Our Love Erases the Scars.
Fic by: Mari Cardoso | Beta: Lilá

“Our love erases the scars and the lies, our love will save us.”

Ela olhou o relógio de pulso. 3:02 da manhã. Ajeitou-se melhor na escada em que estava sentada e bufou. Mais uma vez ela foi em uma festa de aparências, ficou bêbada e beijou alguns mauricinhos. Mais uma vez terminou sentada em alguma calçada, com uma garrafa na mão, batom borrado e roupa amassada.
- Inferno.
Reclamou enquanto se preparava para um grande gole de vodka.
Ficou observando os carros que passavam, alguns estranhos. Alguns homens mexeram com ela, mas ela não ligou porque tinha como se defender.
De repente, lágrimas começaram a escorrer de seus olhos, e ela pareceu muito infeliz e desgastada para alguém tão nova. Doía. E como doía. Sua vida não fora nem um pouco fácil. A família era indiferente em relação a ela, os que ela considerava seus amigos a deixaram para trás e os meninos que namorou eram estúpidos. O que ela tinha mais perto de algum relacionamento eram os homens que passavam pela sua cama, os amigos-relâmpagos de conversas banais nos bares e alguns que conhecia em festas. A solidão era sua melhor amiga, e a acompanhou. Ela não sabia quem ela era, não ligava para o futuro e nem para sua vida. Ela procurava prazeres instantâneos para aliviar a dor, mas não adiantava porque nada perdurava o suficiente.
- Nada dura.
Ela disse como um mantra, tentou levantar da escada, mas estava tonta demais para isso, então voltou a sentar. Colocou as mãos no rosto e tentou parar de chorar sem sucesso. Assistiu a garrafa se quebrar em mil pedaços quando a jogou contra o chão da calçada e as lágrimas cessaram.
Um homem passava ali na hora em que ela arremessou a garrafa e se interessou. Parou em cima dos cacos de vidro e olhou para a menina.
- Você está bem?
Ele perguntou já se sentando ao seu lado.
- Para que você quer saber? Eu nem te conheço.
Ela sentia o efeito da bebida se esvaindo.
- É verdade. Só estou curioso. Você não é muito nova para estar assim aqui no meio da rua?
O homem perguntou gesticulando com o braço para chamar atenção dela para a rua em que se encontrava.
- Eu tenho 19, pai.
Ela disse irônica, girando os olhos.
- E eu tenho 21, sou homem, e ainda sim não fico muito tempo nessa rua. Aqui é bem perigoso. Vamos.
Ele levantou e estendeu a mão.
- Você realmente espera que eu vá com você?
Ela levantou uma sobrancelha enquanto ele acenava positivamente com a cabeça.
- Melhor do que ser estuprada.
Ele disse. A menina olhou para os lados e sentiu medo. Era realmente escuro e aquela rua parecia meio abandonada.
Ela se levantou sozinha, sem pegar na mão do homem, que a usou para limpar o rosto dela.
- Bem melhor. Estava toda borrada pelas suas lágrimas.
Ele sorriu compreensivo, mas ela não esboçou nem um tipo de emoção. Estava estranhando toda a gentileza dele porque não estava acostumada com pessoas assim.
Eles começaram a andar pela rua, e percorreram um bom percurso sem dizer nada. Até que viraram uma esquina e ele perguntou:
- Como se chama?
Ela parou para encarar o homem e disse:
- O que você quer? Você está agindo como se quisesse ser meu amigo, mas todo mundo sabe que isso não existe. Você quer dinheiro, quer me estuprar, quer me vender, me seqüestrar? O que você quer?
Ele riu e disse:
- Seu nome. Quero saber o seu nome.
Ela olhou para os lados e disse vacilante:
- . Me chamo . Satisfeito?
Ela voltou a encará-lo.
- Estou. Meu nome é . Prazer em te conhecer.
- É, tanto faz.
disse com desdém e começou a andar rapidamente mais uma vez. Olhou para trás para se certificar que não estava a seguindo, e não viu ninguém, mas quando ela voltou a olhar para frente, viu que estava ao seu lado.
- Achou que eu realmente ia deixar você sozinha?
Ele perguntou, com um sorriso de lado. Ela desviou o olhar para a rua que se estendia enquanto andava e disse:
- Não ia ser muito incomum. No final, todos nós estamos sozinhos. Ninguém pode viver a vida no nosso lugar. Somos sempre nós. Sozinhos.
- Não precisa ser desse jeito. Existe amor e amizade.
disse, fazendo ela rir alto e ironicamente.
- Amor e amizade? Você deve ser um daqueles mauricinhos criados no carpete envolvido por amor e unicórnios. Não existe isso, . Amor é um simples hábito que alguns criam com certas pessoas e amizade é uma coisa temporária. Quando os interesses mudam, a amizade acaba. Estamos todos condenados. É um mundo selvagem.
Ela desviou o olhar do garoto, que se sentiu confuso.
- Por que você é tão pessimista?
Ele segurou o braço dela, que se soltou rapidamente, encarando-o.
- Sou realista. Eu aprendi a entender as coisas sozinhas. Sabe aquela menina calada, que se fodeu de todas as maneiras possíveis e aprendeu a observar a vida? Sou eu. E o que eu aprendi foi isso. Aprendi a lidar com a hipocrisia dos sorrisos, com a falsidade dos abraços, com a frieza dos olhares e com o egoísmo das pessoas.
voltou a andar.
- Vamos até a margem do rio Tamisa.
Ele convidou, puxando ela mais uma vez pelo braço.
olhou com raiva e se soltou mais uma vez, dizendo:
- Só se você parar de me puxar.
Ele levantou as mãos em rendição e disse sorrindo:
- Não está mais aqui quem te tocou.
olhou para o garoto e quis rir. E assim o fez, desarmando totalmente , que ficou olhando meio assustado, meio admirado, para a menina que a pouco sustentava um olhar mórbido.
- Você devia rir com mais freqüência. Você fica bem mais bonita.
sorriu também, e terminou de rir e deu um sorriso triste, de como quem se desculpava por ter desaprendido a ser feliz.
- Vamos logo.
Ela se limitou a dizer e foi andando na frente.
Eles caminharam sem falar, até que chegaram a margem do rio e se sentaram na grama.
- Por que você é assim?
perguntou pegando desprevenida. Nunca ninguém quis ir tão longe numa conversa, e ela se sentiu desconfortável. Olhou para o Tamisa e voltou a olhar para .
- Eu sou o que a vida me fez ser.
- É. Mas quem é você, ?
Ele a olhou bem fundo, e ela sustentou o olhar sem medo, mas por dentro se sentia nua, como se ele a fizesse encarar a ela mesma. Como se ela não pudesse mais se esconder. Finalmente a menina cedeu e desviou os olhos. Ela suspirou e procurou uma garrafa que não existia. Havia virado uma terrível mania beber para ocupar a mente. ainda olhava para ela esperando uma resposta.
- Quem é você?
Ele repetiu.
- Eu não sou ninguém. Eu sou só mais uma nesse mundo de tantos outros. Eu sou mais uma que não tem esperanças, nem sonhos, nem expectativas. Eu não sou feliz, e até eu morrer não acho que vou conhecer a felicidade. Eu sou aquela que passa na cama do outros, mas nunca fica, aquela que cansou de tentar construir confiança com os outros porque simplesmente é perda de tempo. Eu sou isso, . Eu sou a perdedora que chora todo noite numa calçada diferente depois de ir para a cama com alguns idiotas. Essa sou eu, e eu não sei por que você quer tanto saber, mas é assim que eu sou.
As palavras simplesmente deslizaram pela sua boca, e antes de perceber ela já tinha falado tudo que guardou para si. passou a mão em sua nuca e olhou para o Tamisa. Virou de frente para , e sem saber o que dizer, perguntou:
- E a sua família não se importa de você sair assim?
Ela, que estava quase chorando, riu sarcástica e venenosamente:
- Família? Não tenho. Acho que eu não existo para eles, e depois de tanto sofrer, eles também não existem para mim. Eles só são as pessoas com quem eu divido a casa. E antes que você pergunte, meus amigos também não existem para mim, porque eles me traíram e me abandonaram. É como eu disse, , é um mundo selvagem. Estamos todos sozinhos, no final das contas.
Ela sorriu num sarcasmo cortante. viu nos olhos dela uma solidão constante, e sentiu que queria abraçá-la. Não por pena. Ele não sentia pena dela, sentia raiva de quem havia feito isso com ela.
- E você, ? E sua família? Te ama? Seus amigos perfeitos são para sempre?
Ela perguntou, desdenhando. Ele sorriu ácido e disse sincero:
- Eu sou feliz. No geral. Minha família me criou bem e eu os amo. Meus amigos não são perfeitos e não tenho a pretensão de afirmar que eles são para sempre, mas gosto de acreditar que sim.
Ela ficou observando enquanto ele falava.
- E sua namorada? É para sempre?
Ela perguntou com o mesmo sorriso ácido e riu infeliz:
- Todas as que eu já tive me traíram, e a última me deixou. Você não é a única que tem algum drama.
- E você ainda acredita em amor depois disso tudo?
A pergunta soou infantil porque foi indagada com tamanha ingenuidade. sorriu, verdadeiro, e disse passando a mão nos cabelos:
- Acredito. Eu preciso acreditar. Apesar de tudo, a gente precisa acreditar que exista alguém que nos faça realmente feliz. A gente tem que acreditar que o vazio que a gente sente no peito, uma hora ou outra, vai sumir.
prestava atenção e de repente pareceu amargo, como se fosse difícil acreditar no que dizia.
- Que alguém aí fora é o que a gente precisa e quer.
refletiu um tempo, e quebrou o silêncio que tinha se formado dizendo:
- Os Beatles costumavam dizer que tudo que precisamos é amor. Mas é muito ingênuo afirmar isso. Mas se você considerar que no amor existe um misto de sentimentos, e que existem vários tipos de amor, acho que você pode concordar com eles sem medo. Eu não posso. Nunca conheci nenhum tipo de amor, e não estou convencida da veracidade dele.
Ela deitou na grama quando terminou a frase e olhou para o céu tentando ver as estrelas. deitou de lado para olhar e disse:
- Você é uma sonhadora. Por trás de toda sua revolta e pessimismo existe uma garota amável que ficou sozinha tanto tempo que não acredita no poder que os sentimentos das pessoas têm.
- Não tenho fé em nada do que não posso ver. Escute bem, cada um acredita na sua própria verdade. A minha única certeza é a de como a vida termina, depois disso, sabe-se lá e ponto final.
Ela virou para olhar . Ele sustentava um sorriso cético de quem diz que não acredita no que ela fala.
- O que você faz da vida, ?
perguntou, mudando um pouco de assunto e registrou o uso de seu apelido, mas não disse nada.
- Nada.
- Não está na faculdade? O que você faz normalmente?
- Não estou na faculdade porque não escolhi nada. Não tenho metas nem sonhos. Normalmente eu bebo.
Ela disse numa simplicidade melancólica.
- Você não vê filmes? Não lê, não escuta música?
Ele arregalou os olhos.
- Vejo, leio e escuto. Foi o que me sobrou.
Ela desviou o olhar para as estrelas, e depois de alguns minutos em silêncio, ela voltou a encarar e perguntou:
- Você sabe por que eu gosto de livros, filmes e músicas?
Ele sacudiu a cabeça e ela disse:
- Porque eles são imutáveis. Nada dura, exceto a arte. Só posso me apoiar nisso, no que não some. A arte é imortal, e por isso que eu confio nela.
Sentiu o coração apertar e , por sua vez, admirou-se com a sinceridade com que falava das coisas. Ele esticou seu braço, impulsivamente, e passou o polegar no rosto da menina, acariciando-a. Ela levou tamanho susto que retirou a mão rapidamente de seu rosto. olhou para , meio desconfiada, mas ainda sim, corada, pela demonstração de afeto. Carinho inocente era uma coisa nova para ela, que só sentiu o desejo e a negligência. Os dois desviaram seus olhares para o céu, e mesmo assim, os dois pensavam um no outro.
se levantou de repente, e esticou-se. se levantou também e esperou a menina dizer alguma coisa.
- Vou para casa. Adeus.
E ela saiu andando. arregalou os olhos, saiu correndo atrás dela e entrou na sua frente.
- Ei, ei!
Ele levantou as mãos impedindo-a de avançar. Ela bufou e olhou para , rolando os olhos.
- O que foi agora?
- Você não gostou de passar um tempo comigo?
Ele sorriu de lado. A menina mordeu o lábio inferior, desviou os olhos por um segundo e voltou a olhar para .
- O negócio é o seguinte, : No final, as pessoas vão para lugares diferentes. Isso de "para sempre" não existe. A gente passou um tempo legal junto. Você me ouviu e agora a gente vai embora.
- Não precisa ser assim. Me dá seu endereço.
Ele pegou uma caneta de seu bolso, deu para ela, e esticou o braço.
riu irônica e disse:
- Vou me arrepender disso.
E anotou o endereço na mão do menino. leu, abriu um sorriso e disse:
- Você mora perto de mim. Como eu nunca te vi?
Ela se surpreendeu.
- Não sei. Talvez fosse um sinal de que você iria me perseguir se eu te visse uma vez.
Ele riu da antipatia da garota e disse:
- Ou talvez seja um sinal de que o dia certo para eu te conhecer era hoje.
- Duvido muito.
E saiu andando de novo até que ele mais uma vez surgiu na frente dela, que disse impaciente:
- O que é agora?
- A gente vai para a mesma rua. Não precisa ter pressa.
Ele passou o braço por cima dos ombros de , que deu um tapa e saiu andando mais rápido que ele. correu até chegar perto dela e disse:
- Desculpe. Agora ande devagar.
Ela respirou fundo e voltou a andar do lado dele.
tentou diversas vezes puxar assunto com , mas ela respondia com palavras monossílabas, terminando com a conversa rapidamente.
Chegaram na porta da casa dela, e ela tremeu inconscientemente, pois escutou vasos se espatifando contra a parede e gritaria. Mais uma vez seus pais estavam em guerra, ou seu irmão mais velho tinha sido pego com alguma garota, ou com drogas mais uma vez. olhou para a casa e olhou para , com um olhar de quem pede explicação e a menina disse simplesmente:
- A paz não é uma palavra que exista no meu dicionário.
Ele acenou lentamente com a cabeça e beijou a testa de . Ela enrugou a testa e gaguejou quando tentou dizer tchau.
Quando entrou em casa, tentou não ser vista e correu para a cozinha pegando algo para comer, e passou despercebidamente pela escada, subindo para o seu quarto. Lá ela se trancou, comeu rapidamente e pela primeira vez depois de muito tempo, não chorou. foi para a casa e sua mãe esperava o menino no sofá.
- Desculpe a demora, mãe. Conheci uma garota.
A mãe do garoto passou a mão pelo cabelo de carinhosamente e disse:
- Tudo bem, filho. Eu estava sem sono mesmo.
Ela beijou a bochecha dele e continuou:
- Agora eu vou subir. Boa noite.
- Boa noite, mãe.
Ele sorriu para ela.
se sentou no sofá e fechou os olhos. Nunca tinha conhecido alguém como . Tão suicida e encantadora. sentiu um afeto pela garota tão grande, uma vontade de protegê-la, uma vontade de mostrar para ela que as coisas não eram tão ruins assim como achava. Ele pensava no absurdo que era, uma menina tão nova como ser tão pessimista em relação a vida. Ela era o que o mundo a transformou, mas ela podia ser o que ela nasceu para ser. Ela podia ser ela. E queria mostrar isso para .

No dia seguinte, após uma discussão, o pai de deu um tapa em seu rosto, o que fez a menina pegar todo dinheiro que recebia da avó quando ela era viva, encher a mochila de roupas, pegar seu Ipod e sair porta afora sem olhar para trás. Lágrimas escorriam do seu rosto e ela corria sem parar, sentindo o pulmão doer por causa do ar frio. Sem saber para onde ir, ela, inconscientemente, caminhou até a margem do rio Tamisa onde tinha ido com . Ela se sentou lá, e minutos depois sentiu uma mão encostar-se ao seu ombro. Ela se sobressaltou e viu ofegando. Ele recuperou o fôlego e disse:
- Vi você correndo e chorando. O que aconteceu?
Ele sentou ao lado de .
- , vai embora.
Ela soluçou.
- Não.
disse firme.
- Por que você não me deixa em paz? Você tem uma família que te ama, tem amigos e as garotas devem cair em cima de você. O que eu vou ser na sua vida? Descartável. Como tudo na vida das pessoas, . Eu vou ser descartável. Você vai querer me provar que a vida é legal, e vai conseguir me iludir, aí depois de um tempo vai me esquecer. Descartável, .
Ela disse afobada. pegou no rosto da menina e fez ela o encarar.
- Eu não sou qualquer um, . Eu gostei de você, e você precisa acreditar em mim. Eu consigo ver por trás dessa sua máscara. Você quer acreditar em tudo que você diz, mas você quer acreditar ainda mais que tudo pode ser diferente. Só porque você sofreu na mão de algumas pessoas não significa que todas vão te fazer sofrer.
tirou as mãos de de seu rosto, e com os olhos transbordando de lágrimas, disse:
- Não posso acreditar nisso, . Você vai me magoar, como todos os outros. Sempre é assim. Nada dura.
viu que ele estava certo. parecia uma menininha. Uma menininha que foi maltratada de várias maneiras, mas que dentro ainda era tão inocente como qualquer outra criança. Ela queria acreditar na durabilidade dos sentimentos, mas não podia. não podia simplesmente apagar tudo que fizeram com ela e confiar em alguém que conheceu no dia anterior.
- , deixa eu te mostrar que a vida pode ser mais do que você imagina.
Ele implorou.
- Você tem pena de mim? É isso?
Ela limpou as lágrimas, e o encarou com severidade.
- Não preciso da sua pena, .
Ela se levantou, mas a puxou para ela sentar de novo.
- Sabe qual é o seu problema? Você tem medo.
Ele disse, sincero. o olhou com raiva, e levantou mais uma vez, e dessa vez levantou também.
- Eu não tenho medo de nada. , você não me conhece.
- Você tem medo de tudo, . Você se fecha no seu mundo pessimista porque tem medo de descobrir que está errada. Você quer acreditar nas pessoas, mas não se permite. Tudo o que você faz é repetir que nada dura, que as pessoas machucam as outras, que elas quebram a confiança e o coração de outras pessoas, mas você é pior. Você tem tanto medo que não deixa ninguém mais chegar perto de você. Agora você virou uma covarde, o que é pior do que qualquer coisa.
Ela deu um tapa no rosto de , e com as lágrimas acumuladas nos olhos, disse com a voz embargada:
- Você não sabe o que fala.
saiu correndo pela rua e tudo foi tão rápido que ela nem sentiu dor.

Dois dias depois ela abriu os olhos. Encarou o teto branco e tentou levantar a cabeça. Sentiu que sua mão estava presa e olhou para o lado. estava dormindo e segurando sua mão. Lembrou-se de tudo rapidamente. Um carro a pegou de surpresa e a atropelou. Ficou olhando para o tempo inteiro, até que ele acordou, e abriu um grande sorriso quando viu que ela estava acordada.
- Achei que você ia me bater de novo quando me visse aqui.
Ele disse ainda sorrindo. Os olhos da menina se encheram de lágrimas e ela começou a chorar descontroladamente, sem se importar com nada. Agora não era mais importante os outros. Ela finalmente entendera o que tinha dito para ela. A culpada de tudo, no final, era ela própria. Ela não foi forte o bastante, ela não lutou o bastante, e não acreditou o bastante.
- , me abraça.
Ela pediu e o garoto a abraçou no mesmo minuto. Não se sabe quanto tempo durou o choro ou o abraço. Só se sabe que ela saiu do hospital naquele mesmo dia, sentindo sua alma mais curada do que seu braço quebrado.
- Obrigada por tudo.
Ela agradeceu , enquanto andavam até um parque.
- De nada. Olha, , me desculpe pelas coisas que eu disse, eu só quis...
começou a falar mas a menina o interrompeu:
- , você me disse o que eu precisava escutar. Você foi o único que me ofereceu o ombro ao invés da cama, e era tudo que eu precisava. Por mais difícil que isso ainda seja para mim, eu acho que você vai me ajudar.
- Vou te ajudar até você se encher de mim.
Ele disse, fazendo rir verdadeiramente.
Quando os dois ficaram sérios, ele colocou uma mecha de cabelo que caía no rosto da menina para atrás de sua orelha, passou o polegar em sua bochecha e beijou seus lábios suavemente. se permitiu e envolveu seus braços na nuca do menino que aprofundou o beijo. Um carro de som parou na calçada e uma música agitada estava terminando quando deu lugar a uma música mais calma.

Before you let me fall,
Kill me so I don't feel it at all
Push my body up against the wall
And pick your poison
Cuz everything feels wrong
And I don't know where I belong


e já estavam sentados num banco e a menina começou a prestar mais atenção na música e cutucou para ele prestar atenção também. Ela se identificou e nada tirava a concentração dela.

Take me for granted
Make me feel used
Leave me in pieces
Misery is company
Cuz I know that it's real
I've learned to love the pain
Cuz that's the only way that I know how to feel


conseguiu compreender por que a menina pediu para ele prestar atenção e apertou o corpo de mais para perto dele.

Maybe it's a phase
Maybe I'll break out of it someday
Maybe this is just my twisted fate
I always feel like everything is wrong
And I don't know where I belong


Essa última estrofe deu uma esperança a mais para a garota, e ela começou a se sentir mais confiante de que essa fase iria terminar e ia ajudá-la.

Take me for granted
Make me feel used
Leave me in pieces
Misery is company
Cuz I know that it's real
I've learned to love the pain
Cuz that's the only way that I know how…

To feel your arms around my neck
I'm suffocating with regret from all the wasted hours spent
Believing I was never meant
To touch the face of something real
These sewn up scars will never heal
But I put down a deal
Cuz that's only way that I know how to feel


Ela colocou a cabeça no ombro de e ele passou a mão no cabelo dela, ainda escutando a música.

Take me for granted
Make me feel used
Leave in pieces
Broken and bruised

Take me for granted
Make me…I promise that you'll
Never keep on fallin' to pieces
Misery is company
Cuz I know that it's real
I've learned to love the pain
Cuz that the only way that I know how to feel


- Você vai descobrir quem você é, e quem quer que você seja eu realmente prometo que ninguém mais vai te quebrar, tá? Você acredita em mim?
passou a mão no rosto de que fechou os olhos, sentindo-o a tocando, e acenou com a cabeça antes de dizer:
- Acredito.
Ele sorriu e avançou lentamente até que as respirações se misturaram e os lábios se encontraram.

Era uma vez uma garota que andou mil e uma ruas para se curar, e mesmo assim toda a sua dor voltava mil e uma vezes mais forte. E essas lágrimas que deslizavam incessantes mais uma vez, só para lembrá-la que o buraco que carregava só ficava maior.
E ela ria sem emoção, mas chorava com toda intensidade que lhe era concedida. Passava seus dias na cama de homens desconhecidos procurando neles o que lhe faltava. Ela enchia os copos de whisky para esvaziar sua mente cansada. Não conhecia nada que trazia alguma esperança. Houve dias em que ela esquecia o porquê da solidão, e voltava a sorrir um pouquinho, mas logo lembrava e o sorriso voltava a desmanchar. A dor apertava e ela saía com uma garrafa ou ia para alguma boate.
Como a história termina ninguém sabe, mas da última vez que eu conferi, ela estava andando mais mil e uma ruas, agora com a companhia de , certa de que dessa vez e de uma vez por todas, a vida iria recompensá-la.

The End.


comments powered by Disqus


Atenção, qualquer erro nesta fic, notifique a beta.