por May | betada por Biia;
revisada por Lelen


Capítulo um
ligou o computador na tarde de domingo, como mais uma das outras tediosas. Foi ler os e-mails. Há quanto tempo ela não fazia isso? Pois é, já fazia um bom tempo... Esquecera completamente de metade de sua vida depois que o menino por quem ela foi apaixonada por três anos disse na cara dela que não gostava dela e, no mesmo dia, ele e Lily foram pegos aos amassos no aniversário de . Na cama de .
Tinham dezenas de e-mails sem responder, e outros centenas não abertos. Resolveu abrir o mais recente. Leu e releu o e-mail. Ela olhava para a tela do computador, ainda incrédula. Releu o e-mail pela 47ª vez e nem sinal de reconhecer o remetente ou pista de quem seria. A mensagem apenas dizia:
"A luz dos seus olhos, mesmo não sendo reluzentes como antes, são o bastante para fazerem meu dia mais feliz e dar força para que os meus continuem a brilhar
Ass: (?)".
Ela releu de novo, com mais atenção que as outras vezes. Quem mandou isso? Leu mais uma vez e não chegou a nenhuma conclusão.
Ligou para , uma de suas melhores amigas, para ver se ela sabia de alguma coisa. Era uma história estranha, afinal, quem mandaria uma mensagem assim?
- Alô, ? - Perguntou, quando alguém atendeu.
- ? Aconteceu alguma coisa?
- Se aconteceu alguma coisa? Nada demais, só que me mandaram um e-mail anônimo, agora, falando: "A luz dos seus olhos, mesmo não sendo reluzentes como antes, são o bastante para fazer meu dia mais feliz e dar força para que os meus continuem a brilhar".
- , que lindo! Que lindo isso. - Disse , empolgada - Quem mandou?
- Eu acabei de falar que era anônimo. – Irônica.
- Ah, sim. Então quer dizer que você tem um admirador secreto, é?
- Não. Significa que não é legal você e as meninas me mandarem mensagens anônimas para eu achar que alguém me ama.
- ! Nós não fizemos isso. Alguém gosta mesmo de você.
- Olha, ... Eu sei que vocês estão preocupadas porque eu não ando muito legal esses dias, depois que o cara por quem eu nutri uma paixão por dois longos anos me deu um fora no dia do meu aniversário. Agora, não é porque ele não me ama que eu vou me sentir melhor se eu descobrir que algum Sr. Anônimo está apaixonado por mim.
- Você deveria ficar feliz. Algum Sr. Anônimo gosta mesmo de você. Eu juro que não é brincadeira minha e das meninas. - Tentava convencer a amiga
- Tá bom, . Mas eu só vou acreditar que não é você quando eu descobrir quem é.
- Vai ser lindo quando você descobrir, . Ele te ama e vocês vão dar um beijo bem Hollywood. - Pelo telefone não dava para ver, mas, provavelmente, os olhos de brilhavam, naquela hora.
- Que exagero! Ele só elogiou meu sorriso e você está aí, tendo surtos.
- Você ainda vai ver, ...
- Tá, eu duvido. Tenho que desligar, . Beijos.
- Beijos.
E elas desligaram.
continuou a pensar no e-mail.
“Será que ele gosta mesmo de mim? Quem será ele?”
Desligou o computador e foi deitar. Tentou de todos os jeitos afastar o e-mail de seus pensamentos. Negava para si mesma que alguém poderia amá-la. Foi tudo em vão, ela adormeceu pensando nisso e acordou pensando nisso. E, mesmo sem perceber, a mensagem a fez sorrir e lembrar o que era sonhar de novo com um amor.

~

Capitulo dois
Quando chegou na escola, já havia contado para e sobre o e-mail que recebera. Todas pareciam super felizes por e todas repararam o quanto ela estava feliz também, mesmo que ela não admitisse.
- Quer dizer, então, que esse Sr. Anônimo fez alguém voltar a ter sonhos românticos, hein? - Dizia , em tom de zombaria, para a amiga.
- Chega, meninas. É tudo idiotice. Duvido que esse tal Sr. Anônimo goste mesmo de mim. Se ele existe mesmo, deve estar só querendo tirar uma com a minha cara.
- Vamos, . Não seja pessimista. Aposto que esse Sr. Anônimo gosta de você de verdade e aposto que ele logo se declara. - Insistiam as amigas.
- Tá, quero só ver. - disse, virando a senha do armário.
A porta se abriu e caiu de dentro uma flor. Uma rosa vermelha delicada e linda e, junto, vinha um cartão amarrado ao caule da flor por uma fitinha branca. No cartão dizia:
"Não conseguia me decidir entre mandar flores ou bombons. No fim escolhi as flores porque elas são lindas e delicadas como você.
Ass: (?) "
releu o cartão diversas vezes, assim como fizera com o e-mail. Não acreditava e, no fundo, era no que ela mais queria acreditar. Tão fofo e pra ela.
puxou o cartão de sua mão e leu em voz alta para as outras meninas. e ficaram histéricas, dando pulinhos, fazendo morrer de vergonha.
- Alguém gosta MESMO de você! - Disse , convencida.
encostou no armário, mordeu o lábio e murmurou baixinho.
- Alguém gosta mesmo de mim.

foi para a sala de aula; aula de Geografia. E lá estava .
O bom e velho . Como é bom revê-lo
- ! - Saiu gritando, jogou o material na penúltima carteira e o abraçou - Continua com o mesmo abraço quentinho de sempre.
- Lógico, eu sou o mesmo de anos atrás. Minha menininha que mudou, você cresceu tanto. Não, pera aí. - Ele olhou de cima a baixo - Continua a minha pequena de sempre
Ela deu um soquinho no ombro dele e abraçou-o de novo.
- Quanto tempo que eu não te vejo? Desde o seu aniversário...
- Ah, ... Não me lembre daquilo, ok? Águas passadas. - Ela sorriu.
- Não, não lembro. Se você já esqueceu, eu não vou ser o idiota que vai lembrar. - Ele sorriu.
O professor chegou, anotou algumas coisas na lousa e deu as boas-vindas aos alunos. Passou umas páginas do livro para fazer e foi essa a aula. e conversaram no tempo que sobrou.
Eles podiam ficar mais horas conversando ali, eles realmente conseguiriam. Já tinham feito isso diversas vezes durante os 12 anos de amizade e tudo começou com uma brincadeira no parquinho.

*Flashback Um*
O parquinho na praça estava repleto de crianças e de suas mães, apavoradas atrás delas.
era fofa e parecia tão sensível que podia começar a chorar a qualquer momento. E foi o que aconteceu quando um menino um ano mais velho, mas muito maior de tamanho, derrubou-a do balanço e pegou seu lugar.
- Buábuábuá - Chorava a pequena, sem parar, sentada na areia
- Mocinha, cadê sua mãe? - Perguntou uma mulher.
- Ela foi comprar sorvete. - Respondeu a pequena, entre os soluços.
- Ai, você está sozinha aqui? - Ela respondeu que sim com a cabeça - , amor da mamãe... Vamos brincar em outro brinquedo? Meninos têm que ser cavalheiros e dar lugar para as meninas, certo?
O menino parou o balanço e obedeceu a mãe; obedeceu a mãe sem nem reclamar, nem chorar, nem resmungar.
- Eu não quero mais ir no balanço, tia. - A menininha parou de chorar e se levantou.
- Então vem brincar com o . Você quer brincar com ela, ? - O menino fez que sim com a cabeça.
- Mas a gente vai brincar de quê? - Perguntou para
- De casinha. - Ela respondeu, de um jeito meigo de criança.
- Eu sou o papai.
- E eu a mamãe. - Ela pegou uma das bonecas e eles sentaram no chão, para cuidar do bebê.
A mãe de ficou observando eles brincarem e ela já sabia que aquele era o começo de uma grande amizade.


- , você não veio aqui em casa ontem... - limpava as lágrimas.
- , não leva a mal... É que eu cansei de brincar de Barbie com você. Por que a gente não pode jogar video-game?
- Porque não. Porque eu gosto de brincar de Barbie, não jogar video-game. - Dizia a menina, já com nove anos, emburrada.
- E eu gosto de video-game. Meninos não brincam de Barbie. Eles jogam video-game.
- Você não é um menino. Você é meu amigo.
- Você é uma menina e é minha amiga.
- As minhas amigas da escola falaram que meninos não são amigos de meninas. - Ela disse, cabisbaixa
- E por que não? - perguntou, nervoso.
- Porque meninos não brincam de Barbie e são idiotas.
- Você me acha idiota? - Ele quase chorou, mais meninos não choram.
- Claro que não. Você é meu melhor amigo. - Ela o abraçou.
- , eu não quero mais que você dê ouvidos ao que suas amigas chatonildazinhas-zonas digam. Promete?
- Prometo.
Eles se sentiam tão bem abraçados que não se separavam.
- E, ... A gente pode jogar video-game hoje.


- , você nunca pensou em beijar uma menina? - Perguntou , envergonhada.
- Beijar? Beijar uma menina? - Perguntou , desentendido
- É... Beijar.
- Mas eu te beijo, ora essa. E eu também beijo minha mãe.
- Ai, , você não entende mesmo! - Reclamou a menina
- Não entendo o quê? Você perguntou se eu nunca pensei em beijar uma menina e eu respondi que eu sempre te beijo. Você que está sendo estranha, .
- É que eu estou falando de beijo... Beijo na boca. - Corou
- Ahh, sei lá. Você complicou agora... Ahn... - Ele pensou um pouco - Não, acho que não. – Respondeu, inseguro, pensando nela. - Não dizem que a gente precisa gostar para poder beijar?
- É. E você nunca gostou de uma menina?
Ele parou para pensar antes de responder, e pensou nela.
- Não, nunca gostei.
- Então esquece...
- Você não tá pensando em beijar alguém, né, ? - Perguntou , preocupado.
- Eu? Eu... - ele cortou ela
- Você não pode.
- Lógico que eu posso. Com doze anos já pode beijar.
- Mas você não pode. Não pode beijar outros meninos.
- Que ciúmes, ! Você sempre vai ser meu melhor amigom não importa quem eu beije. - o abraçou, para que ele pudesse ter certeza que ela estaria com ele para sempre.
*Fim do Flashback Um*

O sinal bateu.
- Que aula você tem agora, ? - Perguntou , saindo da sala.
- Sexo e saúde... E você? – Disse, conferindo os horários.
- Biologia. Droga, comecei o dia mal. - Fez uma careta. - A gente se vê por aí, então. - Ela deu um beijo na bochecha do amigo e seguiu pelo outro corredor.
No caminho, ela passou em frente ao armário, resolveu parar lá. Abriu e cheirou a rosa.
Será que eu conto para o ? Não, não... Ele pode ficar preocupado ou desconfiado. Quem sabe depois eu possa mencionar...

O resto do dia demorou para passar. Em quase nenhuma das outras aulas ela se encontrava na mesma sala que os amigos.
Segunda-feira é um lixo.
E a segunda-feira terminou como os outros dias terminam e voltou para casa.

Piscava na tela do computador um aviso, dizendo que tinha uma mensagem não lida. Ela abriu e lá estava outra mensagem do Sr. Anônimo:
“Espero que você tenha gostado da rosa. Assim que ela morrer me avise que eu mando outra, porque meu amor por você não morre.
Ass: (?)"

~

Capitulo três
Na terça-feira, acordou atrasada. O despertador tocou, tocou e tocou mas não conseguiu acordá-la de seus sonhos com o menino das mensagens. No fundo, ela estava começando a se encantar por ele e todo aquele ar de romance que envolvia a história.
Conseqüentemente, chegou atrasada na escola e foi direto para a aula de química. A turma toda do ano passado estava lá, o que incluía , seu antigo parceiro de química.
Ela acenou e sorriu para ele, que retribuiu o gesto e mandou um bilhete escrito com caneta preta.
"Sorte para que nós fiquemos como dupla de novo. Caso o contrário, você que vai precisar de muito mais sorte com outro parceiro tão desastrado como você.
Ass: Seu futuro(?) ex parceiro de química"
Seus pensamentos estavam longe demais para lembrar dos outros bilhetes, quando recebeu o de . Ela lembrava de como fora há um ano, quando eles se conheceram.

*Flashback 2*
A professora já tinha escolhido as duplas de química para aquele ano, e metade da sala encontrava-se sentada ao lado de pessoas com as quais nunca haviam trocado uma sequer palavra. Era o caso de ao lado do...
- , prazer seu companheiro de química. - O garoto estendeu a mão e apertou-a.
- .
Ele ficou sem jeito porque ela não puxava assunto.
- Olha, eu sei que você preferia estar com alguma das suas amigas agora. Eu também. - Ela o encarou. - Mas eu prometo que serei um bom parceiro para você.
- É bom eu te revelar isso agora, para você não se surpreender depois, só que eu sou muito ruim em química e minhas amigas já sabem disso, então eu preferia ser um peso na vida delas do que na sua.
- Que isso! Eu prometo que vou ser um bom parceiro para você nas notas boas e nas ruins, nas faltas e nos atrasos, nas provas e nos trabalhos. - O menino piscou.
se sentiu mais segura com como parceiro em química, sabia que ele a ajudaria.

Depois de ir mal em mais uma prova, começou a ir na casa de para ajudá-la a estudar.
- ! - gritou quando o menino entrou na sala. - Vem cá terminar de ver "De volta para o futuro" comigo.- A menina bateu no lugar ao lado do seu no sofá, indicando-o.
- A gente tem que estudar química primeiro, senhorita. - Disse ele, mostrando o livro.
- Seu... Seu... Seu pH baixo. - Ela deu a língua.
- Muito obrigado por me chamar de ácido, . - Sorriu.
- Ahh, chato. Vem cá ver comigo, por favor. - Ela fez cara de cachorro sem dono.
- Você é muito C6H12O6, mas nós realmente precisamos estudar. Vai, vamos começar...
- Eu sou muito o quê? - Arregalou os olhos.
- Muito C6H12O6... Glicose, açúcar... Com outras palavras, você é muito doce, . Mas você sabe que a gente precisa estudar.
- Espera só mais um pouquinho... Ele já vai cair no caminhão de esterco.
- Dude, eu adoro essa parte. - Ele sentou-se no sofá, ao lado dela, e, naquele dia, eles não pensaram em átomos.

A professora começou a recolher os deveres de casa e entrou meio em desespero.
- , eu juro que eu tentei, mas o meu dever está totalmente errado!
- Deixa eu ver... - Ele puxou a folha da mão de e apagou tudo. - , como você pode falar que coca-cola é neutra?
- E não é? - Perguntou, ingênua.
- Não! Deixa, vai... Enrola a professora enquanto eu refaço o seu dever.
- Ahh, você é demais, ! - Ela deu um beijo na bochecha dele e foi bater um papo com a professora, até dar tempo dele terminar a lição.
*Fim do Flashback 2*

- Vamos decidir as duplas de química desse ano. Primeira coisa: esse ano nós teremos muita matéria para estudar, então não vou me dar ao luxo de perder essa aula inteira escolhendo as duplas. Juntem-se com os parceiros do ano passado. Segunda coisa: Abram os livros e vamos começar.
olhou para e seus olhos brilharam. Correu para o lado do garoto e jogou seu material na cadeira do lado.
- ! Eu não sei o que seria de mim sem você, garoto!
- E nem eu sei o que eu seria sem a minha parceira desastrada para ensinar! Agora você ouviu a professora, certo? Vamos estudar. - Ele abriu o livro e foi mais para perto de , para que a garota acompanhasse com ele.
- Seu pH baixo. - Ela deu a língua e começou a ler,

Depois da aula de química, passou no armário para pegar suas coisas e mais um bilhete estava lá, junto de uma caixa de bombons em forma de coração. Nenhuma de suas amigas estava perto para ver o novo presente e ela não tinha certeza se continuaria a contar sobre as mensagens que andava recebendo. Mas era de impressionar, desta vez o bilhete dizia:
"Na dúvida eu mando os bombons também. Dizem que eles causam em nós efeitos que fazem com que nós pareçamos apaixonados. Eu não preciso dos bombons para me sentir apaixonado por você, mas espero que eles me ajudem a fazer você se apaixonar por mim.
Ass: (?)"
Ficou tentada ao abrir a caixa e roubar um bombom. Só um não tem problema... Pegou um e comeu com culpa por causa das calorias. É feio negar presentes... Comeu outro, e outro. Delicia. O Sr. Anônimo tem bom gosto para bombons. Lambeu os dedos melecados de chocolate e foi para a próxima aula.

~

Capitulo quatro
A professora de inglês se atrasara, como sempre, para o início da aula, então nada mais normal que, sem a presença de um adulto responsável na sala, virasse tudo uma bagunça. Ninguém estava sentado e ninguém parava de falar, alguns gritavam e alguns pareciam macacos pulando, correndo.
ficou quieta, em um canto, com os dois amigos que tinham a aula no mesmo período que ela, e , os gêmeos.
- Cadê o papel em que você veio embrulhada, bombonzinho? - Perguntou o menino, se aproximando por trás.
ficou sem reação quando ouviu, teria aquilo ligação com os bombons do armário? Virou e viu que quem estava lhe falando isso era o , , e então abandonou a idéia.
Imagina só, o escrevendo aquilo?
Riu em pensamento.
- ! - Gritou e abraçou o amigo - Nem liga para as amigas nas férias, né? Esqueceu de mim durante as férias como se eu não tivesse ligado pra sua casa várias vezes para falar com a sua irmã.
- Ahh, sabe como é... Muitas meninas em cima e coisa e tal. - Ele sorriu maliciosamente - Agora estou todo sua disposição. Só sua, melhorou?
- Ai, seu bobo! - Disse , dando um tapinha de leve no braço dele.
- , linda... Você sabe que eu te adoro, né? - Ele a abraçou ela e beijou-a na testa. - Desculpa este pobre coitado por não ter falado com você nas férias? Eu estava muito ocupado em um acampamento de férias que a minha mãe cismou em me meter.
- Desculpo com uma condição...
- Faço todas as condições que você impor. Sou seu escravo. - Piscou. Aquilo soou um tanto irônico, da parte dele.
- Faz a lição de inglês para mim?!
- Nunca! - Ele foi se aproximando, aproximando até que começou um ataque de cócegas em , que não conseguia parar de rir e se contorcer.
- Não querendo bancar a cunhada chata e atrapalhar o casalzinho, mas sejam mais discretos que todo mundo tá olhando... - falou , sem resposta.

*Flashback 3*
Pela primeira vez, ia na casa de sua amiga. Parecia tudo calmo, com exceção aos barulhos incessantes do video-game.
- Você tem um irmão, ? - Perguntou.
- Infelizmente.. - Torceu o nariz
- Eu adoro crianças! - Sorriu.
- Ele não é criança...
- Não?! - estranhou.
- Não. Nós somos gêmeos.
- Gêmeos? Você tem um irmão gêmeo? Que legal! - Ela entrou direto na sala gritando. - Oi, irmão gêmeo da !
Ela encontrou o menino largado no sofá e, se olhasse de relance, não tinha nada de parecido com a irmã. Quando viu a menina entrar na sala, deu pause no jogo e olhou por cima das costas do sofá.
- Oi, amiga da minha irmã!
- Ahhh! Você tá jogando o video-game das tartarugas ninjas. Eu gosto tanto. - Ela se empolgou e sentou-se no sofá.
- É. Meu preferido. Quer jogar? - Pegou o outro controle e deu na mão dela. Os dois começaram a jogar, apertando os botões com força.
- Ok, eu busco o sorvete. - Falou , de canto. E quem disse que eles ouviram?

chegava a casa dos gêmeos para passar mais uma tarde falando bobagens com a , e se desse sorte pegaria o em casa para jogar uma partida de video-game.
Ela tocou a campainha e esperou até que o menino abriu a porta.
- ! Que bom ver você aqui. Entra, fica à vontade, e blá blá blá que você já sabe. - Ele deu licença para que a entrasse.
- É, sei. - Ela riu. - A está aqui?
- Ela não está, não... Mas você não vai embora, né? Tem eu! Vai falar que eu não sou melhor que ela, hein?! - sorriu convencido.
- Ah é, você é o melhor dos gêmeos! Mas, e aí, vamos jogar ou não?
- Jogar? Que vício é esse, menina? Hoje você vai vir comigo fazer uma coisa diferente... - Ele puxou ela pela escada até a porta de seu quarto, entraram, mas a porta ficou aberta.
- Você vai ser uma das primeiras a me ouvir tocar.
- Sério? - se emocionou com o amigo.
- Aham, senta e ouça. - Ela sentou-se na cama dele no meio dos travesseiros e ouviu-o tocar por muito tempo, até perceber que já era tarde demais para continuar ali.

Nenhuma das trinta cadeiras da sala de aula encontravam-se ocupadas, nem mesmo com dentro da sala. Ela chorava, quieta, sentada no chão, perto de uma das janelas. Até hoje, ela não sabe o que tinha ido fazer dentro na sala; o que importou, naquela hora, foi que ele estava ali para ajudá-la.
O garoto entrou na sala meio estabanado e tropeçou em uma cadeira, o que ajudou a ver encolhida no meio das cadeiras.
- Eu sei que você não está bem, a também não está. Como mesmo eu sendo irmão dela, ela não deixa que eu 'me intrometa na vida dela'... - Imitou a voz da irmã, um minuto mais nova. - ...Então eu falo com você.
E, sem jeito, o menino foi se aproximando dela, sentando-se ao seu lado. enxugou as lágrimas, que ainda teimavam em cair, para olhá-lo.
- O que aconteceu? - Ele se apressou em dizer, praticamente atropelando as próprias palavras - Eu não estou me intrometendo, tá? De verdade... Eu só queria que vocês duas ficassem bem de novo. É muito ruim aturar, todo dia de manhã, a com um mau-humor maior do que o comum. Sabe... Não dá. E eu também não gosto de te ver com essa cara de chorosa por aí.
A menina deu um risinho abafado, pelo jeito como falava as coisas sem parar e interrompeu-o.
- A gente brigou porque... O porquê, na realidade, eu nem sei direito. Nós duas estávamos de TPM, fazendo o trabalho de inglês e aí uma queria de um jeito e a outra do outro. Não deu certo e a gente brigou. - Correu uma lágrima.
abraçou-a forte, e, aos poucos, um sorriso formava-se. Ele soltou o abraço e viu sorrindo.
- Eu vou falar com a pra resolver isso. As tardes são chatas sem você lá para comer sorvete com a gente.
- Obrigado, . Você não sabe o quanto isso é importante para mim.
- Espero que seja tão importante para você, quanto você é para mim. - Sussurrou ao pé do ouvido dela.
* Fim do Flashback 3*

A crise de riso foi parando, mas logo começou outra. Ela não ficava muito tempo ao lado de sem rir. Foi uma hora inteira rindo, porque a professora de inglês não dera as caras durante a aula.
Também não fez falta.
Foi triste se separar, no auge da diversão, de , quando o sinal tocou. Não tinha jeito, enquanto o amigo ia para aula de artes, teria duplo período de história.
Ela não prestou a mínima atenção na aula, ficou ocupada trocando bilhetinhos de ofensas à professora com .
Depois do final da aula, a encontrou no corredor:
- ! - Gritou, do final do corredor.
- ! - Deu um beijo na bochecha do menino.
- A banda decidiu ensaiar hoje à tarde, você vai? - Convidou ele.
- Claro, você sabe que eu sou a maior fã de vocês, né?! Na sua casa? - O garoto confirmou com a cabeça. - A gente se vê lá, então. - Despediu-se com outro beijo.
- ! - Gritou para a menina, que já estava a um passo da porta de saída - Chama as meninas!
Piscou para ele e, do lado de fora da escola, mandou mensagens pelo celular para , e , chamando-as para o ensaio. Na caixa de mensagens recebidas tinha uma que lhe chamou a atenção. O número era não identificado e, quando ela abriu a mensagem, lá estava mais uma do Sr. Anônimo:
"When you walk in the room my heart goes BOOM.
Ass: (?)"
Ela não deletou a mensagem, mas guardou o celular e foi para casa se arrumar para o ensaio.

~

Capitulo cinco
voltou para casa correndo, afinal, não queria se atrasar. Os ensaios eram sempre divertidos com os garotos, porque eles eram ninguém menos que o McFLY. Tá, ninguém conhecia McFLY. Quase ninguém, a não ser as garotas, os meninos e as mães corujas deles.
Ela nunca perdia um ensaio porque, além de ser a banda de seu melhor amigo de infância, e também tocavam. A única pessoa que estaria lá que ela não gostava era o , o garoto que amava irritá-la e chateá-la. O ódio se iniciou depois de um incidente que acontecera no lago e, a cada dia, era mais difícil conviver e ouvir as brigas dos dois. Eles só tentavam se suportar em nome da banda e, de qualquer jeito, não dava muito certo.
Em uma hora, estava pronta, vestindo um All Star preto, uma calça jeans, uma blusa frente única roxa, lápis preto nos olhos e cabelos soltos molhados. Pôs no bolso as chaves de casa e o celular, e saiu para o ensaio. Nem se preocupou em pedir carona para a mãe, já que a casa de não ficava a mais de três ou quatro quarteirões de sua casa, então não demorou mais que dez minutos para chegar até lá. Não entrou na casa; foi direto para a garagem, onde tinha uma porta na parede lateral aberta, entrou e deu de cara com . O coração dela disparou, pelo susto que o menino lhe dara.
- Lógico que você estaria aqui... - Disse , virando os olhos.
- É. Lógico que eu estou aqui e é lógico que não é por você. - Respondeu, seca, a menina, vasculhando o cômodo a procura dos outros. - Cadê os outros?
- Não chegaram. - Ele olhava para , esperando que ela o olhasse também, mas ela evitava
- E o ?
- Foi no quarto buscar as letras das músicas novas.
Sem dizer uma palavra, saiu da garagem a procura de , não agüentaria ficar sozinha no mesmo lugar que . Era uma chance maravilhosa de matá-lo, só que ela não queria corresponder aos seus desejos.
Lá dentro, se jogou no sofá velho e ficou a pensar na garota e no quanto, no fundo, ele queria que os dois se dessem bem e no quanto ele queria que ele não fosse idiota e grosseiro perto dela. Era irracional e sem razão aquilo.
E, quase ao mesmo tempo, as memórias dos dois vieram à tona.

* Flashback 4 *
tinha convidado para comer uma pizza, para comemorar o começo da banda. Os quatro meninos haviam se conhecido e e por intermédio de , então eles decidiram chamá-la para comemorar junto e conhecer o último integrante que faltava. já era amigo de antes e foram os dois juntos que decidiram formar a banda.
Naquela noite de sexta feira, estavam todos os garotos mais , acompanhada de suas amigas (para não ficar sozinha no meio de um monte de 'macho') na pizzaria onde costumavam ir para se reunir e falar bobagens.
- Oh, dude... Eu não acredito! - Gritou , ao olhar a TV enorme na parede.
- O que foi? - Perguntou , virando-se para ver.
- Nós viemos comemorar ao grande futuro que a banda vai ter e olha o filme que está passando! - Ela apontou para a TV e não precisou dizer qual filme era, eram todos tão viciados que reconheceram de primeira.
A turma sentou-se numa mesa perto da televisão e tentaram assistir ao filme. Mais falavam e riam do que assistiam, esta é a verdade. estava sentado de frente para , e a garota já começava a corar de tanto que ele a olhava. Tentou ignorar o fato e fingir que não notava, mas aquilo era impossível porque os olhares intimidavam.
- Hey, hey! Vamos fazer um brinde à banda! - Gritou , e todos ergueram os copos de coca-cola felizes
- Ao McFLY! - bateu o copo mais forte. - E ao , que não para de olhar pra . Aêêê!
deu um tapa na cabeça de e ficou vermelho, quase tão vermelho quanto . Todos os outros passaram o resto da noite zoando com os dois que fritavam as bochechas.
Mesmo assim, ele não parou de olhá-la.

Os Mcguys e as meninas viajaram para o lago, no final de semana, querendo muita diversão e bebida. Tinham planos de nadar no lago, nadar no lago e nadar no lago, só que houve um imprevisto e choveu o sábado e o domingo inteiro, obrigando-os a permanecer em casa sem fazer nada. O tédio dominava o lugar, até que sugeriu que eles brincassem de sete minutos no paraíso, para esquentar o clima.
Pegaram uma das várias garrafas de cerveja jogadas e rodaram para ver quem seria o primeiro casal a entrar no armário escuro sozinhos. Depois de três giros, e foram apontados. Ele sorriu discreto; há muito tempo esperava uma chance como esta.
Dentro do armário, o silêncio envolvia ambas as partes. Mas a inquietação de não negava que ele queria muito aproveitar os sete minutos.
- Hm, tá frio, né? - Perguntou ele, sem jeito
- É, tá.
- Eu te esquento. - Ela deu uma risadinha e o menino chegou mais perto de seu corpo. pôde sentir o calor vindo do corpo dele esquentá-la, a cada centímetro que se aproximava.
passou um braço em volta da cintura dela e continuou a aproximação dos corpos, que agora se concentrava na boca dos dois. Elas se selaram, e eles acabaram cedendo, deixando o beijo acontecer com calma. As línguas se movimentavam em sintonia perfeita, o momento era perfeito e o carinho era perfeito. O beijo passou de calmo a frenético. Tinha desespero envolvido no toque, como se fosse preciso mais do que sete minutos para suportá-los. Eles só dispunham de sete minutos, o tempo causou uma certa urgência levando o beijo para um ritmo mais rápido. Dentro de si, eles queriam mais daquilo, e sentiu-se como poucas vezes, completo. Os minutos se passaram e a hora de parar chegou.
bateu na porta e gritou para os dois:
- Se vão continuar de sacanagem, continuem aqui fora, porque o tempo aí dentro já acabou. Minha vez, agora!
separou o beijo e encarou-o.
- , eu preferia manter isso que rolou em segredo, ok? - Pediu a menina, arrumando o cabelo, antes de abrir a porta do armário.
- Como assim manter em segredo? O que tem demais contar? - Perguntou ele, alterando um pouco o tom de voz.
- Eu só... Acho melhor. - pensou em Brian, ele odiava e provavelmente acabaria totalmente com as chances que ela pensava ter com o menino por quem era tão apaixonada.
- Eu não te entendo mas eu guardo o seu segredinho. - Respondeu, muito bravo, enquanto fechava o punho e socava a porta. - Só mais uma coisa, - apontou o dedo na cara da menina, fazendo-a dar um passo para trás - dá próxima vez, você não venha esperando me beijar de novo. Nunca mais tente ou ouse. E, quanto menos você olhar na minha cara melhor para mim. - Ele saiu batendo o pé e segui-o, aturdida.
O resto do pessoal ficou sem entender o que se passou lá dentro, porque o beijo nunca foi revelado. Mas o ódio seguiu com as brigas freqüentes pós-jogo.

tinha acabado de sair do quarto e flagrado o menino que ela gostava aos amassos com outra, na sua própria cama, no seu próprio aniversário. Era o inferno astral, só podia ser porque, para completar o dia, ela teve que dar de cara com depois do pior flagrante de sua vida. Sua cara de choro não negava, e, já com olhos inchados, não dava para disfarçar do garoto.
- Tava chorando, é? - Perguntou ele, provocando. - Viu ele beijando outra?
- Cala a boca, . Isso não é dá sua conta. - Ela virou-se e continuou a descer a escada; ele foi atrás.
- Isso é para você aprender a não ser uma boba iludida que dá bola para garotos que não são para o seu bico. - Cínico.
virou e jogou o copo de água que levava na cara dele.
- E isso é para você aprender a calar a boca, seu otário.
viu ela indo embora chorando mais ainda, não adiantava correr atrás. Fora outra besteira dita sem querer. Ela precisava de conforto e ele queria confortá-la naquela hora, mas não foi o que ele fez. Muito pelo contrário.
*Fim do Flashback 4*

caminhou pela jardim em direção à casa, entrou sem nenhum problema. A família toda a conhecia, como se ela fizesse parte dela. Encontrou já na sala de entrada.
- Pequena! - Ele deixou o violão e os papéis sobre a mesinha e abraçou-a.
- ! Eu vim te procurar porque lá só tá o , o viado esdrúxulo.
- Você sabe que não tem problema, a casa é sua. Vamos voltar lá agora e eu prometo que não deixo os dois sozinhos. - sorriu e foi com o menino de volta a garagem.
continuava jogado no sofá, quando os dois entraram ele bufou e virou os olhos.
- Não precisa ter medo de mim, não. Eu não sou o bicho papão... Aliás, se tem alguém que parece um mostro, é você. - Disse ele para a menina.
- Ai, garoto, como você é idiota.
olhou para os dois e falou baixinho:
- Vai entender...
Os dois garotos pegaram os instrumentos e começaram a tocar as músicas e ficou deitada no sofá até o resto do pessoal chegar pouco a pouco. A mãe de veio trazer lanches e refrigerantes para todo mundo e então o ensaio começou de verdade. As meninas no geral não faziam nada, mas também não atrapalhavam. Quando se empolgavam demais, faziam coreografias toscas para as músicas e a que elas mais extravasavam era "I Wanna Hold You".
- Hey, dudes, vamos tocar a música nova pras meninas? - Perguntou começando a dar o ritmo.
- Yeahhhh!
- Música nova? Quem escreveu? - perguntou , de pé, para dançar.
- A gente. Enquanto vocês estavam lindas e belas no cabeleireiro, no ensaio passado, a gente escreveu a música nova. - respondeu.
- Seus bobos, escrevem e nem contam. - gritou, dando a língua
- Deixa eles, agora eles vão tocar quatro vezes seguidas, como castigo.
- Nossa, , assim você mata a gente - disse, com sarcasmo.
- É porque ela é tão burra que não tem capacidade de inventar um castigo melhor.
- Ai, ai, . Tá todo mundo rindo da sua piadinha. Você não cansa de ser um chato, não? - ficou brava, levantou do lugar e foi para cima de .
- Hey, ... Pára de encher a garota, vai - chegou mais perto dela e a abraçou até que ela se acalmasse. - Então, pequena, vai querer ouvir a música ou não?
- Quero, . Quero sim. - Ela sorriu e sentou no sofá de novo.
A banda começou a tocar e os garotos cantavam a letra. Quando prestou atenção, reconheceu algo estranho na letra.

Well I met this girl, just the other day,
I hope I don't regret, the things that I said now
And when we're laughing and joking with each other now, I’m glad I met this girl
She didn't walk away,
I think she was impressed and was having a good time,
And when we're laughing joking with each other,
Spending all our time together...

When she walks in the room my heart goes boom!
Ba ba ba ba ba da ba,
I tried to take her home but she said,
You're no good for me...

She's got a pretty face, such a lovely name,
I don't want my friends to see, they might take her away from me,
She's one I won't forget, in a long long long time,
Now I really want the world to see,
That she is the one for me,

When she walks in the room my heart goes boom,
Ba ba ba ba ba da ba
I tried to take her home but she said:
You're no good for me!

The first time that I saw her she stole my heart,
And if we were together, nothing could tear us apart,

When she walks in the room my heart goes boom
I tred to take her home but she said: you're no good for me

When she walks in the room my heart goes boom,
Ba ba ba ba ba da ba
I tried to take her home but she said you're no good for me


"When she walks in the room my heart goes boom" A frase grudou em sua cabeça como chiclete; era quase a mesma frase que o Sr. Anônimo mandara para seu celular. Inquieta, ela chamou para fora da garagem por um tempo, sem interromper o ensaio dos meninos, que tocavam a velha conhecida dela e das garotas: Broccoli.
- , você ouviu a música nova dos meninos? - Perguntou eufórica, após fechar a porta.
- Calma, garota! Eu ouvi, mas o que tem ela? - arregalou os olhos, estranhando a reação da amiga.
- Essa tarde, o Sr. Anônimo me mandou uma mensagem no celular: "When you walk in the room my heart goes BOOM". - Pausou e esperou que compreendesse logo.
- Ahhh! Ele continua a te mandar mensagens bonitinhas, que meigo! Quando a gente descobrir quem ele é... UAU! Amiga, você vai estar no paraíso com um namorado desse.
- , presta atenção! Liga a música com a mensagem. - deu um tapa na cabeça dela para ver se o trem seguia no trilho.
- #$#$%! , saca que isso só pode significar uma coisa: algum dos meninos gosta de você.

~

Capitulo seis
O ensaio não demorou a acabar, mas, para , o tempo passou mais devagar com as idéias rondando sua cabeça. Como algum de seus melhores amigos gostava dela? Das duas uma, ou era um dos melhores amigos ou , aquele do ódio mortal.
Não, não. O não.
Em sua cabeça estava claro que qualquer envolvimento com ele nunca mais aconteceria, a brincadeira no lago separara os dois para 'sempre'.
Por mais que quisesse eliminar da lista dos possíveis admiradores, não podia. , e estavam lá com ela em seu quarto, refletindo sobre as pistas que tinham, e as três não deixavam de lado as evidências, só porque ele e tinham um 'pequeno conflito de personalidade', como as meninas intitulavam as brigas dos dois.
- Eu aposto que é o . - deu um tapa forte em . - Que foi? Vocês fazem um bonito casal.
- Hahaha. E você e o Bozo também. - A menina se jogou na cama, ao lado do celular, com a mensagem e as outras que tinham sido postas no armário.
- Eu ainda acho que é o meu irmão. - Disse , diante da tela do computador. - Nós somos gêmeos, e intuição de gêmeo nunca mente.
- Intuição de gêmeos? Então vocês não saíram da mesma mãe, porque não é o .
- Ok, ok... Vamos só fingir. E fingir também que não é o . - Acrescentou , olhando o vaso com a flor ao lado da cama.
- Para mim o é tipo o para a , sabe? A gente cresceu juntos... Não, não é ele.
- Uma coisa: você também já reparou que ele tem ciúmes de você, principalmente de você com o ?
- É só ciúmes de irmãos. - Ela parou para pensar um pouco, chacoalhou a cabeça negativamente. - Você é a que mais está confundindo amizade e amor aqui, .
- Tem mais a segunda coisa agora. O menino sabia que suas flores preferidas eram as rosas.
- E o que tem isso?
- O sabe disso, o sabe tudo sobre você. - estava tão segura de sua opinião quanto e .
- Ergh, e como você sabe que o também não sabe tudo sobre mim? - Só que não estava segura da dela.
- ?! Você acha que é o ? - Perguntou , indignada.
- Oras, por que não? Às vezes ele me manda bilhetes na sala de aula iguais aos que o Sr. Anônimo está mandando.
- O te manda bilhetes de amor na aula de química? - deu um salto. - Como você nunca nos contou isso?
- Não! Não são de amor, mas são bilhetes...
- Se não são de amor, não contam. Eu posso escrever bilhetes como aqueles sem serem de amor. Mas escrever daquele jeito sobre amor jamais. Só ele escreve daquele jeito. - disse, erguendo as sobrancelhas vagarosamente.
- E quem é ele? - perguntou enfiando a cara no travesseiro abafando um grito
- O .
- O .
- O .
- Ergh... O cara que acabou de mandar outra mensagem - falou , ao voltar os olhos para a tela do computador.
As três meninas ficaram histéricas e sorridentes e se empurravam na frente no computador para ler. levantou devagar, seu coração batia forte e seus olhos brilhavam. Lá no fundo, ela ainda tinha a esperança que a mensagem que acabara de chegar revelaria a identidade do admirador. Ela sempre pensava isso, sonhava isso. No final, nunca era, como esta também não.
"Em você encontrei tudo que eu sempre quis.
Ass: (?) "
- Oh, olha que lindo! - Gritou , piscando os olhos compulsivamente.
- Tem um menino caidinho pela ... - Quando terminava de pronunciar a frase chegou outra mensagem.
"Ter você é o que me importa mais.
Ass: (?) "
- Eu vou ter uma cunhadinha!
- Não é o , ! - A discussão entre e parou porque chegara outra mensagem, e outra.
“Não posso me imaginar amando ninguém além de você.
Ass: (?) "

“Eu faria qualquer coisa para segurar você em meus braços e te fazer rir.
Ass: (?) "
soltou um suspiro. Podiam não ser as mensagens que continham a revelação esperada, mas eram lindas e a fazia bem recebê-las.
- , olha só o brilho nos seus olhos. Você está apaixonada pelo cara das mensagens, não está? - A menina corou e tapou o rosto com as mãos, a abraçou.
- E se for o ?
- Se for ele, não descartaremos esta hipótese, ele vai estar te mostrando que gosta de você e desde que ele não seja grosso com você como ele é hoje, vocês podem ser felizes juntos, oras bolas!
- É que apaixonado por mim é uma coisa muito estranha. Como com o também seria, ele é meu melhor amigo de infância. E o o ... Eu nunca pensei neles assim.
Para afastar os pensamentos de , gritou com a chegada de outra mensagem.
- Vixe! Quatro!
"Mandarei todo meu amor pra você.
Ass: (?)"
- Cinco!
"O amor é verdadeiro e está bem próximo. Eu estou próximo.
Ass: (?) "
- Seis!
"Você é a última coisa que penso antes de dormir.
Ass: (?) "
- Ah, cansei de gritar... - Falou , abrindo a próxima mensagem.
"Eu dou à você o melhor de meu amor.
Ass: (?) "
- Ele te ama! Ele te ama! - Cantavam, em coro, as meninas para , que continuou por uns momentos olhando a tela do computador.
Por que tantas mensagens e nenhuma revelação? Ele está esperando os aliens invadirem a Terra ou o quê?
Suspirou e esperou por outra mensagem. A mensagem chegou, mas não era do Sr. Anônimo, e sim do .
"Vamos para o lago nesse final de semana?"
- Tá vendo... - Disse , em tom de aviso.
- Tá vendo o quê? - Perguntou .
- É o o Sr. Anônimo. - Depois de ver a cara de incompreensão das outras meninas explicou-se. - Porque, olhem pelo meu ângulo: a pessoa que mandou as mensagens estava on-line e o mandou uma mensagem. Isso significa que ele estava on-line. Tcharãã!
Aquela conclusão deu um nó na cabeça de . As probabilidades de ser o tinham aumentado. O , o irmão da sua melhor amiga?
- Mas... Opa! Como a mamãe liberou a casa do lago para ele e para mim não? - bufou. - Que mãe injusta. continuou submersa em seus pensamentos.
, , e . Não tem jeito, é um deles.

~

Capítulo sete
passou os últimos dias tentando convencer sua mãe a deixá-la ir para a casa no lago com todo mundo. Depois de muita, mas muita insistência e em cima da hora, a mãe concordou.
- Mas não saia de perto do , não ande sem celular, não fale com estranhos, passe o protetor, coma direitinho - a Mãe de listava as "precauções" a tomar durante a viagem - não fique onde o lago estiver muito fundo, não passe muito tempo no sol, não beba, não fume, não use drogas - a garota fingia que prestava atenção na tagarelice da mãe enquanto terminava de arrumar sua mala - tome cuidado ao atravessar a rua, não durma com o cabelo molhado, não ande no carro de alguém bêbado, se agasalhe bem, não passe a noite inteira acordada e... Você quer que eu escreva?
- Mãe, relaxa, é só um final de semana. E eu já fui para lá outras vezes e voltei viva. - Ela fechava o zíper da mala que havia acabado de arrumar.
- Mas você sabe que eu nunca fico sossegada. Vem cá dar um abraço na mamãe. - A mãe de abriu os braços e deu um abraço na garota mais apertado que abraço de urso. - Para qualquer emergência você sabe o telefone e o endereço de casa, ou quer que eu anote?
- Mãe! - Gritou ela indignada. - Eu sei meu telefone.
- Ai, meu bebê... - Quando iam começar a sair lágrimas dos olhos da mãe dela, ouviu-se uma buzina.
- Tchau mãe, os meninos chegaram. - só jogou um beijo no ar para a mãe e desceu as escadas carregando a mala pesada.

Só tinha um carro vermelho estacionado em frente a casa dela, e era o que estava com as chaves do carro na mão, encostado no capô. saiu e parou bem em frente à porta, colocou as mãos na cintura e gritou para o garoto:
- Aah! Não acredito que é você que está aqui.
- É. Para desgosto dos dois, sou eu que estou aqui. - fez uma careta. - O que você está esperando?
- É, né? Esqueci que não posso esperar a gentileza da sua parte de carregar a minha mala. - Disse a menina a contra gosto.
- Eu carrego sua mala, dondoquinha. - Ele pegou a mala dela e levou para o carro. - #$#%$#%! O que você põe aqui dentro? Chumbo?
- Só o necessário, , o necessário. - entrou, se sentou no banco do passageiro e colocou o cinto de segurança enquanto ele colocava a mala no porta-malas. - E você com toda essa tranqueira que você carrega?!
O banco de trás estava abaixado para deixar o espaço do porta-malas maior para que coubessem, não um, mas dois violões. E não uma, mas duas guitarras, isso sem contar no baixo.
- Só o necessário. - Imitou a voz que ela fizera. - Sem isso não tem música.
Ele entrou no carro, colocou a chave no contato, abriu o vidro, ligou o rádio na mesma estação de sempre e quando ele foi finalmente ligar o carro depois de todo o ritual "" para começar a dirigir, trocou a estação e ele parou. Sintonizou na mesma estação de antes para que agora, começasse a andar. E ela trocou a estação de novo e ele parou para voltar na de antes. E ela trocou a estação de novo e ele parou para voltar na de antes...
- Chega! Esse é o meu carro e você não vai mudar de estação. - desistiu e desligou o rádio.
- Tá bom, . - A menina levantou as mãos em sinal de trégua.
O garoto respirou fundo, ligou o carro e botou o pé no acelerador. Já tinham andando vários quarteirões quando ela abriu a boca para quebrar o silêncio.
- Dá pra você dirigir mais devagar? Eu não quero que aconteça alguma tragédia porque você não sabe ler que nas placas estão escritas que a velocidade máxima é 100 km/h. - Falou arrumando o cabelo bagunçada pelo vento.
- Quanto? 100 km/h? - Disse cínico. - Ah tá, né, eu estou a 170 km/h.
Ela olhou de relance o velocímetro que marcava 100 km/h. sorriu triunfante para com objetivo de se gabar para a garota, mas ela já olhava a paisagem pela janela. Era incrível o quanto o garoto gostava de se exibir para ela quando estava certo, e não suportava isso nele, mesmo fazendo igual.
O silêncio vigorava no carro. Sem conversa e sem música.
De repente ele encostou na beira da estrada e a menina começou a gritar, brigar e reclamar.
- Você é louco? Por que você parou? Anda! ! - Ela perdeu a paciência e gritou histericamente, o garoto ao volante só dava risada.
- Louca é você. - Gargalhou a irritando mais. - O pediu para parar aqui pra gente se encontrar.
- E você nem me avisa? - bufou. - Graças a Deus que a gente vai parar. Assim eu tenho chance de trocar de carro com alguém. Ficar no carro do ou no carro da . Tanto faz... Longe de você. - Deu a língua e abriu a porta para sair do carro.
Eles evitaram os olhares até o carro azul do e o preto da passarem pela estrada. colocou metade do corpo para fora do teto solar do carro da irmã e fez sinal para todos irem direto.
- Como assim, eles não vão parar? C-O-M-O A-S-S-I-M?! - deu seu chilique. - Eu não quero ficar no carro com você. Eu... AHHH! - Gritou. - ! Vem me socorrer!
Dentro do carro o menino ficava vermelho de tanto dar risada.
- , sinto lhe dizer... Sinto mesmo, porque eu também não queria ficar no carro duas horas e meia com você, mas o não vai te ouvir daqui. Então entra no carro antes que eu te deixe aí na estrada pra algum caminhoneiro te pegar.
Ela fez cara de desprezo, enrolou um pouco, e por fim, entrou. Antes de voltar à estrada, sintonizou na rádio que queria. Olhou-a esperando palavras de agrado pelo que fez, ou até mesmo uma zoação por ter cedido. Não ouviu nada, ela já tinha adormecido como uma princesa.
Queria olhá-la dormir, mas não podia desviar os olhos da estrada. Se ela estivesse acordada, brigaria com ele por isso, e mesmo que ela achasse que sim, e as outras pessoas também achassem isso, tudo o que ele menos gostava era discutir com ela.
E tocando na rádio, estava a música que ele queria que ela ouvisse. Quem sabe nos sonhos dela, ela conseguiria ouvi-la?

Mi amor i'm not sure of the right words to say
Meu amor, não tenho certeza, das palavras que posso dizer
Maybe these simple words will the best to best explain
Talvez essas simples palavras, sejam a melhor maneira de explicar
Where i feel in my heart
O que eu sinto no meu coração
What i feel more each day
O que eu sinto a cada dia
How to make you see
Como faço você ver
How to let you know
Como faço pra você saber
How to say how to say
Como dizer, como dizer
How i love you so
Dizer que te amo tanto
With words you understand
Com palavras você entenderá
Words that get right through to your heart
Palavras que irão direto para o seu coração
Here's the place to start
Esse é o lugar pra começar

~

Capitulo oito
acordou se sentindo estranha, com uma moleza acima do normal. Tentou abrir os olhos com o maior sacrifício, mas quando o fez, parecia que ainda estava de olhos fechados por causa da escuridão que a cercava. A memória lhe falhará e ela nem ao menos se lembrava de como fora parar ali.
- ...? ...? ...? - A menina chamou os garotos baixinho. Na última esperança tentou o . - ...? Tá bom, , você está sozinha.
Tateou no escuro e sentiu o final da cama, desceu às cegas e por sorte a cama era baixa. Não sentiu nada ao redor, deu mais alguns passos e alcançou a maçaneta da porta. Do outro lado, a luz estava mais forte e fez seus olhos estranharem a claridade. Sentiu-se mais aliviada porque imediatamente reconheceu o lugar como o corredor da casa do lago que dava para os quartos. Passou a mão nos olhos na esperança de enxergar melhor.
Ela ficou sem reação durante algum tempo até aparecer no corredor e vir direto abraçá-la.
- , sua dorminhoca. - Ele a abraçou bem forte. - Dormiu bem?
- Hã? - Respondeu a menina ainda meio fora de si.
- Tá, acho que sim. Mas anda logo que todos nós já estamos na sala procurando algo para fazer.
- Hã? - sacudiu a cabeça e "saiu do transe". - Ahhh! Ok, só vou tomar banho e já vou com vocês. - Ela deu um beijo na bochecha de e entrou no quarto, dessa vez com a luz acesa.
Foi pegar a toalha e as roupas para poder tomar seu banho em paz. Procurou sua mala ao lado da cama que ela deduziu que ela dormiria, e não achou. Deu mais uma olhada no quarto e nada da mala.
- Cadê a minha mala? - Saiu gritando desesperada pela casa. - , cadê a minha mala? - Na sala, deu de cara com o menino e apontou o dedo direto na cara dele. - EU-QUERO-A-MINHA-MALA-AQUI-AGORA!
- Hey, hey! Quem você pensa que é para apontar o dedo na minha cara assim? - elevou a voz. - E eu pouco sei da sua mala, eu coloquei no carro e só. Você que deveria ter ficado de olho, e não dormindo a tarde toda.
- Cala a boca, ! Ou melhor, só abre a boca pra desembuchar logo, onde você escondeu a minha mala? - A garota batia o pé no chão. - Eu estou ficando irritada!
- Você nasceu irritada comigo. - deu a língua e virou de costas deixando-a falando sozinha.
- Te odeio, garoto! TE ODEIO! - olhou-o nervosa e ia partir para cima dos cabelos do menino quando veio por trás e a segurou.
- O que você pensa que vai fazer, mocinha? Quer acabar com o coitado do ? - Ele abraçou e ela ficou um pouco mais calma.
- Ah, ! Ele sumiu com a minha mala.
- Não sumiu nada, sua mala está no quarto que você vai dormir. Por acaso, já procurou no outro quarto? - se manteve calmo mesmo com o escândalo.
- Mas como no outro quarto se eu estava dormindo naquele?
- O te levou para o quarto no colo porque nenhum de nós queria te acordar. Mas ele te deixou no quarto dele e não no nosso.
- Nosso? A gente vai ficar junto? - perguntou sorrindo.
- Aham. Nós dois, a e o... O . - tapou os ouvidos para não ouvir a menina reclamar.
- O ? Ai que inferno! Por que justo o ? Só porque ele é a pessoa que eu mais odeio no mundo todo?
- Eu ainda não entendo seu ódio pelo , . - Ela abriu a boca para responder, mas mudou de idéia e foi para o quarto relaxar debaixo d'água quente.

demorou no banho, como de costume. Nessas horas não pensava na escassez da água do mundo, nem em nenhuma causa ambiental. Era só ela e o chuveiro, num momento para relaxar. Saiu, e vestiu-se com um vestido roxo, uma sandália baixa e deixou os cabelos molhados soltos.
- O que vocês estão fazendo, pessoal? - Perguntou entrando na sala.
Todos estavam reunidos no sofá e os meninos tiravam "dois ou um".
- Nós estamos vendo quem vai com você pro armário no sete minutos no paraíso. - Respondeu o entre risinhos dos meninos.
- Mas quem disse que eu quero brincar?! Pelo amor de Deus, vocês sabem que eu detesto essa brincadeira. Eu não quero, me esqueçam. - irritou-se e virou as costas para sair cômodo.
- , espera ai vai... Só uma vez. - pediu fazendo bico.
- Nem vem, eu não gosto de brincar disso. Até parece que nós temos quatorze anos de novo.
- Deixa ela, ué... Brincamos só nós quatro e as meninas. A é sempre a estraga prazer mesmo. - disse e deixou a menina nervosa.
- Tá bom, eu brinco. - Ela lançou um olhar fuzilante para o garoto que ergueu a sobrancelha. - Só que fique bem claro que em hipótese alguma, nem que eu estiver morta, eu vou com o lá para dentro.
- É, , a gente já sabe disso. - disse sorrindo. - Nem eu tenho coragem de te trancar lá com ele... Te quero viva!
- Vamos indo então, né?! Vai , sua vez de brincar... Pode ir entrando. - disse empurrando-a.
- Mas... com quem eu vou? - Perguntou ela já encolhida no meio das roupas do armário velho.
- Comigo. - entrou e sentou-se de frente pra ela, depois o fechou a porta e tudo ficou escuro demais para enxergar algo.
- ? - A menina tateou no escuro e achou a perna dele. Aos poucos os olhos dos dois acostumavam-se com a falta de luz.
- ... - O garoto pegou na mão dela e segurou firme.
- Pelo menos foi com você, né... - deu um risinho. - Vamos fazer o que aqui dentro? Falar sobre química, hein?
- Não... - ele suspirou e seu coração acelerou. - Vamos testá-la.
aproximou-se sua boca da boca de , juntando-as. O beijo inesperado foi tomando ritmo, e perdendo fôlego. Ele pousou as mãos sobre a nuca da menina e acariciava o lugar de leve. apoiou as mãos atrás do corpo para não cair, no fundo estava perdida nas lembranças de que beijara ali, no mesmo lugar. O beijo tornou-se doce e nenhum dos dois interrompeu até o barulho vindo do lado de fora atrapalhá-los.
- Caramba... O grita, hein?! - Comentou ela sem jeito, passando a mão pelo cabelo
- É... - estava mais sem jeito do que ela. - Ergh... , não me leva mal por eu ter feito isso, tá?
- Claro que não, ! Tudo bem. Eu até que... que gostei. - Ela corou.
- Mesmo? - O garoto deixou transparecer toda sua alegria. - Eu queria tanto isso, , mais tanto.
- ... - encostou o lábio nos dele e se afastou de novo. - Obrigada por me pôr para dormir na cama hoje à tarde.
- Acabou! Eita felicidade! - Gritou abrindo a porta no final dos sete minutos.
sorriu para ele, que sorriu de volta. E ambos saíram do armário fingindo que só tinham conversado amigavelmente.

Já era bem tarde e quase todos já estavam na cama quando resolveu ir deitar. Entrou no quarto tentando não fazer barulho, mas alguém lá ainda estava acordado.
- ! Ah, seu desgraçado... Assim você me assusta! - Ela quase pulou do chão quando o garoto levantou da cama de repente.
- Na verdade, você já deve estar acostumada a se assustar toda vez que se olha no espelho. - Respondeu ele todo engraçadinho.
fez careta e subiu na beliche para dormir. Em cima do travesseiro estava um bilhete escrito a mão em folha de caderno.
"Foram os melhores sete minutos da minha vida ao seu lado. Valeu a pena gostar de você em segredo por tanto tempo.
Ass: "

Bom, pelo menos agora ele se assumiu. Ele não vai mais precisar se encobrir como Sr. Anônimo.
guardou o bilhete na beirada da cama e tomou cuidado para não deixar o vê-lo, nem ninguém quando acordasse. Mas talvez aquilo ainda não fosse a prova suficiente de que era o Sr. Anônimo, mesmo que deixasse o coração da menina mais seguro só imaginando.

~

Capitulo nove
O sol já batia forte pela janela quando ela acordou com a maior preguiça e sono. Ainda não tinha idéia se acordara por causa da luz incomodando seu olho ou se era pela barulheira que vinha da sala.
- Caramba! A ainda não acordou? - Gritou o . - ! Eu estou falando com você, dude.
- Eu estou de boca cheia, merda. - Respondeu o menino ainda mastigando.
- É, , a ainda está na cama. - Falou a para o amigo.
- Melhor a gente acordar ela, não é? - Perguntou a com a voz mais próxima.
- Deixa ela dormir, não faz falta nenhuma. - Resmungou o aumentando o volume da TV.
- Mas galera, já é meio-dia. Por que a gente ainda não foi para o lago? - impaciente. - Já era, a vai acordar e é agora. - Ela abriu a porta do quarto com tudo e chamou sacudindo a amiga. - ACORDA AGORA, ANTES QUE EU TE JOGUE DESSA CAMA DIRETO NO CHUVEIRO DE ÁGUA FERVENDO.
- Bom dia para você também. - A menina bufou e finalmente decidiu sair da cama, mesmo querendo cinco minutos a mais para dormir. - Você tem um ótimo método para acordar as pessoas, .
- Hm, eu sei que eu sou demais. Agora sai dessa cama que a gente não está a fim de te esperar mais nem um segundo. - saiu do quarto deixando sozinha de novo.
- TPM... - a menina resmungou na cama virando-se para o outro lado antes de realmente estar pronta para um novo dia.
Com uma moleza sobrenatural, ela levantou-se e dobrou o cobertor. No meio da bagunça dos lençóis, ela achou um papel escrito a mão, numa letra que reconhecia vagamente.
"Ele teve sorte em poder te ter por sete minutos, mas sou eu que te amo e nunca vou desistir do seu coração.
Ass: (?)"

se assustou, podia ser uma miragem, um sonho, qualquer coisa, mas não, era real. O Sr. Anônimo lhe mandando outras mensagens? "Qual é? O é bobo?" Se perguntava sem parar até cair a ficha que de não poderia ser ele. Por mais que ele tivesse o mesmo jeito para escrever bilhetes que o Sr. Anônimo, por mais que ele gostasse dela, por mais que todos os por mais, não era ele. Eles estavam juntos agora, se não estavam ainda, eles ficariam. Por que ele não iria contar a ela? Todas as teorias foram por água a baixo, agora só queria uma chance de chamar a e encher ela com seu pequeno, ou talvez, grande problema. Mas ela teria que pôr seu biquíni e ir para o lago antes que a a matasse.
- , logo - a voz brava da amiga ecoou dentro do quarto e ela resolveu obedecer.
"Logo." tentava fazer tudo rápido, mas ela nunca fora tão ligeira assim. Sempre desastrada, ela tropeçou em todas as malas até chegar na dela que estava do outro lado do quarto.
- Nota mental: não obedecer a , principalmente quando for pra ir logo. - Murmurou agachada mexendo em uma mala que ela pensou ser a sua. - Droga... droga... droga... Por que eu não acho nada que eu quero na minha mala? - Ela só foi perceber que não era a dela quando encontrou um CD dos Beatles junto de uma cueca xadrez. - Meu Deus! Essa mala não é minha! Pra começar, minha mala nem é azul! Eu tenho que prestar mais atenção nas coisas, desse jeito eu... ECA! Eu peguei numa cueca e eu nem sei se ela tá limpa. ECA! ECA! ECA!
Ela continuou a amaldiçoar a pressa da amiga enquanto vestia o biquíni que finalmente tinha achado no meio da bagunça que estava a mala feita na última hora. Terminou de pôr o biquíni de bolinhas amarelinhas e um vestido branco por cima. O logo, acabou não sendo um "logo rápido" como queria, mas finalmente ela estava pronta. Então, abriu a porta do quarto e deu de cara com .
- Uau - disse ele quase babando. - Você está incrível.
- Obrigada. - Respondeu sorrindo humilde e envergonhada.
- ... - começou a falar sério naquele tom de "Nós precisamos conversar". - Eu acho melhor a gente ir antes que a venha aqui te arrastar até o lago, ou o que sobrar da sua pessoa depois que ela pôr a mão em você.
- Ela não teria coragem, ou teria? - A menina pôs a mão na boca e fez cara de assustada.
- Ah... Teria. Porque você é uma tartaruguinha, Dona . - Respondeu ele brincando.
- São vocês que são um bando de lebres, Mr. . - deu a língua e olhou a casa que estava silenciosa demais. - Mas por que está todo esse silêncio?
- Porque a expulsou todo mundo e só eu fiquei "para garantir que você não demoraria nem mais um segundo". - Ele afinou a voz no fim na frase imitando a amiga. - Então... É melhor nós irmos antes que eles achem que eu estou me aproveitando de você aqui.
O lago não ficava a muito mais que cem metros longe da casa, e os dois fizeram o caminho todo sem pronunciar uma palavra. Ela nem disse nada quando pegou na mão dela, apenas corou um pouco. Afinal, se eles ainda não estavam juntos, iam ficar, não é mesmo? não chegou a ficar igual um tomate, mas sentiu o sangue subir para as bochechas e mão que ele segurava ficar mais quente.
Quanto mais perto do lago eles iam chegando, mais densa as árvores ficavam e mais devagar o garoto andava. Até que quando já se via e ouvia os amigos se divertindo no lago, parou e , sem saber porquê, parou junto dele.
- , por que você parou? - perguntou confusa. - O lago é para lá. - Apontou e riu.
- É porque a gente precisa conversar. - Boom, aquela frase mais pareceu uma bomba dentro do estômago dela. - E não tem lugar mais perfeito que aqui.
- Então fale, Mr. . Assim você me deixa curiosa. - A menina tentou manter um tom divertido na voz, mas por dentro estava insegura.
- Tá, eu vou falar - ele sorriu meigo, aquele sorriso que a derretia toda. - Se você viu o bilhete... - ela acenou afirmativamente para ele com a cabeça. - Então você já sabe que faz tempo que eu gosto de você, e bom, espero que ontem tenha sido tão especial para você quanto foi pra mim, . Ou melhor, espero que não seja só ontem o dia especial que eu vou passar com você.
- Como assim, ? - Perguntou , mesmo tendo entendido o que o rapaz queria dizer.
- Isso significa, , que eu quero muito que a gente fique junto. Por mais que ontem, por mais que hoje. - olhou fundo nos olhos dela e ela realmente ficou sem palavras.
Ela e juntos. Quando os olhos dele encontraram os dela, ela sentiu a confiança de que poderia dar certo. Era um olhar seguro, calmo e penetrante. E aquele olhar acabou convencendo-a de que ela queria o mesmo que ele. Talvez tenha sido por impulso que ela pensou isso, porque lá no fundo, ela começava a cair na "lábia" daquele garoto que nem ao menos ela sabia quem era. Saindo do quase transe que tinha entrado por conta do olhar dele, ela respondeu sem jeito:
- Eu também quero, . - abraçou-o forte.
Ele acariciava as costas da menina e devagar puxou o queixo dela para mais perto. Os lábios dos dois se encostaram e as poucos voltou a sentir tudo o que sentira na noite anterior quando eles se beijaram pela primeira vez no armário. Uma mescla de euforia e paixão que só ia crescendo dentro de ambos. Mas mesmo que o corpo estivesse com o , o pensamento estava no Sr. Anônimo e nas suas mensagens. Seria tão bom se os dois fossem a mesma pessoa.
O beijo e os pensamentos de foram interrompidos quando o chegou gritando:
- Então é isso que vocês ficaram fazendo, né?! Nossa, , a gente pensava que você era um bom moço, me decepcionou! - Disse o menino bagunçando o cabelo do amigo.
- Eu sou tão bom que você nem imagina, benzinho. - falou zoando enquanto tentava arrumar o cabelo com as mãos.
- Mas com a ... - estremeceu de ciúmes. Era bom o ser tão bom quanto ele seria.

~

Capítulo dez
Quando e chegaram de mãos dadas na beira do lago, a primeira pessoa a estranhar e fazer cara feia foi o . Naquela hora sim, ela ficou vermelha feito um tomate, com todos olhando para ela. Ainda mais com o e o e aquele severo olhar de reprovação. Da parte de já era comum, o menino estava sempre olhando-a assim. Mas o , nunca. Ela se sentiu pra baixo, era importante que o amigo a apoiasse em tudo, como normalmente fazia, mas agora era diferente.
- Não acredito nisso! - Gritou de um jeito espalhafatoso. - Os dois juntinhos é demais para o meu coração de amiga.
- e , posso matá-los agora? A gente quase morreu de preocupação. Como assim vocês somem sem deixar nenhum recado?! Isso sem contar que já é tarde. Daqui a pouco nós temos que voltar para almoçar. - voltou a reclamar com aquela voz de taquara-rachada que fazia a orelha de arder.
- , por que você não vai beber uma água de coco e relaxar um pouco, hein? - disse puxando a menina para um canto.
- Nossa, , achei que você fosse se importar com os dois juntos mais do que isso. - Comentou deixando o amigo sem graça.
- Se ela quer, , não posso fazer nada. - Ele disse indiferente e mais baixo que o tom de voz das outras pessoas.
- Eu não esperava isso de você, . E espera aí... Tudo isso foi depois do "7 minutos no paraíso" ou é impressão minha? - se assustou com a probabilidade.
- Bom... Foi. - respondeu sem jeito.
Eles continuavam de mãos dadas encarando todas aquelas perguntas e comentários, mas ela não via mais sinal de que provavelmente fora nadar no lago. continuava a olhá-los com desprezo e o resto das meninas pareciam achar aquilo um máximo. Na verdade, quem não acharia? era lindo e muitas garotas da escola gostariam de ser a namorada dele. Só que muitas delas não tinham como seu melhor amigo de longa data o . Mesmo sem saber porquê não gostava dos dois juntos, resolveu aceitar que ele não se acostumaria tão cedo com isso e que ela teria que conviver nessa situação que não era o tipo das que chamam de "confortável".
- Mas até que eles formam um casal fofo, né não, ? - apertou as próprias bochechas.
- Não vi nada demais. - A menina respondeu dando a língua.
- Isso - falou apontando o dedo para e depois virando de volta para - é porque você não viu nada.
Depois de dizer isso, puxou o corpo de pela cintura e beijou os lábios da garota ferozmente. Ela o beijava de olhos fechados então só podia imaginar a cara que estava fazendo. Ele devia odiá-la agora e isso fazia desviar seus pensamentos do momento com . O beijo já não era mais tão entrosado, mas ela não queria interrompê-lo. Tentou continuar carinhosa até quando ouviu barulhos de passos. Mesmo que ela abrisse os olhos, pouco adiantaria. A mão de acariciando seu rosto e nuca tamparia quase toda a visão. O medo de ser o que saiu sem suportar os dois de beijando fazia o estômago de revirar, pouco a pouco, depois muito a muito, até que ela não agüentou mais e parou o beijo.
Ela pôde enxergar quem estava lá agora, e nada de . Torceu para que não tivesse percebido o motivo por qual ela interrompeu o beijo e pensou em uma desculpa para escapar de lá e ir conversar com ele.
- Uau, que delícia! - Exclamou se abanando e virando os olhos.
- Retiro o que eu disse, vocês formam um belo casal. - disse entre risinhos.
- É, belíssimo! - aplaudiu piscando o olho várias vezes.
- Que nojo... - Comentou virando os olhos.
- Todas vocês são invejosas. E isso te inclui, . - piscou para o outro garoto que lhe mostrou o dedo do meio, depois abraçou de lado, de um jeito possessivo.
Ela sorriu, adorava o jeito de para abraçar. Porém o sorriso desapareceu em questão de instantes quando viu caminhando para longe, já na outra borda do lago. Resolveu tomar uma atitude.
- Eu já volto, . - A menina se soltou do abraço e saiu de lá controlando sua pressa de ir procurar .
Se estava sem entender nada, , e entendiam menos ainda. Os olhares deles procuravam por uma resposta e a expressão nos rostos era equivalente a um ponto de interrogação.
- Acho que ela foi procurar o . - Por fim, falou com um ar de dúvida.
- Deve ser. Com a cara dele de quem comeu e não gostou... - deu de ombros.
- O tá estranho, eu nunca vi ele assim. - coçou a cabeça preocupado. - Isso foi só por que ele viu eu e a juntos?
- Ele estava bem alegre antes, e é isso que deixa ele estranho. Eu já vi ele bravo assim outras vezes, principalmente quando o faz as brincadeirinhas de mau gosto para cima da . Mas hoje realmente pareceu que ele ficou daquele jeito por causa de vocês. - Respondeu pensando.
- Droga, eu ainda não entendo... - o menino bufou.
- Não é de hoje que todo mundo sabe que o tem ciúmes da , né?! Provavelmente é por isso. - Disse enfatizando o "todo mundo".
- Mancada do , eu sou amigo dele. E ele sabe muito bem que eu vou cuidar da com o maior carinho. - As meninas suspiraram quando falou. - Ele sabe que eu não sou nenhum da vida.
- Mas eu não acho que seja só ciúme que o sente pela . - A declaração de assustou o garoto e as amigas que abriram a boca de espanto. Poderia até ser que ele gostasse de de outro jeito, mas como tinha coragem de dizer isso na frente do namorado dela assim?

Enquanto eles discutiam a relação de com , a garota apenas ouvia os murmúrios das vozes. Já estava longe o suficiente de onde eles estavam, mas ainda não fazia idéia de onde estava. Não prestou atenção em qual caminho ele seguira e parar para pensar nisso estava atrasando-a. Foi pelo caminho da direita, uma pequena e estreita trilha marcada com pedras que passava pelo meio das árvores. Conforme andava, as folhas das plantas raspavam no seu corpo e dificultavam um pouco a passagem. Antes mesmo de cansar-se avistou um menino chutando pedrinhas. Só podia ser o , o conhecia até mesmo de costas.
Ele virou repentinamente antes que desse um sinal de que estava ali, fez o menino levar um pequeno susto e exclamar pálido:
- ?! O que você está fazendo aqui?
- Eu vim te procurar, o que mais eu poderia estar fazendo? Fugindo de alguma coisa, igual você? - A menina disse em tom de acusação, dando mais três passos em direção a .
- Fugindo? Eu não estou fugindo. - Respondeu ele, aumentando a voz.
- Então você está...? - deixou o final da frase vaga para que o amigo completasse.
- Passeando.
- Tá, eu também estava passeando quando vi meu melhor amigo aqui, sozinho e triste. - Ela percebeu que o menino ia interrompê-la para retrucar mas continuou a falar. - E não tente dizer que você não está triste, eu sei, . Pelo tanto que eu te conheço você não me engana mais com sua mão inquieta e seus dedos estalando quando você tenta esconder algo.
- Odeio o fato de você me conhecer tão bem... - murmurou ele baixo.
- Você também me conhece, e sabe que eu fico e estou preocupada contigo. - As folhas caídas no chão estalaram depois que deu mais um passo a frente, tocando carinhosamente o braço dele.
- Pois é, ... Eu te conheço tão bem que sei que você não gosta do . Por que diabos vocês estão juntos? - puxou o braço para trás bruscamente de modo que a mão da amiga não o tocasse mais.
- Você está enganado, . Eu gosto dele. - Disse ela cuidadosa com as palavras para não machucá-lo.
- Se você diz... Mas eu não dou muito tempo até você perceber que não é dele que você gosta. - Os olhos do rapaz encontraram os de . No fundo do olhar dele tinha um misto de preocupação e nervoso que ela pode sentir na própria pele.
E se ele estava certo? Quantas vezes não estava certo e deixou de ouvi-lo?
- Deixa para lá, pequena. Vamos voltar para casa... - falou indicando o caminho de volta com a cabeça quando sentiu que o assunto tinha deixado perturbada. - ?! Terra chamando para ! - Ele passou a mão em frente ao rosto da menina. - Ai, pequena... Me ouça, não, não... Ouça seu coração. Ele nunca mente. Você vai saber se eu estou errado ou você está se iludindo se deixá-lo falar mais alto.
- ... - ele parou de andar quando ouviu a voz da garota chamando-o. - Você me perdoa?
- Perdoar? Mas pelo quê? - Ele voltou os passos que tinha dado em direção à casa.
- Por... Sei lá... Estar com o e ter te feito sair daquele jeito lá no lago. - desviou o olhar para os pés.
- Claro que sim. Eu que devia ter te pedido desculpas por fazer você se preocupar por uma besteira minha. Agora vamos ou a vai te matar e esfolar por ter sumido duas vezes hoje.
- É, vamos. - deu um breve abraço no amigo e eles fizeram o caminho de volta para casa trocando sorrisos e caretas. Por vezes, a menina sentia que queria pegar na sua mão como faziam quando eram crianças. Era chato assumir que agora eles já eram adolescentes e que ela tinha um namorado que não gostaria de ver a cena, por mais normal e inocente que pudesse parecer aos dois.
A vida estava diferente... para ambos.

~

Capítulo onze
Quando eles chegaram, todos já estavam em casa e, para variar, procurando por . Especialmente , que parecia inquieto batucando com a mão na mesinha de centro da sala. Ele não tinha tomado banho, nem almoçado. Segundo , voltou para casa resgundo que deveria ter seguido a namorada e não a deixado por aí, solta no meio de trilhas repletas de cobras, aranhas, escorpiões e tarados.
- Era mais medo de que o falasse algo que te machucasse do que medo da anaconda te atacar. Relaxe, ele só estava preocupadinho. - acalmou dando-lhe palmadinhas nas costas.
- Ele vai superar o primeiro surto de preocupação, amiga. Só não digo o mesmo da . Ela subiu nas paredes dessa vez. Juro. - Logo que terminou a frase, apareceu na sala usando um avental de cozinha e gritando para fazer um surdo ouvir.
- , o que te deu dessa vez? Sumir no meio daquele matagal, no meio daquela floresta amazônica, onde você podia ter sido picada por, Deus me livre, uma cobra, e nós nem estaríamos sabendo disso para te socorrer em uma emergência. - A amiga deu o sermão como uma mãe o daria, com direito a muito drama, caras e bocas.
- Eu estava lá com o . - Respondeu super calma.
- Eu estava lá com o . - resmungou . - Isso não justifica a sua falta de responsabilidade... De qualquer jeito, eu vou parar de me preocupar com você. Sempre tem algum dos meninos ao seu lado para ser seu salva-vidas exclusivo. - Ela saiu batendo o pé e bufando alto, enquanto as outras meninas na sala riam escondidas.
- Com a de amiga, você nem precisa de mãe, ! - falou baixo para não ser vitíma de bronca.
- E, Dona , pode vir fazer um bolo delicioso com cobertura de brigadeiro do jeitinho que você sabe fazer. Porque você sumiu do nada, de novo, e eu que tive de fazer o almoço hoje, que era responsabilidade sua. De castigo, eu quero o bolo. E que fique muito bom. - Gritou a amiga-resmungona da cozinha.
fez cara de coitadinha para e no sofá e foi para a cozinha botar a mão na massa do bolo!

A cozinha da casa nem era tão grande assim. Tinha as paredes altas, com mais de três metros de altura, a pia de granizo, muitos armários brancos com os puxadores prata e os eletrodomésticos combinavam com o resto da decoração mesmo não sendo de última geração. Em cima da mesa de oito lugares, sobrava espaço para as frutas de mentira que davam o "colorido" ao lugar, ajeitadas sobre o vaso de vidro e a toalha de renda, pela qual a Senhora tinha tanto zelo.
Ela sabia a receita de cor; o bolo era sua especialidade culinária, mas não que soubesse fazer muitas coisas. Só o bolo, arroz e miojo. Procurando os ingredientes dentro dos armários, chegou à conclusão que tantos a confudiam. Pra que tudo isso? Seria mais simples se guardassem tudo em um só. Resmungou mentalmente quando achou a farinha e o fermento no armário à esquerda da pia.
- ? - Ouviu a voz de chamá-la enquanto batia a massa do bolo de costas para a porta.
- ! - Disse sorrindo virando o pescoço para ver o amigo.
- Acho melhor você ir conversar com o , ele está um tanto bravo com você. Sabe como é, né? Ciúmes... - Ele puxou a tigela do bolo e a colher da mão de para continuar batendo. - Anda, eu termino esse bolo.
- Sabe, , tudo isso é muito louco. - Comentou sorrindo abobada. - Antes era o que tinha ciúmes de mim com os garotos e agora o está com ciúmes de mim com o . Acho que eu ainda não cai na real, o tendo crises assim me parece estranho e... - riu - Engraçado.
- Hey, , você não deveria rir do seu namorado! - Ele tentou ficar sério segurando o riso, mas não conteve por muito tempo. - Mas, dude, é hilário o de namorado procupado.
- Acho melhor eu ir esclarecer isso com o meu namorado. - Depois da crise de risadas dos dois, se pronunciou deixando o bolo sob os cuidados de saindo da cozinha.
- Seu namorado... - bufou o menino baixinho a contra-gosto quando ela já não ouvia mais.

estava sentando em um dos balanços que ficavam no jardim dos fundos. Não tinha nem um sinal de sorriso no menino que encarava o chão sem nem se mover, praticamente sem piscar. Enquanto aproximava-se cautelosa, continuava quieto. Ele estava totalmente perdido em seus pensamentos, a menina poderia apostar um doce que eram sobre ela. Devagar, foi chegando mais perto do garoto, que fingia nem notar a presença dela ali. Sentou-se no balanço, ao lado de e ficou por um tempo empurrando o corpo para frente e para trás em silêncio. Um silêncio de enlouquecer, sem palavras, sem olhares, apenas o balanço enferrujado rangendo.
- , pára com isso. Esse silêncio me machuca. - Disse e finalmente fez com que ele levantasse os olhos para encará-la. - Você sabe que eu não fiz nada, eu e o somos apenas amigos.
- Eu sei que vocês não fizeram nada, . Você é minha namorada e ele meu amigo. Existem pessoas que eu poderia confiar mais que em vocês dois? - Falou ele visivelmente abalado.
- Então o que te faz ficar assim, ? - Perguntou segurando o queixo dele delicadamente. - Eu preciso saber.
- É que, não me leve a mal, mas você parece tão diferente. Tão distante. - sentiu uma pontada no estômago. Ele percebera algo?
- Nós nunca estivemos tão próximos, . - A menina encostou a cabeça no ombro dele, poderiam conversar assim e ela não teria que olhá-lo bem nos olhos. Doía ver a mágoa e saber que aquilo era verdade.
- Eu não estou falando de física, e sim de química. - virou para olhar as flores no chão, chamaram-lhe a atenção principalmente as vermelhas. - Você gosta mesmo de mim? Quer dizer, como namorado?
- Eu... Hum... - engasgou. - Gosto, . Gosto...
Ela tinha certeza que sim, até ter ouvido as palavras de . Poderia ter ouvido o coração se ele não estivesse confuso também. No fundo, ainda pensava no Sr. Anônimo, mas ao mesmo tempo, achava aquilo tudo idiota. Gostar de alguém que nem releva quem é? Era mais fácil aceitar a idéia de que estava apaixonada pelo . E ele ainda retribuía o amor, tanto quanto aquele garoto que só tinha a esconder. Se ela soubesse quem ele era, a resposta poderia ter sido outra.
- ... - ele impediu de terminar a frase com um beijo. Ele estava apaixonado, podia sentir só te tocar seus lábios.
A menina nem precisou mais perguntar o que queria, se ele a perdoava. A resposta estava ali, ele acariciando seus cabelos e a beijando como antes. Era como se nada tivesse acontecido.
- Por que você repete tanto o meu nome, hein? Você poderia inventar um apelido carinhoso para mim, ia ser melhor, já enjoei do meu nome. É o mesmo a dezesseis anos... - ele sorriu e também.
- Então tá... Meu Docinho de Morango - improvisou rindo. - Vamos para dentro que eu preciso terminar o bolo.
- Que bolo? - perguntou fungando o nariz. - Esse que parece que está queimado?
fez uma cara chorosa e saiu gritando por .

~

Capitulo doze
Não era porque o bolo era de chocolate que ele estava preto, estava queimado, completamente queimado. zombou tanto de que nem um bolo sequer conseguia fazer, e ele zombou porque ela deixara o bolo aos cuidados dele. Como castigo pelo castigo, ficou responsável pela janta e ia cozinhar macarrão. Sem segredos culinários e sem tragédias, como classificou a fumaça saindo da cozinha depois do acidente com o bolo.
Depois que acabara a janta e todos estavam comendo como esfomeados, ela foi tomar banho. Passou no quarto para pegar a roupa que vestiria. Uma blusa qualquer e um shorts qualquer, do tecido mais leve de preferência por causa do calor que fazia. Abriu a mala e levou um susto com o pedaço de papel em cima das roupas. Era exatamente como o primeiro bilhete deixado na cama quando acordara pela manhã no lago. Escrito a mão em uma folha de papel, naquela letra que ela não reconhecia de quem.
"Você sabe que eu te amo. Eu sempre serei sincero. Então por favor, me ame.
Ass: (?)"

Suspirou e segurou forte o papel. Aquele cara, aquelas palavras... Por que ele não se revelava? Por quê?
Levantou da cama, guardou o papel do bolso e foi para a cozinha procurar . Estavam todos a mesa comendo como avestruzes, arrotando, falando de boca cheia, jogando comida nos outros. Um típico jantar entre amigos.
- Nossa, amor, tá de parabéns! A comida tá... muito boa. - Falou mastigando.
- , cala a boca! - Mandou com a boca suja de macarrão.
- O tá com molho até na testa. - riu do irmão e jogou um guardanapo para ele se limpar.
- Pelo menos a minha blusa eu não sujei. - Apontou cinicamente para , que deu a língua.
- É última moda no Brasil. - estufou o peito, fingindo estar orgulho da mancha.
- Meu Deus, ! Sua mãe vai te matar. Sabe o quanto é difícil tirar mancha de molho? - imediatamente pegou um pano para limpar a camiseta do amigo.
- Eita, a tá muito prendada! Acho que é uma indireta pro . AHAHAHA - ria tão espalhafatosamente que acabou derrubando o copo de suco de uva em .
- , olha o que você fez! - tirou a camiseta que ficara encharcada e roxa.
- Olha a educação na mesa. - tampou os seus olhos e os de .
- Agora a irmãzinha do que vá para o tanque lavar. - Danny finalmente abriu a boca para falar, não só ficar rindo
- Eu não sou escrava. Ele que arrume outra trouxa para lavar as porquices dele. - A menina falou sem perceber que pegara a camiseta do seu irmão e fora lavar. Quando ouviu a amiga, lançou-lhe um olhar que a fez pedir desculpas imediatamente. - , ... É brincadeirinha. Milhões de desculpas, amiguinha.
- Olha, , eu só te... - Ela foi interrompida por outra blusa jogada na sua cara.
- Lava a minha também, . Obrigado! - fez sinal de 'joinha'.
- E a minha, amor? - perguntou fazendo bico.
- ! Você não vai ficar sem camiseta aqui na frente de todo mundo. - bufou examinando as manchas das camisetas dos amigos.
- Você está com ciúmes da gente, ? - fez cara de ofendida, ela não era boba de ficar com os olhos tapados o tempo todo.
- Claro que não. Eu estou é preocupada com o lado "purpurinado" do . - Sarcástica.
- HAHAHA! Muito engraçado. - "riu". - Ow, limpa isso aqui, escravinha. - derramou o resto do macarrão que estava no seu prato no chão.
- HAHAHA, muito mais engraçado, Senhor -Porco. Só mais três palavrinhas: vai tomar... - pegou a panela de macarrão que estava sobre a mesa para as pessoas se servirem e despejou toda a sobra na cabeça de , que ficou vermelho tanto do molho de tomate, quanto de raiva - banho.
O menino levantou-se e começou a tirar o espaguetti do cabelo. Estava por inteiro sujo, completamente da cabeça aos pés por causa da comida que escorrera.
- Não vou revidar. - Disse ele passando a mão que usara para tirar a comida de si na blusa de . Depois ele saiu em direção ao banheiro.
- Que bom que ninguém ia repetir mesmo, né?! - Disse para descontrair o clima.
- Podia ter deixado um pouco para gente brincar de guerra de comida com todo mundo. Você e o são muito egoístas. - Reclamou começando a recolher os pratos da mesa.
- Pior parte agora, a limpeza. - Choramingou levantando-se para botar a mão na massa.
- Dessa eu tô fora. - saía da cozinha. - Tive uma idéia pra hoje à noite, enquanto vocês fazem o trabalho "limpo" eu vou botá-la em prática.
- Então eu vou te ajudar, amiguinha. A fez essa bagunça, então a arruma. - deu uma dura na amiga.
- Ê, é sempre a aqui, viu... - pegou um pano e começou a limpar a meleca que estava em volta da cadeira de . - Vocês têm que aprender a botar a culpa no também, ele provoca.
- Eu acho que a culpa foi do , amorzinho. Vou tomar banho e aproveito pra mandar ele vir aqui te ajudar. Certo? - deu um selinho na namorada e piscou.
- Certo. Se precisar, use sua força física. - negou e fez um sinal de paz e amor para ela.
- Eu também vou. Sabe como é, qualquer movimento que não seja tocar ou jogar video-game não me agrada. - ia saindo também, deixando apenas , e na cozinha.
- Ele esqueceu bater p... - ia dizer, mas o cortou antes.
- Olha o respeito, . - Ele corou e voltou a jogar o resto de comida dos pratos no lixo.

tirou os anéis que usava antes de lavar louça. Era realmente horrível quando eles caíam no ralo, ela não queria que isso acontecesse de novo. Foi guardá-los no bolso e sentiu o bilhete, lembrou de falar com a . Era a oportunidade perfeita já que tinha ido levar o lixo para fora, as duas estavam sozinha na cozinha. limpava a mesa quando se aproximou.
- , a gente precisa conversar. - começou a falar olhando o bilhete em suas mãos.
- Se você disser que está grávida, eu tenho plenos direitos de madrinha sobre está criança? - Perguntou sentando-se na mesa.
- Não, não, sua precipitada. É só que... erm... Ele anda mandando mensagem de novo. - A amiga fez uma cara de "não estou entendendo". - Olha, já é a segunda hoje.
- Ele quem, um ET? - Brincou, - Ah, te entendo. O tal Sr. Anônimo... , veja bem, agora você e o evoluíram um passo e não tem cabimento continuar a dar trela para as mensagens de alguém que fica se escondendo. Você e o estão tão bem juntos...
- Isso não é totalmente verdade. Acho que eu...
- Que você está apaixonada? - Perguntou a amiga tentando fazer encará-la.
- Erm... Não é bem... erm... É, acho que sim. - Lembrou-se: o coração nunca mente. - O já notou como eu estou diferente.
- Eu ainda preferia o . Sabe, ele vai poder te dar carinhos e beijinhos quando você precisar e ele não é o tipo de cara que as pessoas não se apaixonam. Quem sabe você não esquece o Sr. Anônimo?! Ele é só um pedaço de papel.
- Um pedaço de papel, de um bombom, uma flor, um e-mail...
- Mas não passa disso, . - abraçou a menina que segurava forte o papel em suas mãos suadas.
- Eu... eu queria que você visse isso. - entregou o papel nas mãos de com um certo receio, era mais que um pedaço de papel, era sentir-se amada.
Ela examinou o papel por algum tempo com um sorriso vitorioso nos lábios, estava feliz pela amiga, mas agora nem tanto...
- Duas observações. Primeira: Isso é Beatles. - riu, ela continuou. - Segunda: Essa letra é da .
- Da ? C-c-cmo a-assim da ? - Gaguejou. Então a tal letra familiar era...
- Que mancada dela. É tipo assim, muita mancada dela fazer isso. E... E não tem nexo!
- Eu não acredito. Tem certeza que é dela? Você não está confundindo?
- , eu tenho cer-te-za. - Respondeu pasma. - Agora nós precisamos falar com ela. Foi muito feio isso, ficar brincando com os sentimentos da amiga, assim?!
Nesse momento, e entraram em casa carregando várias garrafas de vodka, aproximadamente umas dez. Ela teria ouvido a conversa?
- Ei, chamem todo mundo. Vamos brincar de "Eu Já". - Disse sorrindo abobalhadamente.
- É "Eu Nunca", . - Retrucou de cara amarrada para ela.
- É, o nome do jogo é "Eu Nunca". - Concordou empurrando . - É que ela já bebeu uma dessas. - terminou apontando para as garrafas.

~

Capítulo treze
- Ow pessoal, aqui na sala! - gritou chamando todos. - Bando de preguiçosos, dá pra vocês acordarem e virem se divertir um pouco?! - Ela se enfezou e saiu batendo na porta dos banheiros e quartos fazendo a maior algazarra.
- , pára de fazer tanto barulho. Eu estou tentando dormir, obrigado. - sonolento abriu a porta do quarto.
- Não, eu vou fazer mais barulho, isso sim. Enquanto todo mundo não estiver aqui, eu só vou gritar. - A garota começou a pular euforicamente. - Levanta! Levanta! Levanta!
- Ela tá bêbada? - Perguntou o rapaz às outras três.
- Perceptível, né?! - Respondeu fazendo careta. - Vou trocar essa blusa suja de molho, já volto.
Foi para o seu quarto e inconscientemente abriu a porta sem bater. Resultado: achou o apenas vestindo uma boxer preta. Ela corou e fechou a porta de novo. Pediu à Deus que ele não tivesse visto que alguém abrira a porta e pegara-o seminu, ou que no mínimo achasse que havia sido outra pessoa. Encostou na parede aos suspiros, que corpo. Uau, a genética havia sido muito generosa com ele. De repente a porta se abrira e deixou o quarto, agora devidamente vestido. Aquela camiseta listrada e o shorts largo não faziam jus a tudo que ele tinha por baixo.
- ? - Disse desconfiado.
- O que foi, ?
- O que você faz aí? - Arqueou a sobrancelha.
- Vim trocar a camiseta, oras. O que te interessa cuidar da minha vida?
- Acredite, nada. Mas sem ressentimentos, ok? Macarrão é a minha comida preferida.
- gentil desse jeito?! Nossa, que bicho te picou? - ironizou fingindo procurar alguma picada estranha no corpo dele. - Para um fato como este o veneno tem que ser muito forte.
Ele mostrou o "dedo feio" e imitou. Ela mudou de assunto mandando-o ir para a sala onde estava chamando todo mundo para poder trocar de roupa rápido e ir também. Se perdesse o começo da brincadeira, a graça acabava. E o álcool também.

vestiu sua baby look lilás e voltou para a sala. Todo mundo já estava lá. tinha ido atrás do que fora por o lixo para fora, tinha feito perder o sono e fez deixar o video-game de lado um pouco. Eles discutiam alto para decidir quem seria o primeiro, mas ninguém chegava à um acordo. Acabou sobrando a batata para com a desculpa que ela foi a última a chegar. Como não fazia muita diferença para , ela sentou na rodinha e eles começaram a brincadeira.
- Eu nunca... - ela parou para pensar - joguei isso. - Todos deram um gole nas suas garrafas. - Que é? Vocês jogam escondido de mim? - Riu.
- Com certeza, a gente faz altas festinhas sem você saber. - Disse zoando. - Minha vez, certo? Eu nunca tive um namorado.
- Namorado eu nunca tive, mas namorada... E aí, como eu fico?
- Cala a boca e bebe isso logo, . - Respondeu ignorante.
- Espera, eu preciso contar. A Brit, a Lindsay, a Lauren, a Mandy... - deu seis goles, um por cada ex-namorada, deixando um terço da garrafa vazia
- Minha vez. - arregaçou as mangas como se fizesse diferença. - Eu nunca tirei zero na escola.
- Aê! O é nerd! - Gritou batendo palmas.
- De novo, silêncio que eu preciso contar. Foi um em álgebra, outro em física, e teve também o de biologia... - bebera outro terço da garrafa.
- Pô, . Assim você vai ficar bêbado facinho-facinho. - riu do amigo que já tombava para os lado.
- Que nada. Isso é fraco - bebera mais um pouco à toa. - Vez de quem?
- Minha! - sorriu confiante. - Eu nunca me apaixonei por alguém que está nessa sala.
olhou para os garotos e seu olhar encontrou o de . Ele parou de encará-la e bebeu um gole de sua garrafa, igual aos outros três. De e , ela conhecia a história. Mas e e ? poderia ter se apaixonado por outra das meninas antes, conhecera antes que ela. Eles eram amigos, mas tinha certeza que não sabia tudo sobre o . Agora com , era de se desconfiar que ele não lhe contara nada. O que teria de errado nisso? Com o pensamento nisso, ela esqueceu de beber. Finalmente conseguiu dar o gole pelo namorado e o Sr. Anônimo que também estava ali, mesmo não sabendo quem era e se aquilo era realmente estar apaixonada.
- Eu! Sou eu! - Urrou na maior euforia. - Eu nunca beijei um camelo.
- , isso é sério! - resmungou no meio de risadas gerais. Ela bufou e tentou outra vez:
- Eu nunca bebi.
- Aham, e eu nunca menti. - disse sarcástico. Ela bufou de novo.
- Eu nunca nadei pelada.
- Ixi, e agora? - gargalhava bobamente.
- O que foi, ? - A irmã perguntou preocupada.
- Minha bebida acabou. - Fez bico e se levantou com muita dificuldade, segurando no armário atrás dele. - Vou comprar outra.
- Não vai, não. Olha como você já ta, ! Senta ai e só olha agora, mais bebida você não vai tomar. - assumiu uma postura séria e responsável com , que ignorou a parte do "mais bebida você não vai tomar".
- , amigão! Me dá um pouco da sua? Não vai te fazer falta, você não precisa afogar as mágoas. - foi pra cima de tentando pegar a garrafa que estava no meio das pernas dele. - Olha só quem é sua namorada, dude. Se ela fosse minha, eu nem ligaria pra vodka.
corou tanto quanto vendo o irmão dar aquele vexame, mas parecia não ligar. Eles já estavam acostumados a ver daquele jeito, por mais que ele não admitisse, ele não tinha resistência a bebida. Então depois de pouco tempo, ele começava a falar coisas que não lembraria no dia seguinte, enquanto os amigos fingiriam que esqueceram a arrogância do bêbado para ir ajudá-lo nos momentos de ressaca.
- Olha aí, , você já tá no "cai-não-cai" e ainda quer beber mais? - controlava sua paciência, ficou de pé e ergueu sua garrafa para o garoto não alcançá-la.
- Vamos lá, , vamos tomar um banho e ir dormir, é tudo o que você precisa. - tentou puxar que não arredou o pé de lá. Ele estava fazendo caretas demais e acabou vomitando no tapete da sala, que por acaso era caríssimo e iria lhe custar uma boa bronca dos pais.
- , olha só o que você tá fazendo. Vai com o tomar um banho, vai ser bom. - estava em desespero, por que tinha de ser sempre assim com o irmão?
- Você, - apontou para - vai se f*der. E você, - depois para a irmã - fica na sua. - respirou fundo, não agüentava ouvir desaforos, só muito menos perderia a paciência com . O amigo não estava em condições de brigar, e ele já sabia muito bem o que era melhor fazer quando o garoto chegava a esse ponto. Antes que se preparasse para dar um soco em , foi para o quarto, desistindo de ajudar o amigo que fora para a cozinha vomitar na pia.
suspirou e seguiu o garoto até a cozinha; esqueceu o nojo que era vê-lo vomitar daquele jeito. Ele já tinha parado e sentado em uma cadeira, então foi até a geladeira pegar um pouco de água para molhar o rosto do .
- , pára! Eu tô mal, não quero que você me veja assim. - Resmungou ele enquanto a menina passava água molhada no seu rosto.
- Se você soubesse quantas vezes eu já não tive de cuidar de você assim... - Ela sentiu aquele bafo de álcool se aproximando do seu ouvido.
- É por isso... que-eu-gosto-de-você - falou enrolado como um bêbado.
- Eu sei, . - Respondeu sem jeito. - Não sai daí que eu vou chamar algum dos meninos pra te dar um banho, ok?
- Tá, mas ... Chama o , ele é meu parceiro - ela riu e concordou com a cabeça.

e estavam na sala consolando que chorava compulsivamente se culpando pela situação toda. deu um beijo na testa da amiga ao passar e a acalmou um pouco. Não podia dar grande consolo, tinha deixado um bêbado sozinho na cozinha. Foi para o quarto onde estavam , e para chamá-los.
- ... - chegou de mansinho. - tá te chamando, ele quer que você ajude ele no banho.
xingou baixinho e cutucou para ir junto com ele.
- Meu irmão só apronta. - Disse baixinho coçando a testa.
- Não é aprontar. Ele só bebeu um pouco demais. - riu.
- Ele tem é sorte de ter amigos como vocês. Depois da super indireta que ele deu no Harry, mandou o se f*der e vomitou na sua frente, nossa... eu batia nele. Mas como ele é meu irmão eu não posso fazer nada, família a gente não escolhe.
- Você acha que aquilo foi uma indireta?
- Você sabe, bêbados não mentem. - confirmou.

~

Capitulo quatorze
Acordar no dia seguinte não foi uma boa coisa. Todos cansados, com preguiça e aquela dorzinha no coração de ir embora e deixar toda a diversão e liberdade de estar sem os pais para trás. Depois da bebedeira, e demoraram para levantarem, até mesmo mais que que era a preguiçosa número um da turma. O resto do grupo já havia limpado a casa toda e estavam começando a recolher seus pertences jogados pela casa (e até fora dela, no jardim) para fazer as malas e colocá-las dentro do carro.
O dia de ir embora era sempre uma tristeza, com todo aquele mau-humor as pessoas não se falavam a não ser que fosse emergência. Por isso, só ficou sabendo que livraria-se de voltar com o no carro de hora de partir. voltaria sozinha com em seu carro. que estava no carro de , ia voltar junto com no carro do . E ia voltar no carro de para dirigir para ela, já que a garota não queria e estava impossibilitado pelos seus enjôos pós ressaca.
- Espera! - Gritou quando todos já estavam nos respectivos carros, prontos para dizer tchau. - Esqueci minha escova de cabelo no banheiro.
Ela apressou-se para fora do carro e foi buscar o esquecido. Sua escova de cabelo estava sobre a pia junta da escova de dente de , pegou e quando ia voltando para o carro percebeu algo estranho nas costas do objeto. Era mais um dos bilhetes, dobrado e preso com um pedacinho de fita adesiva atrás. Era exatamente igual os outros dois, em folha de caderno e com a letra da . Só podia ser outro do Sr. Anônimo...
"E dentre todas elas, eu encontrei você, que é uma em um milhão.
Ass: (?)"

Ela não sentiu a mesma alegria arrematadora que sentira quando recebeu os outros. Sentia desconfiança e até mesmo um pouco de raiva por saber que era tudo armação de quem ela chamava de amiga. Palavras tão lindas não passavam de uma brincadeira, não tinham sentido nem sentimento algum. Era uma coisa estranha se sentir traída por quem você confia, uma coisa que não queria sentir de novo jamais. O terceiro bilhete aparecera para reforçar seus receios. Aquele tal garoto que lhe tinha dado tantas esperanças e aquele gostinho bom de paixão, não passara de alguém querendo zombar dela. Mas aquela não era a hora nem o lugar de ir conversar com a amiga para por todos os pingos nos is. Esperaria até chegar em casa para telefonar, assim elas teriam mais privacidade e poderiam discutir à vontade. E só assim, quem sabe, ela a perdoaria.
Voltou para o carro e os motoristas já ameaçavam partir sem pela demora, claro que era brincadeira. Os amigos não a deixariam a quilômetros de casa, sem nenhum telefone por perto e dependendo da sorte de que o celular pegasse naquele lugar. Entrou no carro de e pouco falaram a viagem inteira, na sua cabeça rodavam milhares de perguntas e na dele também. Era um comportamento estranho vendo que vinha da parte da namorada que era tão falante e entusiasmada.
- Que pena que acabou. - Ele tentou puxar algum assunto quando já estavam quase chegando na casa de .
- É, que pena...
Ele dobrou a esquina e lá estava a casa bege que pertencia a , com belas flores no jardim da frente. A mãe cultivava um jardim de rosas, das vermelhas, rosas, amarelas e até algumas raras. Então lhe veio a cabeça como o suposto Sr. Anônimo tinha descoberto que rosas eram as suas preferidas, obviamente sua casa lhe denunciara e até poderia ter sido algo que ela deixara escapar sobre como achava que dava mais vida a casa as flores que sua mãe cuidava com tanto zelo.
No susto, quis descer do carro o mais rápido possível e ligar para , as coisas ficavam só mais e mais claras. Deu um selinho em e correu para dentro deixando a mala aos cuidados do namorado que sofreu carregando aquele pequeno chumbo para dentro e não recebeu um pingo de atenção sequer na hora de pegar o rumo pra casa.
Ela mal acabara de entrar em casa e já estava correndo para o seu quarto quando foi interrompida por um grito vindo da cozinha:
- Filhinha, venha aqui um instante. - já discava o número da casa da amiga quando a mãe a chamou, deu meia volta e parou na porta da cozinha.
- O que foi, querida mãe? - Perguntou a menina impaciente, queria resolver logo aquele problema. - Não, eu não me machuquei, não cometi nenhum crime e comi coisas saudáveis na viagem.
- Oh, bom saber dessas coisas, mas ainda não é nisso que estou interessada.
- Então...?
- Então é sobre aquele rapaz que te trouxe para casa. O rapaz que não é o .
- Aquele rapaz se chama e só para que você fique sabendo, eu tenho muitos outros amigos que não são o e são tão responsáveis quanto ele.
- Sei... Esses adolescentes de hoje em dia têm minhocas na cabeça, saem por aí dirigindo bêbados com nossas filhas nos carros.
- Mãe, por favor, o não estava dirigindo bêbado.
- Ai, meu bebê... Meu bebê... vocês por acaso não estão...?
- Nós - ela corou - estamos juntos, erm, namorando.
- Mas vocês não fizeram, ai, meu bebê, vocês não transaram! - A mãe dela abaixou a voz. - Ai, meu bebezinho, você sabe que pode me contar tudo! Tudo!
- Não, mãe. A gente não fez nada e ele também não me influenciou a usar drogas. Ele é um cara legal.
- Hm, eu sei esses "caras legais" de hoje em dia.
- Ok, manhê, fique com suas paranóias que eu vou fazer um telefonema. - Ela se despediu da mãe com um beijo na testa e subiu as escadas correndo para o seu quarto.
Durante a ausência sua mãe passara por ali - a marca estava na cama arrumada que fez questão de bagunçar de novo quando pulou sem repulsa sobre ela. O telefone tocou três vezes até a irmã menor de atender e ir chamá-la, segundo ela, ela tinha acabado de chegar da viagem.
- ? Já está com saudade de mim? - risos.
- Acho que não é isso.
- Então... Ai, meu Deus, não me diga que eu te fiz algum mal enquanto eu estava bêbada? Eu não dei em cima do , né?
- Não é isso, . É que eu simplesmente recebi três bilhetes nessa viagem, eram bilhetes de amor do suposto Sr. Anônimo, mas eles tinham a sua letra, sua folha de caderno. Como você pode ser tão falsa? Como? Como você acreditou que a gente não perceberia que a letra era sua? Eu te fiz alguma coisa para você achar que pode brincar comigo desse jeito? Acho que não, né? - Algumas lágrimas de raiva rolavam do rosto de . - Não é porque você é minha amiga que pode brincar com meus sentimentos desse jeito, me iludir e colocar na minha cabeça que algum dos meninos gosta de mim, quando na realidade tudo não passa de frases escolhidas para que eu ache que o amor faz sentido. Isso me irritou, porque, ai, que tola eu fui... Eu cai nisso. Coitado do , ele não tem culpa pela sua brincadeira e suportou uma namorada pensando em outro que nem existe. E não pense que nossa amizade vai continuar a ser a mesma depois dessa conversa, porque não vai.
- Que conversa?
- Essa , não seja irônica.
- Não estou sendo irônica, é que na minha opinião uma conversa é quando duas pessoas podem falar. Aqui só você está falando e eu não tenho nem chance de me defender.
- Então defenda-se se tiver uma boa desculpa.
- Olha, , eu assumo que me "envolvi" nessa história, mas ela não é mentira. A letra é minha, mas palavras e o sentimento são dele. Ele te ama mesmo, talvez até mais que o e é bom ouvir que você está gostando dele também, ele ficaria feliz em saber, mas eu não vou contar, fique tranqüila.
- Se não é você, quem é ele?
- Eu não posso...
- Quem é ele?
- Ele te ama tanto...
- Quem é ele, ?
- Desculpa, . Eu prometi que não contaria quando ele veio me pedir ajuda, eu queria poder, mas eu não posso contar.
desligou o telefone com raiva, sem dar resposta ou aviso. Tinha voltado de novo a estaca zero.

~

Capítulo quinze
Depois de um domingo bom, sempre tem uma segunda tediosa na escola. Essa é a lei. E para não fugir da lei, segunda foi realmente um tédio até antes do intervalo. ainda não tivera a chance de pedir desculpas a e nem tinha visto , que chegara atrasado na escola.
No intervalo, ela foi procurar a amiga e ficou esperando-a sair da sala de literatura.
- , espera. - Ela pegou no braço da amiga impedindo-a de andar.
- Olha, , se for pra você me perguntar quem é ele, eu não vou responder.
- Não é isso. Eu queria te pedir desculpas, eu não devia ter desconfiado de você daquele jeito. E nem ter insistido pra você contar, eu sei que ele tem um motivo pra se esconder, apesar de eu não entendê-lo. - Redimiu-se.
- Eu entendo absoltamente ele. Você tem namorado e que ainda por cima é um dos amigos dele. O que você espera que ele faça? Se declare e arrume uma briga tão grande entre eles e que o McFly acabe?!
- Claro que não, mas ele podia ter falado antes.
- Ele sempre teve seus motivos, você desconhecendo-os, ou não... E bom, acho que você está desculpada. - sorriu, e a menina a agradeceu com um caloroso abraço de amiga. - Só um conselhinho, . Acho que você deve ir ver seu armário.
- Mas eu já passei no meu armário hoje. - Respondeu confusa.
- Vai, você sabe bem o que tem lá. - piscou e deu as costas seguindo para o refeitório.
Com a curiosidade aguçada, a menina seguiu pelo corredor até seu armário. Mordendo a boca, ela pegou a chave do bolso da jeans e abriu-o. De dentro do armário caíram algumas folhas que ela deixara desarrumadas, o livro de biologia, que seria útil na próxima aula e um bilhete que ela conhecia bem. Ele voltara a ser como antes: delicado, escrito pelo computador e às vezes impresso em folhas coloridas, como dessa vez em azul claro. O gosto de pelos bilhetes ia muito além da estética caprichosa, seu conteúdo revelava um amor tão lindo, que apesar de secreto, a vinha contagiando-a desde a primeira mensagem pelo computador.
""Isso vale a pena porque meus sonhos são feitos de você.
Ass: (?)".
Enquanto lia em suspiros, alguém chegou por trás para abraçá-la. Sorte demais ter sido ele - era apenas ; o que ocasionou um grande susto.
- Te assustei? - Ele riu e confirmou com a cabeça. – Cuidado, hein, quem se assusta faz algo errado. O que você tem na sua mão? - Ele se inclinou para pegar o que a menina escondia atrás das costas.
- Na-nada.
- Nada mesmo? - Indagou desconfiado.
- É... Só o livro de biologia. - Com o bilhete que ela escondera dentro, isso fez ele não perceber o que ela escondia.
- Tem prova? – Perguntou.
- Não, só aula.
- Que bom - Disse sorrindo.
- O que teria de tão bom assim pra você? Tem vários motivos pra mim, mas pra você, ? - Riu discretamente.
- Assim você pode ir à festa comigo hoje e não ficar estudando.
- Festa na segunda? - estranhou.
- É coisa de James, sabe como é, né?! – Riu. - Diz que você vai comigo, por favor. - fez biquinho.
- Ok, ok. Eu vou - Ela piscou.
- Te busco às nove horas. - Ele gritou seguindo pelo corredor da esquerda.
- ! A sua sala é pro outro corredor! - Gritou de volta rindo da confusão.
- Eu sei, mas eu e os meninos combinamos de passar na sala do diretor hoje para pedir para ele deixar o McFly ser a banda do baile de primavera.
- Então boa sorte! - A menina acenou e foi para a aula levando seu livro de biologia escondendo seu segredo.

~

Capitulo dezesseis
deu uma última olhada no espelho; tudo ok. Vestindo seu jeans skinny preferido, com uma blusa branca frente-única e o seu all star amarelo-berrante, ela desceu as escadas até a sala onde já a esperava para irem à festa.
- E essa aqui, é a quando tinha três anos... - Com o álbum de fotos de infância na mão, a mãe de menina fazia dar risadas.
- Sempre foi linda, parabéns a você, Sra. .
- Olha ali o meu bebê - Ela apontou para que avermelhou.
- Mãe, não fala assim na frente do meu namorado. E vamos, antes que ela conte a história do milho pra você. - Ela pegou na mão de puxando-o para fora.
- Tchau, Sra. . Outro dia eu volto pra ouvir essa história.
- Com prazer, querido. - Genro e sogra se despediram com um beijo no rosto, e o casal saiu de casa e entrou no carro enquanto enchia a menina para lhe contar a tal história até a metade do caminho.
A casa de James ficava a 10 quadras da casa de , e quase na mesma rua da casa do namorado, mas fazia questão de que chegassem juntos, por isso fora buscá-la. E pelo visto estavam atrasados. O carro de estava lá, então conseqüentemente seu irmão festeiro viera junto, o carro vermelho de acabara de estacionar e ela já via conversando com algumas meninas da escola do lado de fora da casa. Os dois desceram do carro, e parecendo que tinha os visto de longe, veio em direção a ele com uma garrafa de cerveja na mão, já levemente alcoolizado. Cumprimentou-os amigavelmente e os três entraram na casa, onde rolava a festa de verdade.
- Onde eu arrumo uma dessa? - Perguntou apontando para a garrafa de cerveja.
- Vamos lá pegar. - fez um gesto com a cabeça indicando a cozinha, assentiu.
- Não saia daqui, . - deu um selinho nela e virou-se de costas seguindo .
- Trás duas! - Pediu a menina.
ficara sozinha lá batendo o pé enquanto eles não voltavam. Pela demora tinham ido fabricar a cerveja. Ela sem agüentar esperar sozinha no meio da sala, foi procurar . A amiga estava perto da piscina, junto de . Elas a cumprimentaram e uniu-se a elas, sentadas no muro, para conversar.
- A já me contou que ela ajudava o Sr. Anônimo. Ai, meu Deus, coitada dela. Nós ficamos tão bravas... - disse.
- Tudo bem, eu sabia que isso podia dar confusão. Mas ele é uma pessoa tão enrolada às vezes... - riu.
- Ele quem? - Perguntou esperançosa com a resposta.
- Não respondo! Não respondo! Não repondo! - tapou os ouvidos e fechou os olhos.
- Parece uma criança boba. - As duas riram.
- Hey! Eu não sou uma criança boba. - Ela deu a língua.
- Criança boba é a , olha só o rostinho dela de apaixonada - piscou várias vezes e suspirou como se estivesse apaixonada.
- É... Acho que eu estou. – Corou.
- Você já contou para o ? - Indagou .
- Deveria? Ele ficaria louco... - sacudiu a cabeça afastando a idéia.
- A gosta de botar lenha na fogueira. - Botar lenha na fogueira nem sempre deve ser levado ao pé da letra, como havia dito. Lenha na fogueira seria a mesma coisa que causar uma briga entre e .
- Você gostaria de ser chifrado sem saber? - defendeu-se, "atiçando" a fogueira.
- Receber cartas de outros meninos não é chifrar o namorado. - respondeu elevando a voz euforicamente.
- Nem ficar suspirando enquanto pensa nele? - A garota ergueu a sobrancelha com orgulho. - Toucher! Eu sei que você está ca-i-di-nha pelo Sr. Anônimo.
- Eu estou... E daí? "Trair", entre aspas, por pensamento não é a mesma coisa que trair. - Ela fez "aspas" com as mãos, deixando-as evidente.
- Concordo com ti, ! Omitir não é mentir! - bateu os punhos no colo, como os políticos fazem para firmar sua opinião.
- Mas as duas devem concordar comigo que omitir coisas do namorado, é feio.
- Ah, , tenha dó do ... Ele vai ter um choque quando descobrir que a namorada gosta de outro. Pior ainda, esse outro é amigo dele.
- Por isso eu não vou contar. - As amigas a olharam reprovando - Não agora. Se a história com o Sr. Anônimo for dar certo...
- Você conta pra ele antes dele criar galhos, certo? - completou.
As três caíram em gargalhadas altas que chamaram atenção de todos em volta. Depois das risadas, elas viraram o centro das atenções do pessoal e só assim se deram conta de que tinha mais gente por lá.
- Qual é a graça? Posso saber? - Perguntou Luna se intrometendo na conversa com um sorriso amarelo.
- Na verdade, não pode. - a respondeu na bucha. Não podia e ponto.
- Nossa, -mal-comida, crie modos. - A vaca, no mau sentido, mostrou a língua e deu meia volta com estilo, jogando os longos cabelos oxigenados e alisados para trás.
- Vocês acham que ela ouviu? - enrubesceu com a cogitação.
- Claro que não. Muita água oxigenada atrapalha a audição além de queimar neurônios. Ah é, ela nunca teve algum! - A menina fazia questão de humilhá-la por questões passadas, e também por atuais que envolviam nada menos que garotos.
- Também não é pra tanto. E vocês conhecem a queda dela pelo . Se ela ouviu, eu sinto em dizer , mas...
- ...o vai ficar sabendo. Eu sei e por isso eu me preocupo.
- , tudo bem... Aquela vaca não vai contar, ela só sabe ruminar. - fez careta com desdém.
- Espero... Melhor mudarmos de assunto antes que mais alguém ouça. - disse.
- Vamos falar sobre o McFly. - puxou o assunto de maior agrado.
- Será que o diretor vai aceitar a proposta deles pra tocar no baile de primavera? - perguntou com olhar esperançoso.
- Claro que vai, o McFly arrasa! E eles têm a arma secreta, há!
- Ele é a arma secreta! - gritou empolgada. que tinha chegado de mansinho, não se conteve com o comentário de quem não tinha ouvido o resto da conversa.
- Arma secreta? Ele? - Perguntou , inserindo-se no assunto.
- Você, né. Adivinha quem mais poderia ser? - Ela desconversou, e acabou por dizer que era antes que acabasse em confusão.
- Sei lá, né... A banda tem mais três meninos... - O menino disse sem expressão.
- Mas é você, amorzinho. Com você na banda, você acha que o diretor recusaria o McFly no baile? - agarrou o pescoço dele efusivamente, e no inconsciente, aquilo era nada mais que um mecanismo para conter a culpa de estar sobre o risco da descoberta.
- Ele vai aceitar, mas é só porque ele tem um caso secreto com o . Ah, não deveria ter contado. É que eu não vejo porque esconder as coisas... - ia dizendo de maneira programada, e em certo ponto provocativa. Ela corou duplamente, além dele não corresponder ao seu abraço, ainda dava-lhe cortes indiretamente.
- Meu irmão? Eu nunca soube que meu cunhado era o diretor. Então todas aquelas escapadinhas noturnas... Hãm. Fui tão ingênua ao acreditar que ele ia inocentemente à casa do . - levou a mão na testa como é comum as mocinhas fazerem em peças de teatro dramáticas
Enquanto e riam sem a consciência pesada, não achava graça em nada. Ao contrário, estava com medo e sentindo o cheiro da sua batata assando. não a tratava normal, e não a tratava mal, ele parecia indiferente ou bravo, um sinônimo de problemas. E era pior ainda porque ela sabia que ele tinha motivos para ficar como estava, e fora o que pensava, não restava motivos. Parecia que a desconfiança de minutos atrás, realizara-se.
- Vamos, . Estou de saco cheio dessa festa. - Sem tempo para se despedir a menina foi puxada por até o carro.
Eles entraram no carro e o clima ficou sério, uma atmosfera desconfortável, completamente reversa a festa que rolava do outro lado. Cada segundo que o silêncio progredia ficava ainda mais claro que a coisa não estava normal. Ele não a encarava nos olhos, evitava-os cruelmente olhando para sua mão apertando o volante cada vez mais forte aparentando raiva. Ela não tinha coragem de puxar nem um assunto, e ele mordia a boca para não falar. Sem nenhum aviso, ligou o carro e dirigiu até o final na rua, estacionando o carro em frente a uma casa sem garagem.
Os olhos dele refletiam a luz vinda no poste da rua, e estavam marejados. Aos poucos as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto, obrigando-o a enxugá-las com as costas da mão. não estava mais suportando vê-lo naquele estado, triste como um garoto iludido e sabendo que a era culpa dela, de ninguém menos que dela mesma. Tinha vontade de quebrar o silêncio e tentar explicar, mas qualquer palavra que dissesse podia ser um tiro pela culatra e acabar caindo sobre ela, então segurando o choro permaneceu quieta esperando que ele pronunciasse algo e rezando para que não fosse o fim do namoro.
"I Miss You" já tocara inteira e Mark já se calara quando suspirou e arranjou coragem de dentro do peito para falar:- Você sabe que eu te amo demais, e que eu amo só você. - Disse pausadamente. confirmou com a cabeça. - Mas hoje eu ouvi de alguém uma coisa que eu não gostei de ouvir, que me deixou muito chateado. Eu não preciso ouvir da sua boca para ter certeza, porque isso já foi a minha confirmação. Você andava diferente, , eu sentia. Agora disso o que eu menos queria que fosse, aconteceu. Podia ser por problemas familiares, na escola, ou sei lá, qualquer coisa, mas menos que você estivesse gostando de outra pessoa. E isso não é mentira, não é mesmo? - Ele olhou para baixo limpando novamente as lágrimas que escorriam, esperou a resposta sem encará-la.
- Quem te disse isso? - não queria confirmar aquela história, escondera tudo para não machucar o menino e agora teria de fazer da pior forma.
- Não importa quem disse, importa que é verdade. Você sente algo por alguém que você nem ao menos sabe quem é. - Ela não negou. - Sabe o que eu acho que isso é? Idiotice. Idiotice pura! Ele pode ser qualquer um, e eu espero que seja o pior para você aprender a não se iludir com palavras falsas de amor. Já pensou que pode ser o Raph que tem ficha na polícia, ou o Ron que aos quinze anos já tinha tido três overdoses?! Mas você não liga para quem é, só para o que ele diz, que te ama e nem coragem de dizer isso na sua frente tem. - pegou uma das mãos dela e entrelaçou na sua, usando sua outra mão livre para acariciar a bochecha dela - , presta atenção: eu digo isso para o teu bem e espero que você me entenda, amor é isso que eu sinto por você. Eu que quero o seu bem e estou do seu lado para te proteger de qualquer coisa, esse cara não te ama do mesmo jeito que eu, que vou te amar para sempre, e para sempre significa até o fim.
a beijou de leve nos lábios, aquele carinho confundiu ainda mais sua cabeça. Não era como se as palavras ditas por ele tivessem entrado por um ouvido e saído pelo outro, ela entendera-o, mas ainda sim acreditava naquele amor. Tinha certeza que era um bom menino, e que a amava, do mesmo jeito que . Essa era a dúvida: tinha entre os dois para escolher e ela parecia amar mais o Sr. Anônimo, só que sentia um carinho muito especial pelo namorado. Era uma decisão difícil que cada vez tendia a piorar. Desnorteada sem saber o que fazer, abraçou forte e sentiu o cheiro do garoto acalmar-lhe.
- Eu estou disposto a te fazer me amar como você o ama, só basta você deixar. Tentar de novo ou desistir? - Ele perguntou ao pé do ouvido da garota que caiu na tentação de evitar o problema mais uma vez.
- Tentar de novo. - Soltou e sorriu para ele. O menino deu partida no carro e levou-a para casa, já era tarde.

~

Capítulo dezessete
Estava parecendo que o quarto de girava, mas quando ela acordou direito percebeu que era sua cabeça que estava rodopiando. Por que sentia como se estivesse de ressaca se tinha bebido tão pouco? Então se lembrou da noite anterior e todos os problemas que tinha enfrentado; problemas suficientemente grandes para fazê-la se sentir tão mal. continuou deitada enquanto não melhorava, e era possível que não fosse melhorar tão cedo. Só conseguia pensar no mal que estava fazendo ao , pobre ... Agora ele sabia que ela gostava de outro e ela não podia evitar isso, mas tinha certeza que tentaria esquecer aquele garoto que a iludia, porque podia ser melhor que qualquer namorado.
O seu celular começou a tocar compulsivamente, mas não era nenhuma ligação, e sim o modo de despertar ativo. Puxou ele para si e o desligou. Queria dormir mais um pouco, mas já eram 07h30m e não tinha jeito, tinha que levantar, se arrumar, tomar café e pegar o caminho da escola.
Foi o que fez na sua lerdeza matinal, arrastando-se até o banheiro onde jogou uma água no rosto, escovou os dentes e penteou o cabelo, deixando-o completamente solto. Voltou ao quarto e vestiu-se com uma blusa de alcinha rosa com detalhes de estrelinhas e corações em tom mais escuro, um jeans skinny escuro e uma jaqueta preta para não passar frio. Calçou o all star que vira mais perto e desceu para tomar um copo de leite recém preparado pela sua mãe. Só percebeu que estava sem sua mochila quando já havia virado a chave na porta e subiu escada à cima correndo para pegá-la.
- Que cabeça a minha... - sussurrou enquanto reunia o material espalhado pelo quarto e guardava-o. Pegou o celular e antes de guardá-lo no bolso da jaqueta percebeu que tinha uma ligação perdida. Ouvira a mensagem que fora deixada:
- Ei! Esta é de um tal admirador secreto pra você - e então, o menino pegou o violão e começou a dedilhar uma música que nunca ouvira antes e ele parava antes de entrar totalmente no ritmo. - E se chama “I’ve Got You“.

The world would be a lonely place
Without the one that puts a smile on your face
So hold me 'til the sun burns out
I won’t be lonely when I’m down

'Cause I've got you
to make me feel stronger
when the days are rough
and an hour seems much longer

I never doubted you at all
The stars collide, will you stand by and watch them fall? [by and watch them fall]
So hold me 'til the sky is clear
And whisper words of love right into my ear

'Cause I've got you
to make me feel stronger
When the days are rough
and an hour seems much longer
Yeah when I got you
Oh to make me feel better
When the nights are long they'll be easier together

Looking in your eyes
Hoping they won't cry
And even if they do
I'll be in bed so close to you

To hold you through the night
And you'll be unaware
That if you need me I'll be there

Yeah I got you
Oh to make me feel stronger
When the days are rough and an hour seems much longer
Yeah when I got you to make me feel better
When the nights are long they'll be easier together
Oh when I got you


O ritmo lhe era irreconhecível, mas o estilo e a voz que a cantava pareciam muito com o McFly. Aquela voz aveludada, pouco grossa, com entonação de confiante. Era muito semelhante à voz de... Rodou sua memória sem ser capaz de identificar aquela voz estranhamente familiar. A voz do garoto estava abafada, e com certeza ele estava um pouco rouco. Isso confundia a cabeça de , que apesar de sentir que já a ouvira milhares de vezes antes, não conseguia dizer a quem pertencia.
Enquanto pensava em alguma outra pista que o Sr. Anônimo pudesse ter deixado ao gravar a música, acabara ouvira-a tantas vezes seguidas que já acompanhava cantando.
A letra era linda, e tinha um ritmo muito gostoso de ouvir, ia dar um bom sucesso para o McFly. Só não imaginava o namorado tocando uma música que outro escrevera para ela. Depois de tantas vezes que tinha ouvido a música, desligou o celular e decidiu que a melhor coisa que tinha a fazer era ir para a escola e esquecer isso, por um tempo. Já eram oito da manhã e perderia o primeiro tempo inevitavelmente.
Desceu as escadas devagar, desta vez com sua mochila e fora até a porta de casa. Em frente estava o carro preto de a esperando.
- Entra, , hoje passei para te dar carona. Só não imaginei que você fosse querer perder o primeiro tempo - disse do carro, se debruçando no bando do passageiro para destravar a porta
- Que ótimo que você veio! - Cumprimentou o namorado eufórica e entrou no carro. - E a propósito, eu não queria perder o primeiro tempo.
- Dá pra ver pela sua calma hoje que você não queria... - nem tinha ligado o carro ainda. Sorriu irônico.
- Vai, ! Na verdade, faltam dois minutos para não entrarmos na escola - ria como se ontem não tivesse ficado um clima insuportável dentro daquele carro.
- Esquece, gatinha! - Disse ele rindo espontaneamente pelo apelido.
- Gatinha... - virou os olhos. - Escolhe outro apelido menos clichê.
- Então, gatinha... - continuou ele sem alterar. - Só chegaríamos à escola a tempo se eu corresse feito um piloto de fórmula 1 por essas ruas, e sinceramente não acho que meu carro agüentaria o tranco. Então... - deu uma pausa momentânea erguendo a sobrancelha de maneira sugestiva. - Eu tomei uma decisão.
Sem anunciar qual era, ligou seu carro e começou a dirigir, seguindo até o final da rua e virando à esquerda. A menina ficara curiosa, não lhe vinha nenhum lugar à cabeça em que era preciso pegar o caminho da esquerda. A sorveteria, as melhores lanchonetes, o shopping, a praça do centro e todos os outros lugares comuns ficavam para o caminho da direita. Só costumavam seguir para a outra direção quando queriam sair da cidade. Ela olhou pelo canto do olho para o marcador de combustível do carro, e pelo nível de gasolina, a menos que ele abastecesse antes, eles não sairiam da cidade.
- Você não vai me seqüestrar, não é mesmo, ? - Perguntou controlando a ansiedade empregada em sua voz.
- Não - respondeu o menino sem tirar os olhos do volante, sempre seguindo os caminhos da esquerda.
- Você jura? - Insistiu ela, mesmo sabendo que não.
- Juro.
- Fico mais tranqüila - mentira, ela estava tranquilíssima, só um pouco ansiosa.
- Eu sei que você confia em mim - falou despreocupado. - Só não fique tão ansiosa. Eu não vou te revelar a surpresa.
fingiu rosnar de raiva.
- Você não vai conseguir me sondar, gatinha - ele olhou para e sorriu singelo.
- Só, por favor, , não me leve para a praia - o garoto desviou de onde estava indo. Será que...?
- Você está sem biquíni, eu não ousaria - respondeu. Ótimo, uma possibilidade a menos.
- Em todos os romances que eu leio tem uma praia envolvida. Pelo menos um pôr-do-sol os mocinhos vêem juntos. É sempre tão igual!
- E o nosso não vai ter uma praia? - interrompeu o discurso dela sobre clichês românticos.
- Sinceramente, espero que você seja mais criativo - quando os olhares dos dois se encontraram, eles sorriram contentes.
desviou o olhar pela janela, estava um belo dia. Decidiu abri-la, virou devagar a manivela e o vidro descia, deixando entrar todo o calor que o sol proporcionava naquele dia. Um sol quente e manso. Observando as nuvens viu várias formas. Avistou coelhos e cavalos, aviões e navios, a França e a Austrália. Tudo ficava ainda mais lindo pela paisagem que passava voando pelo vidro. A harmonia da natureza. O marrom dos troncos com o azul do céu, o branco das nuvens com o colorido das flores e o verde das árvores em sintonia com o todo. E as borboletas eram o detalhe mais gracioso.
- Que belo dia! - Exclamou na ingenuidade de uma criança.
- Uhum - murmurou seguindo pelo caminho.
E tudo parecia ainda mais lindo a ela hoje que se sentia especialmente amada.
Quando sua casa lhe parecia longe, estacionou o carro. Assim, pôde ver a surpresa que ele tinha reservado.

~

Capítulo dezoito
Olhou pela janela do carro. O que via não era nada parecido com o que lhe passou pela cabeça, e por Deus, era ainda melhor. Não sabia o que dizer para agradecer , queria expressar mil e uma coisas, mas todas elas podiam ser ditas através de seu olhar brilhante como o de cada criança que freqüentava aquele lugar.
O parque de diversões estava vazio, algumas crianças e seus pais passeavam por lá, mas nada comparado a um sábado de verão. O sol fazia os brinquedos metálicos reluzirem e as cores parecerem mais atrativas. O vermelho do carrinho de pipoca, o rosa do algodão-doce, as muitas bolas coloridas quicando pela grama... E lá, atrás da barraca de doces, e ao lado da barra de tiro ao alvo, estava a roda-gigante. Livre, esperando por ela.
- Oh, ! – Exclamou.
Ele sorriu contemplando a menina. Como ele estava apaixonado... Aquela visão o fazia amá-la ainda mais. Sorria feito uma criança e tinha o olhar ingênuo exatamente como uma. Seus cabelos sempre sedosos estavam ao vento, mas não bagunçados. Os ombros juntos ao corpo, e a mão na boca, surpresa. Seus pés impacientes não paravam de se mexer.
tocou a pele dela, era tão macia, e puxou-a pela cintura. Iniciou um beijo.
- Exatamente quando você pensou nisso? - Perguntou ela, rompendo o carinho.
- Quando eu errei o caminho pra sorveteria.
riu sem graça. Aquilo não fora premeditado, mas o parque era muito melhor que a sorveteria. Além da diversão em dobro, eles não tinham nenhuma chance de serem descobertos cabulando aula.
- Prefiro algodão-doce e maça do amor a sorvete de chocolate com cobertura de caramelo.
- Então vamos comprar. - Ele pegou na mão dela puxando-a ao carrinho.
Pediu ao atendente as duas maçãs mais bonitas, as mais vermelhas. sorriu quando ele lhe entregou uma e mordeu; doce e suculenta. Andaram até um banco de madeira, e lá se sentaram. Tinha vista para o carrossel.
- Quer a minha? - Ofereceu .
- Mas são iguais! – Riu.
- Não importa, eu quero a sua. - Ele se inclinou para frente para morder um pedaço da maçã de .
- Que esfomeado! Você não tomou café-da-manhã, não?
O menino levou sua maça à boca de , ela comeu um pedaço. Tinham exatamente o mesmo gosto.
- Acho que eu vou ficar tonta de tanto ver esses bichinhos rodando - apontou para o carrossel e fez careta, como se tivesse enjoada.
- Antes você fica entediada de vê-los girando. Passa um cavalo, passa mais um cavalo, passa o cavalo de novo... - o menino suspirou. - Por que não ir a uma fazenda, invés do carrossel?
soltou um sorriso e encostou sua cabeça no ombro de . Ela ia guardar o momento pra sempre na sua lembrança - uma doce lembrança. Chegava a ser quase uma felicidade plena. O parque de diversões era perfeito, o clima era perfeito, os sons ao redor eram perfeitos, o cheiro de grama e pipoca era perfeito, só sua companhia que não era exatamente como no sonho. Ela resistia pensar nisso, resistia o máximo que podia, mas ele sempre vagava por seus pensamentos e a inútil resistência dela se rompia, porque ela sabia que queria que ele estivesse ali para que a cena fosse completa.

Minutos depois interrompeu a cena para convidá-la para uma volta na roda gingante. não negou, e não negaria nem em um milhão de anos. Ela adorava rodas-gigantes pelo simples motivo que a fazia se sentir mais perto do céu e mais perto das nuvens de algodão. Aquele dia ainda era uma oportunidade maravilhosa para aproveitarem, as nuvens estavam fofas, o céu tão azul, lindo de se contemplar. E, com sorte, o parque estava vazio e completamente sem fila. Ela sabia que o operador da roda-gigante sempre a deixava parada no alto quando mais ninguém estava esperando por sua vez, eles poderiam aproveitar o lindo dia juntos no alto, perto do paraíso.
Entraram na cabine e sentaram-se perto um do outro, de mãos dadas. O brinquedo começou a subir e a cada metro apertava mais a mão de . Não, ela não tinha medo de altura, nem o garoto tinha, apertava a mão dele por impulso. Ele grudou o nariz no vidro da cabine, dava pra ver o centro da cidade há alguns quilômetros dali. Apontou para uma construção comprida que ganhava das outras pelo tamanho: era a escola onde eles estudavam - a principal escola daquela cidade pequena no interior da Inglaterra. Os estudantes corriam pela quadra, pareciam formigas de lá do alto. Os carros passavam pela avenida principal em frente à prefeitura. O rio cortava a cidade e aquelas grandes formiguinhas desviavam de seu caminho para passarem por cima da ponte. O verde lutava para ganhar vida em meio ao concreto. Tudo parecia tão inabalável. A verdade é que tudo aquilo definitivamente é muito inabalável se compararmos com os sentimentos. E os da menina eram abalados por simples bilhetes de amor.
ficou em duvida sobre o que era mais belo: a menina ao seu lado ou o que via através do vidro. Ambos pareciam banhados pelo sol, tinham espíritos reluzentes. Decidiu que mais belo era o que ele podia tocar.
Encarou a menina nos olhos, ela sorriu. A roda-gigante parou no lugar mais alto, eles estavam perto do paraíso. Chegou mais perto de , e com as pontas dos dedos tocou sua face. Continuou olhando-a, sem a mínima vontade de beijá-la, ou falar algo. Tinha medo que aquele instante não durasse para sempre.
Nada que pudesse falar passava na cabeça de , só uma música tocava incessante dentro de si. Num impulso ela achou que seria a coisa certa a dizer. Não era.
- 'Cause I've got you to make me feel stronger, when the days are rough and an hour seems much longer - sua voz cantou.
O garoto ficou atônito, não reconhecia a música, mas era incrível.
- Isso não é Beatles, não é? – perguntou.
- Não, não é - respondeu ela, então se lembrou dequem era a música.
- Também não é Blink. Eu acho que não reconheço. Sabe o que é mais estranho? - Ela balançou a cabeça negativamente, mas talvez soubesse o que era estranho. - Ela me lembra muito McFly, podia ter sido escrita por um de nós. Quem sabe a gente não faça um cover dela no baile de primavera? Faria sucesso! E eu dedicaria ela a você, minha garota.
A menina sentiu um vento passar por ela, gelou. O McFly até tocaria “I’ve Got You” no show, só não seria quem a dedicaria para ela. Sentiu seus ombros pesados e uma vontade de dizer a verdade, não queria mais ter que esconder dele.
- , ?! Como a música chama? – Ele indagou tirando-a de seus pensamentos.
- I’ve Got You. - Desviou o olhar para o chão da cabine, ele logo descobriria.
- E quem escreveu? – Pronto.
- Eu não sei. Ele me mandou pelo celular. - Não tirou os olhos de onde estava.
Vou descrever o que sentiu com uma frase clichê: o mundo desabou aos pés dele. E do paraíso até o chão, era uma grande queda.
Apesar de suspeitar que seu namoro fosse acabar lá mesmo, no alto da roda-gigante, apenas voltou seus olhos para baixo e calou-se. O amor que sentia por ela havia o tornado numa pessoa forte, sabia segurar toda a barra e mesmo assim só deixar que lágrimas rolassem pelos seus olhos. Ela não retribuía, então ele não achava que tinha o direito de falar um a que fosse de acusação contra . Ele só precisava arrumar um jeito de despertar os mesmos sentimos que o garoto das cartas despertava nela. E ele tinha esperança que ia conseguir. a amava o suficiente para conseguir isso.

~

Capítulo dezenove
O ainda casal voltou pra casa sem trocar muitas palavras depois do incidente. se culpava mentalmente por ter deixado escapar. Era uma idiota. Como pôde ter deixado o segredo transparecer duas vezes? Agora via no rosto de o que ele sentia: desconsolo. Ela precisava arrumar a situação, e não tinha idéia de qual caminho seguir.

Os minutos passaram em um silêncio desconfortável, até o garoto chegar ao bairro onde eles moravam.
- Hoje eu e os garotos combinamos de ensaiar. Você vem? - Convidou .
- Acho que não. Eu combinei de passar na casa da pra nós terminarmos um trabalho. - Na verdade, estava mentindo. Pretendia aparecer na casa da amiga de surpresa para contar o que havia acontecido no parque e pedir um conselho. Também seria insuportável ficar naquele clima com perto dos outros garotos, tendo que fingir que estava tudo bem. E não estava, por causa de um deles. A situação poderia piorar se o Sr. Anônimo desconfiasse de alguma briga entre e .
- Tudo bem, eu te deixo lá. - Ele desviou a rua, já chegando perto da casa da amiga.
Ele estacionou o carro e selou os lábios de . Ela agradeceu a carona e desceu do carro, rezando para que estivesse em casa, e não acabasse com o plano.
Tocou a campainha e esperou um tempo depois que ouvira gritando por um instante:
- Já vai! - A garota ouvira passos apresados e uma aflita com cabelos bagunçados abriu a porta. - ! Não te esperava aqui! Achei que você estivesse doente, já que não foi à escola hoje.
- Não, . É uma longa história, tem tempo?
- Claro que tenho. Entra em casa, vamos aproveitar que o saiu pra ensaiar. - Ela deu espaço e a garota entrou, se jogando no sofá com a intimidade de um morador.
Assim que trouxe um copo com refrigerante e um pote de sorvete para elas, começou a despejar o que havia acontecido desde a hora em que saíram da festa a noite do dia anterior. Contou sobre como havia descoberto, descreveu a briga e o clima pesado. Mostrou a música no celular e explicou o motivo da falta na escola. Falou da parte do parque e como tudo parecia bem até que ela cantou a música e em menos de vinte quatro horas, revelou o segredo duas vezes. Seus olhos começaram a se encher de lágrimas e abraçou a amiga.
- Eu não quero mais esconder as coisas do , ! Isso é tão injusto com ele - a menina deixou o choro molhar-lhe o rosto, sem se preocupar em secar.
- Que bom que você percebeu, . Você não pode fazer o de corno manso. Nem brincar com os sentimentos dele. Eu sei que você não o ama do jeito que ele te ama, mas se você pelo menos gosta dele como amigo, o deixe ir e seguir a vida dele - a amiga passou a mão no cabelo da garota, que chorava em seu ombro. - No fundo, você sabe que ele pode ser o namorado mais fofo do mundo, mas ele nunca vai despertar em você, o que esse garoto das cartas desperta.
- Você tem razão - desencostou a cabeça do ombro da amiga, e enxugou o rosto na barra da blusa. - Eu prometo que hoje à noite eu vou ligar para o e dizer que eu não posso mais enganá-lo. Que não quero mais mentir pra ele. E que nós podemos voltar a ser amigos e parceiros de química, só isso.
- ‘Foi bom enquanto durou.’ ‘Não é você, sou eu.’ ‘Você é um bom rapaz, vai encontrar outra que te mereça.’ - colocou o celular no ouvido, simulando o termino da relação.
- Nossa, ! Você é tão criativa! - Ela riu.
- Pelo menos essas frases não machucam tanto, amiga.
- Você acha que ele vai ficar muito chateado? - escondeu o rosto com as mãos. - Desse jeito você me deixa preocupada.
- É melhor ele ficar chateado porque você não está escondendo mais nada dele, do que ele continuar ouvindo da boca de terceiros. Você não pensou que isso pode acabar numa grande confusão?
- Gran-grande confusão? - A menina gaguejou.
- E se ele descobrir que é um dos outros meninos...? - interrompeu a frase quando ouviu seu irmão chegando em casa. - É o . Melhor cortar o assunto.
- Porra de porta! - chegou em casa agressivo, chutando a porta e passando a mão descontroladamente pelos cabelos.
- ? - Chamaram e juntas.
- , o que você está fazendo aqui? - Perguntou o menino assumindo uma face desconcertada.
- Acho que a pergunta não é o que eu estou fazendo aqui, e sim o que deu em você, . Por que tão estressado? - Retrucou .
- O que aconteceu? O McFLY não vai mais tocar no baile de primavera? - gritou histérica.
- Vai...
- Então o quê?
- Quer dizer, não vai - as duas continuaram olhando , esperando pelo resto da explicação - Eu não sei por que, essa história tá muito mal contada, só que o resolveu sair da banda.
- O ? Sair da banda? Ele... Saiu? Do nada? - pronunciou pedaços de frases esperando por serem completadas.
- Foi quase do nada. A gente só começou a tocar a nova música do McFLY, uma que ele não conhecia. Ele nem sequer ouviu a música inteira, começou a xingar a gente de traidores, de filhos da puta, que nenhum de nós prestava e mais um monte de coisas sobre a .
- Tipo...? - ficou aflita.
- Tipo... - passou as mãos pelo cabelo. - Que estava tudo acabado, que ele confiou em você sem você merecer... Depois o ficou furioso, gritou pro calar a boca e se controlar. Mas ele ficou pior ainda. Apontou o dedo na cara do e disse que tava saindo da banda. Quando ele virou pra ir embora, o deu um gancho de esquerda nele pelas costas. E aí, eu nunca vi tanta pancadaria na minha frente! Eu até tentei segurar o , mas ele tava muito irado pra parar de bater no . O já estava com o nariz sangrando quando o Sr. chegou e mandou eles pararem de brigar.
- Ai, meu Deus. - estava pálida como uma folha do papel, ou um defunto, ou melhor dizendo: que nunca teve vida.
- , vai buscar água pra ! - Gritou o menino abanando-a.
- , que música vocês iam tocar? - Ela perguntou sem praticamente mexer a boca.
- I’ve Go...
- Eu preciso ligar pro ! - tentou levar, mas a segurou.
- Não, , agora não. Você só vai ouvir ele te tratando mal e gritando com você. Quem sabe amanhã ele já não veja que tudo isso foi besteira e ligue pra pedir desculpa?
- Ele não vai pedir desculpa. Nunca mais ele vai olhar na minha cara se eu não ligar pra ele. Sou eu quem deve desculpas aqui, ! Você não entende!
- Eu entendo, sim. Mas você não vai resolver isso agora. - Ele deu o copo de água na mão de e obrigou-a a beber. - Quando eu achar que você está menos nervosa, eu te acompanho até em casa.
- Eu posso ir sozinha agora, é perto. - Ela tentou levantar quando ele a puxou de volta.
- Não pode, eu não vou deixar. Espera um minuto pra eu buscar meu casaco.
Só deu o tempo de ela bufar e ele já estava de volta, levando-a até sua casa. lutava contra as lágrimas e o vento gelado que cortavam sua cara. O clima mudara desde manhã, e não foi nada previsto.

Chegando em casa, ela tirou o celular do bolso e discou o número da casa do com os dedos trêmulos. Os toques pareciam prolongados até a voz de uma mulher atender:
- Alô?
- Senhora , é a . Eu precisava muito falar com o , ele está?
- Ele não quer te atender, querida.
- Por favor.
- Ele disse que nem se você implorasse era pra eu passar o telefone pra ele. Desculpe, meu anjo.
- Então só faz o favor de dizer pra ele que eu sinto muito.
Ela desligou, derrotada, e se jogou na cama ao som de I’ve Got You, mais uma vez.

~

Capítulo vinte
O sol penetrava na janela pela manhã anunciando que já era hora de acordar para mais um dia e muitas confusões. O despertador nem ao menos tocara, mas preferiu levantar antes para aproveitar os minutos de folga que tinha para colocar a cabeça em ordem de baixo do chuveiro frio. O clima daquela manhã não era dos melhores. Enquanto a menina se despia para entrar no banho, sentiu um vento gelado arrepiar os pêlos do corpo. Ligou o chuveiro na água fria e deixou que essa levasse pelo ralo o dia que passara. O banho até ajudara a deixar relaxada, porém, definitivamente não afastara as conseqüências da confusão que rondava sua vida.
Vestiu-se com qualquer roupa confortável que avistou no guarda-roupa e desceu para tomar café-da-manhã.
- O que deu em você hoje, menina? Finalmente resolveu não ser a última a chegar? - A senhora perguntou zombeteira.
- Acho que hoje eu não tenho carona.
mordiscou o pão, decidindo que não estava com fome, se despediu da mãe e saiu apresada para a escola.
Com o passo lento que caminhou até chegar à escola, acabou chegando em cima do horário. Até que a preguiça ajudara, não estava com vontade de dar satisfações sobre o que tinha feito sair do McFLY na noite anterior. Sabia que os garotos estavam esperando uma explicação do ocorrido. Mas o que ela diria? Se mentisse ou se contasse a verdade, acabaria em mais confusão. E se todos achassem que fosse tudo culpa dela?
Achou que era melhor não tentar conversar com os garotos por hoje, talvez amanhã tudo já estivesse resolvido. Pensou então na simples menção de ficar no mesmo ambiente que por hoje, o estômago revirou. Só teriam a última aula juntos, até lá a menina teria tempo para pensar em como se desculpar com ele. Esperava que ele não estivesse tão nervoso quanto dissera que ele estava ontem, seria mais fácil conversar se ele estivesse disposto a perdoá-la.
Não tinha mais tempo para ficar pensando na morte da bezerra no corredor, já estava em cima da hora e precisava ir para sala de aula. Passou por seu armário para pegar os livros que usaria naquele dia. Quando puxou o livro de inglês um papel azul envolto por uma fita caiu junto. Abaixou para pegá-lo. Conhecia bem aqueles bilhetes. Abriu com cuidado, desenrolando a fita. Pela data, o bilhete estava ali desde ontem.
"Você me apareceu, foi como um sonho, e hoje eu sei que foi você quem fez meu mundo girar."
Ass: (?)".
O coração dela quis pular para fora da garganta. Ele fizera com que a menina se apaixonasse por ele por meros pedaços de papel. Ela já estava apaixonada, não era o que ele queria? Quanto faltava para que ele parasse de se esconder? Agora que o namoro com acabara, ela achava que estava chegando a hora de descobrir quem estava por trás daquilo. Só faltava ele tomar uma atitude, já estava preparando o território há tempo demais.

O sinal soou pela última vez, indicando que estava mais do que na hora de ir para sua sala. Tinha dois tempos seguidos de geometria e, graças a Deus, sozinha. Chegou à sala, se desculpou com a professora pelo atraso e sentou-se logo nas primeiras cadeiras. Ela nunca fora o tipo de aluna que gosta de sentar nas cadeiras da frente, mas hoje não fazia diferença. Não tinha intenção de prestar a atenção na aula. Ficou vagueando em pensamentos durante as horas que se sucederam. Sem que percebesse o sinal para o intervalo tocou, o xingou mentalmente. Decidiu ir direto para a próxima sala em que teria física, assim ninguém a encontraria.
Adormeceu sobre a mesa, deduziu que dormiu durante todo o intervalo, só acordou quando chegou à sala e a cutucou.
- Você está bem? - Perguntou o menino fitando-a com o semblante preocupado.
Ela assentiu com a cabeça e deu-lhe um sorriso singelo, que não convencia ninguém.
- Eu sei que não - cochichou, sentando-se atrás da mesa da garota. - Mas vai passar.
A aula passou sem que trocasse nem sequer mais um olhar com . Assim como todas as aulas seguintes, ela não dava atenção quando os amigos estavam na mesma sala que ela, só fingia que prestava atenção e usava isso como desculpa para não responder as perguntas que lhe lançavam.
Quando o relógio completou meio-dia, o sinal da última aula tocou e , mesmo sem idéia de como iria pedir desculpa ao , foi para a sala de Química. Estava ansiosa e treinava discursos mentalmente. Tinha medo que gaguejasse, falasse demais ou até mesmo que ficasse muda. Sentou na cadeira que costumava sentar, colocou a mala para guardar um lugar para ao seu lado como costumava fazer antes, todavia, ele não estava lá. Uma ânsia tomou seu corpo, e, só então, passou pela sua possibilidade dele não ter ido à escola. Esperou que ele chegasse, com esperanças, até cinco minutos antes do final das aulas. Nada.
Não ia esperar o dia seguinte para falar com ele. A aflição que tomava conta de si era grande demais para adiá-la por vinte e quatro horas.
Voltou para casa quase correndo, mais rápido do que de costume, ia ligar para assim que chegasse e iria falar com ele a todo custo, pessoa nenhuma iria impedi-la. Durante o caminho, seu celular tocara. Aguardando uma mensagem de , logo foi ler.
“Adeus”.
Era apenas e tudo o que dizia, vinda de um número não identificado. Apagou, crente que era engano, e seguiu sem diminuir a velocidade. O trajeto que normalmente se fazia em quinze minutos, percorreu em menos de dez. Impaciente por esperar mais um segundo, tão logo chegou em casa, jogou a mala pelo meio do corredor e correu ao telefone. Discou o número de com as mãos suando.
- Atende, atende, atende - a garota resmungava a cada toque.
- Alô? - Respondeu a Sra. .
- Sra. ? É a , desculpa estar ligando de novo, é que eu preciso desesperadamente falar com o seu filho. Não importa que ele não queira falar comigo, eu estou atrás dele porque eu preciso me desculpar.
- Querida, infelizmente, ele...
- Eu posso ir aí, se for o caso. Você pode falar que eu arrombei a porta se ele colocar a culpa em você por me deixar em entrar, mas eu preciso muito conversar com ele.
- Não adiantaria...
- Eu não posso nem tentar?
- Realmente não - ela fez uma pausa e respirou fundo. - O chegou em casa irritado ontem, tanto que eu e meu marido não conseguimos nem descobrir o que havia acontecido no ensaio. O nariz dele sangrava, então nós imaginamos que ele tinha brigado com algum dos meninos. Só percebemos que a coisa ficou séria quando ele chegou aqui na sala com uma mala e me mandou ligar para minha irmã, que mora no interior, dizendo que ele iria ficar lá por um tempo. A gente não teve como impedi-lo. Ele xingou tanto essa cidade, dizendo que não tinha amigos por aqui. O que é estranho, pois ele estava tão bem enturmado com a banda.
- Ele já foi? - As lágrimas escorriam pelo rosto de .
- Logo pela manhã.
- Me desculpe, Sra. . Eu sinto que sou a grande culpada por toda essa história.
- Não se culpe, minha querida. O sempre foi de tomar soluções drásticas e se arrepender de volta. Não duvido que meu filho volte para casa com a rapidez que decidiu ir.
- Ele não disse quando volta? - Enxugou o rosto, já estava aos soluços.
- Me mandou encaixotar o resto das coisas do quarto e mandar para ele. Hoje de manhã parecia-me querer nunca mais voltar, porém, se eu conheço meu filho tão bem quanto eu conheço, não demora mais de um ano.
- Um ano? - A menina soluçara mais alto.
- Bom, é o que eu penso... Mas, querida, se o que você tinha a tratar com ele for assim muito importante, eu posso te passar o telefone da casa da minha irmã. Essa hora ele já deve ter chegado lá.
- Deixa para lá... - Limpou o rosto na barra da manga. Faltava-lhe era coragem para telefonar. - Obrigada por me atender, Sra. . Espero que o volte logo.
Ela recolocou o telefone no gancho. Encolheu as pernas no sofá, tentando conter o choro. indo embora para outra cidade era culpa demais para carregar, e sabia que todos os amigos iam ir contra ela. Sentia muito por tudo o que estava acontecendo em sua vida, isso era preço demais a se pagar pelo capricho de um rapaz. Uma pitada de ódio tocou seu coração. Se o Sr. Anônimo não fosse tão palerma e cheio de frescuras para “revelar sua identidade”, nada teria acontecido, talvez não em proporções tão grandes.
Já não tinha mais que se preocupar em como pedir desculpas a , mas agora precisava pensar em um jeito de dar essa notícia aos outros.

~

Capítulo vinte e um
Ela tivera tempo o necessário para pensar em como dar a notícia que fora embora para seus amigos, mas tempo nenhum seria suficiente para fazê-la tomar coragem. A culpa por ele ter deixado a banda caía como peso sobre suas costas agora, e todas as reclamações seriam voltadas para ela. teria de ouvir tudo, como se fosse a única culpada e os ataques partiriam de todos os lados.
Quando estava subindo as escadas da escola, viu , , e conversando perto de seu armário. Respirou fundo e decidiu que aquela era a hora, ou poderia ser tarde demais para falar depois.
Ao aproximar-se, ouviu um trecho da conversa:
- Ele não veio na escola hoje de novo. - Anunciou com ar de pêsames.
- Acho que não tem jeito. - disse em tom ligeiramente nervoso.
- Pára de ser pessimista, cara! - deu um tapinha nas costas do amigo - Ainda temos duas semanas até o baile de primavera. Se em uma semana Deus criou o mundo, em duas o volta para a banda.
- Você viaja demais, falando desse jeito parece que não conhece a cabeça dura do . - resmungou se distanciando de .
- Eu concordo com o . - Retrucou que até agora permanecera calado - A gente só tem que resolver se vai chamar alguém para substituí-lo no baile ou então falar com o diretor e...
- ! - Gritou quando viu a garota de longe ouvindo a conversa. Imediatamente os garotos pararam de falar.
Ela ficou um pouco conturbada por ter que se aproximar deles, estava com o estômago revirando só de pensar que o momento de contar a má novidade. E não tinha outra hora sem ser aquela.
- Estamos preocupados com o , você tem notícias dele, ? - Perguntou fitando os olhos da menina, o que só fez agravar a situação.
- A gente terminou... Vocês devem saber disso. - Ela tentou começar, porém faltavam-lhe palavras.
- É, a gente sabe. - disse ríspido em um jeito de encurtar a pausa da menina.
- Ontem eu liguei na casa dele, e a Sra. disse que o foi embora. - O espanto tomou o rosto do resto das pessoas, e continuo a explicar a situação. - Parece que ele está muito bravo e para esfriar a cabeça resolveu passar uns tempos na casa da tia no interior.
- Esses ‘uns tempos’, seria quanto tempo? - Perguntou passando as mãos pelo cabelo, como se o ato o ajudasse a pensar.
- Talvez um ano, talvez mais... - disse querendo se esconder atrás de algo, agora as coisas piorariam, tinha certeza.
- Estamos ferrados, é melhor irmos logo até a sala do diretor desmarcar essa bosta de baile. - estava nervoso, preparando o punho para um soco.
- Ainda podemos arranjar alguém para substituir o - falou segurando o braço de .
- Com certeza! Que músico que não seria capaz de decorar um setlist inteiro em duas semanas?! E ainda tem aquela música ridícula, I’ve Got You. Não sei por que inventá-la agora! Ela fodeu tudo... - lançou um olhar tão agressivo sobre , que a menina ficou indecisa se aquele “ela” se referia a ela mesma ou a música.
- Acho que deveríamos cancelar o baile. - soou decidido. - Essa confusão não podia ter vindo em pior hora... - Ela foi obrigada a concordar com ele em seu pensamento.
- Não! Cancelar o baile, não! Me dêem até hoje à tarde que eu arrumo alguém para tocar no lugar do . - exclamou enfático. - Eu tenho um primo que toca. Ele pode não ser tão talentoso quanto o era, mas quebra um galho até ele voltar.
- , olha lá o que vai fazer... - Alertou que sempre era cuidadosa.
- Essa é nossa chance, caras, a chance que a gente tanto correu atrás para conseguir. Em duas semanas o McFLY já estará na boca de todas as pessoas dessa escola, se não dessa cidade! - sorriu.
- Otimista. - resmungou entre dentes e se virou para ir embora.
Logo e também foram, deixando e sozinhas para tomarem o caminho do outro corredor e seguirem para suas aulas. Elas entraram na classe de Espanhol e sentaram se uma perto da outra.
- Eu acho que a culpa disso tudo é minha. - Resmungou a garota olhando para o chão.
- Você não pode se culpar sozinha por isso, . O garoto que está fazendo isso também deveria ter medido as conseqüências antes de aprontar o que aprontou. - piscou para a amiga e virou para frente para copiar o que o professor escrevia no quadro.
Ela ficara a aula toda repensando o que tinha acabado de dizer. Alguém teria que estar ao seu lado para levar a culpa, pelo menos o Sr. Anônimo, e nem para isso ele aparecia. Quem começara tudo fora ele, quem devia satisfações aos amigos era ele. Uma pontada de raiva picou seu peito. Ele estava tornando a sua vida uma grande confusão por causa de uma bobagem. Grande bobagem... Se aquelas mensagens estavam a afastando dos seus amigos, talvez fosse melhor esquecê-las, rasgá-las.
Quando voltara ao armário no intervalo entre as aulas para pegar o livro de química, foi o que encontrou. Mais um bilhete daqueles malditos bilhetes.
Ele era tão cuidadoso ao colocá-lo em um envelope vermelho selado com um adesivo de estrela, que ela ficou curiosa para saber o que estava escrito. Mesmo contra sua vontade e raiva, abriu para ler, jurando que seria o último.
"Você sente minha respiração em seu pescoço. Não consigo acreditar que estou bem atrás de você.
Ass: (?) "
Continuava sendo a mesma coisa, aquele tal jogo de se esconder e brincar querendo atear fogo nas amizades que já começavam a queimar. Depois de ler, rasgou o bilhete e simplesmente deixou-o cair no chão. Não queria mais saber dele, já que, até agora, aquilo só lhe trouxera grandes problemas.

~

Capítulo vinte e dois
Ela fora para sua próxima aula bufando, estava furiosa e decidida a largar de vez aquela história. Pouco lhe importava mais quem ele era, e era até melhor que não soubesse agora. O Sr. Anônimo era um personagem inventado e ela não iria transferir a raiva, ou o amor, que sentiu por ele por algum dos garotos, por isso, nessa hora, era melhor que ele continuasse no escuro.
A menina não conseguira ficar mais tranqüila durante a aula. Química a fazia lembrar-se de , o que não era uma boa ajuda para que ela esquecesse tudo. nunca fora boa nessa matéria, com muito sacrifício ficava na média. , que era seu parceiro, sempre acabava fazendo todos os trabalhos sozinhos, deixando-a copiar os deveres de casa, passando cola e ajudando a estudar para a prova. Sozinha seria impossível aprender fórmulas moleculares.
A cadeira ao lado, onde sentava seu parceiro, ficou vaga durante toda a aula. Aquilo lhe causava um estranho aperto no peito e o resto da sala nem, ao menos, parecia ter notado sua falta. Todo o resto, menos . O menino virou para trás para confirmar o lugar vazio durante toda a aula, como se pudesse aparecer do nada.
Os segundos resistiam a passar, e cada minuto pareceu uma hora de tão longo. Era uma prisão ficar naquela aula. O relógio que não andava era uma tortura para , que não acreditou quando o sinal bateu e pode parar de fingir que entendia o que eram todos aqueles números na lousa e que ela copiava sem nenhuma lógica. Quando se preparava para sair da sala, a professora a chamou.
- Senhorita , pode ficar aqui por mais um instante? - perguntou a professora remexendo nos papéis sobre a cadeira.
- Hm... Ok. - respondeu se sentando na primeira cadeira.
- , você também. - chamou ela. olhou para trás e apontou para o próprio peito - Claro que é você, ou existe algum outro nessa sala?
Ele bufou e se sentou ao lado de . Aquilo não cheirava bem...
- Suas notas não andam boas... - começou a professora dizendo olhando a planilha a sua frente.
- As minhas sim, professora. Posso ir já que isso foi um equívoco? - já ia levantando, presunçoso, quando a professora negou com a cabeça.
- Você ainda não entendeu onde eu quero chegar. - a mulher lançou um olhar cortante a por de trás dos óculos - Não é novidade para mim que a Senhorita vá mal em química, como também não é novidade que o seu colega lhe dava uma boa ajuda com isso - ela indicou “boa” deixando claro que sabia de toda a ajuda, até a as colas e trabalhos copiados. - Fiquei informada que o não estuda mais neste recinto, e isso me deixa um pouco temerosa com suas notas, Senhorita . Contudo, acho que achei alguém que pode te ajudar...
Os dois pararam de encarar o chão e o teto, lançando um olhar arregalado para a professora. Simplesmente não podia ser o que os dois estavam pensando. Aliás, ela própria não poderia pensar uma coisa dessas.
- Contudo, acho que o Senhor pode te ajudar. - concluiu, olhando para .
- Não, professora. Sinto muito, mas não mesmo... - Ele recusou balançando a cabeça
- Se eu fosse você, não recusava assim tão rápido, . E além do mais, o que te custa? Vocês não são amiguinhos?
- Amiguinhos? - perguntou exaltada - Bem longe disso! Obrigada por tentar me ajudar, professora, mas qualquer coisa que envolva o nunca daria certo.
- Se ela tem dificuldade - ele expressou a última palavra num tom de desdém -, a culpa não é minha. Eu já tenho muita coisa com o que gastar o meu tempo, obrigado.
- Como estudar biologia, certo? Eu estou propondo uma troca justa. Você também precisa de ajuda com uma matéria que a sua colega é boa. Logo, seria como uma troca de experiências. - a professora disse saindo da sala. Ao chegar à porta, virou para dar mais uma advertência. - Marquem já horários de estudo, ou serei obrigada a descontar nota de ambos se isso não der certo.
- Injusto! - os dois disseram em coro, mas a professora já tinha deixado a sala.
olhou o resto da sala, esperando encontrar uma saída para aquela situação.
- É, parece que vamos ter que “trocar experiências”. - disse fazendo uma cara de nojo. - Mas é bom você me ajudar a não reprovar em biologia...
- Claro, . Passar mais tempo com você vai ter que servir para, pelo menos, isso.
- Hoje a gente vai ensaiar com o primo do , passa lá na casa do depois. - Ele disse, saindo da sala e deixando-a sozinha lá.

Depois que as aulas acabaram, saiu da escola e passou na sua casa para almoçar e pegar o resto dos livros antes de ir estudar com . Além de tudo, a mudança de ainda lhe dera mais esse castigo.
Chegou à casa de já no final do ensaio. ensinava seu primo a tocar “Broccoli”, mas o garoto não tinha talento algum para a música, isso sem contar que era uma criança, não passava dos doze anos. Quando sentou-se no sofá, , que estava ao seu lado, lhe lançou um olhar de pena.
- Deus tenha dó dos meus ouvidos - cochichou.
- Deus tenha dó dos ouvidos de todos nós, e muito mais ainda dos seus vizinhos. - retrucou ela, discretamente tapando os ouvidos.
Quando percebeu que havia chegado, parou de ensinar o seu primo a tocar e foi cumprimentá-la.
- Oi, . - o garoto deu-lhe um beijo na bochecha, e apresentou - Esse é o Mike, ele vai substituir o .
- E aí, gata? - o menininho disse, teve vontade de cair na gargalhada da maneira com que ele tentava parecer mais velho e galanteador.
- A é uma das nossas maiores fãs. Ela está sempre aqui nos nossos ensaios, é quase um membro da banda. - completou .
- Que bom saber que vou ver essa delicinha mais vezes por aqui - Mike piscou.
- Delicinha? - gargalhou descaradamente - Qual é, Mike? Com doze anos você ainda está na fase de acreditar que se bater punheta vai crescer pelos na sua mão. A já está com rugas perto de você.
- O amor não tem idade para florescer. - retrucou o menininho, em tom de desafio para .
- É melhor não se envolver com a , se não vamos perder mais um membro - disse pegando seu casaco.
A garota ficou chateada com o comentário que acabara de fazer. Não fora uma coisa amigável tocar nesse ponto fraco dela. Pensou quantas mais alfinetadas, como aquela, ele estava guardando para aquela tarde.
- Vamos, . Melhor irmos estudar - falou enquanto abria a porta. - E vê se vocês dão um jeito de ensinar ao carinha-de-bebê o resto das músicas.
saiu e fechou a porta logo atrás.
- Meu Deus, onde é que o estava com a cabeça quando chamou esse garoto? Ele ainda deve chamar a mamãe para ir limpá-lo no banheiro. - foi andando em direção a rua, saindo da casa de .
não respondeu, sentiu-se incomodada com o comentário e estava chateada. Não adiantaria nada ir estudar com ele se ela ficasse calada.
- Vamos para a minha casa ou para a sua? - Ele tentou mais uma vez, sem obter resposta da menina que apenas fitou o chão. - Foi o comentário, não foi? Você é mais emburrada que uma égua, viu?!
Ela lançou-lhe outro olhar fuzilante. Ele bufou antes de se desculpar.
- Desculpe. - rolou os olhos - Mas não pense que eu vou ficar pedindo desculpa por cada vírgula que eu diga.
- pedindo desculpas! Meu Deus, isso é um mila... - ele a interrompeu-a.
- Eu estou me esforçando para ser legal por hoje, você podia fazer isso também.
- Desculpa - encarou o olhar sincero de . - É o costume.

Depois de quase quinze minutos de caminhada contra o vento gélido, os dois chegaram à casa de e começaram a tirar os livros da mochila, na preparação para uma tarde de estudos. Eles faziam isso tão devagar, que era aparente a falta de vontade.
- Quer beber alguma coisa? - perguntou o menino, abrindo a geladeira antes de abrir qualquer livro.
- Não, obrigada. - ela respondeu.
voltou da cozinha trazendo, além da sua lata de refrigerante, uma para .
- Você está mesmo querendo ser legal - comentou a menina em tom irônico.
- Você não. Que tal se esforçar só por hoje? - ele pediu e entregou a lata. - Como se ter de estudar já não fosse ruim o bastante, ainda tenho que agüentar sarcasmos.
- A verdade é que você sempre veio com ataques, . Já aprendi a ficar na defensiva. - ela abriu o livro e começou a anotar algumas coisas para não ter que olhar-lo nos olhos. - Até ontem você dizia que eu era a culpada por todos os seus problemas.
- Mudei de idéia. O foi exagerado na reação dele, então eu não posso te culpar por isso. - deu um gole no refrigerante, se preparando para dizer as próximas palavras - E também não posso te culpar por nada.
O garoto abriu seu livro de química e começou a folheá-lo, tentando disfarçar que estava corado.
- Eu totalmente mudei de idéia sobre você.
Aquelas palavras indicavam uma trégua. Uma trégua nunca sonhada.
- Então, amigos? - perguntou incerta. sorriu, indicando um sim com a cabeça.
Um silêncio chato ficou na sala, até o menino, descontraído, perguntar:
- Começamos por biologia ou química? - ele fez cara de cansado e os dois caíram de cara nos livros.

~

Capítulo vinte e três
Os próximos dias se passaram sem que nada de especial acontecesse. Com exceção das coisas entre e , que agora se pareciam bem menos com um ringue de boxe; tudo ocorria com normalidade.
Todos os anos, perto desta época, eles enfrentavam um batalhão de provas. Todos os professores gostavam de torturá-los e deixá-los sem tempo para nada. Alguns desconfiavam que era por causa do baile, e que os professores adoravam dar muitas provas para que as meninas não tivessem tempo de ir procurar o vestido perfeito. Mas nunca encarou as provas como uma tentativa de arruinar o baile para e, sim, como uma época em que a festa coincidia com o fechamento de bimestre.
Durante o tempo que passara, ela dividira sua vida em estudar (algumas tardes na companhia de ), ver os ensaios do McFLY e apagar as mensagens que o Sr. Anônimo continuava mandando. A menina não sabia se ele estava sendo persistente, ou se ele nem ao menos sabia que ela apagava os e-mails e rasgava os bilhetes. Apesar de não estar mais com raiva, simplesmente achou que era melhor para de ler e procurar por mais problemas.
Tudo na sua vida já estava entrando em rumo novamente, e progredindo. Menos Mike, que continuava uma negação tocando. Sendo esta a exceção a regra, a vida sem estava entrando nos eixos. Nenhum dos amigos negaria que ele fazia muita falta. Seu lugar na aula de química, como parceiro de , ainda estava vago, para o caso dele voltar sem aviso.
Sem tempo para sair, e com a cabeça cheia de números, datas e informações, os alunos daquela escola levaram suas vidas até que o dia do baile chegou. Alguns estavam muito ansiosos, outros nem tanto, entretanto era inevitável que o tempo não passasse.
era parte do grupo que não estava tão ansiosa. Claro que estava um pouco receosa quanto à apresentação dos garotos, pois Mike não era um exímio músico, mas ela nem ao menos se dera conta de que não tinha um vestido até a noite que antecedia o baile.
Ela abriu seu guarda-roupa pensando em algo para usar. A garota nunca precisou de um vestido de festa, portanto, seu guarda-roupa só continha calças jeans, camisetas, e outras peças casuais. Não adiantava nem jogar tudo em cima da cama, como costumava fazer para decidir o que usar em outras vezes, pois não existia nada usável ali.
Em sua cabeça a opção desistir de ir estava fora de cogitação. Ela sentia que precisa estar presente para o show do McFLY. Sua intuição feminina falara mais alto.
Um plano lhe ocorrerá à mente. Pegou o telefone e agilmente discou o número da casa de .
- Alô? - ela ouviu a voz sonolenta da amiga se projetando do outro lado da linha.
Pela voz, deveria tê-la acordado. Olhou no relógio em sua cabeceira, era uma hora e três minutos da madrugada. Bom, algum dia a perdoaria por isso.
- , sou eu. É uma emergência. - disse rápido, antes que a amiga desligasse na sua cara e voltasse a dormir.
- Você está morrendo ou algo assim?
- É, algo assim. Bom, na verdade, é que eu acabei esquecendo de comprar um vestido para o baile.
- Você prefere que eu te chame de louca ou irresponsável? - a garota perguntou. sabia que levaria um sermão, então afastou o telefone da orelha - COMO ASSIM VOCÊ ESQUECEU O VESTIDO? MEU DEUS! O VESTIDO!
- , eu te liguei achando que você poderia me ajudar a achar uma solução. - ela disse.
- Uma solução do tipo perder a minha hora do cabeleireiro amanhã para ir na cidade vizinha, porque com certeza os dessa cidade já foram todos comprados, procurar um vestido com você? Mas nem MORTA! - estava histérica e mal-humorada, não tinha sido boa idéia acordá-la.
- Socorro, acho que me esqueci de marcar com algum cabeleireiro também.
- Você pelo menos se lembrou de arrumar um par?
A menina xingou alto. De quantas coisas mais ela seria capaz de ter se esquecido de preparar?
- Olha, - falou mais calma, tentando pensar em um plano para a amiga - Quanto ao cabelo e a maquiagem, tenho quase certeza de que eu posso arranjar uma hora com meu cabeleireiro para você. E são muitas garotas que vão sem um par, porque o importante do baile é se divertir. Amanhã eu vejo com o Jake se a gente pode passar na sua casa para te dar uma carona. Mas eu não posso costurar um vestido para você. Sinto muito. - A amiga disse em tom de pêsames.
- Ah, tudo bem. Minha última opção é ir pelada e lançar uma nova moda. Obrigada por me atender, . Volte a dormir antes que você tenha olheiras.
E agora? Ela estava ferrada. As esperanças de um vestido perfeito já haviam se esgotado. Talvez, ela ao menos achasse um vestido que lhe servisse. Mas não desistiria enquanto ainda restassem lojas no país, só que nenhuma loja estava aberta à uma da manhã. Vencida pelo sono, e com medo de acordar um monstro na manhã seguinte, adormeceu.

acordara tão cedo que nem acreditava. Só podia ter sido a preocupação com o maldito vestido que lhe deixara assim. Só preocupações eram capazes de fazer alguém preguiçoso como ela sair tão cedo da cama.
Levantou-se, ainda meio cansada, espreguiçou-se e começou a pentear o cabelo lentamente. Até que se deu conta que não tinha muito tempo se quisesse ser a primeira a entrar na loja naquele dia. Em um ritmo mais rápido, se trocou, escovou os dentes e desceu as escadas correndo para ir tomar café-da-manhã.
Como todos os dias, e em especial as manhãs de sábado, a Sra. Espadaro levantara bem cedo para preparar o café da família. achou que a mãe estar acordada era uma chance maravilhosa de conseguir uma carona, e quem sabe, até uma visita a cidade vizinha.
- Hm, mãe?! - disse a menina, engolindo um gole de leite. - Hoje é o baile da escola.
- Por que você está dizendo isso, filha? - perguntou a mãe, arqueando a sobrancelha - Nunca te vi empolgada por uma festa da escola.
- Bom, é... Mas esse baile é diferente. A banda dos meus amigos vai tocar, e eu estava pretendendo ir. Só que eu tenho um grande imprevisto. Eu me esqueci de comprar um vestido para o baile e é totalmente inaceitável que eu vá com alguma das minhas calças jeans. - esperou ver a reação da mãe antes de acrescentar. - Então eu estou precisando de uma carona sua para me levar em alguma loja.
- Você quer um vestido assim, em cima da hora? - perguntou a Sra. quase desesperada.
- É, bem em cima da hora mesmo, porque daqui a pouco eu tenho que estar na casa da para irmos fazer o cabelo - a menina olhou no relógio.
- Você não vai achar...
- Mãe! - bateu a mão na mesa, com raiva do pessimismo da mãe.
- Mas, sabe... - a senhora passou a mão pelo rosto, pensando. - Acho que eu guardei o meu vestido e ele pode calhar a ser útil. Foi o vestido que eu usei no baile em que seu pai se declarou para mim. - a Sra. suspirou em recordações. - Vai lhe cair como uma luva, meu bem. Além de estar na moda porque é... Como dizem? Retrô.
riu. Mesmo se fosse o vestido mais cafona no mundo, estava melhor do que a idéia que tinha tido de ir pelada.
- Vou buscá-lo para você experimentar. - Disse a mãe, subindo as escadas para seu quarto.
Ela tivera medo ao pensar que usa mãe havia usado o vestido há muito tempo, por tanto poderia ser algo horripilante. Descobriu que estava completamente enganada com qualquer pensamento ruim sobre ele. Era extremante gracioso e lhe caia como uma luva. tinha certeza que não teria escolhido outro, mesmo que tivesse opção.
- Só está um pouco sujo. Ande, me dê. Vou lavá-lo agora, e antes do baile ele já estará impecável. - disse a Sra. com os olhos brilhando de alegria em poder ver a filha usando o vestido que um dia fora dela.
- Muito obrigada, mãe! Nem procurando por todo o país eu poderia ter encontrado algum tão lindo quanto esse. - olhou no espelho pela última vez, simplesmente perfeito.
- Imagina, querida. Agora vá, o vestido sem o cabelo não vai te fazer a menina mais linda de todo o baile.
vestiu sua roupa e foi andando até a casa de para a hora no cabeleireiro.
As poucas horas que restavam para o baile, faziam-na se juntar ao grupo que estava ansioso pela noite.

~

Capítulo vinte e quatro
Quando a campainha tocou, sabia que era que passara com Jake para buscá-la. Encarou-se no espelho pela última vez antes de sair. O batom rosado, o blush leve, os cilíos compridos e volumosos, a maquiagem clara, porém com muito brilho e o cabelo solto, com leves cachos na ponta, entravam em completa harmonia com o vestido. Que, por sua vez, era perfeito no corpo da garota. Apesar dos anos no armário, ele não amarelara, continuava de um branco muito pleno. O vestido ia até os joelhos dela, deixando totalmente amostra a sandália, também branca, e, como charme, tinha um singelo lacinho na tira. O modelo tomara-que-caia era acentuado até a cintura, onde se desprendia, descendo no corpo mais solto e volumoso por causa do tule rosa por baixo do vestido; mas era visto, pois ficava alguns centímetros de tule a mostra depois da barra.
A Sra. apareceu por trás da garota, e ela pôde ver sua mãe se aproximando pelo reflexo do espelho.
- Oh! - Exclamou a mãe. - Você está parecendo uma princesinha.
- Obrigada, mãe. Tenho certeza de que você ficou mais bonita que eu nesse vestido. - disse, e olhou para o relógio na parede. e Jake já a esperavam do lado de fora há três minutos. - Que pena que não vai dar tempo de você ficar sentimental e chorar, porque eu preciso mesmo ir, antes de perder a minha carona.
- Espera... - A mãe disse, tirando o colar que estava preso em seu pescoço - Vá com isso.
A menina levantou o cabelo para que sua mãe pudesse prender o colar com um pingente de coração em ouro branco nela. Passou a mão pelo colar o admirando, tinha passado de sua avó para sua mãe, e agora a ela. Ela estava criando uma espécie de tradição com esse baile. Antes o vestido e agora o pingente. Esperava que aquilo lhe servisse como um amuleto da sorte, da sorte no amor, já que sua avó e sua mãe foram mulheres amorosamente realizadas, talvez aquilo a ajudasse naquela noite.
Jake buzinou e foi obrigada a ir logo. Deu um beijo na testa da mãe e correu para fora.
- Ei, já estou aqui! - falou ela, entrando no banco de trás do carro de Jake.
O garoto ligou o carro, e dirigiu até a escola. Em pouco tempo já estavam na porta, esperando para entrar. Era desnecessário o carro naquele trajeto tão curto, porém, com os vestidos de festa e os penteados não era muito bom arriscar tomar uma chuva pelo meio do caminho.
Os três ficaram esperando por um tempo na fila formada em frente à entrada do ginásio, esperando os convites serem conferidos. já estava se sentindo incomodada com os beijos que e seu acompanhante trocavam, talvez tivesse sido uma má idéia pegar carona com eles. Logo, eles entraram no ginásio e ela teve que pigarrear alto para que os dois lhe dessem atenção.
Na entrada do ginásio, pétalas de rosa eram jogadas em quem entrava, celebrando a primavera, e toda decoração rodava em torno do tema. Todo o lugar estava coberto por flores; tulipas, rosas, margaridas, violetas... Além de belo, estava cheiroso pelo perfume que as flores exalavam. Cada mesa era rodeada por seis cadeiras, a toalha de cetim lilás caía até o chão, tapando os pés da mesa, e no centro dela estava uma cascata de chocolate. A mesa em que deveria sentar estava bem perto do palco, e como os nomes nas placas indicavam era a mesma mesa dos garotos do McFLY. e Jake iam ficar na mesa com e Caleb, quase do outro lado do ginásio.
- Bom noite! - Disse , cumprimentando . - Você está linda hoje. - ele sorriu ao elogiá-la.
- Você também. - ela respondeu, observando que o cabelo dele já estava fora do lugar, e seu terno já estava sendo usado pela cadeira, e não pelo rapaz.
Quando os dois param de trocar olhares, já estava arrastando Jake para a mesa. Sem perceber, comentou alto:
- Ela não vai ver nada do show longe assim.
- Vai perder acontecimentos importantes. - piscou o olho esquerdo e fez cara de quem guarda alguma surpresa. - Vou avisar para os meninos que você já chegou.
O garoto a deixou, sentada à mesa, sozinha, esperando por alguma diversão enquanto bebia distraidamente um copo de ponche. A visão que teve a levou a crer que tinham colocado algum tipo de bebida alcoólica misturado àquele ponche, mas seria algo muito improvável, pois era uma festa escolar, só com alunos menores de idade. Também não podia estar com febre, e muito menos aquilo era uma alucinação. estava diante de em carne e osso.
- Oh, meu Deus! - exclamou quase sem fôlego, era difícil mesmo acreditar. Mas provável seria seus olhos estarem enganados. Esfregou-os; continuava ali, vestindo uma camisa social azul com as mangas dobradas, uma calça social preto e calçava all star. Incrivelmente lindo.
- Oi, . - O menino acenou, sem nenhum vestígio de ressentimento.
Ela continuou imóvel, procurando qualquer palavra para dizer. Uma atropelava a outra; queria pedir desculpas, queria se explicar, queria mostrar aos outros que voltara, queria abraçá-lo, queria dizer que sentiu saudades... Porém, nenhum cérebro é capaz de processar tantas informações assim, e ela estava incapaz de decidir o que dizer primeiro.
- Desculpa. - Ele disse antes. - Eu devia ter te entendido. Eu fui impulsivo, agi sem pensar e não levei mais nenhum lado em conta. Nesse tempo que eu fiquei fora, eu consegui entender que não tenho nenhum motivo pra ficar com raiva de você e muito menos dos meninos. - Ele depositou a mão no ombro da menina, e encarando-a de um jeito sincero, disse: - Eu não quero ouvir nenhuma desculpa da sua boca. Tudo isso passou, e agora eu só quero te ver feliz. Ver vocês felizes.
Mal acabara de falar, ela já tinha pulado no pescoço dele, abraçando-o o mais forte e o mais apertado que podia.
- Eu senti saudade.
- Eu também, por isso eu voltei - o garoto afrouxou o abraço para poder respirar. - Vamos, eu não quero que você chore. Está tão linda que não pode estragar a maquiagem. E eu ainda tenho um show pra fazer essa noite, não tenho?! Espero que eles não tenham resolvido preencher minha vaga.
Enquanto os dois se dirigiam ao backstage, contou a ele sobre o Mike. deu boas gargalhadas de terem colocado uma criança em seu lugar, mas ele estava pronto para retomar o posto que sempre lhe pertenceu.
Pararam em frente à porta da sala atrás do palco, onde os garotos estavam passando o som pela última vez. ia bater na porta, porém, a conversa lhe chamou atenção e hesitou por alguns segundos antes de entrar.
- Vai nessa, dude. Hoje é o momento perfeito pra você provar pra que a ama com mais que palavras em um pedaço de papel - ela ouviu comentar com alguém, mas em seguida o lugar ficou em silêncio e ela não pôde ouvir com quem ele falava.
, ansioso por ver os amigos outra vez, deu três toques na porta e sem esperar por resposta, entrou. Dentro da sala estavam, , , , e Mike. O pequeno menino desanimou ao ver que agora com o de volta, ninguém mais ia querer aquela catástrofe no McFLY. Enquanto Mike choramingava, o resto do grupo permaneceu atônito.
- Eu preciso rir da cara de pasmos de vocês - disse, bem humorado,
- ! - gritaram os outros três em uníssono, dando-lhe, em seguida, um abraço grupal mais forte que o que dera.
- O McFLY sentiu sua falta. - Falou , largando o amigo por último.
- Que bom que você voltou bem na hora! Você não ia querer chegar depois do show e ver a aberração que a banda se tornou sem você. - deu três tapinhas nas costas do amigo.
- Tá na hora de ir pro palco, sinta-se em casa. - completou, apontando a porta que levava ao palco para . - Vocês três, vão pra platéia.
Obedientes, , Mike e cumpriram o mandado e ocuparam seus respectivos lugares na mesa.

O show começou com cinco minutos de teste de som, o que foi o suficiente para que voltasse ao entrosamento com o resto da banda. sussurrou para ele qual era a primeira música, pois ele não tinha o setlist, e, puxando a contagem, eles começaram a tocar Please, Please.
Na metade da segunda música, todas as cadeiras estavam vazias e seus ocupantes estavam de pé, dançando alegremente ao som do show. “Please, Please” e “Saturday Night” animaram o salão, deixando todos empolgados e borbulhantes. Apenas continuava sentada, sem companhia para dançar, mas com certeza ninguém ali estava gostando tanto do show quanto ela. Durante a maior parte do tempo, os garotos no palco só tinham olhos para a garota. Principalmente lançava-lhe ternos sorrisos encorajando-a a se levantar e dançar como o resto. Porém ela continuava ali, ao pé do palco.
Finalmente, na quarta música, resolveu dançar um pouco, sendo tirada da cadeira por Mike. Fora engraçado dançar com ele, que media muitos centímetros a menos que ela. O menino estava nas nuvens, um sonho infantil que, diga-se de passagem, durara pouco, pois logo que a Star Girl acabara, interrompera o show pedindo atenção.
- Boa noite, terráqueos! - saudou ele e bateu três vezes no microfone para ter a atenção da platéia. - Chegou a hora mais importante do show, a parte que um dos meus amigos ensaiou durante dias até hoje. A próxima música foi escrita por um bobo apaixonado tentando conquistar uma garota muito, muito especial. E eu espero que ele consiga, e que faça dela a garota mais feliz do mundo. Essa é do Sr. Anônimo, pra você, .
Os olhares de e se encontraram, mas a garota não sabia se ainda estava viva ou se já tinha morrido. Seu coração batia forte e rápido, duvidando que ele não estivesse a mil pulsações por minuto. As borboletas de seu estômago batiam as asas desesperadas, querendo sair pela boca dela, e ela sequer conseguia abri-la. Ouviu os primeiros acordes da música soando. Era I’ve Got You. Agora a resposta da última pergunta estava perto... Muito perto. Quem era ele?
De repente, tudo escureceu e achou que tinha desmaiado com a emoção, mas ao ouvir gritos exasperados das pessoas ao redor percebeu que as luzes do salão tinham se apagado.
- É um blackout! - ouviu uma menina ao seu gritar.
O salão estava em um breu, aos poucos, pequenas luzes vindas de celulares foram se acendendo. A garota não sabia o que fazer, nem pra onde ir. A ansiedade de segundos atrás fora se acomodando de novo, tudo fora adiado por causa de um maldito blackout. Sabia-se lá quando ia obter aquela resposta. Talvez quando a luz voltasse, talvez no próximo show, talvez ele desistisse. Pensando na primeira hipótese e na mais esperançosa dela, tateou ao redor procurando por uma cadeira para sentar-se e esperar a iluminação. Tal era o tumulto que se sucedera, que ficara ainda mais perdida. Impressionante como o medo de escuro atingia muitos adolescentes, quando popularmente era classificado como medo de crianças.
E meio a multidão, sentiu alguém esbarrando nela e depois esse alguém lhe segurou pela mão, a puxando sutilmente para algum lugar. A menina o seguiu, esperando sair daquela confusão, mas, sem enxergar um palmo à frente do nariz, era impossível descobrir quem lhe levava. Ao pararem perto de uma saída de emergência, cuja tinha uma luz acessa sob a porta para a sinalização que proporcionava uma iluminação precária, ela conseguiu identificar os traços do garoto. Então ele encostou o queixo no ombro dela, ficando próximo para sussurrar ao seu ouvido. sentiu a respiração do garoto agitada.
- Desculpe... - a voz saiu baixa. - Esse tempo todo eu só estava procurando o momento certo para te dizer que em todas aquelas mensagens era eu.
- E você esperava um momento mais perfeito do que esse? - ela lhe respondeu, procurando por voz e fôlego onde não existia.
O rapaz nem ao menos se dera ao luxo de sorrir, tamanha era sua vontade de roubar um beijo de . Ele logo colou os lábios nos dela, com urgência. A menina estava agora beijando a boca que tanto procurara, e sentindo-se ser acarinhada pelas mãos que lhe escreveram tantas mensagens secretas e lindas. Nenhum deles nunca tinha sentindo o gosto de um beijo tão esperado, desejado, imaginado, e nenhum outro haveria de ser tão bom quanto aquele.
Os dois pararam de se beijar quando as luzes se acenderam novamente. demorou-se encarando-o, decorando cada traço de seu rosto, pois naquele momento o garoto por trás das mensagens deixara de ser o Sr. Anônimo para tomar a identidade de .

~ Fim.


Epílogo

Além de ter revelado que era o Sr. Anônimo, logo se revelou um ótimo namorado. Em um ano que o casal completava junto, eles já tinham lindos momentos para contar aos filhos, netos e bisnetos e toda a grande família que eles já tinham planos em construírem juntos.
Naquela data especial, eles tinham marcado de ir verem, juntos, o pôr-do-sol no lago. E estava dando os últimos toques no cabelo enquanto esperava o namorado chegar para saírem. já estava atrasado, se demorasse cinco minutos a mais, iam perder o crepúsculo. A natureza não ia atrasar o seu horário por causa deles.
Depois que colocara os brincos, a campainha tocou e ela descera rápido para abrir a porta. Deparou-se com o garoto escondido atrás de um buquê de rosas vermelhas e rosas com mais de cento e vinte flores.
- Feliz aniversário de um ano - disse animada, dando-lhe um beijo doce.
- Feliz aniversário pra gente - disse, entregando nas mãos da garota o grande buquê.
A garota fora colocar as flores em um vaso com água, quando achou o cartão perdido em meio ao buquê. Riu, um bilhete não podia faltar.
“Se te tenho ao meu lado, é inevitável um final feliz.
Ass: Sr. Anônimo"


~

N/A: Ai que estranho essa sensação de acabar uma fic. Estou aliviada e contente comigo mesma, porque eu tinha ouvido de muita gente (até de mim) que eu nunca ia acabar. E agora, ao escrever o “fim”, eu vejo que meu pequeno embrião virou um filinho saudável. Mas não só graças a mim, tenho um agradecimento especial pra muita gente:
Em primeiro, à Bia que acompanhou a fic, me deu idéias, inspiração, tava do meu lado pra me incentivar a escrever, foi a babá da minha fic (lê-se beta), e além disso, é minha amiga.
Também agradeço à Cah e a Vih que ajudaram com idéias e tiveram o privilégio de ler trechos antes de todos para prestar criticas. Um obrigada especial à Luiza, que eu tenho a impressão que foi a mais fiel leitora de WIML.
Obrigada a todas que leram, comentaram, indicaram a fic à alguém, a quem gostou, e até mesmo quem não gostou mas perdeu seu tempo lendo. Obrigada de coração a todas, e saibam, que ela nunca teria uma linha sequer escrita se não fosse por vocês que lêem.
Espero que vocês tenham ficado com o Guy no final (se não ficaram eu sei que vai ter muita histeria na caixa de comentários 8,D) e que tenham gostado. Na verdade, nem eu fiquei com o meu Guy na fic. E olha, eu não estou me lamentando por isso -q. Vou explicar porque eu decidi que tinha que ser o “namorado da amiga”. A idéia para WIML veio enquanto eu estava lendo o Diário da Princesa (acho que o terceiro volume). No livro, a Mia começa a receber bilhetes anônimos do Kevin, que era o parceiro de laboratório dela, mas no final ela namora o Michael (irmão da melhor amiga dela). Eu assumo que como até o final eu ainda estava em duvida sobre quem seria o SR. Anônimo, eu recorri as raízes da inspiração da fic e decidi que se no livro o amor da Mia é o Michael, aqui o Sr. Anônimo deveria ser o irmão da amiga. Enfim, se vocês não gostaram do fim é só apertar F4, refazer o script e ler de novo com seu Guy preferido. AÊ!
Espero mesmo que vocês tenham gostado, e que não achem que ter lido a fic foi uma perda de tempo (porque não acho que escrevê-la foi). Continuem comentando, eu adoro saber o que vocês acham, de verdade. Agradeço de coração (mais uma vez) todo o carinho, mas estou sempre disposta a ouvir críticas construtivas, a ouvir os elogios, a saber quais foram suas partes favoritas, de quem você não gostou... Afinal, foi pra que vocês me mantenham informada sobre a opinião de vocês que eu coloquei a caixa de comentários ali em baixo (;
E não esqueçam de dar um checada na minha fic nova, Big City Dreams. Eu amei os comentários no último capítulo dizendo que iam continuar a ler, obrigada vocês, meninas.
Me despeço de vocês com o final da fic, mas quando vocês sentirem saudades de titia May, fiquem a vontade para ler minhas outras fics ou entrar em contato comigo pelo msn, Orkut, blog, myspace, pela comunidade da fic (isso é um convite pra quem gostou entra, ok?! O link está lá em baixo -dica)... Até se quiser vir aqui em casa comer bolinhos e tomar chá ! -brimqs.
Bgsmeliga :*
may espadaro;
p.s.:eu juro que não queria ir embora. Anyway, não tem jeito e eu preciso acabar essa n/a alguma hora ._.


Entre em contato comigo:
comunidade da fic
orkut
last.fm
meadiciona
@mayespadaro
cash cash brasil
msn: mayespadaro@hotmail.com

Outras fics:
Big City Dremas (mcfly/em andamento)

Pizza! (mcfly/finalizada)
Time For Presents
Get Back - Crashed The Wedding (restritas/mcfly/finalizada)

comments powered by Disqus