Uma garota recebe uma carta onde diz:

Memphis – Tenessee, 12 de junho de 1999.

Vou te contar uma história que já deveria ter contado há muito tempo. Eu acordei em um dia frio e me preparei para ir trabalhar naquela lanchonete perto da sua casa. Eu estava morrendo de tédio, como sempre, e não reparava muito no que acontecia ao meu redor. Só que naquele dia, não sei o porquê, olhei para o lado e vi uma casa média, verde, bem bonita e ao mesmo tempo simples. Vi que havia uma mulher muito bonita, dos cabelos negros com mechas azuis carregando algumas caixas daquelas que guardam instrumentos musicais. Isso me deixou louco! Ouvi uma outra mulher gritar:
- Korey! Você vai se atrasar.
Sim, essa mulher que roubou a minha atenção era você.
Cheguei ao trabalho e fui logo recebendo ordens do Sonny. Eu tinha um pouco de inveja dele, por que era um cara novo e já tinha um negócio só dele. Mas enfim... trabalhei feito louco naquele dia e eu estava disposto a te ver novamente. Saí do trabalho era mais ou menos umas 20:16h, as luzes da sua casa estavam acesas. Sentei na calçada como quem não queria nada e fiquei ouvindo música com o meu discman.
Quando já eram quase 21:00h, você chegou com as suas amigas. Todas vestiam uma camiseta preta escrito Alkeme. Você olhou pra mim durante alguns segundos, foi um olhar tão profundo que era como se eu pudesse ver dentro de você. Fui para casa.
No outro dia, o clima já estava mais quente e eu fiquei mais disposto. Ainda bem que era feriado, então aproveitei para andar um pouco de skate no parque. Fui surpreendido por Ken, gritando feito louco por mim. - Fala, cara! - Disse Ken.
- E aê. – respondi.
- Estou pensando em algo que vai mudar as nossas vidas, precisamos conversar.

Eu não tinha dado muita importância para a parte de mudar nossas vidas, por que o Ken era (e ainda é) um cara muito sonhador e eu sempre fui um maluco que só arrisca, mas parei para ouvi-lo. Fomos para um café que ficava perto do parque. Ele foi contando todos os planos e por incrível que pareça eu gostei muito. A ideia era formar uma banda. Eu tinha umas economias, ele e nossos outros colegas também. Aceitei fazer parte. Foi aí que surgiu a Seraphah, nossa primeira banda. Em abril fizemos nosso primeiro show em uma casa de shows. A namorada do Ken estava lá, uma garota muito legal chamada Lori. Eu fiquei maluco ao saber que ela era integrante de uma banda também, chamada Alkeme. Lógico que eu corri para falar com ela e conhecê-la, afinal, eu tinha acabado de descobrir que você também fazia parte de uma banda! Como a vida é engraçada.
Ali estava Seraph e Alkeme juntas, toda a galera se conhecendo, conversando e se divertindo depois dos seus shows. Eu estava louco para falar com você, então cheguei logo brincando. Você riu. O seu sorriso sempre foi maravilhoso e aquilo me derreteu...
Sonny chegou e foi logo te abraçando. Aquilo me quebrou na hora, eu fico imaginando como a minha expressão deve ter ficado depois de ver aquilo. Como é que pode? Você namorada ele! Nossa... que decepção. Fiquei triste e ao mesmo tempo furioso. O Sonny pode até ser um cara legal, mas jamais seria o homem ideal para você. Boa parte da galera já estava de saída e eu resolvi ir embora também. Você não tinha dado muita importância, afinal o seu amor estava lá. Acredito que o Sonny percebeu o que estava acontecendo, pois ele me olhou de forma estranha.
Passaram-se algumas semanas. Agora você frequentava a lanchonete com frequência e sempre ia ver o Sonny. Eu aproveitava e ia falar com você. Aos poucos nos tornamos bons amigos. Mas eu queria muito mais do que isso, eu sabia que você tinha percebido. Começamos a nos ver mais vezes, trocamos telefone e sempre nos divertíamos muito nos encontros de bandas, porém Sonny sempre tinha que aparecer para estragar o meu momento. Eu praticamente não tinha oportunidade de me declarar no momento certo, por que o momento certo sempre era o errado, se é que me entende.
O tempo foi passando e eu vi que você confiava em mim, mas também não me contava tudo. Teve um dia que eu ainda tentei fazer com que a Lori me contasse alguma coisa, mas não foi possível, Sonny ouviu a nossa conversa e me deu um soco! Gritou dizendo que era para eu te deixar em paz. Foi assim que fui demitido e consegui aquela mancha roxa no rosto. Você se lembra dessa macha, não é? Pois é, eu menti para você dizendo que cai de skate. Me perdoe, eu fui um idiota. Talvez se eu tivesse dito, você teria me confessado tudo o que estava acontecendo.
Segunda-feira, dia seguinte do acontecido, te liguei, você não atendeu, foi assim o dia todo. Foi assim o resto da semana. Fui até a sua casa e a sua mãe me contou que você havia viajado para a casa da sua tia em Oviedo. Meu Deus, por que você foi pra um lugar tão longe? Sua mãe não quis me contar nada, só disse que você foi para esquecer os problemas. Piorou, eu não estava entendendo mais nada, aparentemente tudo estava bem. Minhas esperanças de te ter estavam chegando ao fim. Passaram-se alguns meses, a Seraph acabou e eu fui caçar outro trabalho, nada estava dando muito certo então formei outra banda chamada Skillet. Convidei o Ken, Trey e um outro pessoal, mas o Trey saiu. Chamei a Lori para tocar bateria, já que a Alkeme tinha acabado e tal...
Em uma tarde calma e chuvosa, eu me encontrava tomando o meu refrigerante preferido, o Dr. Pepper. Estava compondo algumas músicas. Terminei algumas e dei uma pausa para tomar meu refrigerante, na real a minha criatividade naquela hora já tinha acabado, então não havia mais nada para fazer. Alguém bateu na minha porta, abri e vi que era a Lori.
- Entre. – apontei para dentro de casa.
- Desculpa, mas eu não tenho tempo pra entrar. Corra, John, precisamos da sua ajuda, o Sonny fez a mãe da Korey de refém lá na casa dela, pelo amor de Deus! Vamos correr, vamos pegá-lo, chamar a polícia, sei lá... Quem sabe o que aquele doente é capaz de fazer?
- Hã? O que? Lori, você só me deixa mais confuso a cada dia! Fala sério, eu não queria me meter nessas coisas que eu não sei do começo, meio, fim... sei lá se isso tem fim! - respondi desesperado e perturbado.
- John, por favor, depois eu te conto tudo, vamos! - Lori me puxou para fora e acabei indo com ela.

Chegamos lá, Ken e Ben estavam do lado de fora, haviam chamado a polícia. Nós quatro conversamos alguns minutos, tentando bolar um plano para entrar na casa e salvar a sua mãe, até que a polícia chegou. Tudo aquilo acontecendo e não havia um minuto que eu não pensasse em você. Todo esse tempo eu fiquei pensando em você, meu amor, minha garota do cabelo com mechas azuis...
Os policiais ficaram um bom tempo negociando e nada do infeliz do Sonny soltar a sua mãe. Me revoltei! Entrei no porão da casa cautelosamente, sem ninguém perceber, peguei um pedaço de maneira que havia por lá e de fininho entrei na casa. Sonny estava na sala, com um revólver na mão apontando para a cabeça da sua mãe. Eu estava com tanta raiva... raiva dele ter namorado com você, raiva do soco que ele me deu, raiva de estar fazendo aquilo... bati o pedaço de madeira com tanta força na cabeça dele que ele caiu. Dei sorte do Sonny não ter atirado na sua mãe. Ele acabou sendo preso, enfim, tudo deu certo.
Havia acontecido muita coisa naquele dia, mas a Lori achou pouco e veio me perturbar de novo, dizendo que queria falar comigo. Bom, eu não tinha nada mesmo pra fazer então aceitei ouvi-la.

- John, espero que você não me odeie por isso. Pelo o que eu você viu hoje, já dá pra perceber que o Sonny é um psicopata. Na época em que a Korey o namorava, era tudo tranquilo no começo, mas depois ele foi mostrando quem realmente era. Muito possessivo, controlador e mentiroso. Um cara sem limites, que andou aprontando um monte de coisas na cidade e ninguém descobria que era ele. A Korey foi se decepcionando, tentando se afastar dele, mas não conseguia. Ela te pedia socorro, mas você não reparava, te ligava, ia ao seu trabalho, te olhava diferente e você parecia não enxergar. Korey a todo o momento tentava te dizer o quanto te amava. Tentava te dizer com os olhos o que não podia falar com a boca. Uma pena vocês serem apenas amigos.
- Mas eu sempre a amei! Ela sempre foi tudo pra mim... como eu ia saber... como... meu Deus, ela parecia ser completamente apaixonada por aquele maluco de cabelo rastafári! - interrompi Lori.
- Calma, deixa eu terminar. - disse Lori, fechando e abrindo os olhos bem devagar, levantando a cabeça me olhando de forma séria.
- Sonny percebeu o clima entre vocês e resolveu investigar. Ele viu que Korey não estava traindo, mas viu que isto estava próximo. Korey estava namorando ele à força, não existia mais carinho entre os dois. Ele começou a ameaçá-la de morte e por esse motivo ela foi para a Espanha. Desde então não temos mais contato com ela.

Eu não fiquei com raiva da Lori, fique com raiva de mim mesmo. Agradeci-a por finalmente ter me contado. Não havia outra coisa a fazer além de correr atrás do meu amor. Arrumei algumas coisas em casa e organizei algumas coisas da banda. Pedi para o Ben e a Lori ficarem cuidando de tudo pra mim. Tive sorte de encontrar passagens em conta para a Europa, e uma semana depois viajei para a Espanha.
Chegando lá fiquei um pouco aflito, pois eu sabia que seria difícil te encontrar. A única pista que eu tinha é que você estava em Oviedo. Sua mãe não era muito de falar então foi impossível pegar o seu endereço com ela. Me hospedei em um pequeno hotel perto do centro da cidade. As aulas de espanhol no colegial me ajudaram para alguma coisa. Fiquei uns três dias te procurando e em invés de me sentir triste, cada vez eu ficava mais forte à sua procura. Conheci pessoas e lugares muito legais nessa cidade. Resolvi te procurar em áreas mais naturais da cidade, até que finalmente te encontrei ali parada, com frio, contemplando o horizonte. Você parecia tão distante, e eu estava desesperado pela sua atenção, mas com medo de você me detestar, ou nem sequer lembrar o meu nome. Você passou por tantas coisas e eu não estava com você, não pude te proteger, te fazer sentir segura, mas eu sei que eu poderia ser aquele para te apoiar, e finalmente te dizer que eu poderia ser teu pra valer.
Fui dando passos pequenos, até chegar perto de você, toquei em seu ombro, você se levantou e olhou pra mim, sorrindo, dizendo o meu nome. Me senti tão feliz, confortado, sorri de uma forma que eu sentia toda a minha alegria transparecer somente com este ato. Não pensei duas vezes e já te pedi perdão. Você me olhava com tanta atenção que eu me derretia, acariciei sua face, afastando o seu cabelo que estava cobrindo seu rosto. Seus olhos claros me levavam ao paraíso. Não resisti e te beijei, como se não houvesse amanhã, foi a coisa mais linda e profunda que eu já havia sentido em toda a minha vida. Era como se estivéssemos conectados de uma maneira com que o amor pudesse ser sentido com uma frequência ainda maior, com uma força indestrutível. Esse dia foi tão bom... você me levou até a casa da sua tia, tomamos chocolate quente e conversamos. O resto do dia foi só de carícias e beijos. Tanto amor que não resistimos e finalmente selamos o nosso vínculo. Te deitei com tanto cuidado... você sorria docemente, mexendo no meu cabelo. Fizemos amor com a janela entreaberta, dava pra ouvir os pássaros lá fora, cantarolando de forma bela. O clima e o momento estavam maravilhosos, mas só por que eu estava ao seu lado. Me senti o melhor homem do mundo dormindo ao seu lado. Mais tarde a sua tia chegou, mas demos sorte dela não ter percebido nada.
Amanheceu, estava calor e aproveitamos para passear na praia. Você estava tão linda e feliz, brincamos como se fossemos duas crianças. Cada minuto valeu à pena. Quando voltamos fomos para aquela festa da sua prima. Que moça maluca, gostei muito dela, uma pessoa muito engraçada. É, você sabe que eu sempre me dou bem com os loucos, os loucos do bem, não é, amor?
Voltamos juntos para Memphis, depois que toda a poeira abaixou. Me diverti muito com você em Oviedo, aliás, eu sempre me divirto com você, minha linda. E para finalizar esta carta, quero te dizer que te amo muito, que você é tudo pra mim, a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Quase acabam com o nosso romance, mas hoje, por você e por mim, estou aqui. Feliz dia dos namorados PARA NÓS! Quero você sempre ao meu lado. Saiba que sempre que precisar eu estarei com você, pois sou teu pra valer.

Do seu namorado, John Cooper.



Korey terminou de ler a carta e foi pegar seu suéter para ir ao encontro de John, mas ao abrir a porta foi surpreendida com um presente que estava justamente nas mãos dele.

- Querido, que carta linda, além dela, mais este presente? Te amo! - disse Korey.
- Também te amo, minha vida, abra! - respondeu John.
E ao abrir a pequena caixa, Korey se deparou com um belo anel de noivado, John colocou no dedo dela dizendo:
- Eu disse que você é a mulher da minha vida e isso é verdade. Por isso quero me casar com você. Compus uma música e espero que você goste e inclusive cante comigo no próximo show do Skillet. Você é muito talentosa, toca super bem e tem uma voz linda. Gostaria de fazer parte da banda também?
- Mas é claro! Nossa... que tudo! Adorarei ler a letra, cantar contigo, viajar por essas estradas ao seu lado, com muito rock ‘n roll, que é o que sabemos fazer! - Respondeu Korey.

Os anos se passaram, os dois se casaram, tiveram dois filhos, Alexandria, nascida em 2002 e Xavier em 2005. Em 2006 gravaram a música inspirada no romance dos dois, com o título “Yours to hold”. Em 2008 a cantaram ao vivo no primeiro DVD da banda. O amor é assim, cheio de barreiras, mas quando se ama de verdade, nada e ninguém tem o poder impedir. O que Deus une, nenhuma pessoa pode separar. Devemos saber também que a esperança é tudo e que os nossos sonhos são as portas para a eternidade, não devemos desistir, é preciso acreditar e lutar até o fim para que os nossos objetivos sejam alcançados. Por isso amem, sonhem, lutem... por que no final, vocês vão perceber que sempre foram felizes, só que nunca perceberam.


N/A: Bom pessoal, espero que tenham gostado da minha fanfic. Eu já havia escrito uma web, mas faz alguns anos. Não sou muito boa em romances mas tentei dar o melhor de mim, fiz um pouco curta para não ficar muito cansativa. Utilizei os nomes de alguns integrantes e ex- integrantes da banda Skillet, que eu sou muito fã mesmo *-* Para escrever essa história eu me inspirei na música Yours to hold.
Essa fanfic me animou e estou planejando escrever outras em breve.

N/B: Qualquer erro nessa fanfic, seja de gramática/script/HTML, mande um e-mail diretamente para mim. Não use a caixinha de comentários.

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