Shadowland



Prólogo


É raro às pessoas acordarem de um coma. Não diria que as chances são uma em um milhão, porque estaria mentindo. Não sei qual a chance real de se acordar de um. Mas sei que são mínimas.

Eu estava prestes a ter os meus aparelhos desligados. Eu e meu irmão. Apesar de ainda termos atividade cerebral, nós estávamos, segundo Frankie, na sua mais pura inocência de criança, “dormindo o tempo todo, por quase três meses”. O que não deixava de ser mentira. Porém nada, nem ninguém, conseguiria nos acordar. Ou pelo menos, era o que todos achavam.
Nossos pais, após muito pensarem, se decidiram por desligar nossos aparelhos. Eles não queriam que sofrêssemos. Eles sabiam que seria melhor para nós. Quanto a eles, nunca é o tempo certo de dizer adeus, como alguma música qualquer dizia. Eles não estavam prontos, nem o Frankie, nem o , nem ninguém que nos conhecia, mas eles nunca estariam. Eles somente queriam terminar com aquele nosso pesadelo logo.
Eu havia sido atingido por um taco de baseball na cabeça, um pouco acima da nuca, enquanto um homem vestido de preto tentava roubar a casa e fora surpreendido por descobrir que na verdade existia alguém na casa. ouviu o barulho. O homem já estava deixando a casa. Usou o taco de baseball novamente.
e eu tivemos uma concussão. Não era um caso de coma. Não era. Mas alguma coisa deu errado. Quando fui atingido, pelo que fui descobrir, tive uma parada respiratória. Não sabem por quê. Aparentemente, foi o modo com que o meu corpo reagiu. O , teve uma crise de asma. O fim foi o mesmo, parada respiratório. Ambos estávamos em coma fazia quase três meses.
Nesses três meses, fiquei inconsciente de tudo o que aconteceu a minha volta. Frankie disse que todo dia ele vinha aqui e contava algum tipo de história para mim, até a enfermeira o tirar daqui; meus pais não saíram do hospital um só dia sequer, e o , era o responsável pelo Frankie. Mas eu não me lembrava de nada disso.
A única coisa que eu me lembro é de um quintal macabro. Eu e , estávamos lá desde o acidente. Vestíamos as mesmas roupas. Jeans e camiseta. Nunca havíamos estado lá. Era mal cuidado, com mais porções de terra do que grama, e uma casa no meio do quintal, com parte da vidraça das janelas quebrada. Terrivelmente assustadora.


Capitulo 1

Com os dias, eu e , chegamos à conclusão que estávamos mortos, e que aquilo deveria ser o inferno. Ao contrário do que sempre nos passaram, não era quente, vermelho, ou com algum diabinho camarada. Não. Nada disso.
Um inferno cheio de aranhas, formigas, e outras criaturas que vou poupar-los de ler. Nem quente, nem frio, somente abafado durante o dia, fresco durante a noite. Nunca víamos o sol, ou a lua. Somente sentíamos as sensações climáticas.
Passávamos nosso tempo conversando, tentando descobrir onde estávamos ou simplesmente dormindo. Não tínhamos sonhos; somente sonhávamos com um quadrado preto; um black-out total. Nos primeiros dias, acordávamos no meio da noite, intrigados-não assustados; depois, como tudo naquele quintal macabro, nos acostumamos.
Ao contrário do que pensávamos quando “chegamos” lá a princípio, nós ainda tínhamos fome, e a nossa principal preocupação era o que nos serviria de alimento. Não tínhamos opção. O nosso principal prato virou alguma daquelas folhas não identificadas. Ainda preferíamos acreditar que elas não nos fariam mal. Em algum tempo, somente nos adaptamos a vida no quintal. Qualquer coisa relacionada a inferno que antes envolvesse fogo, chifres, e coisas assim poderia ser esquecida. O inferno não era nada daquilo que nos era dito.
Tudo começou a mudar depois de que uma bola surgiu no quintal macabro. Eu e , estávamos jogando pedrinhas um para o outro, não estávamos olhando em volta. Somente levantamos assustados quando ouvimos o barulho de quando algo se choca contra o chão. Ambos levantamos assustados e olhamos para aquela mesma bola como se fosse algo extraterrestre, o que, tecnicamente, não deixava de ser.
Foi o primeiro sinal de que nós não estávamos sozinhos naquele lugar. A possibilidade de uma resposta nos deixou extasiados, simplesmente. Mas o que veio depois foi ainda mais, do que esperávamos.


Capitulo 2

Estava analisando a bola de perto. , ficou com medo e ficou para trás. Loser. Era uma bola de vôlei comum, o que me levava a pensar que talvez não tivesse passado muito tempo que nós tínhamos morrido. Pelo menos não tanto tempo para mudarem a tecnologia de uma bola de vôlei. Até eu ouvir passos. E vozes.
“A porta não quer abrir Sally!” ouvi alguém gritar ao fundo, histericamente. Uma garota, obviamente. Olhei para o . Ele estava encolhido, atrás de uma árvore. Desde quando ele, Jonas, tinha medo de garotas? Deus. “ O que acha?” sibilei para ele. Ele deu os ombros. “ Talvez elas acabaram de descobrir que morreram também e estejam tendo dificuldade para aceitar.”
Eu continuei olhando para as garotas. Pude constatar que eram duas. Uma era morena, com os cabelos castanhos escuros encaracolados, e os olhos igualmente escuros. Mas foi a outra que me chamou a atenção. Ela era igualmente morena, porém com os cabelos lisos e mais curtos. A franja retilínea caia perfeitamente sobre sua sobrancelha, e o resto do cabelo era estrategicamente bagunçado, se é que essa expressão existe. E os olhos eram intensos. Intensamente negros.
Continuei distraído com a garota. Ela segurava uma câmera digital - aparentemente filmava algo - enquanto andava em direção a bola. “Sally! Achei a bola!”, ela disse felizmente, enquanto olhava ressabiada para a árvore que havia achado a bola. Ela não estava lá. Estava na outra árvore, comigo e com o . Bom, o que custa dar uma alegria as meninas? “Ah, jura? Parabéns!”, sua amiga disse sarcasticamente. Tive que segurar um riso com a mão devido a esse comentário. “Se a gente não morrer, pelo menos nós temos a bola para passar o tempo nesse lugarzinho. É, no fim das contas a gente vai morrer. Ou de fome, ou de tédio. De repente a gente até faz uma baladinha com as aranhas”, a garota misteriosa disse, e um silêncio extremamente estranho se instalou. E ela percebeu.
Olhei para frente. Sua amiga estava parada a minha frente, me olhando com uma cara de pânico. Eu não tinha reparado, devido àqueles olhos negros penetrantes. O já não estava mais ao meu lado, pude sentir. A outra menina se virou para olhar o que a sua amiga estava olhando. Ela gritou, em alto e bom som, fazendo com que a sua amiga gritasse junto.
Não entendi o motivo de elas estarem gritando. Eu estava tão feio assim? Ou eu realmente estava parecendo como um fantasma ou algo do gênero? Bom, aquilo quase me ofendeu, se eu não tivesse visto o modo com que aquela garota tivesse me olhado, a ternura que seus olhos transmitiram foi algo que nem um dicionário inteiro pode descrever.
“Por favor, não mata a gente!” ela começou a implorar dramaticamente, se ajoelhando no chão. Eu quase me segurei para rir de novo, mas resolvi que isso simplesmente não ajudaria a resolver a situação. “Vocês são engraçadas.”, eu disse, e elas ficaram confusas, respondendo com um “hã?”. “Eu não vou matar vocês.”, eu disse, e resolvi me sentar no chão. Havia chego à conclusão que demoraria a explicar a essas duas meninas o que estava acontecendo. Não que eu e soubéssemos exatamente, mas agora parecia que as coisas estavam ficando mais claras.
Elas se renderam e se sentaram também. Acredito que tenha sido por medo. Ou talvez por mero impulso. Só sei que a próxima coisa que eu fiz foi observar as feições da menina. Ela não era exatamente uma modelo, ou algo do gênero, mas tinha traços suficientemente únicos e delicados, ao menos para mim.
Elas perguntaram por que eu havia as assustado. Eu fiquei sem graça, porque não foi a minha intenção, porque tecnicamente foi à amiga dela quem me achou. Foram mais elas que me assustaram do que eu as assustei, mas isso não vem à corte agora. Elas me deram esperança de descobrir o que estava acontecendo.
Por alguns minutos, nós três, ficamos em silêncio. O , amigão ele, devo dizer, não sei onde estava. Provavelmente estava assistindo a cena de camarote de alguma árvore e rindo da minha cara enquanto eu sofria aqui. Não propriamente, devo dizer. As duas meninas pareciam ter perdido o medo. A minha garota, assim irei me referir, me fitava profundamente nos olhos, até perguntar o que tinha acontecido comigo. “Eu morri.”, eu respondi simplesmente. E no segundo seguinte, me arrependi de ter dito aquilo. Ela cambaleou um pouco para frente e desmaiou.
Sua amiga se desesperou, e o resolveu surgiu essa hora. Claro, a garota deve ter quase tido um enfarto múltiplo, pois deve ter provavelmente achado que ele iria estuprá-la ou algo do gênero. Mas não, conhecia o meu irmão, ele iria começar a colaborar com as coisas.
“Você, quem é?”, ela perguntou ressabiada para o . Ele olhou confuso para mim, e eu somente dei os ombros, imitando seu gesto. “”, ele disse e olhou para mim, como se dissesse, “agora fala o seu nome também”. “E eu sou o .” Eu disse após ter captado a mensagem de .
Ela nos olhou desconfiada, e olhou do para mim, e vice-versa, e provavelmente reparou na semelhança. “Sally. Vocês são irmãos?”, ela perguntou e o assentiu. Eu olhei para a outra garota desmaiada no chão. Eu realmente não acreditava que ela estava perguntando se nós éramos irmãos enquanto sua amiga estava desmaiada no chão.
“Você não vai ajudar a sua amiga?”, eu perguntei após os dois continuarem a conversar. Aparentemente eles estavam descobrindo a idade um do outro, e coisas inúteis assim. Por favor, não tem algum momento melhor para flertar? “Melhor esperar a acordar.” respondeu e voltou a se sentar. “Enquanto isso, acho uma boa idéia vocês começaram a me explicar o que está acontecendo por aqui.”
Explicamos para ela todas as nossas teorias. De nós estarmos mortos, e de esse ser o nosso inferno e tudo mais. Ela achou a maior parte grande besteira. Não a parte de estarmos mortos, mas a parte de esse ser o inferno. Segundo ela, isso parece mais como um universo paralelo. Perguntei da onde ela tinha lido alguma coisa sobre aquilo. Eu somente dei os ombros. A teoria dela até que fazia sentido. Mas o porquê de ainda estarmos aqui era desconhecido.
Uma vez tinha dito que alguma coisa como missão incompleta na Terra, ou algo do gênero. Se tivéssemos em um universo paralelo, isso talvez fizesse algum sentido. Mas não total. Pelo menos para mim ainda não fazia.
Terminamos de explicar a história/teoria para a , e a ainda não havia acordado. saiu de fininho, para não assusta-la quando ela acordasse, e começou a chamá-la. Ela acordou e levantou um pouco zonza. Um sorriso de alivio se formou nos meus lábios automaticamente. “Você ta legal?”, perguntei gentilmente, e pude sentir que ela ficou tonta novamente. “Defina estar legal.” Ela brincou, e riu baixo da própria piada. Talvez ela estivesse começando a aceitar esse negócio todo.
As meninas se abraçaram como ursos. Tudo bem, ursos não se abraçam, mas tem aquela expressão, abraço de urso, ou coisa assim. Irmãs se abraçam assim. parecia à irmã mais velha de , com a careta de preocupação, e o ar de brincadeira enquanto garantia que estava legal. Era para isso que eram as irmãs.
resolveu aparecer quando elas estavam se soltando do abraço. Pude ver que ela estava prestes a gritar novamente, e fiz o que qualquer um faria para poupar os tímpanos. Coloquei uma de minhas mãos sobre sua boca. O choque repentino com a sua pele fez uma corrente elétrica clichê percorrer meu corpo, e só não foi mais perceptível porque decidiu revelar nossa história/teoria para .
Ao fim da explicação, somente repetiu sua mesma pergunta de antes a . “Mas ele está, ou não está morto?”. não respondeu, somente assentiu. Ela começou a andar de costas, e eu, num instante, estava atrás dela. Uma mão estava sobre seu ombro direito e minha boca estava próxima o bastante para que ela pudesse sentir o ar quente em sua orelha. “Mas você ta morto.”, ela disse e senti que ela havia começado a chorar. Apoiei minha outra mão em seu outro ombro, fazendo com que ela se virasse para me encarar. “Confia em mim ”.


Capitulo 3

e estavam há tempos conversando animadamente sobre qualquer coisa, enquanto eu e estávamos sentados em cima de alguma pedra qualquer. Não falávamos nada a maioria do tempo, só ficávamos encarando, às vezes, um ao outro.
“Desculpa” ela disse após mais algum tempo de silêncio. Ela disse a palavra no seu maior sentido de perdão, e eu desejei perguntar se ela era assim, tão honesta, o tempo todo. Mas somente respondi: “Tudo bem ” e a encarei nos olhos. Ela fazia o mesmo. Não havia palavras para o momento.
acabou nos interrompendo no nosso momento troca de olhar, mas não posso culpá-la, aparentemente é de sua natureza. Ela acabou voltando para o depois de ver que o momento continuava intenso, apesar de não estarmos mais trocando olhares.
Após sair, ela fez uma pergunta que me pegou de surpresa, o porquê de eu e o ainda estarmos na Terra, ou nesse universo paralelo. Fiquei meio tímido de dividir aquela teoria do , mas disse mesmo assim. Ela apertou as minhas mãos, em sinal de apoio. Um choque novamente tomou a minha corrente sanguínea e eu estremeci. E cada vez mais, eu sentia que eu não estava morto.
e resolveram dormir. Juntos ou não, não me importava. O que passava naquelas mentes criminosas, a minha mente inocente não permitia pensar. Segundo eles, dormir passava a fome. Uhum. E eu agora era o papai Noel sem barba, versão verão-fantasmagórica. Piada sem humor.
Eu fiquei com a , naquele silêncio que eu nunca julguei que seria confortável com alguém. Mas eu estava bem. E a julgar pelo seu olhar, ela também estava. Um desejo estava me tomando. Talvez o fato de eu estar morto, não sei. Ou o simples fato de eu ser homem. O que mesmo assim, não acho muito justificável, porque a era especial em todos os sentidos, então simples hormônios, para quem aparentemente estava morto, não eram desculpas.
, eu posso te beijar?”, eu perguntei timidamente. Ela não respondeu, somente virou para poder me encarar melhor e começou a se aproximar, e eu terminei de fazer a minha parte. Fechei os olhos, e pouco antes de tocar seus lábios, sibilei no seu ouvido que o motivo de eu ainda estar aqui é que meu destino era conhecê-la.


Capitulo 4

Acordei com uma claridade repentina tomando meu campo visual. Pensei ser o sol, que há tempos não via. Depois constei que era um quarto de hospital. Pisquei algumas vezes até poder me acostumar com a claridade e olhei em volta pela primeira vez. Algumas flores e cartões estavam espalhados pela prateleira, rente à janela. Mamãe estava dormindo, e Frankie estava sentado em seu colo, desenhando. Olhei para mim mesmo. Vários fios estavam conectados a mim.
Alguns minutos depois, o quarto antes somente ocupado por parte de minha família, era ocupado por vários médicos. Médicos fazendo perguntas, exames, e eu respondendo tudo, somente procurando pelo resto da minha família.
Meus pais agora estavam, aparentemente, do outro lado da janela, com o Joseph e o Frankie, olhando felizmente para mim, enquanto eu sorria de volta. Lembrei do . Será que ele também estava em um coma, no fim das contas?
Um médico chamou meus pais alguns minutos depois de eles terem sido levados para fora, deixando Frankie e Joe olhando para mim como se eu fosse o último doce do mundo. Frase horrível, mas talvez tenham entendido o sentido da coisa. Eles continuavam sorrindo abobalhados e eu respondendo os médicos presentes no meu quarto.
Os médicos saíram da sala depois de alguns últimos exames e logo os liberaram para entrar. “Você realmente é um garoto de sorte .”, um deles disse antes de saírem completamente do quarto.
Frankie pulou na cama alguns segundos depois, e me abraçou fortemente. Irmãos. “O que aconteceu afinal?” eu perguntei após termos nos abraçado, e chorado. Papai e mamãe ainda estavam com o outro médico. Pensava que era para falar, igual ao outro médico, sobre a minha sorte. “Você e o estão em coma faz quase três meses. Daqui a alguns dias, eles iriam desligar os equipamentos.”, ele abaixou a cabeça como se tivesse vergonha. “Eles achavam que não iriam mais acordar. Mas eles estavam errados. Vocês dois estão aqui conosco, agora!”, ele sorriu e foi só o tempo de ver meus pais na porta do quarto. “! O acabou de acordar também!”, mamãe disse, pouco antes de eu conseguir respirar pela última vez-drama-, e ela me abraçar. Papai veio logo depois.
O resto do dia foi assim. Os médicos não conseguiam explicar o porquê de eu e o ambos termos acordados, depois de três meses. Se já não bastasse toda a nossa sorte, ainda havia a coincidência de termos acordado no mesmo dia. Para os médicos, não havia explicação a não ser milagre. Mas no fundo, eu e sabíamos. Aquela coisa de missão cumprida. Eu tinha que conhecer a . Era o meu destino, simplesmente. E ele a , aparentemente.
, você tem alguma idéia onde a moram?”, eu perguntei mais tarde aquela noite, quando finalmente eu e conseguimos ficar a sós. Ele havia chego à mesma conclusão sobre o negócio de termos acordado do coma e tudo mais. Destino. Ele deu os ombros. “A disse que a era vizinha da “casa” em que supostamente estávamos. Ela disse algo sobre clube também. Isso, a mora perto do clube também!”, ele respondeu sorridente, e eu não pude deixar de sorrir junto com ele. Afinal, Wickoff só possuía um clube, e um conjunto de casas que o rodeava. Não mais do que uma dúzia.
“Quando acha que vão nos liberar daqui?” perguntei descrente. Ele deu os ombros novamente. “Eu ouvi dizer que vão nos dar alta amanhã de manhã, mas vai saber, talvez possa haver algum outro ou Jonas aqui.”, ele riu da piada quase sem humor, e eu me limitei a rir com ele. Afinal, amanhã eu iria poder explicar para a o que havia acontecido. Nossas teorias foram todas falhas, no fim das contas.


Capitulo 5

Como o disse, no dia seguinte fomos liberados. Estranhamos, claro, porque para pacientes que estavam em coma a três meses, qualquer acompanhamento é pouco. Mas, segundo o Doutor Lewis, nós tínhamos sorte, e deveríamos comemorar devidamente, fora dessa atmosfera deprimente de hospital. Deveríamos voltar em alguns dias para mais alguns exames.
Contra vontade de nossos pais, eu e fomos ao fim da tarde até o conjunto de casas que supostamente achávamos que morava, e fomos batendo em uma por uma, até achar uma em que uma garota que chamava morava. Não sabíamos se era a certa, apesar de já não ser lá um nome comum, mas só saberíamos se a senhora que, aparentemente, era a mãe da garota, nos deixasse a ver.
A mãe da garota pediu para eu e entrarmos, e na hora, eu soube que eu havia acertado. Fotos da menor estavam espalhadas por todo o canto. Uma, em particular, me chamou atenção. Uma foto, de alguns anos atrás, de uma segurando um girassol, não olhando para a câmera, brincando com os pés. Sorri. sorriu de canto de boca também.
Ela me levou até o que parecia ser o quarto dela – alegou necessidade de usar o banheiro, sabia que na verdade, era uma desculpa para ele não interromper o momento - bateu de leve na porta, e deitada na cama, vi a silhueta da menina que por mais que só tenha visto uma vez, sabia que era a garota para a minha vida toda.
, querida.”, sua mãe disse delicadamente, acariciando sua bochecha direita com o polegar. respondeu desanimada. Ela ainda não havia me visto. “Desculpa incomodar querida, eu sei que você está cansada, mas tem alguém querendo te ver.”, ela terminou de dizer, e senti o olhar de sobre mim.
O olhar dela foi simplesmente um misto de surpresa, susto, alegria, e tantos mais sentimentos indecifráveis para mim. Somente sei que no segundo seguinte, senti seus braços em volta do meu pescoço, e o seu perfume invadiu as minhas vias respiratórias. Correspondi seu abraço na mesma intensidade. “Meu destino era conhecer você.”, eu disse, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. Qualquer explicação viria para depois. Continuamos daquele jeito, não importando se sua mãe estava ali, que já havia saído do banheiro, o mundo era eu e ela a partir de agora.


FIM

Nota da Autora: dude, demorou tipo SÉCULOS para eu escrever a continuação, mas aqui está. Eu não planejava continuar a história, mas um dia desses, nas férias, na madruga, eu tive um pico de inspiração e resolvi escrever. Espero que vocês tenham gostado, voltem sempre, MUAHUAHAUH. Parei :D Obrigada pelos comentários da outra fic, e obrigada as antílopes de sempre, lê-se Mory e Frãn , que acho que não leu a fic ainda, mas de apoio moral :D

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