Autora: Lilly Houston | Beta-reader: Andy


Sempre tive todas as mulheres que eu quis. Uma foi mais que especial. . Sinto ela dentro de mim. Com ela fui mais que feliz, com ela eu tive uma vida cheia de amor e carinho. Nosso amor era algo muito verdadeiro, algo muito consistente. Por ela tudo sempre seriam flores. Sempre vou me culpar.
Vou contar o que houve.


Eu tinha acabado de chegar de uma viagem extremamente exaustiva, mas estava feliz por ter retornado para perto de . Ela estava linda com aquela calça jeans rasgada nos joelhos e com uma camiseta do Guns 'N Roses. Estilo dela. Vi seu olhar se iluminar ao me ver. Ela veio até meu encontro, recebendo-me com um abraço. Um abraço caloroso e verdadeiro.
– Senti saudades! - dizia ela, sorrindo.
– Também senti, foi difícil essa semana longe de você - eu disse, enquanto acariciava o seu rosto. - Não aguentei, tinha que voltar para perto de você.
– Jared! – Ela me beijou brevemente. – Por que não entramos? Tenho uma noticia que pode ser boa.
Sorri largamente. Só de saber que ela estava bem já era uma grande noticia. Entramos dentro de nossa casa. Coloquei minha pasta sobre a mesa e abracei-lhe pelas costas. Percebi que ela havia se arrepiado.
– Vou ter que vendar seus olhos! - disse ela, já tapando os meus olhos.
? O que você vai aprontar, hein?
Ouvi ela rindo. Uma risada suave como o vento numa manhã de primavera.
– Calma, amor.
Com todo o cuidado ela me guiou pela casa. Pelo contorno que fizemos percebi que tínhamos chegado ao quarto. Confesso que estranhei, pois ela não gostava de ficar no quarto.
– Tire a venda!
Retirei, tendo uma total visão surpreendente. Na nossa cama de casal havia um sapatinho e um macacão de bebê. Lágrimas de felicidade rolavam do rosto dela. Entendi o que ela quis dizer. Eu ia ser pai. Eu esperei por tanto tempo e finalmente eu havia conseguido.
Dei-lhe um abraço envolvente seguido de um beijo. Estava muito feliz. Passamos o resto da noite vendo filmes. Nos divertimos.
Meses começaram a se passar. Sua barriga estava enorme. Nunca perdia o belo sorriso que tinha. Havia dias em que se sentia disposta, outros cansada. Faltavam poucas semanas para completar nove meses e eu tinha uma festa à noite para ir. Eu disse que voltaria cedo, mas ela insistiu em ir comigo. Concordei em ela ir comigo, antes que acabássemos discutindo.
Chegamos no local que já estava superlotado. Apresentei-lhe alguns companheiros de escritório. Ela os achou simpáticos, apenas um deles a olhava com saliência. Deixava sem jeito.
Serviram-me vários drinks e eu não os recusava. queria ir embora, reconhecia o fato de que eu já estava bêbado. Me pedia insistentemente pela chave do carro e eu negava de todas as formas. Sua voz soava preocupante. Falava para que pegássemos um táxi, assim chegaríamos em casa em segurança. Não dei ouvidos. Pedi de uma maneira quase grosseira para que ela entrasse no carro e ela o fez.
Lá fora o mundo parecia desabar sobre nossas cabeças. A chuva estava muito forte, o que deixava mais preocupada.
Os carros passavam acelerados perto do meu. Acelerei aos poucos, pois queria chegar logo em casa. Acelerei, mas acelerei demais, que no entanto numa rua antes não vi o caminhão saindo...

Não me lembrava de nada. O único barulho que escutei era o da chuva e de sirenes. Pessoas começaram a gritar, gritavam muito. Fui levado para um hospital. Um pouco mais consciente eu perguntava sobre , mas ninguém me dizia nada. Um senhor que aparentava ter uns 50 anos veio até mim, saber como eu estava, respondi que um pouco dolorido e lhe fiz a perguntava que estava me corroendo.
- Como está a ? - perguntei de imediato.
- Como, senhor? - indagou o médico.
- Leto.
- Lamento, mas não conseguimos nada sobre ela.
Eu comecei a me desesperar. Lágrimas escorriam de meu rosto.
- E o bebê? -Tentei mais uma vez.
- Desculpe.
As duas pessoas que eu mais amava, morreram por minha causa. Eu jamais me perdoaria. Deveria ter seguido o conselho da , mas fui um idiota e deixei que meu ego falasse mais alto. No enterro deles chorei e chorei, não me importei com as pessoas que estavam ali. Nada os traria de volta.

Hoje faz dez anos que estou sem eles. Sem a mulher da minha vida e sem uma criança pra me chamar de pai. Sofro muito pela perda. Já tentei me suicidar, mas não consegui. Todos me veem sorrindo, mas não imaginam o sentimento oculto que guardo dentro de mim. Um sentimento irrevogável de culpa. Faço terapias para tentar aliviar as dores, mas tudo o que eu faço me lembra dela.

Minha eterna paixão
Leto.
Nunca a esquecerei, por mais idiota que eu tenha sido. Momentos que tive ao lado dela e jamais terei com qualquer outra.


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