voltou a me encarar. Tirou suas mãos de minha cintura e as levou aos meus braços, escorregou levemente e chegou em minhas mãos, entrelaçou nossos dedos e as levou até seu pescoço. Ficou alguns segundos segurando minhas mãos sobre sua nuca e depois voltou a tocar minha cintura, deitei minha cabeça em seu peito o senti apoiar o queixo em minha cabeça. Fechei meus olhos e fiquei ali, parada, sentindo seu perfume, que por sinal era muito bom. Ele me fazia bem, pode parecer muito para se dizer por apenas uma noite, mas, se você se sentisse como eu me sentia, entenderia. Acho que eu teria dormido se uma coisa gelada não tivesse caído sobre minha bochecha, me assustei um pouco e olhei para cima, chuva. Sorri de leve e olhei para ele, que como sempre já estava me olhando, seus olhos se apertaram um pouco pelo sorriso que ele abriu e eu fiz o mesmo, voltando a encostar minha cabeça em seu peito.
- I can’t stop the rain from falling – ouvi ele cantar baixinho e ergui meus olhos para os seus – I can’t stop me heart from calling you, it’s calling you – meus olhos estavam do tamanho de bolas de golfe e eu parecia ter esquecido como se respirava, ou falava. Ele riu da minha cara e beijou minha testa apoiando o queixo sobre minha cabeça
Eu continuava em choque, pelo amor de Deus o garoto tinha cantado pra mim a letra mais linda que eu já ouvira, é difícil pensar em uma reação pra esse tipo de coisa. Encostei meu ouvido em seu peito e pude ouvir seu coração batendo, tum-tum, tum-tum. Era um ritmo calmo. Fechei meus olhos e fiquei ouvindo, enquanto sentia seu peito se mexer levemente por causa da respiração e a garoa cair leve sobre nós. Senti ele se afastar de mim um pouco e olhei para cima, procurando seu rosto, ele já me encarava, como sempre, sorrindo. Retribuiu o sorriso e continuei a encará-lo com o olhar mais retardado que eu já tinha visto na vida.
- Vamos – porque ele sempre tinha que tomar a iniciativa? Entrelaçou nossos dedos e começou a andar, mas dessa vez eu senti uma coisa diferente
Além de minha mão formigar um pouco quando ele a tocou, como sempre, senti alguma coisa gelada em meus dedos, olhei para baixo e vi que dessa vez eu segurava a mão esquerda dele. Ergui nossas mãos e virei a dele em direção aos meus olhos e tive uma visão que, sinceramente, eu podia ter ficado sem: um anel. Minha respiração falhou e minha boca se abriu um pouco involuntariamente, comecei a respirar pela boca para tentar acalmar meu coração, que parecia querer fazer companhia à minha língua de novo. Sentia o sangue correr rápido por minhas veias e meus olhos aumentando de tamanho gradualmente, conforme eu ia me dando conta da situação: ele era noivo. Percebi que eu não sabia a idade dele, mas acho que era o suficiente para que ele se casasse. Eu havia beijado um cara noivo, extremamente gato por sinal, mas ele não deixava de ser NOIVO PORRA. Eu havia colocado um chifre em alguém, pelo amor de Deus. Olhei a jóia por mais alguns segundos para ter certeza que não estava imaginando coisas, infelizmente não estava, e depois voltei meu olhar para seu rosto, ainda com a boca aberta. Esperei encontrar algum sinal de pânico em sua expressão, mas ele estava sorrindo, SOR-RIN-DO. Juro que por mais fofo que ele fosse a minha vontade no momento era de socá-lo, porque além de ter traído alguém com uma garota de 16 ANOS ele ainda era cafajeste a ponto de ver graça nisso. Eu sabia que estava tudo bom demais para ser verdade.
- O quê? – perguntou ele murchando o sorriso quando percebeu minha expressão
- Você.É.Noivo? – perguntei pausadamente entre dentes e a cara que ele fez quase me fez rir
- O quê? – perguntou ele novamente mudando o tom para de surpresa dessa vez
Ergui o anel na altura de seus olhos e fiquei esperando uma reação bem clichê da parte dele, algo como: “Eu posso explicar” ou “Não é bem assim”, mas como tudo que ele tinha feito até esse momento era incomum, agora não podia ser diferente, então ele simplesmente... riu. E eu quase o soquei novamente, mas ele era gato demais.
- O quê? – agora era sério, eu ia socá-lo se ele perguntasse aquilo novamente, juro – Do que você está falando? Noivo?
Agora EU estava incrédula, como ele tinha coragem de negar alguma coisa que estava tão evidente, e ainda por cima RIR? Ele era louco, só podia.
Aproximei mais sua mão de seu rosto e ele ficou até vesgo tentando ver o porque de eu estar fazendo aquilo, o que quase me fez rir novamente. E foi ai que ele percebeu do que eu estava falando, e o que ele fez? RIU. Eu ia me matar.
- Não, olha... isso é... – disse entre gargalhadas, isso mesmo, gargalhadas – Eu sou virgem
- O quê? – agora era minha vez
- Eu sou virgem – disse de novo ainda gargalhando
- Você é noivo
- Virgem
- Noivo – ele ainda gargalhava, e parecia piorar cada vez que eu dizia a palavra “Noivo”
- Virgem
- E daí que você é virgem, Nicholas? – quase gritei – Você é noivo
- Isso não é uma aliança, é um anel de pureza – exclamou olhando nos meus olhos controlando o riso com uma certa dificuldade, porque ele estava ficando vermelho
- Oh... – não, eu ainda não havia entendido – Mas... – olhei para o anel alguns segundos – OOOOH – agora sim eu havia entendido
Ele gargalhava descontroladamente, juro. Tudo bem que eu havia pagado um belo de um mico, mas mesmo assim não era motivo para tanto. Ele soltou minha mão e foi se encostar na parede ao lado da porta, levou uma das mãos à boca e a outra à barriga. É ele realmente tinha achado graça. Muita graça. Fui até ele e me encostei na parede ao seu lado, que era protegida por um toldo, fiz isso para me livrar da chuva, que só agora voltara aos meus pensamentos. Fiquei observando ele gargalhar por um minuto, o que quase me fez rir também, até que ele se recuperou e olhou para mim sorrindo.
- Quantos anos você acha que eu tenho? – perguntou ainda divertido
- Não tenho idéia – e era verdade
- 17, então relaxa, não tenho nem idade para me casar – explicou e veio para minha frente ficando perigosamente perto. É sério, proximidade exagerada daquele garoto me causava coisas das quais eu não tinha certeza do efeito que tinham sobre mim.
- Mas – começou enquanto ajeitava uma mecha do meu cabelo – Porque tanta preocupação?
- Com o que? – perguntei engolindo seco, já que eu sabia do que ele estava falando
- Com que eu fosse noivo – arqueou uma sobrancelha. Meu Deus, como esse garoto é sexy
- Bom. Coitada da garota que estaria com um belo par de chifres a essa hora – o que era verdade. Tudo bem, em partes só.
- Ah sério? Só isso? – odeio quando os garotos resolvem ter consciência do quanto são bonitos e usam isso contra mim
- Bom, que outro motivo eu teria? – perguntei erguendo uma sobrancelha. Vamos fazer o joguinho de sedução dele então
- Ah não sei – disse entortando a boca e dando de ombros enquanto apoiava uma das mãos ao lado do meu rosto deixando seu antebraço bem na linha dos meus olhos. Filho.Da.Puta. – Eu? – por essa eu, sinceramente, não esperava
Me controlei mantendo a mesma expressão de antes, eu não daria esse gostinho de “eu te seduzo” para ele, não mesmo. Eu sentiria esse gostinho.
- Bom – disse ficando na ponta dos pés e tão perto que eu podia sentir sua respiração se misturando com a minha – Pode ser – e então eu mordi o lábio inferior dele antes de encarar seus olhos.
Tudo bem. De onde tinha vindo aquilo? É sério eu tinha medo de mim mesma por causa das coisas que aquele garoto me levava a fazer. E ele nem mesmo se esforçava para isso, que dizer, ele só ficava lá, parado, me olhando. Vi ele fechar os olhos por um segundo e depois os abrir de novo, me encarando parecendo meio surpreso. Ótimo. Esperei dois segundos, mas ele não disse nada, então eu resolvi sentir mais um pouquinho daquele gostinho, era divertido. Ainda na ponta dos pés levei minha boca ao lado de sua orelha como se fosse dizer alguma coisa e a mão que não estava em seu ombro para me sustentar coloquei em sua nuca arranhando de leve, fazendo-o se arrepiar. Ri fraco com aquilo e resolvi parar por ali, eu não queria que o garoto armasse o circo. Não que eu realmente achasse isso possível, mas nunca se sabe.
No segundo em que eu ia descer senti sua respiração em minha orelha. Merda. Ele encostou seus lábios ali me fazendo fechar os olhos, deslizou por minha bochecha até chegar ao canto de minha boca, fazendo nossos narizes se encostarem. Ele parou ali por alguns segundos enquanto eu tentava evitar que meu coração batesse tão forte, ele não batia rápido e também não parecia querer vir para a minha boca, só batia forte, bem forte. TUM-TUM, TUM-TUM. Começou a passar o nariz em volta do meu lentamente, fazendo círculos. Eu não tinha coragem de abrir os olhos não sei por que, talvez medo de que tudo acabasse. Senti ele desapoiar a mão da parede e a colocar na minha cintura, alisou por um momento e depois subiu até o meio das minhas costas e deu a volta em mim com um braço só, me causando arrepios ao sentir meu dedos deslizando por minhas costas, mesmo por cima do vestido, e se você quer saber sobre o paletó dele, estava no chão atrás de mim. Parou de mexer o nariz de um modo que nossas bocas estavam uma sobre a outra, não estávamos nos beijando, elas só estavam encostadas.
Aquele era simplesmente o momento mais... mais, que eu já tive na vida. Estava tudo perfeito, o garoto era lindo, beijava bem, se é que eu preciso comentar, extremamente fofo e tudo o mais. Só que como todo momento desses que eu vivo... David tem que estragar. Mas dessa vez ele não ligou para mim, ele simplesmente surgiu de não sei de onde. Tudo bem era óbvio que ele tinha saído do salão pela porta bem ao nosso lado, mas eu estava tão incrédula que... AAAH. Ele passou reto por nós e deu uma olhada em volta, mas quando percebeu que estava chovendo voltou depressa para a porta e foi ai que ele nos viu.
Não que estivéssemos fazendo nada demais, mas ser pega daquele jeito com um garoto pelo seu primo que você considera um irmão e ter que ficar vendo ele te encarar de um jeito que era simplesmente indecifrável, e impagável, não é lá uma coisa que você quer que aconteça. Ele levou alguns segundos para assimilar o que estava acontecendo ali, Nicholas tinha me soltado e estávamos totalmente separados, mesmo que ainda muito próximos.
- Ah... Desculpe, eu... – ele gaguejou e depois levou uma das mãos à testa abaixando um pouco a cabeça fechando os olhos – Só vim avisar que não vamos embora tão cedo, como sempre
- Oh, tudo bem – eu disse meio passada e não era por causa da situação que estava rolando ali e sim porque eu tinha notado um sorriso reprimido nos lábios de David
Ele devia ter bebido, era a única explicação. Eu jurava que ele daria um piti ou ficaria quieto do jeito que estava mesmo e deixaria o sermão para depois, quando estivéssemos sozinhos. Tive dó dos meus ouvidos só de pensar no tanto que ele falaria. Só que o que aconteceu depois me deixou, literalmente, bege.
David ergueu a cabeça com um sorriso enorme no rosto, olhei para Nicholas meio que no desespero e vi que ele também sorria. O que estava acontecendo ali? Acho que eu é que estava louca, não era possível.
- Hey Nick – disse David animado vindo até ele
- David, quanto tempo – respondeu e meu queixo caiu levemente
Os dois apertaram as mãos e se abraçaram, daquele jeito que os garoto fazem. Conversaram alguns segundos, mas eu não consegui assimilar as palavras, pra falar a verdade eu não tinha nem assimilado o que estava acontecendo ali. Só voltei a entender o que meus olhos me mostravam quando vi David entrando no salão novamente. Olhei para Nicholas ainda com o queixo caído e vi que ele sorria olhando para a porta do salão, depois voltou seu olhar para mim.
- O que? – perguntou ainda sorrindo, agora por causa da minha cara
- Você conhece ele?
- Sim – respondeu erguendo as sobrancelhas e fazendo um leve beicinho, e eu não o apertei porque estava incrédula demais
- Porque não falou nada? Quer dizer, você perguntou se eu estava namorando ele – mas ele simplesmente deu de ombros com um beicinho – Você podia simplesmente ter dito algo como “Ei eu conheço seu namorado” ou... – alguma coisa fez pressão sobre minha boca e eu percebi que era o indicador dele
- Sabia que às vezes você fala demais? – perguntou olhando nos meus olhos com um ar divertido. Porque ele sempre vê graça em mim? – E eu também não entendo o porquê de tanto desespero
Abri a boca para responder, mas fechei segundos depois. Percebi que o quê ele tinha me falado meio que fazia sentido. Afinal, David não tem nada a ver com a minha vida e acho que ele até se importaria menos se conhecesse o garoto que eu, supostamente para ele, deixei enfiar a língua na minha boca. E ele parecia gostar do Nicholas, então melhor ainda. Comecei a rir descontroladamente da minha própria idiotice, agora eu havia percebido que não havia o mínimo motivo pra tudo aquilo. Ri mais um minuto e depois consegui me controlar, olhei para Nicholas e ele me encarava divertido.
- De onde vocês se conhecem? – perguntei enxugando umas lágrimas de riso que queriam cair
- Amigos em comum – respondeu simples sorrindo
- Ah claro – ergui o rosto das mãos e olhei para ele
Como o sorriso dele é bonito, sinceramente, eu não me conformo.

Now take my hand and we will run away
- Quer mesmo ficar aqui? – perguntou olhando para dentro do salão e depois para mim novamente
Arqueei umas das minhas sobrancelhas para ele e fiz um bico torto, como quem diz: E você ainda pergunta? Ele riu de mim, nossa que original, e deu um beijo em minha testa.
- Espere aqui – pediu antes de entrar no salão meio com pressa e eu nem tive tempo de responder. Não que qualquer coisa que eu dissesse fosse significativa.
Olhei em voltar e a chuva havia parado, deixando o ar com um cheio tão gostoso de grama e terra molhada. Recostei a cabeça na parede e fiquei sentindo, quando mexi os pés senti alguma coisa roçar na minha perna o que me fez pular. Juro que tive certeza que era uma cobra. Ah qual é, estamos no meio do nada, faz sentido ok? Olhei para baixo e vi o casaco azul acinzentado caído atrás de mim. Me abaixei e o peguei, dei leves batidinhas para tirar qualquer cisco que tivesse grudado nele. Quando ergui os olhos vi Nicholas à centímetros de mim. De onde ele tinha surgiu, pelo amor de Deus?
- Ah – exclamei baixo de susto
- Bu – disse ele brincando com um sorriso enorme nos lábios
Eu estava pensando, ele seria um bom “aeromoço”, não para de sorrir nunca e é gato. Com certeza, ele seria um ótimo aeromoço.
- Então, qual foi o motivo de escapada? – quis saber me dando conta que não fazia idéia do porque de ele ter entrado correndo daquele modo
- Bom você, assim como eu, não quer ficar aqui, então... – disse antes de erguer as chaves de um carro na altura dos olhos e fazer uma cara tão fofa que eu juro que me controlei ao máximo para não gritar de leve e pular em cima dele apertando aquelas bochechas lindas.
- Vamos – chamou quando percebeu que tudo que eu conseguia fazer era rir e olhar para ele
Eu sou uma retardada. Fato.
Pegou o casaco da minha mão e jogou por cima do ombro o segurando pela gola, tenho certeza que ele fez de propósito, porque aquilo também deixava o antebraço dele mais inchado. Entrelaçou seus dedos nos meus e fomos até o parapeito da varanda novamente, só que dessa vez do lado oposto ao da escuridão, para o lado do estacionamento. Não que fosse o lugar mais bem iluminado do mundo, haviam alguns postes de madeiras enfiados na terra com luzes fracas. Bela iluminação. Ainda assim era mais claro que o lado da casa.
Pulamos o parapeito e seguimos de mãos dadas em direção ao mundo de carros estacionados na terra, passamos por entre eles até chegarmos ao dele, bem charmosinho, com uma aparência meio de antigo. Fomos até o lado do passageiro e quando estava levando a mão até a maçaneta, a dele me impediu.
- Ei – disse sorrindo com a mão sobre a minha – Nada disso – abriu a porta do carro para mim
Pensei que fosse alguma frescura do tipo “não toque no meu carro”, mas não, era puro cavalheirismo. Ele se curvou e apontou com a mão esquerda, que não segurava a porta, para dentro do carro. Sorri e fiz uma reverência de leve abrindo meu vestido para os lados e curvando as pernas. Entrei no carro e coloquei o cinto enquanto ele fechava a porta e dava a volta no carro até o seu lado. Enquanto esperava, comecei a pensar se era uma boa idéia mesmo sumir assim do nada de um casamento, com um garoto que eu mal conheço. Pois é eu consigo ser idiota quando quero, a maioria das garotas nem pensaria nisso, mas o meu lado “quadrado” resolve aflorar nessas horas.
- Nick – chamei quando ele entrou no carro, enquanto encarava o painel com o cenho franzido
- Hm – fez com a boca enquanto se ajeitava no banco do carro e colocava o cinto
- Acha mesmo que é uma boa idéia? Digo, sumir assim do nada? – olhei para ele que ainda procurava a entrada do cinto
- E quem disse que estamos sumindo? – olhou para mim sorrindo meio vitorioso – Sabia que você ia acabar dizendo isso, ou pelo menos esperava, então avisei seus pais
Se eu não estivesse sentada provavelmente teria caído quando ouvi aquilo. Aquele garoto pode te surpreender mesmo quando você acha que não ah mais maneiras para isso.
- Você o que? – perguntei ainda incrédula com o queixo caído
O sorriso se alargou ainda mais e ele se virou para frente para dar a partida do carro, depois virou o corpo para mim de novo.
- “Olá, senhora Calusni” “Olá Nicholas, muito prazer...” – e assim ele continuou encenando a conversa que teve com a minha mãe, me causando muito riso com a imitação da voz dela
No fim das contas ele disse que era amigo do David e perguntou, com a maior naturalidade do mundo, se é que era assim mesmo que tinha acontecido, se podia me levar para um passeio enquanto a festa não acabava.
- ...“Ah claro querido, ela está com o celular, quando estivermos indo embora eu ligo para vocês voltarem” – concluiu ainda imitando a voz da minha mãe
Ri mais alguns segundos e depois o fiquei encarando com a boca meio aberta, o sorriso dele ela a coisa mais fofa do mundo.
- Você não existe garoto – disse por fim tirando o celular da sandália e jogando no painel do carro à minha frente
Ele riu e deu a partida no carro, colocou a mão direita no encosto de cabeça do meu banco e olhou para trás dando ré no carro. Andamos pela pequena estradinha de terra e saímos do camping, mas em vez de virar à direita e ir em direção à cidade, ele virou a esquerda, o que nos levou mais para o meio do mato ainda.
- Onde estamos indo? – perguntei meio nervosa
- Para um lugar distante – disse sério olhando fixo na estrada
Tudo bem, quem é você? E o que fez com o Nicholas?
- Mas, por quê? – eu estava ficando mesmo nervosa
- Assim eles não vão achar seu corpo – desviou os olhos da estrada e os cravou nos meus
Eu sabia que aquilo tudo estava bom demais para ser verdade. Ele era um maníaco psicopata e que provavelmente é noivo sim e aquilo não é um anel de pureza. Tudo bem que não faz sentido ele ser noivo e psicopata, a não ser que a noiva dele também seja uma, ai meu Deus, talvez ela esteja nos esperando nesse tal “lugar”. Olhei para a estrada novamente, senti o sangue sumir do meu corpo e minhas mãos começarem a tremer, o ar que entrava em meus pulmões parecia insuficiente por mais fundo que eu respirasse. Eu ia morrer.
De repente um som estrondoso preencheu o carro me fazendo apertar os olhos e me encolher um pouco com o susto. Senti o carro ir para a direita e parar devagar, olhei para ele e vi que gargalhava. O “som estrondoso” era a risada do infeliz. Ele não se controlava, jogava o corpo para os lados e parecia procurar pelo ar. Fiquei observando aquilo por um tempo ainda de boca aberta e respirando forte, até que ele olhou para mim e o ar pareceu fugir dos meus pulmões. Então eu entendi.
- Seu filho da puta – disse apoiando a testa no painel e levando as mãos ao peito
- Ah qual é, uma brincadeirinha à toa
Olhei para ele e fiz a cara mais... mais, que eu consegui e claro, ele riu, o que infelizmente me fez rir também. Pelo amor de Deus eu não consigo nem FINGIR que estou brava com esse garoto. Ele se inclinou e deu um beijo demorado na minha testa, depois um no nariz, no queixo e por fim um selinho. Meu sorriso foi tão grande que juro que chegou nas minhas orelhas, ele se virou no banco e ficou de frente para a estrada novamente, acelerou o carro e nós saímos.
- Agora sério, para onde estamos indo? – tentei novamente
- Para o meu lugar secreto – olhou rapidamente para mim sorrindo
- E é longe? – ficar me enfiando no mato com um “estranho” não é exatamente uma coisa que eu adoraria fazer
De repente o carro virou e passou por uma passagem nas moitas que, se a pessoa não conhecesse, não faria a mínima idéia de que estava ali. Entramos em um campo aberto enorme, com a grama bem curtinha e uma lagoa no final, jurei por um segundo que eu estava num conto de fadas. Observei o local por alguns segundos com a boca entreaberta e depois me virei para ele, que já me encarava, como de costume.
- Isso é... é – as palavras não saíam de minha boca – Lindo – forcei
- É eu sei – disse observando a paisagem
- Como você descobriu esse lugar?
- Quando desviei o carro para não atropelar um passarinho no meio da estrada – respondeu rindo de leve e eu fiz o mesmo
Fiquei olhando por mais alguns segundos, ainda tentando assimilar que toda aquela beleza não estava atrás da tela de um computador ou TV, nem era gerada por tecnologia, era real. Ouvi Nicholas abrir a porta e a bater assim que saiu do carro, ele veio até meu lado e abriu a minha porta, me estendendo a mão para me ajudar a levantar. Andamos em silêncio até uma árvore no meio do campo e nos sentamos embaixo dela, me sentei ao lado dele deitando minha cabeça em seu ombro.
Era tudo tão perfeito que eu tinha medo de que, a qualquer momento, o som do meu despertador fizesse tudo desaparecer e me lembrasse de que era segunda-feira e eu tinha que ir para a tortura matinal, mais conhecida como escola.
Ficamos sentados, andamos, conversamos, corremos, brincamos, cantamos, fizemos de tudo um pouco durante horas e horas. Esquecemos de que o mundo existia e só ficamos ali, tudo bem que isso foi bem melado, mas foi o que aconteceu oras. Estávamos correndo pelo campo como dois loucos, quando de repente, senti alguma coisa em minha perna, como se um abelha estivesse zunindo pousada sobre ela, parei no desespero e comecei a bater e esfregar minha perna, até que me lembrei do meu celular. Apertei os olhos pensando na merda que podia ter acontecido e comecei a procurar em volta, vi ele caído a alguns metros de mim e Nicholas andando em direção a ele com um sorriso no rosto. Pegou o celular e o ergueu na altura dos olhos, o que iluminou seu rosto.
- Sua mãe está... estava, te ligando – disse quando, provavelmente, quando o aviso de que alguém estava ligando foi substituído pelo de chamada perdida
- Obrigada – disse depois de ir até ele e pegar o celular de suas mãos
Mexi rápido nos botões e liguei para minha mãe que atendeu segundos depois berrando no bocal do telefone por causa da música alta.
- FILHA?
- Oi mão, sou eu – respondei afastando de leve o telefone de mim – Me desculpe não atender
- TUDO BEM – berrou – ESCUTA, VOLTE PARA A FESTA, NÓS JÁ ESTAMOS INDO – juro que se fosse eu, teria perdido meus pulmões a essas horas
- Tudo bem, estou indo, beijos – avisei e desliguei, não queria mais berros nas minhas orelhas
Fechei o telefone e o prendi nas tiras da minha sandália novamente, dessa vez mais apertado, só por precaução.
- Vamos voltar? – perguntou Nicholas quando abri a boca para avisar que precisávamos voltar
- Você lê mentes? – perguntei franzindo o cenho e inclinando de leve a cabeça com um sorriso fraco nos lábios
- Não, mas leio o identificador de chamadas, e as horas também então... – fez uma carinha fofa e deu de ombros
Ri e balancei a cabeça negativamente olhando para cima, esse garoto definitivamente não existe.

I’ll pick you up at seven, we can drive around and see a movie
Fomos para o carro e ele voltou para a estrada, ligamos o rádio baixo só por ligar mesmo. No meio caminho resolvi falar, já que estávamos em silêncio até agora, mas no momento em que abri a boca, ele falou primeiro.
- Então, vou te ver de novo? – perguntou sorrindo todo fofo
- Se você quiser – meu Deus do céu, nem a minha língua eu controlo mais - Bom, então eu acho que vou – respondeu depois de uma risada
Segundos depois entramos no estacionamento novamente e paramos o carro no mesmo lugar. Tirei meu cinto e levei à mão até a maçaneta da porta para abrir-la, mas fui impedida por uma mão.
- Ei
- Desculpe – pedi de brincadeira erguendo as mãos na altura da cabeça
Ouvi ele rir de leve antes de sair do carro e bater a porta. Ele ri de tudo, por favor, não sou tão engraçada assim, na verdade, eu NÃO sou engraçada. Deu a volta pela frente do carro e abriu minha porta, estendeu a mão e me ajudou a levantar. Se inclinou para dentro do carro de novo depois que eu já tinha descido e pegou seu paletó, o vestiu fora do carro e bateu a porta. Passou o braço por meus ombros e começamos a andar em direção ao parapeito da varanda, a terra estava molhada pela chuva o que fez meu salto afundar algumas vezes na terra, mas eu nem se quer perdi o equilíbrio porque ele parecia prever esse tipo de coisa e firmava o braço à minha volta me dando apoio. Quando estávamos quase chegando, percebi que parecíamos um casal chegando no baile da escola, idéia que me fez abrir um sorriso fraco.
Chegamos ao parapeito e pulamos do jeito de sempre, ele primeiro para me ajudar com o salto quando eu, provavelmente, perdesse o equilíbrio quando pousasse do outro lado por causa da sandália. Passou o braço sobre meu ombros novamente quando eu já estava firmada no chão e fomos rindo até a porta por causa do tombo que eu quase tomei.
Quando chegamos à porta da varanda David estava saindo correndo, e a trombada foi feroz. Ele bateu exatamente entre mim e Nick, o que levou os três ao chão molhado e é nessas horas que nós nos arrependemos de comprar o vestido curto e bonitinho e não aquele não tão curto, mas menos bonito. Caímos de costas e David por cima de nós, não entendi porque ele estava correndo porque ninguém saiu pela porta depois dele, mas eu deixaria essa pergunta para depois. Todos começamos a rir depois de cinco segundos caídos, os garotos se levantaram primeiro e eu fiquei mais três segundos deitada no chão rindo, mas parei assim que sentir a brisa quente atingir um lugar que, se o vestido estivesse esticado, não atingiria.
Me sentei no mesmo segundo e percebi que meu vestido estava no mesmo comprimento da minha calcinha, puxei o infeliz para baixo e me levantei de um salto. Maldita teimosia minha que não deixou que eu usasse um shortinho por baixo do vestido quando minha mãe mandou. Ajeitei o vestido e o cabelo rapidamente e olhei para os garotos, que não pareciam ter percebi a cena que se passou segundos atrás, o que me fez respirar aliviada.
- Tudo bem ai? – perguntou David passando a mão no meu braço, que senti estar molhado
- Tudo sim, e com vocês? – quis saber erguendo os olhos para os dois
Eles se entreolharam e acenaram com a cabeça para mim, ambos com os sorrisos mais fofos que eu já vira na vida. Como eu tenho sorte com homens, e agradeço todos os dias por isso. Mentira, mas finge. Sorri para eles de volta e dei mais umas passadas de mãos no meu vestido procurando qualquer sujeirinha, até que me lembrei de perguntar porque raios David estava correndo.
- David – chamei erguendo os olhos para ele e ele se virou para com as sobrancelhas erguidas em sinal para eu continuar – Por que raios você estava correndo?
- Ah – exclamou e deu uma risada – Mamãe estava atrás de mim, mas acho que ela me perdeu no meio das pessoas
- Claro – respondi meio desconfiada
- Mas então, precisamos ir – lembrou o infeliz – Vou entrando e vocês se despedem – infeliz que consegue ser tão fofo – Tchau Nick, nos vemos – e apertou a mão dele o abraçou antes de entrar no salão
- Falou David – respondeu sorrindo e o acompanhou com o olhar até sumir porta adentro
- Bom, tenho que ir
- É tem sim – disse brincando com uma mexa da minha franja – Mas vamos nos ver, pode relaxar, não vai se livrar de mim assim – piscou
- Que bom – disse ficando na ponta dos pés
Ele sorriu e se aproximou de mim, chegou a boca a centímetros da minha e sussurrou
- Até mais – e me beijou, de verdade
Ficou passando a mão por minhas costas enquanto eu acariciava sua nuca, brincando com seus cachinhos mais compridos. Me deu mais um selinho, aonde eu senti um sorriso e depois no abraçamos. Entramos no salão segundos depois e com um último selinho casa um foi para um lado, eu para a saída onde já tinha visto meus pais e ele para... o banheiro.
- Vamos? – perguntou minha mãe animada passando o braços sobre meus ombros
- Uhum – respondi meiga – Onde está o David? – perguntei sentindo sua falta - No banheiro, querida – respondeu minha tia sorridente
Ele chegou pouco depois e fomos para os carros, no estacionamento decidimos que David iria dormir em casa, na verdade nossos pais decidiram. Não sabemos porque, mas ele adoram nos por para dormir juntos. Nos despedimos e entramos no carro, David foi acariciando minha mão esquerda, o que por sinal é muito bom, até que meu celular vibrou no meu tornozelo me fazendo pular. Me abaixei e peguei o celular bufando, que merda seria agora, o abri e vi um número que eu não conhecia no aviso de mensagens. Abri a mensagem com o cenho e a li em um segundo, fazendo meu coração voltar a bater forte, TUM-TUM TUM-TUM, quando cheguei ao fim dela pela terceira vez.
“Amanhã as sete. Beijos, Nicholas.”
Encarei a tela do meu celular por mais alguns segundos com a boca entreaberta, não fazia nenhuma sentido, onde ele tinha conseguido meu numero? Ouvi uma risada baixa ao meu lado e olhei para David, ele tinha uma das mãos sobre a boca e parecia prender o riso, foi ai que eu entendi: o banheiro. Bati de leve no ombro dele como se o culpasse, mas ele simplesmente ergueu as mãos na altura dos olhos e fez beicinho como quem diz que não tem nada a ver com o assunto. Ri da reação e voltei minha atenção para o meu celular novamente, li a mensagem mais algumas milhões de vezes no carro... e antes de dormir. Confesso.

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n/a: Bom, eu nunca mandei uma fica pra cá então, sinceramente, estou cagando de medo :x Mas de qualquer jeito, obrigada por ter lido a fic e tudo o mais, você tendo gostado ou não :D Também um agradecimentozinho rápido pra Rafa, uma amiga minha que tem uma paciência do cão de ficar lendo minhas fics e tudo. E hm, dependendo dos comentários, e se vocês quiserem, eu faço a segunda parte dela. Então é isso amores da minha vida, obriigada de verdade :*

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