WILD WORLD
Escrita por: Renatha
Beta Reader: Lara Scheffer


Capítulo 1

Havia chegado ao colégio e em poucos minutos já havia achado a sala 120. Sentei-me sozinho em uma das carteiras, tirei meu material novo e pensei em quanto tempo aquilo iria durar. Estava cansado... Cansado mesmo dessa vida de me mudar toda hora por causa da minha mãe. Aliás, por causa de toda minha família, inclusive meu irmão. Era incrível como nós nos metíamos em confusão fácil, mas considerando nossa “profissão”, eu poderia dizer que são ossos do ofício.
Não havia conhecido ninguém interessante em Seattle. Era nosso novo ponto de fuga, minha mãe estava convencida de que não iríamos fazer mais esse negócio, porque era perigoso e ela queria uma vida nova para mim e meu irmão, mas eu sabia que era questão de tempo para o dinheiro apertar e nós termos que vender drogas novamente, e termos que nos mudar novamente por algum problema que isso traria. Eu estava querendo me livrar disso fazia tempo, mas parecia errado deixar minha família na mão. Aqueles problemas giravam em volta de mim a todo maldito momento. Olhei ao redor só vendo gente fútil, que não fazia idéia do que estava acontecendo de verdade no MUNDO de verdade. Depois de alguns minutos de aula, chegaram duas meninas atrasadas.
“Hmm... Com licença?” Uma das meninas se pronunciou, e naquele momento eu tive que desviar o olhar, era ela. A minha vizinha gostosa do andar de baixo. Eu estava tentando evitar ela fazia dias porque não queria me envolver com ninguém, e eu sabia que se me envolvesse, mesmo com poucas palavras, já seria o bastante para me apaixonar. Sem querer exagerar, mas ela era demais. Eu tentei descobrir sobre ela com o porteiro, ele me disse que ela havia se mudado há pouco tempo, que nem eu. Ela sempre andava com roupas diferentes das outras meninas, escutava umas bandas legais... E não era nem um pouco fútil comparada com todas dessa sala.
A amiga dela, que havia entrado na sala junto, sentou-se ao lado de uma outra garota ao fundo da sala. Então sentaria ao meu lado, o último lugar disponível. Sim, eu sabia o nome dela. Eu sou meio persistente quando se trata de garotas, se eu fosse o velho eu teria me aproximado dela no primeiro dia que nos encontramos no elevador. Mas o último relacionamento que tive foi estragado pela idiotice da minha família para variar, e eu não queria ter que me apaixonar e ter que ir embora novamente. Então estava decidido, mesmo sendo extremamente foda, bonita e gostosa eu não iria me deixar levar.
Senti ela sentar-se ao meu lado, mas não fiz nada. Continuei olhando para o livro, mesmo não prestando nenhuma atenção no que a professora estava falando. me olhava curiosa, o que ME deixou curioso, afinal, ela sabia quem era a minha pessoa? Bem, considerando o fato que sempre estou carregando drogas quando nos encontramos dentro do elevador, ela deve suspeitar de quem eu sou. Lógico que ela não sabia que eram drogas, pelo menos eu esperava que não, eu carregava tudo em caixas de papelão para não ter esse tipo de problema. “Agora quero que vocês conversem com seus colegas sobre o assunto da pagina 364”. Pela primeira vez tinha prestado atenção no que a professora havia dito.
Um silêncio ensurdecedor tomou conta da sala, e então tive que desviar o olho do meu livro, e encontrei ainda me olhando de forma curiosa.
“Hmm, desculpe perguntar, mas você não é meu vizinho? Do quarto andar?” me olhou nos olhos, e meu estomago revirou. Tentei parecer indiferente.
“Ahn, sou.” Ela não pareceu satisfeita pela minha resposta, olhou ao redor, e depois voltou a olhar para mim.
, certo?” Aí ela havia me surpreendido. Ela sabia meu nome.
“Sim...” Tentar parecer indiferente era mais difícil do que eu imaginava, pelo menos com ela.
“Prazer, .” Ela sorriu esperando uma resposta minha, mas tudo que eu fiz foi dar um meio sorriso e desviar meu olhar. Eu sei que sou idiota, que nem deveria ter a vantagem de conversar com ela. Mas eu não podia me dar o luxo de conhecer uma garota assim, eu tinha certeza de que iria me apaixonar.
Depois daquela aula, só vi conversando com alunos novos, eles pareciam ser bem mais interessantes do que um traficante de drogas que nem eu, e sem contar que eu ainda consumia metade da mercadoria que eu vendia. Eu não era um cara certo para ela, mas eu tinha certeza de que nós iríamos fazer um belo de um casal. No final da aula, me senti mal por tê-la tratado de modo indiferente, então pensei em oferecer uma carona.
Entrei no carro da minha mãe, que eu havia pegado emprestado para vender mercadoria, iria deixá-la no prédio e depois ir encontrar meus amigos negociantes.
! Ei, !” Ela virou o rosto ao me ver chamar, então atravessou a rua sorrindo.
“Quer uma carona?” Ela olhou desconfiada pela minha mudança de humor, e entrou no banco do carona. Depois de alguns segundos, a vi olhando no banco de trás. Vendo as minhas famosas caixas cheias de maconha. Esperava que ela não dissesse nada para eu não ter que contá-la sobre isso. Eu não queria parecer um marginal.
“Desculpe perguntar, mas pra que vir de carro ao colégio? Nós moramos tão perto.” Meu estômago afundou ao pensar que ela poderia perguntar sobre as caixas, mas não parecia o tipo de menina intrometida.
“Ah, é que eu vou te deixar no apartamento, depois vou em outro lugar.” Tentei dar o mínimo de detalhes que eu podia, afinal, se acontecesse algo que envolvesse polícia, ela não estaria no meio.
“Hmm, entendi.” respondeu e ficou quieta nos próximos minutos até chegarmos até o prédio.
Estendi meu tronco sobre o dela para abrir a porta, seria bom pelo menos tentá-la um pouco, seria bom saber se ao menos ela tinha algum interesse por mim. ficou meio atormentada pelo modo que me aproximei, mas depois pareceu aliviada ao ver que era apenas para abrir a porta. Ela sorriu sem graça e saiu do carro.
“Obrigada pela carona, te vejo por aí...” Ela acenou e eu apenas fiquei sorrindo que nem um idiota observando-a entrar no prédio. Arranquei o carro, e fui vender essa mercadoria, porque era ela que iria salvar eu e a minha família pelo resto do mês.


“Onde você estava, ?” Escutei a voz estridente de minha mãe quando entrei em nosso apartamento. A bagunça já era estável, não importava aonde fôssemos, a bagunça sempre estava conosco.
“Fui vender a mercadoria.” Tirei o dinheiro do bolso, dando metade para ela e ficando com outra metade para mim.
“Ei, quem te deu o direito de ficar com metade?” Sorri de lado e enfiei o dinheiro no bolso.
“Eu, mãe. Eu”
Minha mãe podia não ser a melhor mãe do mundo, afinal, depois que meu pai morreu ela teve sérios problemas para se ajustar, acho que isso justifica nossa situação agora. Mas ela era o tipo de mãe que maioria dos filhos gostaria de ter. Ela não implica com nada, é mais minha amiga do que minha mãe e ela entende meus problemas.
, meu tio, veio em minha direção com um saco preto e um sorriso no rosto.
, me ajuda a colocar o lixo para fora?” Estranhei a felicidade dele, mas vi que não era apenas isso que ele queria comigo, então o acompanhei até a porta. Ele apertou o botão do elevador, se certificando que minha mãe não estivesse escutando e então começou a falar “Garoto, agora que você está na faculdade, eu descolei essa mercadoria. Pensei se você não queria, sei lá... Vendê-la. Sei que essa idade é a melhor, eu usava muito e...” foi perdendo a voz ao ver minha expressão, não queria envolver esses negócios no meu colégio. “O que foi? Achei que você ia gostar!” Ele me olhou desconfiado entrando no elevador.
“Sim, eu só não queria mexer com essas coisas no colégio.” sorriu.
, no colégio que você vai se dar melhor com isso, toda garota ama um homem bandido. E, além do mais, os caras vão pagar pau pra você, te achar o perigoso. E o melhor de tudo isso, você ganha dinheiro!” Pensei por alguns segundos, talvez estivesse certo, afinal, eu realmente precisaria de dinheiro para me sustentar sem ter que ficar necessitando na mercadoria da minha mãe. abriu o saco me mostrando uma grande quantidade de saquinhos de cocaína. Arregalei os olhos quando me dei conta do que realmente era.
, você está louco? Nós mexemos com maconha. Ok, todo mundo fuma de vez em quando para relaxar, mas isso...”
“Isso é exatamente o que seus colegas estão procurando, acredite no seu tio. Só que sua mãe não pode ver isso, esconda bem no seu carro, ok?” Então ele apertou o botão do terceiro andar, me entregando o saco.
“Por que está indo para o terceiro andar?”
“Tem uma vizinha super gostosa que está me dando mole, então vou aproveitar enquanto estou aqui. Aliás, vê se chama o velho aí de dentro que estou sentindo saudades dele.” saiu e as portas ficaram abertas. Comecei a pensar como eu havia mudado, antes eu estava pouco me fodendo se nós estávamos vendendo drogas ou não, aliás, sempre pegava um pouco para o meu próprio consumo sem ao menos minha mãe suspeitar disso. Garotas não eram um tipo de problema também, nenhuma delas realmente significou alguma coisa, nenhuma delas teve o efeito que eu pensei que era o amor. Eu nem ao menos conheço essa palavra direito, acho que nunca vou conhecer.
Eu deveria trazer o velho de volta, ele sabia aproveitar direito a vida. Apertei o andar térreo decidido, e foi quando vi entrar apressada no elevador.
Ela estava tão distraída mexendo em seu Ipod que no primeiro momento nem me viu. Depois de escolher finalmente sua música, olhou para o lado e ergueu suas sobrancelhas ao me ver.
“Hey, você de novo.” Sorri sem graça tentando esconder o saco cheio de cocaína ao meu lado.
“Sim, estou saindo novamente. E você?” deu de ombros enquanto colocava seu Ipod no bolso esquerdo.
“Não sei, acho que vou andar por aí, não tenho muito o que fazer. Estava entediada em casa, é meio triste ficar lá sozinha.” O elevador abriu, e nós dois saímos em direção à portaria. Eu não sabia que ela estava sozinha no apartamento, sempre achei que ela o dividisse ou algo do tipo. Pensei por alguns segundos e algo me passou pela cabeça, parecia arriscado, mas, bem, ela não tinha o que fazer, e eu estava cansado de ficar sozinho também.
“Hmm, eu só vou deixar algo com um amigo, e depois estou livre. Quer ir comigo?” pareceu surpresa, mas aceitou meu convite. Eu sabia que não deveria me envolver, mas eu estava trazendo o antigo ao ramo, e o antigo não se importava com isso.
A coloquei no banco do passageiro e depois me dirigi ao porta-malas, pegando uma mochila e colocando uma quantidade considerável de saquinhos de cocaína nela. Eu já sabia da casa de um amigo meu que estaria interessado em comprar uma boa quantidade do meu novo negócio.
“Então, vamos?” Perguntei e concordou tirando os fones de seu Ipod e o conectando o aparelho ao meu carro. Ela ouvia várias bandas diferentes, as quais eu não tinha noção de quais eram, mas pareciam bem alternativas. Era raro encontrar uma garota com um gosto diferente das normais. Depois de algumas quadras já estava na casa do meu amigo e não pretendida levar lá dentro, não queria que ela soubesse disso. Não ainda.
“Hm, você se incomoda de ficar dentro do carro? É rápido.” sorriu de leve ainda analisando as músicas no visor de seu Ipod.
“Lógico que não, sem problemas.” Sorri de volta para ela e entrei na casa de David.
Nem precisei tocar a campainha, entrei e o cheiro da maconha me atingiu em cheio.
, você por aqui! Não sabia que estava morando em Seattle.”
“É, me mudando como sempre. To com mercadoria nova, acho que você vai gostar.” Abri a mochila mostrando o conteúdo que havia dentro e David sorriu já tirando uma boa quantia de dinheiro do bolso.
David não tinha problemas com dinheiro, nunca soube onde ele arranjava tanto, mas isso não me importava. Nossa relação não era bem de amizade, porque nunca tive uma amizade verdadeira com ninguém... Eram apenas negócios. Depois de um tempo conversando, lembrei que havia deixado no carro e me despedi rapidamente de David, voltando para o encontro dela.
Entrei no carro e fechei a porta, ainda parecia estar viajando em seu próprio mundo.
“Então, para onde vamos?” Ela me olhou pensativa, e entortou os lábios parecendo considerar os lugares que já havia ido.
“Desculpe, , não conheço nada por aqui.” Ela suspirou fundo, confirmando que realmente não conhecia lugar algum.
“Tudo bem, eu não conheço praticamente nada também. Mas, hm, tem um parque aqui perto onde nós poderíamos conversar.” Ela abriu um sorriso concordando com a minha proposta e colocou outra música para tocar enquanto íamos para o parque de pouco movimento que havia ali perto do nosso prédio. sempre parecia estar viajando em seus pensamentos, era uma coisa muito misteriosa de se ver. As feições que ela fazia eram fatos que me faziam perceber que ela não estava realmente ali, ela estava em outra dimensão, pensando em coisas totalmente diferentes e muito além de nós dois em um simples carro indo para uma praça em Seattle. Eu não sabia se isso era bom ou ruim, mas era uma característica extremamente interessante de .
“Chegamos.” Devido a sua viagem ela levou um susto quando ouviu minha voz e depois começou a rir.
“Desculpe. Devo te avisar, tenho esse sério problema. Sempre me assusto com tudo.”
“Sério? Por quê?” Sorri ao perceber que ela continuava a rir da sua própria atitude.
“Não sei, mas quero descobrir um dia.” Nós saímos do carro e fomos andando pelo parque onde havia um grande lago, já era meio final de tarde, então a vista estava realmente bonita. Eu queria poder fumar um baseado agora. Eu sei que não demoraria muito tempo até eu me revelar por completo para . Eu não era nenhum viciado, mas eu gostava mesmo de me divertir, não importava a hora nem o lugar. Isso era difícil de controlar e eu não iria controlar por causa de ninguém. Ao mesmo tempo em que pensei isso, vi pegar um maço de cigarros do bolso de trás de sua calça, escolher um deles e levá-lo a boca.
“Quer um?” Ela me ofereceu e eu realmente me surpreendi, afinal, de cigarro para maconha não é um grande passo. Aceitei um cigarro e depois de alguns segundos já estava sentindo a fumaça passar pela minha garganta e atingir meus pulmões, logo soltando uma fumaça branca que se misturava com a visão do parque.
“Gostei desse lugar, acho que vou vir mais vezes quando precisar pensar sobre a minha vida.” Ela sorriu enquanto puxava mais trago de seu cigarro.
“Verdade, parece um ótimo lugar, também estou precisando pensar da minha vida.” Eu disse e pude ver como ela examinava cada pessoa que passava pelo lago, mesmo sendo poucas pessoas e a maioria delas era velhinhos ou crianças.
“Não importa onde, sempre vamos ter problemas.” disse enquanto examinava uma criança dar comida a um dos patos que flutuavam pelo lago. O que ela falou me fez pensar no que eu estava fazendo, sempre fugindo dos problemas com a minha família, e eles sempre encontravam a gente. Pensei em quais seriam os problemas de , ela não parece ser alguém que tem preocupações, parece ser tudo tão fácil com ela e parece ser uma boa companhia pelo o que posso notar do pouco tempo que estive com ela.
“Eu sei como é, eu viajo muito... E meus problemas nunca parecem sumir.” Eu falei e ela sorriu de um modo estranho e depois voltou a sua atenção para a criança que estava animada jogando pedaços de pão pelos ares.
“Não adianta fugir dos seus problemas, eles vão te encontrar.” Ela tragou por uma última vez seu cigarro, e depois dobrou seus joelhos apoiando seus braços neles. era tão bonita, de um modo diferente. Ela não exagerava para que isso acontecesse, não que ela fosse desleixada, mas não sentia uma futilidade nas roupas que ela usava, nem no tanto de maquiagem que passava.
“Eu estive em todos os lugares do mundo e só me encontrei em mim mesma.” falou, refletindo sobre a frase de John Lennon, e então se levantou limpando a grama seca de sua calça. “Vamos dar uma volta” Ela disse me puxando pelos braços, me levantei mesmo estando preocupado de deixar o carro sem ninguém para cuidar, eu tinha muito dinheiro ali dentro. Ao perceber que eu estava olhando, riu.
“Não se preocupe, ninguém vai roubar o carrinho da mamãe.” Ela riu mais uma vez enquanto se apressava para andar perto do lago.
“Quem te disse que é da minha mãe?” Levantei minhas sobrancelhas.
“Simplesmente sei.” Ela nunca me olhava diretamente, sempre estava preocupada olhando para coisas aleatórias ao redor dela.
“Andou espionando a minha vida, ?” Ela sorriu divertida e quando menos esperei, me olhou diretamente nos olhos.
“Bom, acho que é você quem anda perguntando da minha vida para o porteiro.” deu uma piscadela e eu quis me matar.
“Maldito porteiro!” Me senti envergonhado e quis me dar um soco por isso. Eu nunca fui de ficar envergonhado na frente de uma garota, era eu quem as deixava sem jeito.
“Tudo bem, sem problemas.” realmente parecia não se importar o que eu pensava dela, ou sobre o que eu queria saber dela, ou sobre qualquer um a sua volta.
Ela fixou seu olhar no outro lado da rua e me desafiou com o olhar.
“O que acha de nós tomarmos algo?” Ela havia me surpreendido de novo. Fumava e bebia? Para qualquer pessoa isso poderia parecer um defeito, mas era o mais perto da garota que eu realmente queria, sem frescuras.
“Sério mesmo?”
“Sim.” Ela sorriu sinceramente mas algum pensamento pareceu ocorrer dentro de sua mente e o sorriso foi se desfazendo. “Mas outro dia, hoje não estou muito no clima.” desconversou e eu me decepcionei por ela não querer beber. Até me passou pela cabeça que ela poderia não ser mesmo essa garota foda que eu pensava que ela fosse, ela só fingia ser.
“Ahn... Ok então.”
Voltamos para o carro e senti meu celular vibrando, era , meu irmão mais novo.
“Alô?” nem parecia prestar atenção no que eu fazia novamente, até me passou pela cabeça se ela teria algum problema de autismo ou se ela era assim mesmo... Mas de algum modo me pareceu encantador.
, e eu estamos pensando em ir num pub aqui perto, vamos?” Parece meio loser sair com a minha família, mas quem olha de fora nunca imagina que eles têm algum parentesco comigo.
Olhei para ao meu lado, ela disse que não queria ficar sozinha, mas eu precisava de algo para me animar, e assistir a filmes não era bem meu tipo de programa.
“Sim, já estou chegando aí.” Desliguei sem dar muitas explicações para .
Dirigi até o prédio e não disse nada a , esperando o momento certo para isso, mas ela foi mais rápida do que eu.
“Ahn, . Acho que não vai dar, tenho que fazer outra coisa.” Ela disse com a maior naturalidade enquanto eu estava pensando no melhor jeito de dizer para ela que a minha mãe não estava muito bem. Está certo que era mentira, mas, bem, não queria deixá-la sozinha.
“Sim, eu ia dizer, minha mãe não esta muito bem, então vou ficar com ela.” Eu era horrível em mentir, então baixei minha cabeça enquanto guardava as chaves do carro no meu bolso.
“Ok, te vejo amanhã.” Quando dei por mim já tinha sumido, não a encontrei no elevador, então provavelmente ela teria saído direito do carro para o lugar tão importante aonde ela iria.

Capítulo 2.

Subi até meu apartamento e vi meu tio e devidamente prontos para o pub. Ri do modo como meu tio estava animado quanto a isso e o modo como minha mãe estava tentando deixar a casa arrumada, jurando que nós iríamos ficar ali por muito tempo.
“Então, , pronto pra noitada?” Rolei meus olhos mas não contive meu riso.
“Ah, certo. Vou pro meu quarto me arrumar, já venho.” e reclamaram algo sobre eu não demorar muito, mas eu não prestei muita atenção.
Entrei no banheiro para tomar uma ducha, e foi quando me peguei pensando sobre o que iria fazer essa noite. Era apenas curiosidade, não que realmente eu me importasse sobre isso. Quer dizer, ela poderia ter ido tomar uma vodka comigo, ou até mesmo ir ver aquele estúpido filme com pizza, mas ela foi em outro lugar...
Sai do banho, vesti uma roupa apresentável e fui ao encontro do meu tio e . Seguimos até o pub que era mais ou menos movimentado para aquele local da cidade. Quando entramos vi o motivo da alegria do meu tio: a vizinha do terceiro andar estava lá e ele já havia sumido com ela. Olhei para não conseguindo conter uma risada.
“Te vejo por aí.” Eu disse vendo sumir na multidão e eu já sabia que ele iria procurar alguma garota para passar a noite. E era exatamente isso que eu iria fazer também. Bebi umas 4 tequilas, e depois uns drinques que não fazia idéia de quais eram, a minha intenção era apenas ficar bêbado. Foi quando uma loira apareceu no bar ao meu lado.
“Ei, qual é o seu nome?” Estava sentindo aos poucos minha consciência ceder para que eu faça besteiras sem me arrepender depois.
“Tenho certeza que isso não interessa.” Estendi meu tronco indo de encontro a loira e a beijei, não tinha nenhum indicio de carinho, era apenas corporal. E assim foi com todas as outras que eu fiquei naquela noite. Mas me cansei rápido, depois de um tempo eu queria mesmo era ir para o meu apartamento e dormir.
Tomei mais uma bebida e sai para tomar um ar, acendi um cigarro e comecei a prestar atenção nas pessoas que estavam na rua. Mas meu olhar congelou em apenas uma. estava lá, rodeada por seus novos amigos do colégio. Sem ter noção do que eu estava fazendo, cheguei mais perto e continuei observando, eu poderia estar bêbado, mas não estava muito diferente de mim, lá estava ela com uma garrafa de vodka na mão e com um cigarro na outra conversando com dois garotos afastados do resto do grupo. Eu pude ver de longe que a intenção dos dois que era exatamente o que eu fiz com as garotas de dentro do pub. Um dos garotos levantou-se e foi em direção ao pub, enquanto e o outro continuavam ter uma conversa muito interessante para o meu ponto de vista, porque ela não parava de rir. Foi quando ele se aproximou de e a beijou, ela correspondeu devidamente e depois de um tempo se levantou despedindo-se do restante do grupo.
Ela estava andando tranquilamente quando me viu, e sorrindo veio em minha direção
“Hey, , tem um cigarro pra me dar?” Eu assenti e entreguei um a ela que o acendeu com o meu isqueiro, tragou o ar e o soltando deu mais um sorrisinho desconfiado para mim novamente. “E sua mãe? Como está?”
“Está bem, por quê?” Ela riu e depois de um momento que fui entender. Burro! Idiota! Eu poderia ser um filho da puta, mas mentir nunca foi meu forte. Ao ver minha feição soltou um riso divertido.
“Tudo bem, , você não me deve nada.” Eu não sabia o que responder, qualquer coisa iria parecer uma desculpa idiota ou iria parecer que eu me importo que ela me perdoe ou algo do tipo.
Escutei passos pesados atrás de nós, foi quando notei que o menino que estava ficando com estava atrás de nós. Ele me olhou estranhamente e depois se dirigiu a .
“Precisa de carona?” Ela balançou a cabeça enquanto soltava a fumaça do cigarro.
“Não, é aqui perto. Te vejo depois, Chris.” nem deu a chance de Chris dizer algo, pois já foi caminhando. Quando me toquei disso voltei a acompanhá-la.
“Quem é ele?”
“Chris.” me respondeu seca, sem querer falar do assunto.
“Mas você já esta ficando com alguém?”
“E?” levantou as sobrancelhas me encarando nos olhos como ela fez no parque hoje cedo, ela nunca parecia se importar em sequer me olhar, mas quando o fazia, o fazia de uma forma muito intensa.
“Nada, só achei que...” Meus argumentos sumiram conforme fui falando, deveria ser porque eu realmente não tinha argumento algum. deu de ombros, jogando seu cigarro no chão e assim colocando suas mãos dentro dos próprios bolsos.
Era estranho, não diria que eu estava com ciúmes, mas não achava que um cara como Chris merecesse ficar com . Acho que nenhum garoto ali era bom o bastante para ela.
“Ainda dá tempo pra pizza com filme?” Perguntei sem realmente pensar no que estava dizendo, parecia bom passar algum tempo com ela, não sei por que desisti para ir a esse estúpido pub.
“Acho melhor não, estou cansada.” Ela sorriu sinceramente indicando que talvez qualquer outro dia ela realmente aceitasse sair comigo, ou ela fingia muito bem.
“Então, por que com eles você está no clima de beber e comigo não?” Perguntei em relação ao que ela havia me dito mais cedo no parque “Mas outro dia, hoje não estou muito no clima”
piscou algumas vezes sem ter certeza da sua resposta, ela não parecia ter pressa de me responder, e então um silêncio se fez entre nós.
“Tudo bem, você não me deve nada.” Imitei sua resposta e deu um sorriso seco.
Quando chegamos ao prédio ela desceu em seu andar e eu fui para o meu. Minha mãe ainda estava arrumando as coisas da casa, conversei um pouco com ela e segui até o meu quarto. Cai num sono profundo assim que deitei em minha cama.

O som do meu carro estava muito alto para aquela hora da manhã, mas a ressaca não me deixava pensar direito, então o jeito era curtir o resto de adrenalina que ainda restava no meu corpo. Tinha usado um pouco da mercadoria ontem à noite, então meus olhos estavam estranhamente avermelhados ao redor e achei melhor colocar um óculos escuros para ninguém perceber. Quando estacionei o carro, três garotos do colégio se aproximaram de mim.
“Hey, você é o , certo?” Coloquei as chaves no bolso enquanto segurava minha mochila.
“Sim, sou eu.” O garoto abriu um sorriso e se apresentou.
“Meu nome é , esses são e .” Assenti cumprimentando-os, sem realmente saber o que eles queriam comigo. “Escute, sou amigo do David e ele me disse que você tem algo para gente.” Oh, certo. David aos poucos iria espalhar pela cidade que eu era o novo traficante de drogas, mas eu não queria me importar sobre isso. Negociei com os meninos silenciosamente, cuidando com as pessoas ao redor, e depois que entreguei a mercadoria e fui pago, entrei no colégio.
Já estava atrasado para minha primeira aula, então andava apressado pelos corredores com o intuito de chegar em minha sala, mas escutei alguém me chamando, era .
“Ei, cara, não quer ir lá pro pátio? Sabe, aqui eles nem ligam muito para esse negocio de matar aula.” O olhei desconfiado, eu não era do tipo que fazia amizade fácil. Mas quem se importava com isso agora? “A gente pode usar o que você vendeu pra gente, e como você pareceu ser um cara gente boa, nos dividimos com você.” Pensei duas vezes, eu estava tendo a chance de recomeçar uma vida nova, até minha mãe queria isso, mas eu não tinha forças para ser um cara decente, acho que ela mesma me mostrou que a família não é uma das mais resistentes à tentações.
“É, cara, foda-se. Vamos.” Andei ao encontro de quando vi entrar com suas amigas na sua sala, ela nem ao menos me viu, mas eu tive aquela sensação de estar assistindo em câmera lenta enquanto me desligava de todo o resto do mundo só para prestar atenção em seus movimentos.
“Ela é gostosa, né?” disse balançando a cabeça enquanto procurava algo em sua mochila.
“Quem?”
“A menina nova, a que você estava olhando.” Analisei pela última vez e me dirigi ao pátio com . Não queria contar que ela era minha vizinha, nem que havia conversado com ela.
Logo encontramos seus amigos e pensei que eles poderiam ser os amigos que eu nunca tive, alguns idiotas para beber e se drogar comigo. Depois de muita conversa sem sentido algum, nós saímos do colégio e fomos para o famoso parque, compramos algumas garrafas de vodka e quando vi já estava completamente bêbado e drogado e eu não me importava nem um pouco com isso. Quando avistei de longe com seus amigos novos, por um momento pensei que estava alucinando pelos efeitos das drogas, mas no momento que eles foram se aproximando, percebi que nada era fruto da minha imaginação. Uma das amigas dela veio correndo a nossa direção e pediu um gole de nossa vodka.
“Ei, eles têm bebidas, venham!” A garota gritou, e todos vieram se sentar ao nosso redor.
olhou para mim sorrindo mas não se sentou.
“Acho que vou comprar algumas coisas no mercado”
“Vou junto com você.” Quando me dei por conta, já estava em pé e ia em direção à para irmos ao mercadinho.
Era interessante não morar numa cidade tão movimentada, quer dizer, Seattle era um meio termo. Eu poderia sair sem ter que me estressar com muitas pessoas, eu tinha a quantidade de pessoas exatas para minha diversão. Ela caminhava em direção ao mercado e não dirigiu sequer uma palavra até chegarmos aos carrinhos. Para minha surpresa, ela se sentou dentro de um deles e me olhou divertida.
“Vamos!” Não pude conter um riso ao observá-la de um modo tão infantil e engraçado. Enquanto comprávamos as coisas argumentava sobre como energéticos eram muito melhores que refrigerantes.
“Lógico que não, nada supera uma coca-cola com vodka.” Eu disse segurando as duas garrafas em minhas mãos e logo as colocando no carrinho junto com .
“Você não tem noção do que diz, . Energético com vodka é a melhor coisa que existe no mundo, por mim só tomava isso.” Ela disse enquanto agarrava milhares de latinhas de energéticos.
“Duvido que seja melhor do que com coca.”
“Você nunca experimentou com energético?” Ela fez uma expressão de surpresa e então pegou mais latinhas para colocar dentro do carrinho. “Então hoje é seu dia de sorte!” riu saindo do carrinho e em seguida o empurrando pelo mercado. “Quer dar uma volta?” Ela disse apontando diretamente para o carrinho, escutei minha risada ecoando pelo mercado vazio, acho que nem se eu quisesse caberia dentro de um carrinho de supermercado. Ao contrário de , meu tamanho era totalmente desproporcional ao mesmo. E, bem, eu não tinha toda essa alma infantil de , que eu acharia ridículo em qualquer outra garota, mas não nela.
Capítulo 3

Ficar com era muito mais interessante do que usar qualquer droga ou tomar qualquer tipo de bebida. Ela era interessante e misteriosa numa sintonia perfeita e eu queria conhecê-la melhor.
“O que acha de deixarmos esses idiotas e irmos para sua casa?” Perguntei sem pensar. Ela analisou a opção e acabou concordando com o sorriso.
“Seu carro esta no colégio, certo?” Assenti que sim.
“Então o que acha de roubarmos o carrinho com tudo dentro, inclusive eu, e irmos para o colégio pegar seu carro?” parecia tão empolgada com a idéia que não tive coragem de dizer não. Aliás, ninguém iria nos prender por uma coisa tão idiota num mercado tão pequeno, como era de manhã o movimento era mínimo, e maioria dos funcionários nem haviam chegado. sentou-se dentro do carrinho novamente, segurando todos os energéticos e garrafas de vodka no colo, e nós ficamos lá enrolado na entrada do mercado esperando ter pouca gente.
“Já, vamos!” Escutei a voz de e nem tive a chance de olhar para trás e ver se algum funcionário iria vir atrás de nós, segurei o carrinho e o empurrei com toda força pela rua, ouvia uns gritos divertidos de . Quase fomos atropelados umas três vezes antes chegarmos à rua do colégio.
“Owww, to precisando ir num parque de diversões” riu se levantando um pouco tonta do carrinho e me ajudando a colocar as coisas no porta-malas. Lá havia mais sacos pretos cheios de cocaína e maconha. Eu penso se algum dia algum guarda me pegar, acho que vou ser preso até o resto dos meus dias. Ela analisou os sacos mais uma vez e não disse nada.
“Você quer saber o que são?” Escutei minha voz dizendo sem ao menos pensar nos problemas que isso poderia trazer. Ela me olhou confusa e colocou o ultimo pacote de energéticos no porta-malas.
“O quê?” Apontei para todas as coisas do meu carro.
“Os sacos e os pacotes” Ela riu dando e ombros.
“Não me interessa, não é da minha conta” deu a volta no carro e sentou-se no banco do passageiro.
Achava interessante o modo que ela agia, que não deveria se meter na vida de ninguém, por mais que eu tenha mentido na cara dela ontem, hoje ela age como se nada tivesse acontecido. E por mais que eu ache que ela suspeite do que há nas minhas sacolas e pacotes, ela não diz nada. Só que eu não sabia se isso era apenas um modo de pensar ou se ela não estava nem aí para mim mesmo.
Quando chegamos em seu apartamento, pude ver como era realmente diferente. Todas suas coisas estavam mal organizadas, mas mesmo assim, pareciam estar no lugar. Quer dizer, a bagunça era tão grande que era uma bagunça organizada. O que mais me chamou atenção foi o grande pôster dos Beatles na porta de seu quarto.
“Ow, acho que esse pôster é o pôster mais foda que eu já vi.” riu divertida enquanto se jogava em sua cama.
“Eu sei! Quando vi, não pude resistir, tive que comprar!” Fiquei na porta analisando o pôster, os quatro Beatles num campo pulando felizes, achava incrível uma garota gostar deles, era uma coisa tão rara. Me deitei ao lado dela, e comecei a observar as pequenas coisas de seu quarto enquanto ela fechava os olhos certamente sonhando em seu próprio mundo. Todas suas roupas estavam socadas num canto do quarto, um espelho velho preso na parede, o guarda roupa com todas as portas abertas mostrando que a bagunça lá dentro era bem pior do que a bagunça de fora. Sobre sua escrivaninha havia vários cadernos e livros, pelo jeito ela realmente gostava de ler. Seus CDs e DVDs jogados pela mesa, analisei seu gosto musical e seus filmes.
“Para uma garota como você, achei estranho ter Um amor para Recordar no meio dos seus DVDs” Ela riu mais uma vez e dessa vez abriu seus olhos.
“Uma garota como eu? E o que tem de errado com esse filme?” Ela se levantou enquanto analisava seus DVDs e depois me olhou esperando a resposta.
“Ah, não sei... Não achei que era seu tipo”
“Eu realmente não sei que tipo de garota eu sou, mas assistir Um amor para Recordar não é nenhum crime, tá?” arrebitou seu pequeno nariz e saiu do quarto enquanto eu fiquei lá sem saber se iria atrás ou a esperava voltar. Enquanto lutava com o pensamento de sair da cama ou não, voltou com dois copos cheios de um conteúdo de cor laranja.
“O que é isso?” tomou um grande gole no seu copo e depois me entregou o outro.
“Beba” Hesitei nos primeiros segundos, mas depois virei o conteúdo sentido-o descer pela minha garganta, e ele era incrivelmente gostoso.
“Nossa, o que é isso?” Perguntei lambendo meus lábios e depois tomando quase todo o líquido contido ali.
“Eu disse que era bom!” sorriu e bebeu uma boa quantidade também. Foi quando percebi que energético com vodka era muito melhor do que coca.
Nós bebemos de manhã, à tarde e quando foi chegando a noite, veio para sala com uma cara decepcionada.
“Acabou todo o energético” senti meu estômago revirar, eu realmente estava ficando enjoado, pelo jeito era mais forte para bebida do que eu. Ela me olhou e se pôs a rir.
“Está tudo bem, ?”
“Sim, deve ter sido o energético que me fez mal” Eu ri olhando as cores da televisão se misturarem.
“Ow, sou mais forte que você.” Após dizer isso, pegou a garrafa pura de vodka e entregou em minhas mãos.
“Ah, foda-se, vamos beber.” Ela riu caindo joelhos após se enrolar no tapete da sala. Nós ficamos rindo e tomando pequenos goles da garrafa de vodka. Depois não me lembro bem o que aconteceu, só lembro que o tapete felpudo da casa de era incrivelmente macio.

, acorda!” disse bem perto do meu ouvido, de certo modo tendo cuidado para não me assustar. Acordei e encontrei seu rosto bem perto do meu, mas não tive chance de admirá-lo por muito tempo, a luz que vinha da janela da sala me atingiu em cheio e comecei a sentir minha cabeça latejar. Terceiro dia de escola e segunda vez que estou acordando com ressaca. “Seu telefone está tocando, é melhor você atender” entregou o meu celular, e depois se dirigiu ao seu quarto.
“Alô?”
,O QUE ACONTECEU?” Era minha mãe, não me admiro dela estar preocupada, eu fiquei praticamente o dia inteiro sem dar noticias.
“Desculpe, mãe, perdi o horário”
“Está certo, nem vou perguntar onde você está. Só quero saber se está bem.”
“Sim, estou.” Por mais que tenha dito isso, minha cabeça continuava latejando, mas com certeza não iria dizer isso para minha mãe.
“Ok, . Preciso que você venda mais produtos para mim.”
“Aonde?” Minha mãe me passou o endereço e eu disse a ela que iria lá depois do colégio. Após alguns minutos saiu de seu quarto pronta para ir ao colégio. Mesmo com olheiras da noite passada e uma roupa certamente bem amassada, continuava linda ao meu ponto de vista. Ela pegou um suco de laranja da geladeira e tomou um gole.
“Quer alguma coisa?” perguntou colocando sua mochila nas costas e segurando a chave do apartamento.
“Não, acho melhor não mexer com meu estômago nesse momento” riu nós seguimos até colégio no meu carro. Provavelmente era a ultima vez que iria vê-la naquele dia, nossas aulas não batiam e na hora do intervalo ela sempre estava cercada de gente, além disso, eu teria que ir vender a mercadoria para minha mãe.
, e acabaram me pedindo mais, e acabei vendendo mercadoria minha e da minha mãe, tinha impressão que eles iam ser clientes fiéis. Depois disso, passei o dia só revolvendo coisas envolvendo dinheiro e drogas, quando cheguei em casa já era tarde da noite e pensei em passar na casa de para ver se ela estava bem.
Toquei a campainha umas duas vezes e de fora do apartamento já podia ouvir o som da televisão alta ecoando pelo corredor. abriu a porta sorridente.
“Ei, , entra aí, tenho que descer e pegar a pizza.” Ela passou reto por mim, entrando no elevador que ainda estava aberto. Depois disso entrei em seu apartamento e para minha surpresa quem estava sentado lá, no mesmo lugar onde eu estava ontem, era Chris. Ele pareceu tão surpreso quanto eu e nós ficamos nos olhando por alguns segundos.
“Ei, cara. Tudo bem?” Chris disse tentando quebrar a situação estranha. “Tudo e aí?”
“Certo, estamos vendo Star Wars.” Ele disse enquanto tomava um gole da grande garrafa de suco que mantinha na geladeira.
“Senta aí.” Chris disse enquanto não desgrudava seus olhos da TV. Eu não era bem do tipo que curtia assistir televisão, não conseguia manter minha atenção nela por muito tempo. Escutei um barulho vindo do corredor, era chegando com a pizza em suas mãos.
“Ei, , gosta de Star Wars?” Eu concordei com a cabeça não sendo totalmente sincero, é obvio que eu já tinha assistindo algumas partes mas não era como se eu realmente gostasse do filme, como aparentemente Chris gostava. Ele pegou um pedaço de pizza levando-o a boca sem nem ao menos prestar atenção em nós dois.
“Chris parece um retardado assistindo televisão, não acha?” riu de seu próprio comentário, tirando um pedaço de pizza e entregando um para mim, aceitei e percebi que era a minha primeira refeição do dia.
Ver e Chris naquela intimidade que nós tivemos ontem fez com que eu me sentisse um pouco mal, quer dizer então que eu não tinha significado nada? Não que a gente tivesse algum compromisso... Mas me senti meio usado. “Hmm, . Só passei para de dar um oi mesmo, vou ter que sair.” Disse inventando uma desculpa qualquer, não queria ficar ali atrapalhando qualquer coisa que eles pareciam ter.
“Ok” Ela não pareceu se importar muito, mas me levou até a porta com a maior naturalidade. Me perguntei por um momento se tudo nela era falso, porque nunca vi alguém agir com tanta naturalidade para tudo que acontece à sua volta.
Certo ou não, acabei ficando puto com tudo isso e liguei para para ver se nós poderíamos sair para beber novamente. Eu tinha consciência que estava fodendo meu fígado, mas quem liga? Eu precisava foder umas mulheres naquela noite.


Entrei numa boate que aparentemente era a mais suja da cidade,tentei me lembrar o motivo pelo qual eu estava lá, e agora ele nem parecia tão importante quanto era no momento em que eu estava com raiva. Bom, pelo menos eu iria conseguir algum dinheiro vendendo meu produto.
“Hey, man, você veio!” me cumprimentou e pude ver e no bar virando algumas bebidas.
“Lógico que vim, quero foder com tudo essa noite.” Se o motivo era ou não já não me importava mais, eu estava lá e a única coisa que eu poderia fazer era me divertir, então quando disse que quero foder com tudo, eu disse pra valer. Eu queria mesmo era beber mais do que a noite passada, e eu nem queria saber de colégio amanhã.
Eu tinha a sensação de que , , eu, estávamos acabando com quase todo o estoque de bebidas que o bar oferecia.
“Cara, manda uns chopps para nós agora” gritou para o bar-man que trouxe grandes copos cheios para nós, víramos em questão de segundos.
, tem algum baseado aí contigo?” verifiquei meus bolsos, eu já tinha vendido maioria da mercadoria que tinha levado para dentro do bar, mas ainda haviam sobrado alguns baseados que tinha bolado para mim mesmo.
“Lógico, vamos lá fora.”
Depois de ter fumado uns três baseados e cheirado umas três carreiras de pó, eu mal conseguia enxergar o que estava na minha frente. Conforme o efeito foi passando, a consciência voltou a funcionar; muito mal, mas voltou. Enquanto estava sentado no meio fio da rua movimentada, observei e conversando com algumas meninas que aparentemente eram do nosso colégio. e eu não dizíamos sequer uma palavra, acho que nem se eu quisesse conseguiria dizer alguma coisa. se aproximou abraçando no mínimo umas cinco garotas.
“Meninas, esse é o , o novo garoto lá do colégio. E vocês já conhecem” Em poucos minutos eu já estava beijando uma das meninas que havia sentado ao meu lado no meio fio.
“Meu nome é Brittany.” Ela disse no meio dos meus beijos afobados, não queria saber o nome dela, a única coisa que eu queria era sexo.
“Hm.” Olhei ao redor procurando por para pedir o carro dele emprestado, já que o meu estava cheio de mercadoria. “, me empresta tua chave aí.” Ele jogou a chave em minhas mãos e por algum milagre consegui pegar, depois só me lembro de estar agarrando a garota no banco de trás de seu Chevette. Não sei por que, mas preferia fechar meus olhos e imaginar que a tal de Britney... Brittany ou sei lá quem, era . Não queria imaginar o porquê dessa fantasia maluca, mas a verdade é que eu queria estar com ela agora... Porém, quem poderia estar comendo nesse momento, era Chris. Isso me deu forças para terminar meu trabalho com Brittany com uma certa raiva em meus movimentos. Acho que nunca consegui ficar com uma garota sem conseguir me controlar, digo toda minha vontade. Nenhuma delas eu tive o carinho suficiente para respeitar e cuidar, para não machucá-las eu apenas queria satisfazer a mim mesmo. Escutei Britanny resmungar algumas palavras, mas não a escutei. No fim de tudo me vi olhando para o teto do carro de com os pensamentos longe. Será que Chris ainda estava na casa de ? Por que eu me importava tanto com isso?

Brittany saiu do carro após perceber que eu não respondia nenhuma das suas perguntas e nem sabia do que ela estava falando. Dormi um pouco dentro do Chevette de e quando acordei pude perceber que estava quase amanhecendo. Sai do automóvel encontrando todos sentados no meio fio.
“Hey, cara, não posso ir pra casa nessa situação, acho melhor irmos pro colégio.” Pensei no que havia dito, era melhor irmos para o colégio mesmo. Quando chegamos lá, todos os olhares se voltaram contra nós, acho que deveríamos parecer mendigos por termos passado a noite praticamente inteira na rua.
Não quis olhar para ninguém, coloquei meus óculos escuros e fui para a sessão de aulas que teria durante umas cinco horas.
Nenhuma delas conseguiu chamar minha atenção, acho que dormi direto durante umas três horas seguidas sem nenhum professor se quer dirigir uma palavra a mim. Na hora do intervalo só sai para fumar mais alguns baseados com , o que me deixou mais louco do que eu já estava na noite anterior, eu queria ir logo para casa. Quando finalmente percebi que estava na hora de ir embora, coloquei meu capuz e óculos e sai do colégio tentando chamar menos atenção possível. Foi quando senti uma mão puxando meu ombro para trás, estava pronto para mandar essa pessoa se foder, mas paralisei quando vi me olhando desconfiada, ela segurava um cigarro na mão e ficou parada me olhando da mesma forma por alguns segundos. Esperei um tempo para ela dizer algo mas não aconteceu, mesmo vendo minha expressão confusa, esperou tranquilamente eu dizer alguma coisa.
“Ahn...que foi?” Ela sorriu abertamente e puxou minha mão me levando até o meu carro, dessa vez me colocando no banco do passageiro e se sentando no lugar do motorista.
“Me dê a chave.” Olhei confuso para ela tirando as chaves do meu bolso
“Onde vamos?” não me respondeu, mas me decepcionei ao ver que ela apenas estava nos levando ao nosso prédio. Não estava entendendo mais nada, está certo que é meio misteriosa, mas aquilo estava passando dos limites.
“O que você está fazendo?” Ela sorriu me levando para dentro do elevador.
“Não quer que a sua mãe te veja assim, quer?” Eu não sabia o que dizer, então sabia que eu estava drogado. Bem, não esperava menos, ela era uma menina inteligente e eu era um idiota, era questão de tempo para ela descobrir, de qualquer forma.
Entramos em seu apartamento e deixou suas coisas no sofá da sala, me encaminhando ao banheiro começando tirando meu casaco e assim começando a tirar minha camiseta. Segurei firme na cintura dela, não sabia bem o que estava passando na minha mente, mas eu precisava beijá-la. andou um passo para trás rindo ainda mais da minha cara.
“Eu só estava tirando sua roupa para você tomar um banho, mas pelo jeito você não está tão mal assim.” Ela saiu do banheiro fechando a porta atrás de si me deixando mais confuso do que o normal.

Capitulo 4.

Tomei meu banho desconfortável por não estar na minha casa, sem saber que roupa eu colocaria depois de sair do banheiro. E para foder ainda mais a minha situação, quando sai do box descobri que não havia toalhas no local.
, !” chamei por alguns segundos, então ela abriu a porta me olhando completamente nu através do vidro transparente do boxe. Ela ria descaradamente da forma pela qual eu me encontrava, podia ser mais do que divertida, mas às vezes tinha vontade de mostrar a ela do que sou capaz.
“O que houve?” Ela se encostou-se à porta me analisando de cima a baixo enquanto esperava uma resposta.
“Estou sem toalha.” olhou ao redor do banheiro e assentiu com a cabeça confirmando o que eu havia dito.
“Ah, certo. Me desculpe.” Então ela desapareceu da porta e depois de um tempo voltou com uma toalha branca em suas mãos e algumas roupas que eu reconheci ser minhas.
“Onde você pegou isso?”
“Ah, seu tio trouxe. Eu disse que você não estava em condições de ir para seu próprio apartamento.” me analisou pela última vez com sorriso safado no rosto e então saiu do banheiro.
Se ela continuasse se comportando daquele jeito, eu não iria controlar minhas ações. Sentia que o meu velho comportamento estava voltando, então eu não pensaria no bem dela e sim no meu. E o meu bem era ter aquele corpo em minhas mãos.
Abri a porta e segui até a sala onde veio em minha direção com uma bandeja em suas mãos.
“Brownies?” Ela me ofereceu, peguei um enquanto assistia sentar-se no sofá da sala enquanto mastigava seu próprio brownie mudando os canais da televisão sem realmente prestar atenção neles. Quando levei um pedaço à boca, pude perceber que aqueles eram os melhores brownies que eu já tinha comido na minha vida.
“Gostou?” Ela perguntou com uma feição inocente enquanto se servia mais um pedaço.
“Acho que são os melhores que eu já comi”
“Ah, tenho certeza que são.” Ela riu maliciosa e eu não entendi a princípio, mas depois de uns vinte minutos experimentando os brownies sem conseguir parar de comê-los, comecei a sentir meu corpo relaxar e aquela sensação estranha de estar drogado voltou para minhas veias.
“Não acredito que esse efeito não passou ainda.” Sussurei tentando dizer isso mais para mim mesmo do que para , mas ela ouviu. Ela me encarou por alguns segundos e começou a rir, dessa vez de verdade.
“Nossa, , e eu achei que você era esperto.”
Percebi que também não estava em seu estado normal... Mas será que... BROWNIES. Maldita garota com malditos brownies, ela tinha colocado droga neles!
, o que você fez?” Perguntei meio nervoso tentando controlar minhas reações. Ela não havia me levado para sua casa para tomar conta de mim? Então que porra era aquela?
parou de rir e ficou me olhando intensamente por alguns segundos, nunca havia experimentado isso antes. Digo, misturar comida com alguma droga. pegou mais um pedaço de brownie e levantou do sofá, indo buscar algo na cozinha.
Podia ver toda a sala de girando e uma sensação muito estranha dentro de mim. Acho que era algo que eu nunca havia experimentado antes, algum tipo de droga diferente. Me peguei rindo olhando pro nada quando voltou com uma garrafa de vodka em suas mãos.
“Seus olhos estão menos vermelhos” Ela constatou olhando para mim enquanto dava um gole em sua garrafa.
“De que adianta? Estou mais drogado do que antes e a culpa é sua.” riu enquanto deitava no sofá ao meu lado. Eu havia sido idiota, não? Quer dizer, me preocupei tanto em não contar que vendia drogas e no fim ela conhecia muito bem aquele assunto.
“O que há nos brownies?” Perguntei observando abrir e fechar seus olhos lentamente, com certeza tendo as mesmas sensações que eu.
“Ah, normal. não me lembro da receita, mas se quiser depois procuro para você”
“Não seja idiota, me diga o que há nos brownies” Perguntei com um tom rude. Com o tempo as drogas iam te deixando impaciente, e eu que já tinha esse defeito por natureza, ficava difícil controlar.
“Não.” riu e então percebi que a minha paciência já havia esgotado. Segurei-a entre meus braços, sentindo a adrenalina se expandindo por todo meu corpo.
“Porra, , será que é difícil me dizer?” Estava segurando os braços dela com uma certa força, me surpreendi por não se espantar nem nada do tipo. Ela continuou me olhando e sorriu docemente.
“MDMA.” Olhei confuso para e ela revirou os olhos “Ecstasy.” Então pude entender o estado de euforia que eu me encontrava. “Desculpe, não achei que você fosse ficar tão assustado assim.” Por algum motivo, tudo que ela dizia parecia com um tom de ironia e eu não gostava daquilo.
“Não é nenhuma novidade para mim.” Disse, soltando os braços de e assim voltando ao meu lugar no sofá.
“É, eu sei. Afinal, você vende isso.” disse com a maior naturalidade dando mais um gole na sua gigante garrafa de vodka. Por um momento nem me importei pelo o que ela havia dito. Eu queria sair daquele lugar, estava me sufocando, a euforia estava me deixando louco. , que pelo jeito estava se sentindo do mesmo jeito que eu, abriu as janelas e depois ligou o som de sua sala, deixando a música ecoar por todo apartamento. Ela fechou os olhos e deixou a música tomar conta do seu corpo enquanto dançava lentamente balançando seus quadris de acordo com o ritmo e me fazendo desejá-la ainda mais. Fechei os olhos tentando tirar aqueles pensamentos da minha cabeça. me segurou pelos braços me puxando para dançar com ela. Nossos corpos juntos pareciam que estavam soltando correntes elétricas, o tempo passou tão rápido que só notei quando o sol estava quase desaparecendo no céu quando olhei através da janela, e eu estávamos suados de tanto dançar e correr pelo apartamento a fim de gastar toda a energia que estava em nossos corpos. Quando finalmente me senti suficientemente cansado, me sentei e fiquei olhando o sol sumir completamente no horizonte. Percebi que estava demorando demais para voltar, então fui atrás dela.
Ela estava deitada docemente em sua cama, parecendo dormir tranquilamente. Seus cabelos estavam mais molhados que os meus e ela havia tirado suas calças jeans devido ao calor que se encontrava no apartamento, mesmo que ela tivesse aberto todas as janelas possíveis. Não me lembro se ela havia tirado antes, tudo o que aconteceu parecia ser apenas flashes de algum sonho que eu tive há muito tempo.
abriu os olhos e me encontrou encostado na parede olhando-a de um modo não muito restrito. Ela sorriu batendo a mão em sua cama, me indicando para deitar ao seu lado. Meu corpo parecia pesado demais para eu pensar em algo, apenas deitei-me entrelaçando meus braços em sua cintura.
Por mais que eu estivesse cansado, ainda podia sentir toda adrenalina dentro de mim, parecia que ela não iria embora nunca. “Como você sabia?” As palavras saíram da minha boca como um jato.
“Do quê?”
“Que eu vendia drogas... Vendo drogas” suspirou e depois de um tempo me olhou, levou suas mãos ao meu rosto deslizando seus delicados dedos sobre a lateral da minha face. “Eu soube desde a primeira vez que vi você e seu tio carregando caixas para lá e para cá. Não é como se fosse a coisa mais normal do mundo, certo?” Pensei no que ela havia dito e era verdade. Nós não éramos muito discretos em nossos negócios, por isso vivíamos fugindo de quem havia descoberto e das confusões que nos metíamos por causa daquilo.
“Entendo.” Eu disse e continuou acariciando meu rosto enquanto me analisava, podia sentir seus olhos analisando cada movimento que eu dava, cada pensamento que passava pela minha cabeça. Uma das coisas que me intrigava em é que estar com ela era como se eu não tivesse nenhuma coisa para esconder, e por mais que eu não tivesse contado a ela sobre a minha família, ela descobriu de qualquer jeito. Era como se ela pudesse ver através de mim. Aproximei o corpo de do meu, também acariciando sua cintura com as pontas dos meus dedos, meu corpo pedia por mais, eu queria mais. Devia ser por isso que dizem que Ecstasy aumenta o desejo sexual. não estava muito diferente de mim, pude sentir seu olhar em meu corpo, todo o desejo que ela nunca teve a coragem de demonstrar. Ela era aquele tipo de garota que poderia passar dias e até anos gostando de alguém e nunca confessar isso. E para o resto do universo, podia parecer que ela estava pouco se fodendo, mas ela sabia que no fundo se interessava por muitas coisas. Por isso que despertava o interesse de vários garotos. É intrigante ser ignorado.
Tentei beijá-la, crente que dessa vez ela deixaria algo acontecer, mas virou o rosto, rindo da minha cara mais uma vez.
“Por que você sempre ri de mim?” Perguntei tentando puxá-la novamente para meus braços.
“Nada, . Nada.” deslizou suas mãos pela lateral do meu corpo, e depois para minhas calças. Fechei os olhos sentindo todo meu prazer ser multiplicado pelo efeito do ecstasy, mas não era nisso que ela estava interessada. apenas apalpou meus bolsos à procura de algum cigarro e por fim achou um baseado. Ela segurou em seus dedos, pegando o isqueiro que estava em sua escrivaninha e o acendeu soltando uma grande fumaça branca. “, isso não é...”
“Eu sei. Por que você acha que eu sou idiota?” Ela riu mais uma vez e então se inclinou sobre meu corpo encostando seus lábios nos meus, deixando-os ali por um bom tempo. O problema de usar drogas é que você nunca sabe se você está realmente sentindo algo, ou se aquilo é causado pelas drogas. Senti meu estômago afundar quando abriu seus olhos e me olhou de um modo que nunca tinha me olhado antes.
“Não, só acho que você é muito perfeita para ser verdade.” Então tirei o baseado das mãos dela, colocando em meus lábios e traguei um pouco deixando na minha garganta por um tempo e depois soltei ar olhando para ela.
Sem pensar duas vezes subi sobre o corpo de ponderando meu peso sobre a mesma, apaguei delicadamente o baseado e o deixei em cima da escrivaninha, olhei para ela por algum tempo, os olhos de eram incrivelmente profundos, eles brilhavam de uma maneira tão diferente que me fascinava. Suas sobrancelhas tinham um formato tão certo e forte que deixavam suas expressões cada vez mais marcantes em minha mente. Fechei os olhos e beijei de um jeito que nunca havia beijado uma garota antes, a euforia foi tão grande dentro de mim quando senti nossas línguas se encontrarem e começarem a massagear uma a outra. agarrou suas mãos em meus cabelos suados, acariciando ali por algum tempo, sua outra mão deslizava pelas minhas costas puxando minha camisa para cima e parecendo desejar que ela não estivesse ali. Como se estivesse atendendo seus pedidos, abandonei os lábios de para que assim pudesse tirar minha camiseta. estava de olhos fechados sentindo cada sensação que o ecstasy e eu estávamos dando para ela. Encostei meus lábios nos de de novo, beijando-a novamente e descendo meus beijos por seu pescoço. Ela concentrou suas mãos em minhas costas, deslizava seus dedos por ela se controlando para não arranhá-la, mas parecia que a vontade dela foi maior que o cuidado, quando sentiu meus beijos percorrendo o caminho do seu colo, depositou suas unhas na minha nuca e entrelaçou suas pernas ao redor da minha cintura, sorri com aquilo e puxei sua blusa para cima revelando seu busto. usava um sutiã cinza com vários desenhos de estrelas, segurei sua cintura fortemente enquanto prensava meu corpo sobre o seu e deslizava minhas mãos por suas pernas. Eu observava com uma expressão de prazer em seu rosto, podia ver que ela queria mais, assim como eu. Então pressionei ainda mais meu sexo sobre o dela, gemeu baixo e abriu seus olhos. Ela sorriu ao perceber que eu estava a observando. Então, em questão de segundos, rolou por cima de mim, sentando em minha cintura e assim distribuindo beijos pela minha boca e pescoço, podia sentir sua língua quente em meu pescoço, então ela subiu seus beijos dando uma mordida na minha orelha. Escutei um grunhido sair da minha garganta.
riu da minha reação deslizando suas mãos pelo meu peito até a altura do fecho da minha calça. Quando começou a abrir o zíper dos meus jeans, pude ouvir o som da campainha quase abafada pela música que ainda estávamos escutando.
“Caralho, não acredito.” Eu disse, puto da cara, quando saiu de cima de mim com uma feição confusa.
Então como se algo estivesse iluminando sua mente, disse:
“É o Chris, ele ia vir aqui hoje. Desculpe, eu tinha esquecido.”

Eu estava puto, obviamente que eu estava. Há poucos minutos eu e estávamos em um momento que eu considero bem íntimo e agora ela estava indo abrir a porta para Chris, que vive atrapalhando minha vida.
parou em frente à porta e me encarou enquanto eu sentava emburrado no sofá. Pensei se ela queria que eu fosse embora, assim ela poderia ficar a sós com Chris, se ela queria que eu ficasse, ou se ela apenas me encarou como sempre fazia. Ela deu um sorriso forçado e abriu a porta, observei , , e e, ao lado deles, Chris. franziu o cenho procurando uma explicação e então meu tio entrou no apartamento sem nem pedir permissão alguma.
, você é doido? Sua mãe está louca atrás de você. Enfim, seus amigos apareceram por lá. Só vim trazê-los aqui porque imaginei que estaria aqui...” Ele encarou dando um sorriso. Ela pareceu confusa, mas o retribuiu mesmo assim, parada ao lado da porta aberta sem saber ao certo o que fazer.
“Nós podíamos fazer uma festa aqui. Não acham? Quer dizer, você mora sozinha, né? Não se importa?” disse já entrando no local colocando as sacolas cheias de bebida sobre a mesa. deu de ombros e em seguida sinalizou para que Chris entrasse no ambiente, eles conversaram sobre algo que não pude escutar por causa de .
“Então, garoto, sua mãe precisa de dinheiro. Conseguiu vender bastante?” Ao escutar isso, procurei em meus bolsos a carteira e tirei uma boa quantidade e entregando nas mãos de meu tio.
Logo ele foi embora alegando que iria encontrar alguma garota e eu fiquei observando os caras se acabarem nos brownies restantes em cima da mesa, acabarem com o resto de bebida que havia na casa da e começarem a abrir suas próprias bebidas.
tinha sumido com Chris pelo apartamento já fazia um tempo. Observei sentar-se ao meu lado entregando uma cerveja em minhas mãos.
“E aí, cara? O que estava fazendo com a aqui?” Podia ver pela feição de que ele estava insinuando alguma coisa, eu não queria ter que dividir o que aconteceu entre mim e com ninguém, acho que não era preciso.
“Ah, nada. Ela tem ótimos brownies, só isso.” Ele deu um gole em sua garrafa e me encarou como seu fosse de outro mundo.
“Como assim? Você não acha a gostosa?”
“Ah, acho. Mas não é tanta coisa assim.” Dei de ombros tentando parecer o menos interessado possível.
“Entendo. Seu tipo é mais o da Britanny, né?” Oh, com certeza não. estava totalmente enganado sobre a minha posição, era o tipo de garota perfeita para mim.
se aproximou sentando-se no sofá e analisava os CDs de .
“Falando em Britanny, acabei de chamar ela e as garotas para virem aqui. parece não se importar de qualquer jeito... O que acham de eu tentar algo com ela?”
“Com quem? Britanny?” Perguntei pensando se finalmente ia me livrar dela, Britanny era uma garota legal e bonita, só não fazia meu tipo.
“Não, com a .” Senti a cerveja parar na minha garganta fazendo com que eu me engasgasse. Tossi algumas vezes. Como assim? Já tinha de agüentar Chris dando em cima de , agora teria de agüentar ?
“Algum problema com isso, ?” tinha acabado de selecionar uma música e veio ao nosso encontro.
“Não, por que teria?” Eles não tiveram tempo de responder porque apareceu na sala de mãos dadas com Chris. Isso mesmo, de mãos dadas com ele.
“Então, o que vamos fazer?” viu que eu estava encarando e então largou as mãos de Chris casualmente.
No fim, não tivemos que resolver o que iríamos fazer, era meio óbvio. Iríamos ficar a noite inteira bebendo, escutando música e atrapalhando os outros vizinhos que queriam dormir. Pensei se nenhum deles se incomodava com o som alto da casa de , que pelo jeito sempre ficava escutando suas músicas sem nenhuma preocupação com quem poderia estar dormindo. Observei Britanny chegar, cumprimentar todos e conversar alguma coisa com , ver as duas conversando era até cômico, parecia que as duas eram de planetas completamente diferentes. Por mais que não se arrumasse que nem Britanny, ela conseguia ser mais bonita. E com certeza Britanny tinha ficado mais de umas duas horas se arrumando só pra ir beber e assistir TV jogada num sofá, e pelo jeito fazia um bom tempo que não se olhava no espelho, considerando o fato que suas roupas estavam bem amassadas, seus cabelos desarrumados e sua maquiagem totalmente borrada. E ainda assim, estava mais bonita. Eu não era maluco por pensar daquele jeito, eu poderia ver o modo com que os caras olhavam pra ela, podia ver até o jeito que Chris olhava pra ela. Quando voltei a realidade, pude ver Britanny caminhar em minha direção e sentar-se ao meu lado no sofá.
, e estavam na cozinha de bolando alguma bebida louca envolvendo suco, energético, refrigerante e vodka, era meio óbvio que todos acabariam passando mal no final da noite.
“Oi, lindinho.” Britanny se inclinou dando um leve beijo em meus lábios. Achei meio atirado da parte dela, mas foda-se. Eu já estava com o nível alcoólico bem alto, o efeito do MDMA pelo jeito ainda não havia passado e eu não teria que explicar para ninguém se estava ficando com Britanny ou não, porque aparentemente a única menina que eu parecia me importar não estava nem aí.
A casa de era bem aconchegante, pra falar a verdade. Nem claro demais, nem escuro demais. Simplesmente bom. As luzes do cômodo estavam apagadas, mas o fato da janela de sua casa ser grande permitia que as luzes da cidade invadissem o apartamento e fornecessem a quantidade de luz ideal para o momento.
Eu e Britanny não abandonávamos o sofá, apenas pelo fato de ser o sofá mais macio que eu já estive em toda a minha vida. Ela estava deitada em meus braços enquanto assistia alguma coisa na TV, eu não conseguia tirar meus olhos da janela, todas as luzes da cidade estavam me intrigando muito mais do que o normal naquela noite de MDMA.
Senti algo se aproximar e então vi que era , ela se agachou ao lado do sofá me encarando e então sussurrou:
“Quer alguma coisa? Alguma bebida?” Deduzi que Britanny devia estar dormindo no meu colo já que fazia um tempo que ela não se mexia. Fiz que não com a cabeça e continuei olhando lá pra fora. “É lindo, não é? Eu sempre venho aqui ficar olhando. Já pensou em que todas essas pessoas estão fazendo? Quero dizer, tem pessoas trabalhando, tomando banho, assistindo TV, transando, comendo, vendo filmes...” “Se drogando...” Continuei a frase e riu baixinho enquanto analisava meus braços ao redor de Britanny. Ela me olhou por mais alguns segundos e eu percebi que deveria parecer um idiota olhando para ela. Eu não deixava de notar nenhum detalhe do seu rosto, fazia questão de analisá-lo por completo, de analisá-la por completo. Então ela se levantou sem aviso prévio, me deixando encarar o tapete sujo de sua casa, suspirei desapontado e então voltei a olhar pela janela.
No final da noite todo mundo estava se agarrando com alguém, vi com Chris umas dez vezes, e a primeira impressão de ficar magoado já havia passado. Eu não poderia falar nada, já que Britanny estava agora acordada atacando meu pescoço enquanto deslizava suas mãos por todo meu peitoral. Eu estava tão doido que nem consegui pegar Britanny direito, o sono estava ficando insuportável, tudo ficou muito escuro... Mais escuro do que eu achava que estava. As luzes da cidade já não estavam iluminando bem o ambiente, eu já não escutava as vozes dos caras e nem a música que ecoava pela sala. Britanny não estava mais nos meus braços e tudo começou a se distorcer. Tudo que eu enxergava eram borrões... E, de repente, sem nem avisar, tudo virou breu.

Senti toda a parte superior do meu crânio doer como se tivessem me jogado algo muito pesado, toda minha cabeça latejava, meus olhos estavam pesados e eu mal conseguia abrí-los.
?” Senti um frio terrível atingir meu corpo, parecia que eu não estava vestido, não havia roupa nenhuma me protegendo daquele vento gelado. Então percebi que eu estava em pé. Estava em pé no banheiro de , completamente nu. Olhei ao redor procurando uma explicação e então a vi tentando segurar o meu corpo com toda sua força. Ao ver isso, tentei me equilibrar segurando nas paredes, mas quase escorreguei. “? Tá me ouvindo?” Tentei responder, mas tudo que saiu foi um gemido da minha garganta. “Vem, só mais alguns passos.” me levou até o box e então um jato de água caiu sobre a minha cabeça de uma vez só. Toda aquela água quente parecia ferver sobre a minha pele e tirar toda a dor dos músculos, os relaxando de uma maneira reconfortante, podia sentir as mãos firmes de tentando me manter em pé. Me admirei de ela estar fazendo aquilo, não era sua obrigação, ela poderia muito bem ligar para minha mãe e dizer que havia um bêbado na casa dela e que ela não queria ter que cuidar desse tipo de coisa. Aos poucos minha consciência foi voltando por completo e então tive a visão perfeita de , ela obviamente não conseguiu se manter seca me dando banho, então seus cabelos estavam meio molhados e sua maquiagem preta e pesada agora escorria por seus olhos, a deixando com uma aparência tão cansada quanto a minha, mas não perdendo sua beleza. De certo modo, eu estava admirando daquela maneira, com certeza a maioria das garotas ficariam horríveis com os olhos manchados e com os cabelos embaraçados que nem os dela, mas não .
“Por que você está sorrindo, ?” então iluminou seu rosto com um sorriso, o que me fez sorrir ainda mais.
“Nada, só estou pensando.” E então me senti firme sobre meu pés e parou de forçar suas pequenas mãos sobre meu peito.
“Sabia que o banho ia adiantar, você está dormindo faz horas.” fez menção de sair do box e então segurei seu braço. Ela me olhou confusa e depois de um tempo sorriu mais uma vez “Ainda não voltou ao estado normal?” Observei que estava apenas com uma camiseta grande que alcançava até o começo de suas coxas, a camiseta era branca por tanto estava meio transparente por causa da água. Não respondi nada, apenas puxei pelos braços a encostando na parede do box, ela me olhou por alguns segundos e então encostei meus lábios nos dela esperando por alguma resposta, instantaneamente agarrou meu pescoço e me beijou, todo o desejo que fiquei escondendo a noite inteira eu pude demonstrar, pressionei meu corpo contra o de na parede do box e deslizei minhas mãos por debaixo da sua camiseta. Ela soltou um gemido involuntário, demonstrando que estava esperando por isso também.
...” tentou dizer entre o beijo mas não deixei, segurei as pernas dela ao redor de minha cintura e mais uma vez pressionei-a contra a parede. Nossas línguas se misturavam num ritmo praticamente perfeito, o desejo não permitia que eu fosse gentil com ela, o beijo era agressivo e bom ao mesmo tempo. Depois de alguns minutos desgrudei meus lábios dos dela e pude ver que toda a área de sua boca estava avermelhada. deu um sorriso e deslizou suas mãos nos meus ombros e braços. Não sei quanto tempo ficamos encarando um ao outro, a água atrapalhava um pouco minha visão, mas aquilo tudo parecia perfeito demais, ela em meus braços, seus olhos borrados de maquiagem fixos nos meus, aquele sorriso meigo escondido em seus lábios machucados. Eu nunca achei que ia encontrar a garota perfeita pra mim até chegar em Seattle, parecia que eu estava enganado, de qualquer maneira.
? Posso entrar? está bem?” Escutei a voz de Britanny através da porta, automaticamente desceu suas pernas da minha cintura e me empurrou para frente fechando o registro de água.
“Sim, agora ele está consciente, pelo menos.” saiu do box e me entregou uma toalha.
“Ah, sim, eu e Chris estamos indo embora, ok? Está quase de manhã e... Bem, vejo vocês depois.” Eu e não respondemos, só escutamos a porta da sala ser fechada depois de algum tempo e as vozes de Britanny e Chris sumirem por completo.
Nós saímos do banheiro e me entregou as roupas que eu estava na noite passada. Elas estavam completamente amassadas e com um cheiro terrível de cigarro e bebida.
“Acho que vou pra casa. Tomar banho, ver minha mãe, dizer que estou vivo.” Disse, colocando minhas roupas enquanto tentava tirar os nós do seu cabelo.
“É, melhor você ir antes que sua mãe pense que eu te seqüestrei.” Ela riu baixinho tirando sua camiseta e indo até o banheiro novamente. Engoli seco ao ver seu corpo semi-nu. Ela caminhou tranquilamente até o espelho ainda tentando dar um jeito em seu cabelo, ao perceber que não estava tendo resultados, ela suspirou frustrada. “Então, te vejo depois.” deu um breve beijo em meus lábios e entrou em seu banho. Tive uma imensa vontade de entrar com ela novamente naquele box, mas eu tinha que ir pra casa.
Quando cheguei na sala de quase engasguei na minha própria saliva ao ver sentado no sofá olhando toda a bagunça que nós tínhamos feito na noite passada. Ele olhou tranquilamente pra mim e riu “Parece que a noite foi boa aqui, hein?” Ele deu um gole em uma das garrafas que havia sobrado.
“Como você entrou aqui?”
“A porta estava aberta.” Ele deu de ombros e caminhou pelo ambiente. “Você tem que ir pra casa, faz dias que você não aparece. Mãe até sentiu sua falta.” tinha certeza que era o filho preferido e eu não duvidava disso. sempre foi melhor do que eu nos negócios, é o caçula e isso automaticamente o faz melhor do que eu.
“Eu estava indo pra casa agora mesmo, vamos antes que te veja aqui.” Eu andei até a porta, mas não se mexeu. “Você não vem?”
“E perder a oportunidade de conhecer a famosa ? Nah.” Famosa? Como assim?
“O que você quer dizer com isso?” não estava mais olhando para mim, estava olhando pro corredor, onde saiu apenas com uma toalha nos olhando com uma certa confusão escondida em seus olhos.

Capítulo betado por Letícia Dias

Capítulo 5.

“Ahn, ... Esse é meu irmão, .” Disse meio encabulado pela situação. “Ele veio me procurar”
“Ah, certo. Só um minuto então” disse com um sorriso amigável e foi para seu quarto trocar de roupa.
Não queria que conhecesse a , não queria que ela visse o tipo de família que eu tinha.
“Ainda não entendi o que você está fazendo aqui.” Sussurrei para ele deu um dos seus típicos risos irônicos.
Quando voltou, parecia que era outra pessoa, seu cabelo estava meio bagunçado e um pouco seco, com certeza ela só passou o secador rapidamente pra não nos deixar esperando. Seus olhos não tinham nenhum vestígio da maquiagem pesada da noite passada e ela usava uma camiseta simples com um shorts.
“Quer alguma coisa, ?” Ele fez que não com a cabeça e mostrou que estava com uma garrafa de cerveja nas mãos. Ele era menor de idade, mas isso nunca o impediu de fazer nada. Nunca me impediu de fazer nada quando eu tinha a idade dele.
Ela se sentou no sofá conosco e nós começamos a conversar sobre coisas aleatórias e estava tudo correndo mais ou menos bem até resolver contar sobre a nossa vida, sobre o que fazíamos e por que fazíamos; isso era exatamente o que eu estava tentando esconder de por algum motivo que nem eu mesmo sei qual é.
“Ela poderia ajudar a gente, não acha, ?” disse naturalmente e eu franzi meu cenho quando ouvi essas palavras absurdas saindo da boca do meu irmão. Se eu não queria que soubesse do que eu faço, muito menos a queria metida nesse assunto.
“Eu não me incomodaria.” disse, dando de ombros.
“Ótimo, ouvi dizer que tem um pub não muito longe daqui que é praticamente um ponto de venda garantido. E essa noite de sábado é a que mais tem agito e mais tem clientes. Vocês podiam ir lá vender.” Ouvi dizer e me levantei do sofá, sentindo um certo nervosismo.
“Não, , não envolva outras pessoas nisso. Se quiser, vá você!” Falei e rolou os olhos.
“Eu não tenho idade pra isso. Esqueceu? Vocês podem ir.” assentiu, concordando com . Ela também levantou do sofá, na tarefa de tentar arrumar sua casa, começando a catar várias latas e garrafas jogadas pelo chão.
“Larga disso, , não tem problema. Está se recusando a sair comigo?” Ela riu e em seguida jogou todas as garrafas numa caixa de papelão que se encontrava na cozinha.
“Não é isso, você sabe.” Olhei bravo para que segurava seu riso e desviava o olhar para não ter que me encarar nos olhos.
“Então, nós vamos.” disse, segura de si. “Agora acho melhor vocês irem porque tenho que arrumar tudo isso e não quero que a mãe de vocês me odeie por pensar que roubei os filhos dela.” Ao ouvir as palavras de , levantou-se do sofá vitorioso por tê-la convencido a fazer o que ele queria. Despedimo-nos dela e seguimos para o nosso apartamento sem dizer nenhuma palavra. Não queria ter que ouvir a voz de se vangloriando por ter conseguido o que queria.

“Meu filho resolveu aparecer em casa!” Minha mãe disse, segurando uma xícara de café nas mãos. Se existe alguém mais viciada em cafeína do que a minha mãe, eu pago para ver.
“Desculpe, mãe, estava sendo o homem da família e trazendo dinheiro pra casa.” Menti na cara dura e a minha mãe olhou desconfiada enquanto empacotava umas caixas de maconha em cima da mesa.
“Certo... Bom, acho que dessa vez vamos continuar por aqui. Já faz praticamente um mês e ninguém encontrou a gente.” Ela disse confiante e eu sorri para ela, lembrando de todos os lugares nós tínhamos ido, tentando inutilmente nos esconder. Quando percebi que começou a contar algo sobre o colégio dele que eu realmente não estava interessado em saber, fui até meu quarto e observei todas as coisas que eu ainda não havia desempacotado. Eu não tinha confiança suficiente para isso, parecia que a qualquer momento eu teria que ir embora. Escolhi uma das caixas e abri olhando vários porta-retratos que nós tínhamos na antiga casa, quando digo casa, é que nós tínhamos um lar mesmo. Poderia ser um lugar suburbano, mas nós éramos felizes, era bom quando a única coisa que preocupava minha mãe era a nossa vizinha chata. Olhei a foto que mostrava a imagem de minha mãe incrivelmente mais nova e feliz, meu pai ao lado dela, sorrindo orgulhoso por sua família, eu com mais ou menos 10 anos de idade e , que era apenas um pirralho. Ri sem humor algum ao pensar como as coisas mudaram, hoje em dia considerava minha família mais como amigos do que realmente pessoas de relação sanguínea que estiveram comigo a vida inteira.
Pensei por um momento sobre a família de . Por que será que ela morava sozinha aqui? Será que aconteceu algo com os pais dela também? Eu não tinha coragem o suficiente para perguntar, já que sempre se demonstrou uma pessoa fechada quando se trata da sua vida.
O resto do dia passou mais lento do que eu poderia imaginar, fiquei a tarde inteira empacotando maconha e cocaína com a minha mãe. Errei a quantidade em vários pacotinhos porque não estava prestando atenção no que eu estava fazendo. A única coisa que eu conseguia pensar era em e isso me incomodava muito, demais mesmo.
Depois de muito sacrifício em tentar ficar em casa a tarde inteira, notei que eram umas oito horas. Eu iria começar a me arrumar para sair com e, quem sabe, ficar um tempo na casa dela antes de irmos para o tal pub. Tomei um banho e coloquei uma roupa meio apresentável, enchi meus bolsos de pacotinhos de drogas e peguei a chave de casa. Despedi de minha mãe dizendo que iria encontrar um dos meus amigos. Era melhor quando ela não suspeitava do modo com o qual conseguíamos dinheiro. Quer dizer, era óbvio que nós estávamos vendendo drogas e disso ela sabia muito bem. Mas os métodos para fazer isso acontecer era algo que eu e preferíamos manter longe do conhecimento dela.
Toquei a campainha de , sabendo que provavelmente a porta estaria aberta, mas não queria pegá-la de surpresa.
“Pode entrar.” Ouvi sua voz falando de dentro do ambiente e, quando entrei, encarei-a sentada no sofá, mais uma vez ao lado de . Franzi meu cenho automaticamente, desejando que meu irmão sumisse do planeta.
“O que está fazendo aqui?” Perguntei um pouco rude, fazendo suspeitar do meu comportamento.
“Nada, só vim trazer as drogas.”
“Eu já tenho as drogas.” rolou os olhos.
“Para você, certo? Ela precisava da parte dela, quanto mais, melhor!” Ele se levantou, se encaminhando até a porta. “Conto com você, , sei que vai fazer tudo direitinho” Ele deu uma piscadela e saiu, fechando a porta. Bufei impaciente e me sentei ao lado de sem ao menos encará-la direito enquanto pensava o quanto queria que meu irmão fosse uma pessoa normal. Eu não tinha mesmo o direito de querer que ele fosse diferente de mim, afinal, eu estava envolvido nessas coisas também, mas, poxa, ele era muito imprudente. Minha consciência queimava em culpa só de pensar se tivesse algum tipo de problema por minha causa. Certamente eu teria que ir embora daqui uns meses e deixá-la com problemas era a ultima coisa que eu queria.
, tá tudo bem?” Senti as mãos quentinhas de em minha bochecha e quando virei encontrei seus olhos brilhantes prestando atenção em mim.
“Sim, tudo bem.” Tentei sorrir, mas não deu certo, tudo que saiu foi um sorriso totalmente cínico.
“Eu sei que tem algo, pode me dizer.” disse se aproximando mais de mim e demonstrando carinho e conforto, caso eu precisasse. Por um momento, pensei o que levava a querer estar envolvida com essas coisas, aliás, por que ela usava drogas? Mesmo que seja por brincadeira, para se divertir, não é algo muito comum entre as garotas. Não querendo ser machista, obviamente, mas garotos normalmente não pensam no que fazem, diferente das garotas. E era uma garota mais do que esperta, ela não teria motivos para fazer isso, a não ser que tivesse algum tipo de problema.
“Eu não quero você metida nisso, já disse.” suspirou e deslizou sua mão de meu rosto, deixando-a cair em meu ombro.
, não é nada de mais para mim, falo sério.” Ela me olhou sinceramente e pude ver que não era a primeira vez que fazia algo daquele tipo.
“Mas se acontecer algo...” Ela riu baixinho.
“Você sabe muito bem que não vai acontecer nada e, se acontecer, vamos estar juntos.” Ela bateu de leve em meu ombro, tentando me reconfortar e se levantou “Vou me arrumar, já volto.” Ela deu a volta no sofá e foi em direção ao corredor, abandonando a sala.
Se acontecesse algo, eu teria que ir embora com a minha família e ela iria ficar cuidando dos problemas sozinha. Eu sabia que dificilmente minha mãe iria aceitar uma pessoa a mais para carregar pra lá e pra cá, já foi difícil ela aceitar o meu tio , quem diria uma suposta namorada minha.
Depois de um tempo, apareceu na sala novamente com seus olhos carregados com uma maquiagem pesada. Ela estava usando uma regata que atingia até metade de suas coxas, um short curto, uma meia 7/8 e uma bota preta por cima delas.
seguiu até a mesa onde deixou os saquinhos de maconha que ela deveria guardar, mas ela não sabia direito onde. riu e começou a colocar alguns saquinhos na sua bota, escondidos na batata da perna, e alguns nos bolsos de seu micro-shorts.
“Deixe que eu coloco alguns no meu bolso, se não vão te estuprar quando forem pegar as drogas.” riu, entregando alguns pacotinhos para mim.
“Você acha?”
“Bom, eu estupraria.” Nós rimos da situação e, depois de um tempo, já estávamos no meu carro, em frente ao tão famoso pub que havia falado.
“Está cedo ainda, não tem quase ninguém.” analisou o local que realmente parecia bem vazio, mas, considerando que o horário não favorecia, resolvemos esperar um pouco dentro do carro. “Hm, acho que vou comprar umas bebidas pra gente no posto.” Ela disse, analisando um posto que ficava na próxima quadra, bem em frente de onde tínhamos estacionado.
“Ok.” Eu disse tirando a chave do carro, mas me impediu, segurando um dos meus braços.
“Eu vou, pode ficar.” abriu a porta do carro e eu acendi a luz de um dos faróis quando ela se posicionou na frente do veiculo, ela se encolheu, devido à luz forte e me mandou o dedo do meio enquanto andava apressada para o posto. foi sumindo aos poucos até entrar na loja que o posto oferecia. Fiquei distraído nos meus pensamentos quando uma música extremamente alta me assustou, vegetei por alguns segundos até notar que a música vinha do celular de que estava no banco ao meu lado. Segurei o aparelho em minhas mãos e olhei no visor, que indicava que o numero era desconhecido. Hesitei por algum momento sem saber se atendia ou não e, no fim, fui pelo impulso.
“Alô?” Eu disse e não tive resposta, mas podia ouvir uma respiração do outro lado da linha.
“Quem é?” Uma voz feminina me respondeu depois de um tempo, pela voz parecia ser uma mulher de meia idade.
“Aqui é o celular da , ela não está. Quem gostaria?” Tentei parecer educado mas ao mesmo tempo queria saber logo quem era.
“Quem é você? Onde você está com a ?” Desesperada, a mulher me respondeu esperando uma resposta coerente, mas eu não sabia o que responder.
“A senhora é a mãe dela?”
“Sou. Quero falar com ela, chame agora!” Enquanto ouvia a voz estridente a mulher ao telefone, pude ver sair tranqüilamente do posto com duas sacolas em suas mãos.
“Ela não está aqui agora, mas se puder esperar...”
“Por que está mentindo pra mim? Só quero saber onde ela está.” Ela parecia estar mais conversando com si mesma do que comigo, pois suas palavras saiam fracas, como sussurros. “Com quem você está falando? Desligue esse telefone!” Pude ouvir uma voz masculina ao fundo da ligação e após palavras sem sentido que não pude entender muito bem, ela desligou sem aviso prévio. Observei chegar perto do carro e me ver com seu celular nas mãos.
“O que está fazendo com o meu celular?” franziu o cenho entrando no automóvel com uma certa pressa .
“Nada, ele estava tocando e...”
“E você se achou no direito de atender?” levantou uma de suas sobrancelhas e arrancou o celular de minhas mãos.
“Quem era? Era ela, não? Meu deus, me deixe em paz. Que droga!” se irritou desligando seu celular e o jogando no banco de trás.
“Me desculpe... E-eu não sabia.” Minha voz saiu meio trêmula por não saber direito o que fazer, minha intenção nunca foi deixar irritada.
“Nunca mais faça isso.” se inclinou na minha direção, me olhando diretamente nos olhos, indicando que se eu não fizesse exatamente o que ela está dizendo, eu iria me arrepender.
“Mas por quê?” Eu perguntei, sem pensar.
“Não te interessa, pare de se meter na minha vida, .” pegou uma das garrafas e saiu do carro, indo se sentar no meio fio do outro lado da rua.
Fiquei paralisado, olhando ela dar vários goles demorados na vodka pura que tinha comprado. Depois de um tempo, encolheu suas pernas abraçando-as com seus braços, olhando vagamente para algum lugar que não era minha direção.
Não pude me impedir de pensar o que tinha levado a essa reação de , o que sua mãe tinha feito de tão grave para ela não querer falar do assunto e reagir assim às suas ligações? não voltou mais ao meu encontro, só ficou lá sentada por um bom tempo, tomando sua garrafa de vodka, totalmente alheia ao que estava acontecendo ao seu redor. Com o tempo, o lugar foi enchendo e eu não vi motivo para ficar lá dentro do carro esperando, eu teria que ir vender a mercadoria com ou sem . Sai do carro e caminhei até ela, que agora segurava um cigarro em suas mãos e a garrafa de vodka estava vazia ao seu lado.
“Ahn, acho que nós podemos entrar agora.” Eu disse, sem saber ao certo o que fazer. levantou seu olhar até o meu e se levantou, jogando seu cigarro no chão.
“Ok, vamos entrar.”


A música estava tão alta que eu não conseguia nem ouvir meus pensamentos, as luzes eram muito fortes e isso fazia com que a minha visão ficasse um pouco confusa, segurei a mão de e ela automaticamente recuou.
“Só para não te perder.” Eu disse, me inclinando perto de seu ouvido para que ela pudesse me ouvir. assentiu e eu segurei sua mão a levando para o segundo andar do pub onde nós poderíamos conversar melhor sobre como iríamos negociar. Ao caminhar na multidão, pude ver vários caras desviando o olhar para e muito deles tentavam chegar nela, mas quando viam que ela estava supostamente comigo, eles mudavam de alvo.
“Então, eu vendo para quem eu puder e você para quem você puder e depois nos encontramos nesse bar aqui em cima.” disse, ajeitando sua meia na tentativa inútil de esconder que havia maconha escondida na parte superior de sua bota.
“Tem certeza? Isso pode ser meio perigoso e...” revirou os olhos e me olhou com uma certa raiva. Nunca tinha visto tão irritada como ela estava naquela noite.
“Não sou criança, . Eu sei me virar.” Ela disse e então deu as costas para mim, descendo as escadas para o primeiro andar. Suspirei fundo, observando as pessoas para quem eu iria oferecer minha mercadoria, o segundo andar não estava tão cheio quanto o primeiro, mas certamente eu iria conseguir bastante dinheiro. Cheguei no bar, pedi um drink e olhei para um grupo de garotos na mesa ao lado, ofereci meu negócio e eles nem piscaram antes de dizer sim. E o melhor de tudo é que vendi muito mais caro do que venderia num lugar normal, a vantagem de ir vender em boates e pubs é que normalmente a galera é meio burra e está desesperada por alucinógenos. Após negociar com eles, o negócio fluiu melhor do que eu imaginava, vendi para todo o tipo de pessoas, de patricinhas até caras mais velhos. Quando vi que já tinha vendido a maior parte da maconha que eu tinha, desci para ver como estava se saindo. Procurei em vários lugares, mas não a achei. Sentei, cansado, em uma das mesas e fiquei observando as pessoas dançarem, depois de tomar alguns drinks, pensei em me divertir um pouco. Já que havia sumido e boa parte do meu trabalho eu já tinha feito, não havia nada para me impedir.
Era meio impossível reconhecer alguém naquela pista de dança, as luzes coloridas eram tão fortes que eu mal conseguia enxergar o que estava na minha frente, então eu só tinha que soltar meu corpo e deixar a música rolar. Senti duas mãos segurarem nas minhas e abri os olhos encarando uma garota que nunca tinha visto na minha vida, logo entendi o que ela queria e a agarrei sem pensar duas vezes. Ela deslizou a língua pelos meus lábios, pedindo permissão para o beijo, e eu deixei. Em poucos minutos nós já estávamos nos agarrando no meio da pista. A garota espalmou as mãos em meu peito e parou de me beijar. Olhei para ela confuso e então ela tirou de seu bolso um pacotinho que continua duas pílulas, ela pegou uma e colocando em sua boca me beijou fazendo a pílula dissolver no nosso beijo, eu nem ao menos sabia do que se tratava aquilo, mas não fazia diferença, nós nos beijamos por um tempo e depois ela colocou a outra pílula em sua língua e todo processo aconteceu de novo.
Se a boate já parecia totalmente louca quando eu estava no meu estado normal, agora ela parecia coisa de outro mundo. As luzes pareciam muito mais fortes e interessantes do que antes, meu corpo se movimentava por vontade própria e o mundo parecia estar girando muito mais rápido do que o normal. Fechei meus olhos, deixando a música me levar, o som entrava pelos meus ouvidos e eu não tinha nem tempo de processar o que estava acontecendo, depois de um tempo eu percebi que a garota já não estava mais lá e tudo que preenchia minha visão eram luzes verdes e brancas e várias pessoas dançando de forma muito rápida. Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas só sei que o efeito forte foi passando, deixando só a sensação de liberdade e tontura. Apertei meus olhos ao ver alguém muito parecida com na pista, tentei me aproximar para ter certeza se era ela. Seus cabelos molhados de suor balançavam de acordo com a música, assim como todo seu corpo. Ela se virou e então pude ver o rosto lindo de me encarar e logo atrás dela reconheci mais alguém, era . Ele deslizava as mãos pelo corpo de sem nenhuma censura enquanto os dois dançavam juntos. Senti uma raiva me atingir em cheio e caminhei em direção a eles, abriu um sorriso, mas, ao ver minha expressão, me olhou confuso, fazendo com que seu sorriso sumisse por completo, parei em frente a e a segurei firme pelo braço, encarando-a por algum tempo, seus olhos estavam borrados de maquiagem novamente e ela estava totalmente suada. Eu não deveria estar num estado diferente, pois aquele pub era minúsculo comparado ao numero de pessoas que estavam ali dentro. A segurei firme e a puxei pela multidão, procurando a saída daquele lugar.
, ! Você tá me machucando, pára!” Podia ouvir a voz de abafada pelo som, eu só queria tirar nós dois dali. Queria sair daquele sonho estranho, queria que aquela sensação de pílulas alucinógenas saísse de mim. Após encontrar a saída do local, eu soltei o braço de e pude vê-la cambalear pelo impulso que dei ao fazer isso. Ela me olhou confusa, esperando uma resposta, e eu me sentei no meio fio, sentindo tudo girar muito rápido. Nada ficava em foco, todas as vozes e barulhos da rua estavam misturados e eu mal conseguia sentir meu corpo direito.
“Porra, , quem você pensa que você é?” começou a gritar ao meu lado, mas eu não conseguia escutá-la direito, coloquei minhas mãos em meu rosto, sentindo meu corpo suar frio e minhas mãos tremerem. Meus olhos doíam, assim como toda minha cabeça.
“Eu não estou bem.”
“O quê?” perguntou, sentando ao meu lado
“Não estou bem.” me analisou e pensou por alguns segundos, olhei para seu rosto e pude ver que ela parecia preocupada comigo. “Por que você estava com ? Eu falei pra você vender o negócio, não vir aqui ficar se vagabundiando!” Eu disse com raiva e me levantei logo em seguida, sentindo o chão quase sumir sob meus pés, cambaleei mais uma vez e senti as mãos de firmes em meu braço.
“Vai se foder, .” Ela me respondeu áspera, tentando me carregar, mas eu a afastei novamente.
“Some daqui.” Eu disse no mesmo tom áspero que ela e me encarou por alguns segundos. “Não escutou? Eu disse pra você sair daqui, some!” Ela não se mexeu, continuou me olhando confusa. Um carro passou muito perto do meio fio e soltei um grunhido quando vi aquelas luzes dos faróis tão perto dos meus olhos. “VOCÊ É SURDA?” deu dois passos para trás ao ouvir meu grito.
“Mas você não está bem... Melhor eu te levar pra casa.” Ouvi dizer e bufei, rindo com ironia.
“Como se você se importasse comigo. Vai, some.” Recuperei todas as forças que eu podia e tentei manter os passos firmes até chegar ao meu carro.
“Espera, ...” estava vindo atrás de mim, podia ouvir seus passos atrás dos meus. Entrei no carro o ligando e pisei fundo no acelerador saindo o mais rápido possível daquele lugar. Podia ver que tinha ficado no estacionamento, me senti mal por tratá-la daquele jeito sem nenhum motivo aparente, mas os ciúmes por ela estavam crescendo cada dia mais sem que eu nem percebesse, e o pior de tudo isso é que eu não tinha direito nenhum de agir dessa forma, afinal, nós não temos nada. Se ao menos ela demonstrasse que gostaria de ficar comigo, que gostaria de ter algo sério, eu tentaria.
Cheguei em casa pensando que tinha ficado sem carona pra casa, eu tinha deixado ela sozinha naquele pub que não era um dos mais seguros da cidade. Balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos e fui direto para meu quarto. Me joguei no colchão e, do mesmo jeito que deitei, eu dormi. Um sono profundo tomou conta de mim, meus olhos estavam pesados e eu ainda podia sentir o efeito da pílula sobre mim. As imagens de e não paravam de vir à minha mente, eu inconscientemente estava sonhando coisas que eu nem sequer tinha visto, coisas que nem sequer tinham acontecido... Ou tinham. dançava feliz em seu apartamento com e os dois se beijavam, demonstrando que estavam felizes. Pude observar alguém sentado no sofá rodeado de papéis... Esses papéis eram fotos, várias fotos antigas, pude observar também várias pílulas jogadas pelo chão, caixas de remédio e pitucas de cigarro. Esse alguém olhava para o casal e tentava se demonstrar feliz, mas nada funcionava. Então esse alguém se irritou e começou a gritar com os dois e tentava atingi-los com objetos.
“Não, você tem que estar comigo, ” Ele gritava desesperado “Larga ela, !” O garoto estava vermelho de tanto gastar seus pulmões gritando com os dois... Ele respirou fundo, finalmente desistindo, e tudo que ele conseguia fazer era chamar o nome dela repetidamente... “, ... Por favor.” E então ela se virou, sorrindo daquele jeito que só ela sabe fazer
“Não dá, . Não posso ficar contigo, você é um drogado.”

Acordei desesperado, tentando ver onde eu estava, a escuridão me recebeu quando abri os olhos. Sentei-me na cama, tentando entender o que estava acontecendo. Passei as mãos nos meus cabelos e respirei fundo. Fiquei um tempo apenas pensando no que havia acontecido, levei minhas mãos ao meu rosto e apertei de leve meus olhos, tentando me convencer que tudo aquilo tinha sido apenas um sonho. Apenas um sonho.


, tem uma garota aqui que quer te ver.” Escutei minha mãe dizer ao entrar no quarto, abrindo as cortinas, deixando com que a luz forte do sol entrasse no ambiente. Me encolhi, revoltado, sentindo uma dor de cabeça instantânea pela claridade. “Vamos, ” Ela puxou uma das cobertas e eu tentei me levantar, tomando consciência aos poucos do que realmente estava acontecendo. Cambaleei até o banheiro, escovei meus dentes e lavei meu rosto. Sai do quarto apenas de boxers, tentando lembrar o que a minha mãe havia dito.
“O que foi...?” Fui até a sala e encontrei minha mãe sentada no sofá tomando seu capuccino, como sempre, e, ao lado dela, para minha surpresa, . Ela estava diferente do normal, estava com um vestido simples, sem maquiagem pesada nem nada do tipo, seus cabelos estavam soltos e lisos, deixando-a extremamente... Comum. Não que isso fosse uma coisa negativa, mas considerando que sempre estava cada dia com um estilo diferente, era difícil defini-la por um só.
“Ahn... Oi.” Passei as mãos pelos meus cabelos, nervoso pela situação que eu me encontrava, não sabia ao certo como agir, já que a minha mãe estava no mesmo ambiente que nós. E, além disso, eu tinha maltratado ontem à noite, então era mais embaraçoso ainda olhar para ela nesse momento.
“Oi, posso falar com você?” perguntou docilmente, se levantando do sofá, indicando que minha mãe não deveria ouvir a conversa, o que eu concordo plenamente, mas ela estava incrivelmente alheia ao assunto, então acho que nem prestaria atenção no que nós estávamos falando. Seu olhar estava vago, preocupada com alguma coisa que certamente não era apenas com as contas da casa. Deveria haver algum problema sério acontecendo, conheço minha mãe. Esse é o tipo de olhar que ela dá quando estamos prestes a mudar de casa por alguma confusão.
Levei até o meu quarto e ela entrou, observando o ambiente.
“Ainda não desempacotou suas coisas?” Ela perguntou, olhando para todas as caixas que eu ainda não tinha sequer tocado.
“Não... E provavelmente nunca vou.” Respondi e me olhou confusa, sentando-se na beira da minha cama.
“Ahn, eu vim trazer seu dinheiro e pegar meu celular.” Ela abriu suas pequenas mãos mostrando uma boa quantidade de dinheiro que ela tinha conseguido ontem à noite.
“Pode pegar metade para você. Não sei onde está seu celular.” Menti descaradamente, me lembrando que ela havia deixado no carro na noite passada.
“Como assim? Eu deixei com você.” Ela se levantou, deixando o dinheiro em cima da cama sem pegar sua metade
“Não, desculpe. Acho melhor você ir agora, preciso resolver umas coisas.” me olhou bem fundo nos olhos, tentando entender o que estava acontecendo.
, eu só quero meu celular.” Ela disse tranquilamente, se aproximando de mim. “Está acontecendo alguma coisa? Por que você está assim?” Ela deslizou suas mãos pelos meus braços e eu tremi, me afastando imediatamente. Eu sabia exatamente o que estava acontecendo, eu estava agindo que nem uma bicha retardada porque eu estava me apaixonando por e eu não queria que isso acontecesse. Eu nunca me apaixonei e não tenho idéia de como isso supostamente funciona, mas tudo que eu sei é que eu quero ficar longe dela, é como se fosse uma autodefesa ridícula e retardada.
“Vai embora, , se eu achar seu celular eu te entrego.” não se mexeu e, então, perguntou, quase sussurrando:
“É por causa do , não é?” Passei as mãos nos meus cabelos, tentando manter a calma
“Não.” Respondi e ela me olhou por alguns segundos, seu cenho foi franzindo, deixando com uma cara bravinha que se não fosse por aquela situação, eu acharia adorável. E, então, sem dizer mais nada ela caminhou até a porta e levou um susto tremendo ao encontrar minha mãe à sua frente.
, certo?” Minha mãe perguntou e assentiu que sim, reparando no seu comportamento estranho. Ela evitava olhar nos olhos e seu olhar continuava vago. Agora era certeza, estamos com problemas.
“O que acha de ir num jantar com a família hoje à noite? Os avós e primos de vão estar numa cidade aqui perto.” Franzi meu cenho. Avós? Primos? Droga, era confusão na certa. Minha mãe só deveria estar jogando essa conversa para nós irmos encontrar algum traficante para qual estávamos devendo. Ou até mesmo uma gangue deles.
“Ah, não sei...” disse, me olhando sem ter certeza se aceitava o convite.
“Vamos, não aceito não como resposta.” Minha mãe sorriu e então saiu do ambiente ainda com seu olhar vago. Gelei ao pensar em que tipo de confusão nós estávamos metidos. Mas porque ela queria nisso? não tinha nada a ver com o negócio... A não ser que tenha falado algo sobre a noite passada.
“Se importa de eu ir ao seu apartamento mais tarde?” Perguntei para no intuito de tirá-la de lá o mais rápido possível para que eu pudesse conversar com a minha mãe.
“Não...” respondeu confusa e então eu inventei alguma desculpa alegando que alguns traficantes iriam aparecer lá em casa. Mesmo hesitando, aceitou ir embora.

“O que está acontecendo?” Entrei no quarto de minha mãe, ela estava parada olhando para um dos nossos porta-retratos e então virou seu rosto para mim.
“Alguns dos traficantes antigos nos acharam, eles querem negociar novas coisas... Nada de mais. Acho que estou me preocupando por besteira.” Ela disse naturalmente, mas ainda podia ver uma certa tristeza em seu olhar.
“E por que chamou para isso?” Perguntei e ela sorriu, se sentando na beira da cama.
“Com certeza algum deles vai vir aqui no prédio perguntar sobre a gente com os vizinhos e, como ela te conhece, achei melhor garantir que venha conosco, assim como a suposta namorada de seu tio.” Pensei sobre o assunto, até que minha mãe estava certa, afinal eu não me perdoaria se algum deles fizesse algo para .
“Está bem, que horas temos que ir lá?” Me levantei, indo em direção a porta e dei uma ultima olhada para minha mãe, que continuava olhando para nosso porta-retrato.
“Às oito.”
Olhei meu reflexo no espelho, eu estava com um terno de cor cinza claro, assim como a gravata, e com uma camiseta de cor branca. Fechei o nó da gravata e caminhei até a sala onde encontrei e , os dois também estavam vestidos com roupa social. Mal sentei no sofá e vi minha mãe entrando na sala com um vestido preto e de salto alto.
“Vá chamar sua amiga, .” Ela disse, colocando um brinco em sua orelha enquanto andava pelo ambiente aparentemente nervosa por saber que em poucas horas iríamos encontrar os traficantes mais perigosos que nós já havíamos negociado. Mesmo sendo um pouco cedo para buscar, , achei melhor sair da minha casa, já que o clima estava pesado devido ao nervosismo da minha mãe e, conseqüentemente, de .
Toquei a campainha umas duas vezes, mas não obtive resposta, suspeitei que tivesse saído só para não ter que me acompanhar nesse jantar. Jantares sociais não era bem a cara dela. Depois de um tempo sem saber o que fazer, abri a porta e, como suspeitava, ela não estava trancada. Caminhei pela sala de que estava limpa e organizada pela primeira vez em semanas e fui em direção ao corredor. Procurei-a em seu quarto, mas nada, e então pude ouvir o barulho do chuveiro ligado. Sentei-me na cama e esperei por alguns minutos, observando seu quarto como sempre fazia quando ia lá. Depois de alguns minutos, entrou no local, se assustando pela minha presença. Seus cabelos estavam molhados, os olhos limpos, sem maquiagem, e seu corpo enrolado por uma toalha de cor verde. Ela me encarou por alguns segundos, abrindo e fechando a boca algumas vezes indicando que realmente havia sido surpreendida por mim.
“Desculpa entrar sem avisar, é que você não atendia a porta, então supus que tinha fugido de mim.” Ri baixo, me acomodando melhor em sua cama. A roupa social não ajudava muito nisso.
“Ah, tudo bem.” tentou fingir que não se importava e então abriu um sorrisinho no canto dos lábios. Ela sentou-se numa cadeira que ficava de frente para sua escrivaninha e pegou um pote de cor bege onde supostamente teria um creme, ela passou o conteúdo por suas mãos e então colocou uma de suas pernas em cima da cama me encarando.
“Então, acho que esse jantar é mais sério do que eu imaginava.” Ela deslizou as mãos por suas pernas, espalhando o conteúdo e massageando o local. Eu não conseguia desviar meu olhar dos seus movimentos, abri minha boca sem ter certeza do que responder, porque não tinha prestado atenção na pergunta. “? Tá me ouvindo?” Ela desceu sua perna direita e então colocou a esquerda em cima da beira da cama e repetiu todo o processo torturante. Minha gravata parecia estar bem mais apertada do que estava quando cheguei, então afrouxei um pouco nó, dando um sorriso nervoso para .
“Desculpe, o que foi?” Ela riu baixinho e desceu a outra perna, acabando com a minha diversão.
“É um jantar social, certo?” fez uma caretinha, se levantando da cadeira e abrindo seu armário. Por um momento, me assustei, achei que ela não teria mesmo a condição de ir ao jantar, tudo que alcançava a minha vista eram roupas que geralmente usava, ou seja, blusões e regatas, meia calças arrastão, vestidos simples e botas... Ela fez um bico e ficou ali um tempo pensando.
“Eu sei, também gostaria de não ir.” Eu disse, olhando para minha roupa que nem estaria usando se não fosse por . Ele que havia me emprestado o terno.
“Espere um momento.” abriu uma gaveta de sua escrivaninha, pegou uma chave e saiu do quarto. Escutei destrancar uma porta e fiquei ali esperando. O que leva uma pessoa guardar a chave de um ambiente da sua própria casa numa gaveta? O que tinha de tão especial lá dentro?
voltou depois de um tempo com um vestido rosa claro mesclado com umas rosas de cor bege e com um par de sapatos em suas mãos.
“Acha que este aqui serve?” se analisou na frente do espelho parecendo não gostar muito da imagem, ao contrário de mim, que fiquei praticamente deslumbrado por sua aparência. parecia uma daquelas meninas de família rica que eu nunca tive a chance de chegar perto, a cor do vestido ficava perfeito com o seu tom de pele e tudo que eu queria fazer no momento era tocá-la. Queria poder sentir sua pele macia, tocar todo seu corpo e fazer coisas que eu estava me censurando fazia horas, dias e meses. “? Por que você não está me respondendo hoje?” Então ela se virou, ficando de frente para mim, e eu tive que me recompor. Me ajeitei na cama novamente ajeitando o nó da minha gravata e dando um sorriso sem graça para .
“Desculpe. Está ótimo, você... Está linda” Eu disse, com um sorriso bobo em meus lábios. Me sentia como um retardado, despertava um lado tão gay em mim que eu nunca achei que ia conhecer.
“Certo, vou arrumar meu cabelo e a gente vai” saiu novamente de seu quarto e escutei-a ligar o secador.
Depois de devidamente preparada, estava mais linda do que todas as garotas que eu já tinha visto em minha vida, e olha que não eram poucas. Ela parecia que tinha saído direto de um seriado, de um filme ou sei lá. Ela sorriu sem graça para mim enquanto nós caminhamos até a sala.
“To ridícula, né? Não sei se seus parentes vão gostar de mim.” Ela riu sem graça e eu vi um lado de que eu não conhecia, um lado tímido e inseguro. Franzi meu cenho ao pensar em que universo alguém não iria gostar de .
“Lógico que vão gostar de você, não seja boba.” Disse convicto, mas isso era apenas para ela que não sabia que eles realmente não eram meus parentes. Pensei em dizer para ela que tudo não passava de uma fraude, mas parecia tão bom ter a sensação de levar minha garota para conhecer minha família num jantar importante, parecia que eu estava levando ela para algo sério e eu não queria estragar aquilo.
Nós ficamos conversando em seu apartamento durante um tempo, bebemos algumas cervejas que estavam guardadas na geladeira da última vez que eu tinha ido lá e então seguimos até meu apartamento.
“Já estava indo te chamar, . Estamos atrasados! Querido, você se importa de ir com no meu carro? Nós vamos com o da namorada de seu tio, ela ofereceu. E, como é muita gente, melhor vocês irem no outro.” Eu assenti que sim e então vi todos entrarem no grande carro da namorada de , que também estava devidamente vestida e feliz por ir conhecer os supostos parentes de seu namorado. Coitada, pensei. Tudo não passava de uma mentira. Toda minha vida baseada em mentiras e drogas.
Por todo o caminho, se demonstrava nervosa, balançando suas pernas sem parar, como num tique nervoso. Mudando de músicas sem que elas terminassem, olhava para fora do carro, procurando algo para entretê-la e, ao contrário dos outros dias, nada parecia distraí-la devidamente. Suas típicas viagens não estavam acontecendo. Eu sentia que estava pensando no agora, na gente, no carro e no jantar. Eu sorri, feliz por saber que ela se importava com isso, que isso a fazia ficar nervosa de algum modo, mas também não queria fazer se importar sem motivos, queria contar para ela que nada era real. Mas isso iria piorar a situação, então achei melhor fingir que não estava percebendo seus surtos.
Chegamos ao local onde o suposto jantar seria. Olhei para , que apertava as próprias mãos, demonstrando um certo desespero. Mas, ao ver que eu estava a encarando, ela abriu um sorriso e eu esqueci até mesmo do que tudo se tratava.

’s POV
Eu não queria estar ali. Olhei para , o único motivo pelo qual eu tinha aceitado fazer essa loucura. Ele parecia estar tão feliz por eu estar junto com ele, por estar ali conhecendo sua família. Mas, na realidade, tudo que eu queria era sair daquele lugar, tudo que eu mais queria era sair correndo sem dar explicação alguma. Essa situação me lembrava de coisas que eu lutava para esquecer, lutava para fingir que nunca tinham acontecido.
Engoli seco e segurei firme na mão de , que se assustou pelo meu ato, mas segurou minha mão de volta, a acariciando de um jeito reconfortante. Entramos no local e avistei várias mesas cheias de pessoas importantes, vestidas exatamente do jeito que nós estávamos, todos lindos, ricos e felizes. Ou pelo menos aparentavam ser. Logo reconheceu seus parentes e eu tentei manter meus passos firmes até chegarmos a nossa mesa. Cumprimentei todos do melhor jeito que podia, abri meu melhor sorriso e me demonstrei a mais educada possível. Todos se sentaram e eu e ficamos mais afastados dos demais. Ele deslizou sua mão por debaixo da mesa, segurando firmemente a minha. Pelo jeito, ele viu que eu não estava no meu estado normal.
Não demorou muito para que os garçons começassem a trazer todos os pratos cheios de comida ruim que eu estava careca de saber quais eram, todas elas me reviravam o estômago só de olhar. Mas, ao contrário de mim, parecia estar bem feliz comendo um prato de lagosta. Ele sabia se comportar bem à mesa, coisa que me surpreendeu. Não que eu achasse um cara mal educado, mas a maioria das pessoas não sabe os bons modos e ele sabia muito bem, considerando que esse era um restaurante 5 estrelas, aqueles que tem vários tipos de talheres e você tem mesmo que saber se comportar para não fazer feio.
Apesar de toda aquela comida não querer passar pela minha garganta de modo algum, me forcei a aceitar tudo, demonstrar que estava feliz por estar ali. E no fundo eu estava, sentia que era uma nova etapa da minha vida, sempre que estava com ele eu me sentia alguém completa... Que tudo que estava faltando, eu tinha encontrado nele. Mas ao mesmo tempo eu não queria me prender, não queria mesmo. Eu era cheia de problemas e não iria demorar muito para descobri-los... E eu não queria isso, de maneira alguma. Tomei um gole de champanhe e sorri para ele, observando aqueles incríveis olhos que me consumiam cada dia um pouco.


Capitulo 6.

Após todos terem se alimentado e conversado tudo que tinham pra conversar, um dos traficantes pediu a conta para um dos garçons que estava posicionado do outro lado do restaurante. O garçom apenas balançou a cabeça indicando que não iria cobrar nada, fazendo com que o traficante sorrisse de uma forma maléfica e assentisse em sinal de aprovação.
Olhei para pensando se ela não tinha percebido todos os sinais que estavam ocorrendo durante todo o jantar, começando com o fato de que um dos traficantes não parava de sussurrar coisas com a minha mãe na mesa, o fato de todos eles não terem nenhuma semelhança com a minha família e também o fato de nenhum deles ter falado nada como “Nossa, como você cresceu” ou “Como vai a sua tia fulana, nós sentimos muita falta dela” ou “Lembra aquela vez em que...” Nada disso tinha sido dito na mesa e suponho que isso seja o tipo de conversa típica em jantares de família. Mas parecia achar tudo isso normal, normal até demais. Ela sabia tudo sobre etiqueta e essas babaquices que eu infelizmente sabia também. Por estar envolvido com esse mini-tráfico, eu sempre tive que aprender um pouco de tudo para que eu pudesse me dar bem em qualquer ocasião e o fato de eu ter uma situação financeira muito boa antes de meu pai morrer ajudou bastante nesse aspecto.
Não demorou muito para que a minha mãe me desse o olhar que indicava que eu teria que ir embora. Então dei um tempo antes de avisar , que parecia muito concentrada tomando seu champanhe e prestando atenção nas pequenas bolhas que subiam e desciam pelo copo de seu espumante.
“Vamos?” Eu disse e acordou do seu transe, me olhando surpresa.
“Mas já? E seus parentes?”
“Ah, eles vão ficar aqui com a mãe conversando sobre assuntos chatos... Sei lá, política.” Disse a primeira coisa que veio em minha cabeça, não sabia o que dizer para querer ir embora, mas parece que acertei. Ela fez uma careta e deixou o copo de champanhe em cima da mesa, pegando um guardanapo e limpando os cantos de leus lábios vagarosamente.
“Sua mãe não parece bem do tipo que gosta de política.” Ela disse e eu analisei minha mãe e concordei mentalmente, ela é muito atrapalhada para gostar desse tipo de coisa.
Eu me levantei da cadeira e se levantou logo em seguida, sorrindo para todos graciosamente, tentei fazer que nem ela e me despedir da forma mais educada possível, controlando a vontade imensa que eu tinha de cuspir na cara de cada um deles.
Acompanhei até o jardim que havia fora do restaurante, ela caminhou até o pequeno chafariz que havia no local se sentando na beira dele e tomando cuidado para não molhar seu vestido. Ela sorriu para mim e eu fui até ela.
“Seria uma boa foto.” Ela disse, fazendo uma pose para mim.
“Sem dúvidas.” Respondi, imaginando como seria se eu tivesse uma câmera em minhas mãos naquele momento. Imaginei como eu queria ter uma foto dela do lado da minha cama para eu sempre poder ver aquele sorriso... Deus, como isso está ficando meloso.
“Vamos embora logo, não agüento mais ficar aqui.” Eu disse, sendo sincero, e arqueou suas sobrancelhas em sinal de surpresa.
“Sério? Mas é tão bonito aqui, e... Nós não vamos esperar sua mãe?” Ela perguntou e eu balancei minha cabeça, chutando as pedrinhas que tinham no chão do jardim.
“Não, eles vão embora com o carro da namorada do meu tio” assentiu e então se levantou, batendo as mãos de leve ao redor de seu corpo.
“Queria um cigarro agora.” Ela entortou seus lábios e então deu um riso baixo.
“Podemos passar em algum lugar pra comprar depois.” Eu disse e apertou seu passo até chegarmos no estacionamento. Ao entrar no carro, ela tirou seus sapatos de salto alto, parecendo aliviada por tal ato, e então sorriu para mim.
“Deve ser difícil usar isso mesmo.” Eu disse, me referindo aos seus sapatos que agora estavam sendo jogados no banco de trás do carro. Pensei que seu celular devia estar ali em algum canto, jogado com todas as outras tranqueiras que eu possuía no banco de trás.
“Você não faz idéia.” Ela confessou enquanto deslizava seu corpo pelo banco, tentando se acomodar melhor. Olhei para ela prestando atenção em todos os mínimos detalhes, fechou os olhos vagarosamente e respirou fundo. Não demorou muito para que ela caísse em um sono leve, podia observar seu peito subir e descer de acordo com a sua respiração, seus lábios rosados estavam entreabertos e uma mão estava depositada ao lado do seu rosto. Não sei quanto tempo fiquei ali hipnotizado por sua presença, mas acordei do meu transe quando a escutei resmungar baixinho. Ela abriu seus olhos e passou as mãos de leve pelas suas pálpebras, parecendo um pouco sonolenta. Seus olhos brilhantes entraram em contato com os meus e eu percebi o quanto estava sendo patético, o quanto ridiculamente apaixonado eu estava me tornando. Os olhos de pareciam um espelho da sua própria alma, um truque, na realidade. Quem olhasse naqueles olhos poderia ter a certeza que conhece profundamente cada detalhe de , mas era mentira. Ao mesmo tempo em que eles pareciam demonstrar toda a essência da qual sua alma é feita, eles também demonstravam mistério. Um mistério que não seria tão fácil de desvendar.
“O que está esperando, ? Vamos logo!” Ela deu uma risadinha batendo de leve no meu braço e eu balancei a cabeça, tentando acordar de vez no transe no qual ela tinha me colocado.
Girei a chave e liguei o carro na tarefa de nos levar para casa. Bellueve era uma cidade incrivelmente tranquila, então não demorou muito para que nós chegássemos em Seattle. dormiu a viagem inteira, então, quando estacionei o carro, não me surpreendi pelo fato dela ainda estar em seu sono profundo. Mesmo dormindo, podia observar um pequeno sorriso escondido em seus lábios, ela parecia aliviada. Todo aquele nervosismo tinha ido embora. Ela parecia orgulhosa, por alguma razão, como se tivesse completado alguma tarefa importante.
Terminei de ouvir os últimos acordes de There’s a Light that Never Goes Out dos Smiths, uma das musicas do Ipod de , e pensei no que iria fazer, podia acordar , mas tive dó, então desliguei o som e sai do carro indo em direção a porta do passageiro e pegando no colo. Ela gemeu baixinho, mas não acordou. Confesso que foi meio difícil carregá-la até o quarto, considerando que tive que fazer um malabarismo para clicar no andar do seu apartamento e ao mesmo tempo ter cuidado para não acordá-la, mas consegui. Como sempre, a porta não estava trancada, então foi fácil entrar em seu apartamento e depositá-la na cama. Olhei-a por alguns segundos, contemplado sua beleza; uma mexa de seu cabelo caia sobre seu rosto delicado, olhei para suas pálpebras fechadas observando que estava com o mínimo de maquiagem possível, a deixando mais bonita do que o normal. Seus lábios vermelhos estavam entreabertos, deixando o ar ser inspirado e expirado enquanto ela dormia.
Suspirei frustrado, pensando que aquela beleza poderia nunca ser minha por completo e, então, quando fiz menção de levantar da cama, senti as mãos quentes de tocarem minha pele. Ela abriu um sorrisinho mesmo com os olhos fechados. Sorri de volta e balancei a cabeça, pensando que estava apenas delirando em algum dos seus sonhos e então tentei levantar de volta, mas sua mão se fechou no meu braço novamente. Olhei para ela e então percebi que estava acordada, ela abriu seus olhos e me encarou. Franzi meu cenho sem entender direito e, numa ação rápida, me puxou pela gravata, me fazendo cair sobre ela e me beijou.
Senti segurar firme na minha gravata, me fazendo até sufocar um pouco por seu ato repentino, correspondi o beijo devidamente, na mesma intensidade que ela o fazia. deslizava sua língua tranquilamente pela minha, a massageando deliciosamente, aos poucos foi soltando minha gravata e eu pude respirar novamente, sorri entre o beijo e então afrouxei o nó tirando-a por completo. Ela deslizou suas mãos pelas minhas costas e mordeu meu lábio enquanto tentava tirar minha camiseta, mas não teve sucesso porque, como era uma roupa social, minha camiseta estava presa por minha calça. entendendo isso, agilizou suas mãos rapidamente para o meu cinto o abrindo depressa.
Surpreendi-me pela pressa de , pelo jeito eu não era o único que estava se segurando fazia dias. Após tirar meu cinto, começou a desabotoar minha camiseta, a cada botão que ela abria, depositava um beijo em meu peito. Minha excitação já era obvia. Eu não conseguia me controlar enquanto estava perto dela, mesmo poucos atos já eram o suficiente para me deixar louco. Ela ajeitou as pernas ao redor da minha cintura e então forcei meu corpo contra o dela, deixando claro o quanto eu já estava excitado. abriu um sorriso malicioso e então tirou minha camiseta por completo, deslizando suas mãos por todo meu peitoral e costas. Subi um pouco seu vestido, espalmando minhas mãos em suas coxas roliças, as apertando com um pouco de violência. Escutei um ruído baixo sair de seus lábios entreabertos enquanto ela jogava sua cabeça para trás, deixando à vista seu pescoço. Sem pensar duas vezes, a ataquei diretamente ali, depositando beijos famintos por todo seu pescoço. Mas como seu vestido era fechado na frente, estava me atrapalhando um pouco. Desajeitado, tentei procurar o zíper daquela merda, mas não conseguia. Espalmava todo o corpo de em busca dele, mas nada. , percebendo minha pressa, riu baixinho e então rolou na cama, ficando por cima de mim.
abriu o zíper da minha calça analisando o volume que já era óbvio e deu um risinho baixo. Ela deslizou as mãos por minhas pernas me fazendo estremecer um pouco e, após isso, tirou meus sapatos e meia. veio engatinhando até mim novamente, colocando uma perna em cada lado no meu corpo e então se sentou diretamente sobre meu membro, me fazendo soltar um gemido baixo. Tentei me controlar para não demonstrar que estava praticamente vulnerável a ela. sorriu e puxou seu vestido para cima, revelando seu corpo. Senti todo meu corpo queimar ao ver que ela estava sem sutiã, mas nem ao menos me deixou olhá-los direito pois se inclinou imediatamente sobre meu corpo e me beijou novamente. Nossas línguas se misturavam de uma forma violenta e gostosa ao mesmo tempo. Com o tempo, foi diminuindo o ritmo do beijo até deslizar sua língua pelo meu lábio inferior e começar a beijar toda a extensão da minha mandíbula até o pescoço. Sentia sua língua quente deslizando pelo local, até chegar em minha orelha, onde ela deu uma mordida rápida e se levantou, olhando para mim. Senti que não iria conseguir mais me controlar, girei na cama, novamente ficando por cima dela e tirando minha calça e boxer ao mesmo tempo. Ela pareceu se assustar pelo meu ato repentino, mas não recuou. me puxou pelo pescoço e então comecei a beijar um dos seus seios enquanto massageava o outro, a respiração de estava descompassada e de vez em quando ela soltava um gemido baixo entre seus lábios. Deslizei minhas mãos pelas suas coxas e quando passei levemente uma de minhas mãos pelo meio de suas pernas, segurou sua respiração lutando para não soltar um gemido alto. Subi novamente até seu rosto, encarando seus olhos marcantes e disse:
“Não precisa se reprimir, já esperamos demais por isso.” então soltou todo o ar que estava em seu pulmão, mas não dei a chance de se recuperar. Comecei a descer sua calcinha até tirá-la por completo. Segurei as pernas dela em volta da minha cintura e, então a encarando diretamente nos olhos, a penetrei por completo. Pude ouvir o gemido alto de . Ela fechou seus olhos automaticamente e deixou seu corpo rígido. Esperei um segundo para que ela se recuperasse e então comecei a investir contra ela fortemente, enquanto ela soltava gemidos que ecoavam por todo o apartamento. segurava firme em meu pescoço, suspirando alto em meu ouvido.
...” sussurrou quase sem forças para chamar meu nome em voz alta. Estimulado por isso, investi o mais forte possível enquanto ouvia dizer palavras sem sentido algum em meu ouvido, não demorou muito para que eu começasse a fazer o mesmo. Fechei os olhos sentindo que o meu clímax já estava chegando, e pelo jeito o de também. Mas não queria que aquilo acabasse tão rápido. Tirei meu membro de dentro de e a olhei cruelmente quando ela deu um suspiro desapontado.
“O que foi?” disse quase sem voz, se eu não estivesse incrivelmente perto, certamente não escutaria.
“Achou que ia ser tão simples assim?” Disse roçando meu membro de leve no sexo dela. suspirou mais uma vez apertando minha nuca um pouco mais forte do que antes, deixando a região até um pouco dolorida, mas eu não me importava. Sentia que estava completamente vulnerável a todos meus movimentos e era incrivelmente bom vê-la assim. Sendo que metade do tempo, quem estava vulnerável era eu. Sempre eu esperando para que ela me ligasse, para que viesse atrás de mim, mas dessa vez eu estava no comando.
“Por favor... ...” disse pausadamente, levantando seu quadril procurando pelo meu, mas não obteve resultado. Meu membro estava pulsando, sentia todo meu corpo pedir por aquilo.
“O que?” Eu disse sorrindo com malícia. “Não entendi direito.” E então deslizei minhas mãos em seus peitos, estimulando e torturando ao mesmo.
“Por favor, ...” Ela abriu de leve seus olhos e eu pude ver que ela estava completamente dopada pela situação. Ela passou a língua pelos seus lábios, tomando um pouco de ar.
“O que você quer?” Eu perguntei, depositando beijos pelo seu pescoço, sentindo meu membro pulsar novamente.
“Vai logo com essa porra, .” disse rindo. “Eu quero você.” Finalmente escutei as palavras que eu estava procurando e então soltei um riso também.
Penetrei imediatamente, sem mais delongas. E então comecei a investir com toda a força que eu podia, ouvindo gemer cada vez que eu alcançava o mais fundo possível do seu sexo. Senti que não demoraria muito para que eu gozasse. Senti o corpo de relaxar embaixo do meu e ela deu um ultimo gemido longo e baixo, indicando que ela já havia chegado ao seu clímax. Investi mais duas vezes e então também alcancei o que desejava. Deitei sobre , sentindo todo meu corpo ceder. Ela sorriu, afastando uma mexa de cabelo molhado de suor da minha testa e então depositou um beijo delicado no local. Ela apalpou meu peito, me afastando um pouco, indicando que eu estava a machucando. Entendendo isso, deitei ao seu lado e a puxei para deitar sobre meu peito. Deslizei as mãos por seus cabelos macios, acariciando o local, fazendo sorrir com meu ato. Achei estranho eu estar me preocupando com ela depois do sexo, normalmente eu não quero ficar nem perto da pessoa. Só quero levantar e ir embora. Mas com era diferente, eu queria ficar ali, só contemplando a beleza dela. ergueu seus olhos e me encarou sorrindo, suspirei e sorri de volta para ela. E foi naquele momento que eu soube que eu estava condenado, não só hoje, mas para a vida inteira.

Adormecemos. dormia tranquilamente nos meus braços e eu tentava dormir mesmo estando um pouco consciente. Depois de um tempo tentando inutilmente cair no sono, desisti e abri os olhos, encarando o breu em que se encontrava no quarto, olhei para o lado e vi de olhos fechados, com uma de suas mãos espalmada em meu peito. Senti um vento frio atingir nossos corpos e observei que janela do quarto estava aberta. estava tremendo e, para ajudar, a única coisa que nos cobria era um lençol bem fino. Levantei da cama com cuidado para não acordar , coloquei minha boxer e fui até a janela, a fechando. Imediatamente o local ficou mais quente, mas ainda podia ver encolhida na cama, então abri seu armário, pegando um cobertor e a cobri até o pescoço. relaxou e se enrolou no cobertor, dando um sorrisinho. Sorri de volta, mesmo ela não me vendo ali parado em sua frente. Balancei a cabeça, me sentindo um pouco idiota e fui procurar meu celular no bolso da calça social. Sai do quarto de e segui até a sala para avisar minha mãe que não iria passar a noite em casa, após ter falado com ela, me sentei no sofá sentindo a insônia tomar conta de mim, liguei a TV e deixei o som baixinho para que não acordasse . Peguei o controle e fiquei mudando de canais sem parar. Bufei irritado ao perceber que não iria adiantar, não havia nada de bom passando. Convencido a voltar para o quarto e tentar dormir, entrei no local observando ainda enrolada nas cobertas e dormindo tranquilamente, mas sem querer esbarrei em sua mesa e vi um objeto cair ao chão do lado dos meus pés, me inclinei para pega-lo e, ao segurar em minhas mãos, pude ver que era a mesma chave que tinha usado para ir buscar seu vestido hoje mais cedo.
A tentação de descobrir do que aquilo se tratava foi maior do que o meu respeito pela privacidade de . Não sei o que deu em mim, mas quando vi eu já estava abrindo a porta de seu outro quarto, onde supostamente estava escondido Deus sabe o que ela queria esconder mim. Senti um frio passar pela minha barriga. Eu não deveria fazer isso. Pensei em fechar a porta e voltar a dormir, mas já que eu já tinha ido até lá, valia à pena dar uma olhada.
Abri a porta bem devagar, me vigiando para não fazer nenhum movimento brusco que pudesse acordar , fechei-a novamente atrás de mim e liguei a luz.
Senti uma confusão enorme invadir minha mente quando vi aquela quantidade de caixas de papelão empilhadas por todo o cômodo. tinha se mudado fazia pouco tempo, então não me surpreendi muito no primeiro momento, mas era, de fato, estranho ela ter tantas coisas, sendo que ela morava sozinha e era uma adolescente. Pensei mais uma vez em sair do quarto e voltar a dormir, mas decidi abrir uma das caixas pra ver do que se tratavam todas aquelas coisas.
Fui até o final do quarto e encontrei um guarda-roupa escondido no meio das caixas. Abri as portas e encontrei uma grande quantidade de vestidos caros e chiques, no mesmo nível do vestido tinha usado no jantar de hoje mais cedo. Franzi meu cenho e olhei nas prateleiras encontrando uma grande caixa de madeira decorada com desenhos feitos a mão. Abri seu fecho, e franzi meu cenho mais uma vez quando vi a quantidade de jóias que havia ali dentro. Vários colares, pulseiras, anéis e brincos brilhando incrivelmente contra meus olhos.
E, devido ao brilho, deduzi que nenhuma delas eram falsas.
Para que mantinha uma caixa dessas em seu próprio apartamento? Normalmente pessoas colocavam isso em cofres para evitar roubos, ao contrário de que deixava até a porta do seu apartamento aberta.
Tentei abrir as outras caixas, mas não iria conseguir abri-las sem causar danos aparentes. Olhei novamente nas prateleiras de seu guarda-roupa e encontrei uma foto empoeirada. Segurei-a em minhas mãos e tirei o pó para observar melhor, a imagem demonstrava três pessoas: Uma delas era , um pouco mais nova e bem diferente do que é hoje em dia, ao lado dela, pude observar uma mulher mais velha que aparentava ser sua mãe já que a similaridade era inegável, e um homem mais velho do lado dela segurando firmemente a mão da esposa.
Olhei novamente para na foto, observando como seu sorriso estava forçado e sem brilho. E eu, que já tinha visto o verdadeiro sorriso de , poderia dizer o quanto ela estava apagada e infeliz no dia que essa foto foi tirada.
Entortei meus lábios tentando entender. Já que havia aparentemente fugido, por que ela tinha trazido todas essas coisas com ela? Que serventia tinha?
Percebi que já estava ali há muito tempo, então arrumei tudo do jeito que eu tinha encontrado, fechei a porta e depositei a chave em cima da mesa do mesmo modo que estava.

Olhei para , que continuava dormindo, agradeci por seu sono ser pesado e ela não ter percebido que eu não estava do seu lado. Segui até a sala e sentei no sofá. Fiquei ali por horas só pensando e repensando em todas possibilidades daquilo, mas tudo parecia absurdo demais e eu não teria a coragem suficiente para perguntar a o que estava acontecendo, eu tinha medo que ela me expulsasse de sua vida, que ela não quisesse dividir seus segredos comigo. Quando vi que já estava amanhecendo, lembrei que em poucos minutos teríamos que ir para escola, então achei melhor chamar .
Entrei no quarto e encontrei sentada na beira da cama vestida com minha camiseta social que ficara enorme nela. Ela abriu seus olhos com cuidado colocando uma das mãos escondida pela manga sobre a sua testa.
“Droga de colégio.” Ela resmungou, se levantando da cama e indo diretamente para o banheiro sem nem olhar na minha cara. Fiquei sem ação, me perguntando se tinha feito algo de errado ou se era apenas o mau humor matutino de .
Depois de alguns minutos já estávamos na cozinha enquanto , que ainda parecia dopada pelo sono, não parava de tomar litros e mais litros de suco de laranja.
“Está tudo bem?” Perguntei, colocando duas torradas em seu prato, mas fez uma careta.
“Está sim.” Ela disse, descendo de um dos banquinhos da cozinha e sumindo pelo corredor. Desapontado, entortei meus lábios. Eu estava pensando que ia ter uma manhã romântica com , que estaria encantada pela noite passada, me dando beijos intermináveis e até dizendo que me... Ora, isso é ridículo. Sentei no sofá sentindo o mau humor me consumir, fiquei alguns segundos fitando o nada com a xícara quente de café em minhas mãos. Então senti se sentar ao meu lado novamente com a cara fechada, ela subiu as duas pernas no sofá e as abraçou.
“Droga.” Ela disse mais uma vez, fitando o nada assim como eu.
“Acho melhor a gente se arrumar...” Comecei a dizer, mas me cortou.
“Shiu, quieto, .” me interrompeu fechando ainda mais a cara e, depois de um minuto, enfiou seu rosto entre suas mãos tampadas pelas mangas da camiseta. Senti uma certa raiva tomar conta de mim, ela achava que eu era um cachorro para me mandar ficar quieto?
“Bom, já que você vai ficar aí com essa cara de cu, eu vou para casa.” Me levantei, mas me segurou pelo braço.
“Por quê?” disse inocente, mudando totalmente de comportamento.
“Não quero ficar aqui agüentando você chata desse jeito.” E então me olhou braba, puxando meu braço novamente me fazendo sentar de novo no sofá.
“Eu não sou chata.” Ela franziu seu cenho, parecendo uma criancinha braba por algum motivo idiota.
“Logico que é. Agora me deixa ir, garota.” Levantei novamente, mas se levantou junto.
“Então tá.” Ela pegou o maço de cigarros que estava em cima da mesa e acendeu um indo para o quarto. Nervoso, segui no intuito de pegar todas as minhas roupas que estavam jogadas pelo chão de seu quarto.
“Pode tirar minha camiseta?” Ela não me deu ouvidos, ficou ali parada, olhando pela janela de seu quarto enquanto dava um trago em seu cigarro. “?” Ela não me respondeu. Bufei e fui furioso para sala segurando todas minhas roupas nas mãos.
Quando ia começar a me vestir, observei parar na minha frente apenas de lingerie e jogar minha camiseta em cima de mim. Ela se virou na intenção de voltar para o quarto, mas eu a segurei pelo braço.
Não vou mentir, era excitante ver braba, era como se cada molécula do meu corpo pedisse para que eu a segurasse em meus braços e a beijasse. Vê-la assim, tão nervosa, me deixava com vontade de mostrar para ela que eu podia dominá-la. Que podia fazê-la ficar mansa num piscar de olhos.
me empurrou e virou seu rosto sem dizer nenhuma palavra.
“Vai me tratar assim?” Perguntei indo até ela, deu vários passos para trás encontrando o balcão que separava a sala da cozinha. Ela esbarrou em uma das cadeiras e finalmente percebeu que estava encurralada por mim.
“Sai, . Você não disse que ia embora?” Ela levantou uma das sobrancelhas e eu fui ao seu encontro na intenção de beijá-la, mas ela virou seu rosto, novamente tentando fugir de mim e acidentalmente bateu seu braço na jarra de suco que estava sobre a mesa, fazendo com que o liquido caísse todo sobre mim molhando todo meu corpo e inclusive minha boxer. Franzi o cenho para , que ficou paralisada me olhando naquela situação ridícula, ela piscou seus olhos por algum tempo assimilando o que tinha acabado de fazer e, então, ela simplesmente riu.
fechou os olhos e ficou rindo de mim um tempão. Ofendido, olhei para mesa novamente onde encontrei um copo com mesmo liquido amarelo, e então o segurei em minhas mãos e depositei todo o liquido sobre a cabeça de .
Surpreendida, ela abriu os olhos e me encarou incrédula. Seus cabelos tinham ficado meio molhados por causa do suco e o resto do líquido havia caído sobre seus seios cobertos pelo sutiã.
“Não acredito que você fez isso.” Ela riu divertida, correndo para dentro da cozinha. Não entendi no primeiro momento que vi abrir a geladeira, mas quando ela pegou uma porção de ovos de dentro do recipiente, tive que me abaixar para não ser atingido pela onda de bolas brancas voando pelo ar e se transformando gosmas amarelas quando atingiam a parede. , furiosa por não ter me acertado, foi até o meu encontro com três ovos nas mãos e começou a esmagá-los na minha testa e cabeça. Senti o líquido escorrer pelo meu rosto e fiz uma careta, enjoado pelo cheiro. Sem pensar duas vezes, segurei pelas pernas e a levei novamente para cozinha, ela ria e gritava divertida pela situação.
parecia uma criança às vezes, mas era tão divertido estar com ela que eu sentia como se estivesse voltando nos dias, quando eu não tinha que me preocupar com drogas, traficantes e minha família. Eu não tinha que me preocupar se eu teria que mudar amanhã ou depois, eu só queria curtir o momento com , queria sentir meu rosto arder de felicidade, sentir minhas bochechas e barriga doerem de tanto rir.
Depositei-a em cima da mesa da cozinha e abri a geladeira novamente catando tudo que eu via na minha frente e jogando em . Então, para não ficar em desvantagem, abriu um dos armários, abrindo o conteúdo de latas e pacotes, pronta para atingi-los em mim. No fim, acho que não restou nada na cozinha de . Quando percebi que as únicas coisas que haviam sobrado na geladeira eram potes vazios e coisas pesadas demais que certamente iriam nos machucar, eu suspirei fundo e desisti da guerra.
?” Perguntei, ao ver que tinha sumido atrás da mesa da cozinha, caminhei cauteloso até ela e quando a encontrei, observei um jato de creme de leite voar em minha direção. Escutava o riso estridente de ao fazer isso, rindo também, fui até ela tirando o pacote de suas mãos e sentindo meu rosto arder de tanto rir. Deitei-me ao seu lado e a segurei pela cintura, dando um pequeno selinho em seus lábios. Só ela conseguia fazer isso comigo, só ela tinha esse poder de fazer eu me sentir uma criança novamente. É como se eu pudesse vê-la com um vestidinho verde, asas e com um pequeno saquinho de pó de pirlimpimpim para jogar em mim, fazendo com que tudo isso que tinha acontecido revirasse meus pensamentos e me deixasse como uma bicha boba e apaixonada por todo seu encantamento.

Capítulo 7

“Ai, ai...” se espreguiçou, deitando no chão da cozinha e automaticamente fazendo uma cara de nojo ao olhar a bagunça que nós tínhamos feito. Toda a cozinha estava manchada de molho, pedaços de frutas, macarrão e farinha.
“Cansada?” Perguntei, deitando sobre ela e observando seu rosto sujo, onde havia restos de farinha e molho de tomate. abriu seus olhos e assentiu com a cabeça.
“Ah, mas se prepare, porque ainda não acabou” Contornei meus braços ao redor de sua cintura e levantei no ar. Ela explodiu em risos enquanto pendia sua cabeça para trás. Mais uma vez tentei beijá-la, mas se desvinculou de meus braços, saindo correndo pelo apartamento. Sua fuga não foi bem sucedida, pois quando deu o contorno no balcão, escutei um grito reprimido sair de sua garganta e logo depois um estralo.
Preocupado, fui imediatamente ver o que havia acontecido. estava caída no chão e um de seus joelhos estava ensangüentado. A jarra de suco que antes fez parte da nossa brincadeira, agora estava despedaçada em pequenos cacos de vidro ao lado dela, que olhava curiosamente para o próprio machucado. Ele não era muito grave, pelo o que pude ver, mas mesmo assim fiquei um pouco alarmado. deu de ombros e tentou se levantar novamente, mas caiu, escorregando mais uma vez no suco. Ela bufou e eu fui até ela, segurando-a no colo.
“Droga, você venceu. Maldita jarra!” resmungou, fazendo um biquinho enquanto eu a levava para o banheiro.
“Eu sempre venço, com jarra ou não.” Fiz uma cara de convencido e revirou os olhos. Quando atravessamos a porta do banheiro tive o maior cuidado para não fazer com que esbarrasse na porta ou nas paredes. “Consegue ficar em pé?” Perguntei, afrouxando meus braços para deixá-la firme em seus próprios pés.
“É logico que sim.” afastou meus braços e ficou em pé ao meu lado enquanto eu ligava o registro. Ela cruzou seus pequenos braços ao redor de seu corpo, indicando que estava com frio por estar apenas de lingerie. estava estranhamente bonita, mesmo toda suja de farinha e ovo. Ela estava linda.
“Que foi?” Ela perguntou, ao ver que eu estava fitando seu corpo.
“Nada. Só estou pensando se algum dia na vida você vai conseguir ficar feia.” Eu ri baixo e pareceu confusa, fazendo uma careta engraçada. “Entra aí.” Apontei para o chuveiro de onde saia uma água tão quente que fazia com que a fumaça tomasse conta do local em poucos minutos.
“Você não vai entrar junto?” me perguntou de uma maneira até inocente enquanto eu estava saindo do banheiro.
“Achei que você queria que eu fosse embora.” Eu disse, chegando perto dela, que ainda não havia entrado no boxe, permanecendo na mesma posição, com os braços cruzados. me olhou por alguns segundos, sem saber ao certo o que dizer. Sorri de lado e a encaminhei até o chuveiro, onde uma boa quantidade de água caiu sobre seu rosto, limpando imediatamente a grossa camada de sujeira. Ela fechou os olhos, relaxando ao sentir a água quente entrar em contato com sua pele. Observei todo o caminho da água pelo corpo de . Sua lingerie, que era de cor branca, ficou incrivelmente transparente devido a água e eu senti meu corpo todo enrijecer ao ver aquela imagem.
abriu lentamente seus olhos e encontrou os meus, que estavam mais do que famintos por ela. Percebendo isso, ela deu um leve sorriso e deslizou suas pequenas mãos pelos meus ombros, acariciando o local de leve e depois repetiu o ato pelos meus braços até encontrar minhas mãos. Eu estava dopado pelo jeito que ela me olhava tranqüila e misteriosa ao mesmo tempo. segurou minhas mãos firmemente e as depositou em volta de sua própria cintura, sorrindo ao ver o quanto eu estava bobo por ela. Tentei me lembrar da última vez que eu me senti assim, mas nada vinha na minha mente... Nem na minha primeira vez eu fiquei tão nervoso como estava com . Ela parecia uma droga que eu nunca havia experimentado antes, como se fosse a coisa mais rara do mundo. O seu efeito era contínuo, não parava nem se quer por um segundo. Ele mudava de acordo com a ocasião, mas nunca, de forma alguma, passava. E eu sentia que naquele momento eu estava tendo uma overdose de , ela havia tomado conta de mim.
me puxou para que eu ficasse mais perto dela e então senti as gotas d’agua caírem sobre a minha cabeça, molhando todo meu couro cabeludo e fazendo com que meus cabelos caíssem sobre meus olhos. Ela subiu suas mãos delicadas, afastando meus cabelos de perto dos meus olhos, e deslizou seus dedos até minha bochecha, onde ela depositou a palma de sua mão, fazendo um carinho gostoso no local. Continuei imóvel e ela deu um riso baixo.
“Você é... Seus olhos...” começou a dizer, mas acho que se arrependeu no meio do caminho, pois não conseguiu completar a frase. Seus lábios se fecharam e ela os apertou, indicando insegurança. Envergonhada, abaixou seu olhar e as mãos que estavam firmes no meu rosto se afrouxaram. Finalmente senti que eu estava vivo e que poderia me mexer, então ergui uma mão até seu queixo e o puxei, fazendo olhar para mim. Olhei intensamente dentro de seus olhos, mas não conseguiu sustentar meu olhar e, sem saída, resolveu me beijar. Ela segurou firme em meu pescoço, me puxando mais para perto, e grudou nossos lábios com força. Com o tempo ela foi se acalmando e deu entrada para que o beijo se aprofundasse. Deslizei minha língua por dentro de sua boca, explorando o local. Mesmo que parecesse besteira, quando beijava parecia que eu estava mais próximo do seu interior, não apenas carnal, era mais do que isso. Era como se eu tivesse um pequeno tempo de passe livre por seus segredos mais íntimos. Parecia que quando estávamos juntos dessa maneira, a barreira que nos separava não existia mais.
Senti vacilar em seus próprios joelhos e desgrudei meus lábios dos dela para ver a situação do machucado que parecia estar mais grave do que antes. puxou meu rosto, me fazendo dar atenção a ela novamente.
, mas...” Eu disse enquanto ela depositava alguns beijos no canto da minha boca e eu lutava para tentar ver melhor seu machucado.
“Deixa isso aí.” Ela disse, quase sussurrando, e então voltei a beijá-la, mas ainda podia sentir que não estava conseguindo ficar em pé direito. Então puxei suas pernas para cima, as entrelaçando em volta de minha cintura. sorriu em aprovação, além do fato de não ter que forçar seu joelho, a posição a favorecia em outros sentidos. Retribui o sorriso com um pouco de malicia e deslizei minhas mãos livres pelas costas de . E como se um choque de realidade tivesse me acordado, eu comecei a agir. Depositei vários beijos em seu pescoço enquanto apertava com certa urgência seus quadris. A água quente fazia com que a fumaça ficasse tão forte que se não fosse pelo fato de estar tão perto de mim, acho que não conseguiria vê-la. Ela segurou firme em meu rosto, fazendo com que eu parasse de beijá-la, me olhou intensamente por um tempo e, como se fosse um animal instigado, começou a beijar o canto da minha boca e em seguida sugou e mordeu meu lábio. Senti seus dentes roçarem a carne com uma certa violência e, antes de soltar meu lábio por completo, deu um risinho baixo, quase inaudível. Fui até ela na intenção de intensificar o beijo, mas me impediu. Ela colocou o dedo indicador em minha boca, insinuando para que eu ficasse quieto e que era ela que estava no comando. Ela sorriu antes de deslizar sua língua quente por meu pescoço e começou a dar varias mordidas fortes no local. Grunhi em resposta, segurou firme em meus ombros e deu um impulso para frente, indicando que queria unir mais nossos corpos. Correspondi sua vontade e a apertei contra parede, mostrando minha ereção já evidente. deu um gemido baixo e eu deslizei minhas mãos para suas nádegas, apertando-as com vontade, fazendo com que as mordidas de em meu pescoço se intensificassem.
Brinquei com o elástico da calcinha dela, que já estava encharcada por causa da água, e escutei a respiração falha de em meu ouvido. A empurrei contra a parede na intenção de poder soltar a parte de baixo do seu corpo e me concentrar em seus seios. Deslizei minhas mãos por suas costas antes de abrir o fecho de seu sutiã. O abri devagar ao perceber que estava com pressa, seria legal torturá-la um pouco. Abri o fecho e então arranhei toda a extensão de suas costas com as minhas unhas pequenas que certamente não a machucariam, mas com certeza iriam excitá-la.
...” A ouvi dizer e, como na noite passada, me excitando apenas pelo fato de estar chamando meu nome.
Tirei lentamente seu sutiã, revelando seus seios fartos, e comecei a massageá-los enquanto encarava ao mesmo tempo. Ela fechou seus olhos sentindo a sensação que eu a proporcionava e, sem esperar muito, tirei sua calcinha logo em seguida. Foi meio difícil, considerando o fato que ela estava no meu colo, mas nada que impedisse que a calcinha ficasse no chão em poucos segundos. Voltei a segurá-la em meus braços e deslizei as mãos por suas coxas até chegar em sua intimidade. soltou todo o ar de seus pulmões, dando um gemido baixo ao sentir meus dedos estimulando seu clitóris. Com o tempo, a respiração falha de foi aumentando e ela chegou ao seu ápice. Ela deu um sorrisinho fraco, casualmente depositando a cabeça em um dos meus ombros e ficou ali por um tempo. Seu corpo estava ficando estranhamente mole e pesado sobre o meu depois de um tempo que ficamos ali só ouvindo as gotas colidirem com o piso de cerâmica do banheiro.
?” Perguntei e puxei seu rosto para vê-lo e parecia estar praticamente inconsciente se não fosse pela tentativa inútil de abrir seus olhos quando eu a chamei. “Que foi?” Senti um desespero e um nervosismo me atingirem num estralo. “?”
“To ficando meio tonta. Tenho pressão baixa.” Entendendo o que estava acontecendo, imediatamente abri mais o registro deixando a água um pouco mais gelada, aos poucos foi voltando ao seu consciente, mas ainda aparentava estar um pouco fraca. “Vamos sair daqui.” Ela disse um pouco sonolenta enquanto apoiava seus braços nas paredes do boxer.
“Espera aí, já vamos.” franziu o seu cenho ao ver que minha intenção era terminar o seu banho.
“Não, ...” Ela começou a dizer, mas meus atos foram mais rápidos de que suas palavras. Peguei o shampoo de depositei diretamente em seus cabelos, os massageando de uma forma que fizesse relaxar.
“A água tá boa assim?” Perguntei e ela assentiu.
“Desculpa...” Ela disse, meio envergonhada, e cruzou seus braços em volta do próprio corpo novamente.
“Não é sua culpa.” Eu disse com sinceridade e até com um tom um pouco rude. Não queria que ela pensasse desse jeito.
Depois de tirar o restante de sujeira que havia ficado em seu corpo devido a guerra de comida que tínhamos feito, tirei-a do boxe e a enrolei numa toalha. Segurei as pernas de e a segurei no meu colo até chegarmos à sala.
“Fica quieta aí que eu já volto. E não tente levantar.” Falei num tom autoritário e apenas deu um risinho baixo enquanto se encolhia no sofá. Voltei ao banheiro, tomei um banho rápido, mas ao mesmo tempo eficaz. Mas mesmo que eu me esforçasse pra não deixar esperando, eu estava incrivelmente mais sujo que ela, então demorei um certo tempo tentando tirar os restos de casca de ovo de meu cabelo. Quando me senti devidamente limpo, fechei o registro e fui até a sala me sentindo incrivelmente gay com uma toalha enrolada na cintura. Ri de mim mesmo e observei . Ela tinha me obedecido, ficou lá da mesma maneira que eu a havia deixado, exceto que estava vestindo minha camiseta branca novamente.
“Gostou dela, né?” Eu disse, apontando para a camiseta, e deu um sorriso frouxo. “Que foi? Não está bem ainda?” Perguntei confuso.
“Só estou te dando trabalho hoje, desculpa.” Ela se revirou no sofá e eu pude ver o seu machucado novamente.
“Não está dando trabalho nenhum. Você tem um kit de primeiro socorros ou algo do tipo?” Sinceramente, não achava trabalho algum cuidar de . Eu até me achava importante, gostava de ver que ela precisava de mim nem que seja para um curativo.
“Está no meu quarto, na primeira gaveta da escrivaninha.” me respondeu e eu fiz o que ela disse, busquei o kit e sentei-me ao lado dela para finalmente cuidar de seu joelho. Olhei para o corte, ele não era muito grave, mas também não era qualquer machucado, acho que iria demorar um tempo para cicatrizar e mesmo assim alguma cicatriz ficaria. Quando passei a água boricada em seu machucado, deu um gemido baixinho e fez uma careta.
“Calma, agora só falta colocar o curativo.” Eu disse e então fiz o melhor que pude fazendo um curativo mais ou menos decente. Ela sorriu ao ver que eu tinha terminado e se aninhou em meus braços. “Obrigada.” Ela sussurrou em meu ouvido e eu sorri.
“Obrigado nada, você está me devendo algo.” Eu sorri malicioso, pensando no que havia acontecido no banheiro; me olhou confusa até entender do que eu estava falando. Levantei as sobrancelhas e pareceu se lembrar, um sorriso divertido surgiu em seus lábios e então ela começou a deslizar suas mãos pelo meu pescoço e barriga, me fitando diretamente nos olhos. Senti um frio na espinha quando suas mãos passavam muito perto da minha virilha, , percebendo isso, repetiu a ação algumas vezes e logo depois, sem aviso prévio, acariciou meu membro sobre o tecido da toalha. Prendi minha respiração, sentindo toda aquela excitação me atingir mais uma vez.
“Pode deixar, senhor, agora é minha vez de cuidar de você.” Então ela se inclinou para cima de mim e me beijou. Sua mão ainda acariciando meu membro, fazendo minha respiração ficar falha. Eu continuava a olhar seus olhos que transbordavam malícia e mistério, olhei intensamente dentro deles e não recuou, continuou me olhando enquanto aumentava seus movimentos sobre a toalha. Automaticamente, sem nem pensar no que estava fazendo, segurei a mão de mais firme no local e então ela se inclinou mais ainda, colocando uma perna em cada lado do meu corpo, se sentando sobre meus joelhos e ficando de frente para mim. Levei minhas mãos até seus quadris e aos poucos fui levantando a camiseta e, como suspeitava, estava sem nada por baixo. Senti meu membro latejar mais ainda devido a isso, segurei firme em seus seios por cima da camiseta e sorriu, vindo em minha direção e mordendo mais uma vez meu lábio.
Como sempre, sem aviso prévio, tirou a minha toalha de uma vez só, revelando meu membro rígido. Ela deslizou a língua sobre meu lábio e então segurou meu membro em suas mãos, masturbando-o lentamente. Soltei todo o ar que existia em meus pulmões e apertei mais ainda seus seios. Eu os queria à mostra, então, sem paciência para botões, abri a camiseta com uma certa violência que fez com que alguns dos botões estourassem ou até mesmo descosturarem da camiseta, abri até o ponto em que poderia ver seus seios e os segurei em minhas mãos, os massageando enquanto se concentrava em me dar prazer com suas mãos. Os movimentos foram aumentando e eu revirei meus olhos, sentindo o prazer que estava me dando.
Eu estava ficando louco, queria estar dentro dela o mais rápido possível e, então, com movimentos rápidos, a fiz sentar no meu membro sem nem ao menos pedir permissão. soltou um gemido alto, fechando fortemente seus olhos.
“Gosta disso, né?” Eu falei delirando em meus pensamentos, começou a se mexer sobre mim, deslizando seu sexo no meu membro deliciosamente.
“Aham.” jogou sua cabeça para trás e eu fiquei fora de mim ao ver aquela visão de seu pescoço nu e seus seios à mostra. Eu tinha que ficar no comando, eu queria fazê-la sentir a mesma excitação que ela me proporcionava.
Joguei no sofá e comecei a dar investidas fortes nela, que arfava, sem ar, dizendo meu nome baixinho, pelo jeito ela já tinha visto que eu amava quando chamavam meu nome durante o sexo, então estava se aproveitando disso. Senti que não demoraria muito para que eu atingisse meu objetivo e e eu chegamos ao clímax juntos, ela deu um último gemido baixinho e entrelaçou os braços em volta de mim. Demorou um certo tempo para que nossas respirações voltassem ao normal. se alinhou em meus braços e ficou com os olhos fechados enquanto brincava de morder o próprio lábio. Ela tinha esse hábito.
...” A ouvi dizer mais uma vez. Sorri olhando para ela e dando vários selinhos em sua boca.
“Sim?” Perguntei, provocando-a, e ela sorriu, dando tapinhas no meu ombro.
“Seu broxa.” Ela deu de língua “Tem algum baseado aí?” perguntou com a maior naturalidade e eu neguei com a cabeça. Eu não era do tipo que era viciado em coisas, eu fumava um de vez em quando, cheirava pó de vez em quando, mas nunca me viciei em nada. Nem ao menos em cigarro. Eu podia ficar dias sem usar droga nenhuma, podia ficar até meses sem fumar nada que não iria sentir tanta falta. Até me sentia mal por usar bem mais drogas do que eu. Não por mim, mas sim por ela. Tão bonita, tão perfeita... Ela não precisava disso.
“Não.” Falei, sinceramente, e ela fez uma careta desapontada. “Falando nisso, acho melhor eu ir pra casa agora.” Disse, lembrando de que precisava saber como tinham ido as coisas com os traficantes ontem à noite.
“Por quê?” perguntou, me segurando em seus braços “Você ainda tem que vir aqui limpar toda essa bagunça.” Ela disse, apontando para cozinha, onde a única coisa que eu conseguia ver eram manchas de sujeira.
“Eu?” Perguntei indignado e assentiu que sim.
“Lógico, você que começou.” Ela deu de ombros e se levantou, ajeitando a camiseta. “Então você arruma enquanto eu seco sua boxer com o secador, ou você vai pelado para casa?” Pensei no que ela havia dito, era melhor ela secar minha cueca antes de eu ir, afinal, seria complicado sair apenas de calça e sem boxer nenhuma por baixo, ainda mais sem camiseta, porque aparentemente se apoderou da única que me pertencia.
“Ok.” Disse, observando aquela cozinha imunda “Mas você vai vir aqui ajudar depois, mocinha.” Eu falei, enrolando a toalha novamente em volta da minha cintura e me sentindo, novamente, uma bicha. Peguei um saco de lixo e caminhei até a cozinha. Aqui vamos nós.

Depois de preencher um saco inteiro de comida e lixo, tentei jogar água nas manchas das paredes, mas era meio inútil.
“Deus, você não tem uma empregada?” Perguntei e gritou que não, suspirei e tentei ao máximo deixar a cozinha apresentável, mas não deu muito certo. apareceu depois de alguns minutos com a minha boxer em suas mãos e olhou para as paredes, fazendo uma mini careta.
“Deixa, acho melhor chamar a empregada da vizinha pra vir arrumar isso aqui.” deu de ombros e se sentou novamente no sofá.
“Então TEM uma empregada.” Olhei incrédulo para ela, que me fez ficar ali naquela cozinha no mínimo uns 20 minutos tentando concertar o que havíamos feito.
“Ter, tem, mas ah... Não queria gastar dinheiro com isso. E além do mais, você é ótimo de cinderela.” soltou um risinho.
“Que maldade, me faz de empregada e ainda me faz faltar no colégio.” Eu disse, enquanto me sentava ao lado dela para colocar minha boxer seca.
“Não foi só minha culpa não. E não finja que você se importa com isso, porque eu sei que não.” Ela deu um riso e eu concordei, na realidade, não me importava muito com esse negocio de faltar, sendo que eu vivia matando aula com , e . “Posso te pedir uma coisa?” perguntou, mordendo seu lábio inferior. Assenti. “Vai comigo no mercado depois? Acho que fiquei sem nada.” Ela riu, confirmando o óbvio.
“Vamos sim.” Sorri para ela fechando o zíper da minha calça e colocando o terno em cima do meu peito nu. riu alto.
“Nossa, você está muito sexy.” Ela disse e eu ri junto, deveria estar ridículo daquele jeito.
“Fazer o que, né, roubaram minha camiseta.” Eu disse e deu de ombros, indicando que não iria devolvê-la.
Dei vários beijos demorados em antes de ir embora e disse que mais tarde iria passar ali para nós irmos ao mercado. Ela me acompanhou até a porta e me deu um último beijo, vendo a namorada de meu tio passar pelo corredor.
“Oi, Sra. Ainsworth, a sua empregada está livre hoje?” perguntou, se dirigindo a mulher. Ela assentiu. “Pode mandá-la aqui mais tarde?” As duas continuaram conversando e eu entrei no elevador, dando uma última piscadela para antes das portas fecharem. Tudo estava bem. Tudo estava mais do que bem.



Capítulo 8

Agradeci mentalmente por não ter encontrado ninguém no elevador no percurso entre a casa de e a minha, porque considerando meu estado, eu iria passar vergonha.
Ao abrir a porta de meu apartamento, logo de cara pude observar deitado no sofá com as pernas jogadas em cima da mesa de centro. Ele estava com a sua típica expressão psicopata, segurando em uma mão o controle remoto e na outra um saco de salgadinhos. Ao seu lado estava , com uma expressão parecida com a de , mas eu sabia que no caso de aquilo não deveria ser nada além de cansaço ou preocupação.
“Como foi ontem?” Perguntei, esperando por uma boa resposta, torcendo mentalmente para não ouvir as típicas palavras... ‘Vamos, . Arrume suas coisas, nós estamos indo embora.’
“Bom, com certeza não foi melhor do que foi para você.” deu um sorriso frouxo, mas ao mesmo tempo parecia estar feliz pela minha conquista, sempre ficava animado em relação às meninas que eu ficava. Era como se ele fosse meu pai e estivesse me olhando no estilo ‘Meu filho está crescendo e eu o ensinei bem.’ Por um momento pensei como seria estranho se ele fosse realmente o meu pai... Não pela parte da paternidade sobre mim e , porque isso ele já faz há anos, mas sim por imaginá-lo junto com a minha mãe. Com certeza não era uma das melhores, imagens na minha concepção.
“Mas acho que está tudo tranqüilo, sua mãe disse que resolveu tudo, mas você sabe como ela é...” continuou me olhou e eu já soube a resposta na ponta da língua:
“Sempre mentindo.” Conclui sua frase e concordei com a cabeça. Passei as mãos pelos meus cabelos, preocupado com o que iria acontecer de agora em diante. “Ela está aqui?”
“Não, foi resolver mais problemas e conseguir mais mercadoria.” me respondeu e voltou a prestar atenção na TV. Resolvi que não adiantaria perguntar mais nada a ele, porque o que sabia era a mesma coisa que eu: nada. Minha mãe tem esse sério problema de esconder as coisas de nós, como se no final nós não descobríssemos tudo do mesmo jeito.
Entrei no meu quarto e olhei para todas as caixas de mudança com uma certa frustração. Se a resposta dos traficantes tivesse sido boa, eu até tinha considerado a hipótese de desempacotá-las. Fui até o banheiro, decidido em tomar um outro banho. Mesmo que já tivesse tomado um na casa de , eu ainda me sentia cansado e eu precisava relaxar um pouco.
Liguei o chuveiro e tirei as roupas amassadas, jogando em algum canto do banheiro. Logo senti a água quente me atingir em cheio e todas as memórias da noite passada chegarem à minha mente conforme a água deslizava sobre a minha pele. Ficar com era tão bom, eu me sentia uma pessoa totalmente diferente do que eu sou quando estou sozinho. Pensar nela fazia instantaneamente meu rosto se alegrar e meus lábios se transformarem em um sorriso. Quando eu estava com ela, tudo parecia mais fácil do que realmente é. Eu tinha ficado aparentemente mais de 17 horas na sua presença e parecia que tinha sido muito menos. Eu mal podia esperar para poder ir encontrá-la novamente. Fechei os olhos e encostei devagar minhas costas na superfície gelada da parede do banheiro, um frio percorreu minha espinha e me lembrei do que havia visto no quarto escondido de . Por que ela estava morando sozinha enquanto aparentemente tinha uma família que podia dar tudo para ela? Por que esconder todas aquelas coisas caras num quarto escuro para que ninguém pudesse ver?
Escutei alguém bater na porta e depois a voz de minha mãe abafada pelo som do chuveiro “, você pode ir ao estacionamento do prédio? Um cliente vai vir aqui de tarde e preciso de umas três caixas a mais do que temos aqui.” Dificilmente minha mãe chamava clientes para que viessem a nossa casa, estranhei, mas não disse nada. Terminei meu banho tranquilamente, escolhi uma roupa qualquer e fui até o estacionamento.
Abri a porta de trás do carro e peguei as caixas, quando estava pronto para fechá-la novamente, vi os sapatos de e o seu celular jogados perto do tapete. Inclinei-me, pegando os dois objetos em minhas mãos. Não quis pensar muito no que fazer em respeito e então simplesmente joguei os sapatos dentro de uma das caixas e coloquei o celular em meu bolso direito, seguindo de volta para o apartamento logo depois.

Após entregar as caixas para minha mãe, fui diretamente para o quarto com uma estranha rapidez e eu sabia exatamente o que estava ocasionando toda aquela ansiedade, mas tentei afogar esse sentimento, ignorando-o da melhor forma possível. Joguei os sapatos de em algum canto de meu quarto, deixando-o se misturar com a tremenda bagunça que se encontrava no local e deitei-me na cama, fechando os olhos logo depois. Eu estava com sono, deveria dormir um pouco... Revirei-me na cama e senti algo duro no lado direito da minha bunda.
“Droga” Disse, baixinho. Enfiei uma de minhas mãos em meu bolso e arranquei o aparelho de lá. Encarei-o em minhas mãos por alguns segundos e, como se fosse um bicho venenoso, joguei-o na mesinha ao lado da minha cama, voltando a fechar os olhos. Não preciso fazer isso, não há por que fazer isso. Bufei e me revirei na cama novamente... Talvez eu devesse trocar de roupa e fechar as cortinas para poder dormir melhor, ou talvez eu devesse me juntar a e na sala para assistir algum programa de televisão... Ou talvez eu tivesse que estudar para as últimas semanas de provas que estavam para chegar, ou, simplesmente, talvez... Eu deveria resolver essa merda de problema que está me atrapalhando.
Abri os olhos e segurei o celular em minhas mãos novamente. Seria a coisa certa a se fazer? Eu poderia descobrir algo que não iria gostar, mas... Ah, foda-se.
50 chamadas perdidas e 3 mensagens. Fitei o visor por alguns segundos e conferi de quem eram. 20 das chamadas perdidas eram de sua mãe e 30 eram de alguém chamado Ethan. Suspirei fundo, pensando em quem poderia ser mais preocupado com do que seus próprios pais. Agilizei meus dedos rapidamente procurando as mensagens e apertei o botão, cauteloso, sentindo um certo medo do que estava por vir.

, você já deu seu show de atenção, já sabemos. Em pouco tempo vamos saber onde você está, então volte para casa para poupar nosso trabalho.
De: Mãe

Você está bem? Precisa que eu leve mais dinheiro? Quer que eu pegue mais coisas da sua casa? Por favor, me ligue, estou preocupado.
De: Ethan

Em poucos dias vou te visitar, estou preocupado por você não me dar noticias. Espero que esteja bem, pequena. Se cuide.
De: Ethan

Meu estômago revirou só de pensar em quem era Ethan e, pelo carinho e pela preocupação, não era uma pessoa qualquer. Passei as mãos pelos meus cabelos e olhei para o relógio. Acho que já estava na hora de levar ao mercado. Fitei o celular em minhas mãos mais uma vez e balancei a cabeça, afastando os pensamentos, abri uma das minhas gavetas e o coloquei lá dentro, seja o que for, não queria pensar nisso agora. Não queria estragar a imagem bonita de em minha mente, não agora que nós estávamos tão bem.

escutou a campainha tocar e seu estômago revirou mais uma vez naquele dia, ela lutava para dizer que não se importava, mas isso estava indo longe demais e ela sabia que, bem no fundo, tudo aquilo importava e importava muito. Ela abriu a porta, encontrando os incríveis olhos do menino em sua frente, encarando-a de uma forma intimadora. Ela não sabia o porquê, mas sempre tinha a impressão de que estava vigiando cada passo que ela dava, como se ele pudesse vê-la por dentro, como se pudesse ver todos os seus sentimentos e medos. A garota disfarçou, sorrindo da forma menos tímida possível.
“Vamos?” Ele perguntou, sacudindo o molho de chaves em suas mãos com um sorriso bobo no rosto.
“Vamos.” foi até a mesa do centro, pegando sua bolsa grande e colorida. Havia vários desenhos estranhos e psicodélicos estampados pelo pano, eles eram complexos demais para que ela realmente prestasse atenção sobre o que eram. Ela só sabia que a bolsa era bonita e pronto. Isso bastava.
“Senhora Breslin, a chave e o dinheiro estão em cima da mesa, quando terminar, deixe a chave na portaria, ok?” Senhora Breslin assentiu sorrindo e depois voltou o seu olhar para a bagunça que os dois haviam feito na cozinha. Pobre mulher, mal sabia que não seria tão fácil tirar aquelas grandes manchas vermelhas de macarrão da parede bege clara do apartamento de .
tinha esticado seu pescoço para dentro do apartamento para ver com quem a garota estava conversando e, fazendo uma careta levada, voltou para o corredor, como se não tivesse nada a ver com o ocorrido. estava com uma bermuda comum e uma camiseta vermelha. Simples, mas ainda assim estava incrivelmente lindo.
“Senhora Breslin vai ter muito trabalho no dia de hoje.” disse, no momento em que os dois entraram no elevador.
“Vai mesmo, coitada.” balançou sua cabeça ao pensar que não teria coragem de enfrentar aquela bagunça sozinha, ela não conseguiria. “... Não queria ser chata, mas... Você encontrou meu celular?” Ela perguntou com uma certa insegurança, precisava de seu celular.
“Não.” Ele desviou seu olhar do dela, encarando os próprios pés e, assim que o elevador abriu, ele saiu rapidamente. mordeu seu lábio inferior sem entender muito a sua reação, mas ignorou ao lembrar dos sérios problemas que teria se não achasse seu celular o mais rápido possível.

“Molho de tomate?” perguntou enquanto os dois caminhavam tranquilamente pelo mercado vazio. estava segurando o carrinho e ele estava de frente para ela, andando de costas, analisando cada produto das prateleiras e perguntando à garota o que estava faltando em sua casa. A realidade era que estava faltando tudo, mas isso estragaria a brincadeira.
“Macarrão?” Ela assentiu e jogou o pacote dentro do carrinho.
“Na real, temos que comprar coisas mais fáceis.” Concluiu a garota, dirigindo o seu carrinho até a sessão de salgadinho, bolachas e todas essas besteiras que não se precisa fazer trabalho nenhum para consumi-las, apenas abrir o pacote.

I could stay awake just to hear you breathing, watch you smile while you are sleeping, while you're far away and dreaming… I could spend my life in this sweet surrender, I could stay lost in this moment forever.

reconheceu a música do Aerosmith ecoando pelo ambiente e olhou para cima observando que a música vinha de uma das caixas de som do mercado.
“Every moment spent with you is a moment of treasure…” Automaticamente a garota cantou baixinho junto com a música e olhou para , que estava sorrindo abertamente para ela.
“Don't wanna close my eyes, I don't wanna fall asleep 'cause I'd miss you baby and I don't wanna miss a thing…” Ele cantou para ela, hipnotizando-a com aqueles olhos profundamente convidativos. Então, pegou uma garrafinha de catchup e colocou em frente da própria boca fingindo que era um microfone. “Cause even when I dream of you, the sweetest dream would never do... I’d still miss you baby, and I don't wanna miss a thing” Ele continuou o segundo trecho da música, segurando a mão de e sorrindo.
A garota, sentindo-se totalmente dopada pela situação, deixou o pacote de bolacha que estava em suas mãos cair automaticamente dentro do carrinho sem que ela nem percebesse. E, então, como se algo estivesse estralado dentro dela, piscou brevemente seus olhos e observou uma velhinha no final do corredor olhando feio para eles. abriu um sorriso enorme para ela, como se a tivesse provocando, e voltou a olhar para . Ele agora estava colocando a garrafa de captchup na frente de sua boca, indicando que era sua vez de cantar. balançou a cabeça, mas segurou firme no seu pulso e sorriu novamente.
“Laying close to you feeling your heart beating and I'm wondering what you're dreaming, wondering if it's me you're seeing…” Cantou baixinho, envergonhada pela situação e franziu seu cenho, fingindo estar bravo pelo seu comportamento.
“Mais alto.” Seus lábios disseram pra ela.
“Then I kiss your eyes and thank god we're together and I just want to stay with you, in this moment forever, forever and ever” Cantou um pouco mais alto e segurou seu rosto, selando seus lábios durante um tempo. sentiu os lábios dele se afastarem de repente, mas não foi capaz de abrir os olhos por alguns segundos. Ela sentiu seu estômago revirar de nervoso e um sentimento estranho tomar conta de seu corpo. E, quando finalmente abriu seus olhos, encontrou de joelhos em sua frente. Ele riu da própria situação e voltou a cantar:
“Don't wanna close my eyes, I don't wanna fall asleep ‘cause I'd miss you, baby and I don't wanna miss a thing. 'Cause even when I dream of you the sweetest dream will never do, I'd still miss you, baby and I don't wanna miss a thing.” Ele ergueu uma de suas mãos e apontou o seu dedo indicador para a garota. olhou ao redor para ver se alguém estava os vendo, mas não encontrou ninguém, imitou seu gesto e, ao chegar à mesma conclusão que ela, deu de ombros e encheu seus pulmões de ar para cantar a próxima estrofe. “I don't wanna miss one smile, I don't wanna miss one kiss… I just wanna be with you, right here with you, just like this…” Então ele se levantou e veio ao seu encontro, puxando para perto dele. E, quando ela achou que ele iria lhe dar mais um beijo, a fez girar pelo mercado, tentando forjar uma dança. Ela sentiu uma certa tontura quando parou e a segurou novamente em seus braços, abraçando seu corpo. olhou para cima, encontrando os olhos dele, e sorriu.
“I feel your heart so close to mine and just stay here in this moment for all the rest of time yeah, yeah, yeah, yeah, yeah!” Ela cantou, sentindo a ironia da música a atingir em cheio, ela realmente queria ficar naquele momento para sempre. A garota sentia que seu lugar era ali, junto a ele. escutou a risada de ecoar pelo corredor, ele segurou seu rosto entre suas mãos e a beijou. Por um momento parecia que ela tinha sentido todo o chão sumir sobre seus pés e a sensação estranha encontrar seu estômago novamente.

“Acho que extrapolei todos os limites de gayzisse do mundo” disse, rindo após desgrudar seus lábios dos dela e ela balançou a cabeça indicando que não. Os dois ficaram mais um tempo abraçados, olhando diretamente nos olhos um do outro e mentalmente dando graças a Deus por não ter ninguém no mercado naquele horário, afinal, seria muito constrangedor e até mesmo engraçado se isso acontecesse. No mesmo tempo em que pensou isso, encostou sua cabeça no ombro de , olhando para o final do corredor e avistando uma criatura de cabelos loiros vindo correndo na direção deles e quebrando totalmente o clima.

, você por aqui!" Ela disse, aproximando-se. automaticamente fez uma careta ao lembrar que ela já tinha ficado com algumas vezes.
“Oi-i, Brittany.” respondeu sem jeito, o que fez a garota se irritar mais ainda e revirar seus olhos em sinal de reprovação. Ela saiu de perto no exato momento e foi colocar mais alguns suplementos em seu carrinho.
“Faz tempo que não te vejo.” Ela deslizou uma de suas mãos pelo braço de e olhou para . “Oi,
“Oi.” Ela respondeu, sem interesse, querendo mesmo mandá-la catar coquinho, mas tudo o que fez foi virar o rosto e observar o que faltava em sua compra, saindo do corredor logo depois e querendo bater em si mesma por ser tão burra. Ela podia ouvi-los conversando animados enquanto se afastava, sentindo uma pontinha de ciúmes surgir em seu peito. Ela franziu o cenho e tentou negar isso mais uma vez, empurrando seu carrinho cada vez mais rápido para longe daquele maldito corredor. Nunca havia sentido ciúmes, por que sentiria agora?


“Então, vou dar uma festa hoje lá em casa. Você pode vir?” Brittany me perguntou, quase se esfregando em mim, rolei meus olhos disfarçadamente. Eu estava com uma certa raiva dela, afinal, ela tinha estragado meu momento ultra gay com .
“Sim, acho que podemos...” Olhei para trás para procurar , mas ela não estava ali. Senti meu estômago afundar de um jeito estranho e olhei para frente, vendo que Brittany estava com uma de suas sobrancelhas levantadas, querendo silenciosamente insinuar alguma coisa. “Sim, podemos.” Respondi por nós dois, sem pensar duas vezes.
“Ela vai junto?” Brittany perguntou, com uma certa arrogância.
“Achei que você estava convidando nós dois. Mas tudo bem, se você não quer que ela vá, nós não vamos.” Perguntei-me se eu estava fazendo o certo, afinal, eu e não tínhamos nenhum compromisso, então eu não podia comprometê-la como minha acompanhante nos lugares.
“Tudo bem, . Desde que você apareça sozinho para me dar um oi, está ótimo.” Brittany sorriu e me deu um beijo no canto da boca antes de sumir pelo mercado com seus amigos. Fui imediatamente procurar por e a encontrei na sessão de bebidas, enchendo seu carrinho com garrafas de suco de laranja e vodka.
“Desculpe por isso.” Falei, sinceramente. se assustou pela minha entrada repentina e deixou cair bruscamente uma garrafa de suco no carrinho. Então, voltando à sua postura, ela me olhou e deu um sorriso frouxo e até um pouco cínico.
seguiu andando nos corredores sem falar muito, perguntei-me se ela estava com alguma espécie de ciúmes e isso até seria bom, por um lado.
“Brittany nos chamou para uma festa na casa dela, hoje à noite.” Disse, voltando a ficar de frente para o carrinho de e tomando cuidado para não esbarrar em nada por estar andando de costas.
“Hmm... Convidou a gente ou você?” perguntou, com um sorrisinho, querendo insinuar alguma coisa.
“A gente.” Menti, mas só porque eu queria mesmo ir numa festa de verdade com .
“Ah, não sei. Mas qualquer coisa te encontro lá.” deu de ombros e eu percebi que tinha voltado a estaca zero, ela tinha voltado com seu comportamento frio e indiferente.
Forcei um sorriso, sem saber direito o que fazer, e se dirigiu até o caixa.
Quando a funcionária terminou de passar toda a mercadoria, deu uma olhada assustada para o computador onde indicava o preço da compra.
“Droga.” Ouvi-a dizer, enquanto olhava dentro de sua carteira. “Tem certeza que isso tá certo?” Ela perguntou para a funcionária, que indicou que sim com a cabeça. Fui até ela, entendendo o acontecido. “Droga, droga, droga.” disse, enquanto colocava uma de suas mãos na testa, indicando nervosismo.
lutava para encontrar uma solução dentro de sua bolsa, revirando-a de todos os jeitos, parecendo rezar para que alguma nota aparecesse por um milagre em algum bolso escondido, então nem reparou quando retirei uma boa quantia de dinheiro de minha carteira e entreguei para a funcionária do mercado. Ela me olhou confusa, mas mesmo assim aceitou o dinheiro e fechou a conta. Segurei as sacolas e fui até a .
“Vamos.” Disse a ela, que olhou para todas as sacolas e franziu o cenho.
“Mas...”
“Eu paguei, vamos.” Não esperei por ela, fui até o carro e coloquei as sacolas no porta-malas. Ela tinha se oferecido para carregar algumas, mas eu não quis aceitar. Além do fato de ela ser uma garota, eu estava meio bravo com ela por estar brava comigo, então eu meio que queria bancar o babaca machão.
“Por que você fez isso?” Ela me perguntou, parecendo um pouco brava.
“Porque você não tinha dinheiro, simples.” Entrei no carro enquanto estava do lado de fora, ainda parecendo confusa pelo ocorrido. “Entra.”
ia dizer algo quando entrou no carro, mas optou por ficar quieta e assim foi o percurso inteiro do mercado até o apartamento. Depois de ter insistido muito, deixei levar os pacotes mais leves do carro até o seu apartamento. A teimosia de era uma coisa adorável, mas ao mesmo tempo irritante.
“Hm... Obrigada. Eu te pago depois.” disse, antes de fechar a porta na minha cara. Revirei os olhos. Maldita Brittany, queria que ela explodisse naquele momento, foi tudo culpa dela.
Cheguei em casa mal humorado e não olhei direito na cara de ninguém. Fui até meu quarto, tranquei a porta e me joguei na cama. Quando eu estou muito bravo, o que me acalma mesmo é ficar sozinho e dormir; era isso que eu iria fazer.
Acho que eu dormi durante umas oito horas, mais ou menos, não sei ao certo. Só me lembro de ter acordado com um som estridente vindo da gaveta ao lado da minha cama. Abri os olhos e encontrei a escuridão, assustei-me um pouco por isso, não pensei que tinha dormido tanto. Eu não conseguia enxergar muita coisa, meu quarto estava apenas iluminado pela luz de um poste que ficava bem em frente a minha janela e, além disso, o sono me impedia de racionar direito, deixando minhas pálpebras extremamente pesadas. Mas aquele barulho não parava, então abri imediatamente a gaveta e encontrei o celular de tocando. A luz forte e branca veio diretamente em meus olhos, clareando o quarto e me dando uma dor de cabeça imediata. Olhei por alguns instantes o visor, sua mãe estava ligando mais uma vez. Os segundos que fiquei parado apenas segurando o aparelho em minhas mãos pareciam intermináveis... Eu não sabia o que fazer, deveria atender ou não?
Antes que eu tivesse a chance de me decidir, de repente o barulho parou e o visor se apagou, deixando o quarto escuro novamente.
Suspirei aliviado e fechei meus olhos novamente, sentindo o travesseiro afundar quando repousei minha cabeça na intenção de dormir mais pouco.

Senti meu corpo pular automaticamente por causa do susto. Que merda de celular! Segurei-o em minhas mãos novamente e antes que eu pudesse ter noção do que estava fazendo, atendi o aparelho, arrependendo-me no momento em que o fiz.
“Alô?” Respondi e escutei a pessoa do outro lado soltar um suspiro impaciente.
“Por que você ainda está com o celular da minha filha? Cadê ela?” Não sabia o que responder, não sabia nem por que eu tinha atendido a ligação, mas eu precisava entender o porquê de tanto mistério vindo da vida de .
“Onde você mora?” Perguntei, sem restrição. Eu simplesmente precisava saber. Não sei se era porque minha curiosidade era maior do que eu mesmo, ou se era porque se tratava de , ou se era porque eu estava com sono demais para pensar direito... Não sei. Eu apenas tinha necessidade de saber o que estava acontecendo.
“Por quê? Menino petulante! Eu te digo que...” A voz da mulher foi sumindo aos poucos, ouvi-a cochichar com alguém.
“Olhe, não me interessa onde está. Só queremos saber se ela está bem, quero dizer, se não morreu ou algo do tipo...” Um homem atendeu a ligação, pensei se era ele que tinha dito aquelas coisas da última vez que atendi o celular de . Ele não aparentava nenhuma emoção, nenhum interesse verdadeiro em sua voz.
“Sim, ela está bem. Mas, quero saber, afinal, de onde vocês são?” Eu sabia que tinha um pouco de arrogância na minha voz, mas eu não sabia a melhor maneira de perguntar isso e nenhuma desculpa idiota para enganá-los.
“Port Angeles, mas se você está pensando em seqüestrá-la e pedir dinheiro em troca, não iremos fazer isso!” O homem disse ríspido “John, não faça isso!” Escutei a voz da mãe de dizer ao fundo. Escutei mais alguns cochichos e ela pegou o telefone novamente.
“Rapaz, o que você quer?” Ela perguntou. Ouvi o homem reclamar de mais alguma coisa e então ele se calou.
“Quero conversar com a senhora, onde posso encontrá-la?” Não sabia ao certo que eu estava fazendo, mas eu queria ajudar , mesmo que seja sem ela saber.
A mulher, mesmo desconfiada, deu as instruções para chegar lá. Anotei tudo especificadamente num caderno e desliguei o telefone, garantindo a mulher que, em menos de duas semanas, estaríamos lá. Como as aulas iriam acabar daqui alguns dias, não teria problema levar em uma viagem. Pensei em como iria fazer isso sem que ela percebesse, mas era preciso.
Olhei para o relógio, que indicava que eram dez horas da noite. Resolvi ir à festa de Brittany e pretendia levar comigo. Coloquei uma calça jeans escura, uma camiseta cinza simples e um tênis qualquer. Pensei em devolver o celular de agora que eu já tinha conseguido o endereço de sua mãe... Mas ela poderia contar a que tinha falado comigo e isso era muito arriscado. Joguei o celular mais uma vez na gaveta e fui até o apartamento de , decido a fazê-la sair comigo e perdoar todo aquele lance com Brittany.

Girei a maçaneta, já sabendo que a porta estava aberta, e encontrei sentada no sofá, tomando uma garrafa de vodka e olhando para TV sem interesse nenhum. Ao me ver, passou as costas das mãos por seu rosto e me olhou sem interesse.
“Vim te buscar.” Eu disse, sentando ao lado dela e ri ao perceber que ela estava assistindo um desenho animado.
“Não vou sair.” Respondeu ela, dando mais um gole na garrafa de vodka e a depositando no chão. Olhei para ela alguns segundos, não me encarava diretamente, continuava com seu olhar vago para TV. “Vai você.”
“Eu só vou se for contigo.” Disse, esperando que assim pensasse duas vezes, mas ela apenas deu de ombros.
“Queria te pedir uma coisa...” disse, depois de alguns minutos de silêncio. Ela abaixou os olhos olhando pras próprias mãos e depois olhou para mim.
“Diga, qualquer coisa.” Respondi, tentando me redimir, mesmo que não tivesse feito nada de errado.
“Preciso ir para Port Angeles e você tem o carro... Eu te dou o endereço. Você só precisa me deixar na casa de... Uma pessoa.” tentava de todo jeito não me dar pistas do que ela iria fazer em Port Angeles, mas eu já sabia.
“Certo. Então pare de ser uma idiota comigo e vamos pra essa festa.” Segurei o rosto de , esperando encontrar a mesma menina que estava comigo horas atrás, deixou escapar um sorriso nos seus lábios e então deu de ombros novamente.
“Foda-se, vamos.” Ela se levantou, comunicando que iria se arrumar. Ao contrário das outras garotas, não demorava eras pra colocar uma roupa, ainda mais quando estava de mal humor, como hoje. Ela voltou para sala com um vestido branco de renda que alcançava um pouco acima da metade de suas coxas e com as suas famosas botas coturno, seu pescoço estava infestado de colares, um bem diferente do outro, deixando com que não passasse despercebida por ninguém. Bem, acho que ela não passaria despercebida nem se estivesse com a roupa mais simples do mundo. tem uma beleza natural e, quando estava arrumada, aquilo se transformava em algo sobrenatural, que nem eu mesmo conseguia entender, às vezes.
sorriu ao ver que eu encarava cada detalhe de seu corpo e então pegou as chaves em cima da mesa, indicando que era hora de nos irmos.

Capitulo 9

Não demorou muito para que eu e estivéssemos nos infiltrando na casa de Britanny. Não a encontramos no primeiro momento e eu agradeci mentalmente por isso. Não estava a fim de encontrá-la naquela festa, mesmo sabendo que era inevitável, afinal, ela era dona da casa e da festa.
A partir do primeiro momento que entramos na casa de Britanny não pude deixar de notar que não existia um ambiente da casa que não estivesse infestado de gente bêbada. Todos estavam com um copo ou uma garrafa na mão e certamente muito deles deviam estar sob efeito de drogas. Agradeci por sempre andar com o carro da minha mãe, afinal, se eu precisasse vender alguma coisa, era só me dirigir ao lado de fora da casa. Percorri meu olhar pela sala e percebi que havia várias caixas de som empilhadas num canto, fazendo com que a música ficasse tão estridente que mesmo quem estava do outro lado da rua poderia escutar. Garrafas de cerveja vazias estavam espalhadas pelas mesas e bitucas de cigarro jogados pelos cantos. Britanny tinha reservado um espaço da sala para ser uma espécie de pista de dança, várias pessoas estavam ali espremidas dançando ao ritmo de uma música da banda Black Kids.
, também reconhecendo a música, caminhou até o grupo e começou a balançar seu corpo de acordo com as batidas. Ela fechou seus olhos, jogando seus cabelos compridos conforme seu corpo se movia e eu sabia que ela não estava se importando com ninguém ao seu redor. tinha essa coisa que eu não sabia ao certo se era um defeito ou uma qualidade; ela nunca estava preocupada com o que o resto das pessoas estavam pensando sobre ela. Ela vivia no seu próprio mundo, longe de preocupações. Encontrei-me paralisado a olhando, o que supostamente eu não deveria estar fazendo, considerando o fato de que estávamos no meio de uma mini pista de dança.
(N/A: Coloquem “Little Lover’s so Polite – Silversun Pickups” para tocar).
, percebendo isso, puxou-me para perto dela. Entrelacei minhas mãos em sua cintura e comecei a ouvir a música que não soube reconhecer, mas pelo jeito sabia bem qual era. Ela levantou as mãos para o alto e começou a cantar junto com a música enquanto sorria para mim. Naquele momento, tive certeza que estava totalmente envolvido por , por seu cheiro, pelo seu jeito, por tudo que ela era e por tudo que ela fazia. fechou os olhos novamente e, no mesmo momento, os mini globos que estavam pendurados no teto começaram a rodar, fazendo com que a sala se iluminasse pelas luzes coloridas. Parecia mesmo que eu estava numa boate de verdade, mas a diferença era que, para mim, só existia nós dois naquele local.
Não conseguia prestar atenção em outra coisa sem ser em , no jeito que ela balançava seu corpo, o jeito em que seus quadris sintonizavam com a música... De uma maneira tão única. levantou suas mãos e me encarou por alguns segundos. Ela colocou suas mãos bem perto da minha pele e, sem realmente me encostar, começou a deslizá-las por uma invisível camada que, em sua mente, teria em volta de mim. Não entendi a princípio, mas não a impedi. Ela repetiu a ação pelos meus braços, depois pelos meus ombros, meu rosto e sobre meus olhos... Fitei o jeito que parecia se deslumbrar com a brincadeira, ela sorriu e finalmente tocou meu rosto. Fechei meus olhos instantaneamente e senti seus delicados dedos percorrem pela minha face até chegarem ao canto da minha boca. deslizou os dedos pelos meus lábios e antes que eu pudesse acordar do transe, ela me beijou. Senti todo meu corpo estremecer como se tivesse uma forte descarga elétrica entre mim e . Seus braços se entrelaçaram em volta do meu pescoço e eu pude sentir que naquele beijo existia algo a mais, muito além de corporal... Senti no meu peito uma chama se acender e eu desejei que não tivesse feito essa descoberta. Tentei afastar aquele sentimento, mas ele não ia embora. Cada vez que distribuía um de seus carinhos na minha pele, ele voltava cada vez mais intensificado. Abri meus olhos, esperando que aquele sentimento fosse embora a partir do momento que não estivesse mais em contato corporal comigo, mas, para minha decepção, quando abri os olhos e encarei aquele par de olhos brilhantes na minha frente, tive certeza do inegável. Eu estava apaixonado por .

Não sei por quanto tempo ficamos ali no nosso próprio mundo enquanto dançávamos despreocupados. havia roubado uma garrafa de uísque da cozinha e a cada gole que dava na garrafa, ela a entregava para mim para que eu tomasse um também. Continuamos nesse ritmo até que a minha visão ficou totalmente turva, olhei para , que agora parecia um borrão em frente aos meus olhos. E, mesmo sem ter muita certeza, eu sabia que não estava muito diferente de mim, eu mesmo tive que segurá-la várias vezes para que não tropeçasse em suas próprias botas e caísse no chão.
Eu tinha impressão de que o corpo de continuava dançando, mas na verdade parecia que ela estava dormindo... Ela nem sequer olhava para mim, ou eu achava que não olhava, afinal, nem eu conseguia olhar para ela direito.
Não agüentando ficar muito tempo sobre meus próprios pés, chamei para que fosse se sentar comigo, mas ela negou. Olhei um pouco emburrado para ela e então fui sozinho até um dos grandes sofás do lado direito da sala. Acomodei-me em um canto onde podia ter a visão perfeita de . Percorri meu olhar pela sala observando o ambiente... Um grupo de garotos que não estavam muito longe de mim organizava várias fileiras de pó sobre a mesa de vidro com um cartão de credito que parecia estar bem velho, apertando o conteúdo e deixando a carreira bem comprida para que então eles pudessem inalar o conteúdo. Um deles abriu sua carteira tirando uma nota de um dólar, ele enrolou a nota e deslizou seu rosto sobre a mesa cheirando uma das carreirinhas a sua frente.
Tudo ao meu redor parecia acontecer em câmera lenta, até os movimentos de pareciam lentos demais para a música que tocava. Fechei os olhos mais uma vez e me assustei ao ver Britanny sentada ao meu lado. Perguntei-me como ela havia surgido ali tão rápido. Eu deveria estar tirando pequenas sonecas no período em que meus olhos se fechavam e abriam.
“Então você veio, .” Ela deslizou uma de suas mãos pelas minhas pernas, fazendo com que eu estremecesse ao seu toque.
“Vim com .” Tentei me manter firme, mas estremeci quando senti o toque de Brittany bem perto do zíper de minha calça. Engoli seco, limpando de leve minha garganta e tirei sua mão dali. Olhei para ela, que sustentava um sorrisinho cínico nos lábios como sempre.
Britanny estava com um vestido branco minúsculo e transparente, podia ver a marca de seus peitos por de baixo do pano fino. Suas pernas longas e finas estavam totalmente a mostra e seus sapatos altos faziam com que ela ficasse muito mais alta do que normalmente era. Tentei desviar meu olhar, mas Britanny segurou meu rosto.
“Você sabe que quer, . Não se deixe enganar por , ela é apenas uma vadiazinha bêbada de rostinho bonito.” Minha mente não teve tempo de processar a ofensa séria que Britanny tinha feito, pois ela se inclinou sobre mim e pude sentir seu hálito entrar em contato com a minha respiração. Tentei afastá-la mais uma vez, mas Britanny segurou firme em minha nuca e me beijou. Senti sua língua deslizar pela minha boca de forma agressiva e depositei minhas mãos nos ombros de Britanny a fim de empurrá-la para longe de mim, mas tudo que eu fiz foi deslizar minhas mãos por suas costas, intensificando o beijo.
Britanny tinha um beijo relativamente bom, mas nada demais. Ela estava realmente se esforçando para que eu gostasse daquilo e inconscientemente eu estava, não podia negar. Britanny mordeu meu lábio inferior e se inclinou um pouco em minha direção. Meu corpo estava começando a relaxar, mas aí do nada a imagem de apareceu em minha mente. Senti meu cenho franzir e minha consciência pesar a partir do momento em que pensei que ela poderia estar vendo essa cena. Eu tinha meio que forçado ela a vir nessa festa e... Meu Deus, que merda eu estava fazendo? Eu sabia que gostava de . Não tinha motivos para estar agarrado com Britanny nessa porra de sofá. Fechei fortemente meus olhos e tentei o máximo não ser rude quando empurrei Britanny para longe de mim. Percorri meus olhos pela sala a procura de e no mesmo momento desejei que não tivesse o feito.
Uma onda de ódio tomou conta de mim ao ver que ela estava dançando com . Ele deslizava as mãos livremente por suas coxas e depositava beijos por seu pescoço. Ela estava de olhos fechados enquanto deixava a música penetrar em sua mente mais uma vez. Observei seus delicados lábios se moverem de acordo com a letra...
“Now I try to walk and talk, i need the extraball it’s purly physical. I think your time is now…” certamente estava muito bêbada, mas isso não justificava seu ato. Fechei meus, punhos sentindo a raiva se espalhar pelo meu corpo, como o sangue pulsando em minhas veias.
“Viu? Você acha que ela se preocupa com você?” Britanny disse perto do meu ouvido e tentou me beijar mais uma vez. Afastei-a de mim, tentando ser o menos agressivo possível para não descontar minha raiva nela e fui ao encontro de na multidão. Ela havia se infiltrado com no meio daquelas pessoas, então foi meio difícil de encontrá-la, considerando que todos estavam pulando e cantando ao som estridente que se espalhava pela casa. Quando encontrei , tive que me segurar para não me transformar em um monstro ou algo do tipo. Ela estava praticamente inconsciente, de olhos fechados e com sua cabeça inclinada para trás. Seus lábios tentavam inutilmente cantar a letra da música, mas tudo que conseguia fazer era soltar palavras sem nexo algum. Seu corpo inteiro estava mole e seus pés se moviam vagarosamente pela pista, enquanto , se aproveitando a situação, deslizava suas mãos sem censura pelo corpo de . Ela acidentalmente desviou seu olhar pela sala e me encontrou parado a sua frente. abriu um sorriso indicando que toda aquela cena era proposital. Balancei a cabeça, indignado por sua atitude e a olhei com fúria. apenas deu de ombros e continuou dançando com . Meus movimentos foram tão rápidos que, antes que ele pudesse notar, agarrei pelo braço e a arrastei pela multidão até encontrar o começo de uma escadaria que levava até o segundo andar da casa de Britanny. não disse nada, apenas me acompanhava enquanto tropeçava em seus próprios pés subindo as escadas
Ela estava realmente mal, quero dizer, nunca tinha visto daquele jeito. Achei que ela era forte para bebidas. Quando chegamos ao segundo andar, empurrei na primeira porta que encontrei, tranquei a porta atrás de mim e a observei sentar sobre o balcão de uma pia.
“Eu estava dançando, .” disse, encostando suas costas na parede do banheiro e suspirou. Senti a raiva me atingir novamente.
“Com ?” Rolei meus olhos e fui até a frente de , encarando-a diretamente nos olhos.
“Sim, algum problema? Você não pareceu se importar quando estava se agarrando com Britanny no sofá.” deu um sorrisinho cínico e me empurrou antes de sair de cima do balcão e ir em direção a porta para destrancá-la. Segurei firme em seu braço e ela cambaleou, perdendo um pouco o equilíbrio.
“Me deixa.” Ela disse e tentou estender seu braço para a fechadura, mas antes que tivesse a chance, puxei-a novamente para que ficasse em frente a mim.
“Desculpa, eu não estou no meu estado normal... Não sei o que eu estava pensando.” Eu disse, desejando ter uma desculpa melhor, mas nada vinha na minha mente.
“Você não me deve nada.” Ela disse, séria, sem demonstrar nenhuma emoção.
“Então por que você está tão brava em relação a isso?” Eu perguntei, desconfiado, e pareceu ficar sem resposta pelos primeiros segundos.
“Eu não estou.” Ela deu de ombros e se encostou novamente no balcão, fingindo não se importar com o que estava acontecendo.
“Então prove.” Levantei uma de minhas sobrancelhas, desafiando-a. Ela ficou um tempo parada, sem ter o que dizer, e depois abaixou sua cabeça, encarando os próprios pés .
“Não tenho que provar nada para você.” Ela disse, tão baixinho que, se eu não tivesse perto, não teria escutado.
“É porque não pode.” Cruzei meus braços e a encarei por um longo tempo. “Você gosta de mim.” eu disse, tentando parecer convincente, mas no fundo eu não tinha nenhuma certeza disso.
me olhou, indignada pelo o que eu havia dito, empurrando-me contra a parede fortemente e mais uma vez tentou sair do banheiro. Segurei firme em seus pulsos e a mudei de posição comigo. Observei seus olhos escurecerem de raiva pelo o que eu tinha acabado de fazer e então ela franziu o cenho, parecendo mais uma vez indignada pela minha atitude.
“Estou te avisando, ...” Ela começou a dizer, mas prendi seus lábios no mesmo instante, selando-os nos meus. na mesma hora pareceu desmoronar. Sorri ao perceber isso. Pedi permissão para deslizar minha língua livremente na sua boca. cedeu, entrelaçando seus braços em volta do meu pescoço. Senti nossas línguas se encontrarem e massagearem uma a outra enquanto a respiração de ficava cada vez mais descompassada.
Percorri minhas mãos por todo seu corpo até chegar na barra do seu vestido, procurei suas pernas roliças por de baixo dele e as apertei, fazendo dar um suspiro falhado. espalmou suas mãos pelo meu peito, puxando a minha camiseta para cima. Ela deslizou suas unhas pela minha barriga, fazendo-me arrepiar com tal ato. Fixei minhas mãos em suas coxas e as puxei para cima, pegando impulso para que ficasse em meu colo. Fazendo isso, girei nossos corpos e a depositei em cima do balcão da pia novamente. continuava deslizando suas mãos por todo meu peitoral e costas e, de vez em quando, arranhava o local com suas unhas enquanto eu lutava contra o seu vestido apertado. Eu queria tirá-lo fora, mas não conseguia encontrar nenhum zíper ou botões. Grunhi de raiva.
depositou as duas mãos em meu peito e me empurrou de leve. Tive a impressão que ela iria brigar comigo novamente, mas ela apenas se abaixou para pegar algo que estava dentro de sua bota. Ela levantou sua mão mostrando um saquinho com três pílulas dentro. Sorrindo, abriu o pacote e quando ia depositar uma delas em sua mão, segurei seu braço franzindo meu cenho para ela.
“Não, ... Nós já estamos bem bêbados e...” Tentei arranjar uma desculpa para impedi-la. Eu poderia ser o maior filho da puta traficante de drogas do mundo, mas eu não queria isso pra ela.
“E daí?” Ela deu de ombros e pegou uma das pílulas, depositando-s em sua boca. me puxou para o beijo novamente, fazendo que com a pílula se dissolvesse no meio de nossas línguas, desmanchando-se lentamente. espalmou as mãos novamente em meu peito, procurando o saquinho para repetir a ação.
“Chega. Uma já esta bom.” Segurei o saquinho e o coloquei em meu bolso, observando se irritar pelo meu ato.
“Por que você tá tão chato hoje?” Ela levantou uma de suas sobrancelhas e me analisou um pouco brava.
“Porque eu não quero que você fique mal depois.” Eu disse, seco, tentando não transparecer muita preocupação.
preocupado comigo... Hmmmm.” Ela franziu seus lábios e deu um sorriso.
“Não estou preocupado... Eu só...” Passei as mãos pelos meus cabelos, tentando achar as palavras certas.
“Gosta de mim.” deu uma piscadela, fazendo-me pagar pelo o que tinha dito antes. Só que no meu caso era totalmente verdade. Eu gostava mesmo dela. Eu era um idiota que gostava dela.
Ao ver que eu fiquei desconcertado, deu um sorriso sapeca, entrelaçando as pernas ao redor do meu corpo, fazendo com que eu ficasse mais próximo dela. Puxei suas pernas, arranhando-as com vontade por toda parte externa e interna de suas coxas. Ao sentir que eu estava perto de sua intimidade, deu um gemido baixinho, deixando sua cabeça pender para trás. Depositei vários beijos e mordidas em seu pescoço, sem me preocupar nas marcas que iriam ficar depois. segurou firme no cós da minha calça e deixou seus dedos deslizarem por dentro dela, mas sem alcançar o que de fato interessava. Ela ficou um tempo dedilhando por ali, deixando-me mais excitado e conseqüentemente mais agressivo.
Senti que toda minha excitação estava explodindo para ser exposta, eu queria agarrar , queria estar dentro dela o mais urgente possível.
Por que diabos ela tinha que brincar comigo daquele jeito? Ela sabia que eu gostava dela, sabia que eu estava correndo atrás dela como um cachorro abandonado. Ela sabia disso e merecia ser castigada por me usar daquele jeito.
Puxei-a mais pra perto, fazendo-a sentir a minha ereção. fechou fortemente seus olhos, apoiando-se em meus ombros. Ela deslizou sua língua pelo meu lábio e me beijou novamente. Já sentia o efeito da pílula começar a me atingir. Minha pulsação já estava acelerada, suava frio e a minha visão já estava um pouco embaçada. Eu já estava entrando em um tipo de viagem alucinógena quando senti as mãos de deslizarem ainda mais por dentro da minha calça. Tive que segurar minha respiração. Ela me olhou com malícia, deslizando sua mão livremente pelo local enquanto mordia seu lábio inferior.
No próximo momento, não lembro muito bem o que aconteceu. Só lembro de que eu não consegui me controlar. Espalmei as mãos sob o vestido de , arranquei sua calcinha e desci minhas calças. Antes mesmo que percebesse o que eu estava fazendo, eu a penetrei com toda força que restava em mim. Ela deu um gemido alto e apertou com força suas unhas em meus ombros, quase perfurando o local. Senti uma ardência, mas não liguei. Estoquei mais uma vez e mordeu seu lábio com tanta força que achei que ele poderia até sangrar. A excitação era tanta que só restou mais duas estocadas antes que nós dois ficássemos satisfeitos e totalmente sem ar. Ela deu dois gemidos baixinhos e abriu seus olhos, encontrando os meus. Ela arfava sem ar, tentando manter a calma.
“Você... Você é muito apressado.” Ela tentou pegar o máximo de ar possível e ficou me encarando com um sorriso em seus lábios, fazendo-me imaginar o que tanto a mais ela queria fazer comigo.
“Você me deixa fora do normal, não consigo me controlar.” Fechei meus olhos fortemente e encostei minha testa na dela. Eu queria dizer, queria contar para ela o jeito que eu estava me sentindo.
“Da próxima vez vou ter que te amarrar na cama, então.” Ela disse, brincando e deslizando suas mãos pelo meu rosto. Fechei meus olhos, sentindo seu toque e ela depositou um selinho delicado em meus lábios. “Quero dançar.”
“Comigo. Sem .” Eu disse, demonstrando um pouco de raiva em minha voz e riu.
“Tudo bem.” Ela desceu do balcão, colocando sua calcinha de volta, e ajeitou seu cabelo em frente ao espelho observando as marcas que eu tinha deixado em seu pescoço. “Porra, . Olha isso.”
“Agora todo mundo sabe que você tem dono.” Falei sem pensar e me olhou intensamente por um bom tempo. Nós estávamos nos olhando através do grande espelho que estava suspenso sobre o balcão da pia. manteve o seu contato visual comigo e não demonstrou nenhuma emoção por um bom tempo. De repente, ela apenas balançou a cabeça e arrumou seus cabelos mais uma vez.
Sem dizer nada, abriu a porta e saiu pelo corredor. Fui correndo atrás dela, sentindo-me um trouxa novamente. andava em passos firmes, mas parou na beira da escada ao me ver.
“Eu não quis...” Tentei dizer, mas apenas entrelaçou suas mãos nas minhas e levou o dedo indicador a boca, indicando que eu ficasse quieto.
“Não quero falar disso. Vamos.” Então ela sorriu e começou a descer as escadas para voltarmos para a pequena pista de dança que estava nos esperando.


Capitulo 10

Nada estava muito diferente, tirando o fato que o numero de bêbados e drogados na festa só estava aumentando. continuava com o corpo mole, quase tropeçando nas pessoas e nos objetos, mas era fascinante o jeito que ela ficava mais alheia ao mundo do que já era naturalmente. Eu e ficamos horas dançando e aproveitando o efeito do álcool com as pílulas. Com o tempo, a casa de Brittany foi esvaziando, as pessoas começaram a ir embora e outras adormeceram no sofá e até mesmo no chão. Ri pelo fato que várias vezes, enquanto estávamos dançando, quase tropeçou em algumas pessoas adormecidas. Nós não estávamos mais nos limitando no espaço que Brittany tinha reservado para a pista de dança, rodopiava pela sala rindo das luzes que giravam sobre a sua cabeça.
Percebi que nós dois estávamos sozinhos ali, apenas acompanhados de pessoas desacordadas. Fui até e segurei sua cintura, ela selou seus lábios nos meus brevemente e foi até o sofá, revistando os bolsos de um garoto desacordado; ela pegou um cigarro, um isqueiro e o acendeu logo em seguida. Observei a fumaça sair de seus lábios se misturando com as luzes coloridas que ainda giravam na sala.
caminhou até mim novamente e se sentou no chão, cruzando as pernas. Repeti sua ação e me juntei a ela, dando um trago em seu cigarro.
“Então, quando vai querer ir para Port Angeles?” Perguntei, vendo o sorriso sumir de seu rosto conforme minhas palavras estavam sendo ditas.
“Não sei... Acho melhor esperarmos as aulas terminarem.”
“Foi o que eu pensei.” Disse, pensando em mudar imediatamente de assunto para não deixar triste ou constrangida ou sei lá Deus o que ela estava sentindo, mas isso não foi preciso.
! Você por aqui? Por onde você andou que não te vi a noite inteira?” Observei descer as escadas, vindo ao nosso encontro. Ele estava muito animado, mas considerando que sempre tem esse jeito enfático, não estranhei.
“Estava aqui embaixo maior a parte do tempo.” Eu disse e deu um sorrisinho, desviando o olhar.
“Não querem ir lá pra cima? Nós estamos jogando vídeo game. E você não vai acreditar, tem uma namorada.”
abriu os braços em sinal de indignação e eu apenas ri. “Ah, não sei...” Eu disse, olhando para sem ter certeza se ela ia querer ir ou não.
“Vamos, cara. A chata da Brittany está desacordada no banheiro. Só estamos nos três e, bem... A namorada de .” Ele fez uma careta mais uma vez. Olhei para novamente que também ria do jeito espontâneo de .
“Vamos, então.” Puxei pela mão sem nem perguntar se ela ia querer ir, afinal, não queria correr o risco. “Mas o que tem de tão errado na namorada de ?” Perguntei e deu de ombros, pegando uma garrafa em cima da mesa e subindo as escadas novamente.
“Ah, nada. Só que namorar não é uma coisa boa. Não para mim, pelo menos, não é?” Ele deu um sorriso para e eu fechei a cara.
, percebendo isso, segurou firme em uma das minhas mãos, deixando-me um pouco mais seguro. Eu tinha um certo problema com ciúmes, não conseguia me controlar, e considerando que me despertava um lado extremista, provavelmente com ela seria pior.
Não dissemos mais nada, subimos as escadas em silêncio enquanto dava grandes goles na garrafa de vodka. Chegamos ao quarto de Brittany que, como o resto da casa, era extremamente grande e luxuosa. Sua cama era do tipo king size, coberto com um edredom cor de rosa berrante, o resto do quarto era cheio de enfeites coloridos, porta retratos e etc. Havia uma TV LCD bem grande em frente à cama, onde havia um vídeo game plugado. Observei e sua namorada jogados na cama aos beijos enquanto e se aprontavam para mais uma jogada. Não queria deixar no mesmo ambiente que , ela teria ficado com ele se não fosse pela minha atitude de arrancá-la de lá. Ela permanecia quieta, apenas observando o ambiente. Pensei se ela não iria me fazer passar por uma situação constrangedora e difícil tentando ficar mais uma vez com , mas acho que não seria tão cruel comigo. Pelo menos eu esperava isso.
desviou a atenção do vídeo game por um instante olhando para trás e, quando nos viu, apenas deu um sorriso e voltou a jogar. Estranhei sua atitude, mas não disse nada. Sentei-me na cama e fez o mesmo, fazendo com que e a namorada parassem de se beijar. Ele sorriu cumprimentou nós dois.
“Então, essa é a minha namorada, .” tentava se ajeitar na cama, desamassando sua camiseta branca que estava suja com conteúdos que não soube identificar, mas, considerando que todos nós estávamos acabados, aquilo não era nada. “Esses são e .”
nos cumprimentou tímida, aparentemente constrangida por conhecer os amigos do namorado. Então começamos uma rodada de vídeo games, jogamos Need for Speed e depois Guitar Hero. Nós estávamos revezando de forma aleatória enquanto e entravam numa conversa bem interessante. As duas riam alto enquanto nós gritávamos animados pelo jogo.
, você tá com mercadoria aí?” perguntou quando e se aprontavam para uma partida.
“Sim, está lá no carro.” Disse, um pouco seco. Eu gostava de , ele era um cara gente boa, não queria ficar com raiva pelo o que ele tinha feito, mas eu simplesmente não conseguia.
“Vamos lá então.” saiu do quarto e parou no corredor, esperando. me lançou um olhar desconfiado, mas eu apenas dei de ombros, indo ao encontro de .
Nós ficamos quietos até chegarmos ao meu carro que estava estacionado na frente da casa de Brittany. O céu estava laranja, indicando que o sol estava para nascer, deviam ser umas cinco ou seis horas da manhã. Abri o porta-malas e olhei para , que fumava um cigarro olhando para o horizonte.
“Quantos gramas você quer? Desculpa, cara, mas vou ter que cobrar.” Não era pelo fato de que eu estava com raiva dele, mas eu tinha que cobrar. Afinal, era aquilo que sustentava minha família.
disse que queria três pacotinhos de 10 gramas, entreguei para ele, recebendo o dinheiro em troca. Fechei o porta-malas e me encarou por alguns segundos.
“Me desculpe.” Ele disse, enquanto ajeitava os pacotinhos em seu bolso. Franzi o cenho, olhando-o com expressão de dúvida. O que ele estava falando?
“Desculpe, eu não sabia que você estava com ela.” deu um sorriso frouxo e sugou o ar de seu cigarro novamente.
“E-eu não estou... Eu acho.” Encostei minhas costas no carro, sem saber o que dizer.
“Sei, ela parece ser complicada mesmo.” sorriu, parecendo me compreender. “Você deveria ter avisado eu e os caras, ninguém iria tentar nada com ela se você tivesse dito.” Assenti, sorrindo de volta para ele e pensando no que ele havia dito. Eu deveria ter compartilhado isso com alguém e eles pareciam ser meus amigos de verdade, mas como amizade nunca foi meu forte, não pensei nessa possibilidade.
“Obrigado, cara.” Falei sinceramente e ele apenas, assentiu apagando o cigarro e voltando para dentro da casa. Quando voltamos no quarto, e não estavam mais lá, franzi meu cenho.
“Elas foram arranjar mais bebida. Sua namorada é gente boa, .” disse, parecendo indignado por suas próprias palavras.
“É claro que ela é.” rolou os olhos e voltou a jogar.
“Só pra deixar claro, a está com o , então sossegue seus hormônios, .” disse e virou para trás encarando-me com uma feição perplexa.
“Só porque eu queria ficar com ela, cara?” fechou seus olhos, batendo na própria cabeça. Tudo que fazia era cômico, não dava para levar a sério, então eu apenas ri de sua atitude. “Só eu que sou sozinho nessa joça.” Então ele virou para o televisor e riu voltando a jogar.
Não demorou muito tempo para que e voltassem com umas três garrafas nas mãos entregando duas para nós e ficando com uma. abriu a garrafa sorrindo e depois consumiu o conteúdo garganta a baixo. Escutamos um barulho vindo do banheiro do quarto de Britanny e ela saiu de lá com os cabelos embaraçados e com a maquiagem borrada. O seu vestido estava praticamente rasgado e ela estava descalça. Ela ficou um tempo parada, apenas observando a bagunça que tínhamos feito em seu quarto.
“Saiam. Saiam daqui agora!” Ela grunhiu entre dentes, apontando para a porta do seu quarto.
“Opa, calma aê!” disse, colocando as mãos para cima “A gente só está jogando, espera aí um pouco.”
“AGORA!” Brittany disse alterada, olhando com raiva principalmente para mim e .
Ao ver que nós não tínhamos saído do lugar, Brittany começou a jogar vários objetos em nossa direção. Um porta-retrato atingiu a cabeça de e ele se levantou, indo em direção a porta com todos nós. Saímos correndo tentando desviar as garrafas vazias, cinzeiros e até mesmo pratos que voavam em nossa direção. Quando encontramos a porta de saída, vimos um carro luxuoso parado um pouco atrás do meu. De dentro dele saíram uma senhora e um senhor com malas de viagem.
“Finalmente em casa... Espere, quem são vocês?” A mulher nos olhou desconfiada e arregalou os olhos, já concluindo o óbvio.
“FODEU! Vamos!” gritou e eu consegui rir mesmo estando naquela situação escabrosa. Tirei as chaves do meu bolso, abri a porta de meu carro e todos entraram com certa dificuldade, considerando que o carro não era muito grande e as caixas de maconha dificultavam mais ainda. A mulher veio ao nosso encontro, batendo no vidro do carro e gritando alguma coisa que não conseguimos entender. Observei pela última vez a casa de Brittany e a vi na porta com os braços cruzados, parecendo assombrada por sua mãe que parara de bater em nosso vidro e agora estava indo em sua direção.
“CHORA, DESGRAÇADA!” Ouvi dizer, abrindo a janela de trás do meu carro, e todos começaram a rir.

“Temos que ir pra escola, certo?” Perguntei, olhando no retrovisor, e observei com em seu colo e, do lado deles, e esmagados um do lado do outro. “Escola? Você tá falando sério?” fez uma careta e bateu a cabeça no estofado a sua frente, que era o assento de . “São as últimas semanas, provavelmente todo mundo aqui já passou.” Ele disse, olhando para todos, que assentiram. “Viu? Então vamos... Já sei! , vira nessa esquina.” Ele disse e eu segui as suas instruções durante o percurso, até chegarmos num bairro bem pacato.
“Nossa, onde a gente tá?” disse, franzindo o cenho, olhando para todas as casas que pareciam estar abandonadas.
“Eu morava aqui.” deu de ombros. “Só tem velhos por aqui, por isso é tão quieto.” Ele justificou, inclinando-se para frente para ver melhor as ruas. “Vira ali e para naquela esquina.” Fiz o que ele disse e paramos em frente a um prédio que parecia estar em construção fazia anos.
“Lá em cima tem um terraço abandonado.” empurrou o banco de para frente, fazendo-a bater com a cabeça no vidro. “Opa, desculpa.”
“Idiota.” passou a mão no local, tentando amenizar a dor.
Acho que ficamos por lá umas quatro horas, até o momento que todos começaram a reclamar por fome, já que não tínhamos comido nada desde ontem à noite.
“Quero ir embora.” disse, levantando-se e limpando a saia que já estava imunda. foi correndo atrás dela quando ela começou a descer as escadas após acenar amigavelmente para nós e depois para , que estava sentada na beira do prédio, enquanto fumava um cigarro e olhava o pouco movimento que tinha na rua.
“Ahhh, qual é? Eu sabia que namorada ia ser um problema.” reclamou, levantando-se também para ir atrás dos dois. estava deitado no meio do terraço, olhando para o céu, que parecia incrivelmente perto no momento. Caminhei até e sentei-me ao lado dela.
“Obrigada.” me olhou com seus olhos brilhando, eu podia ver o reflexo das nuvens neles. Eu podia até me ver refletido em seus olhos.
“Pelo o quê?” Sorri, olhando para ela. deu de ombros e entrelaçou suas mãos nas minhas.
“Nada... Só obrigada.” Ela se inclinou para encostar a cabeça em meu ombro e ficamos ali, encarando o céu por um bom tempo de mãos dadas. Senti aquela chama se acender no meu peito novamente. Mas dessa vez não quis que ela fosse embora, porque eu sabia que, mesmo que fosse pequena, essa chama também estava acesa dentro de .

Não demorou muito para que todos nós fôssemos para casa. ainda reclamava pelo fato de todos nós estarmos desanimados, afinal, férias era hora de aproveitar. Mas o meu conceito de aproveitamento era bem diferente do de . Eu queria poder ficar perto de o máximo que eu pudesse, sentindo seu cheiro e ouvindo suas besteiras.
abriu a porta de seu apartamento e deu um longo suspiro, demonstrando cansaço e impaciência, como se estivesse preocupada com algo.
“Vou arrumar minhas coisas.” Ela disse, dirigindo-se até seu quarto. Fui atrás dela, observando-a pegar uma mochila consideravelmente grande e começar a enfiar várias mudas de roupa dentro da mesma.
“O que está fazendo?” Perguntei, franzindo meu cenho.
“Acho melhor irmos já... Como disse, faltam poucos dias pro fim das aulas. Você e eu já passamos de ano.” Ela parou de colocar as roupas dentro da bolsa e me olhou. “A não ser que você não possa ir.” Ela me olhou tranquilamente esperando a resposta, mas seus dedos apertavam sutilmente as alças da mochila demonstrando que desejava que eu dissesse que não havia problema nenhum, que nós poderíamos ir à Port Angeles agora mesmo.
“Não, tudo bem. Você só me pegou de surpresa. Preciso ir pra casa arrumar minhas coisas e avisar minha família.” Eu disse e apenas assentiu, continuando a colocar todas as suas coisas dentro da mochila de maneira aleatória e sem cuidado nenhum. parecia, de certo modo, desesperada para a viagem. Eu a compreendi, afinal, ela deveria querer resolver os assuntos pendentes com a mãe.
Deixei arrumando suas coisas e fui para meu apartamento, encontrando minha mãe sentada no sofá olhando para TV com a mesma feição vazia que estava alguns dias atrás.
“Oi, mãe.” Sentei-me ao lado dela, observando que minha mãe estava assistindo um programa da National Geographic, ou seja, ela realmente não estava prestando atenção ao que estava em sua volta. A não ser que ela tenha despertado um interesse instantâneo sobre animais ou algo do tipo.
“Oi, querido...” Ela estava com um pacote de bolacha em suas mãos e as levava à boca delicadamente, dando mordidas vagarosas, mastigando-as sem pressa alguma.
“Está tudo bem?” Perguntei, preocupado pela sua atitude. Ela apenas assentiu com a cabeça vagarosamente, e aí eu tive certeza que ela não estava realmente prestando atenção em mim. “Você pode me contar.”
“Está tudo bem, . Não se preocupe.” Ela deu um sorriso que quase me convenceu. Resolvi deixar para lá, afinal, por mais que ela estivesse com problemas, tenho certeza que iria resolvê-los sem delongas, minha mãe era uma mulher forte.
“Mãe, tenho que ir fazer uma viagem por alguns dias... Com a .” Falei e ela deu um sorrisinho desconfiado.
“Só não demore muitos dias. Você sabe que podemos ter que ir embora...” Ela falou, mas se calou rapidamente ao ver minha feição.
“Você prometeu que iríamos ficar aqui dessa vez.” Falei, sentindo um aperto no coração ao pensar em deixar Seattle.
“Nós vamos, querido. Só estou dizendo que se acontecer algo...” Ela falou, deixando o pacote de bolachas na mesinha, levantando-se e colocando um sorriso no rosto. “Mas não vai. Besteira minha, pode ir.”
“Vou ligar todos os dias.” Prometi, vendo seu sorriso aumentar. “Vou arrumar minhas coisas.” Deixei a sala, indo de encontro ao meu quarto, pegando uma muda de roupas e colocando-as numa mochila velha. Peguei algumas mercadorias, caso eu precisasse, e as coloquei ali dentro também. Abri a gaveta ao lado da minha cama, pegando o celular de e vendo que havia mais chamadas perdidas e mensagens recebidas. Ignorei-as, percebendo que se eu as visse estaria invadindo a privacidade de novamente, e já era tempo de devolver a ela seu celular. Apaguei as mensagens e as chamadas perdidas em que eu havia fuçado e coloquei o celular no fundo na mochila junto com o resto das coisas. Peguei também o papel onde havia a descrição para chegar à casa da mãe de . Provavelmente iria saber como chegar lá, mas achei melhor levá-lo.
Despedi-me de e e subi novamente para o apartamento de . Abri a porta e observei umas duas mochilas em cima da mesa da sala.
?” Chamei e ela apareceu saindo do seu segundo quarto, no qual havia todas as coisas escondidas. Ela estava com aquela caixinha de jóias nas mãos e ao me ver pareceu um pouco desconcertada.
“Nossa, que rápido você.” Ela deu um risinho sem graça e foi até uma das mochilas, colocando a caixinha ali dentro. Fingi não dar importância a isso e apenas sorri para ela.
“Desculpe, se quise,r vamos mais tarde.” Disse, indo em direção à porta novamente.
“Não. Já estou pronta, vamos.” Eu a ajudei com as mochilas e, pela primeira vez, vi trancando seu apartamento. Ela riu também, percebendo esse fato, e nós seguimos até o carro. Observei que minha mãe tinha tirado, ou provavelmente mandado tirar, a mercadoria que estava nos bancos traseiros do carro, deixando aquela área limpa pela primeira vez em tempos. Agradeci mentalmente a ela, afinal, seria meio difícil viajar com várias caixas de drogas no carro. Coloquei as mochilas no porta-malas e nós seguimos viagem. Parei uma vez no mercadinho para comprarmos algo para comer durante a viagem. pegou uma latinha de energético e algumas jujubas coloridas.
“Vai demorar quanto tempo para chegarmos?” Ela perguntou, olhando para o relógio do carro e abrindo sua latinha de energético.
“Hm, acho que umas três horas e meia. Poderia ser mais rápido, mas daí teríamos que pegar a balsa.” Refleti sobre o caminho, já tinha pesquisado sobre ir à Port Angeles depois de falar com a mãe de .
“Não, odeio balsas. Vamos pelo caminho mais simples.” Ela disse, colocando uma boa quantidade de jujubas em suas mãos e levando-as à boca, aparentemente se divertindo pelo próprio ato. “Você já foi lá? Parece conhecer.” disse, embolando-se um pouco nas palavras devido ao fato de estar com a boca cheia.
“Não, só... Perguntei a minha mãe.” Menti, ligando o carro e seguindo o caminho para Port Angeles.
Não foi muito difícil, para ser honesto, era só seguir placas e perguntar de vez em quando para alguém. A viagem foi divertida na maior parte do tempo. Descobri que gostava de Beatles e então ficamos escutando suas músicas e as cantando durante a viagem inteira. Depois de um tempo, as jujubas acabaram e o sono foi se aproximando. O sol estava se pondo, deixando o céu com uma aparência meio laranja, as nuvens cinza se mesclavam na paisagem. De fato, o sol atrapalhava um pouco minha visão, mas não me incomodei, afinal, a vista era linda.
não teve a oportunidade de ver isso, pois caiu no sono depois de um tempo. Abaixei um pouco o som e a observei deitada desconfortavelmente e até um pouco torta, sobre o banco. Suas pernas estavam sobre o painel e seu assento estava um pouco inclinado para trás. Seus braços estavam soltos sobre seu colo. Ela respirava tranquilamente, parecendo sonhar com algo bem diferente da realidade.
Balancei a cabeça, pensando em me concentrar na rua. Já estávamos em Port Angeles, mas não quis comunicar , ela parecia estar tão feliz dormindo, não queria estragar isso. Levei minhas mãos aos bolsos, procurando o papel que havia guardado horas antes. Agradeci mentalmente por ter lembrado dele e observei o mini-mapa que havia feito. Era mais difícil entender ele agora, mas não tive muitas dificuldades para chegar na rua de .

Ao chegar na rua, achei que tinha errado o endereço. As casas eram todas grandes e elegantes assim como a casa de Brittany... Para ser sincero, acho que eram até mais. Parei em frente ao número 350, a suposta casa de . Desliguei o motor e fiquei um tempo só observando a parte de fora de sua casa. As paredes eram de cor bege claro, misturadas com tons mais escuros. A casa era de dois andares, o segundo andar era repleto de gigantes janelas de vidro. Observei um pequeno jardim em frente a casa, era bem cuidado e havia um caminho de pedras até chegar à porta de entrada. Até a porta parecia ser mais cara que todas as portas das casas que eu morei em toda minha vida. Ela era grande e branca, o trinco era dourado e eu até fiquei em dúvida se ele era feito de ouro ou não. Havia uma garagem mais ao fundo, mas não pude ver carros, pois estava fechada. Na realidade, não vi nenhum sinal de vida a não ser um grande pastor alemão parado em frente ao portão, olhando-me de forma curiosa. Olhei para ele por alguns segundos e depois olhei para , que nem ao menos tinha mudado de posição. Pensei por mais alguns segundos sobre o que eu deveria fazer e no fim decidi falar com os pais de antes que ela acordasse, afinal, era o que eu queria fazer antes mesmo dela me pedir para virmos à Port Angeles.
Abri a porta do carro, fui até o portão e encarei o cachorro por alguns minutos. Ele estava com a cabeça inclinada me olhando curioso, perguntei-me se ele era calmo assim mesmo, pois normalmente os pastores alemães são muito agitados. Olhei para o portão e encontrei um interfone, apertei o pequeno botão azul e após alguns segundos uma voz feminina atendeu.
“Sim?” Respirei fundo, dando uma última olhada para o carro atrás de mim na esperança de ver acordada, mas nada aconteceu. “Quem está aí?”
. Conversei com a senhora no telefone dias atrás... Sobre a .” Falei, olhando para o interfone e imaginando como seria a fisionomia de sua mãe.
“Ah, sim...” Ela disse, com um pouco de desdenho, e após alguns segundos voltou a falar “Pode entrar.” O portão à minha frente se abriu e eu caminhei pelas pedrinhas até chegar na grande porta. Olhei para o trinco mais uma vez, ainda na dúvida se ele era feito de ouro ou não. Virei meu rosto, observando que o pastor alemão continuava na mesma posição de antes.
Tentei ver melhor para ter certeza se ele não era um daqueles cachorros de cera, mas antes que eu pudesse analisar adequadamente, a porta à minha frente se abriu, mostrando a mãe de atrás dela.
Ela era baixinha como a filha, suas feições e nariz eram igualzinhos aos de . Qualquer um não iria ter dúvida alguma que eram mãe e filha. Ela forçou um pequeno sorriso e analisou minhas roupas por alguns segundos.
“Hm... Entre.” Ela disse, adentrando sua própria casa. Entrei, sentindo meus pés baterem no piso de madeira claro. O primeiro cômodo que encontrei era uma sala, mas não era uma sala qualquer, pois o tamanho era praticamente o tamanho do meu apartamento inteiro. Olhei para direita, observando que havia dois sofás grandes aconchegantes e uma poltrona onde estava sentado um homem de cabelos grisalhos. Ele assentiu para mim, soltando uma grande fumaça de seus lábios, e eu observei que era devido ao charuto que estava em suas mãos.
“Sente-se.” Ela disse, saindo do cômodo e deixando eu e o senhor a sós. Acomodei-me no sofá, sentindo meu corpo inteiro relaxar ao efeito da grande espuma que acomodava meu corpo. Olhei para a esquerda, deparando-me com uma grande estante cheia de livros que eu nunca tinha visto em minha vida.
“Interessante, não? Eu venho colecionando livros desde os meus vinte anos e trouxe todos para cá.” O homem analisava a estante parecendo orgulhoso de si mesmo.
“Sim... Muito interessante.” Menti, tentando imaginar o que havia naqueles livros de capa dura e de cor marrom.
“Você lê muito?” Ele perguntou, analisando-me do mesmo modo que a mãe de tinha feito minutos atrás. Eu me sentia desconfortável e arrependido de não ter acordado para vir comigo.
“Hm... não muito.” Respondi, e o olhar de desdenho do homem aumentou. A mãe de voltou à sala com um sorriso falso em seus lábios e uma xícara de chá em suas mãos.
“Então. Onde está?” Ela perguntou e eu pude ver que nada disso era realmente preocupação com ... Era algo diferente. “Ela tem que voltar logo para casa. Você veja, ela já não é tão nova assim... Está na hora de tomar decisões, ela deixou uma vida incompleta aqui.” A mãe de limpou a garganta e deu mais um gole em seu chá antes de depositar a xícara delicadamente em cima da mesa.
“Como assim?” Perguntei, franzindo a minha testa e me sentindo cada vez mais desconfortável pelo modo em que os olhares pairavam sobre mim. Ajeitei-me no sofá, tentando inutilmente fazer com que eles parassem, mas nada aconteceu.
“Veja, rapaz, ainda não se acostumou pelo fato de que eu e o pai dela não nos... Bem, isso não importa. Eu a dei uma vida nova, Gerard deu uma vida nova a nós.” Ela sorriu, olhando para o homem sentado a nossa frente, que ainda fumava seu charuto sem se preocupar muito com o que nós estávamos falando. “E nessa vida, eu a dei a oportunidade de não se relacionar com gente... Bom, com gente do seu tipo.” Ela deslizou seu olhar sobre minhas vestes novamente até chegar aos meus olhos e forçou um sorrisinho. Senti a raiva ir se espalhando pelo meu corpo aos poucos.
“Gente do meu tipo?” Franzi meu cenho, tentando entender aquela mulher, ela parecia que estava vestindo uma máscara, pois seu rosto nunca mudava de expressão.
“Sim, meu querido. Veja, ela estava prestes a entrar para Harvard...”
“Harvard?” Franzi mais ainda meu cenho. Eu não conseguia manter uma linha de contato entre essa realidade com a realidade de . Não conseguia vislumbrar em uma faculdade, muito menos em Harvard. A senhora me olhou intensamente por alguns segundos, tentando entender o que estava acontecendo. E, no mesmo minuto, pude ouvir o cachorro latir desesperadamente do lado de fora da casa, achei estranho, mas não dei importância.
“Sim. Harvard.” O senhor disse, finalmente largando seu charuto e entrando na conversa. “Bem, acho que não há mais nada que possamos fazer. tem o mesmo espírito que o pai dela, você sabe.” Gerard disse. “E eu não quero você em contato com esse tipo de gente.” Ele olhou firmemente para a mulher e o olhar dela vacilou por alguns segundos.
“Mas tinha uma vida aqui, eu estava conseguindo consertá-la. Foi você, não foi?” Seu olhar voltou para mim. “Foi só conhecer um delinqüente para mudar totalmente de opinião. Aquela vagabundazinha...” O olhar da senhora congelou num ponto enquanto seu cenho se franzia.
“Não fale assim dela.” Levantei-me do sofá imediatamente. E pude ouvir que o latido do cachorro ficava cada vez mais insuportável aos meus ouvidos, mais insuportável do que os pais de .
“Ela é assim, rapaz. Não vai demorar muito para você perceber. Ela não consegue se prender em nada nem a ninguém. Não quero essa menina dentro da minha casa, Norah.” O homem disse, acomodando-se melhor na poltrona, parecendo pouco se importar com a situação.
Olhei para a mãe de , que parecia deixar a máscara cair, demonstrando um pouco de insegurança.
“Vocês não merecem ter alguém como aqui.” Falei e fui em direção à porta, mas a senhora segurou-me pelo braço.
“Norah, deixe o garoto ir. Esse assunto está acabado.” Seu olhar vacilou algumas vezes e a sua mão soltou de meu braço.
“Por quê?” Ela perguntou para o marido, que apenas balançou a cabeça.
“Ela é uma drogada, Norah. Você sabe disso, e não duvido muito que esse garoto seja também, então vá embora daqui.” Ele disse, olhando novamente com desdenho para mim, fui até ele com o pulso fechado, sentindo a raiva se espalhar por todo meu corpo.
“Não fale assim dela.” Eu disse novamente e o olhei diretamente nos olhos. O homem não se intimidou, apenas soltou um riso entre os lábios.
“Eu falo como eu quiser. não passa de uma delinqüente que nem você.” Senti meu braço subir e minha mão ir diretamente até o rosto de Gerard. Ouvi um pequeno grito sair da garganta de Norah e então ela olhou para mim, desesperada.
“Vá embora! Suma daqui!” Ela disse. “Diga a que pode sumir, não quero mais saber dela.” Não sei se estava delirando, mas vi algumas lágrimas se formarem nos olhos da mãe de . Dei de ombros e fui até a porta, ainda sentindo a raiva pulsar nas minhas veias. Se eles não fizessem parte da família de , eu teria feito muito mais do que bater em seu padrasto, eu teria feito algo muito pior.
Olhei finalmente para o cachorro que ainda latia desesperadamente para o nada, desconfiei de seu comportamento, afinal, ele tinha demonstrado ser um cachorro calmo. Fui até o portão e então percebi que o cachorro não estava latindo para o nada, ele estava latindo para a porta do meu carro aberta. não estava mais lá, o banco estava vazio.

Capítulo betado por Sarah C.

Capitulo 11.
Um gelo pareceu atingir meu coração da forma mais rápida possível, como se fosse um vento forte e cortante atravessando meu corpo e ocasionando uma sensação horrível em meu peito. Olhei para os lados tentando inutilmente encontrá-la, mas não havia nem sinal de . Fiquei alguns segundos tentando imaginar o que fazer, afinal, eu não conhecia bem Port Angeles e não era possível imaginar onde ela estava.
Entrei no carro tentando procurar alguma pista, algum bilhete, mas não achei nada. Ainda escutava o latido do cachorro quando girei a chave e escutei o barulho do motor surgir. Percorri a rua vagarosamente olhando para todos os cantos que a minha visão alcançava. Com o tempo, meu desespero foi aumentando cada vez mais e esse fato se refletiu em minhas atitudes; acelerei o carro, perguntei para varias pessoas que estavam por ali se alguém tinha a visto, mas nada. Gritei varias vezes seu nome, mas não recebia resposta alguma. As ruas estavam vazias e escuras, não havia vestígio de ninguém, muito menos de . Senti meu medo crescer mais ainda quando percebi que estava chovendo e que isso iria prejudicar ainda mais minha busca. As gotas grossas caiam sobre o vidro, formando uma camada de água difícil de ser removida pelo limpador de pára-brisa, eu não enxergava nada além da estrada a minha frente. Desesperado, abaixei o vidro da porta ao meu lado e olhei pela janela, sentindo os pingos caírem sobre meu rosto, e gritei o seu nome mais algumas vezes. Não sei como consegui, mas num determinado momento, olhei fixamente para um ponto mais a frente e senti meu corpo relaxar imediatamente. Acho que se não fosse pelo fato de estar com o meu moletom, eu não a reconheceria. Ela estava sentada em um balanço de um parquinho um pouco adiante de onde estava meu carro. A chuva caía bruscamente sobre seus ombros, mas não parecia se importar com isso. Quando aproximei mais meu carro, observei que estava chorando, seu olhar estava vago, assim como de minha mãe quando estava preocupada. Seus olhos estavam manchados de maquiagem devido a chuva e o choro, toda sua roupa estava encharcada e a toca do moletom cobria sua cabeça na tentativa inútil de proteger seus cabelos. não parecia estar no seu estado normal, seu choro não parecia ser de tristeza e sim de raiva. Seus lábios estavam franzidos e ela parecia lutar contra o choro enquanto segurava com urgência o ferro em que o balanço estava suspenso.
Abri a porta do carro desesperadamente, fui até ela sentindo a chuva encontrar meu corpo em um choque térmico e fazendo com que minhas roupas se encharcassem imediatamente. Ao me ver, levou um susto, inclinando um pouco o banco para trás e me olhando com uma certa raiva.
“O que aconteceu?” Perguntei, segurando seu braço, mas se desvinculou de mim no exato momento. Mal conseguia ouvir minha própria voz devido ao barulho da chuva, então duvido que tenha ouvido o que eu disse também. “Vem, vamos pro carro.” Pedi, mas ela me ignorou. “, por favor.”
“Ninguém te deu o direito de fazer isso.” Vi uma lágrima sair de seus olhos, mas não tive certeza, afinal as lágrimas dela se misturavam com as gotas de chuva que insistiam cair sobre nós dois.
“O que, ? Eu fiz por você. Eu vim por você.” Franzi minha testa, sentindo minha franja cair sobre meus olhos, afastei-a com uma certa irritação e olhei intensamente para . “Eu não sabia.” Falei sinceramente, mas apenas balançou a cabeça e se levantou, empurrando-me e indo em direção à mata fechada que estava nossa frente. Segurei seu braço e ela me olhou ainda com o cenho franzido.
“Me larga.” Ela me empurrou novamente, apertando meus braços para que eu a largasse, mas eu não iria fazer isso. Segurei seus braços e olhei para seu rosto novamente, percebendo cada detalhe; seus olhos estavam mais brilhantes devido ao choro, a sua maquiagem estava bem fraca e os lábios incrivelmente vermelhos. Balancei a cabeça tentando afastar os pensamentos e me achando incrivelmente estúpido por pensar que estava bonita naquela situação.
, por favor.” Segurei seu rosto entre as minhas mãos, sentindo meu coração doer ao pensar que ela estava brava comigo. Eu tinha feito o meu melhor, não entendia por que ela estava brava comigo. “Eu não sei o que eu fiz, mas seja o que for, me desculpe.” Eu dizia praticamente gritando para que ela pudesse me escutar, seu olhar bravo pareceu ceder e ela me olhou confusa. “Me desculpe. Mesmo. Não fique brava comigo, eu só quis ajudar.” se mexeu inquieta e quando fez menção de tentar tirar minhas mãos de seu rosto, eu a segurei mais firme, fazendo com que ela olhasse para mim “Eu te amo.”
Senti um alívio imediato dizendo aquilo, parecia que todo um peso tinha saído dos meus ombros. Seu olhar pareceu ceder por alguns segundos e foi nesse momento que eu a beijei. Beijei-a com toda a dedicação que eu poderia dar, eu queria demonstrar para ela que eu estava apaixonado e que mesmo com toda aquela confusão, eu estaria lá para ela. Estaria do seu lado quando ela precisasse de alguém, não só nos momentos bons, mas nos ruins também, assim como havia feito minutos atrás. Por mais que ela me deixasse louco com os mistérios e mentiras, eu a amava. Ao contrário do que eu esperava, correspondeu o beijo com a mesma intensidade. Deslizei minhas mãos para sua cintura, ela desgrudou seus lábios dos meus e eu a abracei forte, fazendo ficar suspensa no ar por alguns segundos. Um sorriso fraco se formou em seu rosto, nós ficamos ali nos beijando na chuva por um bom tempo, mas ainda não parecia feliz. Ela segurou firmemente a minha mão, indicando para irmos para o carro.
Ao fecharmos as portas, um silêncio terrível se formou entre nós. não me olhava, continuava a fitar o nada, como estava fazendo minutos antes.
“Você vai me dizer o que está acontecendo.” Eu disse e liguei o carro, fez menção de dizer algo, mas se calou ao ver que eu não iria mudar de idéia. A chuva aos poucos foi parando e a escuridão da noite foi tomando conta das ruas. Eu procurava algum lugar decente para que nós pudéssemos conversar, mas tudo que eu encontrava eram bares badalados demais e lotados demais para a ocasião. Entramos em uma rua mais tranqüila e eu pude ver uma cafeteria, o local parecia não estar muito cheio, então resolvi que iria ser ali mesmo que nós iríamos ter nossa conversa. Fui até o porta-malas e peguei nossas mochilas tirando roupas novas para que nós pudéssemos nos aquecer. continuava parada, segurando firmemente os braços ao redor do seu corpo demonstrando que estava com frio. Olhei para ela e estendi a muda de roupa, ela pegou e me olhou por alguns segundos, mordendo seu lábio inferior. Ao entrarmos no local, cada um foi para um banheiro se trocar. Entrei no banheiro masculino, trancando a porta atrás de mim. Meu corpo inteiro estava gelado, mal conseguia sentir meus dedos enquanto tirava a roupa encharcada. Antes de colocá-las de qualquer jeito dentro de uma sacola, tentei espremê-las na pia para tirar um pouco da água, mas tudo que saiu foi um líquido preto. Me vesti com as roupas limpas sentindo meu corpo se aquecer aos poucos. Sequei minhas mãos em uma daquelas maquinas de ar quente de banheiros e arrumei meu cabelo de qualquer jeito, fazendo com que ele saísse de cima dos meus olhos e conseqüentemente fazendo com que eu me irritasse menos com este fato.
Quando saí do banheiro, procurei uma mesa e escolhi uma ao lado da janela da cafeteria, onde eu poderia ver o movimento da rua. Sentei-me e olhei para os saquinhos de açúcar e sal depositados em um pequeno pote à minha frente. Eu não tinha certeza se iria realmente abrir o jogo para mim, mas eu precisava saber a verdade.
Ela se sentou a minha frente, seu cashmere cinza se encaixava perfeitamente em seu corpo, os primeiros botões estavam abertos, indicando que não teve muita paciência para se arrumar, um cachecol de cor roxa estava enrolado em seu pescoço, e seus cabelos estavam completamente desarrumados e um pouco mais secos do que desde a última vez que a vira.
Ela me olhou intensamente, colocando os cotovelos sobre a mesa e deslizando as mãos pelos cabelos. Deslizei-me sobre o banco fofo da cafeteria e entortei meus lábios, sem saber ao certo o que dizer.
“Em que posso ajudá-los?” Uma funcionária apareceu segurando um pequeno bloco de notas em suas mãos. Olhei para ela desejando que a mesma fosse embora, até tentei dizer algo, mas me impediu.
“Um capuccino.” Ela falou e a moça desviou seu olhar para mim.
“Mesma coisa.” Falei sem pensar. Eu nem ao menos gostava de capuccino, apenas estava ansioso demais para prestar atenção em outra coisa a não ser .
“Interessante essa cafeteria, né? Você gosta de adoçantes? Eu odeio. Acho que acaba totalmente com o sabor do café...” Ela dizia enquanto segurava um dos pacotinhos de açúcar em sua mão e tentava disfarçar sua voz de choro com um sorrisinho nos lábios.
. Sério.” Falei tirando o pacotinho de sua mão. me olhou intensamente, decepcionada porque sua tentativa de mudança de assunto não havia funcionado. Ela respirou fundo e cruzou os braços sobre a mesa.
“Como você sabia da casa de minha mãe?” Ela perguntou paciente, parecendo não estar brava dessa vez, mas como se tratava de , eu não tinha certeza.
“Seu celular está comigo. Eu acabei...” Comecei a dizer e todo o ar paciente de pareceu sumir.
“Você tinha prometido que não ia mexer mais nele. Você falou que não sabia onde estava.” Ela franziu seu cenho, entrelaçando as próprias mãos e as apertando com certa urgência, indicando irritação.
“Eu sei. Eu sei que prometi. Mas o fato de você ter ficado tão brava me deixou curioso e...”
“E você se achou no direito de se meter na minha vida novamente. Eu te digo uma coisa, ... Você não tem esse direito, eu não te dei isso.” Ela falou firmemente e eu engoli seco, sem saber o que dizer.
“Eu sei que não...” Balancei a cabeça tentando me defender, mas me interrompeu mais uma vez.
“Se sabe, então por que fez isso?” Ela levantou uma de suas sobrancelhas e eu perdi um pouco da paciência.
“Porra, , eu estava tentando descobrir mais sobre você. O fato de você ser misteriosa e fria o tempo todo não ajuda em nada.” Passei minha mão sobre meus cabelos e tentei me controlar.
“Você não deveria ter feito isso.” Ela olhou para as próprias mãos novamente.
“Mas o que isso muda? Você não veio aqui vê-los?” Perguntei e desviou o olhar, balançando a cabeça em sinal de negação. “Então veio fazer o quê?”
Ela não me respondeu, apenas ficou olhando pela janela até a atendente vir trazer os nossos capuccinos.
“Eu deixei Port Angeles porque não agüentava mais eles... Eu precisava ir para algum lugar que não fosse muito longe, mas que fosse longe o bastante para ela não descobrir.” Ela falou sustentando o olhar em algumas pessoas que passavam na frente da cafeteria. “Então Seattle foi como a fuga perfeita... Eu tenho esse amigo, que é dono do apartamento, ele disse que eu poderia ficar lá o tempo que fosse preciso.” Então ela virou para frente, olhando para a xícara sobre a mesa. a segurou entre as mãos por alguns segundos, sentindo o conteúdo quente entrar em contato com suas mãos que provavelmente estavam frias como as minhas. Repeti seu ato, tentando prestar o máximo de atenção em suas palavras, porque tinha certeza que iria ser a primeira e única vez que ela iria dizê-las. “E então eu fui sem olhar para trás, peguei todas minhas coisas mais importantes e esse meu amigo me ajudou a levá-las. Não quero voltar, não queria que a minha mãe soubesse que eu estava ao menos viva, mas... Bem, você não ajudou muito nisso, não é?” Ela deu um sorriso forçado, mas suas palavras não estavam me condenando, só estavam constatando o óbvio. Balancei a cabeça e levei um pouco do liquido até a minha boca, sentindo meu peito queimar ao entrar em contato com o café quente.
“Não disse nada que te comprometesse. Eles achavam que eu estava sozinho.” Falei e assentiu.
“Eles não se preocupam realmente. Não sei por que ainda me procuram.” Ela disse, dando um pequeno gole em seu capuccino e o depositando na mesa logo depois. “Eu pensei em trocar de número varias vezes, mas... Não sei. Sinto que algum dia algo pode acontecer com a minha mãe e apesar de tudo, não desejo mal a ela. Se você soubesse como ela mudou...” olhou em meus olhos demonstrando sinceridade. “Ela não era desse tipo, que desdenha as pessoas e se acha superior. Nós éramos uma família bacana...” disse e fez uma careta ao ouvir as próprias palavras, e então deu um sorrisinho. “Mas minha mãe não podia agüentar meu pai. Eu compreendendo isso, e a ajudei a colocar um fim no relacionamento, mesmo que doesse muito para mim. Eu a compreendia. Meu pai é um cara muito legal, mas não foi um bom marido. Então em uma noite eu disse que a ajudaria, e ela falou que não queria casar de novo, apenas queria paz. E eu acreditei nisso.” Ela parecia se lembrar da situação perfeitamente, pois olhava fixamente para o capuccino observando como a fumaça saia da xícara e pairava no ar durante segundos e depois desaparecia. “Chamei meu pai na sala e conversei com ele horas sobre como seria melhor se ele fosse morar separado de minha mãe. E ele não concordou de primeira, mas ao ver que eu estava pedindo, ele aceitou.” franziu o cenho, parecendo se arrepender por ter feito tal ato. “Foi minha culpa, sabe? Não deveria ter feito aquilo. Se eu não tivesse pedido para que ele fosse embora, talvez...”
“Você não sabia.” Eu a interrompi, mas balançou a cabeça me ignorando.
“Deveria saber. Enfim, de qualquer modo, nos primeiros meses ocorreu tudo bem. Eu ia visitar meu pai de vez em quando e morava com a minha mãe na nossa antiga casa... Mas aí, ela começou a ver Gerard... Não sei de onde esse cara surgiu, mas tudo começou a mudar. Achei era coisa de momento, sabe? Não dei muita importância, mas quando vi ele já estava falando para nós nos mudarmos para a casa dele. Minha mãe parecia empolgada, então fiz isso por ela. No começo até pareceu legal, sabe? Morar numa casa chique como aquela...” disse e eu me lembrei do que ela estava falando, toda aquela casa deveria ser mais cara do que todo o dinheiro que arrecadei com drogas até hoje. “Mas no fim não era nada do que eu pensei que iria ser. Com o tempo Gerard começou a falar com quem eu deveria andar, em que escola eu deveria estudar, como eu deveria ser. Ele até contratou alguém para cuidar das minhas roupas...” Ela franziu a testa, parecendo ter nojo de seu padrasto, coisa que eu compreendia bem.
“E você fugiu.” Falei e assentiu.
“Fugi. Peguei todas as coisas mais importantes para mim, as roupas antigas que eu costumava usar... Peguei algumas jóias de minha mãe e algumas que Gerard tinha me dado e então comecei a vender para ter dinheiro para Seattle.” Ela disse e eu me lembrei da caixinha de jóias que tinha visto em seu quarto. “Meu amigo me ajudou muito nisso, é ele que arranja dinheiro para mim todo mês. É ele que vim ver quando te pedi para virmos para Port Angeles, afinal eu tinha perdido meu celular e não sabia o numero dele de cor...” Ela olhou para mim tentando dizer que mais uma vez a culpa daquilo tudo tinha sido minha. Mas mesmo assim ela não parecia me odiar por causa daquilo, apenas estava ali, totalmente perdida em um assunto que parecia não tocar fazia meses.
“Me desculpe, eu não sabia.” Disse e assentiu.
“O que eles falaram lá dentro?” Ela perguntou e eu fiquei inseguro se respondia com sinceridade ou não.
“Sua mãe pareceu preocupada com você, mas Gerard não demonstrou interesse. Eles não gostaram muito de mim.” Falei e apenas deixou um riso sarcástico escapar de seus lábios.
“Eles não gostam de ninguém. Perdi meus melhores amigos por causa disso.” Ela balançou sua cabeça e então fechou seus olhos. “Foi difícil acordar e me encontrar na frente daquela casa, eu jurava que estava tendo algum tipo de pesadelo... Mas então encontrei Fang parado no portão, não pude agüentar...”
“Fang?” Franzi meu cenho, tentando entender.
“Sim, o pastor alemão. Vivi com ele boa parte de minha vida, sabe? Pensei até em levá-lo comigo, mas não teria dinheiro suficiente para mantê-lo. Ele estaria melhor com todo o cuidado e dinheiro que Gerard pode dar. Mas para falar a verdade, achei que minha mãe iria se livrar dele com o tempo... Eu o nomeei de Fang por causa de Harry Potter. Sabe? O cachorro do Hagrid?” Ela falou animada e senti meus lábios se abrirem num sorriso, escutei minha risada ecoar pela cafeteria. riu de leve mas pareceu um pouco ofendida pelo meu ataque de riso.
“Você é uma criança, sabia?” Falei e segurei suas mãos sobre a mesa. Ela riu de leve me olhando. “Você não precisava ter me escondido essas coisas. Eu vou te ajudar.” Falei sinceramente.
“Me ajude amanhã então, hoje o que eu mais quero é dormir.” Ela falou, deslizando suas costas no banco da cafeteria. Terminamos de tomar nosso capuccino, paguei a conta e fui até o carro com , condenado à tarefa de achar um hotel meia boca naquela cidade, o que seria de certo modo meio difícil. Mas agora eu sabia que tinha a verdade, pelo menos boa parte dela, e ficava ainda mais fácil amar sabendo que ela tinha suas fraquezas. Parece meio rude dizer isso, mas era o que eu sentia.

Capítulo 12

Quando finalmente achei um hotel, tive que praticamente carregar até o quarto, pois ela estava cambaleando de sono. Coloquei-a na cama de casal e deixei nossas coisas ao lado de um pequeno sofá que havia no local, senti minhas costas doerem um pouco devido ao tempo que passei dirigindo. Olhei para , deitada sobre a cama velha e fofa ao lado da grande janela do quarto. As paredes estavam incrivelmente desgastadas, o papel de parede que as cobriam já estava praticamente sem cor e havia rasgos por toda parte. O abajur ao lado da cama emitia uma luz amarela fraquinha, fazendo que o quarto ficasse num ambiente estilo meia-luz.
Entrei no banheiro, encarei-me no espelho e quase não reconheci a pessoa a minha frente. Eu estava com olheiras enormes e com uma cara de alguém que não dormia fazia dias. Tirei minhas roupas e abri o registro do chuveiro, sentindo a água quente cair sobre a minha pele. Apesar de ter trocado de roupa após a chuva, eu ainda sentia que meu corpo precisava de um bom banho para se aquecer por completo. Depois de me limpar adequadamente, fiquei um bom tempo ali só sentindo a água massagear minhas costas, mas ao perceber que meus dedos já estavam ficando enrugados, desliguei o chuveiro e peguei uma das toalhas penduradas do lado de fora do box. Sequei-me e parei em frente do espelho, passando as mãos pelos meus cabelos, fazendo com que eles saíssem da frente dos meus olhos mais uma vez naquele dia.
Abri a porta e encontrei sentada na cama, organizando as jóias de dentro da sua caixinha, ela olhou para mim e sorriu de leve.
“Por que você sempre me da um trabalho danado pra te carregar até a cama e depois acorda como se não estivesse com sono algum?” Perguntei rindo ao ver que parecia agitada.
“Não sei, acho que o café fez efeito.” Ela sorriu e então levantou da cama, indo até o banheiro. “Minha vez.” Ela sorriu antes de entrar no banheiro e após alguns segundos escutei o som do chuveiro ser ligado. Caminhei até minha mochila, pegando um cigarro no bolso de fora da mesma. Acendi e observei a fumaça sair por entre os meus lábios aos poucos. Não sei ao certo porque fiz isso, mas eu precisava relaxar um pouco. O dia havia sido muito cansativo.
Fumei devagar, sem pressa. Eu só queria poder dormir tranquilamente aquela noite. Depois de um tempo, saiu do banheiro e foi até mim com um sorriso malicioso, deu uma tragada no cigarro e se dirigiu até a cama novamente. Seus cabelos molhados caiam sobre seus ombros e a toalha branca envolvia seu corpo de uma forma sexy. Seus olhos estavam limpos, sem nenhum registro de maquiagem, revelando a beleza natural de .
“Venha aqui.” Ela disse, apontando para o lugar vazio ao seu lado. Apaguei o cigarro e fui até ela, observando o numero de jóias em cima de sua cama. Nunca tinha visto tantas jóias juntas, só em filmes e propagandas de TV. “Este aqui é o meu preferido.” deslizou uma de suas mãos até um colar de pedras azuis, a cor era tão intensa que se destacava diante dos outros. Acho que eram mais de 10 ou 15 pedras, não consegui ter certeza. Não era como aqueles colares normais que tem um pingente no centro e apenas isso. Aquele colar era diferente, ele era contornado com pedras grandes e pequenas e havia vários diamantes ao redor das pedras azuis. Olhei para a imagem, encantado, e então segurei o colar em minhas mãos colocando no pescoço de e ela riu debochada.
“Estou ridícula com isso.” Ela falou, tentando olhar para o próprio pescoço. E então me afastei um pouco para olhar direito a imagem. Seus olhos incrivelmente se destacavam com a cor das pedras e seus cabelos jogados nos ombros faziam com que ela ficasse ainda mais linda.
“Não está. Está perfeita.” riu, balançando a cabeça, e fez menção de tirar o colar, mas segurei suas mãos e sentei-me melhor na cama para que eu pudesse ficar mais perto dela. Deslizei meus lábios por seu pescoço, sentindo seu cheiro me intoxicar mais uma vez. deu uma risada abafada e segurou meu rosto entre suas mãos, dando um pequeno selinho em meus lábios e então levantou da cama, indo em direção a minha mochila.
“O que foi?” Eu perguntei, meio indignado por ela ter me deixado na cama sem mais nem menos. Ela deu um sorrisinho e sentou no sofá, pegando minha mochila em suas mãos e remexendo nas coisas ali dentro. Fiquei um tempo só observando que ela iria fazer e então tirou de lá dois baseados e um saquinho com uma bala de LSD. “, não acho que isso seja uma boa idéia...”
“Só quero testar uma teoria.” Ela disse e caminhou até mim, sentando novamente no seu lugar. Abriu o saquinho, colocando a bala na palma de sua mão e cortando-a com um cartão de crédito desgastado. Após isso, colocou metade da mesma em sua língua e levou a outra na altura de minha boca para que eu fizesse o mesmo. Esperamos tranquilamente até que a pílula derretesse embaixo de nossas línguas e então deu um sorrisinho, levando um dos baseados a sua boca e o acendendo com o isqueiro.
“Que teoria?” Perguntei confuso, mas não me respondeu. Ela apenas levou o outro baseado até a minha boca, indicando que era para eu fumá-lo. Fiz o que ela pediu e fiquei olhando para o teto, sabendo que mesmo que eu insistisse na pergunta, não me responderia. Acho que ficamos um bom tempo sem falar nada até que o efeito começasse.
“Depois te digo, ou talvez nem vou precisar dizer.” disse depois de um bom tempo e deslizou uma de suas mãos para o meu rosto, fazendo-me olhar para ela, nossos olhos se encontraram. Ela deu um sorriso, puxando-me pelo pescoço e fazendo com que nós nos beijássemos.
O que aconteceu a partir daí foi algo praticamente inexplicável. Não sei ao certo se era o efeito do LSD e da maconha, ou se eu realmente estava sentindo tudo aquilo. Nossos corpos estavam soltando cargas elétricas tão altas que nem eu mesmo acreditava na rapidez dos meus atos. Nossos corpos se moviam rápido, mas ao mesmo tudo parecia estar acontecendo bem devagar. Eu mal conseguia ver o rosto de direito, mas podia sentir exatamente o que ela estava sentindo. Era como se nós estivéssemos no mesmo corpo, como se estivéssemos na mesma alma. Eu podia sentir o coração de batendo forte contra o meu peito, e eu sabia que o meu coração devia estar praticamente na mesma velocidade. Nossos corpos estavam suados e a sensação da pele quente de contra minha era como se eu estivesse encontrado o local onde eu pertencia. Eu sabia agora e eu tinha certeza. Eu sabia que mesmo que o nosso relacionamento um dia acabasse, eu nunca iria esquecer o jeito que o corpo dela se encaixava perfeitamente no meu, o jeito com que nossos movimentos estavam sincronizados, o jeito com que me beijava e me abraçava numa sintonia perfeita. Fechei meus olhos, deixando todas as sensações se aflorarem. Eu sentia o sangue correndo forte pelas minhas veias, deixando-me com a respiração falha, meu corpo parecia pesado, mas ao mesmo tempo eu não queria parar. Eu queria poder ficar nos braços dela, não queria ter que soltar naquele momento.
Senti meus braços apertarem mais forte em volta de sua cintura, então abri meus olhos e observei com a respiração incrivelmente falha. Seus lábios estavam vermelhos e ela estava com os olhos fechados, certamente tendo as mesmas sensações que eu. E então senti uma energia forte crescer intensamente entre nós quando tirei a toalha de , revelando seu corpo nu. A única coisa que ela estava vestindo era o colar. Sorri ao observar o quão bonita era a imagem na minha frente e então abriu seus olhos e não demonstrou aquela vergonha que normalmente mantinha, ela apenas segurou firme no meu pescoço e continuou me beijando. Seus lábios percorreram toda extensão da minha mandíbula até meu pescoço e orelha. Sentia todo meu corpo formigar de uma maneira estranha, como se eu estivesse com medo que aquele momento passasse rápido demais. Sentia medo de esquecer como era estar ali, de não poder ter aquela chance novamente. E então, senti a voz suave de bater contra meu ouvido.
?” Ela disse e segurou firme em meus ombros, apertando-os com certa urgência.
“Hum?” Perguntei, um pouco inconsciente, era incrivelmente bom ouvir os lábios de dizerem meu nome. Era como se só ela pudesse fazer com que eu realmente gostasse disso, era como se o mundo inteiro pudesse me chamar, mas só uma voz importaria.
“Você é como... Não sei.” Ela franziu o cenho, tentando se explicar, e, ao ver que não iria conseguir, apenas soltou um suspiro pesado, espalmando suas mãos no meu peito. “Eu não sei... Acho que eu também te amo.” fez careta, demonstrando o quão difícil era para ela dizer aquilo, e podem me dizer que eu sou louco ou algo do tipo, mas eu realmente senti o amor que ela estava falando, eu podia sentir as sensações dela, os sentimentos e os medos. Quando me diziam que o amor era quando você se unia com uma pessoa, e largar dela era como deixar um pedaço seu, eu achava que era mentira, mas era exatamente assim que eu me sentia no momento. Balancei a cabeça, sorrindo e não acreditando no que eu tinha acabado de ouvir.
“Você não sabe como é bom ouvir isso de você.” Sussurrei para ela e apenas sorriu.
O que aconteceu depois foi uma demonstração de tudo que nós estávamos sentindo, e mesmo que nós soubéssemos dos sentimentos um do outro, nós queríamos ir além disso. deslizou as mãos pelas minhas costas e então espalmou-as no meu peito com um pouco de força, demonstrando que era para que eu deitasse ao seu lado. Ao fazer isso, pude observar percorrer seu olhar pelo meu corpo. Fiz menção de puxá-la para mim, mas abaixou minhas mãos e me olhou nos olhos.
“Eu quero que você fique bem quietinho dessa vez.” Ela disse, colocando meus braços de volta no lugar. Fechei meus olhos, recordando a vez que tinha dito que eu era um pouco apressado quando se tratava de sexo. Ri do pensamento. Ela não entendia que era impossível me controlar, que eu não podia monitorar meus pensamentos e vontades quando estava perto dela.
Senti os lábios de tocarem bem de leve nos meus e, quando eu estava pronto para retribuir o carinho, ela os deslizou para o meu pescoço e depois para o meu peito, fazendo uma trilha de beijos até meu abdômen. Senti um frio percorrer pela minha espinha. Talvez eu fosse um pouco apressado mesmo, porque nunca tive uma menina com quem eu realmente me preocupasse em ser cuidadoso. E eu podia sentir isso em , o jeito que as suas mãos tocavam minha pele era totalmente diferente de tudo que eu já vivi.
A trilha de saliva que deixava fazia com que todo meu corpo arrepiasse quando o vento que soprava da janela entrava em contato com a minha pele. Fechei meus olhos, sentindo seus dedos encontrarem o cós da toalha que estava amarrada na minha cintura e quase perdi minha respiração quando senti as mãos de deslizarem levemente sobre meu membro. E então ela parou de repente, fazendo com que o ar pesado saísse da minha garganta de uma vez só e automaticamente um grunhido sair dos meus lábios. Esperei, mas nada aconteceu, então abri meus olhos e encarei olhando intensamente para mim. Seus cabelos molhados estavam levemente caídos sobre seu rosto e seu colar se destacava mais uma vez sobre a sua pele. Deslizei meus olhos sobre seu corpo, vendo seus peitos nus a minha frente, senti minha ereção aumentar e levantei minhas mãos na intenção de tocá-los, mas novamente as segurou e as colocou no lugar.
“Não faça isso.” Disse e riu alto. “Não ria.” Eu disse, com um tom mais autoritário, mas pareceu nem me ouvir, dando uma risadinha baixa e indo em direção a mim. Ela deslizou seu rosto rente a minha pele e mordeu o lóbulo da minha orelha. Senti seus lábios tocarem levemente minha testa, depois sobre meus olhos, minhas bochechas, meus lábios... Ah, não dava para me controlar, eu não poderia. Segurei pela cintura e a deitei no meu lado.
“Falei para você ter calma, .” Ela riu da minha atitude e eu olhei para o seu corpo, pensando em atender seus pedidos. Depositei delicados beijos em seu pescoço, deslizando minha língua tranquilamente no local e ouvi suspirar baixo em aprovação do que eu estava fazendo. Repeti a ação por todo seu colo até atingir seus seios. Segurei-os em minhas mãos e os suguei de leve, sentindo sua pele macia entrar em contado com minhas mãos. Fiquei por um tempo apenas fazendo movimento circulares enquanto ouvia gemer baixinho. Continuei a trilha de beijos pela sua barriga até chegar perto de sua virilha. Levantei minhas mãos para as pernas de e então as empurrei gentilmente para que ficassem abertas, olhei malicioso para , que ainda mantinha seus olhos fechados e sua boca entreaberta. Seu peito subia e descia, demonstrando que sua respiração estava completamente fora do ritmo. Deslizei minhas mãos pelo interior de suas pernas, sentindo a textura macia e suave de sua pele e então, provocando-a, assoprei de toda a região de sua intimidade e ouvi soltar um muxoxo, jogando sua cabeça para trás, demonstrando uma certa frustração. Ri de sua atitude e repeti o ato, vendo se contorcer mais uma vez. E então, em poucos segundos, segurou firme em meus ombros, fazendo com que eu me encaixasse no meio de suas pernas.
“Esquece. Acaba logo com isso.” Ela disse, dando um riso baixo. Sorri e atendi seus pedidos, penetrando-a com força e ouvindo um grito rouco sair de seus lábios. Olhei fundo nos olhos dela enquanto investia forte contra seu corpo, me olhava na mesma intensidade e eu podia observar um pequeno sorriso em seus lábios enquanto ela dava pequenos gemidos, fechando fortemente seus olhos e graciosamente jogando sua cabeça para trás, aprovando meus movimentos. Meus olhos estavam meio dormentes e eu sentia como se o meu peso tivesse sido multiplicado por três, minhas pernas e braços formigavam e eu sentia uma vontade incrível de dormir, mas mesmo que eu quisesse dormir, eu não podia. Mesmo que meu corpo estivesse relaxado, ao mesmo tempo eu estava extremamente elétrico e estava ajudando muito nesse aspecto. A sensação que comecei a sentir no momento seguinte foi a melhor de todas minhas experiências sexuais, parecia estar fazendo aquilo com uma vontade imensa e isso me excitava ainda mais. Nossos corpos atingiram o clímax no mesmo momento, demonstrando o quanto estávamos sincronizados naquela noite. respirou fundo, dando um pequeno beijo na minha testa e deslizando suas pequenas mãos pelas minhas costas.
“Já disse que te amo hoje?” Eu perguntei, vendo abrir um sorriso, indicando que não com a cabeça. “Eu te amo.”
Aos poucos, minhas pálpebras começaram a ficar menos pesadas e pude observar um pequeno fecho de luz entrar no quarto, acordando-me por completo. Abri meus olhos lentamente e estiquei meu braço, à procura de , mas tudo que achei foi cobertas e um travesseiro abandonado. Olhei para os lados tentando procurá-la, mas ela não estava lá. Levantei-me e me dirigi vagarosamente até o banheiro na esperança de achá-la no local, mas nada. Onde ela poderia ter ido? Uma pontinha de medo surgiu dentro de mim. E se ela tivesse ido embora sozinha? Mas... Bom, isso não seria possível, pois suas coisas ainda estavam no quarto. Peguei minha escova de dente, apertei a bisnaga para que a pasta azul se depositasse nas cerdas da escova e levei-a à boca, sentindo meus dentes serem limpos aos poucos conforme meus movimentos. Fechei os olhos mais uma vez, desejando voltar para cama. Quando terminei de escovar os dentes, saí do banheiro e encontrei parada olhando para nossa cama desarrumada.
“O que foi?” Perguntei, chegando perto dela. carregava umas duas sacolas em suas mãos e usava um vestido branco de renda curto e suas botas coturno pretas que nunca eram abandonadas. Ela olhou para mim com uma feição decepcionada e deixou as sacolas em cima da mesa.
“Queria fazer uma surpresa para você, sem graça.” Ela entortou os lábios e encostou-se à mesa, cruzando os braços.
“Que tipo de surpresa?” Sorri de leve, abrindo as sacolas. “Café da manhã?” Perguntei, ao ver que ela tinha comprado alguns pães e umas caixas de suco de laranja.
“Sim, mas isso foi o melhor que eu consegui achar.” Ela deu de ombros. “Quer dizer, consegui achar algumas coisas, mas daí eu teria que cozinhá-las e isso não é meu forte.” Ela riu de leve.
“Então seu esforço não valeu.” Ri baixo, indo até ela e entrelaçando meus braços em sua cintura.
“Por quê?” Ela franziu o cenho, deslizando suas mãos sobre meus braços e dando um breve selinho em meus lábios.
“Porque não teve esforço, comprar coisas prontas não é um café da manhã.” Eu disse e abriu sua boca em sinal de indignação.
“Acordei cedo e fui comprar coisas para você. Isso não é esforço?” Ela riu, saindo dos meus braços e indo em direção ao sofá onde se encontravam as nossas mochilas e roupas. “Mas de qualquer jeito, já está quase na hora do almoço, então vamos deixar para comer na casa do meu pai.” Ela pegou algumas roupas que estavam jogadas pelo local e colocou dentro de sua mochila.
“Seu pai?” Franzi meu cenho e revirou os olhos.
“Lógico. É ele que eu vim ver, lembra?” soltou um pequeno risinho e pegou seu maço de cigarro, selecionando um e o levando a boca.
“Você fuma demais, sabia?” Dei um riso, tentando demonstrar que estava apenas brincando, apesar de não ser nada além da verdade. fixou seu olhar no carpete, sem rir. Ela apenas apertou seus lábios em volta do cigarro e o acendeu vagarosamente. “Desculpe, eu...”
“Você precisa fazer mais alguma coisa aqui?” Ela levantou seu olhar e deu uma tragada no cigarro, segurando uma de suas mochilas na mão.
“Não, podemos ir.”

tentou me dizer mais ou menos onde ficava a suposta casa do pai dela, mas como é um pouco esquecida, ela se perdeu um pouco na explicação. E eu, como não conheço nem um pouco da cidade, me perdi mais ainda. Depois de alguns minutos de discussão e mapas, encontramos a casa.
A diferença entre a casa da mãe e do pai de eram gritantes. Onde paramos, era uma casa simples, feita de madeira escura, e um jardim cheio de arvores e plantas que não soube reconhecer quais eram. O portão branco estava praticamente enferrujado e a tinta estava descascada. Um carro antigo estava estacionado na garagem, não soube reconhecer qual era também, mas ele era da cor marrom na parte superior e amarelo mostarda nas laterais. Mesmo que eu não me interessasse muito por esse negócio de carros, posso dizer que não seria nada mal ter um daquele, eu me sentiria em um filme ou algo do tipo. Ri do pensamento e olhei para o lado, podendo observar a felicidade que se encontrava o rosto de . Acho que nunca a vi daquele jeito, um certo brilho se encontrava em seu olhar e eu podia ver que um sorriso tentava escapar dos seus lábios. Ela ficou parada olhando para o local por alguns segundos, e então abriu a porta do carro e foi correndo até o portão. Não havia nenhum cadeado, então ela entrou sem problema algum.
“Pai, PAI!” Ela gritou algumas vezes e então pude ver um senhor de meia idade sair de dentro da casa com um sorriso em seu rosto. Ele veio até ela, dando um abraço apertado na filha. Senti meu coração apertar um pouco. Sentia falta do meu pai, saber que ele morreu enquanto eu era tão novo me faz pensar como seria se ele estivesse conosco nos dias de hoje, como seria dar um abraço apertado nele e dizer como estou com saudades.
“Achei que tinha se esquecido de mim.” Escutei o senhor dizer. “Ethan está lá dentro, ele deve estar morrendo de saudades de você também. Não vejo porque não veio antes!” Ele disse, tentando levar a filha para dentro de sua casa, mas pareceu instantaneamente se lembrar de mim. Ela voltou alguns passos e fez sinal para que eu saísse do carro e fosse até ela.
Suspirei, tentando manter minha calma. Nunca tive que conhecer família de nenhuma garota, nunca foi tão sério a esse ponto e confesso que essa idéia me assustou mais do que eu imaginava.
“Pai, esse é . , esse é meu pai.” Ela disse, parecendo esbanjar orgulho em suas palavras.
“Prazer, Senhor.” Tentei parecer o mais educado possível, mesmo que isso não fosse o meu forte.
“Que isso, pode me chamar de Jimmy.” Ele disse, segurando firme em minha mão e depois dando um tapa de leve em minhas costas, indicando para que eu entrasse em sua casa.
“Belo carro que o senhor tem.” Eu disse, podendo ver o carro mais de perto. Caralho, eu queria poder dirigir um desses um dia.
“É um Dodge Charger.” disse, passando uma de suas mãos pelo carro e sorrindo ao chegar perto dele.
“Esse carro tem historia, serviu de berço por muitos anos para a garota ao seu lado.” Jimmy disse sorrindo e um brilho surgiu em seu olhar.
“Eu imagino.” Disse, olhando para e pude ver que o a essência de seu olhar era a mesma que a do seu pai.
“Mas vamos entrar, quero ver o Ethan!” balançou a cabeça e entrou rapidamente pela porta.
Meu estômago virou e senti meu cérebro ir em uma viagem de volta para uns dias atrás quando mexi no celular de . Ethan era o cara que insistia em mandar mensagens para ela.
Tentei me manter calmo, eu teria que primeiro ver o que estava acontecendo para depois tomar uma atitude... Ou não tomar nenhuma. Mas era muito difícil, difícil de me controlar, de pensar como seria se Ethan tivesse alguma relação além da amizade com . Respirei fundo e entrei na casa de Jimmy. Como o exterior, o interior também era composto de antiguidades. Logo de cara já observei um corredor, as paredes eram feitas de tábuas de madeira escura e no final podia ver perfeitamente uma sala. Olhei para o lado direito e pude ver uma pequena cozinha com móveis antigos de cor azul clara e uma mesa redonda de centro. passou pelo corredor, indo direto para a sala, onde pude vê-la abraçar um garoto consideravelmente alto. Engoli em seco e fui até o local onde os dois se encontravam. Jimmy estava logo atrás de mim e soltou uma risada abafada ao ver a cena de e seu suposto amigo.
A sala era enfeitada com discos de vinil pendurados por todo lugar nas paredes do local, dando um contraste perfeito com a cor clara do papel de parede. Os sofás eram da cor marrom e pareciam ser bem antigos também, entrando completamente em acordo com o ambiente. Havia várias caixas de papelão fechadas e depositadas em um canto. Ao lado, pude observar um balcão onde se encontravam vários objetos antigos, inclusive uma vitrola que me fez pensar como nunca tinha visto algo desse tipo sem ser em fotos.
“Caralho, , por onde você estava? Eu fiquei preocupado.” Olhei para Ethan, que prendia em seus braços. Ele tinha o cabelo bem curto e da cor escura. Ele usava uma blusa preta e bastante desgastada, suas calças estavam surradas e seus tênis sujos de lama.
“Desculpe... Eu tive alguns problemas, mas estou aqui agora, não estou?” Ela deu um sorriso e ele retribuiu, demonstrando seus dentes que eram bem pequenos, e isso fazia com que ele ficasse com uma feição meio infantil.
“Sim. Isso que importa.” Ele disse e olhou para ela por alguns segundos. Fechei meu pulso. Era ridículo como eu estava me sentindo inseguro naquele momento, não queria ter que ver com ninguém que não fosse eu, e vê-la assim com alguém que eu nem faço idéia de quem seja me deixou mais puto ainda.
“Ah, deixa eu te apresentar, esse é o .” Ela disse, soltando seus braços dele e olhando finalmente para mim.
“E aí, cara, beleza?” Ele segurou firme minha mão e soltou um olhar do estilo tome cuidado com o que você faz com ela. Na realidade, depois disso, todos os olhares que recebi de Ethan eram propositalmente ameaçadores, como se eu estivesse sendo um intruso no local... O que não deixava de ser verdade. Tentei milhares de vezes fazer com que desistisse de ficar ali e fazer com que fossemos embora de uma vez, mas era difícil. Ela queria ficar com o pai e não a culpo por isso.
“Acho que vou buscar as jóias para você levá-las, Ethan.” disse, logo depois de pedir as chaves do meu carro, e então saiu da sala nos deixando num silencio constrangedor.
Podia ouvir cada segundo passar devido ao relógio barulhento que Jimmy possuía em sua sala. Ele sorriu de leve para mim enquanto organizava alguns vinis que estavam dentro de uma de suas caixas.
“Você... Você foi visitar a Norah, não foi?” Ele disse, passando de leve as mãos sobre seus cabelos escuros levemente grisalhos. “ comentou alguma coisa sobre isso.”
“Fui... ” Eu disse, olhando para o chão enquanto sentia o olhar de Ethan analisando cada movimento que eu fazia.
“Ela... Está bem?” Jimmy perguntou, depois limpou sua garganta, tentando disfarçar o quanto ainda se importava com a ex-mulher.
“Bom, com um marido daquele, eu não poderia dizer que ela está bem.” Eu disse, sendo sincero e ao mesmo tempo tentando aliviar a tensão, mas tudo que Jimmy fez foi assentir e voltar a mexer em seus discos.
“Não se incomode com isso não, Tio. Ela vai cair na real uma hora.” Ethan disse e sorriu de leve, pegando um maço de cigarro em seu bolso. “Alguém?” Ethan estendeu o maço para nós dois e Jimmy sorriu pegando um e o acendendo logo depois. Naquele ponto eu já podia imaginar porque era uma fumante, acho que teve que conviver com isso desde pequena.
“Aqui.” voltou a sala com a sua caixinha de jóias e a colocou em cima da mesa.
“Acho incrível como elas nunca acabam, garota.” Ethan disse, abrindo a caixinha e analisando as jóias que estavam ali dentro. “Bom, vou levar para aquele meu amigo e vejo quanto consigo. Wow, olha essa aqui!” Ethan disse segurando o colar azul que havia me mostrado na noite passada. Automaticamente, apertei de leve o braço de , que estava sentada ao meu lado, e ela mordeu o lábio inferior.
“Acho que esse não vou vender, Ethan...” Ela disse, meio indecisa, olhando para o colar nas mãos dele.
“Mas é o que mais vale! Sem isso, acho que você não vai conseguir muito dinheiro.” Ele disse, olhando para as outras jóias que estavam dentro da caixa, e eu tive que admitir que ele tinha razão.
“ Não tem problema, eu te ajudo.” Falei, segurando firme nas mãos de .
“Ajuda? E o que você faz pra ter tanto dinheiro para ajudá-la?” Ethan perguntou, levantando uma de suas sobrancelhas enquanto colocava todas as jóias em sua mochila.
“Como eu não sei, o importante é que-” Quem ele achava que era pra falar daquele jeito comigo? Olhei com um pouco de raiva e tentei dar uma boa resposta, mas me interrompeu.
“Tudo bem, Ethan. Eu vou ficar com essa, se eu precisar, depois eu vendo.” falou, colocando a jóia novamente em sua caixinha e a fechando logo depois.
“Certo. Você que sabe.” Ele colocou a mochila nas costas “Vou lá conseguir o dinheiro. Volto mais tarde.”

Depois disso, o clima meio que acalmou, acho que aos poucos o pai de foi se acostumando comigo. Jimmy era um cara bem diferente dos pais que eu conheço, ele tinha um conhecimento bem abrangido sobre música e filosofia. Era intrigante vê-lo falando sobre cantores que eu nunca tinha ouvido falar, e , pelo jeito, tinha adquirido os mesmos conhecimentos que o pai. Eles conversaram sobre teorias e artistas musicais a tarde inteira, e quando achei que não poderia me surpreender mais, eles resolveram tocar uma música juntos.
Senti-me extremamente gay enquanto via segurar o violão de uma forma graciosa e ao mesmo tempo segura. Ela parecia saber realmente o que estava fazendo.
“Disso eu não sabia, .” Eu disse e ela deu um risinho baixo.
“Não disse porque eu sou lixo nisso, não sei muito bem.”
“Não tive a oportunidade de ensiná-la tudo que há para ensinar.” Jimmy disse enquanto colocava o violão de lado e abria um armário, tirando um whisky de dentro do mesmo. “Ficou difícil de nos encontrarmos depois que Norah se casou novamente. Mas é ótima, sei que muito ela aprendeu por ela mesma.” Após ele ter colocado um pouco de whisky no meu copo, levei-o à boca, sentindo o gosto forte descer pela minha garganta. Não era muito fã de whisky. Preferia que me dessem um copo de vodka pura do que isso, mas, de qualquer maneira, tentei inutilmente parecer que eu estava adorando aquilo.
“Bom, acho que é melhor voltarmos para o hotel.” Disse, deixando o copo em cima da mesa e me levantando logo depois. “Está tarde.” e Jimmy me olharam como se eu estivesse perdendo alguma parte da historia. Ela deu um riso baixo e balançou a cabeça.
“Não, , nós vamos ficar por aqui. Tem bastante quartos lá em cima.” disse e eu engoli em seco, pensando quanto tempo teria que ficar me sentindo inseguro daquele jeito.
“Não se preocupe, tem bastante espaço.” Jimmy sorriu, indicando que estava tudo bem se eu quisesse ficar. “Agora vamos comer porque vocês devem estar famintos.” Ele disse, levantando e sumindo pelo corredor em direção a cozinha.
“Está tudo bem, ?” se aproximou de mim e segurou de leve em meu braço.
“Está sim, só estou me sentindo um pouco desconfortável.” Confessei e desviei o olhar, não querendo que pensasse que eu sou um banana.
“Ele gostou de você, eu saberia se ele não tivesse gostado.” Ela sorriu e segurou minha mão para que fôssemos para a cozinha. Ao chegar lá, não conseguia ver quase nada a minha frente devido a fumaça que se encontrava no local. Pude ver a silhueta de Jimmy com uma bandeja em sua mão.
“Acho que não deu certo... Merda.” Jimmy disse, deixando um frango assado em cima da mesa, na realidade, um frango preto.
“Por que eu não estou surpresa que isso aconteceu?” riu, balançando sua mão no ar, tentando afastar a fumaça de perto do seu rosto.
“Está disposta a fazer um jantar para nós, então?” Jimmy perguntou, abrindo as janelas da cozinha e jogando o frango na pia com uma certa agressividade.
“Estou disposta a irmos a algum lugar aqui perto.” Ela sorriu e Jimmy balançou a cabeça.
“Na realidade eu já comi, estava tentando fazer algo para vocês dois... Mas vão. Quer meu carro emprestado, filha?” Ao ouvir as palavras de Jimmy, abriu um sorriso, pegando as chaves das mãos de seu pai e dando um beijo em sua bochecha logo em seguida.

Capítulo 13

No caminho para o lugar aonde iríamos comer, parecia uma criança enquanto dirigia o carro de seu pai. O carro era antigo, portanto não possuía CD-Player, apenas um velho toca fita.
“Abre o porta-luvas para mim.” disse, quando paramos num sinaleiro. Estendi meu tronco, abri o compartimento e encontrei uma grande caixa que era exatamente do tamanho do porta-luvas, fazendo com que nada mais coubesse dentro do local.
“O que é isto?” Perguntei e apenas abriu a tampa da caixa, deixando à mostra um monte de fitas. Ela analisou por alguns segundos e apontou para uma das últimas da fileira.
“Coloca essa!” sorriu e fiz o que ela me disse. Quando a música começou a tocar, pude perceber que o som era muito diferente do que as pessoas costumam ouvir nos dias de hoje. Fazia um bom tempo que eu não parava para ouvir uma música que realmente transmitisse algum sentimento e não um monte de barulho com letras sem sentido.
“Estava afim de comer um daqueles sanduíches enormes, sabe?” Ela olhou para mim, sorrindo enquanto tentava manter a sua atenção nas ruas e balançava sua cabeça de acordo com a música.
“Nunca te vi tão feliz assim, sabia?” Eu disse, retribuindo o sorriso dela. apenas deu um leve tapa em meu braço e virou em uma rua onde demos de cara com um desses restaurantes/lanchonetes do estilo dos anos 50.
“É aqui mesmo.” saiu do carro, girando as chaves em seu dedo indicador com uma expressão metida.
“Para de se achar, o caro é do seu pai.” Eu disse e mostrou a língua antes de entrarmos no local.
O restaurante era amplo e aparentemente calmo. Havia um monte de mesas enfileiradas no canto esquerdo da lanchonete, era daquele tipo de mesas onde há dois grandes “sofás” macios e confortáveis, um de cada lado. E no centro desses dois sofás, há uma mesa comprida. Já no centro da lanchonete, existiam mesas comuns com cadeiras comuns feitas de madeira. No canto direito, havia um grande bar, com banquinhos altos do lado de fora do balcão, para que os bêbados pudessem pedir várias doses de vodca enquanto lamentavam algo para o pobre barman que no momento estava enxugando um pequeno copo com um pano branco.
andou até o final do corredor, obviamente escolhendo uma mesa do canto esquerdo. Ela sorriu enquanto se sentava confortavelmente. Sentei-me de frente para ela, observando-a ler detalhadamente o conteúdo de todos os sanduíches que o cardápio oferecia. Ela entortou seus lábios por alguns segundos enquanto pensava no que iria pedir, depois de um tempo, ela levantou seu braço, chamando um garçom que se posicionava perto do bar.
“Hey, Billy.” sorriu e o garçom veio até a mesa.
. Você por aqui! Faz tanto tempo que não te vejo.” O garçom disse abrindo um sorriso. “Como está seu pai?”
“Está bem, você sabe, do jeito de sempre.” Ela disse e depois voltou seu olhar para o cardápio para dizer o que queria. Fiquei observando cada gesto de até o fim da noite. Parecia que eu tinha encontrado mais uma parte de sua personalidade que me encantava. Cada gesto que ela fazia era diferente do normal, tinha fumado poucas vezes, não estava mais tão misteriosa, estava mais calma... E existia um sorriso marcante em seu rosto.

“Tem maionese no seu rosto, .” Ela disse, atrapalhando-se um pouco com as palavras, pois existia uma boa quantidade de comida em sua boca.
“No seu também.” Eu falei e levei minha mão até seu rosto para limpar a área com o meu polegar. se controlou para não rir e engoliu o conteúdo, tomando um gole de sua Coca-Cola logo depois.
“Está gostando daqui, não está? É diferente! É como se entrássemos em um novo mundo!” Ela disse, animada, enquanto prendia seu cabelo em um coque frouxo. Concordei com a cabeça e novamente analisei o local, pelo jeito o restaurante era mais antigo do que eu imaginava. Quero dizer, há restaurantes que apenas fingem que tem o estilo dos anos 50, mas pelo o que havia percebido, aquele restaurante estava lá fazia um bom tempo.
Olhei para um quadro pendurado do lado de nossa mesa, mostrando uma foto do restaurante poucos anos atrás. Observei que ao lado de todas as mesas existia um quadro daquele, provavelmente mostrando a “evolução” do local ao decorrer dos anos.
“É, é realmente bem diferente do que eu conheço.” Admiti e dei mais uma mordida em meu sanduíche sentindo o gosto de todos os ingredientes se misturarem de uma forma perfeita enquanto eu os mastigava. “E o sanduíche daqui... É tipo, o melhor que eu já comi.” Falei e sorriu.
“Só não é melhor que meus brownies.” Ela soltou uma risada.
“Bom, aqui a comida é boa porque é boa, não porque tem alucinógenos nos ingredientes.” Falei e mostrou a língua mais uma vez aquela noite.

Passamos praticamente mais de uma hora só conversando sobre coisas idiotas enquanto comíamos uma porção de batatas fritas. Nós não conseguíamos mais nem respirar direito, mas continuávamos comendo. respirou fundo enquanto desistia de comer mais uma batata, ela jogou a batatinha no prato e deslizou suas costas pelo encosto almofadado.
“Não dá, se eu comer mais... Eu acho que desmaio.” Ela riu e eu concordei, fazendo uma careta e finalmente desistindo de terminar o prato de batatas.
Nós enrolamos alguns minutos até finalmente levantarmos, pagarmos a conta e voltarmos para o carro.
“Quer dirigir?” perguntou quando saímos do local e nos dirigíamos até o estacionamento.
“Tem certeza? E seu pai?” Eu respondi, indeciso. Tinha medo até de pensar se eu estragasse um carro daqueles. balançou a cabeça e jogou as chaves em minha direção. Atendi meus reflexos e peguei a chave no ar, percebendo que instantaneamente um sorriso se abriu em meu rosto.
Abri a porta do carro e me acomodei no banco incrivelmente macio. Olhei para o volante grande e antigo e liguei o carro, sentindo o som do motor invadir meus ouvidos. Só quem já dirigiu antes sabe a sensação que é ter um carro sem suas mãos, o poder que você tem quando está no controle dele. E pegar um carro daqueles é como se eu estivesse com uma relíquia em minhas mãos, meu medo de estragá-lo era imenso, mas a vontade de dirigi-lo era maior ainda.
Dei a marcha ré, saímos do estacionamento do restaurante e começamos a passear pela cidade. estava sorridente ao meu lado. Seus pés estavam apoiados no painel do carro e ela batia constantemente nas suas coxas, acompanhando o ritmo do som estridente da música que estávamos escutando.
“They come running just as fast as they can, ‘cause every girl is crazy about a sharp-dressed man.” gritou, inclinando sua cabeça para trás e fazendo uma careta bonitinha.
“Você é louca, sabia?” Eu falei enquanto prestava atenção nas poucas almas que estavam na rua naquela hora da noite, enquanto fingia tocar uma guitarra imaginária.
“Black shades, White glove lookin’ sharp, lookin’ for love.” Ela colocou sua cabeça para fora do automóvel e gritou as palavras para algum velho que estava sentado no meio fio. deu um riso divertido e voltou a me olhar.
“Vira aqui nessa rua.” Ela disse, apontando para uma pequena rua logo a frente de nós.
“Pra quê?” Perguntei, confuso, mas fiz o que ela pediu.
“Confia em mim.” Ela deu um risinho e ficou me guiando até chegarmos em um estilo de clareira. Parei o carro e olhei para todas as luzes da cidade lá em baixo.
“Foda, né?” Ela disse com um sorrisinho no rosto. E então uma música calma começou a tocar pelo toca fita do carro de Jimmy, fez uma caretinha novamente e fez menção de clicar em um dos botões. “Ui, não gosto dessa.” E então ela parou imediatamente, desistindo de mudar de música.
“Que foi?” Perguntei, olhando para a cara frustrada de .
“Com fitas é mais difícil de mudar de música” Ela entortou os lábios e desistiu, deitando novamente no banco confortável do carro de seu pai.
“Deixa aí então. Eu gostei dessa.” Confessei, ouvindo os primeiros acordes ecoarem pelo carro enquanto continuava com uma careta estampada no seu rosto.
“Gay.” Ela falou, rindo, e se inclinou novamente aumentando o som, então abriu a porta do carro e parou em frente ao capô, olhando para a cidade lá em baixo.
“Sério, qual o nome dessa?” Perguntei, após ir ao encontro dela.
“Acho que é Rough Boy. Meu pai gosta bastante dessa também.” Ela deu um sorriso e tomou impulso para que se sentasse no capô do carro.
“Poderia tirar uma foto de você aí, iria ficar tão sexy.” Falei, olhando para ela de um modo malicioso. apenas riu.
“Você acha?” Ela me olhou, fazendo uma pose sensual, colocando um de seus dedos na boca e o mordendo. Não conseguindo manter sua pose por muito tempo, desistiu e começou a rir.
“Agora não acho mais.” Falei, indo até ela e franziu seu cenho, fingindo estar ofendida pelo meu comentário.
“Tudo bem. Tem vários caras por aí que iriam achar, ok?” Ela falou, levantando seu nariz no ar.
“Eu sei disso, não precisa jogar na minha cara.” Falei brincando, mesmo sabendo que era verdade. poderia ter qualquer um que ela quisesse, acho até estranho ela estar com um cara como eu.
“Bom que você saiba.” fez menção de me chutar e eu segurei sua perna.
“Ei, calma aí, mocinha.” Falei rindo e mostrou a língua para mim, tentando mais uma vez me chutar. “Você anda muito mal-educada, sabia?”
“E o que você vai fazer em relação a isso?” tentou me chutar com a outra perna, e então eu segurei as duas em minhas mãos e a puxei para mim, fazendo com que eu me encaixasse no meio de suas pernas.
“Não me provoque, .” Avisei-a, mas ela não me ouviu.
Roçou de leve suas pernas em minha cintura e me olhou sensualmente mais uma vez.
“Eu te amo.” Ela sussurrou, perto do meu ouvido, dando um risinho baixo. Mordeu minha orelha de uma forma meio selvagem e começou a morder de leve toda a extensão do meu pescoço.
“Como é que é?” Perguntei, mas não me respondeu, atacando imediatamente minha boca e me beijando de uma forma um pouco agressiva, mas ao mesmo tempo gostosa.
Senti suas mãos deslizarem por meus ombros enquanto mordia de leve meu lábio inferior e dava um risinho divertido durante o processo.
“Eu te amo.” Ela falou novamente, segurando meu rosto entre as suas mãos. Senti uma felicidade invadir minha alma em questão de segundos. Não tive que responder para saber que eu me sentia do mesmo modo. Nós ficamos nos encarando por algum tempo, até que começasse a rir da situação.
“Que foi?” Perguntei, confuso, mas acabei rindo junto.
“Não sei, parecemos aqueles casais bregas apaixonados.” Ela disse, fazendo uma careta, mas depois sorriu me olhando enquanto acariciava de leve meu rosto.
“Sinto lhe informar, mas nós somos um casal brega apaixonado, senhorita.” Falei e riu alto, roçando de leve seu nariz no meu. Inclinei-me até ela, dando um pequeno selinho em seus lábios. Tomei impulso para subir no capô do carro e sentar-me ao lado de . Ajeitei-me ali e fiz com que ela se alinhasse em meu peito enquanto olhávamos para a cidade. O conjunto de luzes fazia com que eu me confundisse um pouco. Podia ver os carros correndo de um lado para o outro como se fossem pequenas formiguinhas. Prédios com luzes acesas e outras apagadas, em alguns prédios eu até podia ver uma TV ligada ou até mesmo uma parte de um quadro ou de um guarda-roupa. Escutava o som das buzinas e dos motores abafados pelo som alto que o carro emitia.
Olhei para e vi que ela estava olhando para cima, concentrada nas luzes do céu. Repeti o seu ato e olhei para as estrelas, vendo-as brilhar contra o meu olhar. Podia ver as nuvens caminharem pelo céu lentamente, às vezes escondendo bem de leve a pequena lua minguante.
Não sei por quanto tempo ficamos ali só contemplando o que a natureza nos oferecia. Eu e trocávamos carinhos constantes, era como se nossos corpos não conseguissem ficar um sem o outro, como se tivesse um imã invisível entre nós.
Olhei para ela, que ainda estava concentrada em seu próprio mundo, balançando de leve seus pés de acordo com a música que estávamos escutando e olhando para o horizonte, pensando em algo totalmente alheio a tudo ao seu redor. Passei meus dedos de leve em seu braço e pareceu acordar de um transe, olhando-me um pouco assustada. Repeti o ato e ela se arrepiou.
“Estou com frio.” Ela disse, e então pude perceber que seu corpo todo estava arrepiado.
Apertei-a contra mim na intenção de esquentá-la, mas me empurrou de leve. Franzi o cenho e olhei para ela. desviou o seu olhar, voltando-o para o horizonte.

“Quer ir embora?” escutou dizer, mas não era exatamente esse o seu desejo. Balançou sua cabeça e tentou afastar o medo que estava a consumindo. Sentiu um frio a atingir novamente e se encolheu nos braços do garoto ao seu lado.
“O que foi, ?” Ele perguntou, acariciando de leve seu braço, tentando reconfortá-la.
“Nada.” Falou baixinho, tentando dizer isso mais para si mesma do que para ele.
“Vou ver se tem algum cobertor ou alguma coisa do tipo no porta-malas.” Ele disse e deu um impulso para se levantar do capô do carro.
Sentiu o medo a invadir de novo. Aquilo era besteira, não tinha motivo para ela se sentir daquele jeito.
“Não temos nada.” Ele disse, passando as mãos de leve em seus cabelos. “Quer ir embora?” perguntou mais uma vez. Sem responder nada, ela foi até a ponta do capô, ainda sentada, e fez com que ficasse entre as suas pernas, beijando-o novamente.
Sentiu o gosto de seu beijo mais uma vez. Os lábios macios nos seus numa sintonia perfeita.
levou uma de suas mãos até a nuca da garota, onde fez um carinho gostoso, entrelaçando os dedos nos seus cabelos. inclinou sua cabeça para trás quando começou a sentir beijando seu pescoço e colo. Suspirou baixo, tentando controlar as emoções que ele a causava.
Suas mãos passearam livremente pelas costas dela, apertando-a de vez em quando. Ela segurou o rosto dele entre as mãos e sorriu, olhando seus olhos incrivelmente . Não havia por que temer, ela estava sendo tola.
a puxou para perto e mordeu de leve seu pescoço, deslizando suas mãos para o quadril e depois para pernas da garota. fechou fortemente os olhos, sentindo uma sensação de dopagem. Era sempre assim quando ela estava com ele, não havia droga melhor do que .
, alguém pode ver.” Ela falou, tentando tirar as mãos dele do seu quadril, mas nem ao menos se mexeu. Ele sorriu charmosamente para ela e deu de ombros.
“Como se você se importasse.” Ele disse e voltou a atacar seu pescoço. riu de seu comportamento e resolveu se deixar levar. Ela realmente não se importava se alguém visse o que estavam fazendo, afinal de contas, não era da conta de ninguém.

Paramos alguns metros antes da casa de Jimmy para que ele não escutasse o motor do carro chegando. tinha resolvido que queria tomar uma garrafa de vodca depois que saímos da clareira e eu não consegui resistir. Ficamos horas dentro do carro bebendo e conversando e, quando percebemos, era quase manhã.
“Shiiiu.” disse, quando eu bati fortemente a porta do carro para que pudéssemos empurrá-lo até a garagem.
“Eu sei.” Sussurrei para ela, rindo da situação. e eu fomos para trás do automóvel e começamos a empurrá-lo até a garagem. tampava sua boca para conter os ataques de risos embriagados que ela estava tendo.
Fechamos o portão e tirou suas botas antes de entrarmos na casa. Estava tudo muito quieto e tranquilo, o único som que estava sendo emitido era o irritante “tic tac” do relógio barulhento de Jimmy.
Começamos a subir as escadas o mais devagar e cautelosamente que podíamos. Estava tudo ocorrendo bem, até que eu pisei em falso e a madeira fez um ruído. não conseguiu se conter e deu um risinho alto. Comecei a rir também e, quando vi, estávamos correndo silenciosamente até seu quarto.
fechou a porta atrás de si e respirou fundo, fazendo uma cara de assustada e, após isso, começou a rir sem parar. Olhei para ela, vendo uma imagem meio turva, eu estava um pouco embriagado também, afinal, tínhamos tomado uma garrafa de vodca pura. Joguei-me na cama fofa que tinha em seu quarto e fechei meus olhos, sentindo tudo a minha volta girar.
Escutei um barulho... E outro, e outro, e quando finalmente abri meus olhos, vi que estava tendo sérios problemas para tirar seu vestido.
“Está tudo bem aí?” Perguntei rindo e fez uma careta enquanto tentava abrir o zíper nas suas costas.
“Sim. Só um minuto.” Ela parou, aspirou uma boa quantidade de ar, e voltou a tentar. Eu sei que deveria ir ajudá-la, mas era muito engraçado ver desesperada e empenhada daquele jeito. Rindo, fechei meus olhos mais uma vez, e quando os abri observei ao meu lado com uma blusa de cashmere cinza escura com uma caveira preta estampada na frente. O tamanho de e o tamanho da blusa eram totalmente contrários, pois parecia uma criança vestida daquele jeito. As mangas estavam compridas demais e a barra da blusa estava no meio de suas pernas.
“Então você conseguiu.” Eu disse, rindo, e ela empinou seu nariz.
“Lógico que consegui. Agora você vai sofrer as consequências por não ter me ajudado.” Ela riu e se sentou em meus quadris, segurando os meus dois braços ao lado do meu corpo.
“Você não pediu ajuda.” Sorri, tentando acalmar , mas ela empinou ainda mais seu nariz e me olhou, fingindo estar com raiva.
“Não interessa, .” Ela veio até mim, mordendo meu lábio, e o puxou, fazendo com que eu sentisse um pouco de dor.
“Ow, sem canibalismo.” Falei, mas não me ouviu, continuou mordendo minha boca e toda a extensão do meu maxilar e pescoço. Depois de minutos só sentindo seus carinhos selvagens, segurei e a girei na cama, ficando por cima dela.
“Ei, eu estava te segurando!” Ela falou, indignada pelo o que eu tinha acabado de fazer.
“E daí? Sou mais forte.” Falei e a beijei, segurando seus braços e imitando o que ela havia feito comigo.
“Bah ebado bisso.” Ela falou entre o beijo e me afastei dela para tentar entender direito. Ela levantou uma de suas sobrancelhas e sorriu.
“O quê?” Falei, franzindo meu cenho.
“Está errado isso.” Ela repetiu e tentou me empurrar para ficar por cima de mim, mas segurei seus pulsos mais uma vez. Ela bufou e rindo me puxou para mais um beijo. entrelaçou sua língua na minha deliciosamente, sua língua macia fazia movimentos precisos e gostosos. Ela deslizou a língua pelo meu lábio inferior e o mordeu de leve, fazendo-me gemer baixo.
Aproveitando a situação, uniu forças e me empurrou novamente para que ficasse em cima de mim.
“Golpe baixo, .” Eu disse e tentei a empurrar novamente, mas ela me fez bater com as costas na cabeceira da cama.
“Shiu.” Ela falou e voltou a me beijar, deixando suas mãos percorrerem por debaixo de minha camiseta. Segurei em sua cintura, movimentando de acordo com meus extintos, mas, de repente, parou de me beijar e levantou seu tronco, ainda sentada em cima de mim.
“O que foi?” Perguntei e fez uma careta.
“Não te quero agora.” Ela simplesmente disse e riu alto.
“Você está realmente bêbada.” Falei, rindo junto com ela, esticou seus braços e se espreguiçou, dando um bocejo.
“É, eu sei.” Deixando o corpo mole, deslizou seu corpo para o lado do meu e fechou os olhos.
“Ainda mais por não querer esse corpo maravilhoso aqui.” Disse, apontando para mim mesmo, mas apenas soltou um riso desdenhoso e se ajeitou melhor na cama.
“Boa noite, .” Ela disse, um pouco sonolenta, não respondi, mas apenas fiquei a observando por um bom tempo. Vendo que não iria conseguir dormir mesmo, levantei, peguei o edredom que estava na beira da cama e a cobri. Antes de me dirigir até a sacada, olhei novamente para . Ela era tão estranha.
Fui até a sacada, sentei-me em uma das cadeiras que havia lá fora e acendi um dos cigarros de . Senti a fumaça queimar em minha garganta e soltei o ar, pensando em tudo que havia acontecido até agora. Eu não podia estar mais estranhamente feliz, não mesmo.
Escutei um barulho, olhei para trás e vi acordada novamente. Ela deu um sorriso fraco, pegou um dos cigarros e o acendeu também. Ela olhou para o horizonte e se sentou em uma cadeira ao meu lado.
“Queria poder ficar aqui.” Ela disse, depois de um bom tempo de silêncio.
“Longe de mim?” Perguntei, questionando mentalmente como seria se nunca tivesse conhecido , como seria se nunca tivesse me envolvido com ela.
“Não... Não sei. Eu só sinto falta daqui.” Ela falou, dando mais uma tragada em seu cigarro e olhou para mim enquanto expirava sua fumaça, podia ver claramente o conteúdo branco saindo de seus lábios e sumindo aos poucos no ar. era incrivelmente linda, eu não tinha palavras para descrever o quanto ela parecia perfeita aos meus olhos. Seus lábios rosados tão convidativos...
“Acho que tudo tem um motivo. Vai dar tudo certo no final.” Falei e fez uma das suas típicas caretas.
“Bleh, clichê demais.” Ela falou e jogou seu cigarro pela sacada.
“Os clichês podem ser reais dependendo da situação.” Eu disse, mas balançou a cabeça rindo.
“Você é tão ingênuo às vezes, .” Ela sorriu e se levantou, dando um leve selinho em meus lábios, e então voltou para o quarto, deixando-me no silêncio ensurdecedor mais uma vez.
Por um momento, senti-me ofendido por seu comentário. Não me considerava ingênuo, eu só queria ver o lado bom das coisas, ao contrário dela.
Quando voltei ao quarto, ela estava lá, enrolada nas cobertas e dormindo tranquilamente.
Deitei-me ao seu lado e encarei seu rosto perfeito. Deslizei levemente meus dedos sobre sua face, abriu seus olhos e deu um sorrisinho ao me ver.
“Não quis te acordar.” Sussurrei, mas não disse nada, apenas se aninhou em meus braços, cobrindo meu corpo junto ao seu. Fechei os olhos esperando o sono chegar e não demorou muito para que eu me afundasse na inconsciência.
Sentia os dedos de entrelaçados aos meus, seu corpo ao meu lado, sua respiração calma. Estávamos ali, estávamos juntos.

Capítulo betado por Nathália K.

Capítulo 14

Rolei pela cama e tateei as cobertas, tentando encontrar ao meu lado, mas como sempre ela não estava por lá. Às vezes me pergunto quais foram as vezes que acordei ao lado de , se é que isso já aconteceu algum dia. Bufei, sentando-me na cama e olhei para o lado da sacada de onde vinha uma luz bem forte, devido ao sol. Aos poucos meus olhos foram se acostumando com a claridade e eu pude ter uma visão nítida do quarto de .
Como a casa era antiga, o quarto também mantinha essa característica. Ao meu lado esquerdo havia um guarda roupa embutido de madeira escura e desgastada, as paredes eram forradas com um papel de parede meio vintage da cor verde musgo bem claro. Na minha frente havia uma porta fechada, onde provavelmente deveria ser o banheiro de . Ao lado da porta havia uma grande cômoda também de madeira escura, a maioria das gavetas estavam abertas e algumas roupas pulsavam para fora, constatando o fato óbvio de que não é uma pessoa organizada. Ao lado dessa cômoda havia uma mesa pequena, sobre ela descansava um computador incrivelmente moderno para o estilo do quarto. Em cima havia uma estante cheia de livros e logo em baixo havia um mural repleto de fotos de com varias pessoas que eu não fazia idéia de quem eram. Tentei por alguns segundos visualizar as pessoas, mas minha visão ainda estava afetada pelo sono, então joguei meu corpo de volta na cama, sentindo o colchão chacoalhar em baixo de mim. Aos poucos fui sentindo o sono me pegar de novo, mas fui interrompido pelo meu celular emitindo um som estridente e chato. Tentei ignorar, mas o barulho era tanto... E não parava. Droga, por que as pessoas insistem? Se eu não estou atendendo, ligue mais tarde, caralho!
“Alô?” Escutei a voz de e abri meus olhos imediatamente. Ela estava parada alguns metros da cama com os cabelos molhados e uma toalha da cor rosa clara enrolada em seu corpo. Ela sorriu para mim e mordeu o lábio inferior com uma cara meio sapeca. “Sim, ele está aqui.” Ela riu baixo. “Estou ótima e a senhora?” perguntou, aproximando-se de mim enquanto falava ao meu celular. “Fico feliz em saber. Está tudo tranqüilo por aí?... Ah, certo! Esqueci de deixar a chave com ela!” fez uma careta batendo de leve com uma de suas mãos na própria testa. “A senhora pode me fazer um favor? Diga que uma das chaves está em baixo do tapete... Isso. Obrigada.” olhou para mim e sussurrou baixo “A empregada...” Ergui uma das sobrancelhas sabendo que provavelmente tinha esquecido da amigável empregada que servia nossa vizinha. tinha o costume de roubar a empregada dela para fazer serviços por fora. “Sim, ele está aqui do meu lado... Dormindo, para variar.” riu e eu franzi o cenho para ela. “Fale com ele. Até mais, Senhora .” jogou o celular para mim e levantou, encaminhando-se de volta para o banheiro.
“Alô? ?” Minha mãe perguntou, assim que atendi o celular.
“Oi, mãe. Está tudo bem por ai?” Perguntei e escutei a respiração dela falhar antes de me responder.
“Está sim, filho. E você? Como está a viagem?” Ela perguntou, com a voz meio fraca. Senti que algo estava errado.
“O que foi, mãe? Tenho que ir para casa?” Perguntei, preocupado.
“Não. Largue de ser bobo, .” Ela riu. “Só quero saber como estão as coisas por aí.”
“Está tudo bem. Não sei quando voltamos.”
“Só volte para o Natal. Está bem, querido?” Ela falou e eu quase pude ouvir o som do riso dela através do telefone. “Agora tenho que ir. Tenho que resolver umas coisas. Se cuide.” Ela disse e desligou o telefone antes que eu pudesse dizer alguma coisa.
Fiquei um tempo parado só pensando em que confusão poderia estar acontecendo... Mas não. Era só coisa da minha cabeça. Nós estamos bem.

“O que vamos fazer hoje, gatão?” apareceu na porta do banheiro novamente enquanto escovava seus cabelos molhados.
“Não sei. Você que morava aqui, você que tem que ser a turista, não é?” Falei e fez um bico e ergueu os olhos enquanto pensava.
“Tem um parque de diversões que está na cidade, meu pai me avisou ontem. O que acha?” perguntou com um sorriso sapeca no rosto, parecendo ansiar pela minha resposta.
“Vamos. Quero ver se toda essa vontade vai se pronunciar quando estivermos na frente da montanha russa.” Falei e revirou os olhos.
“Você acha mesmo que eu tenho medo disso?” Ela ergueu uma de suas sobrancelhas e voltou para dentro do banheiro. Na realidade eu tinha certeza que não tinha medo dessas coisas, ela nunca aparentava ter medo. Enquanto eu pensava numa resposta, saiu do banheiro novamente e dessa vez, estava vestida com uma lingerie de cor azul escura.
“Ah, não creio que perdi você trocando de roupa... Ou colocando roupa, tanto faz.” Ri baixo e mostrou a língua indo para sua cômoda onde começou a revirar cada vez mais as gavetas.
“O coitado do seu pai que tem que arrumar essa bagunça depois?” Perguntei e balançou a cabeça.
“A empregada arruma. Sempre deixamos para a empregada.” Ela riu e tirou de dentro da gaveta um short jeans e um cashmere cinza claro. “Ahn... Minha meia calça deve estar em algum lugar por aqui...” remexeu mais em sua gaveta e de lá tirou uma meia calça da cor cinza também.
O short era escuro e tinha o desenho da bandeira dos Estados unidos estampado na parte da frente. Do lado da perna esquerda estava estampado as estrelas, e na direita, as listras.
“Pronto” disse quando terminou de colocar suas roupas, depois de uma certa dificuldade na parte da meia calça.
“Acho que é a primeira vez que te vejo vestida com uma roupa normal.” Eu falei e parou olhando para as próprias roupas e então deu de ombros rindo.
“Eu visto o que to afim de vestir.” Ela disse e se deitou ao meu lado na cama, aninhando-se nos meus braços e dando um selinho em meus lábios.
“Linda.” Falei e me olhou por alguns segundos e depois deu um sorriso fraco. “Que foi?”
“Sei lá. Sou meio louca, você sabe.” Ela riu e se escondeu dos meus braços dando um leve beijo no meu pescoço.
“É, eu sei.” Falei entrelaçando meus braços envolta de sua cintura. “Vamos dormir mais um pouco, vem.” Puxei a coberta e depositei em cima do corpo de . Ela fechou os olhos enquanto me apertava contra seu corpo e então deslizou suas mãos sobre toda a extensão do meu peito e terminou fazendo um carinho no meu pescoço e nuca. As mãos de eram tão macias, suas unhas roçavam de leve meu couro cabeludo, enrolando alguns fios do meu cabelo em seus dedos... Eu estava quase caindo no sono quando escutei alguém bater na porta.
...” A voz de Jimmy preencheu o silêncio que antes estava presente. se apoiou nos próprios cotovelos e se levantou lentamente, tentando entender o que estava acontecendo. “Desculpe incomodar... Filha?”
“Não tem problema.” foi nas pontas dos pés até a porta e a abriu de um modo que Jimmy pudesse ver apenas ela. “O que foi?”
“Vim chamar vocês para almoçar... Estão com fome?” Escutei Jimmy dizer e brincou com o trinco da porta antes de respondê-lo.
“Vocês?” Ela disse tentando enganá-lo e, por mais que fosse ótima em omitir e esconder as coisas, era meio óbvio que eu estava ali.
“Ah vá, . Até parece que eu nasci ontem.” Ele disse, tentando esconder uma risada em sua fala. “Venham.” Escutei os passos de Jimmy se distanciarem e fechou a porta atrás de si dando de ombros mais uma vez.
“Você acha que consegue enganar todo mundo, né?” Falei e riu baixo.
“Pelo menos eu tentei.” Ela mordeu o lábio inferior. “Vamos. Saia dessa cama!” Ela foi até mim puxando o cobertor e constatando que eu não estava vestido. abriu a boca, parecendo estar indignada, e começou a rir.
“O que foi?” Perguntei, levantando uma de minhas sobrancelhas, mas apenas continuou rindo. “Como se não tivesse visto antes...” Revirei os olhos.
“Mas eu não sabia que você tinha dormido assim!” Ela falou e me deu as costas, indo até a porta.
“Mas eu sempre durmo assim.” Confessei e fez uma careta.
“Que nojo, .” Ela franziu o cenho olhando para mim e tentando disfarçar um riso que persistia em sair de seus lábios.
“Nojo? Por que nojo?” Ri baixo e apenas deu de ombros.
“Sei lá, é estranho.”
“Eu sei que você gosta desse corpo maravilhoso aqui, então não reclame.” Falei, tentando emitir uma voz sensual.
“Tá bom.” Ela deu uma piscada. “Vá se arrumar, to indo lá em baixo.” Ela mandou um beijo no ar e sumiu através da porta de madeira escura.
Tentei encontrar a roupa menos amassada possível dentro da minha mochila e quando eu me senti devidamente vestido, desci as escadas tentando me lembrar aonde que era a cozinha. Por mais que a casa fosse mais simples que a casa da mãe de , isso não quer dizer que era uma casa qualquer. Na realidade, se eu pudesse escolher entre as duas, eu ficaria com a casa do pai de . Era muito mais aconchegante. Segui no corredor até chegar na cozinha, mas não encontrei ninguém. Estranhei, afinal aonde mais poderíamos almoçar?
“Bom dia, .” Escutei Jimmy dizer e me virei para olhá-lo.
“Bom dia, Senhor.” Falei e ele sorriu gentilmente.
“Já disse que pode me chamar de Jimmy. Aliás... Gostaria de conversar com você.” Ele falou, ajeitando a própria calça, e eu me assustei pensando no que ele poderia dizer. Alguma frase do tipo “Se afaste da minha filha” já estava perturbando meus pensamentos...
“Claro. Pode dizer.” Tentei forçar um sorriso, mas Jimmy percebeu no ato que eu estava nervoso.
“Se acalme, garoto. Não é nada demais... Só quero te agradecer.” Ele disse e foi até a cozinha pegar uma tigela aonde continha uma boa quantidade de carne crua.
“Me agradecer? Por quê?” Franzi meu cenho colocando minhas mãos nos bolsos de minha calça.
“Não sei. Por trazer para cá. Estou feliz de vê-la mudada... Ela parece estar realmente feliz contigo, então queria te agradecer por isso.” Ele deu um sorriso meio tímido e um pouco triste. Por um segundo até senti um pouco de dó do velho senhor, não deve ser nada fácil passar pelo o que ele passou, viver sozinho numa casa tão grande e ainda por cima ter que esconder a filha da mãe megera.
“Não tem porque me agradecer. Eu gosto mesmo de .” Queria poder dizer mais, mas minha garganta meio que travou sem motivo. Acho que ele não precisava ouvir os detalhes... Pelo jeito ele parecia saber tudo que eu tinha pra dizer.
“Fico feliz, meu filho.” Ele disse, dando um sorriso meio desajeitado. “Vamos lá fora, está nos esperando. Estamos tentando fazer um churrasco.” Ele passou por mim e me guiou até o quintal dos fundos da casa. estava meio que deitada numa cadeira almofadada enquanto bebia uma cerveja e ao me ver abriu um sorriso e pegou mais uma cerveja de um balde de gelo.
“Achei que a cinderela não ia descer.” Ela falou, rindo, e entregou a cerveja para mim, olhei feio para ela indicando que não deveria falar assim comigo na frente de seu pai. Ela apenas deu de língua e me deu um breve selinho.


não conseguia parar de olhá-lo. Não conseguia não reparar em cada detalhe de seu rosto; o modo como seus olhos eram incrivelmente bonitos e brilhantes... Como era possível? Ela não conseguia não prestar atenção no jeito em que ele respondia as perguntas de seu pai com um certo nervosismo e ao mesmo tempo tentava parecer relaxado tomando sua garrafa de Budweiser. Seus cabelos estavam extremamente bagunçados, exatamente igual a minutos atrás quando os dois estavam na cama dormindo. Ela sabia que não tinha tido o trabalho de arrumá-los, ele estava muito nervoso para isso. Seus olhos piscavam sem parar enquanto ele coçava a nuca, temendo em estar sendo avaliado a cada movimento em que fazia.
“Então, sua mãe e você mudaram para Seattle faz quanto tempo?” Seu pai perguntou calmamente. deu mais um gole em sua cerveja e limpou a garganta antes de responder.
“Vai fazer um ano mais ou menos.” Respondeu, dando um sorriso forçado para a garota e desesperadamente dando um outro gole em sua garrafa, tentando manter seus lábios ocupados para não ter que encompridar o assunto. Mas sabia que seu pai estava apenas fazendo perguntas casuais, nada de interrogatório. Jimmy não era desse tipo.
“Só vocês dois?” Jimmy perguntou novamente e resolveu responder por dessa vez.
“Não, tem um irmão super legal chamado e mora com o seu tio que é um cara super engraçado também.” Ela falou, tentando acalmar , mas tudo que ele fez foi franzir a testa e dizer:
não é legal.” Ele a olhou profundamente, parecendo estar enciumado.
“Ele é seu irmão, você nunca vai achá-lo legal.” Jimmy disse rindo e ficou pensativo por alguns segundos. “E seu pai?” fez uma careta disfarçada desejando que seu pai não tivesse tocado nesse assunto.
“Ele morreu quando eu era criança.” respondeu, parecendo um pouco mais desanimado do que antes.
“Tenho certeza que teria sido um pai ótimo, mas agora que você namora minha filha, acho que vou ter que ser um segundo pai para você, rapaz.” O pai da garota disse, rindo, enquanto colocava mais carnes e salsichas para assar.
“Ah pai, Chega! Nós já comemos demais.” disse imediatamente, ao ver que seu pai não iria sossegar até assar toda a quantidade de carne que havia comprado. Seu estômago estava pesado e tudo que ela queria era fumar um cigarro e ir dormir mais um pouco. A garota deixou seu prato de lado e se sentou perto de , pensando que assim ele ficaria mais confortável.
“Você só fica bebendo e não come, por isso está se sentindo cheia.” Jimmy a respondeu e olhou para o balde aonde supostamente deveria ter mais cervejas se eles não tivessem tomado tudo. “Viu? Agora vá até o mercado comprar mais. Toma!” Ele jogou as chaves do carro para a garota a sua frente.
“Também te amo, pai.” Ela respondeu rindo. “Já volto então.” se inclinou um pouco na cadeira selando os lábios nos de . Ele correspondeu, mas deu um apertão de leve em seu braço. A garota apenas franziu o cenho para ele, estranhando seu nervosismo. Raramente tinha visto daquele jeito. Ela acariciou seus cabelos macios e caminhou até dentro da casa para buscar dinheiro.

... Eu vou junto.” Depois de alguns segundos a garota observou entrar em seu quarto enquanto ela pegava uma nota de vinte dólares de dentro de sua bolsa.
“Pare de ser gay, .” rolou os olhos e seguiu seu caminho até o carro. foi atrás.
“Não, eu só...” tentou dizer, mas ela o interrompeu.
, eu já volto.” Respondeu, dando mais um beijo rápido nos lábios do garoto a sua frente e entrou no carro sem esperar respostas.

colocou três caixas de cerveja no carrinho e teve certeza que isso era o máximo que eles iriam agüentar. A garota caminhou pelo mercado fechando os olhos graciosamente enquanto ouvia a musica que estava tocando no ambiente.
“Sempre comprando bebida, né?” A voz de Ethan invadiu seus ouvidos e ela se virou para vê-lo melhor.
“Tenho certeza que não está aqui para fazer algo diferente.” Respondeu enquanto tentava achar o carrinho dele com o olhar. Ele apenas deu de ombros e respirou forte como se tivesse com gripe ou com alguma coisa entalada em seu nariz. Poderia ser um ato grotesco, mas não quando se tratava de Ethan. Seus cabelos extremamente bagunçados, seu nariz pequeninho e seus dentes pequenos e branquinhos como o de um bebê não o deixavam aparentar ser muito adulto. Mas mesmo assim Ethan tinha aquele jeitinho machão, o que o deixava extremamente fofo devido ao fato que por mais que ele se esforçasse, sempre seria uma pequena criança, pelo menos aos olhos de .
“Então vamos juntar nossas bebidas e fazer uma festa nós dois.” Ethan disse, olhando-a profundamente e logo depois olhou ao redor do mercado como se estivesse procurando mais alguém.
“Não posso, tenho que ir pra casa.” Ela respondeu simplesmente e imitou o gesto do garoto a sua frente, observando ao redor, mas tudo que preenchia a sua visão eram varias garrafas de bebida.
“Ah, então beleza, vamos lá.” O garoto disse colocando as duas mãos nos bolsos da calça.
“Não dá... Estou tentando fazer com que meu pai e se tornem amigos.” o respondeu e ele soltou um riso meio abafado entre seus lábios. Ela já desconfiava que Ethan não havia gostado muito de e esse era o motivo pelo qual ela não estava o convidando.
“Não acredito que você gosta daquele menino. Você? Gostando de alguém?” Ele falou com uma expressão séria. O que não era nada de anormal, afinal, Ethan estava sempre com uma carinha de malvado. ficou muda, sabendo que não teria como responder aquilo. “Bom, estou indo então. Até mais, .” Ele a olhou mais uma vez e depositou um beijo em sua testa, logo em seguida dando as costas para garota e caminhando calmamente até uma prateleira onde tirou uma garrafa de vodka e sumiu pelo corredor.

Quando estacionou o carro na garagem, estranhou ao ouvir o som de risadas vindo de dentro da casa. Seu pai não poderia ter convidado alguém... Não havia ninguém a mais para chamar. Só se fosse algum amigo dele...
“Droga.” Ela disse baixinho para si mesma pensando em como deveria estar se sentindo mal se algum amigo de seu pai estivesse por lá. Imediatamente um sentimento de culpa cresceu em seu peito por tê-lo deixado numa situação tão complicada. A garota desceu do carro pegando suas compras e foi imediatamente para o quintal dos fundos e a imagem que viu pareceu meio inverossímil aos seus olhos.
Jimmy e estavam rindo... Rindo de verdade. Sozinhos. Sem ninguém mais. Apenas os dois. Um alívio imediato tomou conta de e ela automaticamente relaxou se encostando na beira da porta enquanto observava a crise de riso que estava acontecendo bem ali, na sua frente.


De repente todo o medo idiota que eu estava sentindo antes sumiu. O pai de na realidade era muito mais legal do que eu pensava que ele fosse. Acho que o fato dele ter buscado sua garrafa de uísque durante nossa conversa foi crucial, mas isso não importava já que nós estávamos nos dando bem.
Segurei o pequeno copo em minha mão, observando o líquido marrom se misturar com as pequenas pedras de gelo. Gostaria tanto que minha vida fosse tão simples, queria poder fazer um churrasco com a minha família num dia de domingo e não me preocupar com nada mais além de beber e rir com meus familiares.
, já era hora!” Escutei Jimmy dizer e girei meu tronco para vê-la melhor. estava com seus cabelos incrivelmente embaraçados e nem parecia ter consciência disso, e se tinha, não estava se importando. Ela caminhou até nós com uma sacola em cada uma de suas mãos e sorriu entregando as mesmas para o seu pai.
“Encontrei Ethan no meio do caminho, ficamos conversando por um tempo.” disse e eu revirei meus olhos franzindo meu cenho automaticamente. Jimmy ergueu uma das sobrancelhas olhando para a filha enquanto colocava todas as garrafinhas de cerveja num balde de gelo.
“Porque não o convidou? Fiz tanta comida que acho que vou ter que jogar fora.” Jimmy disse olhando para a quantidade de carne que assava na churrasqueira.
“Ele estava ocupado...” Ela disse, um pouco baixo, e se sentou ao meu lado deslizando uma de suas mãos pelo meu ombro.
“Bom, vou sair hoje mais tarde de qualquer maneira. Volto tarde. Vocês vão ficar em casa?” Jimmy colocou mais um pedaço de carne em meu prato e meu estômago revirou. Já havia comido demais, mas não tinha coragem de rejeitar.
“Não, nós vamos no parque de diversões aqui perto.” disse sorridente. Meu estômago revirou novamente. Não queria imaginar como iria estar meu estado daqui umas horas numa montanha russa. “Lógico que depois da minha soneca.” Ela riu do próprio comentário e me olhou. “Aliás, acho que vou indo pra minha cama já. Se divirtam aí.” deu um beijo estralado na minha bochecha e deu as costas indo para o seu quarto. Suspirei profundamente, queria ir com ela.

Capítulo 15

Não sei quanto tempo fiquei ali, só escutando a vitrola de Jimmy tocar musicas do Elvis enquanto tomava uma das últimas cervejas que havia comprado. Eu estava deitado no sofá confortável da sala e podia ouvir uma televisão ligada, mas não sabia de qual cômodo o som estava sendo emitido. Fechei os olhos e balancei meus pés conforme escutava a música invadir meus ouvidos. Estar na presença de e de todas essas coisas “fora de moda” que ela amava, me dava uma nostalgia estranha de algo que nunca vivi.
“We’re caught in a trap, I can’t walk out... Because I love you too much baby…” Escutei sua voz doce dizer perto do meu ouvido, quando abri meus olhos devagar.
sorriu e deu um breve selinho em meus lábios. “Bom dia” Falei ao ver que seus olhos estavam um pouco inchados e seus cabelos mais bagunçados do que o normal.
“Bom dia...” Ela esfregou os olhos e se sentou numa poltrona que dava de frente para o sofá onde eu estava deitado. “Que horas são?” Perguntou enquanto abraçava uma de suas pernas e depositava sua cabeça em seu joelho.
“Não faço ideia, estou aqui esperando o almoço descer ainda...” Falei deslizando a mão pela minha barriga, que parecia estar bem maior do que estava algumas horas atrás.
“Vocês conseguiram comer tudo aquilo?” perguntou rindo e abrindo a boca em sinal de indignação.
“Não tudo, mas quase tudo.” Confessei e continuou com sua expressão indignada até seu pai entrar na sala.
“Estou indo encontrar meus amigos em algum bar aqui perto. Se precisarem de alguma coisa é só me ligar...” Jimmy disse arrumando seu cinto em volta da cintura e ajeitando sua camiseta. sorriu para ele, assentindo.
“Sabe que horas são, pai?” Ela perguntou mais uma vez e seu pai ergueu o braço direito olhando para o grande relógio enrolado em seu pulso. Ele teve que afastá-lo um pouco e franzir sua testa para poder enxergar os números, e então sorriu dizendo:
“Oito horas.” Ele caminhou até e deu um beijo em sua testa e acenou para mim amigavelmente. “Não sei quando volto, mas se cuidem.” Não pude ter a visão de Jimmy indo embora, pois estava deitado do lado oposto ao do corredor, mas pude ouvir o barulho de suas botas batendo no chão irem diminuindo conforme os segundos passavam. manteve seu olhar no corredor por um bom tempo enquanto parecia sonhar acordada. Nós ficamos um tempo ali só olhando para o nada. Acho que, na realidade, o que estava nos mantendo ali era o som agradável que vinha da vitrola. Tem gente que prefere Beatles, já no meu caso, eu prefiro Elvis. “But you should know girl, that I’ll be crying out on that lonely road where not a soul can see...” cantou baixinho mais uma vez e sorriu graciosamente para mim.
“Vamos?” Perguntei e assentiu, mas não saiu do lugar e depois, ao ver que eu estava olhando para ela, apenas se espreguiçou e deitou novamente na poltrona. Ri de sua atitude, e levantei puxando seu braço. “Vamos! Você já dormiu demais...”
“Não tem coisa melhor do que dormir.” Ela riu e desvencilhou minhas mãos de seu pulso, deitando novamente.
“Nem ficar comigo?” Perguntei e me olhou por alguns segundos e balançou a cabeça em sinal de negação. Olhei indignado para ela que apenas riu fortemente.
“Vou te forçar a ficar feliz comigo então.” Falei e segurei no colo, a levando para o quarto.
Após varias cócegas e beijos roubados, convenci a se arrumar, e mesmo reclamando, ela colocou um tênis velho e arrumou seus cabelos de qualquer jeito, mas arrumou.

A escuridão do céu se misturava com as luzes coloridas dos brinquedos do parque. Podia ouvir uma musiquinha irritante que vinha de um carrossel logo a nossa frente, mais adiante havia várias barraquinhas coloridas com alguns atendentes dentro delas. Observei uma criança correr para uma delas e apontar para um grande urso panda de pelúcia, que estava pendurado junto a outros prêmios. Um homem de barba escura e óculos quadrados veio atendê-la sorrindo de um modo não muito entusiasmado, ele não parecia estar muito feliz de estar trabalhando ali. A menininha deu vários pulinhos apontando para o urso panda e então pude ver um outro homem se aproximar ao lado dela. Ele sorriu e colocou a mão no bolso esquerdo tirando um ticket e entregando para o homem da barba escura. O homem pegou uma arminha de brinquedo e tentou acertar os cavalinhos que dançavam de um lado para o outro enquanto uma outra musica irritante tocava. Não demorou muito tempo para que ele acertasse, fazendo com que o garoto pegasse o grande urso panda e entregasse para a garotinha. Ela sorriu e abraçou o homem a sua frente.
“Obrigada papai” Ouvi sua voz fina no meio da multidão.
apertou minha mão de leve e então finalmente olhei para ela. Seus olhos estavam incrivelmente brilhantes por estarem refletindo as luzes coloridas do local. Ela sorriu e me puxou em direção de outra barraquinha.
“Quero um algodão-doce.” se inclinou sobre o balcão da barraca e sorridente olhou para o atendente que sorriu de volta. “Quer um também?” Perguntou, e eu neguei com a cabeça, lembrando de toda a comida que eu havia ingerido mais cedo.
“Aqui está” Disse o atendente. Esse parecia ser um pouco mais novo que o garoto da barba escura, ele tinha cabelos encaracolados e uma cara de bobo.
“Obrigada” sorriu e a sua cara de bobo conseguiu ficar mais ridícula ainda. Não consegui impedir que uma risada saísse dentre meus lábios. franziu o cenho e olhou para mim enquanto se afastava da barraca.
“Que foi?” Ela perguntou enquanto pegava uma boa quantidade do algodão-doce cor de rosa e enfiava em sua boca. Ela passou de leve as costas da mão no canto de sua boca e riu baixo. “Você não tem noção de quão bonita você é, não é?” Falei e franziu o cenho enquanto mastigava a bola cor de rosa que agora se desmanchava em sua boca. E então tive certeza de que não tinha noção mesmo do efeito que causava nas pessoas, não tinha noção do encanto que possuía e nem tinha noção de como as coisas vinham e viriam mais fácil para ela justamente por causa disso.“Vamos na montanha russa!” Ela disse animada e jogou metade do algodão no lixo quando começou a correr em direção à fila. Não me senti obrigado a correr atrás dela, afinal, a fila estaria ali de qualquer maneira, mas era engraçado ver como se comportava como uma criança super ansiosa. “Ah, odeio filas.” Ela fez uma carinha triste e olhou ao redor. “Será que posso fumar aqui?”
“Não sei... Tem crianças...”
“Droga. Olha... É o Ethan!” Ela disse se levantando nas pontas dos pés para poder observar melhor. “Ele está lá no começo da fila! Vem! Vamos furar.” agarrou meu pulso e dessa vez me obrigou a correr, pois ela estava correndo.
!” Ethan sorriu de leve e levantou os braços quando a viu. “E o garoto.” Disse ao me ver. Franzi um pouco o cenho e iria retrucá-lo dizendo alguma coisa idiota, mas me interrompeu.
“Podemos furar?” Ela sorriu abertamente e Ethan deu espaço para nós. Ninguém reclamou, pois estávamos prestes a entrar.
“O que você vai fazer depois daqui?” Ele perguntou e deu um gole na sua garrafa de Heineken.
“Não sei...” começou a dizer, mas nós dois desviamos a atenção da conversa ao ouvir uma voz grossa dizer:
PRÓXIMOS!
Olhei para o homem que havia nos chamado, e ele estendeu a mão esperando os tickets. Entreguei dois e ele nos olhou dos pés à cabeça com uma expressão meio rude. O homem era bem gordo e usava um boné branco e vermelho. Sua barriga estava escapando da calça jeans apertada e ele parecia um pouco embriagado. Ele abriu o portãozinho e nós passamos indo em direção aos carrinhos da montanha russa.
Sentamos um do lado do outro e mordeu o lábio inferior rindo.
“Está com medo?” Perguntei e fez uma careta.
“Você está?” Ela perguntou e continuou mordendo seu lábio inferior enquanto sorria nervosamente.
“Estou com medo de vomitar em você, isso sim.” Falei e me olhou com um pouco de nojo. Ela havia aberto sua boca para me responder, mas as travas elétricas desceram fazendo um barulho alto. Segurei firmemente as travas em volta do meu corpo e olhei para quando os carrinhos começaram a andar.
“Confesse, você está com medo.” Gritei um pouco alto para que a minha voz se sobressaísse às rodas em atrito com os trilhos. me olhou com desdém e riu nervosamente.
“Nunca!” Ela gritou também e então pude ver o carrinho chegar até o topo da montanha russa. Um minuto de tensão. Olhei para enquanto o carrinho não se movia, ela tentou manter seu rosto calmo, mas eu sabia que ela estava nervosa.
“Não vai...” Tentei dizer, mas no mesmo momento o carrinho desceu e tudo que conseguia escutar eram gritos. Observar era praticamente impossível, não conseguia enxergar nada, tudo na minha frente eram praticamente borrões. Aquele frio na barriga era tão gostoso, era bom sentir medo de vez em quando. Um looping, dois loopings, três loopings... Meu estômago estava reagindo bem a tudo aquilo e até parecia estar tranquila, mas não sabia dizer se ela estava gritando ou não. Afinal, eram tantos gritos!
Quando o percurso da montanha russa acabou, olhei para o lado e observei incrivelmente pálida e com os cabelos mais bagunçados do que nunca.
“Você está bem?” Perguntei e me olhou tremendo dos pés a cabeça.
“Sim, estou.” Ela continuou com seu rosto pálido e as mãos tremendo. As travas elétricas subiram e ela se levantou e, tropeçando, quase caiu em cima de mim.
!” Falei e ela me olhou por alguns segundos. Achei que ela fosse chorar ou desmaiar, ou até mesmo pedir para nós irmos embora, mas tudo que ela fez foi soltar uma risada extremamente alta.
“Que que foi?” Perguntei mais uma vez sentindo meu rosto arder um pouco de raiva e também por vontade de rir. não me respondeu, apenas continuou rindo sem parar até sairmos do brinquedo. “Você é louca, sério.” Disse revirando os olhos e apenas deu de ombros.
“Vamos de novo?” Ela perguntou, mordendo seu lábio inferior mais uma vez.
“Não!” Falei um pouco bravo.
“Ahhh, tá com medinho?” Ela perguntou se aproximando de mim.
“Eu? Eu que estava com medinho a poucos minutos atrás?” Perguntei franzindo o cenho e rolou os olhos.
“Estraga prazeres!” Ela mostrou a língua. “Vamos comprar umas cervejas então.” Ela falou indo até outra barraca. Fiquei esperando alguns metros de distância e observei-a entregar dois tickets e vir caminhando em minha direção com duas garrafas de Heineken.
“Sugestão:” abriu sua garrafa de Heineken e entregou a minha. Deu um grande gole e engoliu o líquido rindo um pouco. “Vamos ficar bêbados.”
“Concordo.” Olhei para ela e olhei ao redor pensando que aquilo não iria ficar muito divertido sem bebida.
No final, não sei direito aonde conseguimos tanta bebida, mas nós estávamos num alto nível de álcool meia hora depois do nosso trato. Acho que tinha pedido pra algum amigo dela arranjar uma garrafa de gin, mas não tenho certeza. Eu estava sentado perto de uns banquinhos e de lá tinha a visão de todo o parque. Não sei por que eu estava achando tão interessante o modo como as pessoas subiam e desciam gritando do grande elevador que estava a vários metros de mim.
.” Ouvi a voz de , e ela se sentou ao meu lado. Ela tinha conseguido um baseado de alguém e estava sugando a fumaça de um modo desajeitado. Olhei para ela e peguei o cigarro de sua mão, tragando uma boa quantidade também. Senti minha garganta arder um pouco e senti um alívio alguns segundos depois, quando soltei o ar de meus pulmões. “Quer ir lá?” apontou para o elevador ao observar o meu interesse pelo mesmo. Ela deu mais um gole na garrafa de gin, enquanto me via dar a última tragada em seu baseado.
“Não acho uma boa ideia...” Falei escutando minha voz sair um pouco enrolada, ri baixo.
“Ah, Linguado. Não seja tão frouxo!” disse e me puxou pelo braço me fazendo levantar.
“Linguado?” Perguntei rindo e ela franziu o cenho.
“Linguado? Que linguado?” Ela disse enquanto andávamos meio apressados até o elevador.
“Você disse! Disse Linguado!” Falei e riu alto.
“Você está louco.” Ela disse quando chegamos na fila.
“Sim, você disse: ‘Ah linguado. Não seja tão bobo.’” Repeti sem ter certeza se era isso mesmo que ela havia falado e me olhou séria e do nada começou a ter o seu típico ataque de riso.
“É frouxo, não bobo.” Ela respondeu e eu comecei a rir junto com ela.
“Você quer me fazer o favor de falar de que porra você está falando?” Falei e mexeu em seus bolsos procurando alguma coisa.
“Não.” Ela me respondeu naturalmente e saiu andando até o começo da fila, aonde começou a conversar com um atendente. Franzi o cenho constatando que nunca ia entender as merdas que falava. Pensei em ir atrás dela, mas desisti, meu corpo estava meio que formigando demais e eu não quis andar. Depois de um tempo olhando conversar de um modo meio idiota com o garoto que estava cuidando da fila, observei-a me chamar.
“O quê?” Perguntei e riu um pouco antes de me responder.
“Vamos, o moço vai nos deixar entrar.” Ela falou entrando junto com uma família de japoneses.
“Não moça, volte...” Escutei o atendente começar a dizer, mas já estava se sentando em uma das cadeiras do elevador. Juntei-me a ela rapidamente e senti as travas elétricas pousarem sobre meus ombros novamente. As cadeiras começaram a subir vagarosamente, olhava para baixo enquanto balançava suas pernas no ar. Aos poucos chegamos ao topo, conseguia ver todo parque, até toda a cidade de lá de cima. Olhei para o lado e observei totalmente maravilhada e nem pouco nervosa dessa vez. Ela relaxou deixando sua cabeça encostar-se à cadeira.
“Sem medo dessa vez?” Peguntei e riu baixo.
“Nunca tive medo.” Ela respondeu e levou um susto ao escutar o primeiro estralo do elevador. “Que foi isso?” Ela perguntou e eu ri.
“Nunca veio nesse brinquedo?” Perguntei e balançou sua cabeça em negação. “Então espere pra ver.” Respondi, e ela mordeu o lábio inferior.
Segundo estralo.
“Fala o que é, .” Ela falou um pouco nervosa, mas não conseguiu conter um riso.
“Veja.”
Terceiro estralo.
“DIGA!” estava um pouco vermelha, não soube dizer se era por causa do medo, por causa do álcool ou porque ela estava rindo bastante. Antes que eu pudesse responder vi o rosto de mudar em segundos quando o elevador caiu de uma vez só. Senti meu estômago revirar e fechei fortemente os olhos, e antes que nós tivéssemos certeza do que havia acontecido, já estávamos no chão.
“Puta que pariu.” Ela falou quando as travas elétricas saíram e o pai da família japonesa nos olhou feio. olhou para ele sem entender muito bem o motivo de sua braveza, mas deu de ombros e se levantou da cadeira sentindo suas pernas balançarem.
“Você tá bem?” Perguntei e assentiu que sim. Quando estávamos para sair do brinquedo, pude observar o atendente ao lado de um homem de terno e uma cara de malvado. Os dois estavam olhando para nós quando o atendente magrelo apontou para .
“Os dois ali...” O escutei dizer.
“Os senhores façam o favor de me acompanhar?” Escutei o segurança dizer e olhou meio confusa para nós três.
“Por quê?” Ela respondeu e ele ergueu uma de suas sobrancelhas.
“Acho que não preciso dizer porquê.” Respondeu ele e nos deu passagem. Todas as pessoas da fila estavam olhando para nós dois da forma menos amigável possível.
“Precisa sim.” Ela respondeu cruzando os braços e com cara bravinha. Olhei para ela sorrindo, mas ao ver a cara do segurança, voltei a minha postura inicial.
“A senhorita furou a fila e claramente está embriagada.” O segurança falou também cruzando os braços para . Era uma imagem meio engraçada de se ver, considerando que o segurança era quatro vezes maior do que .
“Eu estava com meu pai! Ele estava guardando lugar para nós dois.” Ela respondeu levantando seu narizinho no ar e pude sentir que o segurança estava se segurando para não rir também.
“O japonês?” Ele respondeu levantando uma das sobrancelhas.
“Sim.” segurou o riso e manteve seus braços cruzados olhando para o segurança. Ele a olhou por alguns segundos e depois olhou para mim.
“Senhorita, por favor me acompanhe...” Ele começou a dizer novamente e desistiu desfazendo sua cara séria e então do nada, ela apertou meu pulso e disse:
“Corre, .” Senti um impulso e automaticamente saí correndo junto com ela. No meio do caminho, experimentei olhar para trás e pude observar que o segurança continuou ali parado nos olhando correr sem entender o que estava acontecendo. Acho que ele nunca teve que correr atrás de ninguém, afinal, ele trabalhava de segurança num parque de diversões.
Mas , ao contrário de mim, não olhou para trás. Por isso continuou correndo um bom tempo, até chegarmos perto de umas árvores.
“Meu deus, que cara pentelho!” Ela disse um pouco sem fôlego e colocou as mãos nos joelhos tentando sugar o máximo de ar possível. “Acha que ele vai ficar nos seguindo?” Ela perguntou e eu dei de ombros.
“Ele nem veio atrás de nós, acho que nem está preocupado com isso.” Respondi e assentiu. “Vem, nós vamos na roda gigante.”
“Roda gigante?” fez uma careta.
“Não reclame.” Falei e me acompanhou até a roda gigante que não estava muito longe dali.
“Droga, só tenho mais um ticket. Quantos você tem?” Perguntei pra ela e mexeu nos bolsos constatando que não havia mais nada neles. “Vou comprar mais um, espera ai.” Falei e assentiu se encostando em um balcão na lateral do brinquedo.
No caminho até a barraquinha dos tickets, coloquei a toca do meu casaco sobre a minha cabeça, na tentativa de enganar o segurança caso ele me encontrasse. A fila estava enorme, então demorei um bom tempo lá. Estava meio nervoso por isso, não gostava de deixar sozinha... Coloquei minhas mãos nos bolsos do casaco e fiquei balançando meu corpo para frente e para trás.
“Quantos?” O garoto na minha frente perguntou e eu voltei a realidade. Não sei quanto tempo fiquei ali criando teorias idiotas de como não deixar a longe de mim.
“Três” Falei caso quisesse ir em outro lugar depois. Paguei e enfiei os tickets no bolso da minha calça e voltei para perto da roda gigante. Ao chegar lá, constatei que minhas teorias não eram tão malucas assim. estava com Ethan. Apertei meus passos para chegar perto dos dois e , ao me ver, não fez nada além de sorrir de leve e voltar a conversar com ele. Os dois estavam rindo incrivelmente alto, atraindo atenção de várias pessoas ali perto. Limpei minha garganta e parei na frente deles, os dois estavam sentados no chão.
A fila da roda gigante não estava mais lá, todos os casais já estavam devidamente sentados nas cabines, observei uma atendente morena e baixinha chegar perto de nós e sorrindo abertamente falou para Ethan:
“Não quer levar sua namorada para uma volta na roda gigante?” Ela perguntou e Ethan sorriu de lado olhando para . Então ele levantou e estendeu sua mão para ela, aceitou se levantando e olhou para ele meio confusa.
“Não tenho tickets.” Ela respondeu e ele tirou dois do bolso entregando para a mulher a sua frente.
“Não, Ethan... Não dá.” Ela tentou dizer e me olhou meio insegura. Eu não transpareci nenhuma emoção, continuei ali olhando os dois.
“Vamos.” Ele puxou para dentro do brinquedo, e a mulher simpática fechou o portão.

Um ódio tão grande tomou conta de mim, que no primeiro momento tudo que eu consegui foi ficar ali olhando os dois subirem até o alto. Ethan estava ali com a minha garota, aproveitando o momento que eu queria ter com ela.
Respirei fundo e tentei manter a calma até voltar, aí nós iríamos conversar... Ah! Iríamos mesmo! Encostei-me em uma árvore que havia ali perto e abri uma garrafa de Heineken e esperei.
Minhas mãos estavam tremendo de um jeito estranho, meu corpo estava rígido, e eu sentia que mesmo que eu quisesse relaxar, meu cenho continuava franzido. Olhei a roda gigante girar e os casais saírem de dentro das cabines aos poucos. Observei Ethan sair e logo depois , ele segurou em sua mão a ajudando sair. Que grande cavalheiro.
sorriu de leve para ele e olhou para os lados tentando procurar alguém, enquanto ele continuava a falar com ela.
girou seu corpo procurando em todos os lugares do parque com seus olhos, e então parou ao olhar para a árvore onde eu me encontrava. Ela ficou um tempo apenas olhando para mim e então disse alguma coisa para Ethan e veio ao meu encontro.
...” Escutei sua voz dizer e olhei para ela, deixando a garrafa vazia de Heineken ao meu lado.
“Sim?” Perguntei cinicamente. olhou para mim de uma maneira estranha e abriu e fechou sua boca algumas vezes sem saber direito o que dizer. “Foi bom o passeio?”
, eu...” Ela começou a dizer.
“Ah, que ótimo! Então aqui está mais tickets para você poder ir em qualquer brinquedo que você quiser com ele.” Levantei-me tirando os quatro tickets que eu possuía e estendi para ela. “Você está agindo como uma criança.” Ela respondeu franzindo o cenho.
“Ah, lógico que não, meu amor.” Respondi sentindo a raiva pulsar em meus nervos. “Toma os tickets.” Falei mais uma vez, mas manteve-se parada. Então puxei seu pulso e enfiei os tickets em sua mão.
, pare.” Ela falou e eu senti minhas mãos formigarem quando observei que Ethan estava vindo em nossa direção.
, nós estamos indo numa festa aqui perto. Quer ir?” Ele perguntou e olhou para ele e logo depois para mim.
“Não sei...” começou a dizer e eu não aguentei segurar minha raiva.
“Não se sinta presa por minha causa.” Falei escutando minha voz saindo ríspida. “Boa diversão para vocês.”
“Calma, cara... Eu te convidaria, mas é que...”
“Mas é que você quer comer a minha garota, não é?” Falei sem pensar, escutando minha voz sair alterada.
“O quê!?” perguntou indignada e eu assenti, enfiando minhas mãos nos bolsos de meu moletom, tentando conter minha vontade de pular no pescoço daquele idiota.
“O que você tá falando, cara? Ela é minha amiga de infância...” Ethan começou a falar, se aproximando de mim. Ele tinha o estilo de durão, de cara revoltado, mas não era muito maior do que eu, então eu sabia que daria conta de dar uma surra nele.
“Isso não muda em nada.” Falei e olhei para . “Mas não se sintam impedidos por mim. Podem ir, mas vê se faz isso direito... Se quiser até te dou umas dicas.” Olhei nos olhos de Ethan e ele parecia estar furioso tanto quanto eu. Senti suas mãos me empurrarem e minhas costas bateram na árvore que estava atrás de mim. Me levantei rapidamente e dei um soco em sua barriga. E aí em diante não me lembro exatamente a ordem dos acontecimentos. O álcool não ajudou muito nesse aspecto, eu estava muito tonto e Ethan não estava diferente de mim. Mas isso não impediu que eu o espancasse com toda a força que juntei. tentou dizer alguma coisa, mas no fim ficou ali olhando para nós dois sem saber direito o que fazer.
Minha cabeça estava latejando e tudo que eu queria no momento era deitar e dormir. Então empurrei fortemente Ethan que caiu no chão. Não pude ver muito bem o estrago que tinha feito em seu rosto, pois senti outras mãos segurarem os meus ombros.
“Vamos rapaz, você já casou muita confusão hoje. E a senhorita também.” O segurança disse.
“Chamem uma ambulância para o rapaz aqui.” Escutei alguém dizer e pude ver que havia acumulado uma boa quantidade de pessoas em volta de nós.
“Mas ele é meu amigo... Ele está bem?” Escutei a voz de dizer e eu tive que me controlar para não pular nela também.
“Ele vai ficar se vocês dois sumirem daqui.” O segurança disse nos levando até o portão do parque de diversões, onde me jogou num canto. ficou ali parada, vendo o portão ser fechado na sua cara.
Nós não dissemos nada no primeiro momento, apenas ficou ali tentando ver o que havia acontecido, embora fosse meio inútil. Levantei-me e tirei o moletom sentindo as feridas começarem a doer. Eu havia ralado todo o meu braço esquerdo e minha mão direita estava latejando. Senti o gosto de sangue e quando passei a língua nos meus lábios pude sentir que havia um pequeno corte do lado direito. Levei a mão até a minha cabeça e fechei os olhos sentindo uma tontura terrível, e então comecei a andar para longe dali. Não sabia aonde queria ir, mas queria sair daquele lugar.
“Onde você está indo?” Perguntou , sua voz estava ríspida e quando me virei para vê-la melhor pude ver que ela estava com os braços cruzados e com uma expressão irritada.
“Sei lá.” Respondi cambaleando pela rua. deu um passo para frente na intenção de me ajudar, mas pelo jeito mudou de ideia no meio do caminho, pois voltou a sua posição inicial.
“Você não pode ficar andando por aí desse jeito.” Ela disse tentando esconder a preocupação no seu tom de voz e continuou me olhando de longe, sem querer chegar muito perto.
“Ah, não me diga que de repente você resolveu se importar.” Falei me encostando em uma parede e deslizando meu corpo até o chão. Não aguentava ficar muito tempo em pé.
“Você é um idiota.” Escutei as palavras de e dessa vez ela não estava brincando, ela realmente me achava um idiota. E eu me sentia um idiota, eu queria sumir daquele lugar o quanto antes.
“Vá atrás do outro idiota então, ele deve valer a pena.” Falei e rolou os olhos me olhando com desgosto.
“Tanto faz, babaca.” Ela respondeu dando as costas para mim e começou a caminhar pela rua. Já estava noite, então senti medo do que poderia acontecer com ela no meio do caminho, afinal, tínhamos vindo a pé. Quis bater em mim mesmo no momento em que pensei isso. Ela estava me deixando ali naquele estado sem nem se quer importar no que iria acontecer comigo, mas isso não deveria me surpreender... Afinal, era de que estávamos falando.
Fechei os olhos e meio que cochilei sentado enquanto minha mente não parava de pensar em Ethan, e tudo que havia acontecido no parque de diversões. Eu não deveria ter bebido, toda vez que eu bebo acontece essas coisas... Sentia meus machucados arderem, mas com o tempo fui me acostumando. Não havia quase ninguém na rua, e as pessoas que passavam por ali achavam que eu era algum mendigo bêbado que iria estuprar qualquer velhinha quando tivesse a chance. Revirei-me sentindo que minhas costas estavam começando a doer, e fechei os olhos mais uma vez tentando dormir para ver se na manhã seguinte eu teria forças para me levantar e ir procurar ajuda de alguém. E então, senti meus olhos arderem incrivelmente quando uma luz branca passou pelo meu rosto. Escutei alguns passos e logo depois uma voz:
“Venha, filho. Entre no carro.” Senti as mãos de Jimmy me ajudarem a levantar e eu segui com ele até o carro. Ele tentava conversar comigo, mas não lembro muito bem do que estávamos falando. Só me lembro de uma música bem alta, que provavelmente Jimmy tinha colocado para tocar na tentativa de não me fazer cair no sono...

Don’t make it tough, i'll put away my pride, enough's enough, I've suffered and I've seen the light…

Capítulo betado por Natyh Vilanova

Capitulo 16

“Não durma, . Já estamos chegando.” Disse Jimmy. Sua voz parecia tão distante e eu desejava tantopoder dormir...
E acabei dormindo, só lembro de o pai de ter me ajudado a andar, se é que poderíamos chamar aquilo de andar, até um dos quartos da casa e se certificar de que meus machucados não eram tão graves. Ele disse mais algumas coisas que eu não consigo me lembrar exatamente o que eram e apagou a luz do quarto, me deixando, finalmente, dormir.
Abri meus olhos vagarosamente, sentindo minha cabeça latejar no mesmo momento que o fiz. Tentei cobrir meus olhos da claridade que vinha da janela, mas foi inútil. Quando minha visão começou a se adequar ao ambiente, observei que estava num quarto diferente. O modelo do quarto era parecido com o de , só que não havia nenhum registro de objetos pessoais. Presumi que seria o quarto de hóspedes. Olhei para a escrivaninha ao meu lado aonde havia uma garrafinha de água boricada ao lado de um pano úmido com umas manchas de sangue. O meu sangue.
Olhei para os meus braços e vi as marcas da noite passada. Não estavam doendo, mas incomodavam um pouco. Era como se eu estivesse com vários papéizinhos grudados em minha pele, fazendo com que conforme eu me mexesse na cama, os machucados coçassem e incomodassem cada vez mais.
Levantei-me e pude observar que nesse quarto também havia um banheiro. Caminhei lentamente até lá e parei na frente do espelho. Não podia acreditar que aquele reflexo era o meu. Havia um corte no canto direito do meu lábio, uns hematomas acima da minha bochecha e minhas olheiras estavam gigantes. Tirei minha camisa para observar melhor o que havia acontecido. Por incrível que pareça, o estrago não era tanto, haviam apenas alguns pequenos cortes nos meu braços. Olhei para minhas mãos e eram elas que estavam em pior estado e isso era um bom sinal, de certo modo. Queria dizer que eu me machuquei mais batendo em Ethan do que com ele batendo em mim.
Senti um sorriso surgir em meus lábios, mas automaticamente parei ao ver meu reflexo. Nunca me achei muito bonito, mas eu estava terrível naquele dia.
Esfreguei meus olhos e abri uma das gavetas do armarinho do banheiro. Haviam algumas escovas de dente ainda embaladas. Isso só me fez concluir que aquele era mesmo um quarto de hóspedes. Peguei uma delas e escovei meus dentes devagar, sentindo o meu lábio machucado arder conforme a pasta de dente deslizava por ele. Cuspi o liquido na pia e enxagüei minha boca, me sentindo automaticamente um pouco melhor.
Olhei para o box e resolvi que precisava urgentemente de um banho. No mesmo armarinho, encontrei umas toalhas e as pendurei ao lado do box para que elas estivessem ali no minuto em que eu saísse do banho.
Abri o registro d'água e entortei meus lábios. É horrível tomar banho quando você está com machucados e eu tinha que enfrentar isso praticamente todo dia quando era criança. Entortei meus lábios mais uma vez e tomei coragem entrando de baixo do jato de d'água à minha frente, lembrando que a criança que existia em mim já tinha ido embora fazia tempos.

“Garoto?” Escutei a voz de Jimmy enquanto saia do banho, enrolei uma das toalhas em minha cintura e fui até o quarto.
“Bom dia, Jimmy.” Falei, sem jeito, enquanto secava meu cabelo com outra toalha. “Olha... Desculpe-me sobre ontem...” Comecei a dizer, mas Jimmy balançou suas mãos em sinal de que não era necessário.
“Para mim você não deve explicações e nem desculpas. Você tem é que falar com a garotinha lá em baixo que parece estar BEM emburrada.” Ele disse enquanto deixava uma mochila em cima de minha cama. A minha mochila. “Pedi para separar alguma roupa sua, mas ela apenas me deu essa mochila.” Ele falou e cruzou os braços olhando para mim. Encostei-me à parede e passei as mãos pelos meus cabelos pensando em que modo eu poderia me redimir para pedir desculpas a . Isso seria terrivelmente difícil.
“Merda.” Falei baixo e Jimmy riu.
“Mas o que aconteceu, afinal de contas?” Ele perguntou e eu balancei a cabeça, sem ter certeza se contava ou não.
“Aquele... Ethan.” Falei e Jimmy ergueu as sobrancelhas, achei que ele iria brigar comigo, mas tudo que ele fez foi ficar quieto e esperar minha explicação. “Ele dá em cima de e eu...”
“Hm, sempre suspeitei disso.” Jimmy falou pensativo. “Bom, te desejo boa sorte quando falar com ela.” Ele falou com um pequeno sorriso no rosto, dando as costas para mim e indo em direção à porta. Eu sabia bem o que ele queria dizer com “boa sorte”, acho que uma das coisas que mais detestava eram ciúmes. “Estou fazendo café da manhã, se quiser, daqui uns cinco minutos está servido.” Ele falou e fechou a porta atrás de si.
Desci as escadas e fui até a mesa da sala, onde o café estava servido. Observei Jimmy sentado lendo um jornal e tomando uma grande xícara de café puro. estava sentada no sofá. Ela estava abraçando as próprias pernas com um dos braços e com o outro segurava um pão prensado com queijo. Ela mastigava os pedaços vagarosamente enquanto olhava para a pequena e antiga televisão a sua frente. Ela estava assistindo algum episódio do Pernalonga, ele estava dançando em volta de um velhinho careca e gritava algo parecido com: “O tuelho bateu as talenas”
estava extremamente concentrada no desenho e deu até um risinho feliz ao ver que o velhinho estava perseguindo o Pernalonga de volta. Por um momento pude ter a imagem de criança diante de mim. Apesar de nunca ter visto uma foto, eu podia imaginá-la perfeitamente. Fiquei parado ao lado da mesa, apenas prestando atenção nela. Por um momento, tudo parecia estar bem novamente. Parecia que eu iria poder me sentar ao lado dela e poder abraçá-la. iria sorrir para mim docilmente do mesmo modo que sorria para o desenho a sua frente e tudo acabaria bem. Mas não foi isso que aconteceu quando se virou e me viu. Ela me deu um olhar frio e voltou a assistir o seu desenho como se eu nem estivesse lá.
, abaixe o volume dessa televisão.” Jimmy disse, abaixando o jornal e sorriu ao me ver ao lado da mesa. “Ah, sente-se, garoto.” Ele apontou para um lugar na mesa e eu me sentei de frente para ele. Na mesa havia alguns pães, um bule de chá e um de café, alguns biscoitos e também panquecas. Percorri meu olhar pela mesa e parei quando avistei a xícara de Jimmy. Acho que eu nunca tinha visto uma xícara daquela, haviam várias notas musicais desenhadas ao redor dela e o pires também seguia o mesmo modelo.
“Gostou?” Jimmy disse ao perceber que eu estava olhando “Foi que escolheu! Me deu de presente de aniversário uns anos atrás.” Ele falou e eu assenti com a cabeça. Um presente bem pensado, afinal, juntou duas coisas que o pai de parecia amar: Música e Café. “Café ou chá?” Ele perguntou.
“Café.” Falei e ele despejou uma boa quantidade de café puro em minha xícara, misturei com um pouco de açúcar e ingeri o liquido, sentindo meu corpo inteiro esquentar automaticamente.
“Você está se sentindo melhor?” Jimmy perguntou e eu olhei para os machucados mais uma vez. Eles pareciam bem mais graves agora do que ontem à noite. Deveria ser porque agora o sangue havia secado e aparentava estar mais escuro.
“Acho que sim...” Falei, meio incerto do que fazer ou dizer, raramente me metia em brigas.
“A pode te levar num hospital...” Ele começou a dizer e aumentou mais o volume da televisão. “!” Jimmy a chamou e ela olhou para trás meio emburrada.
“O quê?” Ela estava com o cenho franzido... Tão bonitinha.
“Abaixe o volume dessa TV e leve o no hospital. Ele não aparenta estar muito bem.” Jimmy disse sério, mas não bravo. Ele não iria brigar com ela, apenas estava querendo me ajudar.
“Ele tem pernas e sabe dirigir, o carro dele está aí e ele pode ir sozinho.” virou para frente novamente e voltou a assistir o seu desenho. Jimmy sorriu de leve para mim e levou a xícara até sua boca dando mais um gole em seu café.
“Não sei... Acho que não está em condições. Você consegue ir sozinho, meu filho?” Jimmy perguntou, dando uma piscadela para mim. Sorri de volta para ele e segurei minha perna direita, fingindo uma cara de coitado. Não posso dizer que eu não estava me sentindo um pouco dolorido, mas não ao ponto de ter que ir para o hospital. Mesmo assim, seria extremamente interessante fazer com que cuidasse de mim.
“Acho que não, machuquei feio minha perna.” Menti, nem tinha certeza se havia mesmo machucado. Mas como eu já estava totalmente fodido tanto fisicamente, como emocionalmente, tentei arriscar.
“Então o senhor que leve ele.” disse, dando de ombros e Jimmy parou um momento para pensar antes de respondê-la.
“Não posso, vou sair. Aliás, já estou indo.” Jimmy engoliu o resto do pão que ele estava mastigando, deu um ultimo gole em seu café e se levantou logo em seguida. “Vou na casa do Nate, mas tarde eu volto.” Presumi que Nate era um dos amigos de Jimmy e também presumi que aquilo não estava planejado. Ele fez aquilo apenas para me ajudar. Sorri de leve, acho que nunca fui tão bem aceito por nenhum pai de nenhuma garota na minha vida antes.
“Aproveita e deixa ele lá no hospital!” disse, um pouco mais desesperada do que antes, acho que ela não queria ficar sozinha comigo. Ela observou seu pai ir até ela no sofá e lhe dar um beijo na testa antes de sumir pelo corredor. “Pai!” disse mais uma vez, ao ver que ele não havia a respondido.
“Eu vou a pé, a casa do Nate é aqui perto. Lembra?!” Ele disse sorrindo e ela bufou impaciente. Jimmy foi andando pacientemente até a porta, a qual pudemos escutar sendo fechada logo depois de sua saída.

No primeiro momento, achei que iria brigar comigo e me mandar ir embora de uma vez, mas ela apenas continuou me ignorando por um bom tempo. Ela se ajeitou no sofá, abraçando uma das almofadas e mantendo a atenção no desenho animado à sua frente. Pernalonga agora estava olhando debochadamente para o velhinho enquanto mastigava uma grande cenoura.
Não soube o que fazer. Deveria chamar atenção dela? Deveria manter o teatro de doente ou me irritar e ir embora? Eu queria tanto a atenção dela que chegava a ser patético. Tentei fazer barulho com os talheres na mesa para que ela olhasse para mim, mas nem ao menos se mexeu. Limpei minha garganta umas cinco vezes e nada. continuava do mesmo jeito.
Revirei-me impaciente na cadeira de madeira, agora realmente eu estava me sentindo desconfortável... Bom, a única saída era encher o saco de até ela se irritar e finalmente me dar atenção. Levantei-me e fui ao encontro dela no sofá, fiquei parado alguns segundos ao seu lado e, ao ver que ela não iria dizer nada, eu me pronunciei:
“Posso me sentar?” Perguntei e ela me olhou com certo descaso. “Está meio duro ali na cadeira e...” apenas se ajeitou no sofá, me dando um lugar para sentar. Nenhuma palavra.
Sentei-me e fiquei olhando para TV, Pernalonga estava correndo pelo um campo aberto e se escondia de vez em quando atrás de algumas arvores. O desenho era tão antigo que podia ouvir aqueles típicos estalos no som.
Olhei novamente para e o que mais me irritou foi o fato de que ela nem estava fingindo me ignorar, ela realmente estava prestando atenção no desenho. Ela realmente não estava se importando se eu estava ao seu lado ou não.
Me revirei no sofá e gemi em sinal de dor. Nada.
Tentei mais uma vez e revirou de leve os olhos.
Revirei-me mais uma vez e olhei para ela. fechou seus olhos lentamente e segurou uma risada entre seus lábios.
“Ai...” Falei e bufou alto, levantando de uma vez só. Ela desligou a televisão e pegou a chave do carro que estava em cima da escrivaninha.
“Vamos de uma vez.” Ela falou enquanto andava rapidamente para a porta de entrada. pegou um grande casaco que estava pendurado em um cabideiro e o vestiu, ela girou o trinco da porta e esperou impacientemente que eu fosse até ela. Percebendo isso, andei bem devagar enquanto fazia umas caretas de dor... revirou os olhos mais uma vez e se encostou à parede ao lado da porta enquanto me observava chegar perto dela.
“Você é patético, sabia?” Ela me olhou com descaso, mas segurou uma risada que eu sabia que queria sair de seus lábios.
Não disse nada, apenas a olhei inocentemente e caminhei até o carro na mesma velocidade, eu sabia que estava irritando profundamente e isso me divertia pra caramba.
Nos sentamos em um dos sofás do hospital. estava de pernas e braços cruzados olhando para o lado contrário ao meu. Ela estava com uma blusa branca e uma calça de moletom bem colada ao corpo, o que de certo tinha sido seu pijama na noite passada considerando o fato que nem quis se arrumar antes de sairmos de casa. Ela nunca ligava para essas coisas e nem precisava. Mesmo de pijama e com os cabelos bagunçados, ela estava linda. respirou fundo e balançou seu pé direito impacientemente.
...” Comecei a dizer, mas uma mulher de jaleco apareceu em minha frente. Ela estava com uma prancheta em mãos e com o cabelo preso por uma toca azul.
?” Ela me perguntou e eu assenti que sim. “Acompanhe-me, por favor.”
Levantei-me e olhei para esperando que ela se levantasse também.
“Não vem junto?” Perguntei e ela finalmente olhou para mim.
“Preciso?” Ela levantou uma de suas sobrancelhas. Olhei para ela meio bravo e franzi meus lábios, querendo mandá-la levantar imediatamente. “Ok. Vou ao banheiro, já te encontro lá.” Ela falou, levantando e seguindo para o lado contrário do hospital.

Acompanhei a mulher de jaleco até uma das milhares portas que havia no hospital, entramos e ela me mandou sentar na maca. Olhou para mim e sorriu de leve.
“O que houve?” A mulher perguntou enquanto ainda olhava para sua prancheta.
“Me meti em uma briga.” Falei e olhei para meus machucados. Totalmente inútil ter ido naquele hospital se não estava no quarto para me ver sofrer.
“Entendi. É, não há muito o que fazer, garoto... Eu posso até passar uma pomada para seus machucados sararem mais rápido, mas não me parecem ser muito graves...” Ela disse, analisando meu braço esquerdo.
“Eu sei, mas preciso que você diga que minha perna está muito machucada.” Falei sem pensar e ri baixo enquanto deslizava uma de minhas mãos pela minha nuca me sentindo um pouco nervoso pela situação.
“Precisa que eu diga o quê?” Ela riu baixo também e olhou para meu joelho descoberto. Ele de fato estava meio roxo, mas realmente não parecia ser nada demais.
“A garota... A que estava comigo.” Falei e a mulher assentiu abrindo um sorriso de leve no canto de seus lábios. “Ela está brava comigo... Por causa da briga.” Entortei meus lábios e ri mais uma vez. “Preciso que ela pense que eu estou realmente mal...”
“Para ficar com dó de você.” A mulher continuou minha frase e riu mais um pouco. “Está certo, mas mesmo assim vou arranjar uma pomada para os machucados. Já volto, fique aqui.” Ela segurou sua prancheta mais uma vez e sumiu pelo corredor. Não demorou muito tempo para que entrasse pela mesma porta pela qual a mulher havia saído. Ela olhou para os lados e veio em minha direção.
“E aí?” Ela falou, cruzando os braços e se encostando na maca.
“Não sei... Ela falou que já vinha.” Disse e assentiu sem dizer nada.
“Bom, garoto... Acho que essa aqui vai servir.” A mulher voltou para o quarto novamente e meio que se surpreendeu ao ver que estava ao meu lado. “Ah, olá.”
“Oi.” sorriu de leve e estendeu a mão para a mulher. “.”
“Doutora Kate.” A mulher respondeu sorrindo de leve e olhou para mim de um jeito misterioso. “Bom, você vai ter que ficar de repouso e passar essa pomada em seus machucados duas vezes ao dia.” Ela se virou para mim entregando uma bisnaguinha de pomada em minhas mãos.
“Mas o que houve?” perguntou e eu senti um pingo de preocupação em seu tom de voz.
“Bom, não parece, mas o realmente se machucou.” Ela disse, mentindo bastante mal, mas mesmo assim não pareceu desconfiar. “Os machucados não vão demorar muito para sarar, mas ele deve cuidar mesmo do joelho. Recomendo que a senhorita o leve para casa e o deixe em repouso de uma a duas semanas.”
“Mas o natal... Temos que voltar para Seattle.” Lembrei automaticamente de minha mãe havia me pedido para voltar para casa antes do natal.
“Hm... O ideal seria que vocês ficassem por aqui... ” A doutora pareceu bastante confusa pela minha mudança de opinião, ela olhou para nós dois e limpou sua garganta. ergueu uma de suas sobrancelhas.
“Mas eu não posso...” Eu comecei a dizer e a Doutora me olhou brava.
“Ah, assim não há como eu...” Ela começou a dizer e eu a interrompi.
“Muito obrigado, vamos ver o que poderemos fazer.” Disse e me levantei da maca indo até a porta e esperando se mover, mas ela continuou ali imóvel e com sua sobrancelha levantada.
“Ele não está mesmo machucado, não é?” perguntou para nos dois. Kate arregalou seus olhos de leve e gaguejou um pouco em sua resposta.
“Não! Imagina, Senhora... Eu nunca iria mentir! Sou uma profission-aaal.” Ela disse e limpou sua garganta mais uma vez. “Bom, eu tenho mais pacientes para atender, então com licença.” Ela saiu do quarto e nos deixou lá.
“Você é realmente inacreditável, sabia?” disse, ainda com sua sobrancelha levantada e do nada começou a rir. tinha essa mania horrível de ficar extremamente brava com alguma coisa e depois do nada começar a rir desenfreadamente sobre o mesmo assunto que havia a deixado puta antes.
“Do que você está rindo?” Perguntei, ainda tentando manter meu teatrinho, mas não iria mais adiantar. “Não estou entendendo.”
“Ai, .” Ela tomou um pouco de ar e continuou rindo. “Vai, vamos embora.” Ela disse se desencostando da maca e andando até sumir pelo corredor. Me senti meio indignado pelo o que havia acabado de acontecer. Os médicos deveriam ser os melhores mentirosos do mundo e pelo o que eu sabia, eles eram. Mas eu com essa sorte maravilhosa que tenho, fui pedir ajuda justamente para uma doutora que não tinha noção de nada.
... Espere.” Tentei fingir que meu joelho estava doendo, mas tudo que fez foi rir mais de mim.
“Você é patético. Chega! Eu já saquei tudo. Vamos embora.” Ela me respondeu com um sorriso cínico e sapeca nos lábios. Revirei os olhos e desisti.
“Você é tão difícil!” Alcancei-a e segui andando o mais rápido que pude.
“Eu sou difícil? Vai dizer que você vai se sentir no direito de ficar puto?” olhou para mim da maneira mais cínica possível e me desafiou com o olhar. Caminhei sem olhar para trás, mas senti segurando meu braço. “Vai? Vai ficar putinho?”
“Pare com isso.” Falei e ela bufou impaciente. segurou fortemente em meu braço e começou a dar socos fortes nas minhas costas enquanto puxava minha camiseta a fim que eu parasse de andar e a respondesse.
“Vai, . Me responda, vai ficar puto? Vai achar que tem esse direito? Você é patético.” continuou dando soquinhos nas minhas costas e do nada começou a chutar meus calcanhares também. Ela era louca, não havia outra explicação.
“Sabe o que é patético? Você aí tentando me bater! Você é uma miniatura, nunca vai conseguir me machucar.” Falei rindo e pulou nas minhas costas tentando me atingir de todos os jeitos ou pelo menos de um. “Chega, !”
“Idiota! IDIOTA!” gritou enquanto continuava a tentar me atingir de alguma maneira. E estava tudo indo tranqüilamente confuso até o ponto em que ela resolveu puxar meu cabelo.
, pelo amor de deus, chega!” Falei enquanto tentava segurar meu riso.
“Você está rindo, é? Está rindo?” tentou olhar meu rosto e vendo que não conseguia, desceu das minhas costas e correu para que pudesse ficar de frente comigo.
...” Comecei a dizer, mas ela me empurrou. “Chega...” Outro empurrão.
“Com licença, não sei o que está havendo, mas vocês não podem brigar aqui.” Um dos guardas do estacionamento estava vindo em nossa direção. olhou para ele com um certo descaso e voltou seu olhar para mim.
“Ok, desculpe. Nós já estamos indo embora.” Falei e o guarda assentiu paciente. Não acho que mesmo que ele quisesse seria capaz de impedir uma briga, ele parecia ter uns sessenta anos.
“Não, não vamos! Você vai voltar para esse hospital e dessa vez vai ser com dor de verdade.” disse enquanto tentava me dar mais uns tapas e antes que o guarda pudesse nos ver brigando novamente, segurei e a coloquei no banco de passageiro da maneira mais delicada que eu pude.
“Chega! Você está louca!” Falei para ela, dando a volta no carro e entrando no banco de motorista. bufou e tentou me machucar mais uma vez.
“Eu vou dirigir agora e se você não quiser sofrer um acidente, melhor ficar quieta.” Respondi sério e revirou os olhos, ficando instantaneamente quieta.
Respirei fundo e olhei para ela.
“Me dê a chave.” Falei e ela colocou a mão direita dentro do bolso de seu casaco, tirando o molho de chaves de lá. “Obrigado.” Respondi e ela bufou mais uma vez. Ri baixo e engatei a chave. Girei-a, esperando escutar o barulho do motor e, para minha surpresa, nada aconteceu. Fechei os olhos não querendo acreditar no que possivelmente teria acontecido. Olhei para o painel do carro esperando alguma resposta. Girei a chave mais uma vez e nada mudou.
Duas.
Três.
Quatro.
.” Droga. Segundo round. Depositei a cabeça no volante e fechei fortemente os olhos. “, o que aconteceu?”
“Não sei, deve ser a bateria.” Respondi, escutando o som abafado de minha voz.
“Não, não pode ser possível. Faça alguma coisa!” Ela respondeu, dando um tapinha em meu braço.
, se você não parar de me bater...”
“O que? Você é um idiota, não vai fazer nada... E além do ma—! Aonde você está indo?” Meu deus, desde quando ela se tornou tão insuportável? Bati a porta do carro atrás de mim e fui andando até a saída do hospital. Escutei uma segunda porta bater e observei vir em minha direção. “...”
“Cale a boca!” Me virei e apertei seu braço com uma certa força. arregalou os olhos e parecia surpresa pelo o que havia acabado de fazer.
“O quê?” De repente ela franziu o seu cenho e pareceu ficar bem mais brava do que já estava quando estávamos brigando dentro do hospital.
“Fique quieta.” Falei e observei um fio de cabelo cair sobre o rosto de . Ela ficava tão bonitinha quando estava brava. “Se acalme. Você está com as chaves do Dodge?”
“Não... Ficou lá em casa, mas...” me olhou confusa.
“Me dê as chaves da casa.” Falei e retornou a sua mão para dentro do bolso do casaco tirando mais um molho de chaves. “Volto logo.” Sai andando e esperei dizer alguma coisa, mas ela continuou ali parada com as duas mãos depositadas nos bolsos de seu casaco.
Agora era apenas eu e Port Angeles numa única missão: acalmar uma .

On the day I was Born, the nurses all gathered’round and they gazes in wide wonder at the joy they had found. The head nurse spoke up and she said leave this one alone, she could tell right away that I as bad to the bone. Bad to the bone, Bad to the bone, B-b-b-b-b-ad, Bad to the bone.
franziu o cenho reconhecendo a musica e instantaneamente lembrando de seu pai. Ela riu baixo, pensando em quem poderia estar escutando aquela musica e se fosse alguém que estivesse perto, ela teria que falar com essa pessoa.
Ela sorriu, cantando junto com George Thorogood.
“B-b-b-b-ad, bad to the bone.” Ela escutou as letras saírem em som de melodia de seus lábios e então observou um capo de cor marrom entrar na paisagem monótona do estacionamento do hospital. Era daquele carro que a musica vinha. levantou do outro capo do qual estava sentada – o do carro de – e se preparou para ir conversar com a misteriosa pessoa que tinha um ótimo gosto musical. começou a andar em direção ao carro, mas franziu o cenho ao ver que as laterais eram de cor amarela.
?” perguntou baixinho mesmo sabendo que ele não poderia escutá-la. Ela andou mais uns passos em direção ao carro e parou do lado da janela do motorista.
I wanna be yours, pretty baby. Yours and yours alone and I’m here to tell ya, honey, that I’m bad to the bone. cantou com uma voz grossa e forçosamente sexy que fez soltar uma risada alta. “Entra.” Ele disse e ela deu a volta no carro, sentando-se no banco do passageiro.
“Ora, ora, garotão.” disse, vendo sentado ao comando de um carro extremamente mais foda do que ele mesmo. Ela riu do pensamento que acabara de ter. Podia gostar de e quem sabe até gostar demais dele, mas nada se comparava com o Dodge de seu pai.
“Gostou? Estava quase desistindo da idéia de vir te buscar e quase fugi com o seu carro.” respondeu enquanto mordia o lábio inferior e deslizava as mãos sobre o volante.
“Nem pense nisso, eu iria te matar.” Ela respondeu e soube que mesmo que fosse na brincadeira, estava falando sério.
“Vamos dar um jeito no meu carro então.” fez menção de sair do carro, mas segurou seu braço.
“O que você vai fazer?”
“Ah, você sabe... Conectar um cabo na bateria do Dodge e na do meu carro e fazê-lo funcionar.” respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
“Não.”
“Como?” pareceu confuso e apenas deu de ombros.
“O Dodge não vai agüentar.”
“Lógico que vai! Eu vou apenas...”
“Não.”
“Porra, !” Ele bateu no volante com uma certa violência e o olhou feio. Ela abriu a porta do carro com certo cuidado e foi andando de volta para dentro do hospital. “Aonde você vai?” Perguntou, mas não respondeu e continuou andando até lá.
até pensou em resolver o problema do carro mesmo sendo contra, quando ela voltasse tudo teria sido resolvido de qualquer maneira... Mas ele sabia, sabia que se fizesse isso as coisas iriam ficar piores do que já estavam.
“Maluca.” Ele falou baixinho para si mesmo, pensando em como seria possível amar uma pessoa a odiando tanto como ele odiava .

“Pronto, já combinei com o segurança que seu carro vai passar a noite aqui.” Escutei a voz de e acordei do transe no qual me encontrava. A fita do pai de ainda estava rodando e eu sentia como se estivesse em outra dimensão escutando aquelas músicas antigas dentro daquele carro antigo.
“Mas mesmo assim o problema não está resolvido.” Falei e revirou os olhos.
“Senhor Jimmy conhece um bom mecânico, não se preocupe.” Ela disse dando ênfase no “Senhor Jimmy” Era até um pouco engraçado a maneira como admirava o seu pai.
“Ok. Para casa agora? Precisamos arrumar nossas coisas... Amanhã já é natal.” Falei e não conseguiu esconder sua tristeza repentina. “O que foi?”
“Nada... Só... queria passar o natal aqui, mas eu entendo. Se eu tivesse uma família grande também iria querer passar o natal com ela. Um dia eu tive...” falava olhando para o grande painel do carro. Ela estendeu suas mãos para frente encostando o porta luvas e deu um suspiro longo enquanto encolhia seus ombros. “Mas faz muito tempo.”
“Nós vamos passar o natal juntos, vou te levar lá em casa... Ou podemos fazer algo em seu apartamento. Só nos dois. O que me diz?” Perguntei e continuou olhando para o porta luvas por um tempo e depois virou seu rosto para mim.
“Não sei... Não quero te atrapalhar.” Ela falou, meio sem jeito, e eu franzi o cenho.
“Você nunca vai me atrapalhar.” me ouviu, mas ainda parecia estar em dúvida. “Vamos fazer uma grande compra no mercado e depois passamos o dia cozinhando na sua casa.” Falei enquanto deslizava a minha língua pelos meus próprios lábios ao pensar em comida de natal. Minha mãe nunca foi uma especialista nisso, mas costumava fazer coisas maravilhosas.
“Mas eu não sei-”
“Não sabe cozinhar, eu sei. E aí que está a graça!” Falei e analisou a situação e então um sorrizinho surgiu em seus lábios.
“Promete não me deixar sozinha amanhã?” Ela olhou dentro de meus olhos e eu senti a insegurança transbordando em seu olhar, uma característica que não era nada compatível com a sua personalidade.
“Prometo.” Correspondi o seu olhar e ela abriu um sorriso. Senti uma felicidade me preencher quase que instantaneamente. “Te amo.” Falei baixinho e dei um pequeno beijo na ponta do seu nariz.

Capítulo 17

Enquanto voltávamos para a casa de , eu me sentia em um filme dos anos 60, escutando músicas antigas, dirigindo um carro extremamente foda com uma garota linda ao meu lado e o vento balançando nossos cabelos enquanto conversamos de algo totalmente aleatório.
tinha, finalmente, depois de uma meia hora, parado de tagarelar sobre como odiava telefones e como os achava extremamente inconvenientes, mas infelizmente necessários em certas ocasiões. Ela suspirou, pensando em qual era o próximo assunto iria falar e, no fim, resolveu retirar a velha fita de seu pai do som e mudar para uma estação de rádio qualquer. Depois de várias caretas procurando a estação perfeita, ela desistiu, deixando em uma estação qualquer e voltando a deitar no banco extremamente aconchegante do Dodge.
Quando chegamos a casa de e começamos a arrumar nossas coisas, podia ver a tristeza em seu rosto em uma hora ou outra. Muitas vezes ela sentou na própria cama e ficou olhando para as paredes, pensando em assuntos que eu não me aventurei em perguntar quais eram. Em um momento do dia, sentei-me ao lado dela na cama e afaguei seus cabelos enquanto tentava inutilmente confortá-la.
“Não se preocupe, vai ficar tudo bem” Falei baixinho e assentiu sem dizer nenhuma palavra. Quando conseguiu reunir forças, ela colocou de novo suas roupas dentro da sua velha mochila e separou tudo para irmos viajar.
“Agora só falta pegarmos meu carro no hospital.” Eu disse, sabendo que com certeza havia esquecido deste fato. Ela fez uma careta e procurou o telefone de sua casa.
“Vou ligar pro meu pai e ele vai resolver isso. Precisamos ir hoje?” Ela perguntou e eu hesitei antes de responder. Eu sabia que ela não queria ir. “Esqueça, eu vou falar com ele. Não se preocupe.” Ela saiu do quarto com o telefone em mãos e eu escutei seus passos sumirem aos poucos.
Não demorou muito para o pai de chegar e resolver meu problema. Conheci o tal mecânico que havia falado e ele pediu minhas chaves, dizendo que iria resolver tudo e trazer o carro antes de anoitecer. Fiquei meio desconfiado de entrar minhas chaves a um estranho, mas como era de confiança de Jimmy, aceitei.
“Não se preocupe, filho.” Jimmy disse, batendo de leve uma de suas mãos em minhas costas. Eu assenti, observando o mecânico entrar em seu Chevette antigo e de cor cinza escuro.
Jimmy disse que iria tentar fazer algo para o jantar e eu me ofereci para ajudá-lo. A idéia principal era fazer um jantar de verdade, mas no fim acabamos fazendo panquecas. Quando estava tudo praticamente pronto, observei descer as escadas. Seus cabelos estavam molhados e ela usava um casaco preto que era grande demais para o seu tamanho.
“Sempre se safando de fazer o trabalho duro, não é, mocinha?” Jimmy disse e riu baixo.
“Se vocês quisessem panquecas queimadas para o jantar, eu faria.” Ela respondeu e nós dois fizemos uma careta.
O clima não estava dos melhores, parecia estar realmente triste em deixar a casa de seu pai. Pensei em ficar com ela por aqui, mas hesitei automaticamente ao pensar como minha mãe iria ficar extremamente irritada. Balancei minha cabeça e ri ironicamente dos meus pensamentos. Eu parecia uma criança idiota.
“Com licença, eu já volto.” Falei, levantando da mesa e observei me olhar um pouco confusa. Subi as escadas em direção ao quarto e fechei a porta atrás de mim.
Peguei meu celular e disquei o número que sabia de cor.
“Alô? ?” Escutei a voz de minha mãe. Ela parecia um pouco aflita.
“Oi, mãe.”
“Você já está vindo?” Ela perguntou desesperadamente e isso só fez com que minha desconfiança aumentasse.
“O que foi? Aconteceu alguma coisa?”
“Não, só quero você aqui para o natal.” Ela disse, tentando controlar a própria voz.
“Pois é, eu liguei por causa disso... Acho que não vou poder ir”
“Como assim? Não! Você tem que vir, .” Escutei a porta se abrir atrás de mim e observei me olhando. Ela parecia estar ao mesmo tempo brava e um pouco indignada. Ela balançou a cabeça em sinal de negação e pegou o celular de minhas mãos com uma certa rapidez.
“Oi. Oi, Senhora . É a .” Ela me olhou. “Não, não se preocupe. Nós já estamos indo.”
, pare.” Tentei dizer, mas ela colocou uma de suas mãos em minha boca.
“Ok, acho que mais tarde nos vemos então.” Ela respondeu minha mãe e logo depois desligou o celular.
Achei que ia me dar algum tipo de sermão, mas ela apenas colocou meu celular no bolso de seu casaco.
“Pegue as coisas.” Ela falou e desceu as escadas novamente. Obedeci ao seu mandato mesmo achando muito estranha a sua atitude, mas convenhamos, o que não é estranho em ?

“Tchau, pai. Tem certeza que vai ficar bem?” Ela perguntou enquanto abraçava fortemente o velho homem a sua frente.
“Vou. Não se preocupe! Vai ser bem melhor você passar o natal com do que com um velho rodeado de outros velhos.” Jimmy respondeu e franziu o cenho.
“Outros velhos?” Ela perguntou e ele assentiu.
“Meus amigos vão vir aqui, vamos tomar algumas cervejas e tocar umas músicas velhas. Nada do que você iria gostar.” Ele disse, mesmo sabendo que era mentira, iria adorar. Senti um alivio imediato ao saber que Jimmy não iria ficar sozinho, acho que essa era a principal preocupação de .
“Ah... Então, então acho que não tem problema.” Ela respondeu e deu um sorrisinho. “Espero que se divirta.”
“Obrigado. E você também, se divirta.” Ele deu um abraço e um beijo na testa de . Podia ver uma figura de uma criança em minha frente enquanto observava se escondendo nos braços de seu pai - que era significativamente maior que ela. Ela fechou fortemente os olhos e o apertou mais forte. Uma doce criança, uma doce criança que era minha.
“Tchau, Jimmy.” Falei e ele deu uma piscadela para mim.
“E você cuide bem dela, certo rapaz?” Ele falou numa voz autoritária e depois riu.
“Pode deixar.” Falei e demos um abraço.
estava encolhida ao nosso lado. Seus braços estavam cruzados e seus olhos cheios d’água. Tinha certeza que ela iria chorar, mas no fim ela apenas apertou seus olhos e deu um pequeno sorriso.
“Se cuide, papai.” Ela disse, entrando no meu carro e fechando a porta logo depois.
“Até depois, Jimmy.” Falei e fiz o mesmo que .
“Até depois.”
Olhei pelo retrovisor e pude ver a imagem de Jimmy observando nosso carro sumindo pela rua e depois entrar em sua casa novamente. ainda estava encolhida, ela segurava suas pernas contra o peito e mantinha sua cabeça abaixada.
, não faça isso. Por favor. Quer voltar?” Perguntei e ela balançou a cabeça indicando que não. “Então pare com isso.” Falei e ela deu um resmungo.
“Já saímos da rua?” Ela perguntou baixinho depois de um tempo.
“Que rua?” Perguntei sem entender.
“A rua da casa...”
“Já, faz um tempo na realidade. Estamos na estrada. ” Falei e levantou a cabeça aos poucos e deu um suspiro alto.
“Você me deixa mal com isso.” Eu disse, meio bravo. Eu teria ficado na casa de Jimmy se ela tivesse deixado eu falar com a minha mãe.
“Não se preocupe.” Ela falou, deixando essas palavras como as últimas até que chegássemos em casa.

Deixei todas as coisas no apartamento de e a observei se sentar no sofá de sua sala e olhar vagamente para tudo em sua volta.
.” Falei e ela me olhou com inocência. Fui até ela e me sentei ao seu lado. “Eu vou até minha casa apenas dizer que eu já estou aqui e depois vou ao mercado comprar várias coisas para nós fazermos para o nosso natal, mas se você quiser ficar um tempo sozinha, podemos deixar isso para amanhã, afinal, hoje é apenas a véspera.”
“Amanhã é melhor você ficar com a sua família, não?” Olhei para e analisei o que ela havia dito, de certo modo seria bom que eu ficasse com a minha família...
“Fazemos assim: hoje ficamos aqui e amanhã vamos juntos na minha casa. Pode ser?”
“Pode ser” Ela disse baixinho e deu um sorriso.
“Deeeck the halls with boughs of holly fa-la-la-la-la, la-la-la-la” Comecei a cantar e deu uma risada alta. Fechei minha mão como se fosse um microfone e coloquei na frente de seu rosto.
“This is the reason to be jolly fa-la-la-la-la, la-la-la-la” Ela cantou sorrindo e eu dei um selinho em seus lábios.
“Isso, esse é o espírito!” Falei me levantando e indo em direção à porta. Teria varias tarefas para o dia.

Fui até meu apartamento e falei com minha mãe e, para variar, ela parecia inquieta e desesperada. Não dei bola, era Natal e eu iria fazer valer a pena para . Convidei para ir ao mercado comigo, mas ele disse que estava ocupado com algum assunto que parecia realmente inútil para mim, então resolvi que iria sozinho.
Acabei comprando mais bebidas do que comida. Eu sabia que amava vinho então foi o primeiro da lista a ser riscado, comprei também Champagne e cervejas. Pensei em como que iríamos fazer comida de natal sendo que nem eu e nem éramos bons cozinheiros e, no fim, acabei comprando apenas coisas pré-prontas para não termos tanto trabalho.
Quando sai do mercado o céu já estava escurecendo e as nuvens sumiam aos poucos dando lugar à escuridão. Minha mãe havia me ligado e pedido para comprar algumas coisas para ela, então acabei me atrasando mais do que o necessário considerando o fato que também resolvi comprar uma árvore de natal no meio do caminho. Como poderia ter esquecido? Era o principal de tudo!
Foi meio difícil levar a árvore, mas o funcionário do lugar onde havia comprado a árvore me ajudou a colocá-la em cima do carro e, então, eu só teria que ter o trabalho de levá-la para dentro do apartamento.
Coloquei as compras no porta-malas e suspirei fundo ao sentar no banco do motorista.
Era o primeiro natal que eu iria passar sem preocupações, sem drogas e nem traficantes. Parecia ser bom demais para ser verdade.


parecia um zumbi perambulando por sua casa, pensando, pensando e pensando e não fazendo exatamente nada sobre seus tais pensamentos. Ela sentia um aperto no peito, como se tivesse algo engasgado em sua garganta. A ansiedade atacava seu estômago como se várias borboletas desesperadas estivessem dentro dela lutando para sair a qualquer momento.
Ela havia tomado um banho demorado e colocado uma de suas roupas preferidas. foi até o grande espelho do fim do corredor e olhou para a imagem na sua frente. Ela passou a mão pelos dizeres estampados em sua camiseta preferida...
“And here I am... and you’re a rocket queen...” Ela cantou baixinho para si mesma ao ver o escrito Rocket Queen em sua blusa e logo abaixo uma caveira com um chapéu em sua cabeça e um cigarro nos “lábios”.
também usava um shorts jeans bem curto e uma meia calça branca meio transparente por debaixo dele. Ela tinha essa mania de sempre colocar uma roupa preferida no dia de natal, os gostos naturalmente mudaram durante o tempo, mas ela sempre desejou ter essa camiseta.
Desejava tanto quem quando tinha seus lá pelos seus quatorze anos, desenhou a mesma em uma folha de caderno e a entregou para seu pai. Ela podia lembrar de ter pedido para ele arranjar alguém que a fizesse e ele hesitou nos primeiros minuto por motivos... Ah, por motivos realmente idiotas.
?” Ela escutou a voz de e seu estômago afundou. Ela já estava se acostumando a ficar sozinha com as lembranças do passado... Seria bom tê-lo aqui junto com ela novamente ou não?
“Oi, estou aqui!” andou até o fim do corredor e pode ver colocando as compras em cima da mesa. Ele havia mudado de roupas também, estava com uma calça jeans escura, uma camiseta xadrez vermelha e cinza e uma toca também da cor cinza.
teve que segurar o suspiro e também controlar as borboletas que se remexeram ainda mais dentro de sua barriga. Como ele era lindo...
“Wow, você está... Rocket Queen?” Os grandes olhos de estavam olhando firmemente para a garota a sua frente. Ela sorriu de leve e deu de ombros.
“Que que tem?” Ela perguntou e balançou a cabeça rindo.
“Axl não escreveu essa música para uma...?” começou a perguntar e franziu seu cenho.
“Para uma cafetina ou puta?” riu baixo. “É, há historias sobre isso...” Ela respondeu lembrando que esse era o motivo principal que seu pai não queria lhe dar a camiseta.
“Você não liga para nada disso, não é?” riu baixo e foi de encontro a ela.
“Nem um pouco.” respondeu e o abraçou, dando o primeiro beijo de verdade em dias. apertou corpo dela contra o dele e deixou que sua língua deslizasse livremente pela boca da garota. Aos poucos o beijo foi ficando calmo e deu dois selinhos seguidos nos lábios de antes de contar sua grande novidade.
“Tenho uma novidade pra você lá em baixo.” disse sorrindo e franziu o cenho se perguntando o que poderia ser.
“Novidade? Hmmm” Ela franziu seus lábios e pensou por alguns segundos.
“Podemos dizer que é um presente.” disse e ela sorriu.
“Vamos lá ver então” puxou o braço de tão fortemente que o mesmo deu resmungo de dor.

“Não acredito! Sério? Não vejo uma dessas faz...”
“Um ano provavelmente.” riu abestalhadamente, mas pareceu não escutá-lo. Ela ficou por um momento apenas observando a árvore que nem era tão bonita assim, pois fora escolhida de última hora, mas pode perceber que foi o melhor presente que poderia ter dado para a menina a sua frente. ainda parecia perdida com seus pensamentos quando observou o porteiro do prédio em que moravam surgir de repente no estacionamento.
“Hey, Andrews, você pode me ajudar a levar isto lá para cima?” perguntou educadamente e Andrews fez uma cara de quem não estava muito satisfeito com a idéia, mas no fim aceitou.


“Nós nem compramos enfeites.” fez uma careta após terem finalmente colocado a árvore no centro da sala.
“Eu comprei, está junto com as compras lá em baixo... Senhor Andrews...” começou a dizer mais o velho senhor apenas sorriu e concordou com a cabeça.
“Pode deixar, garoto.” Andrews usava um estranho boné da cor azul, o qual escondia seus cabelos brancos que insistiam em sair pelos cantos do boné uma vez ou outra. A grande graça do Senhor era o fato que ele possuía um grande bigode grisalho em cima de seus lábios finos. achava engraçado o modo como ele falava, pois sempre no final de cada frase ela sempre acabava imaginando um leão marinho.
Aos poucos foi levando as compras para o apartamento e foi logo começando a enfeitar a árvore a sua frente. Quando as compras acabaram, o garoto pegou duas taças de vinho no grande armário em cima da pia.
“Quer ajuda aí?” perguntou, ao ver tendo dificuldades ao colocar os pisca-piscas na árvore.
“Seria bom, afinal, não quero ser torturada vendo você tomar vinho enquanto eu faço a parte difícil do trabalho.” Ela riu tentando inutilmente enrolar o fio de luz em volta da árvore.
“Calma” Ele riu também e foi de encontro a ela. “Vou te ajudar.”
No final de tudo, nenhum enfeite sobrou dentro das caixas coloridas que havia comprado. A árvore, embora não fosse tão afortunada de ramos, estava incrivelmente bonita.
“Ai, ai.” reclamou e se sentou no chão da própria sala, deitando de costas e se apoiando nos próprios braços. Ela suspirou e se engatinhou até uma tomada que se encontrava perto e ligou as luzes da árvore.
“U-a-u” disse com uma voz afeminada e caiu em seus braços, rindo da sua atitude.
“Pare. Está estupenda!” Ela disse e apertou os braços de em volta da sua própria cintura.
“Estupenda?” repetiu o que a garota havia dito, mas ela apenas deu de ombros e não o respondeu.
Os dois ficaram horas apenas observando a imagem a sua frente. achava incrivelmente interessante o modo como as luzes dançavam diante dos seus olhos, de como era bom ficar a noite inteira apenas olhando como tudo se encaixava perfeitamente nas cores verde, vermelha e branca.
“Tome, eu comprei pra você” a acordou de seu transe enquanto oferecia uma taça de vinho. Ela levou a taça até seus lábios sentindo o gosto forte e doce do líquido se misturar em sua língua.
Após ficarem observando a árvore por um tempo, levantou um pouco a blusa de e começou a acariciá-la na região do abdômen e costas. podia ser muito forte para alguns tipos de bebida, mas vinho dava um sono e uma zonzeira engraçada e gostosa.
Ela fechou os olhos e continuou observando a árvore enquanto deslizava suas mãos pelo corpo da garota.
Quando começou a subir seus toques para perto dos seios de , ela se remexeu um pouco em seu colo e fechou os olhos.
“Por algum acaso, a senhorita está bêbada?” perguntou, segurando a risada ao imaginar o jeito que estava, o que ele não podia ter uma visão completa, afinal ela estava no meio de suas pernas e deitada de costas no seu peito.
“Não.” respondeu sonolenta e riu um pouco alto. “Para.” Ela retrucou parecendo um pouco brava, mas ainda assim a sua voz estava mole.
“Acertei no vinho essa noite então?” Ele perguntou, mas não o respondeu, apenas segurou as suas mãos sob a própria blusa, num silencioso pedido para que ele continuasse o que estava fazendo.
subiu suas mãos para os seios de e os apertou levemente. se mexeu e deu mais uma risadinha abafada. O garoto ficou a provocando por um certo tempo e depois começou a deslizar suas mãos novamente por sua pele macia. Afastou com cuidado o seu cabelo e deu um breve beijo em sua nuca, fazendo segurar a respiração por alguns segundos. Os beijos foram se intensificando no local, até que, finalmente, virou de frente para ele e o beijou. Era tão bom sentir os lábios quentes de envolvendo os dela, era bom sentir o seu corpo perto do dele, tão reconfortante, tão certo.
deslizou suas mãos pela nuca de e subiu para o cabelo do garoto, tirando a toca que estava em sua cabeça e a jogando em algum lugar perto da garrafa de vinho e a árvore. Ela segurou levemente no cabelo do garoto, sentindo as mechas de seu cabelo encaixarem perfeitamente entre seus dedos. Com esse ato, colocou suas pernas em volta do corpo dele e o puxou para mais perto de si.
“Hmm, pelo menos você é uma bêbada sensual” zoou, rindo abertamente enquanto olhava nos olhos sonolentos da garota a sua frente. “Não pense que eu vou deixar você dormir, pode ir tratando de acordar” Ele disse e balançou a cabeça em sinal de negação.
“Não estava pensando em dormir.” Ela disse, dando uma piscadela para e então deu um grande gole na taça de vinho e se levantou logo após.
“Aonde você-” tentou dizer mas foi interrompido.
“Shhhhh” colocou seu dedo indicador nos lábios de indicando que era para ele ficar quieto. Ela riu um pouco da expressão que o garoto fez e deu uns passos para trás tentando manter o equilíbrio.
“Isso não vai dar certo...” disse e foi mais para perto dela, na intenção de que se ela ocasionalmente caísse, ele poderia segurá-la.
“Quieto.” Ela falou com uma expressão meio brava. “Cante a música da pantera cor de rosa.” Ela falou séria enquanto depositava as duas mãos na própria cintura e mantinha uma posição meio autoritária.
“Como é que é?” disse rindo alto e ela tentou segurar o riso.
“Cante.” disse mais uma vez, o garoto olhou para ela para ter certeza se ela estava realmente falando sério. Ele nunca teve que lidar com uma bêbada de vinho, mas ele poderia dizer agora que era muito mais divertido do que ele imaginava.
“Tanran tanran-” começou a cantar, mas foi interrompido por suas próprias risadas.
!” colocou as mãos na cintura novamente.
“Ok, ok. Desculpe” O garoto disse e soltou uma respiração pesada antes de tentar novamente. “Tanran taran taran taran taran taran taran taaraaaaaan” Ele cantou com uma voz um pouco rouca e riu alto. “Ei, quem está rindo agora é você.” apontou para e ela deu de ombros.
“Continua!” Ela disse enquanto tentava se equilibrar nas próprias pernas.
“Taranrannn, Tanran taran taran taran taran taran taran taaraaaaaan tarannnnnanannam” , rindo, começou a dançar sensualmente na frente de .
Ela começou a tirar sua camiseta aos poucos, até que seu sutiã ficasse à mostra. sorriu para ela ao ver a parte de cima de seu corpo seminu. Ela retribuiu o sorriso, mas fez sinal para que ele não parasse de cantar a música. Ela continuou dançando, mas dessa vez foi até ele, pegando a touca cinza do garoto que anteriormente havia jogado perto da garrafa de vinho e colocando em sua própria cabeça. Em circunstâncias normais ou em qualquer circunstância, aquilo teria acabado com todo o clima Striptease do momento. Mas eles eram e e, para eles, não havia importância se aquilo era numa dança erótica-não-erótica-desajustada. Ela jogou os cabelos de um lado para o outro e girou seu corpo um pouco rápido demais, quase tropeçando nos próprios pés.
, melhor parar...” começou a dizer enquanto se segurava ao máximo para não se matar de rir.
“Deixe eu terminar minha dança, .” Ela disse e ele concordou com a cabeça, enquanto assistia começar a abrir o zíper de seu shorts. Ela sorriu e abriu a boca em sinal de indignação pelo seu próprio ato. riu mais uma vez. conseguia mesmo ser engraçada quando estava bêbada. Ela tirou por completo seu shorts junto com a meia calça branca que estava usando e parou de repente, pensando se tirava o resto ou não.
“O que foi? Vai desistir?” perguntou, levantando uma de suas sobrancelhas e entortou os lábios enquanto organizava seus pensamentos embriagados.
“Ahn... Não sei.” Ela olhou para seu corpo que estava coberto apenas por seu sutiã e calcinha.
“Venha aqui de uma vez.” disse, apontando para o seu próprio colo e foi correndo para os seus braços.
Ela pulou em seu colo, juntando os lábios dos dois em um segundo. Ela entrelaçou seus braços em volta de , fazendo o garoto deitar no tapete fofo da sala de estar. deslizou suas mãos pela pele suave e macia da garota e intensificou o beijo, fazendo com que toda aquela adrenalina existente entre os dois se aflorasse mais uma vez.
Em poucos segundos, estava apenas com suas boxers, porque aparentemente além de engraçada, também parecia ficar um tanto quanto safada quando bêbada.
deslizou seus dedos pela face dele, analisando cada traço de seu rosto. Ela queria relembrar daquele momento para sempre, pois nunca pensou que iria se sentir como estava sentindo naquele momento. Aquele estranho e constante aperto no coração que não parecia ir embora...
apertou com uma certa força as nádegas de e sorriu para ela, dando uma pequena mordida em seus lábios. Ele continuou com seus carinhos, subindo suas mãos vagarosamente para o sutiã da garota, abrindo o fecho logo em seguida. levantou seu tronco para que a peça pudesse ser tirada. Ela se arrepiou quando sentiu seus seios entrarem em contato com a pele nua do peito de . respirou fundo mais uma vez e começou a distribuir beijos pelo pescoço do garoto, em sua mandíbula, bochechas e boca.
Eu te amo. Essas palavras corriam pelo pensamento dos dois naquele momento, mas por algum motivo, nenhum deles chegou a dizê-las. Mas por mais que nenhum deles tenha tido a iniciativa de dizer, o conhecimento desse amor estava presente nas duas mentes.
Os encontros de olhares eram presentes a cada toque, a cada movimento e a cada segundo. se inclinou sobre o rosto do garoto e esfregou de leve seu nariz no dele, como um beijo de esquimó. sorriu, apertando a garota contra seu corpo.
Ele levantou seu tronco, fazendo com que ficasse sentada no seu colo e olhou profundamente nos olhos dela. Ela entrelaçou suas pernas ao redor dele e observou enquanto levantava uma de suas mãos e ajeitava o cabelo dela para trás de sua orelha, tirando de vez a touca cinza que estava em sua cabeça.
“Você é linda.” Ele disse e sentiu suas bochechas esquentarem um pouco. Ela olhou para baixo um pouco envergonhada, mas sem saber direito o motivo, afinal, fazia um bom tempo que os dois estavam juntos. segurou em seu queixo, fazendo-a olhar novamente para os seus olhos incrivelmente e convidativos.
Antes que ele pudesse dizer algo, agarrou sua nuca e o beijou calorosamente. Suas línguas se encontraram e a descarga elétrica estava lá, como sempre. girou seu corpo, fazendo com que ficasse embaixo dele e automaticamente durante o beijo o corpo de foi relaxando e, dessa vez, foi a vez dela de deitar no tapete fofo da sala.
A respiração, os toques, os movimentos, os beijos, a saudade sem explicação, o aperto no peito e aquela estranha sensação que não importava o quanto os dois se abraçassem e ficassem juntos, ainda parecia que estavam, de um certo modo, não tão perto o bastante.
Os dois se olhavam constantemente com um tipo de olhar admirador, como se cada momento eles pensassem “É isso mesmo? Eu tenho a sorte de ter essa pessoa comigo?”
A verdade era essa, que por mais que os dois tivessem milhares de defeitos, eles estavam ali, juntos, sentindo o valor carnal de seus corpos unidos.
Os movimentos estavam ficando mais acelerados e deixou seus olhos entre abertos, vendo as luzes da árvore de natal dançarem novamente em sua frente. Ela não pensou que conseguiria se sentir especial daquele jeito numa noite de natal novamente, mas lá estava ela, sorrindo e sentindo seus olhos cheios de lágrimas de alegria, porque finalmente ela havia conseguido encontrar alguém que a fizesse feliz apenas com a sua companhia e nada mais que isso.
Antes que pudesse ter consciência das lágrimas da garota, ela o abraçou fortemente durante os seus movimentos constantes em cima de seu corpo e o beijou apaixonadamente mais uma vez naquela noite, unindo seus lábios com uma certa força e sentindo aquela lágrima chata descendo por seu rosto.
sentiu sua respiração pesada aos poucos se acalmar e afundou o rosto no pescoço da garota. As palavras vieram em sua cabeça novamente e ele queria dizê-las...
...” Ele disse, mas ela colocou o dedo indicador na boca dele.
“Vamos ficar juntos aqui um pouco. Sem dizer nada.” Ela falou baixinho e concordou com a cabeça.
“Não quer um cobertor, pelo menos? Está frio.” Ele falou no mesmo tom de voz que ela e deslizou uma de suas mãos pela cintura da garota.
“Quer que eu vá buscar?” Ela disse um pouco sonolenta e automaticamente soube que era o dever dele ir buscar o tal cobertor.
“Não, já volto.” levantou, sentindo-se meio estranho por estar andando completamente nu pela casa de sua... Namorada? Seria isso? Ele franziu o cenho, pensando que esse pensamento nunca havia lhe ocorrido. Ele contornou a cama de e tirou de lá um grande edredom bege e extremamente fofo.
“Volta logo!” Ele escutou resmungar na sala e voltou com um pouco mais de velocidade para entregar o cobertor para ela.
Ele se deitou perto de , sentindo o seu corpo encontrar o dela novamente. ajeitou o cobertor em volta dele, o beijou no canto da boca e sorriu logo depois.

Capítulo 18.

Senti minha cabeça latejar de um modo estranho e abri meus olhos aos poucos, encontrando a luz forte da manhã. Coloquei uma de minhas mãos sobre minha testa para inutilmente tentar enxergar alguma coisa e quando levantei, cambaleei um pouco antes de conseguir colocar minha boxer novamente. Fui até a cortina da sala e a fechei, conseguindo instantaneamente ter visão do que estava em minha volta. continuava ali, deitada e encolhida em seu edredom. Olhei para o seu rosto delicado e desejei acordá-la... Mas eu não faria isso. Não seria tão cruel.
Escutei um barulho estranho e olhei para os lados tentando entender o que era. Acompanhei o barulho e aí pude perceber que era o som do modo vibratório do meu celular que estava dentro de minha calça, peguei o aparelho e vi que era minha mãe quem estava tentando me ligar.
?” disse, um pouco sonolenta, enquanto virava seu corpo para o direção onde eu estava.
“Eu já volto... Acho que minha mãe quer falar comigo, provavelmente dar feliz natal ou algo do tipo. Quer ir junto?” Perguntei e franziu o cenho, indicando que não e se ajeitando melhor em baixo do edredom.
“Imaginei que não.” Ri baixo “Mas mais tarde vamos ficar lá com eles, tá?” Disse e assentiu com a cabeça.
“Uhum.” Ela disse bem baixinho, me fazendo rir mais uma vez de quão bonitinha ela ficava quando estava sonolenta.
Terminei de colocar minhas roupas e fui até o elevador, apertando então o número do andar de meu apartamento. Me senti estranho naquele momento... É como se eu não tivesse uma casa de verdade. Eu sempre estava viajando e me mudando e nunca sentia que realmente uma casa era minha de verdade, nunca sentia que estava realmente indo para casa.
Parei no meu andar e fui até minha porta que curiosamente já estava aberta... Franzi o cenho, estranhando esse fato e caminhei até lá. Estendi minha mão a fim de empurrar a porta para ver o que estava havendo. Observei que minhas mãos estavam trêmulas, com medo do que estava por vir. Acho que eu estava rezando para mim mesmo para que não fosse nada de mais, mas todas essas orações tinham sido em vão quando observei o que estava realmente acontecendo. Senti um grito de medo se afogar junto com um desespero repentino que surgiu em meu peito.
Um frio estranho percorreu a minha espinha e tudo que consegui fazer foi ficar parado, ou seja, não consegui fazer nada. Apenas percorri meu olhar pela sala, observando várias malas serem jogadas ao chão enquanto minha família corria de um lado para o outro se certificando que não estavam esquecendo nada. Por um momento, achei que tudo era apenas um sonho; que tudo iria passar no momento em que eu fechasse meus olhos e os abrisse novamente. Tentei fazer isso milhares de vezes, mas nada havia mudado no meu campo de vista, continuava a ver a imagem de jogando minhas roupas numa grande mala vermelha. Engoli em seco e tentei me convencer de que se não era um sonho, então só poderia ser uma ilusão que minha mente estava criando e que tudo iria passar se...
?” Escutei minha mãe dizer. Sua voz soou suave e calma, totalmente desanexa a ocasião. Fechei mais os olhos, tentando ignorá-la, e tentei voltar a minha linha de raciocínio... “Querido?” Ela disse, um pouquinho mais alto, quebrando a viagem que a minha mente estava criando para inutilmente fingir que nada disso estava realmente acontecendo. “Arrume suas coisas.” Ela disse, com uma voz macia e cautelosa, como se estivesse com medo de minha reação. “Vamos, filho.”
“Eu não vou.” Por fim, disse. Eu estava decidido. As palavras se arrastaram pela minha garganta, fazendo com que minha voz saísse um pouco rouca e raivosa. Engoli em seco mais uma vez e inflei meu peito como uma forma silenciosa de me auto-afirmar. Eu não estava brincando, eu não iria me expor a isso novamente. Não dessa vez.
“Como assim você não vai? Nós somos sua família, você vai sim!” Minha mãe franziu o cenho, me olhando um pouco brava, e aí pude ter a visão de fechando a sua própria mala com uma cara indiferente.
“Aceite, . Nossa vida é assim, eu já aceitei.” Ele deu de ombros e colocou sua mala de lado, sentando no sofá e esperando que nós terminássemos o resto do serviço.
“Não. Eu vou voltar para .” Eu disse, mas minha mãe segurou meu braço com uma certa força.
“Não seja infantil mais uma vez, . Eu já vi isso antes, você se apaixona por uma qualquer e aí decide do nada que-”
“Não fale assim dela!” Eu gritei e minha mãe pareceu extremamente ofendida pelo o que eu havia feito, eu não era muito de gritar com as pessoas, muito menos com ela.
, dê um jeito nisso, por favor.” Ela disse, enquanto passava as mãos pelos seus cabelos e fechava fortemente os olhos tentando organizar as idéias dentro de sua própria cabeça. Eu entendo que minha mãe tenha seus problemas e que esse negócio de drogas seja difícil de lidar, mas eu não queria isso mais, não mesmo. Quando me dei conta, estava me segurando fortemente com uma de suas mãos e com a outra estava segurando minha suposta mala.
“Não, mãe... Vamos resolver isso.” Tentei falar, sentindo minha voz sair um pouco mais engasgada do que eu esperava.
“Eu estou de ligando desde ontem à noite e você não atende, . Os traficantes acharam a gente...” Ela disse, enquanto enfiava o resto de suas roupas dentro de uma sacola.
“Me deixe falar com então... Ela vai com a gente.” Minha voz estava tão rouca e estranha que demorou um tempo para eu me dar conta de que estava prestes a chorar.
“Não há tempo, .” Ela simplesmente disse e entrou em um dos outros cômodos da casa para fazer sei lá o quê. Sentia meu corpo inteiro formigar e um aperto horrível no meu peito, senti o sangue ferver em meu cérebro e franzi fortemente meu cenho tentando me desvencilhar das mãos de .
“Me solta, . Que merda!” Gritei com ele também. Mas ao contrário de minha mãe, parecia me entender, porque me olhou compreensivamente e pude perceber que havia até uma ponta de dó em seu olhar.
“Me desculpe, garoto. Nós temos que ir.” Ele disse me segurando fortemente e eu o empurrei.
“NÃO!” Gritei um pouco mais alto e ele me olhou um pouco confuso, sem saber ao certo o que fazer para resolver o problema. Senti meu pulso se fechar e um sentimento estranho passando pelo meu corpo. Ele tentou se aproximar e eu não encontrei outro modo de me defender a não ser acertá-lo bem no meio da face. se abaixou sentindo a dor que eu havia lhe causado e colocou a mão no local aonde eu havia o batido.
“Garoto, eu estou sendo muito paciente com você. Se quiser brigar fisicamente, é isso que vamos fazer.” se aproximou mais uma vez e dessa vez não era de uma forma amigável.
“Eles chegaram. Eles estão aqui.” interrompeu nossa briga quando disse essas palavras. Por um momento ninguém falou nada. olhou para nós e para a janela do corredor do prédio, aonde podia ter a visão perfeita do carro cheio de traficantes que vinha pela rua.
“E agora?” Minha mãe apareceu na porta com um olhar desesperado.
“Pela escada de emergência.” gritou “Peguem o que é necessário só. O resto deixem aí.” Ele pegou maioria das malas e me empurrou para que eu fosse em direção à porta que daria para a saída de emergência.
“NÃO, mas eu não-” Tentei dizer enquanto sentia todos me empurrando e fazendo com que eu descesse as escadas involuntariamente. “Eu não vou!” Falei mais uma vez e tentei voltar, mas me empurrou mais uma vez.
“Não me faça bater em você, menino. Se você ficar, você vai morrer!” gritou e eu senti um medo percorrer pelo meu corpo novamente.
“Eles vão matar !” Eu disse, mas me ignorou, apenas continuou andando para ter certeza que eu não iria conseguir voltar.
“Não.” disse, calmo, alguns passos a minha frente. “Eles viram que ela não sabia de nada naquele jantar e, além do mais, eles nem sabem onde ela mora. Eles estão aqui por nossa causa.” Ele deu de ombros e continuou a descer as escadas.
“Mas eles podem voltar! EU VOU FICAR, ME DEIXEM FICAR.” Disse pela última vez, mas quando vi já estávamos no estacionamento e, dessa vez, ninguém se deu o trabalho de me responder. Minha mãe destravou o alarme do carro e me jogou lá dentro com as malas e se sentou do meu lado direito, com do lado esquerdo, fazendo com que assim eu não tivesse como sair do carro.
“Vocês não estão entendendo-” Tentei dizer mais uma vez, mas dessa vez quem perdeu a paciência foi minha mãe.
“CALA A BOCA, .” Ela gritou, enquanto dava partida no carro e saia pelo estacionamento.
“Cala a boca você!” Gritei de volta. “Estou cansado dessa merda de vida junto com vocês! Nunca tenho direito de escolher nada, e caralho, eu quero ficar!” Gritei mais uma vez, mas dessa vez quem me interrompeu não foi nem , nem e nem minha mãe. Foi um dos traficantes que nos viu na saída do estacionamento e gritou alguma palavra que eu não soube identificar qual era.
“Fodeu.” Escutei dizer ao meu lado enquanto minha mãe tentava acelerar mais o carro. Os traficantes voltaram para o carro deles e aí uma perseguição idiota começou.
Minha mãe saiu com o carro pela rua sem nem olhar para trás. Em vários momentos quase batemos em postes e outros carros estacionados. Esperava que várias pessoas parassem para ver o que estava acontecendo, ou que pelo menos a polícia aparecesse. Mas, pelo jeito, era cedo demais em um dia de natal para qualquer pessoa se importar sobre dois grupos de traficantes brigando em uma ruazinha qualquer.
Na realidade, eu também estava pouco me importando. Eu não conseguia nem ao menos sentir medo. Meu olhar estava perdido enquanto eu tentava segurar todas as malas que estavam no meu colo. Todos os gritos de desespero dos meus parentes pareciam apenas um sonho, ou melhor, um pesadelo. Porém, era apenas um pesadelo bem distante no qual eu não conseguia nem ao menos temer. Não conseguia temer nem por minha mãe, nem por , nem por e muito menos por mim. A única imagem que passava pela minha cabeça era a de ... O meu único desejo naquele momento era voltar para aquele maldito apartamento e trazê-la de volta para mim. Esse era meu único objetivo, a única coisa que eu conseguia manter em minha mente.


se remexeu embaixo do edredom e esticou sua mão para onde supostamente ele deveria estar. Ela se remexeu mais um pouco virando para o lado oposto e suspirou fundo ao perceber que realmente não estava lá. Ela bocejou e resmungou baixinho pra si mesma, perguntando que horas eram naquele momento. Aos poucos, ela foi criando coragem para se levantar, enrolou o edredom no próprio corpo e caminhou até a cozinha para tomar um copo de água.
As compras que havia feito ontem ainda estavam lá; o resto das bebidas, mais vinho e algumas caixas de comida pré-prontas também. sorriu para si mesma ao ver todas aquelas sacolas em cima de sua mesa. Ela foi até o banheiro, tomou uma ducha rápida e escovou bem os dentes.
Com a toalha em volta de seu corpo, ela se sentou na beira da cama e pensou se deveria ir até a casa dele, afinal, ele tinha dito que era pra ela ir lá mais tarde... Esse deveria ser o motivo pelo qual ele não havia voltado ainda. se sentia tão feliz, como não se sentia há anos. Deitou por um tempo em sua cama pensando em todos os últimos acontecimentos de sua vida. Suspirando, observou que do lado de sua mesa havia um grande pote cheio de canetas, lápis e canetas coloridas, ela pegou uma caneta preta e desenhou uma carinha feliz em sua coxa direita. Ela riu de seu ato. Parecia uma criança tão idiota.
parou na frente de seu guarda roupa, pensando em como ela poderia ir vestida para lá, afinal, iria passar um dia inteiro e uma noite com a família de . Deveria ela tentar impressioná-los? Ou deveria ser ela mesma? Isso nunca havia lhe ocorrido antes... Mudar o seu jeito por causa de alguém, para agradar alguém. balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos. gostava dela do jeito que era, pelo menos era isso que aparentava demonstrar. Ela não tinha que mudar o jeito e nem o modo de se vestir, mas nada a impedia de tentar se arrumar um pouco melhor. Como detestava gastar horas escolhendo roupas, ela por fim decidiu ir com um suéter de listras com vários desenhos na cor amarela, azul escuro, branco e cinza. Ela também colocou uma meia calça preta e uma saia de cós alto e pregas da cor azul escura. Antes de sair, colocou uma meia grossa para aquecer os pés e uma bota de cano médio. Estava bem frio lá fora, então era melhor se preparar caso quisesse dar uma volta ou algo do tipo. Ela sorriu em frente ao espelho e resolveu que iria assim mesmo, sem maquiagem e nem nada. Ela estava bem assim. Único acessório que ela colocou foi a touca cinza de que ele havia deixado em seu apartamento antes de sair. Ela estranhamente adorou aquela touca e até pensou seriamente em roubá-la.
Ao sair, colocou um sobretudo preto, mas não o abotoou, andando calmamente até o elevador enquanto colocava as chaves de sua casa dentro do bolso. Quando parou no andar de , achou estranho estar tudo tão quieto e calmo. Caminhou até a frente do apartamento dele e tocou a campainha. Esperou e ficou um pouco inquieta porque estava sentindo um pouco de calor, afinal, o prédio possuía calefação e ela estava muito bem agasalhada.
não ouviu nenhum barulho, então observou que a porta estava entreaberta. Franzindo o cenho, com as pontas dos dedos ela empurrou a porta e sentiu um embrulho estranho no estômago ao ver que o apartamento estava totalmente revirado. Alguns móveis fora do lugar, a TV ligada para o nada e vários objetos e roupas espalhados pelo chão.
“Senhora ?” escutou sua voz sair fraquinha, como se ela fosse um gatinho assustado sem saber o que fazer. O primeiro pensamento que passou em sua mente é que haviam assaltado o apartamento, mas que tipo de ladrão iria apenas roubar roupas se havia uma grande TV de LCD dando sopa na sala?
Ela caminhou pelo apartamento, tendo cuidado para não pisar em nenhum objeto e foi até o quarto de . As portas de seu guarda-roupa estavam todas abertas, assim como todas as gavetas. Algumas das roupas dele ainda estavam no chão... caminhou até a cama de , que ainda estava feita e sentiu seu corpo afundar no colchão macio. Ela sentia todo seu corpo tremer de uma maneira estranha e todo aquele calor que ela estava sentindo de repente havia ido embora. Ela não conseguia sentir nada além de medo. Ela parou por alguns segundos e então viu que ainda havia um objeto na escrivaninha de . piscou algumas vezes antes de perceber que aquele era o celular que havia pegado/roubado dela alguns meses atrás. Ela pegou o objeto em suas mãos, mas não seria capaz de fazer nenhuma ligação. Suas mãos estavam trêmulas e ela sentia uma vontade imensa de vomitar. Se sentindo um pouco tonta, se levantou aos poucos e andou até a saída do apartamento, colocando o seu celular no bolso junto com as suas chaves.
Ela fechou a porta do apartamento de e andou até o elevador. parecia estar em um estado de choque enquanto apertava vagarosamente o botão para chamar o elevador novamente e em poucos segundos ele já estava lá. Em vez de voltar imediatamente para casa, apertou o botão do estacionamento, secretamente tendo uma pequena esperança que o carro da mãe de ainda estivesse lá.
Nada.
nem se deu ao trabalho de sair do elevador e apertou o andar da portaria. sentia-se tão perdida e sem saber o que fazer... A única coisa que lhe pareceu adequada no momento era sair por aí... Andar por aí.

Ao sair de dentro do prédio, ela sentiu o vento encontrar seu rosto e franziu o cenho, sentindo o choque térmico encontrar seu corpo. A neve estava atrasada naquele ano, mas ainda estava muito frio. escutou o barulho de suas botas batendo no chão do hall até a calçada conforme ela andava e então ela parou, cruzando seus braços em volta do próprio corpo e pensando aonde poderia ir. Ela olhou para os lados sentindo o vento bater em seus cabelos e observou que não havia quase ninguém nas ruas.
O que fazer agora? Ela deveria voltar para o seu apartamento? fechou os olhos fortemente, tentando ignorar uma terrível vontade de chorar. Ela decidiu pegar o lado direito da rua e foi andando calmamente até achar um lugar aonde poderia se sentar e ficar pensando em algo que nem ela sabia o que era. A mente de estava paralisada, os pensamentos estavam misturados e ela estava inutilmente criando uma barreira invisível em seu cérebro para não pensar no que havia acontecido de fato.
Alguns passos a frente de onde estava havia uma cafeteria que surpreendentemente estava aberta no dia de natal. Ela apressou seus passos e ergueu uma de suas mãos para empurrar a porta pesada da entrada do local.
Lá dentro estava bem quentinho e não havia quase ninguém. escolheu uma mesa e tirou seu grande casaco antes de sentar, colocando-o na cadeira ao lado da sua.
Quando sentiu suas costas encontrarem o encosto almofadado da cadeira, ela teve a falsa impressão que seu corpo iria relaxar de alguma maneira, mas isso não aconteceu. Ela apoiou os dois braços em cima da mesa e colocou as suas mãos sobre sua face, observando que não havia parado de tremer desde o momento em que saiu do apartamento de .
“O que posso trazer para você?” Uma das atendentes do café apareceu ao seu lado com um bloquinho de notas em sua mão. olhou para cima e lutou contra aquela vontade de não falar nada.
“Apenas... Apenas um café bem forte.” Ela disse depois de um tempo, sentindo sua voz sair um pouco esquisita pois havia passado um bom tempo sem dizer nada. Na realidade, ela não queria falar nada. olhou em volta e se perguntou por que tinha ido para aquele lugar... Ela nem queria estar ali. Ela nem queria merda de café nenhum.
se levantou rapidamente, segurando seu casaco pelo braço direito e saiu da cafeteria. Instantaneamente o vento forte encontrou seu corpo novamente, mas dessa vez, sentia muito mais frio porque não havia colocado seu casaco novamente e ela nem sentia vontade de colocá-lo. Ela só queria sumir dali.
fechou fortemente os olhos e começou a correr em direção ao seu prédio. O vento cortante passava pelo seu corpo e ela sentia seu rosto doer por causa disso, mas não era isso que importava no momento. A única coisa que podia escutar era o som de suas botas batendo no chão enquanto ela corria. Seus pulmões começaram a pedir por mais ar, e cada vez que inspirava o ar congelante, seu corpo reclamava mais. não desistiu, continuou correndo o máximo que podia até chegar na portaria de seu prédio.
não parou nem para ver se o porteiro estava ali para lhe desejar feliz natal, ela apenas correu para as escadas e começou a subir rapidamente. Ela não estava com o mínimo de paciência para esperar o elevador.
não parou de correr até chegar em sua porta. Ela a destrancou rapidamente e a fechou atrás de si, deixando suas costas baterem contra a mesma. Fechou fortemente os olhos mais uma vez naquele dia, deixando os seus cabelos caírem por cima de seu rosto. Mas não queria pensar naquilo. Ela não queria.
Andou rapidamente até o seu banheiro para tomar um banho. Seu corpo estava suado e no banho seria o lugar perfeito para deixar ir suas tristezas e frustrações. Ela arrancou suas roupas sem dó, sem pensar se iria estragá-las ou não. Começou pelo seu suéter, depois a saia, botas e meia calça. Ao olhar no espelho da pia e ver que ainda estava com aquela touca idiota, quis bater em si mesma. Ela depositou uma de suas mãos na própria cabeça e arrancou a touca, jogando-a em algum lugar. Quando terminou de tirar todo pedaço existente de pano de seu corpo, correu para debaixo do chuveiro, sentindo a água quente entrar em contato com seu corpo gelado.
Os soluços se perdiam na garganta de . Sentada no chão do box ela sentia a água quente cair sobre seus ombros de uma forma reconfortante e ao mesmo tempo dolorida. Ela sentia todo seu corpo doer de uma maneira estranha, como se tivesse sofrido algum acidente ou se envolvido em alguma briga. Ela apertava suas próprias pernas contra o próprio corpo, encolhendo-se como uma concha enquanto se balançava para frente e para trás tentando dizer a si mesma que tudo iria ficar bem. Seus braços e pernas estavam um pouco avermelhados já que estava forçando as próprias pernas contra si. Seus olhos também doíam, doíam de cansaço de tanto trabalhar em fabricar lágrimas para liberar a tristeza que ela sentia em seu peito. Por que ele teria ido embora sem dizer nada? Ela se sentia estúpida por ter acreditado, por ter se deixado levar... Ela sabia que uma hora ou outra isso iria acontecer, mas não queria enxergar. Ela estava muito ocupada sendo trouxa para enxergar a verdade.
relaxou um pouco pendendo sua cabeça para trás e sentindo as gotas caírem sobre seu rosto e aos poucos massageando o local, fazendo com que ficasse um pouco menos dolorido, para que então ela tivesse forças para chorar mais. Olhou para a parede laminada do banheiro e suspirou, sentindo seu peito doer de uma maneira estranha, ela percorreu o olhar para as próprias pernas onde encontrou uma carinha feliz que havia desenhado em sua coxa momentos antes. tinha essa mania estranha de ficar rabiscando a si própria. Era como se pudesse demonstrar o que sentia em desenhos sem sentido e até um pouco idiotas como a carinha ridícula que ela havia feito. A garota passou o polegar pelo desenho, vendo-o se desfazer aos poucos enquanto a água o retirava de sua pele, naquele momento ela desejava que a água pudesse apagar sua tristeza com a mesma facilidade que ela tirava as marcas de sua pele, mas ela sabia que isso não iria acontecer. Infelizmente, ela teria que esperar o tempo apagar. E esse período de tempo demoraria muito mais do que um simples banho na noite de natal.

não sabia por quanto tempo ficou ali apenas olhando para o nada enquanto sentia a água cair constantemente sobre sua pele. Ela só queria poder pensar, mas os pensamentos eram tantos que a sua cabeça não conseguia os processar, deixando a mente da garota completamente vazia e sem sentido.
Ela não sabe como, mas ao sentir que sua pressão estava ficando baixa e que seus dedos já estavam ficando incrivelmente enrugados, ela conseguiu levantar. Enrolou sua toalha grande e felpuda ao redor de seu corpo e caminhou até a sala. As luzes do pinheirinho piscavam sem parar no ambiente escuro e absurdamente silencioso. Ela caminhou com cuidado até o sofá, como se tivesse medo do que a esperava, como se algum monstro a pudesse aparecer e pegá-la a qualquer momento. Ela desviou o olhar quando observou a garrafa de vinho vazia jogada ao chão ao lado da árvore de natal. Ela não queria pensar nele. Não iria pensar nele. Mas a única pergunta que insistia em surgir em sua cabeça era: E agora? O que vou fazer?
poderia ir para Port Angeles, ainda dava tempo de ver seu pai e passar um natal tranqüilo e feliz com ele e Ethan. Isso se ela tivesse um carro. Isso se ela não fosse orgulhosa ao ponto de não querer que ninguém tivesse conhecimento do que havia acontecido algumas horas atrás.
Ela olhou pela janela e observou as casas e os apartamentos... As pessoas por lá devem estar se divertindo com seus parentes, comendo biscoitos e cantando músicas de natal.
automaticamente fechou os olhos e lembrou de como gostava de passar o natal com sua família quando era pequena. Era tudo tão perfeito. Ah, como ela queria poder voltar para aquele tempo... Mas, de certo modo, era como se ela estivesse revivendo aquilo. estranhava o fato de que quando ela fechava os olhos, ela podia reviver qualquer momento que quisesse, especialmente a sua infância. Era como se ela pudesse sentir o sofá quente e gostoso da sala de sua avó, podia sentir o cheiro do peru prestes a sair do forno... Seu pai e seus familiares estavam todos à sua volta sorrindo para ela de uma maneira amigável. Era estranho vê-los tão grandes e altos, deveria ter no mínimo um metro de altura naquela época, mas ela adorava aquela sensação de ser tão pequena em relação às coisas do mundo. Era como se ela pudesse correr e se esconder algum lugar por aí e ninguém iria poder achá-la. Nem que ficassem a procurando por semanas, não iriam achá-la. Ao mesmo tempo que pensou isso, pareceu ter outra lembrança de quando ela se escondia no próprio guarda-roupa e ficava lá cantando alguma musica de um filme da Disney enquanto esperava sua mãe vir procurá-la. Era como se pudesse ver o rosto de sua mãe, bem mais nova e diferente do que é hoje em dia, sorrindo para ela. Sorrindo de uma forma meio brava e engraçada porque não gostava de quando a filha fazia esse tipo de brincadeira. Nas noites de natal da infância de ela costumava ser o centro das atenções de sua família, todos pareciam hipnotizados com ela. Ela achava que esse era um dos motivos pelos quais amava tanto o natal, todo mundo gosta de ser notado. Ela podia sentir a ansiedade e o frio da barriga que tomava conta da pequena minutos antes de ganhar os seus presentes e então poder ir brincar com seu velho avô.
costumava a passar muito tempo com seu avô na infância, ela costumava sentar-se no quintal enquanto assistia o velho homem trocar as peças de seu carro. Ele era tipo o “pau pra toda obra” da família, costumava consertar qualquer tipo de aparelho eletrônico e motores de carro por apenas diversão. Ele a levava de carro para passear também, assim como seu pai. amava deitar no banco de trás do carro e ficar olhando para o céu através da janela. Ela gostava de ficar vendo como as árvores mudavam de formato conforme o caminho enquanto ela ouvia alguma música inusitada. Sempre havia música, sempre.
Os olhos de estavam fechados tão fortemente que ela se assustou ao ver que estava chorando novamente, e que, infelizmente, nada disso que ela estava pensando estava sendo revivido, eram apenas memórias. Ela estava lá naquele apartamento vazio, sem ninguém para poder abraçar na noite de natal. Um medo tomou conta de seu coração ao perceber que estava sozinha, não havia mais ninguém e a única certeza que ela tinha no momento era que: Ela não era mais o centro de atenções de ninguém, a não ser dela mesma.

Do lugar de onde estava sentada, ela obtinha a imagem perfeita da árvore de natal que havia colocado na sala. De certa forma, parecia que aquele momento que ela tinha presenciado algumas horas atrás estava muito, muito distante. A árvore já não lhe causava mais nenhuma admiração, era apenas uma prova de como havia sido burra o bastante para acreditar em palavras de um cara por aí.
Arrastou seu olhar pelo cômodo; a coberta no chão, as taças, o vinho, as suas roupas de ontem à noite, algumas caixas de enfeite de natal, sacolas cheias de um conteúdo que nem imaginava o que seria... Tudo parecia ser tão sem sentido no momento. A única coisa que pensava em fazer agora era bater em si mesma. Ela apertou os braços contra o próprio corpo. A quem ela estava querendo enganar? Fechou fortemente os olhos e passou as mãos por seus cabelos molhados. havia a feito de idiota, de estúpida, como se fosse uma menininha sem valor. E ela tinha valor. sabia muito bem disso... Ou não sabia?
As lágrimas vieram aos seus olhos novamente e a raiva por si mesma só parecia aumentar. tentou segurar o choro o máximo que pode, mas por fim ele veio, mais forte e doloroso do que ela imaginava. Ela apertou as pontas dos dedos contra seus olhos, na tentativa inútil de tentar controlar as lágrimas e também os soluços que insistiam em surgir.
Não. Ela não poderia sofrer assim. Nenhuma garota deve sofrer assim.
Passou as mãos pelo rosto tentando inutilmente secá-lo, levantou determinadamente e foi até o seu quarto. Colocou uma camisa qualquer e um shorts preto e vestiu o primeiro par de botas que viu em sua frente.
Ela caminhou firmemente até a sala, respirou fundo e segurou a árvore em seus braços. Ela era realmente muito pesada e enquanto tentava a empurrar até o corredor os galhos e os pisca-piscas arranhavam seu braço dolorosamente, mas isso não importava no momento. foi até o elevador e de alguma maneira que parecia impossível, conseguiu enfiar a árvore dentro do cubículo junto com o seu próprio corpo. Desceu no andar onde ficavam as lixeiras do prédio e jogou a árvore lá no chão. observou a árvore bonita jogada ao chão sentindo um terror em seu coração, ela franziu a testa e levantou uma de suas pernas no intuito de chutá-la. Sentiu seus olhos queimarem mais uma vez e o choro tentando voltar... E então, ela deu um impulso e chutou o mais forte que pode e, como se fosse algum tipo de resposta a sua agressão, os galhos da árvore arranharam suas pernas expostas. Ela sentiu um soluço perdido em sua garganta e saiu correndo para dentro do elevador, apertando rapidamente o andar de seu apartamento.
Abriu a porta e colocou as mãos nos bolsos do casaco, alcançando um objeto em sua mão direita. Ela franziu o cenho e o retirou de seu bolso. Era o seu celular que havia encontrado no quarto de .
Sem pensar muito no porquê, ela apertou o botão para ligá-lo. O primeiro pensamento seria ligar para o seu pai... Mas, seria isso o certo a fazer? Não queria que ninguém sentisse dó dela naquele momento. Ela não iria se permitir passar por essa humilhação.
Depositou o celular em cima da mesa da cozinha e caminhou para o seu quarto, finalmente deitando em sua cama confortável. Essa hora foi quando percebeu o quanto estava cansada. Naquele momento ela finalmente conseguiu relaxar, deixando seu corpo se espalhar pela cama enquanto sentia os olhos ficarem úmidos novamente... Os soluços vieram e ela chorou até que o seu sono e cansaço fossem mais fortes do que as malditas lágrimas.

Seus olhos doíam que nem o inferno. Estavam pesados e até um pouco inchados. levantou uma de suas mãos e tocou um de seus olhos fechados, passando as costas de sua mão por eles.. Sim, eles realmente estavam bem inchados. Ela não queria realmente levantar, mas se sentia um pouco enjoada e havia um barulho irritante vindo de algum lugar de seu apartamento. De seu apartamento? franziu o cenho, pensando que não havia ninguém lá. Ou havia? Teria sido tudo um sonho? Bom, poderia ser também um de seus vizinhos. Isto seria um fato bem incomum, considerando que seus vizinhos eram um bando de velhinhos que eram bem quietinhos em circunstâncias normais... Mas, bem, talvez essa semana seja a semana dos acontecimentos anormais. Ela esfregou seus olhos com as costas das mãos novamente e dessa vez sentiu um pouco de dor nas pálpebras inchadas. Ela abriu os olhos vagarosamente e notou que ainda estava noite. Rolou pela cama, até ter uma visão perfeita do relógio que ficava em sua escrivaninha. Eram quatro horas da manhã. Ela bufou e se enrolou em seu cobertor aconchegante.
O barulho irritante começou novamente e sentiu um pouco de medo ao caminhar pelo corredor de seu apartamento. Seria um ladrão? Bom, era só o que faltava para completar sua ótima noite de Natal. Ela caminhou calmamente pelo corredor, sentindo uma pontinha de medo a cada passo que dava adiante.
Apenas uma luz iluminava a sala de seu apartamento, sendo que agora a árvore já tinha sido cruelmente descartada. E essa luz vinha de seu celular que tocava freneticamente enquanto emitia aquele som irritante que todo telefone do mundo tem. Incrivelmente, o pensamento que alguém estava ligando para ela era muito mais assustador de que um ladrão invadindo seu apartamento. Ela segurou o aparelho em suas mãos trêmulas e constatou que era ele quem estava ligando. O nome “” em letras grandes dançava a sua frente enquanto as luzes do celular acendiam e apagavam...
sentiu sua garganta secar e ela franziu o cenho automaticamente. O que ele queria? De repente, o celular parou de tocar e ela sentiu um alivio imediato. A tela inicial de seu celular surgiu diante dela. Oito chamadas perdidas. Duas eram de seu pai e as outras seis de . piscou algumas vezes e deixou o celular descansar novamente na mesa.
Ela caminhou até a cozinha, revirando as sacolas de compras que havia feito... As caixas de comida congelada já não eram mais congeladas, a água escorria pela mesa e estava molhando todo o chão da cozinha. contornou a parte molhada e se encaminhou até uma outra sacola, onde havia bebidas. Whisky. Era isso que ela precisava no momento.
Whisky nunca foi sua bebida preferida, mas, bem, era forte o bastante para ajudá-la durante o momento pelo qual ela estava passando. Ficou nas pontas dos pés e alcançou um copo em seu armário. Ela abriu a garrafa com uma certa dificuldade e então despejou o liquido em seu copo. Contornou novamente a cozinha e voltou para sala, onde pegou uma carteira de cigarros deixada perto de seu sofá. Não fazia idéia de quanto tempo fazia desde que havia fumado seu último cigarro. Pegou o isqueiro e o acendeu, sentindo um alívio imediato quando deu a primeira tragada. A fumaça dançou em sua frente de uma maneira encantadora.
O barulho novamente. estremeceu, quase derrubando o cigarro de suas mãos. Ela ingeriu uma boa quantidade de Whisky, deixando seu copo quase vazio. Sua barriga reclamou e ela sentiu uma tontura imediata. Fazia quanto tempo que havia comido pela última vez? Ela não fazia idéia. Se sentou no sofá, ignorando totalmente a ligação. Ela fumou mais uns três cigarros e bebeu mais um copo de Whisky. já estava se sentindo um pouco sonolenta novamente. Se acomodou no sofá e deu um último suspiro antes de cair no sono mais uma vez.

Seus cabelos... Tão macios e suáveis... A barba mal feita, roçando levemente pelo seu rosto. Seus lábios massageando os dela. Os dentes a mordendo na boca, no pescoço e busto... Seu corpo deslizando pelo o dela. Os seus toques...
“Acorde, , acorde para mim.” escutou sua voz aveludada perto do seu ouvido. Sentiu um sorriso tonto percorrendo por seus próprios lábios. Ele está aqui. se mexeu, tentando de alguma forma encontrar as mãos dele, mas não obteve sucesso. Sentiu uma luz forte invadir o ambiente e um barulho irritante incomodar seus ouvidos. Mas os seus olhos eram o pior de tudo, doíam muito e estavam pesados, mais pesados do que na noite passada.
! Acorde!” gritou para ela, com uma feição meio brava e até meio demoníaca. Seus olhos brilhavam estranhamente e então ele caminhou para longe. Ela queria gritar Não! Volte!, mas sua garganta estava trancada e mesmo que quisesse, não poderia emitir nenhum som.
Que barulho infernal! queria poder fazer com que tudo aquilo parasse como um toque de mágica, mas isso não seria possível. Ela se remexeu mais uma vez. Estava impossível de dormir e até de ter os seus pesadelos conturbados. A luz. A luz em seus olhos estava praticamente a matando. Ela colocou as mãos sobre os olhos, tentando arranjar coragem para abri-los. E então, o fez. A dor de cabeça a atingiu como um baque e ela desejou estar no seu quarto escuro novamente.
O celular vibrava freneticamente sobre a mesa a sua frente. Ela se levantou rapidamente, esfregando os olhos e passando as mãos por seus cabelos bagunçados. A dor de cabeça estava insuportável, talvez ela não devesse ter tomado aquele Whiskey ontem à noite... Bom, mas ela já tinha o feito. Não seria errado tomar novamente, certo? Ela levantou a garrafa e despejou mais uma vez o liquido em seu copo. Tomou todo o conteúdo de uma vez só e franziu o cenho, apertando os olhos enquanto sentia o líquido descer pela sua garganta. Alcançou mais uma vez a carteira de cigarro e levou um a boca.
Mais uma ligação. Meu Deus! Isso não iria acabar nunca? De repente, sentiu uma raiva muito grande dentro de seu peito. Ela caminhou determinada até a mesa do celular e olhou no visor para ter certeza que era ele quem a estava ligando. Sentiu um embrulho no estômago ao constatar que sim, era ele. No fundo ela desejava que fosse uma outra pessoa... Não, na realidade, desejava que não fosse ninguém, ninguém mesmo. Assim, poderia dormir eternamente sem ninguém para perturbar.
Ela apertou o botão para atender e o levou até o seu ouvido.
“O que você quer?” Ela disse, escutando sua voz sair meio enguiçada, mas ao mesmo tempo bem mais determinada do que esperava.
? Oh meu Deus, você atendeu! , por favor me escuta... Você não imagina o que aconteceu.” Ele disse meio afobado. Ouvir a voz dele fez com que o coração de acelerasse bruscamente. Ela aspirou a maior quantidade de ar que pôde e esperou que ele dizesse mais alguma coisa. “Os traficantes... Eles...” suspirou.
Com quem você ta falando, ? Desligue esse celular agora! AGORA! , VOLTE AQUI” Escutou ao fundo a sua mãe gritando e a dor de cabeça apenas aumentou.
“Não! Espere! , então... eles... ME DEVOLVE ISSO!” gritou e escutou um silêncio e depois um barulho de algo caindo no chão. Ela esperou calmamente até que retornasse a falar. “? Você está aí?” Ele falou e sentiu um aperto no peito, as lágrimas atingindo seus olhos novamente.
“Você é um frouxo, . Eu não faço questão de saber de nenhum problema que envolva você ou a sua família ridícula. Não volte mais a me procurar.” disse calmamente, mas com uma amargura em sua voz. As lágrimas desceram pelo o seu rosto e ela segurou um soluço para que não pudesse perceber que ela estava chorando.
, pelo amor de Deus...” Ele tentou voltar a falar, mas o interrompeu.
“Não quero saber. Não volte mais a me procurar. Adeus, .” Ela disse, um pouco mais rude do que a última vez que havia falado e desligou o celular. Suas mãos estavam trêmulas e sua respiração acelerada. Sua visão estava um pouco embaçada devido ao choro, mas novamente ela enxugou as lágrimas de seu rosto com uma certa raiva e sentiu uma coragem repentina que pareceu despertar algo dentro dela que fazia tempo que não sentia: A determinação. Ela era boa por conta própria de qualquer maneira, não precisava de um babaca para fazê-la se sentir melhor. Um sorrisinho percorreu pelo seu rosto e ela jogou o celular no chão com toda a força que pode antes de começar a pisar em cima dele rudemente. estava surpresa consigo mesma depois que finalizou seu trabalho. O celular estava despedaçado.

Ela caminhou calmamente até o fim da sua cozinha, pegando uma caixa de papelão e jogando todas as compras que havia feito dentro dela, menos, obviamente, as bebidas. As bebidas ela iria aproveitar muito bem. Ela caminhou até a sala e jogou os restos do celular dentro desta caixa também. Pegou também a garrafa de vinho da noite passada, as caixas de enfeite de natal e qualquer outro lixo que havia por ali que poderia a fazer lembrar dele. Na hora de jogar suas roupas, algo a fez parar. Ela gostava daquela roupa de verdade. Balançou a cabeça e a deixou por ali, ignorando também a touca que antes pertencia a que estava no banheiro neste momento.
“Alguma coisa irei tirar disso.” Ela disse para si mesma. “Nem que seja uma estúpida touca.”

Depois de descer e jogar tudo aquilo no lixo. se sentou novamente no sofá, sentindo uma tristeza a atingir mais uma vez. Ela era forte e sabia que era. Iria conseguir superar isso. A imagem dos olhos de passaram por sua mente e ela suspirou alto, desejando mais um copo de Whisky para afastar esses pensamentos. Ela já teve muitas decepções na vida e não era aquela que iria a colocar para baixo.
Ela descansou a cabeça no encosto do sofá e fechou seus olhos fortemente, esticando seu braço a procura de mais um cigarro para acalmar seus nervos.

Talvez ele seja diferente de todas as outras decepções que você já teve. Disse uma voz em sua cabeça. Talvez ele seja capaz de destruí-la de maneiras que você nunca pensou que alguém iria conseguir.

FIM



N/A: Depois de três longos anos termino a primeira parte de Wild World. Muita coisa ainda vai acontecer e eu espero sinceramente terminar essa história que criei em minha cabeça através de um sonho bobinho. Fico feliz em saber que tem gente que vem aqui e ainda lê minha história. Na última atualização perdi todos meus comentários devido ao novo programa de comentários que o FOBS está usando, mas saibam que eu os tenho salvo aqui em meu computador!
Gostaria de agradecer primeiramente a todas vocês que leram até aqui, a Rafaela C. que me apoiou trocando idéias e também criticas, a Ana Fletcher (você sempre vai ser Fletcher para mim) que no comecinho deu forças e elogios, e agradeço também a minhas duas grandes amigas que acompanham a história desde que eu comecei a escrevê-la; a Gi e a Estela! E por fim, a minha beta Lara que me ajudou e ajuda até hoje com as minhas várias dúvidas.
Escrever sempre foi um passatempo para mim, sou uma pessoa com uma mente muito fértil então sempre acabo tendo idéias novas e eu fico feliz por ter prosseguido com essa história!
Sobre a parte II de Wild World, ainda não comecei a trabalhar nela, mas já a tenho programada em minha cabeça. (Não vale querer saber o que é), então talvez ainda esse ano possa ter capítulo novo no FOBS.
Gente, por favor, eu gosto muito mesmo de saber a opinião de vocês, então não deixem de comentar!
Se tiverem alguma dúvida sobre a fic, se quiserem compartilhar alguma idéia, criticar, xingar ou até mesmo só conversar um pouco, sintam-se a vontade de virem falar comigo pelo Twitter, E-mail, ou até mesmo pelo Tumblr (no ask)! Deixo aqui sempre no final de toda atualização para que vocês possam entrar em contato.

Muito obrigada mesmo pelo apoio e até Wild World II!

Aqui está meu Twitter
e renatha-c@hotmail.com- meu email!
E o link para o Tumblr : Tumblr de WW

Xxx
Renatha.


comments powered by Disqus



Nota da Beta: Qualquer erro nessa fanfic é meu, então me avise por email ou mesmo no twitter. Quer saber quando essa fic vai atualizar? Fique de olho aqui. Obrigada. Xx.