Autora: Luiza S.
Beta-Reader:Sarah C.
Prólogo

Se você é uma daquelas garotas que esperam por um príncipe encantado montado num cavalo branco como nos contos de fadas, adora assistir filmes de comédia romântica, ler livros do Nicholas Sparks ou, até mesmo, acredita fielmente no romance do Romeu e Julieta... Pare de ler isso. Essa não é outra história de amor meloso, não haverá nenhum “E viveram felizes para sempre” no final. Sério, apenas... Pare. Por que você continua lendo isso?! Bom, depois não diga que eu não avisei.

Capítulo um – Single and happier than never!

POV'S:

Eu odeio o dia dos namorados. Eu realmente não entendo o que as pessoas veem de tão especial nesse dia. Ele é apenas como qualquer outro! Bom, tirando o fato de quase a cidade inteira ficar infestada de balões em formato de coração e os casais do planeta inteiro ficarem em evidência...
Meu ponto é: Eu estou solteira. Na verdade, eu nunca me apaixonei. E quer saber de uma coisa? Eu estou ótima! Sério, eu estou ó-t-i-m-a!
Esse feriado, que nem feriado realmente é – não serve nem para dar folgar do meu trabalho – não passa de um gigantesco e maldoso golpe de marketing. Isso mesmo! Os comerciais, os cartões, os aumentos dos preços nas lojas... Qual é! Eu estou perfeitamente bem sem um homem pegajoso ao meu lado e sem ter gastos com, como por exemplo, comprando uma cueca estúpida, para um suposto namorado estúpido, nesse estúpido dia.
Mas, do ponto de vista da minha irmã Michelle... Eu não passo de uma encalhada infeliz. O que é uma grande injustiça! Não é porque eu não estou grávida de seis meses do meu marido modelo, como ela está, que eu não sou feliz. Eu sou uma mulher sucedida no meu trabalho e eu amo isso! Não dou a mínima para o que os outros pensam.

POV'S Danny

Não acorde, não acorde, não acorde... Repeti mentalmente enquanto fechava a porta do quarto com toda cautela possível. Comemorei silenciosamente enquanto andava na ponta dos pés pelo tapete de oncinha que cobria os azulejos do chão da sala.
- Danny? Você está aí? – chamou uma voz feminina e sonolenta do quarto.
Xinguei baixinho e corri até a porta, cobrindo a boca com as mãos para não rir alto.
- Eu te ligo! – eu menti antes de fechar a porta.
Calcei o par de sapatos dentro do elevador, equilibrando-me num pé só. O elevador parou no primeiro andar e a porta se abriu. Uma loira com um enorme decote segurando um filhote de poodle com pelo cor de rosa entrou. Endireitei-me e dei um sorriso malicioso, olhando-a dos pés a cabeça. Ela parou ao meu lado, olhando para frente.
- Ô, lá em casa! – eu disse, erguendo as sobrancelhas e passando minha língua pelo meu lábio inferior.
A mesma olhou-me e soltou uma risada fina. O elevador parou e a porta se abriu. Dei uma piscadela antes de sair.

Fiz um sinal de positivo com a mão para o carro e passei em sua frente, correndo. Meu celular começou a vibrar no bolso de trás da calça jeans e eu o atendi, desviando das milhares de pessoas que andavam em diferentes direções pela causada. Era George, meu amigo.

“Fala, viado!"
“Ta se aproveitando de mais uma pobre e burra mulher ou pode falar?”
“Cara, eu não faço ideia onde estou! Acordei num hotel com uma ruiva do meu lado... Tudo o que consigo lembrar é que ela chorou depois do sexo. Você acredita?!”
George riu alto.
“Cara, eu já estou me arrependendo do que irei te dizer... Mas a Michelle irá me matar se eu não conseguir ninguém! Ela irá fazer numa festa de dia dos namorados aqui em casa mais tarde e...”
“Eu estou dentro.”
“O quê? Eu nem terminei!”
“Que seja cara! Eu estou dentro.”
“Tudo bem, então. Mas, você precisa saber que... Bom, você irá especialmente pra fazer companhia pra irmã dela, . Ela é meio que encalhada e...”
“Ela é gostosa?”
“O quê? Não vou responder isso! Ela é minha cunhada, seu retardado!”
“Ela é gostosa ou não? Se você não me responder não irei.”
“...”
“Que seja, cara! Eu tenho mesmo outra festa pra ir, e...”
“Cala a boca! Você vai, ouviu? E, sim, ela é bonita.”
“Bonita ou gostosa?”
“Vai se foder, Danny! Se você não aparecer eu irei espalhar pra todo mundo que você tem AIDS.”
“WOW, não precisa ser grosseiro! Eu irei, ok? Eu irei!”
“Acho bom. Tchau.”
“Tchauzinho, Georginho da Cheeelle!”
“Vai se fod...”
Desliguei, rindo.

Capítulo dois – Welcome to the club!

POV'S

- Sério? Uma festa? – eu disse mal humorada observando Michelle encher um balão em forma de coração com sua própria boca.
Ela deu um nó para o ar não fugir de dentro dele e o jogou no chão.
- Eu estou sensível, ok? – disse Michelle melosa, alisando a própria barriga, pensando na pequenina filha Anabelle que estava por vir.
- Você sempre foi sensível. – eu disse com sarcasmo.
- E você sempre foi azeda! – ela retrucou.
Revirei os olhos e levantei-me da cadeira.
- Sério, . Não é porque o papai e a mamãe não deram certo... Que você também não irá dar. Você tem vinte e quatro anos! Merece amar alguém e ser amada de volta, não acha? – disse Michelle franzindo o cenho, visivelmente preocupada.
- É, claro. – eu disse de má vontade. – Enfim, mais tarde eu dou uma passada aqui, ok? Mas nada demorado... Amanhã acordo cedo para trabalhar.
Ela meneou com a cabeça.
- Sempre o trabalho, sempre o trabalho! – disse Michelle impaciente.
Mostrei a língua.

POV'S Danny

- Grande noite, não, Mrs. Jones? – disse Frank, o porteiro do meu prédio.
Olhei-o, com um sorriso largo nos meus lábios.
- Sim, senhor! Como eu estou? – eu perguntei, dando meia volta, segurando as abas do paletó.
Ele riu.
- Com todo o respeito, Mrs. Jones... Eu gosto de mulher. – respondeu Frank brincando.
Assenti, rindo.
- Nós dois gostamos! Nós dois! – eu disse, descendo as escadas da portaria. – Deseje-me sorte!
- Como se você precisasse, certo? – disse Frank, erguendo uma sobrancelha.
Dei um sorriso convencido, fechando a porta, e saí do prédio.

Ajeitei os cachos do meu cabelo pela última vez, olhando-me no retrovisor de um carro qualquer que estava estacionado em frente à casa de George, e toquei a campainha. A porta abriu e ele apareceu com uma tiara com duas antenas de mola e com corações nas pontas.
- E aí, Danny Boy! – disse ele alteradamente alegre, abraçando-me.
Bom, se nada desse certo, pelo menos havia bebida de graça.
- E aí, cara! – eu disse, afastando-me e rindo.
- Entra, entra! – disse George, fazendo gestos exagerados e fechando a porta atrás de si.

A casa era espaçosa e muito bonita. Vários balões em formato de corações e fitas vermelhas, brancas e rosas estavam espalhadas por todos os cantos e a música “Let’s get it on” do cantor Marvin Gaye tocava ao fundo. Logo que entramos, os convidados nos olharam com cara de poucos amigos. Definitivamente, a festa não estava indo... Muito bem.
- Preciso beber. – eu disse, erguendo as sobrancelhas.
- Ei, antes disso... Lembra-se do combinado? A garota esta no sofá. , tudo bem? – disse George, apoiando-se no meu ombro, com a voz arrastada.
- Oh, certo! – eu assenti.
- Tenha cuidado! – gritou ele.
Olhei-o e fiz um sinal de positivo com a mão, dando uma piscadela. Caminhei até o sofá, recebendo sorrisinhos maliciosos das mulheres que estavam sem companhia ao meu redor.
Iria ser moleza! Afinal, quem gosta de ficar sozinho no dia dos namorados?

Capítulo três – Deal or no deal?

POV’S

Olhei para o meu pulso, o relógio marcava nove horas em ponto. Nove e meia no máximo eu iria sair dali. Não iria aguentar mais uma hora ouvindo Celine Dion.
- O que uma moça tão linda está fazendo sozinha? – perguntou uma voz masculina ao meu lado.
Revirei os olhos antes de olhar para ver quem seria o babaca da vez. Era um homem alto, de cabelos cacheados, olhos azuis, vestido com uma calça jeans escura e um paletó por cima de uma blusa social vermelha. Vermelha? No dia dos namorados? Qual é, não poderia ser mais sem originalidade!

- Perdão, eu lhe conheço? – eu perguntei, franzindo o cenho.
Eu estava certa de que aquele rosto repleto por sardas não me era estranho...
O mesmo deu um sorriso largo e sentou-se no sofá ao meu lado, cheio de si.
- Acho que não, mas isso não será um problema. Prazer, Danny Jones. – apresentou-se tomando minha mão e a beijando.
Estreitei meus olhos.
- Não, não... Eu literalmente lhe conheço. Você fez escola em Bolton, não é? – eu perguntei.
Danny paralisou.
- B-Bom...
- Você era careca! E suas orelhas... - levei minhas mãos até minhas orelhas e apontei meus dedos indicadores para os lados, rindo – Eram desse jeito! Certo? Claro! Daniel Jones!
Ele abriu a boca, mas logo em seguida a fechou. Danny deu um sorriso amarelo.
- É, certo... Legal, você me conheceu de antes. – disse ele, selando os lábios um contra o outro, sem graça.
Assenti brevemente com a cabeça e tomei um gole de ponche.
- Eu frequentei a mesma escola que você. Minha mãe se mudou para lá por um tempo quando... Que seja! – eu revirei meus olhos – Meu nome é .
Danny assentiu com um sorriso leve nos lábios e analisou meu rosto, sereno. Virei de frente à mesa de centro, segurando o copo no meio de meus joelhos, firmemente. Ficamos um tempo em silêncio, olhando para os outros ao nosso redor.
- Vamos fugir. – sussurrou ele de repente, levando sua boca à minha orelha.
Abaixei meu olhar para o copo que segurava, sentindo um arrepio percorrer por cada centímetro do meu corpo. Ergui os olhos e o fitei.
- Fugir? Para onde? Sua casa? – eu perguntei com desdém.
O rosto estava a centímetros do meu.
Danny sorriu maliciosamente.
- É uma ótima ideia... – disse ele suavemente, olhando nos meus olhos - Mas, infelizmente... Não.
Ergui meu queixo e forcei um sorriso.
- Ótimo. Por que nem morta eu iria. – eu disse, lançando-lhe um olhar cortante e virando mais uma vez de frente a mesa.
Danny riu. Eu o olhei com as sobrancelhas erguidas.
- Sabe, isso... – eu apontei para mim e logo em seguida para ele – Nunca irá acontecer!
Ele estreitou os olhos e tombou a cabeça para o lado. Danny deu um sorriso no canto da boca.
- Eu sabia! Você é lésbica. – disse ele, fitando-me intrigado.
- O quê? Não, eu não sou! – eu disse irritada.
Ele se virou de frente para mim.
- Então, você tem duas opções. A primeira, e a melhor, é sair daqui comigo e ter um dia dos namorados que você jamais irá ter igual. Ou... A segunda, e a pior, é ficar aqui, ouvindo Julio Iglesias. - disse Danny, fazendo uma careta de nojo.
Franzi o cenho, fitando-o.
- Eu odeio o dia dos namorados, então, de qualquer forma... Não irá funcionar. – eu disse o desafiando.
Ele enrugou os lábios e os entortou, desviando o olhar para qualquer canto da sala, pensativo.
- Certo. Mas... E se eu lhe dissesse que tenho uma aposta para lhe propor? – perguntou Danny como não quer nada.
- Eu iria dizer que você é um babaca. – eu respondi.
Ele riu.
- Eu aposto dez dólares que até o final da noite de hoje você irá me beijar. – disse Danny com um sorriso travesso brincando nos lábios.
- Sem chance. – eu disse, erguendo uma sobrancelha.
Nossos corpos estavam inclinados em direção ao outro, sem percebemos. Ele endireitou a postura e suspirou, virando o rosto. Sorri vitoriosa.
- Pó, pó, pó... – começou Danny a imitar uma galinha.
Encarei-o, com cara de poucos amigos. Ele fingiu bater asas. Revirei meus olhos.
- Cinquenta dólares, então. – eu disse.
- Fechado. – disse Danny de imediato.
Neguei com a cabeça, já me arrependendo. Ele deu um sorriso largo e se levantou.
- Minha irmã não irá gostar se eu sair desse jeito... – eu disse, levantando-me também.
- Não se preocupe. Eu sou amigo dela. – disse Danny com brandura, estendendo a mão.
- Então por que eu nunca o conheci? – eu perguntei achando estranho.
Ele meneou a cabeça.
- Sou mais amigo do George, que seja! – disse Danny rindo.
Estreitei meus olhos e neguei com a cabeça, rindo.
- Certo, vamos dar o fora daqui. – eu disse, dando de ombros e tomando sua mão.

Capítulo quatro – Rules are rules!

POV’S

- Espera. – eu disse, soltando sua mão logo que saímos da casa.
Danny virou-se de frente a mim e colocou as mãos dentro dos bolsos de frente da calça jeans que usava.
- O quê? Já amarelou? – perguntou ele com sarcasmo.
Coloquei as mãos na cintura, encarando-a séria. Danny riu.
- Pó, pó, pó...
- Cala a boca! – eu disse irritada.
Ele gargalhou. Uma gargalhada escandalosa, desenfreada, nunca havia ouvido igual aquela. Ri também, inevitavelmente. Danny franziu o cenho para mim e eu fiquei séria de novo.
- Não é isso, ok? Nós temos que estabelecer algumas regras. – eu disse.
- Ok, eu tenho uma. – disse ele, cruzando os braços.
Esperei.
- NÃO HÁ REGRAS! – gritou Danny. – Qual é! Regras são chatas!
Eu revirei os olhos.
- Sem chance de eu sair com um estranho sem regras. – eu disse.
Ele abriu a boca, ofendido.
- Eu não sou um estranho! – disse Danny indignado. – Você sabe meu nome!
Bufei.
- Bom, eu sou amigo do George! – disse ele, apontando para a casa.
- É, é, é... Que seja. – eu disse impaciente. – Você vai me ouvir ou não?
Danny cruzou os braços, emburrado.
- Certo. Primeira regra: Sem álcool. – eu disse, apontando meu indicador para seu rosto.
Ele abriu a boca para protestar, mas eu fui mais rápida.
- Segunda regra: Sem nudez. – eu disse.
- O quê?! Que espécie de dia dos namorados é essa?! – perguntou Danny, erguendo os braços, perplexo.
- Terceira regra: Ahn... Eu não sei, mas eu irei pensar em uma mais tarde. Tudo bem? – eu perguntei, estendo a mão.
Ele a olhou de má vontade. Danny a apertou de qualquer jeito.
- Ótimo! Vamos lá. – eu disse descontraída e saí andando na frente.

POV'S Danny

- Então... Em qual série você estava na escola em que estudávamos? Eu acho que não me lembro de você... O que é totalmente estranho, porque geralmente eu me lembro de garotas maravilhosamente lindas como você. – eu disse, observando-a atentamente.
Ela olhou para a calçada e riu antes de me olhar.
Andávamos um ao lado do outro, sem destino. A cor vermelha destacava-se em todos os cantos da cidade, assim como figuras de corações de todos os tipos.
- Eu só estudei em Bolton na oitava série. Eu andava com duas garotas magricelas assim como eu... Uma loirinha de cabelo curto e uma de cabelo longo e preto que todos os dias fazia um penteado novo... – contou nostálgica.
Franzi o cenho, com alguns flashes de memórias surgindo em minha mente.
- Espera! Você é a ? A garota que todos os garotos e professores da escola sonhavam em ter? – eu perguntei desacreditado.
Lembrava-me perfeitamente dela andando no pátio, sempre com suas duas amigas ao seu lado, as três andando em câmera lenta, com os cabelos voando...
- O quê? Isso não é verdade! Nem todos os garotos gostavam de mim e muitos menos os professores. – disse rindo, jogando charmosamente o cabelo de lado.
- Sim, é verdade! – eu afirmei, arregalando meus olhos.
Ela parou de andar e estreitou os olhos.
Casais andavam em diferentes direções ao nosso redor na calçada.
- Você gostava de mim? – perguntou olhando nos meus olhos, com um sorriso divertido em seus lábios.
- O quê? Não! Claro que... Sim. – eu admiti, revirando meus olhos.
Ela ergueu as sobrancelhas e tampou a boca com as mãos, dando uma risada abafada logo depois.
- Eu era um completo perdedor! Andava com o meu violão pra cima e pra baixo...
- É, eu me lembro! – disse assentindo com a cabeça.
Franzi o cenho.
- Quero dizer... Não que você fosse realmente um perdedor... Eu me lembro de você sempre estar com o seu violão, sabe. – disse ela, coçando a testa, sem graça.
Nós rimos.
colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e continuou a andar. Eu acompanhei.
- Então, nós lembramos um do outro... Isso é estranho. – eu disse, meneando com a minha cabeça.
- É, eu sei! – concordou ela.
Paramos na esquina, esperando o sinal fechar.
- Uma rosa para sua namorada? – perguntou um senhor surgindo ao meu lado, segurando um boque de flores.
Olhei para . Ela negou com a cabeça com veemência, com as bochechas coradas.
- Não, não preci...
- É, claro! – eu disse, dando um sorriso largo ao senhor.
Perguntei quanto era e o paguei, enquanto olhava para o lado oposto, com as mãos dentro dos bolsos do casaco. O senhor agradeceu e saiu andando, logo depois parando um casal que passava por ali.
- Feliz dia dos namorados. – eu disse, estendendo minha mão.
Ela olhou para mim envergonhada.
- Sério, não precisava. – disse , dando uma risada desconcertada.
- Você realmente vai me obrigar a fazer isso? – eu perguntei.
Ela franziu o cenho, sem entender.
- MEU DEUS, MULHER! EU FAÇO OK? EU FAÇO! – eu gritei.
arregalou os olhos enquanto me observava ajoelhar no chão.
- Não... Não... Não ouse... Daniel! – disse ela entre dentes, desesperada.
- Tudo pelo amor, não é mesmo? – eu disse para uma senhora que passava que me retribuiu com um sorriso meloso.
cobriu o rosto com as mãos.
- Aceitando essa rosa... Você aceita também meu coração. – eu disse dramaticamente.
As pessoas ao nosso redor agora suspiravam e batiam palmas. encarou-me com os lábios selados um no outro. Ela pegou bruscamente a flor e saiu andando.
Eu ri e fiz uma rápida reverência para meu público, apressando-me a alcançar logo depois.
- O quê? Foi engraçado! – eu disse, ficando de frente a ela e andando desengonçadamente de lado.
Ela deu uma breve olhada para mim, ríspida.
- Eu te odeio tanto! – disse , fechando os olhos com força.
Eu ri.
- Sabe o que é isso? Fome. – eu disse.
Ela parou de andar e me encarou séria. Ficamos nos olhando por um tempo em silêncio.
- Você paga! – disse zangada, apontando seu dedo indicador para o meu rosto.
- Fechado. – eu disse, dando um sorriso largo e erguendo a mão, esperando por um HI5.
Ela revirou os olhos e saiu pisando forte.
Eu ri.
- Oh, vai ser tããão fácil! – eu disse.

Capítulo cinco – Love... Who?

POV’S

Afundei no banco estufado, olhando atentamente para o cardápio que eu segurava em frente ao meu rosto.
- Ei, , olha para mim! – disse Danny alegremente.
Abaixei o cardápio e o olhei impaciente. Ele gargalhou olhando para a ponta do próprio nariz, que estava coberta por um círculo de espuma cremosa. Não me contive e ri de sua adorável infantilidade.
- Isso! Ria! Hoje é dia dos namorados! – disse Danny, erguendo os braços e dando um grito de animação.
- Cala a boca! – eu disse, agarrando seu braço.
Um tipo de corrente elétrica percorreu pelo meu braço de imediato com o contato. Eu o larguei como se tivesse acabado de tomar um choque.
Ele acompanhou minha mão se afastar com o olhar, parecendo ter sentido o mesmo. Voltei a olhar para o cardápio, sem graça.
- Eu odeio esse dia. – eu murmurei.
- É, eu também. Não acredito em toda essa baboseira de amor eterno, sabe. – disse Danny repentinamente cauteloso. – Simplesmente não existe isso.
Ergui meu olhar e o fitei.
Nós estávamos na loja Starbucks, numa mesa que ficava no meio do corredor. As pessoas riam e tiravam fotos, incluindo os vários casais que se beijavam apaixonadamente.
- Eu também não. A separação dos meus pais foi só mais uma prova. – eu disse, dando um suspiro.
- Exatamente! Meus pais também são separados... É um saco, cara. – lamentou Danny.
- Sério? Seus pais também são separados? Legal. Quero dizer... É um saco, verdade. – eu disse, atrapalhando-me.
Ele riu.
- É, é mesmo. – concordou Danny.

POV’S

- Então... Se isso fosse um encontro de verdade, Como eu estaria até agora? Bom ou ruim? – perguntou Danny com um sorriso torto nos lábios.
Estreitei meus olhos e tombei a cabeça para o lado, fingindo pensar. Ele riu.
- Tão ruim assim? Jesus! – disse ele, fingindo estar ofendido.
Eu ri.
Ficamos nos olhando por um tempo, em silêncio.
Agora Danny e eu estávamos na London Bridge. Seu rosto iluminado por uma luz tênue e cor de rosa, pelas lâmpadas espalhadas pela ponte. Mais tarde, iria haver fogos de artifício no céu. Todos que estavam ali também esperavam pelo show de cores, a maioria casais.
- Qual é o seu filme de romance preferido? – perguntou ele de repente.
Eu franzi o cenho, surpresa.
- Ahn... Eu não sei, eu não assisto muitos filmes... Desse tipo. – eu respondi sincera.
- Qual é! Faça um esforço. – disse Danny com brandura.
Eu sorri. Cocei a testa, ganhando tempo.
- Ok. Eu acho... Diário de uma paixão? Eu sei, é extremamente meloso! – eu disse envergonhada.
Ele riu alto.
- Não, é uma ótima escolha! Eu chorei nesse filme, sabia? – disse Danny, erguendo as sobrancelhas e negando com a cabeça.
Foi minha vez de rir alto.
- Não, você não chorou! – eu duvidei.
- Falo sério! Chorei feito um bebê no final. – disse ele, dando um suspiro pesado e exageradamente dramático.
Eu dei um tapa em seu braço e o chamei de idiota. Nós rimos.
- Certo, Diário de uma paixão... Você se lembra da cena de quando eles dançam no meio da rua? – perguntou Danny.
- Sim, me lembro. – eu respondi sem entender. – Por quê?
- Ok! Então... - ele tomou minha mão esquerda e puxou-me pela cintura para mais perto de si. Eu dei um gritinho estúpido e fino, surpresa com o movimento repentino. – Antes de os fogos começarem... Eu irei ser o Noah e você a Allie.
Inspirei todo o ar que pude, sentindo meu sangue bombear ferozmente. Danny devagar abriu um sorriso travesso, com seu rosto apenas a centímetros de distância do meu.
- Ahn... Você... – eu disse sem fôlego, enquanto ele esperava, olhando nos meus olhos – Você... Ahn... Você sabe... O nome... Dos personagens do filme?
Ele paralisou.
- Não importa. – respondeu Danny, dando de ombros e de repente rodando enquanto me segurava firmemente, seu corpo colado no meu.
Eu ri, fechando meus olhos com força.
- Para! Para, Danny! Não... Não tem espaço! – eu disse enquanto ele agora gargalhava escandalosamente, balançando-me ritmicamente.
Danny começou a dançar pela ponte comigo, às vezes me rodopiando e me fazendo rir tanto que minha barriga doía. Enquanto ele cantarolava uma melodia, eu pedia desculpas às pessoas a nossa volta, que nos olhavam como se fossemos loucos.
- E... – ele inclinou-me para o lado, segurando minha cintura e minhas costas – O final.
Engoli em seco, abaixando meu olhar para seus lábios. Um estrondo soou e eu tremi. Os fogos de artifício começavam a preencher o céu. Danny fechou os olhos e riu, realizando-se de sua derrota.

POV'S Danny

- É aqui. – disse , parando em frente à porta da casa, olhando para as próprias mãos.
Ela ergueu a cabeça e sorriu, envergonhada.
- Mesmo eu tendo perdido a aposta... Hoje foi divertido! – eu disse sincero.
Luiza abaixou o olhar e riu.
- É, foi sim. – disse ela, agora olhando nos meus olhos.
Eu sorri.
- Tchau. – disse timidamente, encaixando a chave que segurava nas mãos na fechadura da porta.
- ? – eu a chamei.
Ela olhou-me.
- Si...?
Segurei seu rosto delicadamente e selei meus lábios no dela. Afastei-me apenas alguns centímetros, olhando-a nos olhos.
- Eu gastei todo o dinheiro que tinha com você essa noite. Então, agora você terá um motivo para me ver de novo. – eu sussurrei, alisando sua bochecha com meu dedo polegar.
Ela sorriu, derretida. Afastei-me, com um sorriso largo nos lábios. ficou séria, de repente.
- Sério? Isso é tudo que você tem? – disse ela impaciente.
Franzi o cenho.
- Meu deus! Adeus, babaca. – disse , revirando os olhos e fechando a porta atrás de si.

Anos depois, em uma Starbucks, no dia dos namorados...

POV'S Danny

- O dia dos namorados é um saco, cara! Eu já tive um encontro nesse dia... Jesus, foi terrível. Quero dizer, o pior... A garota era horrorosa de feia e...
- Cala a boca, Danny! – disse , tampando minha boca com suas mãos, rindo.
Agarrei sua cintura e fiz cócegas, fazendo com que ela me gargalhasse enquanto se contorcia em meu colo e soltasse as mãos de imediato.
- Tia... Tio... Vocês me dão nojo! Desculpa. – disse Anabelle pela primeira vez no dia, tirando os olhos do celular.
Nós rimos.
- Você definitivamente não deveria ter falado isso. – eu disse, estreitando meus olhos.
, que agora estava com seus braços ao redor do meu pescoço, fitou-me e concordou com a cabeça.
- No três. – murmurou ela.
Olhamos ao mesmo tempo para Anabelle com sorrisos maliciosos. se levantou e deu a volta na mesa, indo para o lado dela. Inclinei-me em sua direção, com as mãos estendidas, prontas para fazer cócegas.
Anabelle arregalou os olhos.
- Mãe! Pai! – gritou ela sendo mais rápida do que nós e saindo andando.
riu e eu a acompanhei.
Ela voltou a se sentar ao meu lado.
- Eu vou querer o mesmo pedido que o seu. – disse , dando um beijo carinhoso na curva do meu pescoço.
- Qual? – eu perguntei, enfiando meu nariz dentro do copo enquanto ela me observava de olhos semicerrados. – Esse?
Olhei para a ponta do meu próprio nariz que estava cheio de espuma cremosa. revirou os olhos, rindo.
- É, esse. – ela confirmou, assentindo com a cabeça.
segurou meu rosto, pegando um pouco da espuma com a boca e chamou a garçonete.

E vivemos felizes para sempre!

Mentira, nós nos odiamos. Muito. Mas nós temos preguiça de assinar o divórcio. Brincadeira! Mas nós não acreditamos nessa baboseira de “para sempre,” então, a verdade é...

Estamos felizes! E é isso que importa.
Fim.


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