Capítulo 1 - Because the sky is blue, it makes me cry

Em uma tarde de março, na cidade de Leeds, duas garotas estavam sentadas num banco de pedra em frente a uma pequena lagoa onde nadavam flutuavam nove patos marrons. No parque em que estavam barracas se erguiam com uma agilidade impressionante, e as irmãs relaxavam antes de começar “o trabalho”. A já tradicional tarefa de contribuir um pouquinho para ajudar o Orfanato de Leeds.
'O que você tá olhando tanto? Está pensando no quê?' Abby perguntou a que analisava dois patos se bicando.
'Nada, Abby.' revirou os olhos.
'Eu sou sua irmã, pode confiar em mim... Com o que está preocupada?' A menina passou o braço no pescoço da irmã.
'Eu não estou preocupada com nada... Sai!' Ela afastou Abby.
'É por causa do Steve? Não, né? Ele era ridículo, e não jogava videogame comigo...' Abby cruzou os braços irritada. 'Você tá nervosa por causa da quermesse, é isso, não é? Não se preocupe, , não é porque você é pouco experiente que...'
'QUE?' franziu as sobrancelhas. 'Que você sabe de experiência, menina? Você tem oito anos!'
'Nove. Fiz semana passada, já esqueceu?' Abby arqueou a sobrancelha.
'Foi só a festa, você só completa um ano daqui a dois dias, esqueceu?' imitou a irmãzinha.
'Ihh... Não desconta seu estresse em mim, não. Como eu ia dizendo, não vai importar sua inexperiência, só serão vendidos selinhos, e não beijos completos.'
'Cala a boca. Eu não sou inexperiente.' bufou.
'Ah, tá, então o fato de duzentos beijos estarem previstos para serem vendidos por VOCÊ é absolutamente normal, né?'
'É.' disse sem certeza.
'E o fato de serem duzentos caras diferentes também é absolutamente corriqueiro?'Ela inclinou a cabeça em desafio.
'Corriqueiro? Quem te ensinou isso, Abby?' se espantou.
'A escola, ué. E você não me respondeu.' A menina arqueou uma sobrancelha.
'É absolutamente corriqueiro, Abby.' A garota respondeu esgotada.
'E você não ter beijado nem dez por cento disso não a incomoda, não é?' Abby agora tinha se levantado e se posto em frente a .
'Que? De onde você tirou esses dez por cento?' A irmã perguntou impressionada.
'Estou errada?' Ela falou desafiante enquanto usava os dedos para conferir a velocidade do cérebro da irmã para cálculos percentuais.
'Nove.'
'Nove o quê?'
'Nove por cento. E eu não estou preocupada. Mas você sabe, eu sempre fico na barraca de tiro ao alvo, que é bem mais divertida e não envolve baba alheia.'
'Acho bom você se conformar, parece que aquela barraca ficará sob responsabilidade dos pra sempre.'
'É... Não sei por que não continuaram em Londres... tinham que se mudar para Leeds, ajudar o orfanato e ainda roubar minha barraca.'
'Você tinha que ver o filho deles, vi uma foto...' Abby se abanou.
'O que foi transferido pra Universidade de Leeds?'
'MENINAS! VENHAM AQUI!' Terry Trent chamou.
'Já vamos, mãe!' Abby gritou. 'É esse mesmo, ... Ele tem a sua idade... Vou ver se ele não tem um amigo mais velho... eu não suporto imaturidade.' Ela revirou os olhos e correu em direção a mãe.
'Mais velho? Ai, meu Deus, o que essa escola fez com você, menina...' sacudiu a cabeça e alcançou a irmã.

'Você não vai com essa roupa, né, meu filho?' Charlotte observou desaprovando sua calça, cujo cós estava na altura de sua bunda. O garoto estava dentro da geladeira procurando uma cerveja. 'E essa camiseta! Meu Deus!' A mãe arregalou os olhos para a frase estampada "But I will touch you in all the right places, If you want me too" (Mas eu vou tocar você em todos os lugares certos, se você me quiser também).
'Relaxa, mãe, eu fecho o casaco.' Ele respondeu abrindo a latinha de cerveja.
'Por favor, né, meu filho. Você sabe como essa quermesse é importante para seu pai.'
'Eu sei mãe, eu sei...' Ele disse bebendo um gole da cerveja.
'Hey! Você não pretende ir bêbado ajudar na quermesse, né?' Um homem alto e bem vestido perguntou a ao entrar na cozinha.
'Ah, pai...' bufou.
'Ah, então era por isso que segurava com as duas mãos, rapazinho?' Charlotte disse chocada. 'Dá isso aqui!' Ela pegou a cerveja e bebeu num só gole.
'Acho que já é hora de irmos...' Stuart, pai de , encaminhou-se para o carro após ouvir o estalo que sua esposa fizera ao acabar de beber a cerveja.
'Chame o Trevor, !' Charlotte pediu a . 'E não ouse pegar outra. Eu sei quantas tem.' Ela advertiu fazendo o filho fechar a geladeira e desistir de seus planos.
'TREVOR! VEM LOGO, PIRRALHO!' Ele gritou em direção a escada.
'Ai, não sou surdo... Eu só estava procurando um...'
'Que você tá fazendo com a minha jaqueta, moleque?' arregalou os olhos para o garotinho com pouco mais que a metade de sua altura usando uma jaqueta de couro que ficava gigantesca nele. 'E o que é isso?' Ele passou a mão no cabelo do irmão. 'Você passou... gel?'
'Você não disse que as mulheres de Leeds eram diferentes? Eu acho que com esse visual, eu vou conquistar todas as mulheres...' Ele ajeitou a jaqueta e fez pose de James Dean.
'Ah, vai mesmo...' parecia furioso, mas ria por dentro. Sempre achava graça das invencionices de Trevor. 'Trate de tirar isso aí.'
'CRIANÇAS! VENHAM LOGO!'
'Você não quer que eu passe frio, né, irmãozão?' Ele deu um sorriso pidão.
'Bebês ficam doentes no frio, não é?' bufou e fechou o casaco antes de sair.

'Queridas, ajudem aqui com esses dardos.' Terry pediu as filhas.
'Ok, mas...' coçou a testa.
'Tiro ao alvo não é dos ?' Abby perguntou.
'É, mas é a primeira vez deles na quermesse, e já devemos considerar uma grande atitude aceitarem ajudar só dois dias depois de se mudarem...' A mãe continuou falando sobre como eles eram bons e legais e mereciam toda e qualquer ajuda delas. Enquanto isso Abby e , acostumadas a atitude da mãe a dublavam enquanto arrumavam dardos e brindes. 'Vocês não estão me remedando, né?'
'Claro que não, Terry.' Abby disse formalmente. 'Eu estava ensaiando a fala da barraca de doces e a ... devia estar ensaiando pra barraquinha dela...'
'Eu não preciso ensaiar beijos, Abigail' falou brava.
'É você quem tá falando, ... E-não-me-chame-de-Abigail! É ABBY!'
'Meninas, por favor...'

'Onde vai ser a quermesse?' Charlotte perguntou a Stuart.
'O quem sabe, ele falou com a mulher do Joe... Onde será filho?' O pai olhou para o pelo retrovisor.
'No Hyde Park. Perto da Universidade de Leeds. O que eu vou ter que fazer lá?' O filho perguntou.
'Você vai ficar na barraca de tiro ao alvo.' Sua mãe respondeu.
'Eu? E vocês, não?'
'Não. Você e Trevor são suficientes pra esse tipo de barraca. Eu e seu pai iremos ajudar um pouco em cada barraca'
'Eu não acho suficiente um cara e meio.' ele disse impaciente. Ficar praticamente sozinho tomando conta de uma barraca significaria que ele não poderia fingir ajudar, e teria que permanecer lá o tempo todo.
'Não reclame, a filha do meu amigo Trent ficará sozinha em uma das barracas.' O pai se meteu na conversa.
'Oh, a filhinha perfeita dos Trent de novo. Nós nunca nem vimos esse cara, nem acredito que essa garota exista.' Ele respondeu e recolocou o iPod, continuou a ouvir Fight for your right to Party.
Man, living at home is such a drag.
Now your mom threw away your best porno mag (Bust it!)

[Cara, viver em casa é uma porcaria. Agora sua mãe jogou fora sua melhor revista pornô. (No flagra!)]
'Perfeito.' Terry olhou a barraca de tiro ao alvo de longe.
'Está mesmo, querida' Joseph Trent disse atrás das três. Ele era elegantemente alto e sorridente. E estava vestido de modo básico demais para alguém que ganhava mais de mil libras por semana trabalhando num dos mais importantes bancos da Europa.
'Conseguiu?' Terry perguntou ao marido.
'Claro... Nada que umas batidinhas não ajeitem...' O pai de apontou o martelo preso ao cinto.
'O que houve?' Abby perguntou curiosa.
'Uma tábua do palquinho do beijo. Estava solta. Mas já arrumei.' Ele piscou para uma assustada. ‘Em todo o caso, é melhor que não subam mais de três pessoas lá.’
'É bom mesmo, já pensou se eu caio?' Ela disse fazendo a familia rir.
'E eu falei com os Dwight, a filha deles vai revesar com você.'
'A Alyssa, pai?' bufou. Não havia perdoado Scarlett, sua amiga, por ter ido viajar bem na época da quermesse. Ela era a beijoqueira oficial das quermesses, só recebia os tickets nos intervalos do tiro ao alvo.
'Você tem que aprender a dar uma nova chance as pessoas'
'Mas...'
'Não só às pessoas de que você gosta, mas àquelas que não tem afinidade também. Parece que ela voltou bem mudada dessa temporada em Londres' ouviu com pesar a demonstração clara da ingenuidade do pai. Que patricinha do naipe da Alyssa consideraria Londres como um retiro espiritual?
'E mais: ouvi dizer que cerca de 300 pessoas vão à barraca do beijo, não acho legal você beijar 300 caras, filha.'
'Ela também não, Stuart, ela também, não. Estou certa de que se seu amigo tivesse uma filha em vez de um filho, faria de tudo para pô-la em seu lugar e ela continuaria com o tiro ao alvo.' Terry disse enquanto caminhavam para barraca de doces.
'Falando neles, estão bem atrasados para quem quer ajudar.'
'Vai ver se perderam' Abby disparou. 'O carro deles tem localizador GPS?'

'É aqui, sim, o Hyde Park.' Stuart verificava a posição no computador de bordo.
'Mas aqui não há nada, Stu.' Charlotte disse gargalhando.
'Não deve ter começado, pai... Isso porque você disse que estávamos atrasados.' Trevor reclamou verificando o penteado num espelho do carro.
'Espera. vou ligar para o Joseph.' Stuart pegou o celular e saiu do carro.
'Quem é Joseph?' Trevor se dirigiu a .
'Sei lá...'
'Ok... Ok... Desculpe, logo estaremos aí.' Stuart entrou e religou o carro, entregando o celular para a esposa. 'Beckett Park! Beckett Park! Perto da Leeds Metropolitan University.'
'É uma universidade... e de Leeds...' deu de ombros.

'Que houve?' perguntou quando o pai desligou o celular rindo.
'Ele não tinha GPS, né?' Abby disse com certeza.
'Na verdade tinha, mas estava procurando pelo Hyde Park.' Joseph riu.
'Meu Deus...' Terry sacudiu a cabeça.
'Mas que confusão... Hyyyde é bem diferente de Beeeckett...' Abby considerou absurdo.
'Também acho. Foi você quem falou com o filho dele, não foi, filha?'
'Eu não. Eu falei com o seu amigo... o . Você me disse para lhe dizer o nome, eu fiz. Becket Park, perto da Universidade... Mas acho que ele tava meio mal-humorado, sei lá...' explicou.
'Não, querida. O Joe não estava em casa ontem. Você falou com o filho dele.'
'Que seja. O moleque é desligado, então.' abanou o ar.

Meia hora depois...

'Barraca do beijo! Barraca do beijo!' contra a vontade de , Abby havia arrumado um megafone. "Para ajudar o orfanato, irmãzinha" foi o argumento dela. Se elas não se amassem tanto, podia jurar que sua irmã tinha um prazer sádico em vê-la em situações constrangedoras.
já havia dado uns trinta beijos em quinze minutos ali desde que a barraca havia aberto. Não viu a chegada dos , e Abby achou que seria mais útil ficar ali, na propaganda, do que na barraquinha de doces.
'GAROTOS BONITOS PAGAM UM E LEVAM DOIS! BARRACA DO BEIJO! BARRACA DO BEIJO' Abby gritava entusiasmada.
'Abby!' repreendeu a irmã.
'VOCÊ AÍ! PRO FIM DA FILA' Ela disse para um garoto de uns onze anos que havia comprado uns dez tickets de beijo e pretendia usar o quarto furando fila. ', eu tenho que organizar isso aqui, e a propaganda é a alma do negócio, se estiver beijando os gatos, não estará beijando os feiosos.' Ela bateu o indicador na cabeça. 'Sem preconceitos...' Ela disse para o próximo "cliente" que era mais que feioso. 'Você deve ser muito legal, mas... GAROTO BONITOS PAGAM UM E LEVAM DOIS!' Ela gritou ainda mais alto ao ver um cara que ela considerou "ideal" para sua irmã'

'Eita, que desespero, viu...' revirou os olhos ao ouvir os berros de uma garotinha em frente a barraca do beijo. 'Está aqui, um band-aid do super-homem, para curar bem mais rápido.’ Ele disse para um garotinho que tinha conseguido cortar a testa ao mirar o dardo.
'Brigado, tio' O menino agradeceu. 'Eu posso tentar de novo, tio?' Ele pediu fazendo metade da fila desistir daquela barraca.
'Claro.' Ele sorriu. 'Mas, não me chama de tio, chama de .' Ele deu uma piscadinha. Afinal, não era tão velho assim, só tinha 18 anos, não havia cabimento ser chamado de tio. Só porque estava na faculdade devia ser chamado de tio?
'Tá bom, tio .' suspirou. 'Vou atirar!' O menino avisou e atirou, direto no pé de .
'Nossa, parabéns, garotão!' quis premiar a falta de força do menino. 'Uma bola colorida pra você!' E entregou uma grande bola pro contente garotinho.
'Mas ele nem atingiu a parede!' Um garoto de uns quatorze anos reclamou.
'Quem tá aqui dentro sou EU, e sou EU que faço as regras, se EU quiser dar uma bola pra quem acerta meu pé, EU dou, e se quiser dar um pirulito pra quem atinge o centro do alvo, EU dou.' Ele disse bravo fazendo-se valer dos dois palmos a mais de altura que tinha sobre o impaciente garoto.
'.' Trevor deu um cutucão no irmão quando viu Joseph se aproximar.
'Tudo bem aí, garotos?'
'Claro, senhor Trent' Trevor respondeu logo.
'É até divertido. Quem é o próximo?' Ele se dirigiu pra duas pessoas que esperavam. Era, sem dúvida a barraca menos movimentada.

'Bastante gente vem a quermesse, não é?' Charlotte comentava com Terry enquanto bebia ponche. Pra relaxar. Não é sempre que se vai a uma quermesse filantrópica. A tensão da primeira vez era latente.
'É, é sim...' Terry respondeu entregando um pedaço de bolo. 'O pessoal daqui é bastante participativo e solidário. Você vê, todas as barracas lotadas, e só começou há 20 minutos...' Ela apontou ao redor. 'A de tiro ao alvo sempre faz um tremendo sucesso, as meninas faturam muito, o que ajuda bastante o orfanato.'
'É... Só aquela ali que não.' A senhora apontou uma das barracas. A de tiro ao alvo. 'Ah... é a do meu filho.' Ela virou os olhos.
'Er...' Terry entregou mais um pedaço de bolo. 'Não se preocupe, é porque eles ainda não pegaram o jeito...' Ela sorriu com simpatia.
'Desde quando vocês participam?’ Charlotte mudou de assunto.
‘Desde que saimos da faculdade, eu acho. Eu só não participei um ano, quando a Abby nasceu, a quermesse foi só dois dias depois do parto. Mas o Joe e a vieram. Eu fiz questão.'
'Legal...' Charlotte, constrangida, largou o copo, e decidiu ajudar, de fato, a senhora Trent.
'GAROTOS BONITOS PAGAM UM E LEVAM DOIS! BARRACA DO BEIJO! BARRACA DO BEIJO' Abby continuava sem perder o ânimo.
começava a acreditar na tática da irmã. Embora Scarlett fosse mil vezes mais bonita e simpática que ela, o movimento daquele ano estava bem maior.
'Quer alguma coisa, irmãzinha?' Abby perguntou longe do fone.
'Água?' Ela disse sem certeza.
'Tá.' Abby foi até uma "caixa de utilidades", como chamou, e pegou uma garrafa de água. 'INTERVALO DE TRINTA SEGUNDOS!' Ela berrou para e os próximos clientes. Se a irmã não desse certo como economista, podia muito bem ser treinadora de futebol ou crícket. não gastou nem quinze segundos, não porque quisesse voltar logo ao trabalho, mas porque achava aquilo tudo muito estranho, e não ficava a vontade com a situação de virar uma garrafa d’água enquanto era assistida. 'PRÓXIMO!'
'Não precisa usar o megafone de tão perto, Ab' Ela piscou pra irmã.
'Ok... HEY! VOCÊ! QUE IDADE TEM?' Abby perguntou para Trevor, que havia acabado de entrar na fila.
'Eu?'
'Não, sua sombra.' Ela disse impaciente. Três idotas sub-dez já haviam tentado burlá-la. Ela não admitia esse tipo de comportamento. 'Claro que é você'
'Onze.' Ele disse cínico.
'Claro, e eu tenho quarenta e cinco.'
'Mesmo? Está bem conservada'
'Não minta para a Abby aqui...'
'Ok, você venceu, eu tenho dez.' Ele sorriu o que pensou ser um sorriso sensual. Abby cruzou os braços demonstrando impaciência, apesar de considerar o sorriso de Trevor pra lá de bonito. Pelo menos até ver uma janelinha entre seus dentes.
'Com esse tamanho e com um dente ainda faltando, você tem no máximo sete, querido. Fora da fila.' Ela apontou a placa dizendo que só podiam comprar beijos pessoas com mais de dez anos, menos de sessenta, e que não tivessem nenhuma doença contagiosa.
'Hey, eu não tenho sete, ok? Faço nove em dois dias!' ele disse bravo e correu de volta a barraquinha de tiro ao alvo.

'Que foi Trevor?' perguntou entediado. Ninguém aceitava enfrentar fila na barraca dele. Só iam até ela se não houvesse ninguém e se todas as outras já tivessem sido visitadas.
'A idiota da barraca do beijo falou que só pode ir quem tem mais de dez anos.'
'Por que você não disse que tinha dez anos?' segurou o riso.
'Eu disse que tinha onze, até... Mas, não sei por que, ela não acreditou.’ Ele disse triste. ‘Que agitação aqui, hein...’ Ele zoou o irmão, que nem respondeu. 'Acho que devíamos arrumar um megafone como aquele'
‘Claro.’ Ele disse sarcástico.

‘Abby, quando posso ter um intervalo?’ perguntou antes de beijar um sujeito grotesto.
‘Lencinho anti-germes.’ Abby estendeu um potinho. ‘Termina essa fila e você terá sete minutos.’ Ela respondeu firme. 'INTERVALO!’ Ela gritou e não permitiu que mais ninguém entrasse na fila. ‘Não, não, volte daqui a dez minutos.’
‘Oh, não querida, não vim comprar beijos.’ Stuart explicou. ‘Queria saber onde arrumou esse megafone, estamos precisando de um desses.’
‘Está vendo aquele cara bonitão ali?’ Ela apontou seu próprio pai. ‘Ele se chama Joseph, ele poderá te ajudar.’
‘Obrigado.’ Ele foi atrás do amigo.
‘Enfim!’ desceu do palquinho. ‘Vá descansar sua voz. Eu vou andar por aí.’ Ela avisou Abby.
‘Seis minutos e trinta e sete, hein.’ Ela avisou e colocou o megafone na “caixa de utilidades”.

‘Eles não têm mais, infelizmente.’ Stuart disse a Trevor. ‘Liguem uma música para chamar a atenção, ou façam demonstrações com os brindes...’ Ele sugeriu.
‘Demonstrar como se usa uma bola, pai? Ou um bichinho de pelúcia?’ O menino perguntou com ironia.
‘Foi só uma sugestão...’ Ele se defendeu.
‘Deixa para lá, Trevor. Obrigado, pai.’ disse impaciente. A idéia de supermovimentação não era o que ele desejava mesmo. ‘Fica aqui um pouquinho, pai? Quero comer alguma coisa...’
‘Tá bom, filho, pode ir lá...’

correu pra lagoa, conferiu se ainda havia nove patos, deitou na grama e se esparramou ao sol, adorava aquele parque aquela hora do dia, a qualquer hora do dia, na verdade, mas naquela época do ano, aquela hora era simplesmente incrível, ela não sabia por quê.
‘Você tá tapando o sol.’ Ela disse quando percebeu uma sombra sobre ela. Abriu os olhos com difulcudade focando aos poucos a figura a sua frente.
‘É assim que você se bronzeia? De calça comprida e blusa de manga?’ se agachou para ficar mais perto de , que adorou o fato de ele tapar seu sol.
‘Eu iria passar uma semana em Ibiza, mas doei o dinheiro da viagem para o Orfanato.’ Ela piscou e riu.
‘Posso?’ Ele apontou para a grama ao seu lado.
‘Eu costumava compartilhar a grama com as formigas, mas acho que posso abrir uma exceção hoje.’ Ela sorriu e voltou a fechar os olhos para o sol.
‘Fico honrado.’
‘CINCO MINUTOS PARA A BARRACA DO BEIJO REABRIR! QUATRO MINUTOS E CINQÜENTA SEGUNDOS!’ Eles ouviram Abby gritar de longe.
‘Nossa. Isso que é pontualidade britânica... E eu achando que o Big Ben era opressor...’
‘Ai, odeio isso... Acho que devíamos voltar a nos guiar pelo sol, pela lua, pelas estrelas, pela fome, pelo sono...’ Ela virou para olhar pra ele.
‘Ia ser uma boa... O problema é... como as pessoas se encontrariam?’ ele arqueou a sobrancelha.
‘Como assim?’ Ela franziu as dela.
‘Em vez de “nos vemos às três” a pessoa falaria o que? “até depois do almoço?”?’
‘Pode ser...’
‘E se um é mais comilão que o outro e come antes? Teria de esperar por mais de uma hora, já pensou?’
‘Ah... Seu cérebro está viciado pela pontualidade capitalista do sistema político britânico’ Ela falou séria, soando meio brava enquanto prestava bastante atenção.
‘Hum...’ ele disse com medo.
‘Você entendeu o que eu disse? Por que EU não entendi nada...’ Ela começou a rir descontroladamente.
‘Eu também não...’ Ele riu com ela.
‘A luuuua!’ Ela falou feliz olhando pro céu.
‘A lua?’ Ele não conseguia acompanhar a velocidade do cérebro dela.
‘Ali ó’ Ela apontou um ponto do céu.
‘Onde?’ Ele apertava os olhos por causa da luminosidade e não via nada parecido com uma lua. ‘O que é? Num avião? Num balão?’
‘Não. É a lua, oras. Ali!’ Ela pegou a mão dele e apontou. ‘Às vezes acontece, não sei por que, e principalmente nessa época do ano. O sol tá lá... tranqüilo, prestes a se pôr,’ ela dizia olhando para o céu, como que contando uma história, enquanto a observava. ‘e eu olho pro céu, bem desligada, e vejo a lua, sem a imponência do outro, tímida, e parece, sei lá, que ela o admira e faz isso para compensar os dias em que não se encontram.’ Ela olhou para ele, que estava a alguns centímetros. ‘Que boba eu, né?’ Ela sorriu nervosa. Definitivamente a da barraca do beijo tinha ficado lá na barraca.
‘Não... Você fala as coisas de um jeito... er...’ sorriu.
‘Eu tenho sotaque?’ Ela levou a mão a boca.
‘Não... É... com uma simplicidade... sei lá...’
‘TRINTA SEGUNDOS PARA A REABERTURA DA BARRACA DO BEIJO.’ escutou Abby gritar ainda mais alto.
‘Eu preciso ir... hã... eu não sei seu nome. Até daqui a vinte oito minutos!’ Ela levantou num pulo e esperou pela confirmação dele.
‘Até. Ainda bem que você desistiu da abolição dos relógios.’ Ele mal acabou de falar e saiu correndo em direção a aglomeração de barraquinhas. ‘Nossa...’ abanou a cabeça e pôs os braços atrás dela, tentou curtir a tranqüilidade que sentia. Mas começou a pensar em qual seria seu nome, o que fazia ali, por que correra daquela maneira. Nossa. Há tempos ele não se fazia tantas perguntas sobre uma mesma garota. Que raios ele fazia lá deitado quando devia estar procurando uma garota, ou melhor, A garota? Ah, é claro, ele simplesmente não era do tipo que corria atrás das garotas.


Capítulo 2 - Close your eyes and I'll kiss you

‘DEZ! NOVE!’ Abby gritava olhando para os lados a procura de .
‘Abby! Pára! Não se faz contagem regressiva para...’
‘Eu achei que você iria esquecer da hora.’ Ela disse baixo enquanto uma fila se formava e sentava em seu banquinho vermelho.’ Vai dizer que meus lembretes de minuto a minuto não a lembraram?’
‘Não...’ Ela disse mal-humorada. Adorava ajudar. De verdade. Mas dessa vez o que ela realmente queria era continuar lá no gramado com o garoto bonitão de olhos brilhantes. ‘Fica um pouquinho sem gritar, ok? Você não descansou a voz como falei.’
‘Tá...’ Ela deixou o megafone de lado. ‘Se você disser com quem estava.’
‘Sozinha...’ ela fez sinal para o primeiro da fila subir. Abby pegou seu ticket, deu-lhe um selinho, ele desceu, e o próximo subiu.
‘Conta outra.’ Abby revirou os olhos e pegou o ticket de mais um cliente.
‘Acredite se quiser, eu tava sozinha e no banco que estávamos antes da quermesse.’ Ela disse sem olhar para Abby. Sua mãe e ela haviam educado Abby tão bem que ela era o melhor detector de mentiras do mundo.
‘Você estava deitada no chão, não é?’ Abby disse sem olhar para a irmã também.
‘Como sabe?’ olhou para Abby depois de beijar mais um cara.
‘E alguém deitou ao seu lado.’ Abby ela afirmou com certeza pegando mais um ticket.
‘Como...?’ parou de falar. ‘Você tá jogando, né? Falando coisas absurdas pra ver se eu falo a verdade...’
‘Então, você tá metindo mesmo, né?’ O próximo garoto a ser beijado disse se metendo na conversa. Abby sorriu vitoriosa. o beijou logo.
‘Quantos anos você tem?’ Abby perguntou interessada, quando o garoto se levantava e o próximo já subia.
‘Onze.’
‘Mesmo? Parece que tem doze!’ Ela disse surpresa.
‘Eu sou Peter.’ Ele sorriu.
‘Abby.’ Ela estendeu a mão.
‘Prazer, Abby. Você também percebeu a grama no cabelo dela.’ Ele disse curioso.
‘Foi’ ela concordou animada. ‘E há mais de um lado da roupa, do que do outro... Como se ela estivesse virada...’ Ela sorriu pretendendo parecer inteligente.
‘É mesmo!’
‘Assim, se não for incomodar, vocês podiam paquerar lá embaixo, há trabalho a ser feito aqui!’ Um homem pequeninho gritou com uma voz bem grave.
‘A gente se vê depois, Abby?’ O garoto perguntou depois de descer do palco.
‘Claro!’ Ela olhou no relógio. ‘Tenho um intervalo em vinte e quatro minutos.’

‘Voltei!’ entrou na barraquinha de tiro ao alvo. ‘Movimentado aqui, hein?’ observou Trevor e Stuart ocupados.
‘Ajuda aqui, filhão’ Stuart pediu quando os dardos se espalharam pelo chão. ‘Comeu alguma coisa?’
‘Na verdade, não.’ disse agachado catando dardos. ‘Eu conheci uma garota... interessante.’
‘É mesmo, filho?’
‘É... Ela não é nada... Er... nada que eu costumo ficar, sabe? Mas sei lá... Nem sei o nome dela... Mas acho que a verei de novo...’ Ele sorriu meio bobo.

‘Não vai falar, mesmo?’ Abby perguntou depois de permanecer 5 minutos em completo silêncio. Só beijando.
‘Você não é tão esperta, Abigail? Descobre.’
‘ABBY’ Ela disse brava. ‘Hum... Você esteve com um garoto bem gato, de olhos profundamente e sem nome.’ Ela disse observando a lua.
‘Como sabe?’ virou boquiaberta para a irmã.
‘Sério que eu acertei? Dessa vez só arrisquei.’ Ela rui contente.
‘Ele é simplesmente lindo, você tinha que ver.’ comentava como se Abby fosse Scarlett.
‘Pra te empolgar assim... O Steven era um topeira, mas era super gostoso.’
‘Que isso, menina?’ arregalou os olhos depois de beijar mais um.
‘Você não tá mais na dele, né...’ Ela abanou o ar. ‘Ah... esqueci de falar... Os vão jantar lá em casa hoje.’ Abby contou o que mãe havia lhe dito.
‘Ah... Sério?’ disse sem ânimo.
‘É, sim.’ Abby concordou. ‘Ah, o mais velho é bonito, eu já falei, eu vi por foto. Talvez não seja tão bom como o “sem-nome”, mas dá pro gasto.’ Abby pegou mais um ticket. ‘Ô se dá...’
‘Eu não era assim na sua idade.’ disse antes de beijar um “senhor” de sessenta anos, de acordo com suas palavras. Era impressionante como havia gente precisando beijar ali...
‘Você não é assim até hoje, .’
‘Ah, vai começar... Cala a boca, menina.’

‘Terry, eu preciso ir. Meu filho caiu da perna de pau.’ Reese, que estava vendendo salgados, na mesma barraca que Terry, tirou o avental e deu na mão de Charlotte. ‘Por favor, ajuda aqui. Se não fosse grave, eu não sairia.’ Ela disse e saiu correndo em socorro do filho.
‘Er... O que eu faço?’ Charlotte perguntou para Terry.
‘Hum, põe o avental, para garantir, e pergunta o que a pessoa quer, então, com o pegador numa mão, e um guardanapo na outra, você pega o salgado pedido, e entrega ao “cliente”, e agradece.’ Terry explicou pacientemente.
‘Acho que eu consigo...’ Ela disse amarrando o avental na cintura.
‘Eu tenho certeza que sim...’ Terry sorriu e continuou servindo doces.

‘O que é isso, Trevor?’ apontou o megafone nas mãos do irmão.
‘Um megafone, oras...’ Ele respondeu enquanto revirava o instrumento para descobrir como funciona.
‘Sério? Eu podia jurar que era um pássaro morto. Eu estou falando do seu rosto, idiota.’ revirou os olhos.
‘Foi assim... Eu estava pensando num meio de atrair as pessoas para a nossa barraca...’ O menino gesticulava as mãozinhas.
‘Hum...’ franziu o cenho. (n.b. semblante)
‘Ai, eu comprei pipoca.’
‘Comprou pipoca? E como isso nos ajudaria?’
‘Não... Isso não nos ajudaria, mas eu não consigo pensar com fome.’
‘Tá, continua...’
‘Foi quando eu vi que havia palhaços em cima de pernas de pau, pensei em pegar a perna de pau, mas isso não adiantaria, e eu vi que eles saiam de um trailer a uns metros das barracas, e entrei lá.’
‘Trevor!’
‘Ah, não tinha ninguém... Mas havia a maquiagem que eles usam. E eu passei. E desenhei esses alvinhos, que não ficaram muito bons, mas as pessoas lembrariam da nossa barraca.’ Ele sorriu contente.
‘Grande idéia.’ disse sarcástico para o borrão que o irmão havia feito.
‘Mesmo? Sabia que iria gostar, trouxe para você passar também, est...’ . Trevor parou de falar quando o irmão tomou o aparelho pra si. ‘Me devolve. Ouvi a mamãe e a senhora Trent conversando. Sempre essa barraca é a mais movimentada. E sempre as filhas dela quem ficam aqui. Seria um algo a mais além da pintura no rosto.’ Ele disse magoado.
‘Ah, é? Sempre? Só por causa delas? Isso é o que nós vamos ver. Toma’ mostrou como se fazia e mandou o garoto para fora da barraca. ‘Chama atenção aí.’
‘TIRO AO ALVO! TIRO AO ALVO! VENHA TESTAR SUA MIRA.’

‘Tá diminuindo, né...’ comentou com Abby ao observar a fila minguar.
‘Tá setindo falta de beijar, é?’ A irmã brincou.
‘Não, bobona, só estou fazendo uma observação. Muito feliz, aliás.’
‘É, mas não para as criancinhas do orfanato de Leeds.’ Ela fez chantagme emocional. ‘Vou pegar o megafone.’
‘Ai... Não precisa.’
‘Eu não tô achando.’ Ela subiu de volta depois de pegar mais um ticket de um cliente. ‘Estava aqui. E agora não está mais em lugar algum.’ Ela dizia desesperada.
‘Vai ver o papai precisou dele...’
‘E não nos avisou?’ Ela sacudiu a cabeça. ‘Alguém roubou... Mas quem?’ Ela começou a andar de um lado para o outro.

‘Um instantinho, Charlotte. Só vou ver o que o Joe quer...’ Terry saiu da barraca deixando uma Charlotte desesperada e andou vários metros para onde o Joseph a chamara. ‘Falou com ele?’ Ela perguntou ao marido.
‘Não, ainda não sei se é o momento certo... Ele é meio fechado, eu já lhe falei.’ Joseph sacudiu a cabeça.
‘Eu imagino... A mulher dele não é muito diferente, só que adorou o ponche da Saddie, tomou uns três ‘ Terry riu.
‘Temos que ver se nossa adega está abastecida para o jantar de hoje, então.’ Joseph sorriu eliminando o ar sério que conservava. ‘É melhor voltarmos...’

‘Pegaram! Pegaram meu megafone!’ Abby cerrou os punhos irritada. ‘Ah, mas quando eu souber quem foooi...’
‘pipipi pipipi pipipi’ O relógio de Abby apitou.
‘O que é isso?’ beijou mais um rapaz tímido.
‘É hora do intervalo.’ Ela respondeu. ‘Vamos! Vamos! Voltem daqui a sete minutos. É hora do intervalo.’ Ela dispersou a fila. ‘Venha!’ Ela puxou a mão de . ‘Me ajude a achar o megafone.’
‘Não... Calma aí, Abby. Eu já te ajudo, mas combinei de reencontrar o sem-nome, você entende, né?’
‘Ah, é?’ Ela pôs as mãos na cintura. ‘Prefere o sem-nome a mim? Tudo bem, vai lá.’
‘Não, Abby, não é isso...’ não queria magoar a irmã. ‘Tudo bem, eu te...’
‘Vai logo, . Você não espera que, algum dia, eu deixe de sair com um gostosão para ajudá-la a encontrar suas chaves, não é mesmo?’ Ela apontou a lagoa. ‘Vai logo, que eu me viro.’ Ela disse determinada.

‘Isso está dando certo, mesmo...’ O senhor falou para enquanto, finalmente, conseguiam usar os dois alvos disponíveis na barraca.
‘BARRACA DO TIRO AO ALVO! BARRACA DO TIRO AO ALVO!’ Trevor andava de um lado para o outro.
‘É sim...’ falou animado. ‘Achei que nunca conseguiríamos!’ Ele riu. E lembrou de . Não sabia o porquê. ‘Que horas são, pai?’
‘Cinco e dezesseis.’ O pai olhou no relógio.
‘Já?’ Ele lembrou que iria ver as cinco e quatorze. Aquela precisão era absurda, mas achava que se não fosse assim, não a veria. ‘Aguenta as pontas aí?’
‘Mas, filho, isso aqui tá uma loucura...’
‘Pai, eu preciso ver a garota.’ suplicou.
‘Ah, então, vai...’ Ele assentiu.

apoiava sua cabeça na mão. Todo o efeito tranquilizante da lagoa havia passado. Já escurecia, algumas estrelas já podiam ser vistas, mas mesmo assim ela estava ansiosa. Já havia contado os patos. Já tinha deitado na grama. Sentado e contado os patos. Ajeitado os cabelos. Deitado no banco e contado os patos. Sentado. Ficado em pé sobre ele para contar os patos. Certa vez ela chegou a contar dois a mais e não compreendia de onde haviam vindo. Em dois minutos ela se moveu ali mais do que havia feito em todos os anos que ia ao parque. O gostosão-sem-nome não iria aparecer mesmo? Sentiu-se mal por ter abandonado Abigail. Levantou-se e decidiu ir ajudá-la.
‘Ei!’ Ela ouviu um grito de longe e virou-se para trás. Avistou o gostosão-sem-nome escorado em uma árvore recuperando o fôlego. Parece que tinha corrido. hesitou por um momento mas foi até ele. ‘Oi’ Ele sorriu.
‘Oi.’ Ela sorriu também, mesmo se quisesse se fazer de difícil não conseguiria com aquele sorriso.
‘Desculpa, eu não pude sair na hora... E meu pai...’
‘Não, tudo bem...’ Ela ergueu a mão. ‘Vamos subir.’ Ela apontou a árvore.
‘Na árvore?’ Ele arqueou a sobrancelha.
Ela saiu de baixo da árvore, olhou pro céu por um tempo e voltou para perto dele.
‘É a nossa melhor escolha enquanto minha nave não chega.’ Ela riu e subiu. ‘Vem...’ Ela olhou para baixo.
queria esperar que ela terminasse de subir, porque, por mais simples, meiga e legal que fosse aquela garota, ele gostava de ver boas garotas, ou garotas boas, subindo lugares. E , definitivamente era boa. Quando ela se acomodou ele subiu rapidamente e sentou a pouco mais de um metro do chão.
‘Você não tem nojo?’ Ele disse quando terminou de subir.
‘Nojo? Da árvore?’ Ela ergueu a sobrancelha.
‘Não... do que pode estar aqui... cocô de passarinho... aranhas... lagartas...’ enumerou.
‘Eu podia dizer: “nojo nenhum”, mas na verdade eu não tenho esse carinho todo por cocô de passarinho e aranhas, a verdade é que eu sei que essa árvore dá frutos venenosos para a maior parte dos insetos e outros bichinhos, conseqüentemente, nenhum passarinho vem aqui... para nada, muito menos para fazer suas necessidades.’
‘Er... qual é o seu nome?’ parecia nervoso.
. Mas pode chamar de .’ Ela achou que sua explicação estava muito chata para a mudança súbita de assunto.
‘Er... Então, , quando você diz a maior parte, você quer dizer...’ Ele continuava tenso.
‘Não fica com medo, dizem que os únicos que vêm aqui são os vaga-lumes, mas, para minha sorte, nunca vi um, eles são enormes.’ Ela falou arregalando os olhos.
‘Ok, mas... tem dois bem atrás de você’ Ele foi direto e apontou para a altura da cabeça dela perto da onde havia dois vaga-lumes copulando.
‘Aaaaah!’ Ela pulou para longe dos bichinhos, para perto de , e os dois caíram da árvore, e ela passou as mãos desesperadamente pelos cabelos.
‘Calma, eles estavam se divertindo mais sem você.’ , que estava sob ela, segurou seu rosto com uma mão, e arrumou seus cabelos com a outra.
‘Desculpa...’ ela corou quando percebeu o mico que pagara, e a posição em que se encontrava. ‘É que eu, realmente, não...’
‘Tudo bem...’ pôs a mão nos lábios dela, que se aproximou mais.
O gostosão-sem-nome, além de lindo, era cheiroso. tinha certeza que aquilo a estava influenciando. E muito. Não era do tipo que se jogava de uma árvore sobre um cara. Mas era perdoável quando o cara era cheiroso. E como um feitiço, seu perfume a intoxicava de uma forma gostosa, a inebriava. Talvez fosse também a forma como ele segurava sua nuca com uma mão, e com o outro braço envolvia a sua cintura, e tocava sua pele, nos dois dedinhos aparentes de pele, depois que acabava sua blusa, antes de começar sua calça. Se ele não fosse cheiroso, ela também se encontraria naquele estado, ela concluiu ao sentir a língua dele roçando seus lábios como que pedindo para que se abrissem. E ela esqueceu Abby, barraca, orfanato, vaga-lume, árvore, patos faltantes, e até mesmo de quem ela era. Mais urgente que Abby, era aquele cara sobre o qual ela estava e que não lhe deixava muito tempo para tomar fôlego.
“SPLAASH!” Ela ouviu algo cair sobre a lagoa seguido de um grasnar dos patos. Ela se levantou imediatamente e viu dois grandes pedações de pau boiando. E, em seguida, percebeu alguém se sacudindo.



Capítulo 3 - When I say that something I wanna hold you hand

‘Socoooorro!’ Ouviu a vozinha desesperada de Abby.
‘Ai, meu Deus, minha irmã!’ Ela apertou o braço de . ‘Aguenta, Abby!’ Ela gritou para a irmã. Vá chamar ajuda!’ ela disse para um atônito pelos beijos e pelo susto.
tirou o tênis e entrou na água. Sabia que Abby não estava muito fundo, só era muito para uma garotinha de oito anos.
!’ Ela gritou antes de afundar mais uma vez.
‘Calma, querida, eu tô chegando.’
!’ Ela disse mais uma vez depois emergir de novo.
‘Aqui!’ abraçou a irmã. Ela percebeu que a profundidade dali era um pouco maior que a sua altura, se a irmã subisse nela, conseguiria respirar. ‘Tenta subir no meu ombro.’
‘Eu não vou conseguiiir!’ Ela disse nervosa.
‘Vai, sim, você é uma Trent!’ tentou injetar-lhe confiança.
‘Vou!’ Ela disse escorregando para os ombros de , que puxou todo o ar que pôde, viu a direção a que deveria andar, e firmou os pés no fundo da lagoa torcendo para que não houvesse ali nenhum bicho terrível ou gosmento. Ela tentou andar rápido, mas a água e o peso de Abby não permitiam muita velocidade. Ela precisou começar a soltar o ar, e nem o topo de sua cabeça havia atingido a superfície. Com os pulmões vazios ela começou a entrar em um desespero inevitável e lamentar amargamente por ter escolhido Tênis e não natação como esporte na escola. Agora, qual era a utilidade do Tênis? Mesmo se tivesse ali uma raquete, qual seria sua utilidade? Quando ela decidiu dar um impulso para frente, aproximando-se um pouquinho que fosse da margem, ela sentiu o peso de Abby desaparecer. Ela havia caído?
‘Abby!’ disse após sugar o ar com toda força.
‘Já a tiraram daqui, ’ Ela ouviu a voz tranqüila de , que a puxava. ‘Vem!’ Ela olhou ao redor e viu seu pai rindo com Abby no colo, e ela suspirou aliviada.
‘Obrigada.’ Ela se virou para , que estava, ela pôde notar com calma, sem camisa, só de calça.
‘Eu tirei para ficar mais ágil.’ Ele explicou quando notou o olhar da garota sobre seu tórax.
‘Eu devia ter tirado a minha também.’ Ela corou ao ouvir as próprias palavras.
‘Venha cá, querida!’ Terry estendeu uma toalha para a filha enquanto esta saía auxiliada por .
‘Obrigada.’ Ela se enrolou com frio.
‘Tá tudo bem?’ A mãe perguntou preocupada.
‘Está, está sim, e a Abby?’
‘Tá com seu pai’ Terry apontou a garotinha sentada no banco enrolada numa toalha comendo pipoca.
‘Abby!’ correu até a menina.
!’ Ela jogou o saco de pipocas no colo do pai e abraçou a irmã. ‘Obrigada, irmãzona, você salvou a minha vida.’
‘Eu não fiz nada...’ Ela deu beijinhos na cabeça de Abby. ‘Como você foi cair lá?’
‘Você viu... eu até te ajudei...’ Abby começou numa tentativa clara de desviar o assunto. ‘O gostosão sem-camisa foi te salvar....’ Ela piscou.
‘Abby. Como. Você. Foi. Parar. No. Lago?’ disse baixo e com firmeza.
‘Eu me desequilibrei com as pernas de pau, ali na descidinha para os bancos...’ Ela fez voz de coitadinha.
‘Uhm... E por que você estava sobre pernas de pau?’ cruzou os braços.
‘Para ficar mais alta e localizar o megafone.’ Ela disse como se fosse óbvio. ‘E ele estava com aquele nanico ridículo’ Ela apontou Trevor, que estava atrás de Stuart que conversava com Terry. ‘Eu tentei chutá-lo com a perna de pau, foi quando eu comecei a desequilibrar, na verdade. Para não cair sobre as barracas, eu fui procurando um caminho livre para cair na lagoa. Desculpe. Você estava com o gostosão sem-nome na hora?’ Ela perguntou preocupada.
‘Estava.’ sorriu. ‘É o gostosão sem-camisa’ Ela apontou que estava pondo de volta a camiseta branca que estava.
‘Peraí.’ Abigail apertou os olhos para enxergá-lo melhor. Para ter certeza, desceu do banco e foi em direção a .
‘Abby!’ foi atrás.
‘Ele não é sem-nome, , ele o filho dos de que te falei.’
‘O que tem eu?’ se virou ao ouvir seu nome.
‘But I will touch you in all the right places, If you want me too (Mas eu vou tocar você em todos os lugares certos, se você me quiser também). Eita...’ Abby riu da camiseta de , que cruzou os braços sobre o peito. ‘Acho que é uma indireta, hein, ...’ Abby completou fazendo a irmã corar.
‘Qual é o seu nome?’ peguntou.
. . Por quê?’ Ele perguntou curioso. ‘E como você sabe?’ Ele se dirigiu a Abby.
‘Meu pai, o Trent, é amigo do seu.’ Ela respondeu reassumindo seu ar sabe-tudo, que estivera ausente no momento queda-pânico-vergonha.
‘Ah, então...’ Ele coçou a cabeça. não podia ser a filha chatinha perfeitinha dos Trent. Não. A filha dos Trent devia ser a última criatura na face da terra que interessaria . Ou não. ‘Vocês são as filhas do Trent? Que costumavam ficar na barraca de Tiro ao alvo?’ assentiu com a cabeça. ‘E você que estava berrando com o megafone na barraca do beijo?’ perguntou a Abby, que concordou. ‘E era você quem estava beijando?’ Ele perguntou a .
‘É... Mas só porque VOCÊS nos roubaram o tiro ao alvo.’ disse ofendida.
‘Meninas, desculpem o meu filho ter causado esse alvoroço todo...’ Stuart se juntava aos três.
‘Mas o seu filho nos ajudou.’ Abby apontou .
‘Ah, sim, o filhão aqui ajudou’ Ele apertou o ombro de . ‘Eu me referia ao Trevor.’ Ele indicou com a cabeça o garoto que surgia de trás de sua perna.
‘AH! VOCÊ! SEU MOLEQUE!’ Abby, deixando para trás sua toalha, saiu corendo atrás de Trevor que fugiu assustado. ‘Eu vou jogá-lo na água para você ver o que é booom!’
‘Eu acho que ele merece...’ Stuart disse rindo antes de ir em direção a Joseph.
‘Er...’ e disseram na mesma hora. Sem motivo, não gostava de , que, sem qualquer motivo, não gostava da filha dos Trent. Mas o gostosão-sem-nome, sem a menor dúvida, estava entre suas pessoas preferidas naquele dia. E a lunática garota boa era alvo dos interesses de , disso, ele sabia.
‘Pode falar.’ Os dois disseram juntos.
‘Eu preciso... me trocar...’ indicou sem jeito para a blusa miolhada que estava transparente e colaa ao corpo. Agradeceu mentalmente por estar com um sutiã meigo branco de bolinhas vermelhas, em vez de um bege sem graça.
‘Filha, você vai ficar doente, vá para casa se trocar.’ Terry se aproximou dos dois desviando a atenção de da blusa de . ‘A gente mora aqui perto.’ Ela se dirigiu para . ‘Vá você também. Há roupas do Joe que lhe servirão bem.’ Ela disse simpática. ‘Eu trouxe roupas para Abby,’ ela voltou sua atenção a . ‘e ela vai querer ficar, eu imagino. Traumatizada ela não parece estar...’ Eles olharam para Abby que sacudia ameaçadoramente um galho em direção de Trevor. ‘E não precisa voltar, querida’ Ela acarariciou os cabelos da filha.
‘Mas, mãe...’ queria convencer a mãe a ficar, ou a voltar, ou a precisar de , apesar de querer continuar o que estava fazendo antes de dar uma de salva-vidas. Ela estava confusa.
‘Não se preocupe, em poucas horas, a quermesse acaba. A Kaylee disse que nós poderemos ir que ela coordena a arrumação final. Só faça o favor de pedir o jantar para as oito horas, e arrumar a mesa, tá bom?’ Ela disse calmamente.
‘Tá.’ sacudiu a cabeça. ‘Obrigada’ Ela devolveu a toalha à mãe.
‘Posso avisar aos seus pais que você vai com ela, ?’ Terry perguntou.
‘Por favor..’ Ele confirmou e Terry voltou a barraquinha de doces.
‘Você não precisa ir.’ disse a . ‘Se não quiser.’ Ela se sentia estranhamente envergonhada de repente. Por mais tensa que houvesse sido a ocasião do afogamento, ela já havia sido esquecida diante do fato de ela ter beijado um garoto que considerava mimado, metido, e rebelde-sem-causa. Além de ladrão de barraquinha. E isso ainda era menor do que o fato de eles estarem molhados e caminharem em direção a sua casa. Sozinhos.
‘A sua mãe pediu. E ainda me ofereceu roupas secas.’ Ele deu de ombros.
‘Não sei se vou encontrar no armário do meu pai alguma camiseta como essa.’ Ela riu e foi em direção às barraquinhas.
‘Ah, não mesmo...’ pegou seu casaco e o tênis de do chão e a seguiu.
‘Obrigada, .’ Ela deu ênfase ao sobrenome, tentando associá-lo a coisas boas, como o garoto ao seu lado.
‘De nada, Trent.’ imitou a atitude da menina.
‘Sabe. Eu achava que você era diferente.’
‘Diferente como? Mais baixo? Mais forte? Mais bonito?’ Ele disse fazendo palhaçada.
‘Eu ia dizer “mais idiota”, mas acho que estava certa.’ riu.
‘Hey!’ Ele a cutucou.
‘Pára. Isso faz cócegas.’ Ela riu.
‘Ah, faz?’ Ele parou e a segurou para fazer mais cócegas.
!’ Ela tentou dizer brava.
‘Retira o que disse.’
‘O que?’
‘Que eu sou idiota...’ Ele disse fazendo mais cócegas na cintura dela.
‘Tá... você é idiotinha.’ Ela falou baixo.
‘Retira.’ Ele a segurou forte pra cintura ainda fazendo cócegas.
‘Não...’ Ela sacudiu a cabeça.
!’ parou de rir ao ouvir uma voz estridentemente conhecida. parou de rir também e a solto.
‘Alyssa?’ e disseram juntos ao ver a figura parada com as mãos na cintura em cima do palquinho do beijo, onde dois “clientes” esperavam pelo beijo. Alyssa estava com os cabelos, artificialmente lisos e loiros, mais compridos, bem mais compridos do que a última vez que a vira. O retiro espiritual deve ter sido uma participação no “The saloon”, certamente.
Trent?’ Ela olhou com nojo para a garota. ‘Você e ?’ Ela sacudiu a cabeça balançando seus cabelos de forma assustadora.
‘Eu perdi alguma coisa?’ olhava para Alyssa e .
‘Nós namoramos lá em Londres.’
‘Nós ficamos, Alyssa.’ a corrigiu entediado. ‘E por uma noite.’ Ele completou.
Não podia ser um dia? Um dia. Não uma noite. ainda tinha a mentalidade careta que não associava automaticamente a “ficamos por um dia” as mesmas imagens que associava a “ficamos por uma noite”.
‘Não... , não minta para , ela é fragil demais para suportar...’ Alyssa se dirigia lentamente para a borda do palco.
‘Ah, por favor, Alyssa, corta essa...’ disse irritado.
‘CORTA ESSA, Alyssa!’ Abby surgiu atrás de Alyssa gritando em seu ouvido com o megafone. A fila do beijo divertia-se com a cena.
‘AAAI!’ Ela levou a mão aos ouvidos e virou-se para Abby. ’Sua pestinha!’ Ela levou a mão ao pescoço da menina.
‘A minha irmã, não, sua piranha!’ alcançou os cabelos de Alyssa, num salto, e com toda a força que pôde estalou um tapa em seu rosto. ‘Não. Toque. Mais. Nela.’ Ela pontuou as palavras com puxões de cabelo.
‘Aaaai! Ai! Ai! Meu cabeeeeelo’ Alyssa choramingou quando a soltou.
‘Vem, Abby...’ ela chamou a irmã, que desceu do palquinho e deu a mão a irmã. Nenhuma das duas viu o olhar de ódio de Alyssa. Nenhuma delas viu Alyssa pegar o banquinho do beijo. E nenhuma delas viu Alyssa erguê-lo sobre a cabeça de Abby. Mas viu. E Trevor também. E ele deu um salto sobre o palquinho. Um salto cujo sentido não entendeu por isso alertou as meninas que viraram para trás a tempo de ver Alyssa e o banquinho se estatalarem no chão. Uma tábua solta pode ser bem útil.
‘Trevor!’ Abby sorriu estonteante ao ver quem a havia protegido. ‘Sua escrota idota!’ Ela olhou pro chão.
‘Abby, não fale palavrão.’ a repreendeu.
‘Mas você disse piranha.’ Ela arqueou a sobrancelha.
‘Piranha é um peixe.’
‘Escroto faz parte do corpo humano.’
‘Dá licença’ Trevor abriu espaço entre as pessoas que as cercavam.
‘Treeevor...’ Ela sorriu com olhos brilhantes.
‘Aaaabby...’ O garotinho fez o mesmo.
Eles fizeram uma ceninha que seria clichê se não fosse com um casal de oito anos de idade.
‘Licença... Licença....’ Ouviram a voz de Charlotte. ‘O que houve? Aaah’ Ela tropeçou no megafone mas conseguiu se manter de pé. Seu copo não teve a mesma sorte. Caiu deliciosamente sobre a cabeça de Alyssa. ‘Oh, querida, me desculpe...’ ela disse sentida.
‘Aaaargh!’ Alyssa estremeceu. ‘O que é isso?’ Ela se levantou da poça escura.
‘É só refrigerante, querida. Coca-cola.’ Charlotte disse sinceramente.
‘Aaargh!’ Alyssa deu um grito estridente que afastou , , Abby, e Trevor.
‘Vocês viram a cara dela?’ Trevor gargalhava. Os outros três também.
‘Demais! Nem eu teria a sua idéia!’ Abby disse para Trevor. lançou um olhar significativo para .
‘Ela é louca.’ sacudiu a cabeça rindo.
‘Totalmente.’ concordou
‘Mas você ficou com ela...’
‘Por uma noite...’ se defendeu.
‘Ah, mas ficou...’ Abby se intrometeu.
‘Abby, não se mete. A gente vai pra casa. Até mais.’ se despediu da irmã e de Trevor.
‘Não sei o que foi mais engraçado...’ ria. ‘a Alyssa com coca-cola, a Alyssa caindo, você sacudindo a cabeça dela’ riu ainda mais. ‘A Abby correndo enlouquecida atrás do Trevor, ou você com medo de um simples vaga-lume.’
‘Hey! Eram dois. E gigantes.’ Ela ergueu as mãos se defendendo.



Capítulo 4 - You know you twist so fine Come on and twist a little closer now

‘Você tem certeza que devemos jantar na sua casa, Joe?’ Stuart perguntou. ‘Depois de toda essa história...’ ele disse envergonhado.
‘Não... Que isso... eu e a Terry fazemos questão que jantem lá... E as crianças devem me apoiar.’ Joseph apontou Trevor e Abby conversando com atenção e e , mais distantes, andando de mãos dadas.
‘Quem diria, né? Eu temia que eles se odiassem.’ Stuart disse sério.
‘Eu também esperava por isso. Para ser sincero.’ Joseph concordou. ‘Você já foi ver seu pai?’ Ele mudou o rumo da conversa referindo-se ao senhor que morava em York.
‘Já...’ Stuart demonstrou certa preocupação. ‘Ele ainda está muito triste e abalado. Mas eu acho que essa mudança nossa para mais perto dele irá ajudá-lo.’
‘Ah, com certeza... E daqui a York não chega a uma hora de carro.’ Joseph completou.

‘Então... Seus pais se mudaram para cá, para ficarem mais perto do seu avô, que mora em York, porque sua avó morreu há três meses.’ perguntou enquanto caminhavam para a casa dela. Ela estava usando o casaco dele, já que o clima havia esfriado muito com o pôr do sol.
‘Exato’ assentiu.
‘E você tranferiu-se para a Universidade de Leeds?’ Ela continuou.
‘É.’
‘E faz o que lá?’ Ela perguntou curiosa.
‘Música.’ Ele disse esperando mais uma reação você-é-idiota-vai-morrer-pobre.
‘Música? Sério? Eu não conheço ninguém que faça música.’ Ela disse impressionada.
‘É mesmo? Eu conheço várias pessoas...’ Ele disse sério.
‘Por que será?’ Ela disse sarcástica.
‘Engraçado... As pessoas não costumam achar legal...'
'Por que?' Ela franziu a testa.
'Acham desperdício de tempo e dinheiro, que não vai dar em nada, e que não consiguirei trabalho.' Ele isse apenas uma parte do que já ouviu depois de decidir fazer música.
'Ah...' sorriu. 'É que você não perguntou o que faço.'
‘Oh, desculpe, você está fazendo o que na Metropolitan?’
‘Jornalismo.’ Ela respondeu. 'Sei bem como é essa coisa de você-vai-morrer-pobre.' Ela gesticulou exageradamente. 'De que adianta morrer rica no fim das contas?' Ela riu com a idéia. ‘É aqui!’ Ela parou de andar quando estavam em frente a uma grande casa branca com detalhes azuis.
‘Bela casa!’ ela elogiou.
‘Obrigada. Entra. Fica a vontade.’
‘Humm... Bela televisão...’ Ele disse em frente a uma televisão de plasma de sessenta polegadas.
‘Meus pais acham que a televisão separa as pessoas.’ explicou.
‘Por isso compraram uma bem grande e tentadora?’ Ele ergueu a sobrancelha.
‘É a única da casa. Se tivermos que ver, será algo que agrade a todos.’ Ela disse digitando alguma coisa em um quadro de controles ao lado do interruptor da sala de TV.
‘Ah, agora eu entendi.’ Ele assentiu. ‘O que é isso?’
“There's nothing you can do that can't be done,
Nothing you can sing that can't be sung”

[Não há nada que você possa fazer que não possa ser feito.
Nada que possa cantar que não possa ser cantado.]
encarou a garota. A música vinda de lugar nenhum espalhada para todo lado começava a tocar.
‘O que é isso?’ Ele repetiu.
‘Beatles.’ Ela sorriu. ‘Sistema de som central.’ Ela informou quando viu a expressão aborrecida de . ‘É como um iPod gigante que você ouve de qualquer ambiente da casa. Mas se alguém já estiver dormindo, você pode desligar o som dos quartos.’ Ela mostrou a tela sensível ao toque. ‘Em alguns cliques...’
‘Ah, entendi, seus pais acham que ipods separam as pessoas, e esse é o único iPod da casa, certo?’ ele sorriu se achando o cara mais inteligente do mundo, e considerando aquela casa sensacional. E maluca.
‘Não.’ Ela desmanchou o sorriso do rosto dele. ‘Todos têm um iPod, que pode ser conectado por bluetooth e suas músicas podem ser ouvidas por todos. Sem compartilhamento de iPod ou tranferência de arquivo. Meus pais até acham que iPod separa as pessoas, para eles, continuar com fones de ouvido enquanto conversa com alguém é pior do que arrotar a mesa.’ Ela explicou. ‘Mas eles só perceberam isso depois de estarem viciados nos fones branquinhos.’ Ela riu. ‘Vem, vamos pro quarto.’
‘Tá bom...’ Ele disse malicioso. ‘Entendi. Chega de conversa, vamos à ação.’
‘Não’ balançou a cabeça. ‘É pra ver algo no quarto dos meus pais...’ Ele começou a subir as escadas.
‘Hum... Você gosta do proibido...’
‘Pervertido.’
‘Só por causa da minha camiseta...’ ele riu.
‘Não só, mas também.’
‘É de uma música... Um dos meus amigos da banda fez uma música para a namorada. Eu e os outros compusemos uma paródia.’ Ele gargalhou lembrando da noite que a fizeram.
‘Bobões...’ abriu a porta do quarto dos pais. O quarto era do tamanho de uma sala. Ou maior. Era muito bem iluminado decorado com cores clássicas. Havia uma foto gigante de abraçando Abby bem em frente a cama deles.
‘Nossa, eles amam vocês.’
‘Demais.’ Ela concordou. ‘Só não sei como não se envergonham de transar na frente da gente.’ Ela brincou.
‘Eeeww’ apertou os olhos com a imagem do senhor e da senhora Trent transando.
‘Não era para você imaginar, pô. Eu só fiz uma observação.’ Ela entrou no closet do pai. ‘Vem, meu pai não tem segredos.’
‘Arriscado isso...’ Ele entrou num closet normal. Normal comparado ao que se espera de um closet numa casa como aquela.
‘Hum... Camiseta... Você é grande...’ Ela analisou de alto a baixo deixando-o desconfortável. ‘Mas é mais magro que ele...’ Ela olhou com mais atenção. ’Dá uma voltinha...’
‘Ah, isso é mesmo necessário?’ Ele disse corando.
‘Ah, vamos lá, , meu cabelo tá secando e eu e estou cheirando a pato. Não quero demorar.’ Ela insistiu e ele se virou. deu mais uma checada aproveitando-se do fato de ele não perceber. Ele tinha uma bunda boa. Fato.
‘Tá, pode virar.’ Ela disse pegando um banquinho e subindo para ver as prateleiras de cima. ‘Camiseta básica. Calças. Camisa descolada.’ Ela dizia enquanto pegava algumas peças. ‘Ali que ele guarda as que não servem tão bem.’ Ela explicou ao descer. ‘Seu tênis molhou?’
‘Não. Estão sequinhos.’ Ele olhou para os pés.
‘Meias.’ Ela abriu uma gaveta cheia de meias sociais. ‘Opa. Gaveta errada.’ E abriu a de baixo. ‘Aqui.’ Ela pegou um par e pôs na pilha de roupas que segurava. ‘Hum... O que falta...’ Ela olhou pelo closet, e dele para o corpo de . ‘Cuecas!’
‘Ah, isso não é necessário.’ disse sem graça.
‘Você não usa cueca?’ Ela o olhou espantada.
‘Uso, mas...’
‘Vamos ver... Deve haver cuecas novas em algum lugar.’ Ela disse vasculhando tudo. se perguntava se o senhor Trent não teria segredos mesmo. pegou o banquinho de novo para olhar do outro lado do closet. ‘Oops.’ Ela disse quando derrubou uma caixa de papéis. ‘Saco…’ Ela disse agachando. ‘O que é isso?’ pegou uma foto.
, acho que você não deveria mexer nisso...’ colocou as roupas num pufe e agachou perto dela.
, meu pai tem um escritório. Se houvesse algo que ele quisesse esconder de mim, ou da minha mãe, ficaria lá.’ Ela continuou a mexer. ‘Oh... Sou eu. Não tinha nem um aninho...’ Ela olhou as outras fotos que haviam ali. ‘A Abby, na mesma época.’ A garota mostrou outra. Adorava fotos antigas.
‘E aqui?’ Ele mostrou um jovem casal.
‘Meus pais. Quando se conheceream no orfanato.’
‘Eles eram voluntários?’ Ele perguntou pela aparência adolescente dos pais de .
‘Não. Órfãos.’ Ela disse analisando outra foto.
‘Que?’ arregalou os olhos.
‘Meus pais eram órfãos.’ Ela olhou para . ‘Minha mãe viveu no Orfanato de Leeds, o da quermesse, dos dois aos dezoito anos. E meu pai, foi tranferido de York aos dezesseis, foi quando conheceu minha mãe, se apaixonaram, foram aceitos na mesma faculdade, se casaram, me tiveram e coisa e tal.’ Ela explicou.
‘Eles não foram adotados?’ Ele perguntou comovido.
‘Não. Sempre havia uma criança mais jovem a ser adotada.’ Ela contou o que ouvira deles. ‘Com o passar dos anos, se acostumaram ao lugar, e nem ligavam mais. Exceto quando um deles era adotado e precisava se despedir. E depois que se conheceram não pretendiam mesmo ser adotados. Meu pai tinha um irmão, dois anos mais novo, ele foi adotado. Mas não quiseram meu pai. Não sei por que.’ Ela deu de ombros. ‘Certamente não pretendiam contar ao menino que ele era adotado. Eles o levaram no dia em que o garotinho tinha onze meses.’ Ela disse com a voz embargada. ‘Era aniversário do meu pai. Maaas... Ele foi para um lar melhor, com certeza. Deve estar muito bem hoje.’ Ela sacudiu a cabeça e sorriu.
‘Ele nunca mais o viu?’
‘Não. Ele não se lembra do seu nome e, mesmo se lembrasse, os pais que adotam crianças menores de um ano podem alterá-los. Ele só tem essa foto.’ Ela estendeu a foto que antes ela analisava. viu uma criança conhecida. Não sabia de onde. Mas era conhecida.
“I might be a fool, but you might be one too maybe we're all that we needed”
‘Meu celular, já venho.’ correu para atendê-lo.
ficou olhando aquela foto muito intrigado. Era incompreensível, mas era como estar diante de uma foto de Trevor tirada trinta anos antes de ele nascer. Era loucura da cabeça dele. Só podia. Toda a agitação da quermesse havia lhe feito mal.
‘Minha mãe.’ entrou no closet desviando de seus pensamentos. ‘Para passar o número do restaurante. E disse que tem cuecas novas no quarto de hóspedes. Não me pergunte o porquê.’ Ela pediu. ‘Vamos lá.’ Ela guardou as fotos onde estavam, sobre a prateleira.
‘Tá bem?’ perguntou pondo a mão nas costas de , ao vê-la limpar o rosto.
‘Claro.’ Ela sorriu saindo do quarto. ‘Vamos, . Já são quase seis e meia, eles devem vir às oito e tudo o que fizemos foi sujeira. Ela olhou em direção aos pés deles, que estavam sujos de grama, lama.
‘Eca.’ fez cara feia ao olhar pra baixo. ‘Deve haver até gotinhas do refri do cabelo da Alyssa.’
‘Eeeeww! Se tiver um fio sequer do cabelo dela no meu pé, eu tenho um choque anafilático.’ Ela riu. ‘Aqui é o quarto de hóspedes. Procure cuecas que lhe sirvam ali’ Ela apontou o closet. ‘Minha mãe disse que tá na porta mais próxima ao banheiro. E há toalhas limpas lá dentro.’ informou. ‘Mas não vá ainda!’ Ela disse quando ele ia em direção ao banheiro. parou, e deu meia volta satisfeito.
‘Sim?’ Ele deu um sorriso malicioso.
‘Não.’ riu. ‘Eu não o chamei para pôr em prática planos não-cristãos.’ Ela abanou a cabeça.
‘Não?’ Seu sorriso desmanchou.
‘Ainda não.' Ela disse fazendo sorrirde novo. 'Eu ainda cheiro a pato.’ Ela fez careta. ‘Me ajude a escolher o jantar.’ Ela pegou o telefone da mesinha de cabeceira.’
‘Ah, eu gosto de tudo. E meus pais também, na verdade.’ Ele respondeu.
‘Não são vegetarianos?’
‘Não’ Ele sacudiu a cabeça.
‘Alérgicos a frutos do mar?’
‘Não.’ Ele pensou antes de responder.
‘Glúten?’
‘Não.’ Ele arqueou a sobrancelha.
‘Rejeição a lactose?’
‘Não.’ Ele arqueou as duas sobrancelhas.
‘Diabetes? Hipertensão? Problemas cardíacos? Uso de drogas, incluindo álcool e nicotina?’
‘Não. Não. Não.’ Ele enrugou a testa. ‘Sim. Nicotina não. Álcool sim. Toda a família. Exceto Trevor.’ Ele disse sério. ‘Fazemos parte do AA.’ Ele olhou para o chão.
‘Sério?’ arregalou os olhos, depois de “alérgicos a frutos do mar?” era tudo brincadeira.
‘Uhum... Ainda estamos no segundo passo. Mas acreditamos que vão chegar ao décimo segundo.’ Ele a olhou por um instante.
‘Vão sim...’ largou o telefone, e pegou as mãos do garoto. ‘Eu tenho certeza.’ tentou se aproveitar da proximidade mas não conseguiu.
‘Brincadeira, !’ começou a gargalhar. ‘Nós só bebemos socialmente.’
‘Ah! Seu idiota.’ Ela socou o braço dele. ‘Eu acreditei, cretino!’ Ela cravou as unhas no outro braço.
‘Ai! Isso dói.’ Ele se afastou e esfregou o local machucado.
‘É para você aprender a nunca mais me enganar. Eu sou capaz de coisas piores.’ Ela apontou o indicador para o rosto dele.
‘Hum... Mal posso esperar...’ Ele sorriu e entrou no banheiro.
‘Idiota.’ Ela disse para si mesma por adorar aquele sorriso. ‘E ele nem me ajudou a escolher.’ Ela sacudiu a cabeça.

‘Olha, Terry, desculpa por essa confusão toda. E muito obrigada, viu?’ Charlotte disse sincera, enquanto atendia duas pessoas simultaneamente.
‘Que isso, querida...’ Terry abanou o ar.
‘E, no que precisar de ajuda... Eu realmente não queria ter sujado a garota, da barraca do beijo... Eu sinto muito.’
‘Ah, não se preocupe. Aquela barraca já tinha faturado mais que o suficiente. E pelo que sei, ela arrumou confusão.’ Terry disse séria lembrando do que ouvira sobre Alyssa atacando Abby. ‘E nossos filhos se deram tão bem. Eu realmente fico contente. E o Joe também.’ Terry sorriu.
‘Ah... Eu também. A sua filha mais velha parece ser um amor, eu só ouço coisas boas dela, tanto de você e do Joseph, como em qualquer canto da quermesse. E o se dar bem com ela, é um alívio para mim. A menor, nem preciso falar, é uma influência muito positiva para o Trevor, ainda mais ele mudando de cidade e escola. Mal posso esperar para conhecê-las de fato.’
‘Ah, não se preocupe, hoje no jantar não faltarão oportunidade de vocês conversarem.’
‘Com todo esse tumulto, se você preferir que não jantemos lá hoje, tudo bem...’ Charlotte disse educadamente.
‘Imagine... Queremos sim.’ Abby sacudiu a cabeça. ‘O e a foram para minha casa, trocar de roupa e pedir o jantar. Não haverá problema algum.’ Ela assegurou a mais nova amiga.


Capítulo 5 - Hold me tight Let me go on loving you

?’ Uma cheirosa e bem vestida bateu à porta aberta do quarto de hóspedes. ‘Posso entrar?’
‘Você já está pronta?’ perguntou de dentro do banheiro enquanto entrava no quarto.
‘Não, vim pedir sua opinião sobre qual vestido usar...’ disse cínica e entrou no closet.
‘Você ainda não vestiu nada?’ perguntou.
‘Não, né... Vestir para tirar...’ segurou o riso. saiu do banheiro instantaneamente. Descalço e sem camisa. Mas a calça que vestia tinha lhe caído incrivelmente bem. ‘Brincadeirinha, !’ Ela o imitou.
‘Você tá linda.’ Ele a olhou da cabeça aos pés. ‘Não precisaria da minha ajuda para escolher um vestido...’
‘Eu tento...’ Ela sorriu. ‘E você ainda não tá pronto por quê?’ ela pôs as mãos na cintura e arqueou a sobrancelha.
‘Puxa, essa banheira aqui é muito boa, eu me distrai com meus pensamentos.’ Ele disse envergonhado. ‘E demorei para achar o secador...’
‘Vaidade é pecado, .’ Ela deu um passo em sua direção.
‘Olha quem está falando... Toda produzida...’ Ele deu um passo em direção a ela. ‘E cheirosa...’ Ele disse se aproximando do pescoço dela.
‘Hum... Você também está cheiroso...’ Ela disse repetindo o gesto dele. ‘Nem parece que entrou naquela lagoa suja...’ Ela se manteve perto dele. ‘Falando nisso, eu agradeci pelo salvamento de hoje à tarde?’
‘Não pelos dois...’ Ele fingiu estar ressentido.
‘Que dois?’ Ela franziu a testa.
‘Da lagoa... e dos vagalumes.’ Ele riu.
‘Bobo.’ Ela passou a mão nos cabelos dele. Macios.
‘Eu não era tanto...’ Ele a envolveu pela cintura com um braço, e apoiou sua nuca com a outra mão. Como fizera mais cedo. Só que com mais força. Ele aproximou seu rosto ao de o máximo que pôde sem encostar seus lábios nos dela. Enquanto matinha seu olhar fixo ao da garota que escorregava sua mão sobre o peito dele fazendo-o morder o lábio inferior. Ela sorriu querendo dizer “Eu também, sei provocar, querido.”. Ele roçou os lábios na bochecha dela, descendo até seu pescoço.
...’ sussurrou. Ele passou os lábios nos lábios dela, e depois na outra bochecha, e mais uma vez desceu até o pescoço. ‘...’ Ela repetiu puxando os cabelos da nuca dele.
‘Calma.’ Ele murmurou em seu ouvido. Ele olhou fixamente para ela outra vez e passou o indicador sobre os lábios dela. Ela o mordeu e decidiu beijá-lo. Era mais fácil manter a calma durante um afogamento do que naquela hora. Ela o beijou com toda a intensidade que queria desde que saíra da lagoa. o apertou contra o armário, mas ele, mais rápido, a girou, fazendo com que ela se sentasse onde deveria haver roupa. Ela envolveu o corpo dele com as pernas, enquanto brincava com seu cabelo com as mãos. deslizou a mão pela coxa dela, por dentro do vestido. Ela parou de beijá-lo, só para tomar fôlego, mas ele só permitiu por dois segundos, enquanto beijou-lhe o pescoço.
‘Quando que eles devem chegar?’ deu um olhar suplicante. Ela sabia o que passava em sua mente. Era o mesmo que ocorria na dela.
‘Umas... oito horas.’ Ela disse mordendo o lábio.
‘E que horas são?’ Ele ficou bravo ao notar que estava sem relógio ou celular.
‘Eu sai do meu quarto às sete e vinte.’ Ela sorriu.
‘Legal.’ Ele respondeu e voltou a beijá-la e escorregar sua mão sob o vestido. Alcançou sua calcinha, subiu mais em direção a barriga, mas não conseguiu ir além. ‘Você não podia estar de blusa?’ Ele lamentou baixo fazendo-a rir.
‘As coisas não são tão fáceis assim...’ Ela disse e beijou o pescoço dele, e desceu para seu ombro, e roçou seus lábios, como fizera antes, até a barriga do garoto.
“Ding Dong!”
‘Quem é?’ ela perguntou a assustada.
‘Deve ser alguém vendendo doces...’ Ele balançou a cabeça e tentou voltar beijá-la.
‘Leeds não é interiorana, .’ Ela disse impaciente. ‘Vem ver comigo quem é...’ Ela desceu as escadas seguida de .
‘Quem é?’ Ela perguntou sem abrir a porta.
‘É o Adam, .’ Um rapaz respondeu do outro lado da porta.
‘Adam? “”?’ gesticulou com ciúmes.
‘Ah, vou abrir...’ respondeu a Adam e mostrou a língua para .
‘Desculpa incomodar a essa hora, mas...’ Um garoto loiro, uns dez centímetro mais alto que , e uns dois anos mais velho começou a falar olhando para o pescoço vermelho de e para o peito nu de .
‘Imagine...’ ela abanou o ar e aproveitou para jogar o cabelo para frente cobrindo o pescoço.
‘É que mais cedo o correio veio, como vocês estavam na quermesse, e eu ali na frente, o Richard perguntou se eu não podia entregar a vocês. Como ouvi um barulho agora há pouco, imaginei que tivessem voltado.’
‘Ah, obrigada, Adam.’ Ela agradeceu pegando as cartas da mão dele, que olhava dela para , de para ela. ‘Er... , esse é o Adam, meu vizinho. Ele faz teatro na Metropolitan. Adam, esse é o , filho de um amigo do meu pai. Ele faz música na de Leeds.’
‘Prazer.’ Adam estendeu a mão.
‘Prazer.’ o cumprimentou com firmeza.
‘A gente se vê, Adam.’ tentou fazer o rapaz se tocar.
‘Tchau...’ Ele saiu em direção a própria casa.
‘Ele não tirava o olhou de você.’ observou bravo enquanto verificava as correspondências.
‘De VOCÊ, você quer dizer, né?’ riu.
‘Ele devia estar pensando o que você fazia com um cara sem camisa.’
‘Ele tava pesnando como um gostoso como você desperdiçava o tempo com uma garota.’ olhou para que se estufou ao ouvir “gostoso”. ‘O Adam é gay. E ouvir “ele faz música” deve estar proporcionado a ele horas de fantasia.’ gargalhou.
‘Sério?’ disse em choque. ‘Porque você não disse que eu fazia administração, então?’
‘Eu tenho que valorizar minhas conquistas.’ disse vaidosa. ‘Uma carta do orfanato de York.’ estranhou analisando uma das correspondências.
‘Para quem?’
‘Meu pai.’ analisou mais a carta, vendo-a contra a luz. ‘O que será?' Perguntou mais a si mesma que a . ‘Ele também ajuda o Orfanato de York?’ sugeriu. ‘Não. Só o de Leeds.’ tentou fazer alguma conexão com as informações que tinha. Não era a primeira vez que via o envelope timbrado do orfanato, só não lembrava onde e quando o havia visto. ‘Eu quero abrir...’ Ela disse curiosa.
‘Esquenta que descola. Temos algum tempo.’ Ele olhou o relógio do hall, também estava curioso.
‘Tá. Eu abro, e leio o que é, depois a gente cola...’ Ela aceitou a idéia de imediato e seguiu para a cozinha. ‘Vai arrumando a mesa, depois a gente volta onde parou.’ fez referência a diversão do closet.
‘Combinado.’ Ele disse feliz.
‘Minha mãe disse que jantaríamos lá fora, no jardim dos fundos.’ Ela apontou uma outra porta. ‘Pegue o sousplat na primeira porta, os pratos fundos na segunda, em baixo deles estão os rasos, e tem toalha naquela gaveta, escolha uma cor de pêssego, não esqueça dos guardanap...’
‘Eu abro o envelope, e você arruma; depois eu vou te ajudar.’ sugeriu.
‘Tá, vai rápido, e se queimar a carta, você morre.’
‘Tá bom, eu sempre faço isso, .’ Ele disse confiante.

‘Abri. Quer que eu leia?’ saiu da cozinha dois minutos depois, enquanto já arrumava as taças.
‘Não, dá aqui.’ Ela pegou a carta de sua mão e sentou em uma espreguiçadeira. acompanhava os olhos dela correrem de um canto ao outro do papel.
‘O que houve?’ Ele perguntou ao vê-la chegar ao fim da página.
‘São informações do irmão do meu pai. E parece que meu pai entrou em contato com a suposta família que o adotou.’
‘É mesmo? E o que diz sobre seu “tio”?’ ele fez aspas com os dedos.
‘Ele era sangue O negativo, cabelos castanhos, pele clara, nascido dia doze de agosto de mil novecentos e sessenta e um, teve...’
‘Que dia?’ perguntou assustado.
’Doze de agosto de mil novecentos e sessenta e um.’ Ela repetiu.
‘Nossa, meu pai nasceu nesse dia.’ informou.
‘É mesmo?' estranhou. 'Seu pai é adotado?’ perguntou surpresa.
‘Não que eu saiba, mas...’ vasculhou a memória atrás de algum dado suspeito ou alguma evidência.
‘Mas?’
‘Ele tem duas irmãs mais velhas. Que são ruivas. Como meu avô é. E como minha avó era.’ Ele se surpreendeu por só dar atenção a isso agora. ‘Minha vó sempre dizia, que ele era a benção que Deus havia lhe enviado. Eles sempre quiseram um menino. E minha mãe nunca permitiu que eu ou o Trevor perguntassemos sobre fotos dela grávida do meu pai, como havia da tia Margot, e da tia Kirsten. Disse que fora uma gravidez muito difícil a do meu pai.’
‘Você acha que...?' não terminou de falar.
‘Não sei... O que diz sobre seu pai entrar em contato com a família?’
‘Nada. Diz que a família já indicada em outra carta, era a única a ter adotado um bebê com essas características no dia do aniversário do meu pai.’
... Que outras correspondências Adam te entregou?’
'Pega lá!’ Ela pediu enquanto relia a carta mais vezes até voltar, cinco minutos depois, com um bolinho de cartas. Ele também havia posto a camisa, pôde notar com certo pesar.
‘Aqui...’ entregou as cartas e sentou ao seu lado. ‘E, eu tomei a liberdade de pegar aquela caixinha.’ Ele acrescentou corando.
‘Tudo bem. Conta, conta, propaganda, propaganda, só. E aí?’ Ela perguntou para que via a foto do irmão de Joe. ‘Foto... Eu... Abby...’ Ela olhou para . ‘Parece seu pai?’
‘Eu achava parecido com o Trevor, mas, agora... eu lembro de algumas fotos do meu pai mais velho que nessa, e parece muito.’ Ele respondeu enquanto ela identificava os papéis na caixinha. Cartas da mãe dela, cartões postais. E achou uma carta cujo remetente era de York.
‘Aqui diz...’ Ela tentou ler rapidamente.
‘O que diz?!?’
‘Que o garoto já é um homem, casado com filhos, que mora em Londres, mas que ele, o pai adotivo, que é quem está escrevendo a carta, não sabe dizer se é o mesmo homem que meu pai procura.’
‘E qual é o nome desse pai adotivo?’ pegou o envelope. '.’ Ele disse surpreso. ‘É meu vô. Meu pai é adotado. Ele sabia?’ correu os olhos mais rápido pelo conteúdo da carta.
‘Sabia. Mas não era algo muito comentado. Ele preferia que isso ficasse entre eles.’ Ela respondeu e encarou .
‘Acho que somos primos, então...’ Ele concluiu deitando na espreguiçadeira.
‘Isso é um problema?’ perguntou nervosa deitando ao seu lado.
‘Para mim, não...’ Ele olhou para ela.

‘Acho que podemos ir...’ Joseph disse ao ver a sua família e a de Stuart reunida. ‘Eu vou na frente, e vocês seguem meu carro, ok?’ Ele perguntou para o amigo.
‘Tá bom. Trevor, venha. Você e a Abby já já continuam a conversar...’ Stuart chamou o filho.
‘Até mais...’ Charlotte disse a Terry que entrava no carro.
‘Pai?’ Abby chamou quando os três já estavam dentro do carro. ‘Você acha que tem algum problema primos namorarem?'
‘Não, filha, a menos que sejam criados como irmãos...’ Joe virou-se para trás.
‘Que bom.’ Ela respondeu encostando no banco e pondo o cinto.
‘Por quê?’ Terry perguntou curiosa.
‘É que o Trevor ouviu uma conversa dos pais. Soube que o senhor Trent é adotado. E, bem, eu acho que o Trevor parece demais com o seu irmão na foto da caixinha do closet.’ Abby uniu rapidamente os fatos. ‘E eu não acredito em coincidências.’ Ela disse convicta enquanto os pais se olhavam.

?’ chamou depois de uns minutos.
‘Hum.’ Ela manteve o olhar entretido nas estrelas
‘Nós precisamos colar o envelope?’
‘Não. Vai ser o principal assunto do jantar de qualquer forma.’ Ela respondeu sem olhar para ele.
?’
‘Hum.’
‘Você acha que a lua pode aparecer ao mesmo tempo que o sol em várias épocas do ano, não só de vez em quando?’
‘Tudo é possível.’ Ela olhou para ele. ‘Por quê?’
‘Porque quero poder te olhar, te admirar, sempre que quiser, e não só de vez em quando.’ Ele disse num tom baixo.
‘Você pode.’ Ela se aproximou para beijá-lo, mas parou antes de antingir seus lábios. ‘Eu não esqueci onde paramos lá no closet, mas há coisas demais na minha cabeça para eu me concentrar no que é bom.’ Ela sorriu.
‘É, na minha também. Mas depois...’
‘Depois, tudo é possível.’ Ela riu do modo piegas que a frase saiu de sua boca.

FIM

N.a.: Espero que tenham gostado do final, para quem a acompoanhou em andamento, e da fic, para quem leu de uma vez.
Essa fic foi escrita há mais de um ano para um Challenge.
Como eu não ganhei, decidi mandar agora.
O nome da fic é um trecho a música Something dos Beatles e significa "o jeito que ela me fascina".
Opinem, critiquem, fiquem à vontade para deixar comentários na caixinha, ou entrar em contato por e-mail ou twitter.
Obrigada a todas que comentaram, comentários me deixam muito feliz.
bjobjo
Mimi
p.s.: Para ver os comentários antigos, clique aqui.
Nota da Beta: Adorei o final, Mimi *-* Eu sempre fico triste quando uma fic acaba e poxa, não vou poder betar mais D:
Enfim, para qualquer erro: arianeav@gmail.com ou @anepoynter. Avise diretamente a mim, obrigada! xx

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