O passado que sempre volta
A Formatura.
História por JessB | Revisão por Carol Mello

O que eu tinha que fazer hoje era muito simples. Ir à formatura de uma amiga, beber, dançar, tirar fotos constrangedoras, talvez ficar com alguém e aí voltar pra casa com os sapatos nas mãos, maquiagem borrada e com o vestido amassado. Sim, eu poderia fazer isso tranquilamente, a não ser pela presença ilustre do meu ex-namorado na mesma festa, na mesma mesa e abraçando a mesma amiga.
, o cara que me fez sentir a pessoa mais idiota do mundo – e que fazia uns dois anos que eu não encontrava – estaria a poucos metros de mim. Queria dizer que o nosso término de namoro foi tranqüilo, pacífico e que seremos amigos pra vida toda. Mentira. Toda pessoa que terminou um namoro e diz que ela e seu ex serão amigos para sempre, está mentindo. Isso não existe. Términos de namoro são sofridos, dramáticos e muito, muito chorosos. E o meu foi assim – claro, a parte do “chorosos” foi por minha conta. Eu chorei tanto que se pudesse voltar atrás, engoliria o choro só pra ele não ver. Também não foi só com choro que o nosso relacionamento acabou, coloque na lista pratos quebrados, murros na parede, ciúmes incontroláveis e mais de cinqüenta chamadas não atendidas no telefone dele enquanto eu não achava a minha dignidade.
Já com o meu vestido preto e ainda descalça, terminava a maquiagem. Decidir por uma coisa clássica que marcasse meus olhos e minha boca. Enquanto me arrumava, sabia que essa noite seria difícil e constrangedora. Afinal, o grupo de amigos do colegial não era o mesmo de há quatro anos. Os rapazes tinham uma banda, na qual ainda estavam naquela situação de arranjar uma gravadora e nós, as meninas, estávamos prestes a nos formar em nossas profissões e quem ia começar era a . Até pra ela ia ser um pouco chato, já que tinha namorado o e também foi um fracasso, mas ela tinha que convidá-lo. Era a melhor amiga de e também de , se não convidasse todos, não ia ser muito educado. Coloquei meus sapatos pretos sentada em minha cama, e me vi no espelho. me machucou tanto que eu não sei bem se estou preparada pra vê-lo hoje”,pensei.
- Hoje é o dia de , e não é um idiota que vai atrapalhar isso. – disse pra mim mesma enquanto colocava os brincos.
Fui até a garagem de meu prédio. Logo que entrei em meu carro, procurei meu CD favorito e antigo do Green Day.
Ao som de Jesus of Surbubia fiquei pensando em como estaria depois de dois anos. Será que tinha mudado? Engordado? Ou estaria mais musculoso do que era? Se estiver, Deus o abençoe, porque quando era meu, eu já o achava gostoso e se tiver mais, quero que o mesmo Deus que abençoa , me proteja.
- Meu... – ri de mim – nunca foi meu, nem de ninguém. – falei sozinha uma verdade em que custava a acreditar quando estava com ele. sempre fez o que quis, nunca ouvia a minha opinião pra nada, nunca me perguntava o que eu queria. – não era de ninguém. – repeti.
O som rolava enquanto eu ia em direção ao Pierre Chalita, um espaçoso salão onde só iam pessoas ricas e selecionadas de Londres. estava se formando em Medicina, o que a gente nunca duvidaria, porque sua inteligência sempre foi notada no ensino médio. Bons tempos. Nossa única preocupação eram as provas de matemática e física, e como ia nos passar a pesca. Hoje éramos adultos com contas pra pagar, amizades distantes e amores mal-resolvidos.
Finalmente tinha chegado ao tal Pierre Chalita e estacionado o meu carro em uma das vagas perto de um imenso jardim. Antes de sair do carro, conferi minha maquiagem e meu cabelo. “Ótimo, por enquanto tudo está perfeito”, pensei. Ainda sentada no banco do carro, imaginei uma noite boa e agradável e não uma noite de escapadas ao banheiro pra chorar e idas ao bar pra beber mais de uma dose de uma vez só.
Entrei no salão que estava com uma decoração grega, eu acho. Procurei minha amiga e nem sinal dela, fiquei receosa de entrar e ver logo de cara o meu problema.
- ! – ouvi uma voz conhecida me chamar, fiquei procurando – Aqui, sua louca! – veio em minha direção com um sorriso enorme. Ela já estava bêbada. A festa mal tinha começado e ela já estava aérea. – Você ta linda, amiga.
- E você, bêbada. – disse rindo – Mas, sério. Você também está linda! E ta certa de beber tudo hoje! Hey, você já é médica! – dei um abraço apertado nela que estava com um vestido branco e que parecia muito com os de deusas.
- Obrigada, você não sabe o quanto eu estou feliz. Estou me formando, minha família está aqui, todos os meus amigos estão aqui! – engoli em seco. “Todos os meus amigos estão aqui”. Eu juro que gelei, acho que fiz uma cara tão sem graça que percebeu. – Ah, já sei por que você está assim. Me desculpa, mas não tinha como eu não chamar o . – quando ouvi ela o chamar de , senti um frio enorme na barriga. Tinha evitado o chamar assim, com tanta intimidade porque me faz lembrar tantas coisas e a primeira pessoa que encontro na festa o chama do mesmo jeito que o chamava enquanto namorávamos. Ouvir depois de tanto tempo o apelido que me fez muitas vezes chorar, mas também que me fez uma das pessoas mais felizes desse mundo era meio duro pra mim.
- Você não precisa se desculpar, ele é seu melhor amigo. Eu entendo. Você não tem nada a ver com o que houve entre nós. Já é passado, e não volta. – ela me olhou com pena e se achando a pessoa que cometeu a gafe mais horrível desse mundo. – Relaxa. Eu vim aqui pra me divertir, beber e por você. Por mais ninguém. – falei olhando nos olhos dela de quase choro, que se transformaram em olhos de alegria e felicidade. - Ufa, achava que você ia sair correndo daqui de salto e tudo. – ela riu treslouca – Vamos logo pra mesa, quero que você veja todo mundo!
pegou minha mão e com dificuldade me levou até a mesa onde estavam os meus amigos e meu ex-namorado. Por um instante a ideia de sair correndo no meio do salão me pareceu válida, mas ia ser difícil correr com salto, logo eu que mal sabia andar em um,imagina correr! Sem chances.
apertou a minha mão, em sinal de que já estávamos chegando. Ela me olhou de lado pra saber como eu estava indo. Passei um olhar seguro e nós continuamos a andar.
Eu já pude ver a mesa e ouvir a risada inconfundível de , que fazia parte da banda também. Com certeza estavam falando alguma besteira da época em que estudamos juntos ou uma piada entre eles. Eu ainda não tinha visto você sabe quem, então suspirei. Senti um olhar de confusão em , mas não me falou nada e então estávamos na mesa dos terrores.
- Gente, olha quem eu encontrei perdida na entrada! – gritou.
- ! – falou se levantando pra me dar um abraço – Você ta linda! – tentei falar um “obrigada”, mas não pude porque nessa hora minha boca bateu em seu ombro num abraço desajustado à lá .
- Vem cá, faz tanto tempo que eu não te vejo. – também se levantou e me abraçou. Ele fez menção de que ia fazer o seu épico cafuné em mim, mas logo falei:
- Nem vem, você não sabe o quanto me custou pra fazer esse penteado! – ele fez um gesto como se tivesse rendido.
- Desculpa se eu queria relembrar daquele tempo bom que passamos juntos. – e todos riram. , que estava concentrado, deu um sorriso pra mim ainda sentado e eu fiz o mesmo. Engraçado, eu nunca entendi bem o motivo, mas desde que eu e terminamos, não voltou a ser o mesmo comigo, quero dizer, olha o e o ! Eles sempre foram carinhosos comigo até nas piores brigas. Durante o meu namoro com o seu amigo, me tratava como um dos guys, me chamava pra jogar vídeo-game, me contava quem era que ele tava pegando e hoje em dia, mal falava comigo. Eu realmente não entendia.
- Hey! – , sua namorada há não sei quantos séculos, me chamou. Diferente dele, ela ainda continuava falando comigo – Como você ta? Faz tanto tempo. – ela me perguntou.
- Ah, cara, to indo... Aquela coisa, trabalho, to finalizando o curso de veterinária. Enfim, muita coisa acontecendo em um curto espaço de tempo. – falei num tom cansado e ao mesmo tempo divertido. – Cadê a ? – perguntei pela namorada de , me sentando. Todos me olharam com a cara “não faz isso” e fiquei assustada – O quê? Perguntei alguma merda? Vocês acabaram? – eles eram um dos casais que eram improváveis de acabar, por isso me espantei tanto.
- Nah! – fez um barulho estranho com a boca, logo depois que se recuperou da cara que fez quando me sentei – Ela deve ta vindo, logo menos... Parece que o irmãozinho dela quebrou o pé e sobrou pra ela levá-lo ao hospital. – essa eu queria ver. com um vestido de festa, salto alto e toda produzida num hospital enquanto seu irmão era engessado.
- Mas então por que vocês fizeram essas caras?! – queria uma explicação. Todos olharam atrás de mim e quando ia falar, alguém o interrompeu.
- Obrigado por roubar minha cadeira. – sua voz sussurrou em meu ouvido e pude saber bem quem era. Essa voz costumava sussurrar pra mim dizendo que me amava.
- Não tem problema, eu saio. – falei um pouco seca, me levantando na mesma hora. me olhou de cima a baixo, parando nos meus olhos. Pude ver um pouco de surpresa e encanto nos dele.
- Fique! Que tipo de homem sou eu, que deixa uma mulher linda como você em pé? – “o dos piores” pensei. – Sente que eu pego outra cadeira pra mim. – ele foi buscar uma cadeira em outra mesa e pude ver meus amigos o seguirem com os olhos. Acho que naquela fração de segundo ninguém havia respirado. Sentei envergonhada, olhando pra baixo.
-Vocês deviam ter me avisado. – falei depois um pouco baixo.
- , quando você sentou, a gente tentou avisar, mas a merda já tinha sido feita. – falou rindo sem graça. Dei um sorriso de lado. Vi que passava um garçom e sem pensar duas vezes, levantei a mão em sinal de que queria um drink. já tinha chegado com uma cadeira em mãos e sentado perto de e .
- Obrigada. – falei e bebi um pouco da bebida vermelha, da qual nunca tinha bebido antes. tinha ido falar com seus familiares e eu fiquei com cara de idiota bebericando meu drink enquanto e falavam numa nova gravadora.
Senti alguns olhares de em mim enquanto ele ouvia falar, mas fingi que não tinha percebido. Já que estava sobrando, resolvi ir até o banheiro.
- Volto já. – me levantei e todos pararam de conversar. me olhou e depois desviou o olhar, como se não estivesse interessado no que eu falara. Mas eu posso apostar com você, que quando eu saí, seus olhos me seguiam até me perder de vista.
Entrei no banheiro me fazendo algumas perguntas. Ouvi alguém entrar.
- Ele ta aí, não ta?– era .
- Você não estava no hospital com o seu irmão? – perguntei confusa.
- Eu estava, mas minha mãe chegou lá e tudo está bem agora. E você, está bem? – ela me abraçou. Esperei as tão famosas lágrimas chegarem, mas não vieram.
- Eu não sei dizer, . Era pra eu estar sentindo alguma coisa, mas não estou. Eu estou tranqüila, sem o tal “coração disparado” e sem lágrimas. – apontei para os meus olhos que não esboçavam nenhuma emoção.
- Oh, acho que isso é bom. – ela falou se olhando no espelho – Vai ver que finalmente você não sente mais nada por ele. Que acabou de vez. – ouvi isso pareceu que a realidade bateu em minha porta. Então havia mesmo acabado? Esse reencontro está sendo a comprovação final?
Com tantas coisas na cabeça, uma me perseguia há muito tempo.
- E ele, , como é que ele ta? – eu poderia odiá-lo, poderia não sentir mais o amor que sentia por ele, mas essa era uma pergunta que ia e voltava na minha cabeça. – Como ele superou? – olhei pro reflexo da minha amiga no espelho e no mesmo instante, ela parou de se maquiar.
- Nós nunca sabemos, . Quando o assunto é você, ele é uma incógnita. Nos primeiros meses foi muito difícil tanto pra ele quanto pro resto dos guys. não queria saber da banda, chegava bêbado quase toda noite e cheira a perfume barato. – ela parou de falar olhando pra mim, e ouvir aquilo doeu. – Desculpe. – crispou seus lábios e fiz sinal pra que ela continuar. – Em um belo dia, ele chegou ao estúdio feliz, com um grande sorriso e disse “guys, tenho uma puta de uma música pra vocês!”. balançava o papel na mão e todos nós ficamos surpresos com a empolgação dele. Ninguém até hoje sabe como ele superou e seu nome, pelo menos lá no estúdio, nunca é citado. Acho que os meninos fizeram um trato sem o saber. – arqueei a sobrancelha em sinal de perdida. Que trato?
- Nunca fale o nome dela enquanto estiver aqui. – ela falou com uma voz grossa, imitando toscamente um dos meninos. – Eu só sei que não foi fácil pra você e muito menos pra ele. pode esconder bem quando quer, mas tenho certeza que ele sofreu. E não sofreu pouco! – ela riu guardando o gloss na bolsa. balançou seu cabelo a fim de arrumá-lo e ajeitou seu vestido vermelho.
- Eu posso até dizer que superei, que não sofro. Mas no fundo, no fundo, eu sofro. E com ele aqui... – fiz menção que ia chorar, mas de novo, nenhuma lágrima.
- Calma, amiga. Hoje é um dia importante pra , temos que apoiá-la, ela não precisa de draminhas. Se você quer resolver uma coisa, que infelizmente já ta resolvida, tem que ser fora daqui. Longe de bebidas. – ela olhou pro copo em minha mão – E longe de todos. Agora vamos, porque vão pensar que você fugiu!
- Gente, todo mundo pensa que eu vou fugir! – ri e fomos se juntar aos nossos amigos.

- Amor! – falou assim que viu chegar. – Como ta o pequeno Jimmy?
- Aquele moleque que me fez ir linda e produzida pra um hospital ta bem! – ela deu um sorriso pra ele e nos fez rir também. estava em pé segurando seu copo de whisky e vendo a movimentação do salão.
- Pensei que você tinha parado no bar. – disse pra mim enquanto eu me sentava.
- Isso eu faço mais tarde. – brinquei e ele deu um peteleco no meu nariz. Nossa, como eu tava com saudade daquilo que fazia. Era tão idiota, mas pra mim era uma forma de carinho e amizade. Eu ri tão alto que se virou pra ver. Ele me viu com a mão no nariz e logo percebeu o que tinha se passado. Ele costumava dizer que eu não precisava falar pra saber o que tinha acontecido comigo. dizia que me conhecia só pelos gestos, então ele sabia muito bem o que tinha se passado naquela hora quando estava com a mão no nariz.
Fiquei paralisada quando o peguei olhando pra mim. levantou seu copo e deu aquele conhecido sorriso de lado. Fiquei tão tensa que nem senti que estava atrás de mim.
- Tente sorrir. – ela sussurrou em meu ouvido e sentou ao lado de seu namorado. tinha ido pegar alguns docinhos pra que estava analisando as pessoas do lugar.
- Então, gente como é que anda a banda de vocês? – perguntei pra e pra .
- Muita ralação, a gente ainda não arranjou uma gravadora... – disse um pouco triste.
- Ah, relaxa. Vocês são muito bons, as gravadoras estão vacilando deixando vocês à toa! – acabei com o que ainda tinha no meu copo. E sentou-se à mesa.
-O que eu perdi? – ele perguntou.
-A gente tava falando pra sobre a banda. – respondeu.
-Isso é sério? – ele pareceu espantado – Nossa! Pra quem nunca quis saber sobre esse assunto, você não acha que é um pouco tarde demais? – ele falou num tom agradável, mas com o veneno forte em sua voz. Esse era um dos nossos problemas: ele me cobrava por eu não me interessar pela a banda dele.
Eu ri um pouco nervosa, tentando achar uma resposta certa pra aquele tipo de afronta.
- Antes tarde do que nunca, não? – só pude dizer aquilo. soltou uma risada irônica e bebeu seu whisky.
- Calma gente! Não vão brigar aqui, a vai ficar chateada. – disse nos olhando.
- Eu não quero brigar, só achei curioso ela querer saber da nossa banda agora. – não tirava o sorriso irônico da cara.
- Olha, pensa o que quiser. – falei com raiva – Se acha que eu sou uma vaca só porque eu não perguntava da sua banda quando você vinha chorar pra mim porque não arranjava nenhuma gravadora naquela época é problema seu, dá licença. – saí de lá puta da vida. Se ele acha que vai me deixar calada e coagida, ele que se engana! Eu aprendi muitas coisas, e uma delas foi nunca mais deixar me ferir.
Fui em direção ao bar. Pois é, o que ia ficar pra mais tarde, tornou-se a melhor opção. Parei no balcão e esperei ser atendida. O bartender que era muito bonitinho – e muito novinho também – por sinal, me deu um sorriso e falou.
- Se a maioria das convidadas dessa festa for assim, então eu devo estar mesmo no lugar certo. – o cara que vestia preto e tinha um piercing bem sugestivo perto da boca continuava a sorrir.
- Se você tiver mesmo a idade que eu estou pensando, daqui a exatamente cinco copos, vou estar presa. – eu disse apontando pra um copo de bebida que uma menina segurava – Eu quero um desse.
- Acho que você vai ser presa hoje. – ele disse e logo foi fazer a minha bebida.
No segundo copo, eu já tinha feito amizade com o carinha do piercing e descobri tudo sobre ele. O nome era Dereck, estava no último ano do ensino médio, mas havia repetido. Estava trabalhando como bartender pra pagar uma prancha de surf e guardar pra um futuro carro. Jovens. Cheios de planos.
Eu era assim.
Estava de costas para o balcão olhando as pessoas – mais especificamente os caras – que estavam na festa. Encostei meus cotovelos no balcão, ainda de costas para o Dereck e seu companheiro de trabalho. Mordi o canudinho preto e percebi que um cara lindo e loiro me olhava sem parecer que estava envergonhado com aquilo. Digo, ele estava realmente querendo alguma coisa. Tentei sensualizar com o canudo na boca quando vi que o carinha estava vindo até mim. Um outro cara bonito – tenho que admitir – parou na minha frente.
- Você pode fazer o favor de sair da minha frente? Ta me atrapalhando. – falei pro .
- Eu sei o que você quer fazer. – ele falou como se tivesse toda certeza do mundo. – Sei muito bem, . – fechei meus olhos com força. Pela primeira vez depois de dois anos, tinha dito meu apelido.
- Não me chama de ! – disse com raiva e quase engolindo o canudinho. Para evitar acidentes, tirei o canudo da boca.
- Eu chamo você do que quiser, a ex-namorada é minha! – disse colocando o inseparável copo de whisky no balcão.
- Algum problema, ? – Dereck me perguntou.
- Oh, pirralho, vai brincar de jogar copo, vai! – levantou a voz pra Dereck que não fez nada, já que estava trabalhando.
- Não fale assim com ele! A única pessoa com quem você tem problema sou eu, e não ele. – falei o empurrando pra um pouco longe do balcão e dizendo um “desculpa” pra Dereck.
Todas as pessoas nos olhavam por causa do pequeno surto dele.
- Ta vendo, é isso que você me faz fazer. Eu sei desse seu joguinho, . – ao ouvir de novo o meu apelido em sua boca, virei a cara pra não olhar em seus olhos. – Me faz ter ciúmes, me faz passar vergonha na frente de todos e o pior, me faz me humilhar. Esse é o seu jogo pra hoje à noite, querer que eu me humilhe pra você.
Eu tive que rir. Desde quando eu queria que ele se humilhasse? Até ontem achei que quem se humilhava nessa história toda era eu.
- Por que você ta rindo? – ele perguntou incrédulo.
- Engraçado. Você é que é o humilhado aqui? O que me diz das milhões de ligações que eu fiz pra você com intuito de tentar voltar e você não me atendeu? Ou então aquela vez que eu fui até o estúdio falar com você e bateram a porta na minha cara, porque você não queria nem que eu entrasse? Ou melhor, as vezes que tentei falar com você no MSN e depois descobri que você me excluiu? Depois de tudo isso que eu passei você chega aqui e diz que está sendo humilhado? Isso é piada, né?
me olhava incrédulo. Ele achava que eu ia esquecer tão facilmente as coisas que passei por causa dele? NÃO. Nunca esqueci e nunca vou. Eu esperava uma resposta e se não houvesse uma, então eu tinha ganhado. Pelo menos aquela batalha.
- Você não ia entender o que eu sentia naquela época. – foi a única coisa que ele falou. Eu sabia que não ia pedir desculpas e nem esperava por elas.
- Eu não ia entender o que, ? Que você me machucou muito, que sou uma merda hoje por causa disso? – falei esperando mais uma vez as lágrimas virem, mas não vieram. E se elas chegassem, eu ia lutar bravamente pra não deixá-las cair. – Que até hoje eu te odeio por tudo isso? – eu disse tudo que eu queria dizer em dois anos. Eu não sabia que expressão tinha no rosto, uma mistura de orgulho ferido com dor. – É, eu te odeio. ODEIO. – levantei a voz um pouco, me controlando.
- “Não deve haver rancor onde já se teve amor”. – ele soltou aquilo como se fosse uma citação de alguma coisa.
- Você pode parar, ? – falei sem paciência.
- Me chamou de ! Temos uma evolução! – ele deu um largo sorriso que me fez quase rir também. – , você não tem saudade daquele tempo? Digo, quando estávamos todos juntos, como uma grande família? Você não tem saudade de tudo que a gente viveu? – ele segurou meu rosto com as mãos.
- Eu... – eu ia falar, ia falar tudo o que se passava na minha cabeça naquela hora. Mas o que estava se passando mesmo? Eu tinha me perdido naqueles olhos.
- De tudo o que foi bom? Das nossas tardes dentro de um quarto conversando besteira e nos amando?
- Eu... – engoli em seco lembrando de tudo. Sua boca estava chegando perto de minha boca.
- Não tem saudade de como você escrevia seu nome nas minhas costas com os dedos? – quando ele falou isso, minha boca estava tão perto da sua que pude sentir seu hálito cálido bater em meus lábios. Quase não resistindo, abri minha boca para um possível beijo.
- E com vocês, a formanda !
- Eu vim prestigiar minha amiga e só! Depois eu vou embora. – tirei suas mãos do meu rosto e me afastei o deixando parado no meio das pessoas que iam até perto do palco. Eu também fui até lá ver minha amiga feliz enquanto eu estava com o coração despedaçado.
Antes de cumprimentá-la, fui ao bar pra pegar alguma coisa pra beber.
- Pô, , que cara idiota! Eu ia bater nele se não estivesse trabalhando... Otário, acha que é quem? – Dereck, o bartender cheio de hormônios falou.
- Ele é o meu ex, Dereck. – disse num muxoxo. O menino ficou todo sem graça por falar mal de – Relaxa, garoto das biritas. Ele é um idiota e queria muito poder dar uma surra nele... Me vê um de Maracujá por favor. – pedi um drink.
Dereck riu e fez a minha bebida. Enquanto jogava os shakers, ele me cantava. Sério.
- Você pode me ligar quando quiser mais drinks. – ele já ia colocar a minha bebida no copo.
- E quando eu for presa, quem vai me dar drinks como esse? – perguntei pegando meu copo e saindo, dando uma piscadela básica. – Vou pensar no seu caso.
Deixei Dereck com cara de bobo e fui até , que infelizmente estava na mesa dos meus amigos.
Ao me aproximar, estranhei ver e meio que discutido. mexia os braços violentamente e olhava pros lados como se estivesse procurando alguém. Ela me viu e de imediato, deu um toque em , que o fez parar de discutir na mesma hora. Ele olhou pra onde estava olhando – no caso, pra mim – e saiu sem falar nada. Fingi que não tinha visto nada e fui até ela.
- Hey, te vi lá no palco. Que orgulho! – a abracei.
- Menina, pensei que você tinha ido embora, até fiquei triste. – ela falou num tom falso.
- Sério? – duvidei – Foi impressão minha, ou você e estavam brigando? – beleza, eu tentei fingir que não tinha visto, mas a minha curiosidade era maior. Desculpa aí.
- O que? Ah, não! – soltou um risinho falso. – Ele só queria saber quem era... Quem era o carinha que me abraçou. Era isso! Isso mesmo – com ciúmes da ?
- Nunca vi com ciúmes de você, mas sempre tem a primeira vez pra tudo. Enfim, amiga, já vou indo ta? – falei de uma vez. Aquela formatura estava me torturando de um jeito que eu não queria ficar lá nem mais um segundo.
- Mas por que?A festa propriamente dita vai começar agora! A gente tem que dançar, beber e curtir até de manhã! Sim, senhora!
- Oh, ... Faz isso comigo não! Você sabe muito bem por que eu quero ir embora. – disse num tom triste e olhando pro motivo da minha desmotivação.
- Eu sei, mas na real? Ele que se foda! Vai dar uma de garota fresca? – ela apontou pra com o polegar.
- Não aponta, caralho! Se ele souber que a gente ta falando dele, vai se achar o rei de tudo! – abaixei o dedo dela. riu do meu pânico – Pode rir! To indo embora... – falei com desdém e fui até a mesa, mas senti um braço me puxar. – O quê?
- Por favor, amiga! Isso é muito importante pra mim, digo, ter vocês todos aqui! Há quanto tempo nós não ficamos todos juntos?
- Há exatamente dois anos – falei baixo, mas parece que havia escutado.
- Pois é! E eu ficaria triste se você fosse. – ela fez aquela carinha de tristeza que fazia quando queria alguma coisa.
- Ah, , o que eu não faço por você? – fiz uma careta – Agora, vamos praquela maldita mesa! – disse e a puxei até lá.
- She’s back! – disse e eu mandei um beijinho no ar pra ele. Sentei em frente ao meu ex que fingia que eu não estava lá. Mas que se foda! Se era pra comemorar a formatura da minha amiga, vamos fazer direito.
- Beleza, a aposta é o seguinte. – eu disse pra todos da mesa – Quem for o primeiro a tirar a roupa bêbado leva tapa de todo mundo! – e todos riram. Era uma piada interna! Até o tonto do riu. As nossas festinhas eram famosas por ter muita gente bêbada e seminua.
- Apostado! – falou rindo e bebendo o seu copo inteiro. Todos gritaram um “wow!”

Depois de todos os copos de batidas que o Dereck podia me proporcionar, cansei de todas. E então, partir pro bom e velho whisky com gelo. Naquela hora eu nem sentia muito bem o gosto do whisky e aí foi mais fácil de meter pra dentro.
As meninas e eu estávamos na pista de dança, tocava uma música eletrônica muito louca, por sinal. Levantei meu copo e fechei os olhos, sentindo a vibração que a música estava fazendo sob o meu corpo. Naquele momento, eu sabia que poderia ir pra todos os lugares do mundo, poderia ter qualquer pessoa na mão, mas ela nunca seria e nunca significaria o que significou um dia pra mim. Essa era a realidade e demorei dois anos pra chegar a essa conclusão. Eu poderia dizer que naquele momento, estava amadurecendo e deixando aquele caso pra trás. Deixando, finalmente, pra trás e podendo voltar à minha vida de antes, com os meus amigos de antes, os que eu deixei por causa de um namoro cheio de brigas, ciúmes e fadado a acabar uma hora ou outra. É, eu estava em plena sintonia naquela hora sobre tudo em minha vida. Eu ia falar com toda certeza do mundo um “adeus” pra aquilo tudo, o que tanto o meu coração precisava dar.
Abri meus olhos e a primeira coisa que vi foi me olhar intensamente. No mesmo instante, fiquei com medo de que tudo que havia pensando tinha saído inconscientemente da minha boca e parado nos ouvidos dele.
Fiquei estática.
se aproximou de mim e eu fiquei procurando minhas amigas que por “coincidência” haviam sumido. E lá vinha ele se aproximando cada vez mais.
Até ficar cara a cara comigo.
- Na época que a gente namorava, quando íamos a um pub e você dançava, a maioria dos caras olhavam pra você e sabe, eu ficava orgulhoso. Eu tinha orgulho de mostrar que você tava comigo no final das contas. – ele falou no meu ouvido por conta da música alta. – Bons tempos. – ele tirou o cabelo suado de sua testa. Numa outra era, aquilo me deixava louca. –Tempo bom que não volta nunca mais. – ele falou num tom irônico.
- Ainda bem que você já sabe. – rolei os olhos e fiz menção de sair. segurou meu braço e eu virei pra ele – Acho que você já perdeu esse poder de me segurar quando e onde quer. – tirei o meu braço de sua mão e saí da pista.
Depois dessa discussãozinha na pista de dança, fui até a piscina que ficava do lado de fora do salão. Perto da piscina redonda e excêntrica, havia pessoas que fumavam e conversavam. Fiquei lá imaginando o que estava passando pela cabeça de . Por que mexer comigo depois de tanto tempo? A gente não podia fingir que tínhamos as nossas diferenças só hoje pela ? Logo por ela, que era tão amiga dele! Eu estava cansada disso tudo.
Senti alguém sentar perto onde eu estava. O cheiro de cigarro era forte e em sua mão havia uma taça de cerveja.
.
- Nem sei quando foi a última vez que falei com você. – eu falei deixando meu copo no chão e olhando melhor pro rosto dele. Seus olhos eram misteriosos e até o momento, não sabia mesmo se ele falaria comigo ou não. – Eu só sinto... Tanta saudade. – e pela primeira vez, em toda noite, as minhas lágrimas caíram. Eu tinha um carinho enorme por , ele era como um irmão que eu não tinha. Ele era o meu melhor amigo.
Ele respirou profundamente e tragou seu cigarro.
- Eu também sinto. Você não sabe o quanto, pequena. – ao falar aquilo, meu coração disparou tanto que não me agüentei e o abracei na mesma hora. Ele não tinha noção da saudade que tinha de ouvi-lo me chamar de pequena. – Eu só quero que você saiba que foi difícil pra mim também. Ver um dos meus melhores amigos se separar daquela maneira da minha melhor amiga. Eu não sabia de que lado ficar! Se eu ficasse de um lado, me sentiria traindo alguém.
- Mas você ficou do lado dele, ! Você ficou do lado dele e me esqueceu. – saí de seu abraço e olhei pra ele.
- Me desculpa, eu não sabia o que fazer. Nunca me vi numa situação dessas, eu achei mais fácil ficar do lado dele porque eu tinha e tenho uma banda com ele. Eu ia trabalhar com ele. E outra você não sabe...
- Se for falar a favor do , pode ir parando. Eu cheguei num ponto que não vou deixar isso me abalar. Foram dois anos sofrendo! Dois anos! Sabe, as pessoas cansam e eu me cansei!
- Eu só ia falar a verdade, mas se você se diz tão cansada, então não vou falar. Só espero que essa história tenha um ponto final e que todos voltem a ser como antes.
- Eu também espero que seja assim, que tenha um ponto final. Mas que tu volte a ser como antes, vai ser difícil.
- Vai ser sim, eu sei que vai. Mas também sei que uma hora ou outra alguém vai ceder... – ele se levantou, tragou mais uma vez – E nessa hora, eu vou estar aqui, comemorando com o meu cigarrinho e minha cerveja.
Ele saiu me deixando com cara de idiota.
Quem iria ceder? Ele estava falando em relação a quê? Eu não iria ceder ao nem fudendo e acho que o não viria atrás de mim me pedindo desculpas e dizer que estava completamente errado.
Isso ele não iria fazer mesmo!
Peguei meu copo e saí andando pra dentro do salão. Alguns caras me olhavam e outros até passavam a mão em minha cintura quando eu passava perto deles. Foi aí, numa dessas andadas, que vi o loiro de antes. O lindo e loiro que ficou na minha frente enquanto eu estava sensualizando com o canudo.
- Te achei. – ele agarrou a minha cintura. – A propósito, meu nome é Ian. – ri e me apresentei.
- Sou .
- Quer dançar? – ele fez cara de bobo – Nossa, eu esperei a noite toda pra conversar com você e só consigo falar “quer dançar”? – ele riu de si mesmo, coisa que me deixou encantada.
- Já é um começo. – Ian pegou minha mão e me levou até a pista de dança. A música que tocara era Make You Feel My Love, da Adele.
Ian colocou suas mãos em minha cintura e eu coloquei as minhas em sua nuca. Dançávamos calmamente ao som da música. Ian me perguntou aonde eu trabalhava, se eu ainda estudava e se tinha planos pra fazer alguma coisa amanhã.
- Eu gosto dessa música. – ele disse do nada. – Ela me faz imaginar coisas.
- Que tipo de coisas?
- Coisas que eu poderei fazer com você amanhã. – eu ri.
- E por que você não faz essas coisas comigo hoje? – se era pra chocar, se era pra fazer a safadinha, por que não agora?
- Eu não posso. O meu primo, que ta se formando, vai fazer um after na casa dele e eu tenho que ir com a família toda. – fiz uma cara de triste e falei:
- Então vamos ficar dançando e amanhã a gente faz o que você imaginou. – encostei meu rosto em seu ombro e dançamos até a música acabar.
Depois de vinte minutos de conversa, fui embora. Deixei meu número com ele e a promessa que nos encontraríamos amanhã em pé.
Sentei na nossa mesa que estava vazia e dei graças a Deus. Queria ficar só e descansar um pouco. Logo menos eu ia me despedir de todos e ir embora. Peguei minha bolsa, procurando meu celular. Achei-o e resolvi ver se tinha alguma chamada perdida ou mensagem. Não, não tinha nada.
Coloquei meu celular de volta, procurei meus amigos dando uma pequena olhada no salão e nada. Das duas uma: ou estavam se pegando por aí ou estavam bebendo feito loucos. Ri com o meu pensamento.
Já estava na hora de ir embora. Meus pés estavam cansados e doídos, meus olhos de minutos em minutos fechavam, com sono. Levantei-me, peguei minha bolsa pra ir achar se não todos, pelos menos a .
- Aonde você vai? – me perguntou assim que fiz menção de sair de perto da mesa.
- Me despedir da , estou indo. – não achei que eu precisava dar satisfação a ele, mas vai que ele conseguisse encontrar e dissesse que eu já tinha ido embora se eu não conseguisse fazê-lo?
- Tá cedo, fica. – só faltou ele falar “vai ter bolo”.
- Tenho que ir, já estou cansada. – fingi um bocejo. riu descaradamente.
- Esse foi o pior bocejo que você fingiu! –até disso ele sabia?!
- Não to afim de brincadeirinhas, vou embora. Se você encontrar , fala que eu já fui e que to pedindo desculpa por não ficar mais. – sem pensar duas vezes, fui em direção à saída.
- Idiota, pensa que só porque sabe quando eu to fingindo um bocejo vai tirar um sorrisinho de mim? Vai me agradar? Ta bom! – fui nervosa até onde meu carro tava. Tentei tirar a chave da bolsa, mas como eu tava nervosa, a porra da bolsa caiu.
- Merda! – me abaixei pra pegá-la e juntar tudo que havia caído. Juntei tudo muito rápido e continuei andando até o carro.
Entrei no carro e quando fui dar a partida, ouvi um “toc-toc” na janela. Olhei pro lado e era .
- Deus só pode ‘ta de brincadeira! – abaixei o vidro – O que é? –falei grossa.
- Não achei a , acho que deve estar se pegando com ! – ele riu.
- Você saiu da festa, atravessou esse estacionamento enorme só pra me dizer isso?
- Não está feliz por ela? Quer dizer, ela ta ficando de novo com ele! – ele não respondeu a minha pergunta fazendo outra.
- Estou feliz por ela, . Pronto, já ouviu que queria. Posso ir? – ele não falou nada. Só deu a volta no carro e entrou no lado do passageiro. – Ok, você já passou dos limites! O que quer, afinal? – como tinha previsto, ele não respondeu. Olhou-me com uma expressão confusa e misteriosa.
- Vamos ver o que você tava ouvindo. – ele ligou o rádio, e eu senti uma coisa estranha dentro de mim. ficou tão surpreso que quase ficou sem palavras. – Eu não acredito que você estava ouvindo o American Idiot que eu te dei há uns quatro anos atrás! – de repente, vi um brilho diferente em seus olhos que eu não tinha visto a noite toda. – Você sempre me surpreende! Quando eu penso que tudo ta mais que perdido, lá vem você me surpreendendo! – ele colocou sua mão direita na testa, ajeitando o cabelo e olhando pro grande jardim à nossa frente.
- Eu vou fazer o que se o babaca do meu ex tem bom gosto pra música? – eu falei meio sem graça pondo meus dedos entre as aberturas do volante e encostando minha cabeça nele. – Você pode ir embora, ? Ta sendo difícil pra mim... – falei baixinho. Ele fingiu não ouvir. Olhou pra fora da janela e disse:
- A noite toda eu tentei me aproximar de você, fui atrás, me segurei vendo outros caras se aproveitarem, vi você dançar com um idiota, quase bato num moleque, briguei com a minha melhor amiga pra ela te obrigar a ficar...
- Então, você e a ...
- Eu só estou tentando dizer que... – ele ia falar alguma coisa, mas parou. finalmente teve coragem de olhar pra mim e fiz sinal que continuasse – Olha, se pra você foi difícil, pra mim também foi. Você nem quis saber o que realmente aconteceu, me acusou logo! Eu fiquei magoado, . – ele coçou a nuca – Se eu errei você também errou. Se você saiu machucada, eu também saí.
- ... – ele alisou meu rosto ainda no volante e levantou meu queixo.
- Não vou me desculpar sem você se desculpar antes. – ele disse olhando nos meus olhos, ainda segurando meu queixo.
- Pois então saia do carro, porque da minha boca não sai. – sussurrei.
- Sua boca... – ele falou mais pra ele do que pra mim – Sou humilde em dizer que fui feliz beijando a sua boca. – engoli em seco.
- Foi bom enquanto durou e durou. – eu disse e franziu o cenho.
- Já dissemos tantas coisas duras um pro outro, mas você nunca disse uma coisa tão verdadeira como essa. – disse seco e sem ânimo.
Levantei meu rosto com o propósito de olhar diretamente em seus olhos.
- Então a gente tá dando adeus? Ta acabando por aqui? – as lágrimas e o coração disparado, vieram numa hora triste e de despedida. num impulso colocou suas mãos em meu rosto, aproximou seu rosto ao meu. Meu nariz ficou encostado ao seu e pude, pela primeira vez naquela noite, sentir seu cheiro que me deixava louca toda vez em que me aproximava dele. – Você continua com o mesmo cheirinho... – falei manhosa.
- Entenda. Pode passar dois anos, vinte, mil. A nossa história nunca vai acabar, eu nunca vou dar adeus, já aceitei isso. Espero que você aceite também.
E finalmente, me beijou com toda intensidade que ele podia. Quanto mais ele me beijava, mais eu sabia o quanto ele tava com saudades de fazer aquilo. Suas mãos percorriam meu corpo enquanto eu fazia carinho em sua nuca. mordeu meu lábio inferior e quebrou o beijo, me deixando de boca aberta no ar.
- Eu quero ter você de volta. Eu vou ter você de volta.
E então, sem mais nem menos, saiu do meu carro, me deixando confusa e atordoada.

FIM

Nota da Autora: A história dessa short começa quando eu peguei em uma das minhas agendas velhas um folha solta falando sobre um reencontro que tive com um cara que eu gostava e diferente desse final,não saiu como eu planejei.Assim que eu peguei essa folha eu soube que ia aquilo ia dar uma boa estória e resolvi escrever.Eu tenho outra fic aqui no site – Como Ser Pegador em 12 Lições – na qual,as leitoras devem ta me matando em pensamento por não ter atualizado!Sorry,meninas :/ mas garanto que logo mais,viram capítulos de CSP12L por aí.Então,o que acharam da minha primeira short?Curtiram?Acho que dependendo de como vocês recebam,vou fazer outra continuação.Ou não.Como eu disse,só depende de vocês!
Comentem,e dêem suas opiniões (:

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Nota da Beta: Qualquer tipo de erro encontrado nessa atualização, contacte-me por e-mail, não utilizem a caixa de comentários. Obrigada, espero que gostem da fic. XX