Capítulo 1

Ela podia tocá-lo, mesmo nunca tendo conhecido a maciez de sua pele. Podia sentir o cheiro de seu perfume sem nunca tê-lo expirado antes. Ela podia tê-lo... Sem ter a certeza de que ele realmente existia. não sabia como, nem por que o via em seus sonhos. Quando pegava no sono, não parecia exatamente um sonho. Era como se fechasse os olhos e revivesse os momentos que passou com ele. Lembranças seria a palavra certa. Já perdeu as contas de quantas vezes desejou não acordar, para continuar ali com ele. Na vida dela só existia ele. Tudo era por ele e para ele.

- Pára! Eu vou cair! - estava correndo e, vez ou outra, olhava a distância que estava dela. A qual não era muita.
- Olha para a frente, desse jeito você vai cair mesmo!
- , pára. Pa-pára!
- Então retire o que disse. - A menina desistiu de correr pela areia - o que a estava cansando muito - e foi para o mar. a pegaria de qualquer jeito, então achou melhor poupar esforços. À medida que entrava na água, sentia sua velocidade diminuir e a dificuldade de executar uma corrida rápida aumentar. O rapaz vinha embalado e desgovernado atrás dela.
- VOCÊ TEM PROBLEMA? QUER ME MATAR AFOGADA? - A menina gritou assim que ele a suspendeu da água, após pular em cima dela e jogar ambos para uma profundidade consideravelmente funda - segundo ela.
- Você deveria levar a vida menos a sério, . Seria mais divertido.
- Eu prezo pela minha vida, é diferente. Não acha que afogamento é uma maneira muito sofrida de se morrer? - "Não sei, nunca morri para saber", pensou ele. O rapaz a olhava, calmo, e retirava algumas mechas de cabelo pregadas em seu rosto. Seu delicado rosto.
- Não seja tão dramática. Posso ter tentado um homicídio, mas te salvei em seguida. Você sabe que não vivo sem você. - manteve o bico que havia posto em seus lábios. Adorava fazer charme para ele, rendia muitos carinhos.
- Você não existe, sabia? - O rapaz beijou seu ombro e logo se lembrou do que ela havia falado mais cedo. - Então quer dizer que sou gordo? - percebeu que a menina havia ficado parada e o único movimento que executava era o da respiração, o qual podia sentir pela sua barriga. - Estou falando com você, não vai me responder? - Ele deu uma leve cutucada em sua cintura, fazendo-a apertar seu corpo contra o dele. Esperou mais um pouco e nada. - Tudo bem, você pediu por isso. - a pegou pela cintura e a colocou em seu ombro com um pouco de dificuldade.
- ? , o que você está fazendo? - Percebeu o rapaz manter a brincadeira de ficar em silêncio enquanto perguntas eram jogadas para ele, assim como tinha feito pouco tempo atrás. O viu caminhar de volta para a areia. Por mais que a praia estivesse deserta, estava se sentindo desconfortável naquela posição. Pedir para colocá-la no chão seria o mesmo que pedir para um cachorro buscar a bolinha que foi jogada sem ser treinado. O rapaz parou bruscamente e caminhou em direção ao mar.
- Eu não sei o que você pretende fazer, mas seja o que for, parece bem indeciso. Decida-se logo, por favor, estou ficando tonta.
- O fato de já ser uma tonta não alivia? - gargalhou ao sentir a menina dar tapas em suas costas, com raiva. Adorava irritá-la. Colocou-a no chão.
- Deite.
- Aqui? Na água?
- Olhe o seu estado, . Que diferença faz? - A menina deu de ombros e deitou-se na beira da praia, sentindo a onda se aproximar e deixá-la completamente encharcada.
- Pode levantar.
- Estou me sentindo uma cadela sendo treinada. Isso não é legal, ... Apesar de gostar da sensação de ser dominada.
- Me senti da mesma forma quando você me comparou com um cachorro sem treinamento. Sei o que você está sentindo. - A menina se levantou, totalmente confusa. Ele estava para ler pensamentos agora? Que ótimo. Teria que tomar muito cuidado com as coisas que desejava e pensava. voltou a levá-la para a areia, dessa vez a puxando pela bainha da blusa.
- Agora, deite-se na areia. - concordou e, quando ia deitar, empurrou o rapaz - que estava distraído -, o fazendo cair com tudo na areia. A menina saiu correndo o mais rápido que pôde. Não iria fazer papel de boba, seja lá qual fosse o plano dele. O rapaz balançou a cabeça negativamente, descrente que ela havia feito mesmo aquilo. Teimosa. O rapaz correu e a alcançou sem muitos esforços. colou seu corpo no dela, na tentativa de fazê-la entender que ele já havia a alcançado e que não era preciso correr mais. continuou correndo, fazendo com que as pernas de ambos se enroscassem e caíssem na areia.
- Se tivesse sido mais boazinha, poderíamos ter evitado isso. - A menina ajeitou-se, ficando com o rosto a poucos centímetros dos dele.
- Eu nunca saberia se não tentasse. - Ela sussurrou.
- Deveria saber que sempre a alcanço, independente de onde esteja. Isso é previsível. - A menina fechou os olhos e mordeu os lábios de leve. acompanhou seu movimento e involuntariamente umedeceu seus lábios. Queria beijá-la.
- Fugir é uma maneira de te ter por perto. Eu sei que, em qualquer coisa eu faço, em qualquer lugar que eu vou, você está atrás de mim, me acompanhando. Sempre.
- Gostei dessa de ficar por trás. - gargalhou e abriu os olhos. Deu um tapa em seu braço que estava apoiado na areia, para ele não cair em cima dela. Propositalmente - ou não -, o tapa foi forte e fez com que o rapaz perdesse o equilíbrio. Isso deixou a distância entre os dois corpos quase nula.
- Eu amo seus olhos. - o encarou. - Eles transparecem uma sinceridade inexplicável. Se eu olhar bem no fundo deles, consigo sentir o que você está sentindo.
- Eu amo a sua boca, apesar de algumas vezes falar umas coisas desnecessárias... - A menina ia interrompê-lo, mas calou-se ao escutar o resto da frase. - ...Em momentos em que só o silêncio é suficiente. Só ele é capaz de captar coisas que estão para acontecer. Quer um exemplo? - entendeu seu silêncio como uma resposta positiva e permitiu colar seus lábios aos dela. A mão de , que estava nos braços desde a hora do tapa, subiu para a nuca dele, assim como uma das dele fora para a cintura dela. A outra estava em seu rosto, fazendo carinho em suas bochechas. Deram um longo selinho. Ele distribuiu vários beijos pelo rosto dela e alguns mais demorados no pescoço. o puxou de volta para cima e encaixou sua boca na dele.



Capítulo 2

acordou sentindo o gosto de água salgada na boca, talvez fosse pelo beijo que acabara de dar em . Sorriu com isso, amava o beijo dele. Jogou seu corpo para fora da cama, deixando seu pé entrar em contato com a superfície fria do chão. Havia acordado antes de o despertador tocar - o que era quase raro - e foi até o banheiro tomar banho. A menina cantarolava alguma música debaixo do chuveiro quando começou a escutar uma outra vinda de seu quarto. Desligou o registro e se enrolou na toalha. Foi até o quarto e o toque estridente de seu celular apitava a toda altura. Seis e meia. Dispersou-se por algum tempo e só acordou do leve transe quando seu corpo se arrepiou de frio. Foi até seu closet pegar alguma roupa que desse para trabalhar sem passar frio. Estava cansada de pedir a blusa de seu amigo emprestada todas as manhãs. havia se formado em Psicologia há pouco tempo, mas, pela falta de dinheiro para abrir um consultório, ainda não exercia a profissão. Com pouco dos contatos que tinha, conseguiu um estágio em um consultório na mesma área; era no ramo que gostava e não via o porquê de dispensar tal oportunidade, já que estava mesmo precisando. O estágio acabou virando um trabalho, que exigia mais da sua atenção do que ela imaginara. Se estabelecendo em algo fixo, conseguia ajudar seus pais com as despesas da casa todo mês, e até conseguiu comprar um apartamento no centro da cidade - o que a fazia se sentir orgulhosa. Odiava depender dos outros. Gostava de ter sua própria vida e, desde cedo, aprendeu a lidar com isso. "Você não vai ter papai e mamãe a vida toda, precisa se impor nesse mundo, ou ficará para trás. Você não quer isso, quer?" Dizia sua mãe. Aprendeu a ser responsável, coisa que não era muito chegada. Achava que essa qualidade era o principal motivo para ser contratada. Se dedicava fazendo o que gostava e as pessoas viam isso. Hoje, vê a importância. Se não tivesse aprendido, não conseguiria executar metade das tarefas que lhe eram impostas. A menina terminava de ajeitar sua blusa quando escutou seu celular vibrar na cômoda. Foi até lá e abriu o flip do celular: "Você possui uma nova mensagem de Ian".
"Já estou aqui embaixo. Xx Ian." fechou o flip e jogou o celular dentro da bolsa. Deu uma última olhada no espelho e desceu.

- Bom dia, sonhadora! Vejo que veio preparada para o frio hoje.
- Bom dia! Olha você com esses comentários... Desse jeito, vou achar que você não gosta de me emprestar sua blusa.
- Não me importo, só não acho agradável sentir frio de manhã, com termômetros marcando 5 graus. Deveria ter pena de mim.
- E tenho! - levantou os braços, mostrando que estava de blusa.
- Hoje, né? - A menina mostrou língua e ele sorriu de lado. - Mas e aí, como passou a noite?
- Você está querendo saber se sonhei com , certo? - Ian assentiu. - O que você acha? Você sabe que sim, não sei pra que a mesma pergunta sempre.
- Considero isso surreal demais. É como se cada vez que você falasse que sonhou com ele, eu tentasse assimilar isso à realidade. - Ian deu partida no carro. - Não consigo acreditar que você sonhe com uma pessoa que nunca viu na vida, e o mais estranho, todas as noites.
- Você, como um conceituado psicólogo, deveria acreditar em mim.
- Não estou dizendo que está mentindo, só não consigo entender. Sabe, , você é um bom caso a ser estudado.
- Não gosto de saber que as pessoas estão focadas em mim, me sinto incomodada. Nunca gostei de ser o centro das atenções.
- Não há por que se sentir assim. - Ian piscou seus olhos castanhos e entrou no estacionamento do prédio, onde ambos trabalhavam. sabia que Ian, como um bom psicólogo, sempre tentaria achar um jeito de fazê-la se sentir melhor, e por mais convincente ela achasse que estava sendo, ele sempre teria ótimos argumentos para confrontá-la. Viva a Psicologia!

, assim que chegou em casa, tomou um banho e preparou algo pra comer. Sentou-se no sofá e ligou a televisão em um canal qualquer, enquanto jantava. Ela sabia que não tinha necessidade do aparelho estar ligado, pois, seus pensamentos nunca seriam fortes o suficiente para se concentrarem nele. Ela estava bem longe, seus pensamentos estavam nele, como sempre. Colocou o prato na bancada da cozinha e foi até seu quarto buscar sua pilha de livros para estudar um pouco. Minutos depois, as linhas começaram a ficar turvas e ela sentiu que era hora de se entregar ao sono.
estava chamando por e ela já sabia onde encontrá-lo.

estava sentada naquela mesma praia, na areia. Observava a fúria das ondas e ela tinha uma leve impressão de que todas disputavam sua atenção. Quem conseguia atingir uma altura mais alta; quem era a mais forte, a ponto de conseguir alcançá-la. Na opinião dela, todas tinham a sua atenção. Todas executavam lindas e diferentes formas. O que era impossível, era prender seus olhos em somente uma onda. Aquela praia a acalmava, mas não se comparava quando estava com . Ele conseguia desempenhar todos os papéis, e sem esforço aparente. Sua presença era tudo. Não era preciso palavras, um beijo em sua testa, por exemplo, já significava muita coisa. Com um simples toque, ele conseguia lhe transmitir tudo que estava precisando no momento. Por isso, costumava falar para ele: "Palavras não te definem, você vai além disso." Não se passava das quatro horas da tarde quando começou a esfriar. Apesar de amar o frio, não estava gostando daquele. Ela não o tinha ali para lhe esquentar. Não era exatamente de um calor físico que precisava, era o coração. Seu coração precisava bater forte para que ele se aquecesse; o que só era possível quando ela o via. A menina não sabia o por que tinha ido até a praia, mas sentia que poderia encontrá-lo ali. "Parece que se enganou dessa vez" Falou para si mesma em pensamento. apoiou a mão nos joelhos e se levantou. Tirou a areia que estava em sua calça de moletom e começou a andar pela areia sem destino.

A menina abriu os olhos e a primeira coisa que avistou foi o teto branco da sala. Assim que fez a menção de se levantar, sentiu uma fincada no pescoço. Levantou-se devagar e colocou sua mão no local para tentar aliviar a dor. Odiava dormir de mau jeito. Caminhou lentamente até o quarto e se deitou na cama, sentindo um alívio repentino, assim como o sono que veio em seguida.

, depois de andar um pouco, sentou-se um pouco mais distante de onde estava anteriormente, mas sempre procurando estar perto do mar. Sua atenção se voltou para um Jet Ski que passava a toda velocidade e o acompanhou até cruzar todo o mar e sair do seu campo de visão. Quando virou-se para o lado oposto, estava sentado ao seu lado. Em alguma outra ocasião, teria se assustado, mas com ele as coisas eram assustadoramente diferentes. Passaram algum tempo calados, perdidos em pensamentos, até que o rapaz quebrou o silêncio.
- Não vá achando que vai se livrar de mim assim, tão facilmente. - Ele falou olhando para a direção oposta à sua. Não era um tom grosseiro, ou algo que viesse a ofendê-la. respirou fundo.
- Fiquei te esperando, mas você não apareceu. Achei que não quisesse me ver, ou algo do tipo. Na verdade, ainda acho.
- Mesmo eu estando aqui, sua opinião não muda?
- Pensando na possibilidade de estar aqui forçado, não. - observou o rosto da menina, que estava concentrado na areia.
- O que eu posso fazer para mudá-la? - com certa dificuldade, desprendeu seus olhos e o encarou. Sentiu saudades daqueles traços.
- O que você sugere?
- Não faço idéia. Mas posso tentar algumas coisas e você me diz se te agrada ou não.
- Tudo bem. - Tudo que ele fazia a agradava, e não tinha dúvidas quanto a isso. Qualquer coisa que fizesse, era o suficiente - ou até mais -, para fazê-la bem. aproximou seu corpo do dela e passou seus braços em torno de sua cintura, abraçando-a de lado. A menina apoiou a cabeça em seu ombro.
- Te agrada? - assentiu, relaxando em seus braços.
- Mais do que eu poderia imaginar.
- Você parece cansada. - disse, depois de alguns minutos em silêncio. - Quer me contar o que está acontecendo?
- Não é nada demais. O trabalho anda meio puxado ultimamente. Nada que algumas horas de sono não melhore. Irônico isso, não? Eu poderia estar dormindo agora.
- Você está dormindo, mas seu subconsciente está "ligado". - Fez aspas no ar com certa dificuldade, por seus braços estarem em volta dela.
- Esses últimos dias, eu acordei cansada. Acho que, pelo fato do meu subconsciente estar "ligado", eu não descanso completamente.
- Acha que eu deveria ir embora?
- Por favor, não! - A menina segurou firme a blusa dele, mesmo ele não tendo feito a menção de que se levantaria. - Não faça isso.
- Eu não vou. - O rapaz beijou o topo de sua cabeça e apertou-a contra seus braços. - Só não quero ter a sensação de que estou te sobrecarregando.
- , olhe para mim. - Assim que o fez, colocou sua mão em seu rosto, acariciando-lhe a bochecha rosada pelo frio. - Você é a razão para que eu fique de pé. Sobrecarregar é uma palavra que não combina com você. Se repetir isso, estará me dando um motivo para ficar brava com você. Está bem? - O menino riu da forma maternal que ela havia dito, e se abaixou para lhe dar um longo selinho.
- Você quem manda. E, Oh! - olhou as horas em seu relógio. - Seu despertador tocará daqui alguns minutos.
- Isso é uma despedida? - fez bico e ele assentiu com uma expressão levemente desapontada. - Boa noite, .
- Boa noite.



Capítulo 3

- Você pode vir aqui um instante, por favor? - assentiu. Terminou de agendar alguns pacientes para a próxima semana e se levantou, indo até a sala. Bateu na porta que tinha gravado "Doutora Anne - Psicóloga" e entrou após escutar um "Entra, !". Era fim de expediente de uma sexta feira e o consultório estava praticamente vazio. Pediu licença timidamente e sentou-se na cadeira de frente à mesa dela. Tinha estado ali poucas vezes para entregar fichas de alguns pacientes, mas nunca teve a oportunidade de observar cuidadosamente. O consultório era lindo e possuía um ambiente tranqüilo. Era perfeito para realizar consultas. - Está tudo bem, ? - A menina demorou um pouco para desviar o olhar da estante cheia de livros e olhou para Anne.
- Está sim. Seu consultório é realmente lindo, transmite calma. Isso é muito importante. - Anne passou os olhos calmamente pelo consultório, pensando nas palavras de , e assentiu.
- Amo tudo isso aqui. - A menina percebeu a tristeza em seus olhos e lembrou-se de fato o que a trazia até ali.
- Mas então, está precisando de alguma coisa? - Anne a encarou com uma expressão de dúvida. - Você me chamou até aqui...
- É exatamente sobre isso que quero falar com você. - Foi a vez de não entender. - Vou precisar me mudar para a Itália e não quero que esse consultório fique fechado depois de tanto esforço. Ele merece ser seu. - demorou um pouco até transferir aquelas palavras a um ponto de consciência em sua mente. Era muita informação. Ou talvez nem fosse. Anne fora direta demais e isso a pegou de surpresa.
- Você não pode fazer isso. Quero dizer, eu não posso ser dona disso aqui, Anne. Você tem seus pacientes, não pode abandoná-los dessa forma.
- E quem disse que vou abandoná-los? Você vai me substituir... Se quiser, é claro.
- É muita responsabilidade, não sei se vou dar conta de cuidar disso tudo.
- , você é responsável. Só precisa ter jogo de cintura, e eu sei que você tem. Se acha que não o suficiente, pegue isto como um desafio.
- E quanto ao que os seus pacientes vão pensar dessa troca repentina de psicólogo? Eles não sabem quem sou, não têm confiança a ponto de entregar os seus problemas mais pessoais para que eu tente ajudá-los.
- Aí é que você se engana. Todos te elogiam quando chegam aqui. Te conhecem mais do que você possa imaginar. - estava perplexa e mal podia imaginar que tudo isso estava caindo em seus braços assim. Ela viraria uma psicóloga, já teria seu consultório pronto e finalmente estaria realizando seu sonho. Tinha que admitir, era uma garota de muita sorte. - Têm até alguns que te adoram. - A menina sorriu.
- Mas isso tudo será temporariamente, certo?
- Eu gostaria, mas infelizmente não. Vai ser difícil jogar as coisas para o alto aqui e ir embora. Você sabe que fiz a mesma coisa na Itália para vir para o Canadá. A saudade da minha família que é toda de lá é demais. Sinto que a minha missão foi cumprida e é hora de voltar. - Anne respirou fundo. - Eu não estaria te entregando tudo que tenho aqui se não confiasse. Você é um amor de pessoa, merece muito mais que este consultório. - estava com os olhos marejados. Levantou-se rapidamente e abraçou Anne, que já estava de braços apertos a esperando.
- Saiba que é VOCÊ que está fazendo meu sonho ser realizado. Eu não sei como te agradecer.
- Você merece, . Me sinto bem entregando esse consultório para a pessoa certa. - Anne limpou uma lágrima que estava escorrendo pela bochecha da menina. - Creio que, mês que vem, tudo já estará em seu nome.
- Uh! Preciso me acostumar com a ideia de que serei chamada de Doutora .
- Vai gostar disso e também irá aprender muito. Você vai ver.

e Anne terminaram de ajeitar algumas coisas no consultório e logo em seguida o fecharam. A menina pegou um táxi que, por sorte, estava vazio e avisou ao motorista seu destino. Casa. Para ela não tinha coisa melhor do que chegar do trabalho, tomar um banho quente e passar madrugada toda assistindo - ou lendo - clássicos. , para sua idade, era muito caseira. Reservada, talvez. Sua adolescência fora muito agitada, e ela achava que agora era hora de se acalmar e concentrar nos estudos. Assim que chegou em casa, fora direto para o banheiro tomar banho, após colocar sobre a cama uma roupa velha e quente. Seus pensamentos sempre se voltavam para como sua vida finalmente tomaria um rumo. Seu sonho estava próximo de ser realizado e isso lhe dava um frio na barriga. Sempre imaginou quando esse dia chegaria... E agora ele estava ali, batendo em sua porta. Ela só precisava girar a chave e deixá-lo entrar. escutou o telefone tocar e xingou baixinho por isso. Por que sempre inventavam de ligar pra ela quando estava no banho? "Se for importante, deixará mensagem na secretária eletrônica" pensou. Logo, escutou o barulho de alguém deixando a mensagem, mas não escutara exatamente o que era, pelo barulho do chuveiro. Só conseguiu identificar que era uma voz masculina. Terminou o banho sem pressa e se enrolou no roupão que estava no gancho perto do box. Penteou o cabelo e o secou um pouco, por causa do frio. Fora em direção ao seu quarto e caminhou rapidamente até a janela para fechá-la, a qual trazia uma corrente de vento frio lá de fora. Amava o inverno e daria menos de uma semana para que começasse a nevar. Trocou de roupa e caminhou até a cozinha para estourar pipoca no microondas. Lembrou-se da mensagem que haviam deixado para ela e voltou até seu quarto, apertando em seguida o portão que piscava a luz vermelha. "Ei, , chegou bem em casa? Não encontrei você para virmos embora juntos, me disseram que estava na sala da Anne. Bom... Vamos sair? - A voz ficou distante como se estivesse olhando para a janela - O tempo está meio frio, mas acho que não será isso que vai atrapalhar o nosso programa. Assim que escutar essa mensagem, retorne a ligação, por favor. Beijo." riu. Ele sabia que ela era preguiçosa e por motivos de força - ou preguiça - maior, ficava em casa. Retornou a ligação e esperou três toques para que atendesse o telefone.
- ? - Ian perguntou do outro lado da linha.
- Como você sabe?
- Quem mais poderia ser?
- Ué, não sei...
- Eu não estava esperando outra ligação além da sua.
- E como poderia ter tanta certeza que eu ligaria?
- Você sempre faz isso. - A menina ficou em silêncio pensando em alguma resposta rápida, sem sucesso. Ian gargalhou e fez um barulho "Peeeen!" – que, segundo ele, era quando a conversa se dava por encerrada ou alguém a ganhava". – Um a zero pra mim.
- Tenho a obrigação de ressaltar que você só começa com esse PEEEN e a contagem quando está na vantagem.
- Bela observação. Mas então, que horas passo aí pra gente dar uma volta?
- Tenho alguns filmes aqui em casa pra assistir, vem pra cá.
- Mas -
- PEEEEEEN! - gritou de uma forma engraçada, fazendo ambos rirem. - Um a um.
- Daqui a pouco estou aí, chatinha.
- Ok, beijo. - Ian resmungou no telefone e finalizaram a ligação. A menina voltou até a cozinha e retirou a pipoca de dentro do microondas - que apitara várias vezes enquanto estava no telefone -, separou um vinho e deixou tudo em cima do balcão para quando Ian chegasse. Não era de beber, mas em épocas de frio, entre outras ocasiões, se permitia. Tivera alguns porres durante a adolescência por onda de amigos que não desejava passar nunca mais. Era fraca pra bebidas e só se lembrava disso quando estava beirando o vaso sanitário. caminhou até a sacada do seu apartamento e observou o céu, que estava lindo como sempre. Fixou seu olhar em uma estrela que mais se destacava e automaticamente seus pensamentos se voltaram para ele. .
Amava estrelas.
Amava .
E foi por causa dessa obsessão que ela fez três estrelas pequenas no pescoço e as chamava pelo nome dele. Já que não podia tê-lo, que pelo menos aquelas manchas em sua pele representassem uma forma de se lembrar sempre dele. Não que fosse necessário, ela sabia, mas achou que seria uma maneira de demonstrar seu carinho. considerava isso pessoal demais para que outras pessoas soubessem. Era coisa dela e tinha certeza que nunca desconfiariam o outro sentido além de sua paixão por estrelas. A menina sempre admirava a forma como algumas se destacavam no céu, mesmo que parecessem solitárias. Segundo ela, brilhar era uma forma de atrair outras estrelas para perto de si. As que estavam quase sem brilho sempre tinham várias outras em volta, já com o objetivo alcançado.
buscava brilho para atrair para mais perto, mas todas tentativas pareciam em vão.
Não importa o quão difícil seja, mas ela continuará brilhando até encontrá-lo além dos sonhos.


Capítulo 4

- Como eu disse, venho enfrentando dificuldades desde que meu marido faleceu. Estou desmotivada para fazer qualquer coisa e meus filhos falam que estou cada vez mais magra. Sinto que, depois que ele se foi, minhas forças foram junto. Amigos dizem para que eu esqueça isso, toque minha vida em diante, mas eles não vêem o quão isso é difícil. Tem noção do que é perder o homem da sua vida e aprender a lidar com isso da pior maneira possível? - Houve uma leve pausa e escutou-se um fungo de choro, seguido de um silêncio. - Eu o vejo todas as noites na cama, lendo seu livro favorito. – , levemente impressionada com o que acabara de escutar, parou as anotações que estava fazendo e concentrou-se em sua paciente. - E isso deveria me passar um certo conforto, por saber que ele está ali comigo, mas não. É como se, em cada vez que ele aparecesse, todas as minhas tentativas de aliviar o sofrimento voltassem com toda a força... Sem contar na agonia de tentar tocá-lo e não conseguir. - Susy fechou os olhos e respirou fundo. - É isso. - assentiu e aproximou sua cadeira até a de sua paciente.
- É completamente natural essa dor que você está sentindo. Perder alguém assim muito próximo não é realmente fácil. As pessoas tentarem tirá-la de você não vai resolver nada, pelo contrário. A cada vez que tocarem no assunto, simplesmente abrirão a ferida que você está tentando fechar, mesmo que a intenção deles seja boas. O que eu sugiro que você faça é sair para dar uma caminhada, que, além de te ajudar fisicamente, ajudará a desviar o foco da sua tristeza. Como voltar a antigos hábitos, está bem? - Susy assentiu. - Quando as pessoas vêem entes que já foram, está relacionado com a rotina que criaram. Vocês sempre dormiam juntos e é como se o seu psicológico estivesse continuado a processar essa informação ali de, por exemplo, entrar no quarto e esperar vê-lo na cama. Com o tempo, você irá se adaptar a essa mudança.

- Como foram as consultas?
- Foram tranqüilas, estou amando. - Ian e estavam no horário de almoço em um restaurante próximo ao prédio em que trabalhavam.
- Você atendeu muitas pessoas hoje. Não está cansada? - Ian perguntou e, em seguida, levou uma garfada de comida até a boca.
- Nah, nenhum pouco. - sorriu e ele a acompanhou.
- É bom quando fazemos coisas que gostamos e isso nos deixa bem. Como esse almoço, por exemplo. - sorriu timidamente e colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha. Não sabia se podia considerar aquilo uma indireta, mas sentiu um leve desconforto pelo comentário inesperado. Todos os dias - ou quase - ele falava algo para deixá-la envergonhada. Aquilo era uma indireta.
- É realmente muito gratificante quando você faz algo de coração e sabe que está ajudando alguém. - Desviou um pouco o foco da conversa.
- É verdade. - Finalizaram a conversa e continuaram o almoço.

realizou mais algumas consultas - recusou a carona de Ian - e foi para casa. Durante o caminho no metrô, a menina observava os primeiros flocos de neve caindo do lado de fora e apertou involuntariamente o sobretudo que usava, imaginando o frio. Teria aceitado a carona diária do amigo, se não fosse pelas leves investidas que ele ultimamente dava. Mas como poderia imaginar que ia nevar no dia em que o dispensou? Tratou de manter distante esse tipo de pensamento e pensou em seus pacientes, nos vários tipos de problema que cada um enfrentava e como alguns deles se assemelhavam com os dela, que já os havia superado... Como a perda do avô e o modo como sua mãe ficara triste por isso. Há determinadas coisas que são inevitáveis e, querendo ou não, precisamos estar preparados para elas. É a lei da vida e não há nada que possamos fazer quanto a isso. dera sinal antes do ponto que costumava descer, para andar um pouco. Estava cansada, mas queria desfrutar a neve. A menina respirava com a boca aberta, para soltar fumacinha. Como adorava aquilo! Pequenas coisas a deixavam feliz, assim também como pequenos detalhes negativos a atingiam com força. Era sensível, apesar de sua profissão exigir exatamente o contrário. escutou leves passos atrás de si e olhou pelo ombro, vendo um homem a poucos metros de distância. O barulho de seus saltos ecoavam pela rua pouco movimentada, parecendo com seu coração, que batia lentamente e forte. Estava ficando com medo. Apertou os passos e quase escorregou pela neve recém-caída no chão. Sua respiração fraca e descompassada começava a atrapalhar a execução de seus movimentos, assim como a fazia pensar em coisas sensatas e certas a serem feitas. Virou na primeira rua que às vezes usava para cortar caminho e, em seguida, se arrependeu. Aquilo era uma ótima oportunidade para o ataque. Lágrimas preenchiam seus olhos e, já prevendo pelo pior, começou a correr. Passou pela rua deserta e rapidamente chegou até a rua de seu prédio. Se ela entrasse, ele saberia onde morava. A maioria das lojas estavam fechando, mas ela não queria parar. Em um ato de coragem - ou puro desespero -, parou e virou-se para trás, esperando que o cretino que a seguia a abordasse e começasse a roubar seus pertences.
Encarou a rua deserta.
Aliviada, colocou a mão no peito e fechou os olhos levemente úmidos, tentando normalizar sua respiração. Entrou em seu prédio ainda olhando para os lados e assim que fechou a porta de seu apartamento, jogou-se no chão e caiu em choro. tinha alguns traumas que ainda não estavam totalmente esquecidos.
Recuperando-se do choro, ela só conseguia agradecer por ter conseguido chegar em casa salva.

Os olhos de brilhavam tanto quanto o sol. Caminhava lentamente, observando o belo paraíso ao seu redor e, vez ou outra, tocava a ponta dos seus dedos nas lindas flores que batiam em sua cintura. Estava calor e ela usava um vestido azul curto; seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto, deixando sua tatuagem à mostra. adorava. A menina saiu do lugar de onde ficara cercada pelas flores e continuou andando pelo extenso gramado até achá-lo sentado de costas para ela, observando o rio. Aproximou-se lentamente e abaixou na altura de seu pescoço, depositando um beijo ali. sorriu fraco ao ver os pêlos da região se arrepiarem e ele curvar lentamente para frente, de cócegas. virou-se e deu de cara com suas pernas. Subiu o olhar até encontrar os dela, que já os esperavam. ficara hipnotizada. Os olhos dele estavam mais claros pelo sol, seu cabelo bagunçado se mexia de acordo com o vento e seus lábios esboçavam um sorriso doce e maroto ao mesmo tempo. Seu coração até doía de pensar no quanto o amava e o quanto sua perda seria irreparável. A menina sentiu envolver os braços dele ao redor de suas pernas e sorriu para ele, que a analisava de todos os jeitos possíveis.
- Você está linda. - O rapaz a olhava com os olhos levemente fechados pelo reflexo do sol.
- Você é lindo. - fazia carinho em seus cabelos com as duas mãos e continuava a encará-lo. O rapaz fez uma cara de "você entendeu o que eu quis dizer" e a puxou para sentar em seu colo. - Estava com saudades de você.
- Eu também estava. - O rapaz apertou seus braços em torno dela.
- É sério, eu estava com MUITA saudade.
- E quem disse que eu estava brincando? A saudade que eu sinto é o dobro da sua. - A menina curvou-se um pouco para lhe dar um beijo carinhoso na bochecha.
- Você tem noção do quanto eu sinto sua falta?
- Claro que tenho. Por que acha que falei que a saudade que sinto é o dobro da sua? - A menina sorriu envergonhada e, em seguida, sentiu um beijo na pontinha do seu nariz.
Silêncio.
- Acho melhor você acordar e deitar na sua cama. Se continuar na posição que está, amanhã acordará com dores.
- Estou bem, não quero sair daqui agora. Meu dia foi cansativo hoje. - O rapaz deitou-se e a levou junto. aproximou mais seu corpo do dele e passou um tempo olhando em seus olhos. - Não sei por que, mas sinto que você está meio... Triste. Aconteceu alguma coisa?
- Medo de te perder. - Aquelas palavras inesperadas deixaram suas pernas bambas e logo agradeceu por estar deitada. Os olhos dele atingiram uma tonalidade diferente.
Ciúmes.
Ele estava com ciúmes de Ian.
- Você nunca vai me perder, não tenha dúvidas disso.
- Já parou pra pensar que amor e 'medo de perder' são diretamente proporcionais? Quanto mais você ama uma pessoa, mais tem medo de perdê-la.
- Já parou pra pensar que quanto mais você ama uma pessoa, os ciúmes coincidentemente aumentam também?
- Não coincidentemente. Isso é um fato.
- Então você levanta a bandeira branca e assume que está com ciúmes? - girou os olhos de uma forma engraçada e o surpreendeu com um abraço desengonçado.
- Olha o que a psicologia está fazendo com você. Seus argumentos estão ficando cada vez melhores. - Ele a envolveu pela cintura, colocando suas mãos dentro da blusa dela. A menina arrepiou-se.
- Meus argumentos sempre foram fortes, você que nunca notou.
- E tem algo em você que passa despercebido por mim? - A menina se separou um pouco do abraço e encostou seu nariz no dele.
- Talvez você se apegue tanto a detalhes que não sobra tempo para analisar o restante. - Ela falou com um sorriso convencido nos lábios.
- Impossível. - Aproveitando a pouca distância que havia entre eles, o rapaz a beijou. Não era preciso pedir permissões ali, muito menos para beijos. Ambos já eram permitidos. Livres.
Um para o outro.

Capítulo 5

A noite já havia caído lá fora e a menina se arrumava para sair com Ian a um pub perto do centro. Não via motivos para evitá-lo a ponto de deixar que isso interferisse na amizade deles. Talvez tivesse levado algumas indiretas sérias demais. Ian era um dos seus poucos amigos e queria preservá-lo. Apesar de tudo, se davam bem, se divertiam juntos, mas não ela conseguia vê-lo além daquela "barreira familiar" que havia criado entre eles. Ele era como um irmão pra ela.
Talvez nem tanto. Um primo próximo.
Primos muito próximos costumam se apaixonar, não é?
Ela não conseguia definir. Não era tão próximo a ponto de considerá-lo como um membro de família, mas não chegava a ser apenas uma pessoa que você encontra todos os dias e as palavras que trocam não se passa de comprimento educado.
Complexo. Era exatamente essa confusão que se passava na cabeça dela.
passou uma certa dificuldade para a escolha da roupa. Não queria que determinada roupa passasse a impressão que ela estava se arrumando para impressioná-lo, mas no fundo, lá no fundo, ela queria isso. Não só "impressioná-lo", queria se sentir desejada por outros homens. Uma coisa que aprendera durante alguns relacionamentos que tivera; Mesmo que não haja o intuito, quando se está afim de alguém, você só consegue enxergar a perfeição naquela pessoa, mesmo que isso não exista. Sempre vemos detalhes que uma pessoa "não-apaixonada" não enxergaria.
Ian estava afim dela.
Então, não importava a roupa que ela usasse, ele a veria com outros olhos.
Aproveitando isso, estava usando uma blusa com um pouco de decote, uma skinny escura com um sobretudo por cima. No pé, uma sandália alta. Estava comportada, mas ao mesmo tempo ousada. Gostava disso. Gostava daquele ar de "Menina mulher" e isso descrevia sua personalidade perfeitamente. Havia momentos que gostava de ser apenas uma menina, mas em outros, ser mulher era necessário. Em seu relacionamento com ela era uma menina que tinha a noção que em qualquer momento poderia perdê-lo. Como mulher, estava ciente disso, mas não preparada. Seria como uma criança que dorme todos as noites com o mesmo ursinho de pelúcia e sem aviso prévio, o tiram dela. Ela sentiria falta e choraria. Se sentiria desprotegida e conseqüentemente medo. Sua presença preenchia todos aqueles quesitos. Ela não sente medo quando está com ele, se sente forte.
Ele a fazia feliz.
Ela o fazia feliz.
Eles se amavam e ninguém mudaria isso.
era seu anjo da guarda .

- O pub parece bem cheio. - A menina falou alto enquanto passava o olho pelo local. A música estava bem alta.
- Sexta à noite, pessoas prontas para extravasar todo o cansaço de uma semana puxada. Assim como nós! - Ela concordou animada. - Vou procurar uma mesa, qualquer coisa me encontre lá. - Apontou para uma porta que dava para outro ambiente da festa.
- Ok. Vou buscar bebida. - caminhou até o bar e pediu algo fraco. Queria curtir, não ficar bêbada. Enquanto esperava sua batida ficar pronta, um cara bonito apareceu ao seu lado. Ela o observou discretamente enquanto fazia seu pedido. Era parecido com e lembrou-se instantaneamente da saudade que estava sentindo. Assim que recebeu seu pedido, saiu para procurar Ian, mas algo a fez parar. Ele havia a chamado pelo nome. Virou-se e parou ao lado dele novamente.
- Você... Me chamou? - o viu tirar a atenção de sua bebida e olhar para ela.
- Hm... não. Mas adoraria saber seu nome. - Talvez a saudade que estava sentindo, estava afetando-a. A menina sorriu e estendeu mão que foi tocada prontamente.
- .
- Paul. - Passaram algum tempo tomando suas bebidas e escutando a música que era tocada ao longe. - Está acompanhada?
- Depende do seu conceito de "estar acompanhada". Estou com um amigo.
- Amizade colorida? - Ele arqueou levemente a sobrancelha interessado. Ela pôde perceber que Paul estava tentando explorar o campo desconhecido que estava entrando.
- Da parte dele sim.
- Deve ser realmente muito difícil sentir algo que não é recíproco, ainda mais com uma amiga gata igual a você. Todas as amizades que tive desse tipo não duraram, me apaixonei por todas. - coçou a nuca meio envergonhada e escutou a risada dele.
- O que faz da vida? - Ela perguntou.
- Sou modelo, estou aqui de passagem. Moro nos Estados Unidos. Você?
- Psicóloga formada, exercendo a profissão. - Paul arregalou os olhos impressionado.
- Sério? Você tem cara de fazer moda ou algo nessa área. - Ela negou sorrindo fraco. - Mas espera, quantos anos você tem?
- Vinte e três. Entrei na faculdade com dezessete, formei mais rápido do que eu esperava. - Paul concordou, bebendo um pouco de sua bebida.
- Então você sabe quais são realmente as minhas intenções essa noite?
- Não é preciso ser psicóloga para saber. Seus olhos estão dizendo tudo, qualquer um perceberia.
- E a Doutora está de acordo com isso? - Ela ergueu os ombros levemente vendo-o se aproximar. Ainda estava em tempo de impedir que um beijo acontecesse, mas ela não queria. Paul encaixou entre as pernas dela e iniciaram um beijo lento. As mãos dele estavam em sua nuca, puxando-a na direção dele. Ficaram mais algum tempo se beijando, dessa vez um pouco mais rápido e em seguida se separaram. Ele se parecia tanto com que talvez o maior motivo que a fez ficar com ele fora isso. Durante todo o beijo ela o imaginou ali com ela.
Mas Paul não era .
E estava consciente da merda que havia acabado de fazer.


Capítulo 6

Aquela mata estava escura, provavelmente como a sua consciência. Ela estava com medo do que teria que enfrentar e isso poderia lhe custar caro. Parou de andar um pouco e colocou as mãos nos joelhos para descansar. Observou o imenso breu e logo conseguiu enxergar ao longe um ponto de luz que constatava em meio à escuridão. caminhou vacilante até lá, mas parou assim que tudo ficara escuro. Talvez não devesse encontrá-lo hoje, não estava preparada. Ele também não pareceu querer sua presença já que a o ponto brilhante sumiu assim que decidiu se aproximar. Ela precisava encarar aquilo cedo ou tarde, queria ficar livre daquela sensação de estar carregando chumbo nas costas. Voltou a andar até a luz que havia acendido novamente, mas parou quando tudo ficara escuro novamente. estava testando sua paciência? Aquilo estava começando a deixá-la nervosa. Decidiu andar ate lá o mais rápido possível e assim que chegou se deparou com uma espécie de cabana que continuava a brilhar, mas em intervalos se apagava. A menina meio insegura abriu o zíper e entrou na cabana, fechando-a em seguida. Sentou-se de frente para que brincava com uma lanterna que estava apontada para cima ligando-a e desligando. O rapaz estava tão concentrado que a fez se sentir desprezível, deixando-a pior do que já estava. sabia que merecia aquilo tudo, o dava a completa razão. Pensou em sair daquele ambiente pesado, daquele silêncio que estava matando-a por dentro, mas só sairia dali quando estivesse tudo resolvido. Sem nenhuma pendência. deixou a lanterna acesa e a jogou em um canto. Aquilo a fez estremecer.
- Não se pode dar asas que logo já quer aprender a voar, não é? - A menina não respondeu nada. - Quando se vai muito alto pode acontecer uma certa perda de controle e uma possibilidade de queda. E não vai ser só você que irá sair machucada. Pode até ser que doa mais em outra pessoa do que em você, sabe por quê? Porque talvez aquela pessoa que assistiu o seu voo queira mais o seu bem e segurança do que imagina, enquanto o pássaro livre estava lá em cima não pensando nos riscos que estava submetido. - Ele falou o tempo todo procurando pelos seus olhos que estavam fixos em qualquer lugar. - Você me machucou, . - Ela levantou os olhos ao ouvir seu nome e encarou os dele que transbordavam desapontamento.
- Eu estou realmente arrependida do que fiz. Você não sabe o quanto isso está me matando. - Seus olhos se encheram de lágrimas. - Eu farei de tudo pra curar essa ferida sem deixar cicatrizes. Só me deixe tentar. Por favor. - Sussurrou. - Ele parecia tanto com você, . E só de pensar que eu só posso te ter aqui, dói demais. Tente me entender. - O rapaz ficou em silêncio absorvendo todas aquelas palavras. Deveria ser compreensível, ela não faria aquilo apenas por fazer. No fundo iria perdoá-la, apesar de achar difícil não sentir ciúmes e se irritar ao imaginá-la beijando outro cara que não fosse ele. abriu os braços e a menina não pensou duas vezes antes de pular em seu encontro. Ele a escutou soltar suspiros que não pôde identificar se eram de alívio ou choro. lhe deu um selinho demorado.
- Só não deixe isso acontecer de novo. - Ele falou ainda com os lábios colados no dela. Ela assentiu, ainda deixando algumas lágrimas caindo.
- Não vai. Eu prometo. - O rapaz a abraçou forte. Passaram algum tempo na cabana conversando e depois a dispensaram. Deitaram-se na grama para observar o céu que parecera mais lindo aquela noite, como se fosse um cenário perfeito para ser apreciado depois de estarem bem novamente.
- Sabe o que eu estava lembrando esses dias? - A menina murmurou sem tirar os olhos das estrelas. sorriu fraco vendo-a não demonstrar interesse no que ele tinha para dizer . - Às vezes acho que você prefere olhar o céu a mim. - desviou a atenção rapidamente e o olhou incrédulo. - Veja bem, você tem um homem lindo ao seu lado, mas seus olhos estão totalmente direcionados para as estrelas.
- ...
- Espera, não terminei meu drama ainda. - A menina prendeu uma gargalhada e apoiou a cabeça em seu próprio braço. - Quando você está olhando para o céu eu me sinto um Zé-Ninguém, é muito estranha essa sensação. Então eu gostaria que quando eu estivesse conversando com você, sua atenção fosse totalmente minha. Gosto de conversar olhando nos olhos. - sentiu um frio na espinha, aquela frase havia soado tão autoritária e cheia de convicção. Gostava da firmeza nas palavras dele que eram sempre sem rodeios.
- Você está com ciúmes do céu, ? - Ele virou-se para ela, ficando na mesma posição.
- Claro que não, sua bobona. Não a ponto de ter ciúmes do céu. Se eu tivesse, teria achado um absurdo essas três estrelas que estão sempre com você no pescoço.
- Então por que tanta insistência com relação ao céu? - Ela estava satisfeita com a resposta dele, mas gostaria de mais. O conhecia tão bem, que sabia onde ele queria chegar. Precisava escutar dele. a abraçou e sussurrou suficientemente perto de seu ouvido. - Não é insistência, a questão é precisar de carinho. - A menina gritou “Bingo!” por dentro. - Sabe, não é que eu esteja carente...
- Se você não estivesse carente, não tocaria nessa palavra. Seu mal é carência sim.
- Ok, , eu assumo. Qual é a sua solução para isso? - Ele falou a puxando para mais perto.
- Pra ser sincera, não sou psiquiatra para ficar receitando remédios que não conheço. Mas no nosso caso é simples. - tentou se concentrar na fala, enquanto o sentia dar leves beijos em seu pescoço.
- E qual é? - O rapaz levantou os beijos até o rosto dela.
- Eu sou o remédio e você só precisa do meu amor. Simples assim.
- E quando começaremos?
- Se é para diminuir o mal que te aflige, agora mesmo. O que você acha?
- A médica aqui é você. Eu só sigo as recomendações. - começou a brincar com seus lábios. Quando a menina se aproximava para aprofundar o beijo, ele afastava levemente a cabeça. até queria ter o controle da situação naquela noite, mas com as atitudes dele, isso pareceu completamente fora de cogitação. Cada parte tocada por ele era como se fosse tudo a primeira vez. Primeiro toque, beijo, primeira noite juntos. Ele sempre dava um jeito de surpreendê-la. Por isso, a menina sabia que não podia esperar o mesmo dele por muito tempo, porque sempre havia uma inovação. Apesar de conhecê-lo tão bem, possuía pontos em que estavam em fases de descoberta. Talvez ela não quisesse saber de tudo, gostava de surpresas. Gostava de ter coisas prontas para serem descobertas, mas achava melhor o tempo mostrar o melhor jeito de serem reveladas.

Havia tantas perguntas que ela nem sabia por onde começar para encontrar as respostas. Não sabia por que ela estava ali, muito menos se tudo aquilo duraria.
Aproveitaria o quanto pudesse e ia deixar que o tempo falasse por si só.
Ela só não sabia quanto tempo aguentaria.

Capítulo 7


Haviam se passado alguns meses e quase tudo continuava a mesma coisa. Os encontros, as promessas de amor, a certeza que ela o amava mais do que gostaria. Não queria se envolver em um relacionamento incerto, mas quando se deu por conta, já o amava mais do que ela mesma. A única solução conveniente que achou foi se entregar. E foi se entregando tanto que ela deixou de viver a sua vida para estar com ele. passava seu tempo dormindo, só para encontrá-lo e isso não estava certo. Estava começando a prejudicar em seu trabalho. Queria dar um basta naquilo, porém não encontrava forças. Era muito feliz ao lado dele, mas continuar com aquilo era loucura. Era como se tivessem jogado um balde de água fria, trazendo-a de volta para a realidade. Tinha a plena consciência de tudo que estava acontecendo, mas seu coração pedia para ficar. não queria dar ouvidos ao seu coração mesmo que ele falasse mais alto. Naquela situação, precisava agir racionalmente. Não podia evitá-lo, o encontro era sempre inevitável. Era só pegar no sono. Precisava pensar e tinha até o fim do dia para se convencer que a solução que estava tentando aceitar era a mais certa.
- , você passou o dia todo calada, deu poucos sorrisos. O que está acontecendo? - Ian perguntou assim que entravam no elevador. Fim de mais um dia de trabalho.
- Estou pensativa, só isso.
- Então esses pensamentos estão te deixando para baixo. - A menina continuou olhando para a porta do elevador sem se importar com o que ele falava. Queria mostrar que estava bem para não deixá-lo preocupado e poupá-la de interrogatórios, mas tudo estava condenando-a. Não conseguia esconder o que estava sentindo, era transparente. Se pudesse, seria mais durona, talvez até um pouco mais superficial para não deixar seus sentimentos transparecerem. Se sentia exposta e isso a incomodava. Não queria as pessoas perguntando por que estava daquele jeito. Mas ela era assim, sincera, transparente e sensível demais. - , olha pra mim. - Com esforço a menina desviou seus olhos da porta metálica e olhou em seus olhos. Pôde ver que ele queria ajudá-la, mas aquilo só dependia dela. - Você sabe que estou aqui sempre que precisar, não sabe? - Ian em seguida se arrependeu de ter dito aquilo. Viu os olhos da menina se encherem de lágrimas e o abraçar por impulso. Ele afagou seus cabelos. Após algum tempo em silêncio ele afirmou.
- É ele. - assentiu ainda em meio à soluços. A porta do elevador se abriu e o rapaz a conduziu até a saída do prédio. Desde que ficara sabendo do pseudoassalto, Ian dava carona para ela todos os dias. Ele percebeu que tentar se aproximar de alguém que só queria sua amizade era furada. Um relacionamento ali poderia atrapalhar e muito o carinho de amigos que tinham pelo outro. Não entendia o que se passava entre ela e , e pelo pouco que sabia, parecia ser sério e envolvido de muito amor. Em seu ponto de vista, surreal. Estacionou em frente ao condomínio e após desligar o carro, olhou para ela.
- Quer ajuda para subir? - Ela negou.
- Você já fez muito me trazendo até aqui. - forçou um sorriso e beijou sua bochecha. - Obrigada.
- Qualquer coisa me ligue. - A menina assentiu.
- Boa noite.
- Boa noite, . - Observou a amiga subir as escadas do prédio meio de devagar e só foi embora quando a viu fechar a porta do hall em segurança.
A menina jogou sua bolsa no sofá e foi direto para a cozinha procurar algo para comer. Enquanto seu macarrão esquentava no microondas, sentou-se no balcão e olhou ao redor. Ela desconhecia aquela realidade. Nada ali parecia ser feito para ela, porque sabia que seu lugar era com . Aquilo já estava irritando-a, até as coisas que havia conseguido com muito esforço e que sonhara em ter, não fazia sentido nenhum mais. Isso não estava certo. escutou o barulho do telefone, e olhou para o relógio. 20:23.
- Alô?
- Oi, filha, como você está?
- Eu... Estou bem. E por aí?
- Tudo ótimo. Fiquei preocupada, só estou ligando pra saber se está tudo bem. - A menina arqueou a sobrancelha levemente.
- Por que a preocupação repentina?
- Não sei, deve ser coisa de mãe. E o trabalho?
- Tudo indo ótimo, graças à Deus.
- Que bom, filha. A mamãe está muito orgulhosa de você. - sorriu sincera pela primeira vez naquele dia. Podia passar o tempo que fosse, sua mãe sempre que fosse falar dela mesma usava 'mamãe'. Não achava cafona, isso trazia a ela boas lembranças. Fazia se sentir criança novamente. - E os gatinhos? Conte para a mamãe. - A menina não conseguiu evitar uma gargalhada. se lembrou de quando contou à ela que havia dado seu primeiro beijo. O que depois de um tempo até se arrependeu, porque sempre rendia as mesmas perguntas, várias vezes ao dia.
- Só nos meus sonhos, mãe. - A menina sorriu amarga. Aquilo era uma piada interna ridícula.
- Quem sabe esse gatinho que você tanto sonha, vira realidade. - fechou os olhos e sentiu o estômago revirar.
- É... Mãe, se você não se importa, preciso desligar. Deixei panelas no fogo. - Mentiu.
- Ok, boa noite, filha. Se cuide.
- Você também, boa noite. - A menina errou duas vezes o telefone na base até que por fim conseguiu colocá-lo. Aquele final de conversa havia lhe deixado nauseada. Sem fome.
Talvez agora fosse a hora de esclarecer as coisas. foi até seu quarto e deitou-se na cama que parecia tão convidativa. Descanso seria a última coisa que ela teria àquela noite.

Capítulo 8


podia escutar o barulho de água ao fundo. Deixou-se levar pelo barulho e logo viu uma cachoeira linda. Sentou-se na beirada e arriscou colocar os pés na gelada água. Passou algum tempo ali, apenas escutando o barulho que a tranquilizava tanto. Pendeu sou corpo para trás e deitou-se... no colo dele. Abriu os olhos e encontrou os dele que a encaravam de maneira tão apreensiva. Era claro que ele já sabia quais seriam suas atitudes.
- Oi. - Ele falou.
- Oi.
Silêncio.
se levantou do colo dele. Recebia um carinho tão gostoso em seu cabelo que quase desistira de tudo. Pensar que talvez aquele carinho seria o último a assustava e a fez por impulso aproximar seu corpo do dele e colar levemente seus lábios naqueles que tanto amava. abraçou , que colocou a mão em seu pescoço, aprofundando o beijo. A menina sentiu seus olhos arderem e de olhos fechados tentou impedir que lágrimas caíssem. Se afastaram e permaneceram de olhos fechados.
- Eu te amo. - O rapaz abriu os olhos ao ouvi-la.
- Eu também te amo, . Muito. - Foi a vez dela abrir os olhos, trazendo junto lágrimas.
- Eu tentei te fazer feliz.
- Você me fez feliz como ninguém antes conseguiu. Não pense que estou indo embora pela quantidade de felicidade que você me proporcionou, porque se fosse por isso, eu ficaria aqui para sempre.
- “Estou indo embora”. - fechou os olhos ao pronunciar. - Essa frase nunca doeu tanto como agora.
- Não torne as coisas mais difíceis do que elas já estão, por favor.
- Estou vendo a mulher da minha vida ir embora e não posso fazer nada para impedir isso.
- Não posso fazer isso mais. Nosso amor não é real e estou deixando de viver a minha vida para estar aqui com você.
Silêncio.
- Você me entende, não é? - encarou os olhos deles que esboçavam o mesmo que o dela. Dor.
- Se está te atrapalhando, vai. Eu não quero ser um empecilho na sua vida.
Silêncio.
- , você não é um em... - Não seguiu com o que ia dizer, era melhor encerrar aquele assunto de uma vez por todas. - Eu espero que você encontre alguém que te faça feliz.
- Não vai existir outro ‘alguém’, porque eu já encontrei alguém que me faça feliz. - A menina deixou uma lágrima escorrer pela sua bochecha e a enxugou prontamente. - Eu não vou desistir de você, . Posso te pedir uma coisa? - Ela assentiu. - Fica aqui comigo só até esse dia acabar. - A menina deitou em seu colo novamente. Não estava arrependida do que tinha acabado de fazer. Por mais que o amasse, o sufoco de estar presa ali era maior. Para encontrá-lo ela precisava dormir. Dormindo perderia muita coisa que estava acontecendo ao seu redor e não queria. Queria viver, ter os seus momentos com ele ao seu lado.
Acordada.
E ela sabia que isso não era possível.
- Estava lembrando quando a gente se conheceu. Você se lembra? - a tirou dos pensamentos.
- Tem como esquecer? - Ele sorriu ao ouvir aquelas palavras. Mas nada o livrava de que em alguns minutos não a teria mais. Por mais que pensasse em possibilidades que impedisse sua partida, todas sempre chegavam a um mesmo lugar: ele iria perdê-la. - Se eu tiver muito azar, ainda tenho a marca. - A menina se levantou do colo dele, puxou a calça jeans um pouco acima do joelho e procurou por alguma cicatriz. a observava admirado. era linda, possuía um sorriso que encantava qualquer um e era frágil. - Aqui! - Apontou para um pequeno risco no joelho. O rapaz passou a mão como se lembrasse no dia que a ajudou. também se lembrou.

Her Point Of view (Flashback)

Eu estava andando por aquelas pedras escorregadias já fazia algum tempo. Minha curiosidade em avistar a bela cachoeira que todos diziam era maior do que os riscos que eu estava correndo. Usava tênis e não algo que pudesse me fazer cair tão facilmente. Após andar mais alguns minutos, escutei melhor o barulho das águas, e não evitei um sorriso bobo. Sempre fui muito “amiga” da natureza e luto para mantê-la cuidada. Pessoas que jogavam lixo nas ruas ou fizessem algo que pudesse tirar sua preservação na minha frente, caíam no meu conceito totalmente. Andei mais um pouco e logo avistei a bela cachoeira. Abri os braços para sentir alguns pingos que vinham da mesma e me desequilibrei, caindo com tudo na água. Mentalmente agradeci pelas aulas de natação que fiz quando era pequena. Talvez a natureza quisesse forçar o nosso contato, ou até mesmo me deixar com algum arranhão por ter sido tão ousada. Estava sentindo um ardor no joelho direito e nadei até o outro lado, que tinha lugar seguro para me sentar. Coloquei meus braços para fora d'água para sair e vi duas pernas à minha frente. O rapaz tinha os braços estendidos. Como reflexo me afastei assustada.
- Quem é você? - Perguntei o fitando.
- Calma, não precisa ter medo. Só quero te ajudar. - Não sei o porquê, mas senti confiança naquelas palavras. O seu jeito de falar era calmo e me passava segurança. Observei seus braços ainda erguidos e estiquei os meus para que ele pudesse me ajudar a sair da água. Ele sorriu sincero. - .
- . - Peguei em sua mão. - Meu joelho está... - Olhei para o mesmo que mesmo estando na água minutos atrás, voltou a sangrar. - ... ardendo. - Me sentei.
- Posso cuidar disso? - se ajoelhou na minha frente e intercalou seu olhar ao meu machucado e aos meus olhos.
- Não precisa se preocupar. Mesmo. Vou voltar pra casa e lá mesmo eu cuido disso.
- Só me deixe cuidar do seu machucado e depois você vai pra casa. Pode ser?

His Point Of View

Eu não queria que ela fosse embora. Queria saber mais sobre ela.

Off His Point Of View

- Tudo bem. - Falei convencida já que ele não desistiria – Por que a preocupação em me ajudar? Nem nos conhecemos.
- Então você só ajudaria um conhecido? Que coisa mais feia, !
- Não é isso, !
- Me chame de , por favor.
- Ok... . - Ressaltei seu apelido e ele assentiu satisfeito. - Eu só não entendo... - Estava sem palavras. O observei jogar água em meu joelho para tirar um pouco do sangue.
- Hey! - Falei ao vê-lo rasgando sua bermuda. - Acho admirável me ajudar, mas não precisava ter rasgado a própria bermuda.
- , apenas fique quieta e me deixe terminar com isso logo.

His Point Of View

A verdade era que eu estava demorando na ajuda o quanto estava dando, apenas para desfrutar um pouco mais de sua companhia. Havia gostado de conhecê-la. A vi pelo canto dos olhos rolar os olhos engraçadamente e passei o pedaço da minha bermuda no joelho dela, dando em seguida um laço firme. Não era preciso aquilo em sua perna. Saía um pouco de sangue, mas nada que precisasse ser estancado. Eu queria que ela levasse uma pequena lembrança minha.

Off His Point Of View

- O que você estava fazendo aqui sozinho? - Perguntei assim que se sentou ao meu lado.
- Vim dar um mergulho. E assim que vi você andando pelas pedras, fiquei atrás daquela árvore. - Apontou com a cabeça - Observando o que ia fazer. Foi engraçado te ver cair na água com os braços abertos. - Ele abriu os braços imitando-a, soltando uma gargalhada em seguida e lhe dei um leve tapa fraco no braço, rindo também.
- Deve ter sido mesmo. Fico feliz de ter feito alguém sorrir hoje. - Sei que aquele comentário fora completamente desnecessário, mas quando me dei conta, as palavras já haviam saído. Ele parou de sorrir e me olhou com aqueles olhos que eu já havia adquirido uma queda. Eram lindos.
- Te conhecer hoje me fez sorrir também. A honra de uma presença que eu nunca imaginei ter, me fez feliz. Na verdade... Está fazendo. - Corei. Vi se aproximar e quando senti que seus lábios iam tocar os meus, virei o rosto, fazendo sua boca ir de encontro a minha bochecha.
- É melhor eu ir, está ficando tarde. - Olhei para os lados observando a mata começar a ficar escura. Demorei um pouco nelas, evitando olhar para ele. Estava com vergonha e por um momento bateu um arrependimento de não ter deixá-lo me beijar. Me levantei com um pouco de dificuldade e assim que me coloquei de pé, já estava na mesma posição em minha frente.
- Um selinho de ‘adorei te conhecer também’ não vai matar, vai?
- Você é pretencioso, hein?! Quem disse que eu gostei de te conhecer? - Cruzei os braços. Ele deveria ter algum tipo de “Leitura Mental” porque não era possível. Eu havia adorado conhecê-lo. Queria beijá-lo.
- Já ouvi dizer que as mulheres gostam de conversar com os homens olhando nos olhos, para tentar mandar uma mensagem por eles. Eles estavam certos. Você está fazendo isso agora. - Naquele momento, todas as minhas suspeitas estavam confirmadas: ele conseguia de algum modo fazer a tal “Leitura Mental”, e não pensei duas vezes ao colar meus lábios nos dele em um selinho demorado. pediu passagem com a língua e com dificuldade, não cedi. Dei alguns passos para trás.
- Só achei que seria legal você saber que não costumo dar moral para pessoas que não conheço. Tchau, .
- Você pode até não dar moral para desconhecidos, mas depois desse beijo eu tenho certeza que você adorou me conhecer! - Ele falava mais alto a medida que eu me afastava. Era difícil não conter um sorriso.
Se eu soubesse que me machucar ia ter boas consequências, teria adiantado essa "dor" o quanto antes.

Her Point Of View (End Flashback)


Capítulo 9


Os meses que se passaram sem sentir a presença de , fora bastante difícil para . A presença dele era como uma força, um impulso para que a menina encarasse seu dia. E agora ela não tinha mais nada que pudesse fazer seu dia melhor. Os dias ficaram entediantes e demoravam para passar. Raramente acontecia alguma novidade, e mesmo que tivesse, não teria para quem contar. tinha caído totalmente na rotina. Sempre as mesmas coisas, tudo muito previsível. E não gostava disso. Desde que terminara com , a lembrança que tinha de seus sonhos era um completo breu. Sem sonhos. Sem paisagens. Sem ele. Não queria admitir para si mesma que havia o machucado. A dor que sentia já era forte demais para tomar as dos outros. Ela não sabia se ele tinha o reconhecimento da barra que estava passando. A menina esperava que sim, pois não queria pensar na possibilidade dele achar que não estava sofrendo, e finalmente, estava livre dela. Não estava arrependida, mas a falta que estava sentindo era absurda. Das brincadeiras, dos sorrisos, dos beijos, dos carinhos, das coisas sem sentido que só ele falava. Das coisas românticas que ele tirava de uma inspiração fora do comum. "Minha inspiração é você, . Você é o conjunto das coisas que eu sinto. Eu já tentei várias vezes explicar uma coisa sem explicação que é o meu amor por você. Sai bastante lorota, eu sei. Mas você gosta." Talvez ela estivesse um pouco arrependida. A menina deixou uma lágrima cair e imediatamente sentiu uma forte dor no estômago. Como sentia falta daquilo. Fechou os olhos fortemente e abaixou sua cabeça a encostando na mesa de seu consultório tentando aliviar a súbita dor de cabeça que surgira junto com o choro. Haviam se passado em torno de dois meses e meio e tudo continuava a mesma coisa, com a diferença da saudade e dos choros se tornarem cada vez mais fortes e constantes. Sabia que seria difícil, mas não imaginava passar metade das coisas que estava passando. levantou meio cambaleante e deu um giro na fechadura. Ian a vira várias vezes desse jeito e ia esforçar para que isso não acontecesse mais. Não gostava que as pessoas a olhassem com pena. Voltou a se sentar e abriu uma gaveta de sua mesa, tirando uma agenda velha de capa verde bebê que agora era um diário. Pegou uma caneta e procurou por uma página limpa para escrever o que estava sentindo. Era um desabafo silencioso.
"Hoje eu estava pensando em tudo que nós passamos, e isso só aumentou a minha raiva. ONDE eu estava com a cabeça para terminar com você? Todas as vezes que eu pensei não estar arrependida não se passou de uma mentira a qual eu camuflei para não assumir meu erro. Eu estou arrependida. Eu quero voltar pra você, não aguento isso mais. Tentei parecer convicta das minhas atitudes, mas no fundo estou magoada com tudo isso. O mais certo a ser feito não foi isso. O certo era ter mantido nosso relacionamento.
O certo é EU e VOCÊ. Me aceite de volta.
Eu te amo."

A menina fechou lentamente o diário e encarou sua capa por alguns minutos. Se ele não tivesse sumido dos seus sonhos, poderia dizer todas aquelas palavras escritas de uma vez só para ele. Mas haviam terminado. E seria completamente normal ele não - querer - aparecer. escutou leves batidas na porta e uma tentativa de abri-la.
- , sou eu. Vamos descer pra almoçar? - A menina fungou e passou as mãos pelo rosto, se certificando que não havia nenhuma lágrima. Deu leves batinhas abaixo dos olhos para disfarçar a cara de choro.
- Já estou indo, Ian. Pode me esperar lá embaixo. - Sua voz embargada a denunciou. Ele pediria para abrir a p...
- Pode abrir a porta, por favor? - Já esperava isso dele. guardou seu diário na bolsa. Sua mesa não havia nenhuma tranca para que pudesse deixar em total segurança e saber que um dos seus sentimentos mais sinceros pudesse ficar exposto a qualquer um que resolvesse entrar ali, a deixava encabulada. Guardando na bolsa era menos uma preocupação.
- Já estou indo. - Passou os olhos pelo consultório e foi até a porta, destrancando-a. A menina voltou a organizar algumas coisas na bolsa, sentindo a presença de Ian em seguida. Estava de costas para ele.
- Deixe isso aí mesmo, . Estamos perdendo nosso horário de almoço. É só trancar a porta.
- Pronto, terminei. - Jogou a bolsa no ombro e enfim olhou para o rapaz que a analisava. - Vamos? - Ian colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
- Eu não gosto de te ver assim. Eu realmente gostaria de fazer alguma coisa para resgatar aquele sorriso lindo que você tanto tem.
- Eu vou ficar bem. - sorriu sincera reconhecendo a preocupação do amigo, que nesses últimos dias estava mais carinhoso do que costumava ser. - É melhor irmos almoçar, hm? Já perdemos... - Olhou no seu relógio - Dez minutos. - Ian assentiu e após trancarem o consultório, caminharam em direção ao elevador, apertando o botão 'Térreo'.
- Sabe, eu estava pensando... Podíamos sair esse final de semana. Topa? - A menina deu de ombros.
- Sugestão de lugar? - O rapaz a olhou levemente surpreso. Ultimamente a amiga não estava com muito ânimo para sair. - Só não um lugar agitado, preciso relaxar. E que não seja muito caro, não estou sendo murrinha, mas as contas do apartamento esse mês vieram mais caras. Preciso economizar.
- Se você preferir, podemos ir lá pra casa e passamos a tarde inteira assistindo filmes. Compramos besteiras, cervejas, pipocas. Sai até mais barato.
- Você está se saindo como um amigo gay querendo tirar a amiga da fossa. - gargalhou ao vê-lo com uma cara afetada. - Eu adoraria ter um amigo gay!
- Desculpe, mas não vai ser eu quem vai se encarregar de exercer esse papel tão colorido.
- Uma pena. Eu consigo imaginar nós dois fazendo compras no shopping enlouquecidamente...
- !

- A verdade Nua e Crua!
- American Pie! - Falamos ao mesmo tempo e segundos depois caímos na gargalhada.
- É melhor entrarmos em um acordo. Mas antes disso pense bem, eu sou visita.
- Você já é de casa, para com isso. Olha, ambos os filmes são comédia e falam sobre sexo. Qualquer um pra mim está ótimo.
- Então por que você falou que queria assistir American Pie se "qualquer um está ótimo"?
- Porque eu quero assisti-lo primeiro.
- Então o coloque, que enquanto isso eu coloco a pipoca no microondas. Onde estão as coisas? - Ela perguntou caminhando até a cozinha.
- Que folgada! Quem te deu essa liberdade?
- "Você já é de casa, para com isso" - O imitou. - Estou agindo como uma.
- Blá blá blá blá. Estão nos armários de cima. Se você alcançar...
- Existem cadeiras para isso. - Pegou uma das que estavam em volta da mesa e a colocou em frente ao armário. - EI! Você está me chamando de tampinha? - O escutou gargalhar e olhou para a porta da cozinha, vendo-o encostado no batente. Ele estava bonito naquele dia. Na verdade ele era bonito, mas algo estava lhe chamando a atenção. Só não sabia o quê.
- Não senhora, os armários são altos mesmo. - escolheu a pipoca de Bacon e jogou para Ian colocar no microondas. Voltou com a cadeira no lugar e sentou-se na bancada.
- Obrigada por se preocupar comigo. Estava realmente precisando sair para distrair um pouco, só eu não enxerguei isso. - Ian que observava a pipoca girando, virou-se ao ouvi-la falar e caminhou em sua direção, parando em sua frente.
- Você sabe que vou estar aqui quando precisar. Fiquei feliz por ter conseguido te tirar de casa. - O rapaz pegou em sua mão e começou a acariciá-la com os dedos. Depois de alguns minutos se encarando, a menina desceu da bancada e depositou um beijo em sua bochecha vendo que a pipoca ficaria pronta.
- Prefere refrigerante ou cerveja?
- O que você for tomar... - pegou duas garrafas de cerveja e levou para Ian que já a esperava na sala.
estava com a cabeça no ombro de Ian, assistindo o filme. O rapaz estava encarregado de mantê-la ali, o que não foi muito difícil já que o carinho que fazia na cabeça dela estava muito bom. Era impossível não cair em risadas com o último American Pie. Na opinião dela, os primeiros eram melhores, mas não deixava de ser engraçado. Ian estava querendo dizer algumas coisas que estava guardando para si há algum tempo. Não sabia se falava no meio do filme, ou se o esperava acabar. Optou pela última opção.
- ... Eu queria... Conversar com você. - A menina se desencostou dos ombros do rapaz e observou seu rosto tenso.
- Pode falar.
- Primeiramente eu quero que você saiba que está sendo muito difícil pra mim. Não quero que você ache que estou aproveitando do seu momento de fraqueza pra falar essas coisas...
- Você está me deixando um pouco assustada, Ian. Vá direto ao assunto. - Ela já tinha uma noção do que ele queria falar, só não estava pronta para ouvir e muito menos dizer alguma coisa a respeito.
- Eu gosto de você, . De verdade. Sempre gostei. Esses últimos dias você deve ter percebido que "forcei" um pouco mais as coisas. Eu já não estava aguentando mais e achei que você... precisasse saber.
- Eu também gosto de você, mas não na mesma intensidade ou do mesmo jeito que você gosta de mim. E sim, eu percebi. - Ela corou.
- Talvez nós pudéssemos tentar, eu não sei. Eu posso te fazer feliz. Pode até ser que eu não obtenha sucesso, mas eu vou tentar. - se espreguiçou ganhando tempo para pensar no que responderia. Ela estava sozinha, apesar de amar . O rapaz aproveitou e aproximou um pouco mais seu corpo do dela. A menina voltou à posição normal e notou a proximidade. Ian começou a fazer carinho em sua bochecha. - Minha vontade agora é de te beijar, não vou negar. Mas não vou fazer nada que você não queira...

Capítulo 10

e Ian estavam namorando. O que a menina mais temia era que aquele relacionamento pudesse prejudicar a amizade deles no futuro. não havia dado nenhum sinal em seus sonhos desde então, o que a fez tomar coragem para tomar rumo em sua vida e se arriscar em um novo relacionamento. Ficar sofrendo por uma coisa que ela nem sabia se existia mesmo, não a levaria em lugar nenhum. Foram felizes enquanto estavam juntos, mas agora a menina estava em uma nova etapa de sua vida e esperava profundamente que ele também estivesse. e Ian estavam juntos há quase um ano, o que significava quase um ano sem . A menina queria viver o agora. O passado deixara lembranças marcantes, mas agora tinha outros princípios. Estava pensando no seu futuro e focada no seu trabalho o que rendera um crescimento profissional. deixara seu antigo prédio, que era dividido em um andar com várias salas para Psicologia e abriu seu próprio consultório em outro lugar. O consultório que Anne havia lhe dado, continuava do mesmo jeito caso ela resolvesse voltar, mesmo achando isso pouco provável. Era uma espécie de lembrança, o começo de tudo. Não achava justo acabar com o lugar que abrira várias portas para ela hoje. estava feliz com o sucesso profissional que tinha adquirido ao longo de todo desse tempo. Era uma realização e tanto. Ajudar ao próximo a fazia se sentir bem de uma maneira indescritível. Sempre fora de dar conselhos, de ver o bem estar do próximo e quando se formou no High School, a Psicologia era o caminho perfeito.
O celular da menina começou a tocar em cima da cama. Terminou de vestir sua blusa e o atendeu, voltando para frente do espelho com o celular apoiado no ombro.
- Pronto.
- Atendeu o telefone rápido, hm? Já está pronta?
- Se você não me amolar por muito tempo no telefone, logo logo estarei. - Adorava provocá-lo.
- Só estou ligando pra confirmar o jeito que você está indo. Nada de calça jeans ou blusa muito quente. Está lembrada?
- Uhum. - Olhou no espelho, vendo o oposto do que ele havia falado. Estava agasalhada.
- Ótimo. Daqui uns quinze minutos estou saindo daqui. Esteja pronta.
- Beijo, tchau. - Finalizaram a ligação. jogou o celular na cama e voltou a se encarar no espelho. Vestiu-se de acordo com o que Ian havia pedido receosa e separou uma blusa de frio por precaução. O tempo não estava tão quente para se vestir daquela forma.
- Pra onde você está me levando? Vai me abandonar em algum lugar e me deixar morrer congelada? Está frio e olha como estamos vestidos! - A menina apontou para ambos os corpos com roupas de verão e Ian apertou sua mão, rindo.
- Relaxa, amor, eu vou te levar ao Paraíso. - o olhou desconfiada e o namorado gargalhou. - Bom, eu posso te levar a ESSE Paraíso também, mas o propósito hoje é outro. Você vai conhecer outro Paraíso.
- O que você está aprontando? Está misterioso demais pro meu gosto.
- Já estamos chegando, aguente mais um pouquinho. - Minutos depois, a menina observou pelo vidro do carro uma mata fechada se aproximar. Nunca tinha ido àquele lugar antes, era um pouco afastado da cidade e o tempo era realmente diferente.
- Nem parece que estamos no Canadá, olha só esse sol. - fechou a porta do carro e entrelaçou seus dedos com os de Ian que começou a conduzir por mata a dentro. Passaram alguns minutos caminhando e todos os detalhes daquele lindo lugar foram observados por ela. Ian satisfeito, vez ou outra, a olhava para admirar seu sorriso. O céu com poucas nuvens deixava o azul ainda mais bonito. O verde preservado, as flores, o clima. Era tudo muito lindo, Ian estava certo ao nomeá-lo de Paraíso.
- Como você sabia deste lugar? - Ela perguntou enquanto o namorado sentava-se embaixo da árvore. Estava em pé e seus olhos percorriam por todo local, como se pudesse tirar fotos para se lembrar dali.
- Eu e meus primos descobrimos há muito tempo atrás. Meus pais tiveram uma fazenda aqui perto e em uma tarde por falta do que fazer, resolvemos ver até aonde davam as terras.
- Vocês ultrapassaram a cerca? - Viu Ian concordar com a maior cara inocente e sorriu meio incrédula.
- Admiro muito a coragem de vocês! - estendeu a mão para o rapaz e o mesmo a pegou, puxando-a para sentar entre suas pernas. - Sério, vocês foram bem corajosos. Podia ter um caboclo esperando meninos como você lá na frente com uma espingarda. - O ouviu gargalhar - Quem é o dono disso aqui?
- Não tem dono. Pelo menos, todos os finais de semana que viemos para cá, nunca vimos ninguém.
- É tudo preservado, deve haver alguém que pelo menos cuide. Ou faça a guarda, porque olha só para este lugar. É perfeito.
- Cuidar, a natureza faz por si mesma, . Fazer a guarda não tem como... Não há casas aqui.
- Mistério. Corajoso é outro que abandonou isso aqui. Um belo escape pra fugir da correria de tudo. Se eu fosse dona desse lugar, não venderia por nada.
- Você não acha que se realmente alguém fosse dono disso aqui, já não teria construído pelo menos UMA casinha de madeira?
- Às vezes o cara é um amante da natureza e resolveu por não destruir. Francamente, Ian... Dá muita dó só de pensar em mover um pedaço de terra. Ele pode vim, cuidar de tudo e ir embora.
- E você acha que ele deixaria um lugar desses sozinho, convidando qualquer um para invadir e tomar conta de tudo?
- E você parou pra pensar que não foi?
Silêncio.
- Esse papo de possibilidades está me deixando cansado.
- Você perdeu. Só assuma. - Ian viu fazer charminho e a puxou para um beijo. O rapaz aproximou seu corpo do da namorada e automaticamente desceu suas mãos para as coxas dela, que respondeu com uma leve arfada. A menina passou seus braços em torno do pescoço de Ian e com uma mão, começou a fazer carinhos em seu cabelo, intercalando com leves puxões. sentiu uma leve excitação da parte dele e como não levariam aquilo adiante bem ali, finalizou o beijo para evitar um possível constrangimento.
Era mestre em fingir que nada estava acontecendo.

- Você não vai se incomodar se eu arrancar uma florzinha dessas, certo? - A menina que estava encostada em Ian, esperando pelo pôr do sol, observou sua mão ir em direção a uma linda flor lilás. Sorriu e encostou-se para olhar para trás.
- SÓ ESSA! Mas o que você... - Ficou algum tempo em silêncio apenas observando aquelas feições que conhecia de cor. Aqueles olhos, aquela barba pedindo para ser feita que tanto gostava. Aquele jeito que ele a olhava que só ele sabia fazer. passou a mão pelo seu rosto admirada. Se aproximou um pouco dele e lhe deu um selinho demorado. Segundos depois, ele pedia passagem com a língua que fora facilmente cedida. A menina pendeu seu corpo para trás, o fazendo deitar na grama. O beijava como nunca havia feito antes, era sincero e desesperado ao mesmo tempo. Tinha medo de perdê-lo. Novamente.
- WOW, ! - O ouviu falar e sorriu, permanecendo de olhos fechados. Aquele beijo... - O que deu em você? - abriu os olhos e seu sorriso aos poucos fora se desmanchando ao encará-lo.
- E-Eu não sei.
- Você está bem? - Ian perguntou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e posicionou a flor ali. A menina assentiu ainda meio desnorteada.
- Só está ficando frio. Me leva para casa?

vira .
No lugar de Ian.
Porque isso agora, logo quando estava se acostumando à ideia de que não o teria mais? Quando ela estava finalmente tentando ser feliz sem ele?
Estava levando sua vida a adiante, não podia ficar vivendo coisas que não existiam.
Mas parecia que qualquer rumo que ela resolvesse seguir, de alguma maneira seria abordada por ele em seu subconsciente, fazendo lembranças antigas virem à tona. E isso sempre a tornava mais vulnerável a ele, deixando cicatrizes abertas novamente. Mas no fundo, bem lá no fundo, ela sabia que todas, todas as cicatrizes nunca foram fechadas o suficiente para fazê-la se esquecer dele.
Mesmo que quisesse, nunca se esqueceria.
Ele sempre teria um espaço especial nela.
Sempre.

Capítulo 11

Aquele dia estava sendo extremamente chato. Atendera pacientes e qualquer ajuda que dava para eles, nenhuma parecia servir para ela. Sua situação era tão crítica que talvez nem existisse conselho. Todos aqueles meses em constante “esquecimento” haviam sido destruídos em segundos. Seus pensamentos sempre se voltavam para alguém. estava na estaca zero novamente, aberta para sentir tudo aquilo que estava evitando. Tudo bem que amor e sofrimento andavam juntos na maioria das vezes, mas sofrer e tornar-se dependente de alguém que não existia, a tornava insana. Era isso que ela achava. E os outros, se soubessem, também. E era por isso que não contava a ninguém, sendo que ela mesma não entendia o que acontecia entre eles. Havia combinado com Ian de irem ao cinema depois do trabalho, mas a menina, que preferiu passar em casa para tomar banho, já tinha ligado para ele desistindo. Sua casa aquele dia parecia tão convidativa, pedindo pela sua presença, que lá no fundo não se importou com o que Ian acharia.
Ela primeiro, com suas necessidades e vontades, depois ele. Se tinha uma coisa que detestava, era fazer as coisas contra sua vontade só para agradar aos outros. Não era disso, e seu namorado já sabia.
Era quinta à noite e no dia seguinte, seria algum feriado nacional importante. Estava pensando em viajar para visitar seus pais que não via desde sua formatura. Sozinha. Queria fazer algo diferente do convencional como, por exemplo, pegar estrada à noite, sem preocupações e talvez correr alguns riscos. Sabia que se o pneu furasse precisaria de alguém para ajudá-la, mas ela não estava se preocupando com isso. Qualquer lugar que fosse, isso podia acontecer. Em todos os lugares havia um perigo diferente e se fosse parar para pensar, ficaria apenas trancada em casa. pegou a chave de seu carro, que estava guardada no armário da sala, e desceu até o estacionamento. Muitos a chamavam de tola por ter dirigido aquele carro poucas vezes desde que o ganhara. Era um Jipe simples, perfeito para ela. Se ela podia pegar o metrô, por que não preservar pelo carro? Destravou a porta do carro e sentou-se no passageiro. Deu uma breve olhada no carro, podendo ainda sentir o cheiro de novo. Sorriu brevemente. Passou a mão pelo painel e abriu o porta-luvas, retirando de lá um envelope.

Não acreditamos ainda que aquela menininha que brincava de boneca dias atrás está se formando hoje na Faculdade. Às vezes me pergunto como o tempo pode passar tão rápido e nos restam apenas lembranças daquilo que sentimos saudades. Me lembro do seu pai me dizendo que você se tornaria uma estilista por se preocupar com a roupa de suas bonecas, e eu, que você seria médica, por querer sempre cuidar delas tão bem. Mas nós nunca imaginaríamos que você se tornaria uma Psicóloga. É o tipo de profissão que requer dedicação como qualquer outra, mas é a que mais se identifica com a sua personalidade. Sua preocupação com os outros, seu coração bom em querer ajudar os outros independente de qualquer coisa. Palavras nunca descreveriam o quão estamos orgulhosos e nos sentimos privilegiados por acompanhar cada momento importante da sua vida. Parabéns por mais essa etapa realizada com tanto sucesso. Você será para sempre a nossa menininha. Nós te amamos, Papai e Mamãe.

deixou que uma lágrima caísse e apertou aquele pedaço de folha em seu peito, emocionada. Só agora parecia ter caído a ficha da saudade que estava sentindo. Se não fosse pelo fato de morarem no interior, ela provavelmente iria morar perto deles. Essa saudade “recém descoberta” só a fez ter certeza que viajaria naquela madrugada para passar o final de semana.
- Amor? - Ian atendeu do outro lado da linha.
- Sou eu. Tudo bem?
- Só meio desapontado com a sua desfeita de hoje à noite, mas não se preocupe, vou ficar bem.
- Que drama, meu Deus! Não vou te alugar muito no telefone, já está meio tarde. Só liguei para dizer que estou viajando essa madrugada pra casa dos meus pais.
- Sozinha? - murmurou um “uhum” e Ian suspirou preocupadamente. Ela iria ouvir muito. - Está ficando louca? Pegar estrada sozinha e à noite?
- Amor, relaxa e me escuta. O carro está em perfeito estado. Eu também estou bem, vou descansar até lá. Não se preocupe.
- , eu seria bem idiota de deixar você viajar sozinha. Você já está bem grandinha para saber que é perigoso.
- Acho que estou sendo bem camarada de, pelo menos, te avisar que estou indo. Sei que esse detalhe não passaria despercebido, mas não queria te deixar preocupado caso viesse aqui em casa ou ligasse.
- Antes não tivesse ligado e eu não ficasse sabendo dessa sua atitude infantil.
- Se você pensa dessa forma... Boa noite. - a menina desligou o telefone e o jogou na cama com raiva. Respirou fundo e olhou-se no espelho. Seus olhos mostravam cansaço. Estava precisando tirar uma folga de tudo e de todos. voltou seu olhar para o celular ao perceber que estava tocando. Revirou os olhos e balançou de leve a cabeça negativamente. Não iria atender. Terminou de colocar as últimas coisas na mala, enquanto o celular tocava escandalosamente no quarto pela segunda vez. O quarto ficou silencioso assim que Ian desistiu de fazê-la atender o celular. Minutos depois, recebeu uma mensagem.

“Me desculpe pelo jeito que falei no telefone, só estou preocupado por você viajar sozinha e não poder fazer nada. Mas se é isso quer... Você não ficaria preocupada se o resolvesse viajar sozinho? Quando chegar lá, me ligue avisando. Boa viagem.”

pôde sentir a ironia nas palavras de Ian falando de . Sentiu uma leve pontada na cabeça e seu sangue borbulhar como nunca. Mal se deu conta que estava digitando os números dele.
- Escuta aqui, Ian. - a menina disparou a falar assim que percebeu que ele já estava na linha. - Se você está achando que pode sair falando desse jeito só porque é meu namorado, está muito enganado.
- Do que você está falando? - andava de um lado para outro, nervosa.
- Não se faça de idiota, você sabe muito bem. Não vá achando que pode brincar com os meus sentimentos assim... - o rapaz que até agora estava sem entender, havia acabado de se tocar.
- Foi só uma comparação para você ter noção do que eu estou sentindo. Meu coração está apertado só de pensar você viajando sozinha. No meu caso é ainda pior, porque você é mulher.
- Uma comparação ridícula.
- Vai me dizer que não faz sentido? Imaginar a pessoa que você ama viajando sozinha, aberta para todos os riscos. Seja do carro estragar até algum acidente.
- Foi a gota de água, Ian. Não pense que pode falar desse jeito das pessoas que eu...
- Amo? Das pessoas que ama? Se você ama tanto esse , tenho até dúvidas do que sente por mim.
- Já chega, Ian. Você só está piorando a situação. - falou entredentes.
- , você me ama?

Em algum lugar, estava sorrindo com a resposta que ouviria.

Capítulo betado por Jéeh



Capítulo 12

A menina tamborilava os dedos no volante enquanto passava alguma música agitada. A estrada ainda estava escura, não passava das cinco da manhã. Logo mais veria o sol nascer. Um dos fenômenos naturais mais lindos, segundo ela. Tentara dormir para pegar a estrada renovada, mas as palavras insensíveis de Ian martelavam em sua cabeça o tempo todo. Ele havia tocado em um dos seus pontos fracos. Um dos pontos fracos que estavam ali só esperando um deslize para ser lembrado com toda a força e lhe causar saudade, da qual nunca fora muito fã. Ian conseguia ser bem estúpido quando queria, e isso várias vezes colocou o relacionamento dos dois em alerta vermelha. Mas dessa vez foi o fim. Quando voltasse para casa ia colocar um ponto final em tudo. Gostava dele e pode-se dizer que foi feliz em quase um ano juntos. Mas amar... não. Ian não a fez sentir metade do que sentia quando estava com . Era sem comparações. Aqueles pensamentos todos estavam lhe deixando concentrada. Seu sono estava chegando. Ela queria que também estivesse.

andava pela rua deserta, à noite. Sabia que em qualquer outra ocasião ele estaria ali a envolvendo pela cintura, esquentando-a. Mas a menina caminhava sozinha e uma súbita onda de medo a invadira. Olhava para trás o tempo todo com a impressão que havia alguém a seguindo, mas tudo que escutava era o barulho da sua bota batendo no chão. O que era assustador.
- ! - Ela conhecida aquela voz. Virou-se para trás - que era de onde a voz vinha - e o viu correndo em sua direção. A menina fez o mesmo e jogou seus braços em torno dos ombros dele, sentindo lágrimas preencherem seus olhos rapidamente.
- ... Que saudade. - Respirou fundo e sentiu seu perfume doce, que a entorpecia por inteiro, se misturando com cheiro de banho recém tomado. O rapaz a abraçava na mesma intensidade.
- Eu também, você não faz ideia o quanto. - Ele pegou em seu rosto e o acariciou com o polegar - Me escute, eu não tenho muito tempo.
- Como assim? Você não pode ir agora. - o olhava assustada e apertava ainda mais seus braços em torno dele involuntariamente só de pensar em vê-lo ir embora.
- Me escute, por favor, me escute. - falava devagar, mesmo sabendo que seu tempo era curto. Ela precisava entender. Nessa altura, o rapaz estava com as duas mãos em seu rosto olhando-a nos olhos. Ambos transbordavam saudade. Preocupação. - Você está correndo perigo.
- Não estou enquanto eu estiver com você. - Ele fechou os olhos. Como gostaria de ficar ali com ela, mas precisava fazer alguma coisa.
- Você não está entendendo. Você está dormindo enquanto dirige. Precisa acordar. Acorde logo, !


Como se tivesse tomado um choque, a menina abriu os olhos num estalo e virou o volante violentamente para a direita para escapar de um caminhão que vinha em sua direção buzinando. Ela havia invadido a outra faixa. Sem condições para continuar dirigindo, parou o carro no acostamento e apoiou a cabeça nas mãos que ainda seguravam o volante, trêmulas. Seu coração batia acelerado e sua respiração ofegante. tentava se tranquilizar. Ele a salvara de um acidente e entendera seu desespero. Mas agora não estava correndo perigo mais e sentia uma necessidade descontrolada de encontrá-lo novamente.
Era só focar em seu cansaço e fechar os olhos...
estava de volta ao mesmo lugar. O viu sentado no chão encolhido, com os braços segurando as pernas e a cabeça apoiada na mesma. Aproximou lentamente para não assustá-lo e sentou-se ao seu lado. Começou a fazer carinho em seu cabelo. Minutos depois, ela viu levantar a cabeça lentamente e lhe encarar com os olhos vermelhos de choro. Sentiu uma pontada no peito. Tudo acontecera muito rápido, como em uma conexão de sentimentos, os olhos da menina se encheram de lágrimas e ambos se viram abraçados compartilhando o alívio. Se não fosse por ele, não sabia o que poderia ter acontecido. estava cega pela saudade.
- Obrigada, . - Falou entre soluços. Ela passava as mãos em seu cabelo e descia o carinho por toda a extensão de suas costas. Queria senti-lo ali enquanto podia.
Só eles sabiam a intensidade da saudade que sentiam.
- Você é uma louca. - falou em um suspiro, fazendo-a sorrir de leve. Podia sentir o coração dele batendo rápido. Como o seu.
- Louca por você. - Ela sussurrou em seu ouvido. O rapaz a encarou e encostou sua testa na dela.
- Você não tem jeito mesmo, né?! - Ela deu de ombros e fechou os olhos, sentindo em seguida os lábios dele tocarem o seus. O rapaz levou sua mão até a nuca dela e aprofundou o beijo de uma forma violenta. desceu suas mãos para de baixo de sua blusa e o sentiu contrair, fazendo-os sorrirem durante o beijo. Estavam com saudade daqueles beijos, daqueles carinhos que não trocaram enquanto ficaram sem se encontrar. Era uma vontade insaciável. Não importava a quantidade, sempre queriam mais e mais. Era uma vontade gostosa. Algumas vezes inocentes, outras carregadas de desejo e excitação.
- Vamos para a praia. - O rapaz lhe deu um selinho demorado e levantou-se, estendendo a mão depois para ajudá-la. ergueu as sobrancelhas confusa. - Ali, ó! - Viu fazer um movimento com a cabeça indicando a praia do outro lado da avenida. Estava tão preocupada que nem se tocou que havia um paraíso a poucos metros de distância. Atravessaram a rua abraçados e desceram até o mar que estava mais agitado por se passar das quatro horas da tarde. Se sentaram um pouco mais afastados da água.
- Onde você estava esse tempo todo que não nos vimos? - Ela perguntou enquanto brincava com os dedos dele. Logo, o olhou, fazendo com que seu cabelo se bagunçasse pelo vento. O rapaz tentou arrumá-lo.
- Por aí. - A menina assentiu desconfortável, após dar uma olhada fria no anel prateado que carregava em seu dedo e olhar distante para o mar.
- E você... - Pigarreou - Se envolveu com outra pessoa? - sentiu um arrepio na espinha com o olhar que recebeu dele. Profundo demais, cheios de sentimentos.
- Não existe ninguém além de você. Nenhuma mulher é capaz de proporcionar a felicidade que você me proporciona. Mesmo que sejam capazes, eu não sairia procurando. Eu tenho você. É o suficiente pra mim. - A menina sentiu o coração bater mais rápido e selou sua boca na dele. a deitou calmamente na areia, controlando o peso do seu corpo nos braços. A menina colocou suas mãos dentro da blusa dele puxando-a para cima, fazendo-o tirá-la. Sem muitos mistérios, minutos depois, ambos estavam apenas de roupas íntimas se beijando com todo o desejo que possuíam. O rapaz concentrou-se em tirar o sutiã, mas bufou com a sua inexperiência. sorriu.
- Essas coisas são muito complexas... - Ele falava enquanto ela o tirava facilmente. - Eu ainda vou te surpreender nesse quesito. - A menina mordeu o lábio.
- Esperarei ansiosamente por este dia! - voltou a beijá-la, dessa vez sem interrupções.

- , acho melhor você acordar. - Ele falou com um bico - Tem gente vindo aí. - A menina fez uma careta e o abraçou forte.
- Tem certeza? - o viu assentir.
- Absoluta. Eu não queria isso tanto quanto você, acredite.
- Me promete uma coisa antes? - Ela viu esperar com os olhos ansiosos. - Promete nunca mais desaparecer?
- Prometo. - Ele falou decidido - Promete ser só minha a partir de agora?
- Prometo. - Sorriram e trocaram um beijo rápido.


A menina acordou com leve batidas no vidro. Envergonhada, abaixou o vidro e encarou o policial.
- O carro estragou? - Ela negou.
- Estava com dor de cabeça e resolvi parar um pouco. - Uma mentira válida.
- Certo. Só não fique parada aqui por muito tempo, é perigoso. Boa viagem.
- Obrigada. Já estou saindo. - viu pelo retrovisor o policial caminhar de volta para seu carro, e engatou o seu voltando para estrada.

De todos os últimos acontecimentos, o mais relevante era:
estava de volta.
Era o que realmente importava para ela.

Capítulo 13

Aqueles últimos dias convivendo com Ian foram desgastantes. Ele não havia entendido o término da relação e tinha certeza que ia conseguir fazê-la voltar para ele. , convicta, já não suportava essa insistência desnecessária. Explicara da maneira mais clara possível. Mas ele, agindo como uma criança, não aceitava. Isso fazia crescer uma pontinha de raiva interna prestes a explodir a qualquer minuto. Não era tão difícil de entender assim. estava disposta a lutar por . Se o único meio deles continuarem se vendo era daquela maneira, teria de se contentar. A visita à casa dos seus pais no final de semana fora super proveitosa. Visitou lugares que passara a infância, deixando uma lembrança saudável. A menina estava em seu quarto, estudando. Era um sábado à tarde, o tempo estava consideravelmente bom para dar um passeio. Mas preferiu ficar em casa aproveitando o tempo livre que tinha para estudar e rever pastas de alguns de seus pacientes. Levantou preguiçosa, deixando os livros de lado ao escutar o telefone tocando. Colocou os óculos de leitura na cabeça e atendeu.
- Alô? - Podia escutar uma música desconhecida tocando ao fundo. Talvez fosse mais algum engraçadinho passando trote, como acontecera na semana passada. Talvez fosse engano ou a ligação estava ruim demais para que a escutassem falando. - ALÔ? - Falou mais alto. - Quem está falando? Olha, não é a primeira vez que isso acontece e confesso que já estou ficando sem paciência. Você não tem mais o que fazer? - Silêncio. A menina desligou o telefone. Estava passando da hora de comprar algum identificador de chamadas e retornar a ligação para saber quem estava de palhaçada. Sua tolerância era zero pra esse tipo de coisa. Conseguiu terminar os estudos antes que ficasse muito tarde e resolveu dar uma saída à toa. Mesmo que a sua preguiça dissesse "Fique em casa. Descanse" uma força maior a conduzia para fora de casa. "Saia, aproveite". E foi com esse último pensamento que ela fechou a porta de seu apartamento. Diferente do que havia pensado, o tempo lá fora estava um pouco frio. O sol a enganava na maioria das vezes. Queria subir para pegar um casaco, mas se o fizesse não desceria mais. Cumprimentara vizinhos conhecidos, alguns que até tinha um certo carinho, como por exemplo a senhora Tompson - que era sua paciente.
Estava andando há algum tempo, fazendo uma pausa para tomar algo quente na Starbucks. O céu não tinha muitas estrelas, apenas a quantidade necessária para deixá-lo bonito. achou que era hora de voltar para casa quando o tempo estava ficando realmente frio e isso poderia lhe render uma gripe terrível. Entrando no elevador, observou seu reflexo no espelho e reparou nas bochechas e nariz vermelhos. Estava até engraçadinha, pensou ela. Fez algumas caretas no espelho enquanto esperava seu andar chegar e parou ao se lembrar que havia uma câmera lá dentro. Aproveitando a situação, olhou para ela e acenou, mandando um beijo em seguida. Assim que colocou os pés em seu apartamento, sentiu o aquecedor ligado e seu corpo se aquecer por inteiro. Pelo menos lá dentro estava quente. Fora direto para o banheiro e deixou o chuveiro ligado esquentando, enquanto escolhia suas roupas. Após voltar para o banheiro, sentiu uma onda relaxante lhe invadir quando a água quente entrou em contato com seu corpo. Enrolou enquanto pôde e trocou de roupa no banheiro mesmo. Assim que voltou para seu quarto para pegar o notebook, se deparou com um buquê de rosas vermelhas em cima da cama. Andou rapidamente até a sala e olhou a fechadura da porta. Estava trancada. Deduziu que a invasão havia sido recente, já que quando chegou, aquelas flores não estavam ali. Tinha plena certeza disso. Deu uma breve olhada para a grande janela da sala. Morava no sétimo andar em um prédio de dez. Era fora de cogitação alguém entrar por ali. Discou os números da portaria e perguntou ao senhor se algum estranho havia subido. "Não senhora". Ian tinha as chaves do apartamento, mas devolvera. Em passos lentos, voltou para o quarto e olhou ao redor com medo que tivesse alguém ali. Seus dedos formigavam para tocar o pequeno envelope que estava junto. sentia a necessidade de abri-lo logo.

Passamos tanto tempo juntos e não sei se esta é a sua flor favorita.
Espero que goste.
Te amo.


Lembrou-se da época do colegial que vivia recebendo flores de alguém. Nunca tivera paciência pra essas coisas. Bancar o admirador secreto para cima dela só servia para lhe deixar impaciente e mais curiosa. Aquela caligrafia não era conhecida. Tentou se lembrar da de Ian, mas chegara à conclusão que não era a mesma, apesar de ser tão bonita quanto. As letras bem desenhadas lhe passavam a impressão que havia demorado horas para serem escritas. Ian poderia ter pedido para outra pessoa escrever e não deixar tão explícito assim que era ele. O que fazia todo sentido: Passamos tanto tempo juntos... . Ficara na dúvida se colocava as flores em uma jarra ou as jogava fora. Resolveu colocar em algum canto da casa para dar uma “animada”. Isso não significava que voltaria para ele. Não ia negar, as flores eram realmente lindas. Em todo tempo que ficaram juntos, Ian não lhe fez nada romântico assim. E se fosse olhar pelo lado que o namoro acabaria um dia, ele poderia estar achando que mandar flores aumentaria suas chances de trazê-la de volta. Ele estava errado. Muito errado. Nada naquele mundo a faria desistir de . Se não tivesse se envolvido com Ian, talvez eles ainda fossem amigos. Mas ela já deveria saber que um relacionamento entre dois amigos muito próximos tende a dar errado. Mesmo que tentassem, ambos sabiam que voltar aos velhos tempos seria impossível. Por mais seco que pudesse soar, não gostaria de voltar a como era antes. Ian sempre a veria com outros olhos e isso complicava um pouco mais as coisas.
Mais tarde naquele dia a menina pedira pizza, e adormecera assistindo um filme qualquer que passava na televisão.
Assim que abrira os olhos, a menina se deparou com a olhando. Suas bochechas coraram de leve, fazendo-o sorrir.
- Não é possível que você ainda não tenha se acostumado.
- Talvez eu não me acostume nunca. - Estavam deitados na cama dela. O rapaz colocou as mãos em sua cintura e a puxou para mais perto. - Está há quanto tempo me observando dormir?
- Não sei. Diria que há bastante tempo. - Quando se instalara o silêncio, a barriga do rapaz roncou fazendo em segundos depois, gargalhadas preencherem todo o quarto. – Droga! Minha barriga sempre espera os piores momentos para fazer barulho e me deixar constrangido.
- Sabe muito bem que está com fome porque quer. Tem toda a liberdade de colocar esse apartamento de cabeça para baixo para procurar comida.
- Estava te esperando, mal agradecida. - Ele fez bico, fazendo a menina ficar com dó e lhe encher de beijos.
- Essa foi a prova de amor mais linda que alguém fez por mim. Vem, vamos na cozinha fazer algo. - deu um selinho nele e se levantou para calçar os chinelos.
- Não, senhora, pode voltar aqui. - O rapaz pegou em seu braço e a fez deitar novamente.
- Acho melhor irmos logo antes que a comida que tem aqui não seja suficiente.
- Eu acho melhor ficar agarradinho aqui com você.
- Eu também acho, mas nesse momento minha fome está falando mais alto. Vamos logo, depois voltamos. - A menina fez a menção de se levantar, mas ele fora mais rápido e girou seu corpo, ficando por cima dela.
- Não seja tão teimosa, . A fome pode esperar, eu não. - Antes que ela falasse alguma coisa, o rapaz colou sua boca na dela. Se recuperando do susto, começou a arranhar as costas dele, enquanto se encarregava, com sucesso, de aprofundar o beijo. A menina fez o mesmo que ele há minutos atrás, ficando por cima. Os dois se assustaram após ele se deitar em cima do controle remoto, ligando a televisão. Aproveitando que o rapaz tentava pegar o controle atrás de suas costas e vendo que ele não perceberia, se levantou rápido – para impedir que ele a pegasse pelos pés -, calçou os chinelos rapidamente e correu para cozinha. Ele vinha atrás. A menina deu a volta na bancada e abaixou, se escondendo. Podia sentir que ele estava se aproximando. Se ele continuasse demorando muito, ia acabar se entregando por não conseguir conter a risada. Quando avistou o pé dele, suas mãos foram em direção, dando-lhe um susto. deu um pulo, fazendo a menina cair para trás, soltando a gargalhada que estava segurando. Não gostava quando as pessoas a assustavam, mas achava extremamente divertido fazer com os outros. Na medida que o rapaz se aproximava, ela se arrastava no chão tentando recuar. sabia que estava ferrada.
- Você sabe que está em desvantagem, certo? - Ela assentiu. - E sabe também o que vem a seguir, certo? - Balançou a cabeça negativamente. - Não sabe? Como assim você não sabe? - A menina deu de ombros e continuou se arrastando até sua cabeça encostar na parede. - Mas aposto que você sabe que não vai sair ilesa dessa.
- Nós podemos resolver de outra forma. - Ela o observava caminhar lentamente em sua direção. - Do jeito que você quiser. - O rapaz mordeu os lábios.
- Do jeito que eu quiser. Gostei disso, mas vou ser bonzinho. Você escolhe o que eu devo fazer com você. - parou em sua frente e estendeu a mão.
- Eu escolho? - Ele assentiu. - Eu sabia que você gostava de ser dominado por mim. E se você bem me conhece, sabe a minha escolha. - Os olhos dele transbordavam luxúria. A menina estava indecisa em pegar em sua mão ou não. Aquilo podia ser uma armadilha.
- Confia em mim, . Se é isso que você quer, é isso que teremos. Eu não disse que a decisão é sua? - tocou a mão dele e se levantou, ficando com os corpos quase colados. O rapaz soltou sua mão da dela e as direcionou a sua cintura. Ela passou a mão pelo peito dele, até chegar em seu pescoço e fechar seus braços ali. Não desviaram o olhar um minuto sequer. aproximou seu rosto para beijá-la, mas a menina se afastou um pouco para trás. Ele arqueou a sobrancelha sugestivamente.
- A decisão é sua, mas não quer dizer que o jogo não será comandado o tempo todo por você.
- Ah é? O que me impede disso?
- Ou você me deixa ditar as regras daqui para frente, ou terá consequências. - A menina mordeu de leve o lábio inferior.
- Você sabe que dependendo da consequência, eu gosto. - pegou em sua nuca e forçou o encontro dos lábios. puxou de leve seus cabelos e desceu os beijos para seu pescoço. As mãos do rapaz estavam debaixo da blusa dela, apertando sua cintura com um pouco de força. Conseguia provocá-lo quando queria e sabia que ele gostava. A menina jogou suas pernas em torno das cinturas dele e sentiu ser conduzida até o mármore frio da bancada. Apertou ainda mais suas pernas na cintura, trazendo-o para mais perto. Ele dava mordidas em seu pescoço com a certeza que deixaria marcas. tirava a blusa de , enquanto a mesma desabotoava sua calça. Minutos mais tarde, os dois corpos respiravam ofegantes, com sorrisos estampados no rosto. As coisas não poderiam ficar melhores.
- Recebi flores hoje. - O rapaz desviou o olhar de seu prato e a olhou sem surpresa.
- Você sabe quem foi, não é? - o viu assentir.
- Quem?
- Seria maldoso com quem está tentando te conquistar.
- E você vai deixar isso acontecer? Digo, não vai fazer nada?
- Você é minha, . Nada nem ninguém conseguirá te tirar de mim.


Capítulo 14

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segurava seu vestido pesado enquanto andava pela extensa grama. Seus cabelos estavam presos em cachinhos, estilo à moda antiga. Seus olhos ansiosos procuravam a única pessoa que lhe interessada ali. Cumprimentava algumas pessoas que nunca vira na vida por educação. Alguns a pararam para elogiar sua roupa e dizer o quão linda ela estava. Ao que parecia estava em uma festa que exibia traje antigo, em algum lugar que não conseguia identificar. Seus pés assim como seus braços estavam ficando cansados e resolvera voltar para onde a festa estava acontecendo, esperando encontrar lá. Convidados andavam para lá e para cá com seus respectivos pares.
- Não é possível que uma moça como você esteja sozinha esta noite. - A menina que aguardava sua bebida no bar se virou ao escutar uma voz grave perto de seu ouvido.
- Ele já deve estar chegando, provavelmente houve algum imprevisto. – Curvou-se um pouco para o lado, na tentativa de se afastar do rapaz que estava perto demais do seu pescoço.
- Então...
- Sem insinuações em cima da minha namorada, por favor. - sentiu mãos deslizarem por sua cintura, até abraçá-la por trás. - O par dela acabou de chegar.
- Você está vestido como um cavalheiro, mas suas ações não estão de acordo. Aonde já se viu deixar uma dama esperando?
- Falou o cara que dá em cima da namorada dos outros. - A menina observava tudo, atenta para qualquer ação errada dele que pudesse ocasionar uma briga. - Muito cavalheirismo da sua parte. - puxou os lábios levemente em um sorriso irônico.
- Bom, é você quem está dizendo isso. Eu...
- Ok, rapazes, já chega. Acho melhor você ir embora. - sabia que estava provocando o rapaz a sua frente. Antes dele sair, soltou uma piscadela para ela, olhou com desprezo e ironia para o rapaz que a tinha nos braços.
- Está me dando trabalho demais, .
- Isso é o que você ganha por se atrasar. Espero que isso não se repita, para que casos como este não venham a acontecer novamente.
- Você sabe que só de pensar em caras dando em cima da MINHA namorada me deixa...
- Nervoso. Eu sei, te conheço. E por que o atraso? Aconteceu alguma coisa?
- Jeremy tinha saído com o carro. - A menina assentiu enquanto andavam pelo salão. Estavam com os dedos entrelaçados. - Isso não vai acontecer de novo, prometo.
- Não diga isso, você não sabe o dia de amanhã. - sorriu e passou seu nariz pela bochecha dela. Ela estava certa. Coisas que jamais imaginávamos que podiam acontecer, aconteciam o tempo todo, e dizer uma coisa daquelas poderia ser um erro.
- Inclusive, você está linda com esse traje. - Aproveitando que estavam de mãos dadas, o rapaz a fez girar. - Olhe só para os seus... - Direcionou seus olhos para os seios dela. A menina deu um tapa no braço dele, e em seguida olhou para os lados para ver se alguém havia ouvido. Seu vestido era sensual, segundo . Da cintura para cima era apertado, deixando seus seios maiores e sua cintura mais modelada. O restante do vestido era largo e volumoso. Seus cabelos estavam presos em cachos, deixando a mostra seu pescoço que tanto amava. para qualquer lugar que ia chamava a atenção de todos, o que o rapaz não estava gostando nada.
- Por um momento eu desejei estar com uma namorada feia. Pelo menos evitaria esses pensamentos que estão tendo quando olham pra você. - A menina o ouviu falar e olhou ao redor. Muitos estavam observando-a. A maioria homens.
- Mostre para eles que ela está acompanhada. Muito bem acompanhada. - Foi a última coisa que escutou, antes de beijá-la.

[Play na música]

- Vem, vamos dançar essa música. - O rapaz se pôs de pé e estendeu a mão para ela, que o olhou admirada. Caminharam até o meio do salão. O rapaz pousou suas mãos pela cintura dela e o abraçou pelos ombros, começando a se mexerem no ritmo da música.
- Sabia que eu poderia ficar assim para sempre? - A menina o escutou falar e sorriu, olhando-o nos olhos.

I wanted you to know that I love the way you laugh
(Queria que você soubesse que adoro o jeito que você sorri)
I wanna hold you high and steal your pain away
(Quero te abraçar bem forte e levar sua dor pra bem longe)
I keep your photograph and I know it serves me well
(Eu guardo a sua fotografia, e eu sei que ela me faz bem)
I wanna hold you high and steal your pain
(Quero te abraçar bem forte e roubar sua dor)

- Bom saber que isso é recíproco. - Ela encostou seu nariz no de e o viu fechando os olhos. - Eu quero ser sua para sempre.
- Bom saber que isso é recíproco. - A menina sorriu. - Você será. Não há nada nesse mundo capaz de nos separar. Duas pessoas precisam de amor para ficar juntos, e isso nós já temos. Quanto ao “para sempre”, é apenas uma questão de tempo.
- Duas pessoas precisam de amor para ficar juntos e ambas precisam existir, . - abriu os olhos a tempo de ver uma lágrima escorrer pelo rosto dela.
- Eu existo, .
- Só aqui, nos meus sonhos.

'Cause I'm broken when I'm lonesome
(Porque eu fico em pedaços quando estou solitário)
And I don't feel right when you're gone away
(E eu não me sinto bem quando você vai embora)
You've gone away... You don't feel me here, anymore
(Você se foi pra longe... Você não me sente aqui, não mais)

- Quando eu acordo, você não está comigo. É como se você tivesse ido embora ou nunca existido, apesar dos meus pensamentos sempre se voltarem para você. Às vezes eu me pergunto como fui me envolver com uma incerteza.
- Porque eu quis que as coisas fossem assim. Você foi escolhida para viver esse sonho comigo.
- E eu deveria me sentir privilegiada por isso?

The worst is over now and we can breathe again
(O pior já passou e nós podemos respirar de novo)
I wanna hold you high, you steal my pain away
(Quero te abraçar bem forte, você manda minha dor pra longe)
There's so much left to learn, and no one left to fight
(Há muito o que aprender, e ninguém restou para lutar)
I wanna hold you high and steal your pain
(Eu quero te abraçar bem forte e roubar sua dor)

- Isso é você quem decide, . - apertou seus braços em torno do corpo dela, aproximando-a mais e sussurrou em seu ouvido - Eu me sinto privilegiado por estar com você. Na verdade, mais do que isso. - O rapaz sentiu a menina pegar em seu rosto delicadamente - Tenho certeza que poucos caras têm a oportunidade de encontrar uma mulher como você. É difícil. E você é uma delas, minha raridade. Meu bem mais precioso. Mas eu não posso viver este sonho sozinho.
- Eu te amo tanto, . Tanto. - O rapaz aproximou da pouca distância entre os dois corpos e encostou seus lábios no dela. Era incrível como sentiam a necessidade de estarem juntos o tempo todo. Funcionavam como dois imãs. Só sossegavam quando estavam grudados.

'Cause I'm broken when I'm open
(Porque eu fico quebrado quando fico exposto)
And I don't feel like I am strong enough
(E eu não me sinto como se eu fosse forte o bastante)
'Cause I'm broken when I'm lonesome
(Porque eu fico quebrado quando estou solitário)
And I don't feel right when you're gone away
(E eu não me sinto bem quando você vai embora)

- As coisas vão mudar, eu prometo. Você só precisa ter paciência.
- Você promete? Nós falamos disso mais cedo, promessas sem saber o dia de amanhã.
- Eu prometo, . E dessa vez tenho certeza do que estou falando. - A menina sentiu um arrepio ao ouvir aquelas palavras tão cheias de convicção. - E eu te amo. Mais do que você pode imaginar.

You've gone away... You don't feel me here, anymore
(Você se foi pra longe... Você não me sente aqui, não mais)


Capítulo 15


Durante toda a semana que se passou as coisas estavam indo muito bem entre e . Não o encontrara muito, porque segundo ele, estava resolvendo algumas coisas importantes e não seria possível comparecer todas as noites em seus sonhos. Depois de tudo que acontecera entre os dois, a menina já estava mais conformada com o relacionamento. As palavras dele a fizeram ver as coisas de uma maneira diferente. Ao invés de se sentir triste, deveria aproveitar e desfrutar de tudo que estava acontecendo. Poderia não tê-lo nem nos sonhos e avaliando sua situação atual, tudo estava de bom tamanho. Já não conseguia se enxergar sem , para todos os casos, havia uma - grande - parte de si que era dedicada para pensar, se lembrar dele. Queria que fosse exagero, assim não permitiria sentir-se triste. Mas não era. Vícios não podiam ser controlados e era um deles. Cada dia que era passado com ele, parecia não ser o suficiente. Ela queria mais, muito mais.
estava há algum tempo olhando o teto azul claro do seu quarto, vez ou outra sentia as pálpebras ficarem pesadas, mas tentava resistir ao máximo. Se lembrava de tudo que vinha acontecendo na sua vida e chegou a conclusão que acima de tudo era feliz. Exercia a profissão que gostava, tinha um lugar que conseguira conquistar com seu esforço, o amor de seus pais e o seu amor. Escutara um barulho vindo da cozinha, de garrafas sendo tombadas e seu coração começou a bater acelerado. Estava cansada de seus vizinhos fingirem que não existiam regras no condomínio, daqui uns dias seu prédio viraria um zoológico. Levantou-se cuidadosamente, ainda com as pernas bambas causada pelo susto e caminhou para a cozinha. Depois de olhar todo o cômodo, voltou para seu quarto e viu a porta de vidro da sala - que dava acesso à pequena varanda externa - entreaberta, o que certamente possibilitou a entrada do gato.
- Sua retardada. - Xingou baixinho enquanto fechava a porta. Deitou-se novamente na cama, puxando dessa vez a coberta. Mudou de posição, procurando por uma mais confortável e sentiu algo pressionar sua barriga. Lembrou-se que havia estudado na noite passada e provavelmente deixado seus livros em cima da cama. "Ótimo, estão todos amassados agora", pensou. Puxou a coberta para longe do seu corpo e pegou, revelando uma caixa branca, enlaçada com uma faixa vermelha. tinha mania de comprar caixas para guardar fotos, pequenas lembranças que possuíam valores imensos. Mas aquela era diferente. Até chegou a lhe causar um arrepio. Algo lhe dizia para não abrir, mas sua parte curiosa prevalecia na maioria nas vezes. A pegou cuidadosamente e colocou na escrivaninha do seu quarto. Algo também lhe dizia para abri-la, mas de alguma forma ela sabia que aquela não era a hora certa. percebera que precisava fazer compras do mês quando procurara por comida e o máximo que achou foi uma caixa de cookies nos farelos. Se estivesse ali com ela, com certeza ele tornaria as coisas um pouco mais divertidas. Fazer compras já não era uma das coisas mais legais, sozinha então. Conferiu se tudo que precisava estava dentro da bolsa e pegou as chaves do carro.
A menina andava insegura entre as prateleiras. Esquecera de fazer a lista com as coisas mais importantes, porque acabara saindo por impulso. Iria comprar o que lembrava, qualquer coisa voltava depois. Isso não era problema. Passou pela prateleira de doces e sentiu seu paladar implorar por uma bala recheada daquelas, assim como todas as outras coisas que estavam expostas. Como era fraca para doces! Pegou um ou dois pacotinhos de bala e jogara no carrinho que empurrava com a barriga enquanto olhava outros produtos os quais sabia que não iria resistir. Era pior que criança e por um segundo agradecera por não estar fazendo compras com os pais, que provavelmente a freariam, como faziam quando ela era menor. Saíra da seção de doces e fora para as prateleiras de salgados. Decidiu-se por procurar apenas biscoitos que eram necessários, seu carrinho já tinha besteiras demais. Comprara outras coisas que eram indispensáveis, como arroz e se dirigiu ao caixa. Enquanto aguardava, tivera a impressão de sentir o cheiro de e por instinto olhou para o lado, esperando encontrar o dono daquele perfume tão... viciante. mal notou que já estava caminhando em direção ao rapaz, enquanto se entorpecia com o cheiro que havia deixado para trás. Suas mãos estavam trêmulas.
- ? - Pegou no braço do rapaz, fazendo-o virar com a expressão confusa. A menina estava perdida em pensamentos, deixando-o em uma situação desconfortável. Era bonito, mas não chegava ao pés do rapaz que era apaixonada. - M-me desculpa. Eu achei que fo-fosse... meu amigo. - Colocou a mão na testa suada e respirou fundo, sentindo as bochechas esquentarem.
- Sem problemas. - Ele soltou um sorriso amigável. Escutara um murmúrio vindo do caixa e se lembrou que havia deixado suas compras para trás. Voltou para lá com os passos apressados, meio cambaleantes até, e se permitiu olhar para onde estava minutos atrás. “Paranóica!”, pensou.
Jogou as coisas que tinha comprado no balcão da cozinha e deitou-se no sofá, cansada. Seu olhos percorrem por toda a extensão da estante da sala até parar em uma foto. A de sua formatura. Sentia saudades daquela época, farras, bebidas - parte que a menina nunca fora tão chegada. Paqueras, chegando a namorar dois caras que não duraram mais que três meses. Perdera contato com todos os colegas de classe depois que se formara. Ao lado dessa foto, um porta-retrato duplo. Do lado esquerdo, pequena, com sua mãe a carregando no colo e o pai abraçando as duas “mulheres de sua vida”, como costumava dizer. Do lado direito, os três novamente. Cada um beijando um lado da bochecha da filha, há mais ou menos dois anos, em um jogo de Hockey. Se pudesse voltar no tempo não mudaria nada. Levantara preguiçosamente, e caminhara até o quarto, pegara uma roupa qualquer e foi para o banheiro. Seu olhar bateu na caixa em cima da escrivaninha que pedia para ser aberta a qualquer custo. Depois do banho acabaria com a sua ansiedade e finalmente poderia parar de cogitar as possibilidades que vinham perturbando sua cabeça durante aquele final de tarde.
Assim que terminara de tomar banho, fizera alguma coisa decente para comer, enquanto escutava da cozinha um filme que passava na televisão.
“Casa comigo?”
“Eu não posso, nós não podemos. Você sabe disso!”
“Não me importo com que nossas famílias vão pensar, eu te amo.”
Escutou em seguida barulhos de beijos preencherem a sala e uma música tocar ao fundo. Fez uma careta. Algumas vezes as pessoas achavam que coisas simples eram o fim do mundo. Desde quando o que a família iria pensar era realmente tão relevante a ponto de deixar duas pessoas não ficarem juntas? Por Deus, ela só queria ali com ela. O que as pessoas pensariam, ela não estava dando a mínima. Quem vivia a vida dela era ela, não os outros. Xingou Julia Roberts de tola e retardada por deixar a preocupação vir acima do amor e desligou a televisão, deixando o silêncio invadir todo o apartamento. Acendeu a luz do seu quarto e caminhou até a caixa, pegando-a e sentando-se na cama. Desenrolou o laço que a fechava e colocou suas mãos na tampa para abri-la.
O telefone começou a tocar.
- MERDA! - colocou a mão no coração o sentindo bater tão forte, chegando a senti-lo no ouvido. Não sabia se estava xingando pelo susto ou por atrapalhar um momento que estava esperando desde cedo. Voltou para a sala e atendeu o telefone, impaciente. - Pronto. - A menina colocou a mão na cintura esperando pela voz do outro da linha. - Alô? - Bufou. Olhou para o identificador de chamadas que tinha comprado, mas não mostrava nada além de letras. Forçou sua visão para entender o que estava escrito.
“EUTEAMO” era a mensagem. A menina bateu o telefone no gancho em um ato desesperado e voltou correndo para o quarto, abrindo a caixa sem pensar duas vezes.
A menina sentiu seus olhos arderem e uma súbita vontade de gritar invadir sua garganta. Não podia ser. Com as mãos trêmulas e geladas, levou sua mão até a foto e a outra em direção a sua boca. Se lembrou de quando sonhou com aquilo. Ela se lembrava daquele dia perfeitamente . a abraçava pela cintura por trás, enquanto ela colocava a câmera na frente dos dois para tirar a foto. A felicidade dos dois era evidente, chegava a contagiar quem olhasse. A boca de ambos estava um pouco vermelha, fazendo-a se lembrar de tudo. Cada mínimo detalhe.
- E tem algo em você que passa despercebido por mim? - A menina se separou um pouco do abraço e encostou seu nariz no dele.
- Talvez você se apegue tanto à detalhes, que não dá tempo para analisar o restante. - Ela falou com um sorriso convencido nos lábios.
- Impossível. - Aproveitando a pouca distância que havia entre eles, o rapaz a beijou. Não era preciso pedir permissões ali, muito menos para beijos. Ambos já eram permitidos. Livres.
Um para o outro.
- Ei, vamos tirar uma foto? - falou, após quebrarem o beijo.
- Você tem câmera aqui? - Ela o viu assentir e apontar para o objeto jogado na grama. Posicionaram para a foto e a tirou, depois de garantir para o rapaz que tiraria uma foto decente.

Dentro da caixa havia um bilhete.
Não é que a foto ficou boa mesmo?

Era a mesma caligrafia do buquê de flores.

Espero que se lembre deste dia.

Como ela poderia esquecer?

Capítulo 16

Naquele mesmo dia, não conseguira fazer mais nada além de não desgrudar os olhos da foto, pensar e chorar. Várias informações turbilhavam em sua cabeça, fazendo-a se focar em apenas uma certeza: existia. Ou havia se tornado parte de sua realidade de uma forma que ela não sabia. Isso está mesmo acontecendo? "É claro que está!", pensou ela, olhando para o bilhete um tanto quanto real. Se este não fosse um segredo só dela, o qual nunca compartilhara com ninguém além de Ian, poderia considerar como uma brincadeira de mau gosto. Mas ninguém sabia daquilo e seu ex-namorado não seria capaz de jogar com os sentimentos dela daquela forma. Ou seria? Mesmo que fosse, aquela foto era algo que nem sabia da existência, quem diria outra pessoa. Se dependesse dela, aquele mistério seria 'desvendado' o mais rápido possível. Não aguentaria muito tempo sem saber a verdade. No dia seguinte, recebera uma ligação cedo de sua mãe, dizendo que estava indo para Montreal visitá-la. Sendo acordada pelo telefone, fora obrigada a levantar cedo. Agradeceu mentalmente por ter feito compras do mês no dia anterior e saíra para caminhar. Seus pais chegariam um pouco antes do almoço. Pegou as chaves em cima da mesa e antes de fechar a porta, deu uma olhada no identificador de chamadas.

- Mãe, que saudade! - A menina abraçou sua mãe fortemente, enquanto olhava seu pai fazer careta logo atrás. Sorriu com isso. - Nem parece que nos vimos há alguns dias. - a sentiu pegar em seu rosto, e começar a procurar por algum vestígio de cansaço, sofrimento ou algo que pudesse vir a tirar o sono de sua pequena.
- Você parece bem. – “Bem preocupada, paranoica e curiosa. É, estou bem”.
- Achou que eu não estaria? - A menina arqueou a sobrancelha. Conhecia bem Dona Isobel.
- Será que podemos deixar para conversar depois que entrarmos? - A menina sentiu sua mãe dar um tapinha em sua bunda e entrar em seu apartamento.
- E você hein, bolota? - abriu os braços, sentindo seu pai abraçá-la forte. - Estava com saudades!
- Eu também estava, tampinha. - Deu-lhe um beijo na testa.
- Tampinha, pai? Esse seu modo carinhoso de me chamar pertence há anos atrás, quando você ainda era maior que eu. Mas agora... - A menina analisou seu pai que não mudava nunca. Porém, algumas mudanças que passavam despercebidas por ela, eram perceptíveis e inaceitáveis para ele: mais barriga, menos cabelo. Algo que ele não podia fugir, pensou ela. Observou-o fingir estar emburrado feito uma criança.
- Você sabe que sempre será minha tampinha, independente do seu tamanho... - sorriu, fazendo seu pai acompanhá-la com um brilho nos olhos. - E do meu. - Ela gargalhou, abraçando-o forte novamente.
- , como liga essa máquina que você chama de fogão? – Isobel gritou da cozinha.
- Sua mãe não está cem por cento adaptável à tecnologia. Você sabe. - Ele sussurrou e a menina assentiu, colocando seu indicador nos próprios lábios como um pedido para manter aquilo em segredo.
- Como andam as coisas no consultório? Tudo certo? - John perguntou. Ouvir sua filha falar de seu trabalho o deixava orgulhoso.
- Está sim, esses dias pra trás atendi uma senhora que estava sofrendo com a ausência da filha. Ela foi fazer um intercâmbio e passou mais tempo do que o previsto. Achou um cara, se apaixonou e está noiva. Vai continuar morando lá. Vem visitar a mãe só depois.
- Esse é o tipo de decisão que a garota tinha que ter pensado muito bem antes. Deixar a mãe em segundo plano dessa forma, acaba com qualquer uma. “Ei mãe, ficarei aqui por mais alguns anos. E estou noiva também! Tchau!” - assentiu, e sentiu o olhar de sua mãe pesar sobre si.
- Isso é loucura.
- De amor, talvez. Você faria isso com a gente? - Isobel perguntara.
- Abandonar a família por um amor qualquer? De maneira nenhuma. - Ela negou horrorizada.
- E se não fosse um amor qualquer? Digo, você estivesse apaixonada de verdade... - A menina pensou em . Apaixonada. Amor de verdade. Eram sinônimos de . Sempre seria.
- Isso é possível, não vou negar. - viu seus pais arregalarem os olhos. - Não que eu os abandonaria, não é isso! Eu quero dizer que é possível sim eu me apaixonar de verdade, por alguém de outro país, ou sei lá, durante uma viagem. - “Meus sonhos podem ser considerados uma viagem?”, cogitou. - Mas abandonar vocês, as pessoas que foram responsáveis pelo meu crescimento, minha educação, jamais. Seria muito egoísmo da minha parte - A menina observou-os novamente e vira um alívio imenso estampado no rosto de cada um.
- Sabe, você fala assim como se nunca tivesse se apaixonado. Eu e seu pai imaginávamos que esse namoro seu não iria durar tanto. Aos olhos de outras pessoas, vocês eram feitos um para o outro. Mas nós já sabíamos que no fundo desse seu coração, nunca houve um amor de verdade. - abaixou o olhar e concordou.
- É verdade. Arriscar um relacionamento com Ian não foi uma decisão muito inteligente. Hoje mal não nos falamos. Nem uma relação profissional conseguimos ter mais.
- Certo. - John olhou ao redor. - Mas pulando essa parte chata, até que você está bem organizada para quem não conseguia manter o próprio quarto habitável. - A menina escutou sua mãe rir.
- Chega uma hora que somos obrigados a tentar ser. Acho que a minha chegou.
- Obviamente. Mas fique tranquila, você está se saindo muito bem. - recebeu leves tapinhas nas costas e chamou-os para dar uma olhada nas mudanças que havia feito.
- Quem é esse, filha? - A menina virou-se na direção que sua mãe apontara e viu a sua foto e a de pregada no mural de fotos do seu quarto. Sentiu um leve formigamento na barriga.
- M-meu namorado, mãe. - olhou com os olhos lacrimejados para seu pai, que começou a prestar atenção assim que “namorado” fora mencionado na conversa. Isobel ainda estava de costas, vendo a foto.
- Olha só esse sorriso. Venha ver, John. - Seu pai se aproximara do mural, ao lado de sua mãe e ambos analisavam a foto, curiosos. - Você parece ser feliz com ele.
- Eu sou. - Falou - Muito feliz.
- Vocês não precisam dizer nada. Os sorrisos estão falando por si mesmos. - John virara com um sorriso nos lábios e ficara sério de repente. - Estão namorando há quanto tempo?
- Não sei te dizer ao certo, pai. Um tempinho já.
- E qual é o nome dele? - Perguntara novamente.
- . .
- Preciso conhecer esse tal que faz minha menina tão feliz. - John disse. Isobel se juntou à conversa.
- Além de fazê-la feliz, é uma gracinha e parece ser um bom rapaz. Quando podemos? - sentiu seu coração apertar.
- Ele mora meio longe daqui. O contato é um pouco difícil, pra falar a verdade, mas nos falamos sempre que possível. Espero um dia poder abraçá-lo bem apertado. Estou com saudades.
- Sei como são namoros à distância, filha. - Sua mãe passou seu braço pelo ombro da menina, tentando confortá-la.
- Mas uma coisa você pode ter certeza, . Se vocês se amam de verdade, não há distância que os impeça de ficarem juntos. - John falou sabiamente.

’s mind.

Talvez meus pais nunca entendessem esse amor que existia entre eu e , tamanha era a surrealidade envolvida.
Talvez eles nunca entendessem que era meu sonho e o único meio de encontrá-lo era dormindo.
Talvez eu nunca pudesse encontrá-lo, embora almejasse isso mais que tudo.
Talvez eu estivesse errada.

Capítulo betado por Nathália Segantini

Capítulo 17

[Coloquem para carregar. Avisarei quando for para dar o play: http://www.youtube.com/watch?v=ChR9Xg2yDeM]
's mind

Há algum tempo eu venho tentando entender as coisas que aconteciam ao meu redor e as pistas que eram deixadas. Parte de mim achava que era , me causando uma ponta de ansiedade. A outra já era um pouco mais realista. Isso era realmente possível? Meu coração era sonhador e me fazia acreditar que sim, era possível. Minha cabeça madura, pelo menos madura o suficiente, me dizia para esquecer. Mas como eu poderia simplesmente ignorar tudo que acontecia, se as pistas me diziam para ir em busca da verdade? Era difícil largar uma coisa que meu coração me fazia lembrar o tempo todo. Encarei por mais alguns minutos minha foto e a de e levei minhas mãos até o sorriso dele. Será que aquela felicidade toda que ele estava sentindo, a responsável era eu? Eu conseguia fazê-lo feliz? Conseguia fazê-lo sorrir? Conseguia fazê-lo me amar o tanto que ele me fazia amá-lo? Eram perguntas de difíceis respostas, mas eu persistiria o quanto fosse para encontrá-las. Acordei de um leve transe com o telefone tocando, e instantaneamente, pensei que receberia mais uma daquelas ligações silenciosas, onde eu escutava uma respiração leve com uma música que não podia identificar ao fundo. E eu estava certa.

's mind off. - Oi, estranho. - falou após se certificar que era o mesmo número sem identificação. Não perdia a paciência como fazia antes, e chegara a trocar algumas palavras sem obter resposta. Se essa pessoa ligava para ela, é porque gostava de ouvir sua voz ou quem sabe estava tímida para não responder nada. A menina só queria fazê-la se sentir confortável. Familiar. E o resultado disso era um monólogo. - Você ligou mais cedo do que o costume hoje. - Silêncio. - Semana passada te falei que tinha um casamento pra ir, de uma prima que noivou quando eu ainda estava na faculdade. E não sabia se ia, mas me decidi. Éramos bastante amigas na adolescência e acho que não seria justo não comparecer. É o mínimo que posso fazer, sabe? - A menina sabia que poderia se arrepender, a partir do momento que começou a contar sua rotina para um estranho. Era perigoso. Mas no fundo ela se sentia bem e sabia que podia confiar. Ela poderia estar errada, mas não estava ligando muito. Já estava feito. E as consequências dos seus atos impensáveis e cheios de boas intenções poderiam aparecer a qualquer momento. - Nossa conversa vai ser meio rápida hoje, preciso ajeitar algumas coisas antes de sair. - A menina fez silêncio ainda confiante de ouvir alguma resposta. Apertou o telefone na orelha, para escutar melhor, mas a pessoa preferia se manter em silêncio. Oportunidades ela dava. - Então... Tchau. Até amanhã. - colocou o telefone na base e respirou fundo. Ela precisava se arrumar e ir para o salão que havia marcado hora. Por sorte, comprara um vestido antes de receber o convite do casamento, que por incrível que pareça, combinava com a ocasião. Intuição, talvez.
Mais tarde naquele dia, seus pais chegaram em sua casa, como o combinado de que iriam juntos para o casamento cada um com seu carro. Assim teriam total liberdade de voltar a hora que quisessem. Depois da tradicional cerimônia, foram para o clube aonde aconteceria a festa. O lugar era realmente lindo. Havia luzes em suportes delicados por todos os lados deixando o ambiente romântico. A maioria de sua família estava acompanhada. Alguns primos já casados carregavam seus filhos de mãos dadas com a mulher. se sentiu deslocada e sentiu mais ainda a saudade dos braços de que nunca a envolveram realmente. Como ela poderia sentir tanta saudade de algo que nunca existiu de fato? Sabia que ele faria piada de alguma das tias da menina que se jogavam como completas adolescentes na pista de dança e sorriu sozinha com isso. Ele era bem sacana quando queria ser.
- Ei, prima, por que está aqui sozinha? – Filipe, um dos irmãos da noiva, puxou uma cadeira e sentou-se perto da menina. - Não trouxe um acompanhante? Dianna te deu convites a mais, certo? - sorriu e colocou a mão nos ombros dele.
- Fil, relaxa. Meu namorado não pôde vir. - Não sabia por que havia falado aquilo. Ultimamente a menina estava acrescendo no seu dia a dia, como se ele estivesse presente. Ele assentiu e se encararam por um tempo, fazendo ambos rirem em seguida. e Filipe costumavam ser amigos, juntamente da irmã mais velha dele, Dianna. Quando juntos, davam um trabalho e tanto. Alguém sempre tinha um plano mal formulado, que acabava dando merda depois. Mas se divertiram, e se lembram disso até hoje. Dianna tinha vinte e cinco anos, , vinte três e Filipe, mais novo, vinte. Ele nunca foi aquele tipo de primo que com o passar do tempo se tornava uma paixãozinha. Eram amigos mesmo, mas perderam um pouco o contato quando Fil se mudou para os Estados Unidos, quando passou em uma ótima faculdade.
- Cara, como pode. Você não mudou nada! - Ele falou tomando um gole de sua cerveja - Está mais mulher, mas eu ainda posso ver em seus olhos o brilho de uma criança! - A menina sorriu.
- Digo o mesmo pra você. Como está a faculdade? Dando conta? - Ele fingiu estar desapontado. - HEY, não me olhe assim.
- Você está me chamando de irresponsável indiretamente, .
- Não me interprete mal, mas todos nós sabemos que você adorava fugir das responsabilidades quando podia. - Fil pensou um pouco e concordou de uma maneira engraçada.
- É verdade, mas essa época passou. O tempo de agora me pede totalmente o contrário. - assentiu. Segundos depois, o celular do seu primo começou a tocar e ele pediu um instante, se afastando. A menina se levantou e explorou um pouco do local fazendo-a se sentir... Sozinha. Foi o suficiente para fazê-la querer ir embora. Mandou uma mensagem para os seus pais dizendo que estava com dor de cabeça e foi para a casa.
Assim que chegara na porta do seu apartamento, a menina mandou outra mensagem para o celular do seu pai dizendo que havia chegado em casa com segurança. Seus pais não haviam pedido, mas sabiam que eles se preocupariam e não curtiriam a festa direito até que ela desse alguma notícia. Conhecia eles muito bem para saber que isso era possível. Ligou a luz da sala, tirou os sapatos e os jogou perto do sofá. Caminhou em direção ao seu quarto e sem acender a luz, viu uma caixa grande em cima de sua cama. começou a tremer e seu coração bater descompassadamente, fazendo o mesmo com sua respiração. Poderiam aparecer milhares de caixas em sua cama ou em qualquer lugar da casa que fosse, as sensações seriam as mesmas, como se fosse a primeira vez que estivesse acontecendo. caminhou até lá sem muita demora e destampou a caixa, vendo um tecido branco. Estranhou a primeira vista, mas quando puxou para fora, era um vestido lindo. O colocou em frente ao seu corpo e se olhou no espelho. Parecia ser feito para ela. Colocou o vestido com cuidado na cama, e como esperado, tinha um envelope no fundo da caixa. Suas mãos ainda trêmulas abriram o envelope ansiosas e passou os olhos pelas letras bem desenhadas.

Boa noite, minha linda. Como foi o casamento hoje? Espero que tenha ocorrido tudo bem e tenha se divertido.
Espero também que não leia isso tão tarde, porque estou esperando por você.
Sei que pode parecer ridículo e entendo se você não quiser me encontrar, mas eu vou estar te esperando.
Eu realmente quero te ver essa noite. Eu preciso. Vista esse vestido e venha.
Eu tenho a resposta para todas as perguntas que vêm martelando em sua cabeça. Você quer sabê-las, não quer?
Então apenas venha. O endereço está dentro desse envelope, separado.
Eu te amo,
.

deixou uma lágrima escorrer e pingar no bilhete, o deixando levemente manchado. Então era... verdade. Passou os olhos na carta mais algumas vezes e olhou para o vestido. Tirou o que estava vestindo e vestiu o outro que havia lhe mandado. Se olhou no espelho dessa vez com o vestido no corpo. O vestido havia sido modelado para ela. O modelo era tomara que caia e longo, deixando uma leve calda. Deixava seu corpo modelado, mostrando algumas curvas insinuantes. Estava parecendo uma noiva. Pegou o endereço e notou uma leve dificuldade para andar com a calda. Puxou levemente para cima e continuou a andar agora mais facilmente. Pegou suas chaves e sua sandália e saiu de casa apressada. estava esperando por ela. pegara a estrada e dirigia um pouco rápido. Não sabia que horas aquelas coisas haviam sido colocadas em sua casa, e se fizesse muito tempo, corria o risco do rapaz não estar mais lá. Ela não queria pensar nessa possibilidade. Enquanto dirigia, checava no bilhete o endereço que não parecia ser estranho para ela. Muitas coisas passavam pela sua cabeça, e vez ou outra sua barriga formigava, dando-lhe a sensação que vomitaria de nervoso. só queria chegar no destino logo. Estacionou o carro em um local cheio de árvores e um medo lhe invadira sem permissão. Intercalava seu olhar no local, com o escrito do papel. Era ali mesmo. Abriu a porta do carro e aproveitando do assento, colocou sua sandália. O soar das suas sandálias batendo no asfalto ecoava. poderia notar pela sua presença, desse jeito. Entrou em uma área verde, forçando-a a retirar a sandália novamente. Levantou a calda do seu vestido para não arrastar na grama úmida e continuou caminhando. Avistou logo, um tapete vermelho e ao lado, várias luzes, iluminando ao redor. Ela conhecia aquele lugar. Foi aonde Ian a levara. Continuou caminhando e observou um corpo se movendo... Indo embora. parou imediatamente no lugar e soltou tudo que segurava em sua mão. O corpo se afastava. Ela não podia deixar. Era ele. Ela tinha certeza. Aquele caminhar que só ele tinha, o jeito que passava as mãos no cabelo quando estava preocupado. Era ele.

[Play na música]

It’s hard for me to say the things
(É dificil para mim, dizer as coisas)
I want to say sometimes
(Que eu quero dizer às vezes)
There’s no one here but you and me
(Não há ninguem aqui exceto você e eu)
And that broken old street light
(E aquela velha luz quebrada da rua)
Lock the doors
(Tranque as portas)
Leave the world outside
(Nós deixaremos o mundo lá fora)
All I’ve got to give to you
(Tudo o que eu tenho para dar para você)
Are these five words and I
(São essas cinco palavras e eu)

- ? - A menina falou em um som audível. O corpo parou no mesmo momento, ainda sem olhar para trás. Seu coração estava a mil. virou-se em direção que escutara a voz. Ficaram se encarando, à distância. não sabia se estava em condições de se mover, ainda mais com a certeza que aqueles olhos estavam em sua direção. Percebeu começar a se aproximar e seus traços ficarem visivelmente claros. A menina para sua surpresa conseguiu dar um passo. E mais outro. Contribuindo para que ambos ficassem próximos o mais rápido possível. As mãos dela estavam frias. O coração dele estava batendo em uma velocidade considerada saudável, ao contrário da menina que a cada passo ficava mais próxima. Logo, estavam frente a frente. Não diziam nada e nem se encostaram, apenas se olhavam. Aquela pele que ele tanto esperou para tocar estava ali em sua frente. Aqueles lábios que não conseguia ficar muito tempo sem, estavam ali, entreabertos, devido a respiração irregular de . Pedindo para serem beijados. A menina encarava aqueles olhos que por muito tempo achou não fosse vê-los de tão perto, como estavam agora.

Thank you for loving me
(Obrigado por me amar)
For being my eyes
(Por ser meus olhos)
When I couldn’t see
(Quando eu não podia ser)
For parting my lips
(por abrir meus lábios)
When I couldn’t breathe
(Quando eu não podia respirar)
Thank you for loving me
(Obrigado por me amar)

- . - Ela fechou os olhos ao escutar seu nome ser pronunciado pela voz dele. A menina estendeu a mão aberta ao lado do corpo, como se fizesse um juramento. O rapaz que a olhava os olhos tão expressivos e indecifráveis, fez o mesmo. Sem encostar as mãos. Ele estava encantado. - Você é mais linda do que eu imaginei. Muitos podem não concordar, mas você é perfeita aos meus olhos. - analisava seu rosto nos mínimos detalhes. O vento balançava o vestido da menina na noite. - A beleza está nos olhos de quem vê, certo? - Ele sussurrava. À distância que estavam até os sussurros mais baixos podiam ser ouvidos. – Apesar de eu achar difícil esta beleza estar vendo apenas pelos meus olhos. – Ela sorriu, abaixando sua cabeça e pegou-a pelo queixo e levantou seu rosto a tempo de ver suas bochechas rosadas.

I never knew I had a dream
(Eu nunca soube que tinha um sonho)
Until that dream was you
(Até aquele sonho ser você)
When I look into your eyes
(Quando olho dentro de seus olhos)
The sky’s a different blue
(O céu fica num azul diferente)
I wear no disguise
(Eu não visto disfarces)
If I tried, you’d make believe
(Se eu tentasse, você faria de conta)
That you believed my lies
(Que acreditou em minhas mentiras)
Thank you for loving me
(Obrigada por me amar)

assentiu, abrindo os olhos e encarando os de que nem por um segundo desgrudavam de si. A menina aproximou sua mão da dele, e assim que se encostaram, sentiu um leve choque percorrer seu corpo. O rapaz entrelaçou os dedos e levou a mão dela até sua boca, depositando um beijo na delicada mão de .
- Então isso tudo é real. - Ela falou vagamente, observando as mãos juntas. Ele seguiu o olhar dela, depois voltou a olhá-la.
- Não era, mas passou a ser a partir do momento que você acreditou em mim. - Ele falou. A menina voltou a encará-lo e ergueu a outra mão, como fizera a primeira vez. Ele repetiu os movimentos dela.
- Era você o tempo todo, . - O rapaz assentiu, com um brilho nos olhos, entrelaçando as mãos novamente. - Eu sentia que era você.
- Era eu, esse tempo todo. Desde as ligações, flores e até o barulho das garrafas na sua cozinha. Tentei ser rápido, mas estava tão nervoso que acabei deixando-as cair. - Ele desentrelaçou uma das mãos e levantou a blusa social, deixando a mostra um machucado não muito fundo, em processo de cicatrização no braço. Após analisar com cuidado e pena, ele arrumou a blusa, e envolveu sua mão na cintura de lentamente, trazendo-a para perto.
- E eu achando que era um gato. - Ele viu a menina revirar os olhos.
- Não deixa de ser, vai. - A menina gargalhou, pendendo um pouco seu corpo para trás. Voltou para a posição inicial em seguida.
- Você é lindo, . - passou a mão livre em volta do pescoço dele, o sentindo arrepiar com esse pequeno toque. Era conhecido, mas ao mesmo tempo muito novo para ambos - E esse lugar? Eu já vim aqui antes. - O rapaz balançou a cabeça positivamente.
- Isso tudo aqui é meu. - Ele observou a expressão da menina ficar surpresa, e logo começar a gaguejar. colocou o dedo nos lábios dela.
- Psh, não fala nada. - O rapaz se aproximou mais dela, encostando as testas. Sabia que ela tentaria se justificar. - Desculpa por te fazer esperar esse tempo todo, meu amor.
- Você está aqui agora, isso que importa. - soltou as mãos que ainda estavam entrelaçadas, ao lado dos corpos, e o abraçou direito. Ele fez o mesmo.
- Eu precisava de uma certeza que depois você me provou. - A menina o olhou sem saber do que ele estava falando. - Eu precisava ter certeza que você não desistiria de mim.
- Lutei por nós dois.
- E é por isso que estamos aqui agora. - viu se aproximar lentamente - parecia uma eternidade -, e fechou os olhos sentindo os lábios dele tocarem os seus delicadamente. O rapaz mordeu o lábio inferior dela fazendo em seguida que as línguas se encontrassem. O rapaz subira sua mão para a nuca da menina, aprofundando ainda mais o beijo. Beijaram mais algum tempo até que beijou toda a extensão do rosto dela, fazendo-a sorrir de maneira boba. Apaixonada.

A noite estava fria.
Mas os corações ali presentes eram capazes de esquentar muitos outros, só com a intensidade que batiam.
e agora tinham a concretização de um amor onde o mais importante era acreditar.
Ela acreditou que ficariam juntos um dia, apesar de todas as fraquezas.
Ele esperou.
Agora eles eram um só. Vivendo um amor, um sonho de verdade .

Fim.

"Ela o amava. Ele a amava também. E ainda, que essa coisa, o amor, fosse complicada demais para compreender e detalhar nas maneiras tortuosas como acontece, naquele momento em que acontecia, era simples. Boa, fácil, assim era. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo."
(Caio F. Abreu)

Blá blá blá da autora:
Acho que todo mundo têm sonhos. Independente de qual seja, todos nós temos. Se você tentar buscar de alguma forma alguma semelhança com a realidade, não encontrará, e é aí que entra a TPOD. O propósito da fic é que você nunca desista dos seus sonhos. Determinadas coisas só dependem da gente pra se tornarem reais e nem sempre elas são fáceis. Se você já conseguiu realizar um sonho, tenho certeza que já surgiram outros. Eu como uma sonhadora constante, rs, tenho vários e nem por isso fico de braços cruzados esperando algo cair, porque isso não vai acontecer. O importante não é só conseguir alcançar o objetivo e sim valorizar o tanto que aprendemos durante o “desafio”. Aprendemos acima de tudo, lutar por aquilo que queremos. Na fiction, você deve ter percebido que a partir do momento que ela estava decidida a lutar por “seu sonho” o que aconteceu? Ele se tornou REAL! E a recompensa disso tudo, foi que ambos terminaram a estória felizes. O que eu tenho certeza que você se sentirá da mesma forma, quando realizar o SEU sonho. Obrigada por cada comentário lindo, eu sinceramente não tenho palavras pra agradecer o quanto vocês foram maravilhosas comigo. Obrigada também à Mel linda que abraçou The Power Of Dream em um momento de crise. Não fiquem tímidas se quiserem me seguir no Twitter (@MuriFernandes). Um beijo em todas vocês, COMENTEM BASTANTE e até quem sabe mais uma fic minha aqui no site! :)

Nota da beta: Não me arrependo nem um pouco de ter abraçado essa fic com o maior carinho do mundo. Foi um prazer imenso betá-la, Muri, você sabe disso :DD Qualquer coisa estamos aí!



Fanfic Living Without You
McFLY – Finalizadas (+L)



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Mel


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