Will You Survive To Wonderland?
História por Hannah Cirillo | Revisão por Carol Mello

chegou em casa depois de um dia cansativo de trabalho. Atender telefones praticamente o dia inteiro é, muitas vezes, exaustivo. Sentiu seus olhos começarem a pesar e decidiu tomar um banho para deixá-los abertos. Jogou sua bolsa no sofá e andou até o banheiro, abriu o registro e, em poucos minutos, já estava debaixo da água quente, temperatura ideal. Seus músculos relaxaram e ela se sentiu incrivelmente bem. Meia hora depois, já estava devidamente vestida para sair com seu namorado, Logan. Os dois iriam ter uma “conversa importante”, de acordo com ele. Estava entusiasmada, já namoravam a quase três anos. Deu as últimas borrifadas de seu Chanel n° 5 e olhou-se no espelho antes de sair. O cabelo era razoavelmente liso e ia até seus ombros, a maquiagem estava simples: a pintura dos olhos estava fraca, as bochechas naturalmente rosadas e um batom quase chegando ao tom vermelho, que deixava sua boca ainda mais delineada. Seu vestido sem alças, vinho, era justo na cintura, onde o tecido era frisado e havia pequenas e delicadas pedrinhas brilhantes. Ele caía graciosamente até os joelhos; da cintura para baixo, era solto e esvoaçante, podendo ser levantado por uma brisa fraca. segurava uma pequena bolsa preta, que mais parecia uma carteira, e estava usando sapatos de salto alto, também pretos. Estava muito bonita e, o mais importante, se sentia bonita.
Pegou as chaves do carro na mesa de centro euforicamente e se dirigiu ao restaurante onde haviam combinado de se encontrar.
- Boa noite, a senhora tem reserva? – uma mulher, com os cabelos impecavelmente presos em um coque, disse. Um sorriso, visivelmente forçado, estava estampado em seu rosto.
- Vim encontrar meu namorado, Logan Tremblay. – disse.
- Sim... – a mulher procurou o nome em uma lista – Me acompanhe, por favor. – falou e a guiou entre as mesas.
O sorriso de se iluminou ao ver o namorado batendo os dedos na mesa, impaciente, sem percebê-la. Ela avançou na direção dele e puxou uma cadeira para se sentar.
- Olá! – o sorriso dela estava gigantesco, o que não era muito comum se tratando de .
- Vamos direto ao assunto, sim? – ele perguntou nervoso e se espantou com tal ato.
- Claro.
- Nós já estamos juntos por três anos e isso passou tão rápido... – o rosto dela se iluminou. Será que ele iria fazer o que ela estava pensando? – Parece que foi ontem que nos conhecemos. , você sabe que eu te amei muito. – ela estremeceu ao perceber que ele usou o verbo no passado – E ainda te amo! – ele consertou, vendo que ela estava tensa. respirou aliviada – Só que não é a mesma coisa. Estou apaixonado por outra pessoa. Sinto muito.
- Quem? – respondeu friamente.
- Você não está chateada? – Logan se assustou com a reação da ex-namorada.
- Quem é ela? – insistiu .
- Meredith. – ele se rendeu.
- Sua secretária?
- Sim.
- Pois bem... – se levantou segurando a bolsa entre os dedos.
- Aonde você vai?
- Embora. – respondeu simplesmente, abriu a bolsa e puxou uma nota de sua carteira. – Tome um champanhe por mim. – jogou o dinheiro na mesa.
- Vamos jantar, , você sabe que é minha melhor amiga.
- Posso fazer uma pergunta, Logan?
- Pode.
- Você me traiu com ela?
- Sim. – ele admitiu.
- Ótimo! – disse e ele, novamente, não entendeu a reação dela – E ainda pergunta se eu quero jantar? – ela não expressou emoção. Fria, perfeccionista, cruel e inabalável, era assim que muitos definiam .
Ela saiu do restaurante em passos firmes, deixando o ex-namorado sentado à mesa sem entender aquela reação.
Deu uma gorjeta generosa ao manobrista que estacionara seu carro e dirigiu apressadamente até sua casa. Jogou-se na cama, sem se preocupar com a maquiagem ou com o vestido, e dormiu, logo depois de sentir algumas lágrimas molharem sua face, coisa que dificilmente acontecia.
Acordou no dia seguinte com o barulho escandaloso do despertador, desligou-o e se levantou. Indisposta, ela ligou para sua colega de trabalho, que coincidentemente era sua vizinha, e pediu para cobrir seu turno, já que a mesma estava de folga.
Como já havia ficado em seu lugar muitas vezes no trabalho, , sua vizinha, concordou em ajudá-la, com a condição de cuidar da pequena Alice, filha de . concordou no mesmo instante, já que adorava Alice. Lavou o rosto e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo bem preso. Colocou um vestido simples, azul turquesa, de alças largas. Uma fita branca, própria do vestido, marcava sua cintura. Calçou um par de sapatilhas azuis, em um tom mais escuro que seu vestido, e partiu para a casa ao lado.
- Obrigada por me fazer esse favor, . – disse gentilmente assim que entrou na casa.
- Não tem problema. – sorriu, pegou a bolsa e abriu a porta de sua casa – Até mais tarde. Alice está no quintal. – disse por fim.
caminhou até o quintal e avistou Alice, ela usava um vestido cor-de-rosa, típico de uma princesa, e estava colocando um vestido parecido com o seu em uma boneca de porcelana.
- Oh! Tia , você veio brincar comigo? – a pequena Alice disse entusiasmada e correu até , não antes de posicionar sua boneca delicadamente no chão.
- Sim, Alice, do que iremos brincar? – ela disse tentando se contagiar com a alegria da criança, mas seu humor não estava dos melhores.
- Vamos brincar de boneca! – Alice abriu um grande sorriso.
As duas passaram a tarde brincando de boneca. O céu começava a ficar escuro e já estava esfriando.
- Vamos entrar, Alice. – disse tranquilamente.
- Podemos ler um livro? – Alice se levantou e passou as mãos pelo vestido, para tirar um pouco da grama que havia lá.
- Um livro? Que livro? – ela sorriu e ajoelhou-se, de modo que ficasse do tamanho na menina.
- Alice no país das maravilhas! Ela tem o meu nome, tia . – seus pequenos olhos cor de mel brilhavam.
- Então vamos lá. – pegou a mão da garotinha e a levou para a sala – Onde está o livro?
- Espere, vou pegá-lo. – ela disse e sumiu por entre os quartos. Voltou, algum tempo depois, com um livro dourado de aparência medieval e com um ursinho de pelúcia. Subiu no sofá e se sentou, ao lado de .
pegou o livro, nele estava escrito "conto de fadas" em letras contorcidas de um jeito luxuoso. Ela passou por Brance-de-neve, A bela adormecida, Cinderela, A bela e a fera, Pocahontas, até chegar em Alice no país das maravilhas.
- Um dia, quando eu estiver em perigo, um príncipe encantado vai me salvar, nós vamos nos apaixonar e seremos felizes para sempre. – Alice disse sonhadora.
- Não é assim que as coisas acontecem... – deixou escapar, sem querer, encarando as páginas dos livros.
- E como acontecem? – Alice se deitou de bruços, curiosa pela resposta, e apoiou o rosto nas duas mãozinhas.
- Você conhece um homem legal, vocês se apaixonam, depois de um tempo ele perde o interesse em você, por outro lado, você continua apaixonada e, mais tarde, ele termina com você, declarando estar apaixonado pela secretária. – disse sem se tocar que estava estragando os sonhos de uma garotinha.
- Mas e o príncipe perfeito? O cavalo branco? Todos os contos de fadas falam que temos que esp...
- Contos de fadas não são reais! São criados para colocar esperanças em meninas e depois acabar com elas! Nada é real! Nada! – ela a interrompeu, chateada e indignada. Viu lágrimas se formando no rosto delicado de Alice e se arrependeu de ter dito tudo aquilo – Ah... Me desculpe, Alice. – ela realmente estava arrependida.
- Não! – a garotinha gritou e ela se assustou. Alice era tão doce, nunca gritava, nunca se irritava.
As duas ouviram um barulho de chaves e Alice passou as mãos em seus olhos sem delicadeza.
- Olá! – entrou contente na sala. se levantou na mesma hora e andou em passos pesados até a porta – O que aconteceu? – perguntou surpresa.
- Preciso relaxar. – disse e foi andando até um bar próximo à sua casa. Ela nunca fazia isso, mas dessa vez não estava aguentando. Estava frustrada, chateada, carente e muitas outras coisas que não sabia exatamente o que era.
Entrou no bar, onde algumas pessoas jogavam pôquer, outras bebiam e um grupo de amigos conversava enquanto comiam uma porção enorme de batata-frita. Sentou-se na bancada e pediu a primeira bebida que se lembrou. O barman piscou para ela, em uma tentativa fracassada de flerte, e pegou a bebida, que ela bebeu sem hesitar. Sentiu-a rasgar sua garganta, o que ela havia pedido mesmo? Querendo esquecer de todos os seus problemas, pediu outra dose daquilo. E mais outra. E outra. E mais uma. Outra. E assim por diante. Quando percebeu, estava bêbada, coisa que não acontecia com frequência. Sem capacidade de contar o dinheiro, pegou algumas notas aleatórias em sua carteira e entregou para o rapaz. Pelo sorriso enorme que ele deu assim que viu as notas, ela, com certeza, havia entregado mais do que devia, mas não se importou. Sua visão embaçou e ela começou a enxergar tudo dobrado. Ao sair do bar, se sentiu tonta e se apoiou em uma das paredes. Sem saber por onde estava andando, caminhou pela cidade, até avistar o que parecia ser um coelho correndo apressadamente.
- Oh! Estou atrasado, muito atrasado! – ouviu o coelho branco dizer enquanto olhava as horas em um relógio, que havia tirado do bolso do colete. Cerrou os olhos para tentar enxergar melhor. Aquilo não podia ser um coelho, afinal, coelhos não falam.
- Ei! Senhor Coelho! – ela chamou, correndo em direção do animal e, naquele momento, parecia haver dois coelhos, que logo se tornaram um novamente. Um coelho desfocado.
- Não tenho tempo para conversar! Adeus! – ele disse e voltou a correr.
estava curiosa para saber o que faria um coelho ficar atrasado, então resolveu segui-lo. Viu o coelho entrando em um buraco numa árvore, então entrou também. Ria sozinha enquanto caía buraco abaixo, observou as paredes onde encontrou quadros tortos, prateleiras com potes, espelhos de cabeça para baixo. descia encostada na outra parede do buraco, que era, também, feita de terra. Caiu sentada no chão. Levantou-se com dificuldade, pois estava tonta, e passou as mãos no vestido, para tirar um pouco da terra. Viu dois coelhos desfocados no final de um corredor duplo, que logo depois se tornou um só. Depois de algum tempo caminhando pelo longo corredor, encontrou uma minúscula porta, pela qual não conseguiu passar.
- Tente a garrafa em cima da mesa. – a maçaneta disse e ela se virou, encontrando uma mesa e uma garrafa. No rótulo da garrafa, estava escrito “Beba-me”. Tentou pegá-la, mas sua mão a atravessou, como se fosse um fantasma.
- Eu não consigo! – gritou inconformada.
- Desculpe, tente a próxima. – a maçaneta disse e seu rosto desapareceu.
sentiu seus olhos marejarem e começou a chorar, sentou-se no chão e se assustou ao perceber que lá havia uma poça gigantesca.
- Eu alaguei esse corredor com minhas lágrimas, o que farei agora? Nunca mais poderei sair desse lugar estranho! – ela gritou batendo as mãos em completa agonia na água.
, um homem alto, de cabelos e olhos , observava a cena de longe: uma mulher, em torno de seus vinte anos, com um vestido azul encharcado e sujo de terra, se debatendo em uma poça d’água. Ele sorriu sozinho, ela parecia uma criança.
A mulher viu novamente o coelho na beira do rio que suas lágrimas haviam se tornado. Sim, ela havia formado um rio de lágrimas. De repente, o coelho se tornou dois coelhos, e depois três.
- Ora, quantos coelhos têm aqui afinal? – perguntou para si mesma.
- Nenhum. – ouviu uma voz masculina atrás de si, virou-se e não encontrou nada.
- Claro que tem. Não está vendo o Coelho Branco? – perguntou sem saber exatamente para onde olhar. resolveu entrar na brincadeira, percebendo que ela parecia estar em “Alice no país das maravilhas”, uma história que já havia lido tantas vezes para sua sobrinha e sabia de cor.
- Não há nenhum coelho aqui, menina. Todavia, se está procurando pelo Coelho Branco, deve perguntar pelo Chapeleiro Louco. – ele respondeu de cima de uma árvore, a qual havia subido rapidamente. Finalmente sua experiência em subir em árvores para pegar frutas servira para alguma coisa.
- Quem é você? – ela se levantou, olhando para todos os lados, tentando encontrar a direção da voz.
- Cheshire. – ele deu seu mais largo sorriso, imitando o gato. olhou para cima no mesmo instante, mas a única coisa que conseguiu enxergar foi um sorriso ofuscante. Era o gato! Ela tinha certeza disso.
- Oh, você é um gato! O gato de Cheshire! – ela sorriu admirada, imaginando a figura do animal. quase não conseguiu conter as risadas. O que havia de errado com aquela garota? – Com licença, o senhor poderia me dizer para que lado devo ir? – ela perguntou cordialmente.
- Isso depende de para onde quer ir. – ele disse se lembrando perfeitamente da fala do personagem.
- Não sei. – ela respondeu derrotada.
- Então não importa para que lado você vai.
- Só quero chegar a algum lugar... – acrescentou .
- Ah, isso você fará com certeza. – ele alargou mais seu sorriso – Se apenas caminhar bastante.
- Quero achar o Coelho Branco. – ela se decidiu – Para isso, tenho que encontrar um tal de... Ahn... Chapeleiro Maluco? É isso? – ela viu o sorriso, que era a única coisa que conseguia enxergar, se mexendo para cima e para baixo, como se afirmasse – Onde posso encontrá-lo?
- Naquela direção. – apontou com a cabeça, em direção a um restaurante, ou um bar, ele não sabia direito o que era.
- Não sei se quero encontrar gente louca, já me basta aquele coelho. – ela disse pensando melhor se deveria ou não tentar encontrar o Chapeleiro.
- Isso é inevitável, minha cara. Todos somos loucos aqui. Eu sou louco, você é louca. – ele, mais ou vez, se lembrou perfeitamente da fala.
- O que te faz pensar que sou louca? – ela disse indignada.
- Você tem de ser, – afirmou – ou não teria vindo para cá.
- Tudo bem. Obrigada. – ela falou e saiu correndo. Ele pulou da árvore e a seguiu.
andou durante algum tempo pela direção que ele havia indicado, até ouvir uma cantoria. Algo parecido como uma canção de aniversário com algumas palavras trocadas.
- Não tem lugar! – um homem baixinho de orelhas enormes que, estranhamente, se parecia com uma lebre, disse assim que ela chegou perto da mesa. viu que ainda sobravam vários lugares, já que só havia duas pessoas em uma mesa que era para, no mínimo, oito.
- Sinto muito, eu achei a cantoria de vocês tão interessante e resolvi me aproximar. – os dois homens ficaram encantados com o elogio e a convidaram para se sentar e participar da festa. Uma festa de desaniversário. – O que é um desaniversário? – ela perguntou confusa.
- Você comemora seu aniversário somente um dia no ano. – um homem com um enorme chapéu explicou – Portanto, os outros trezentos e sessenta e quatro dias são desaniversários.
- Ora, então hoje também é meu desaniversário. – ela disse e sorriu.
estava observando conversar sozinha, de longe. Ela parecia estar entretida em sua conversa consigo mesma.
Os dois homens entregaram a um bolo de chocolate com alguns morangos por cima e vela para soprar. Dom Ratinho, que, pelo visto, morava em um bule de chá, recitou um poema. O Coelho chegou algum tempo depois e, em vez de lhe oferecerem uma fatia de bolo, os dois homens colocaram açúcar e chá dentro de seu relógio e o atiraram na parede.
- Aonde vai? – o Chapeleiro perguntou quando se levantou.
- Embora. Essa é a festa mais estúpida que já estive em toda minha vida! – ela exclamou e saiu da mesa.
Continuou andando, até perceber que não conseguia achar o caminho. Encostou-se a uma árvore e escorregou por ela, de modo que ficasse sentada no chão. Abraçou os joelhos e encarou o nada.
- Não achou o que queria? – , que havia subido na árvore em que ela estava encostada, perguntou.
- Não. – ela respondeu simplesmente.
- Isso é porque você não tem um caminho. As direções obedecem as leis da Rainha, você deve conhecê-la. – ele sorriu. Desceu da árvore sem fazer barulho e abriu a porta da cozinha do tal restaurante, que descobriu ser uma confeitaria. Aquela árvore ficava aos fundos do estabelecimento.
atravessou a porta sem hesitar e encontrou um Ás de espadas, desfocado como o coelho, pintando algumas rosas brancas de vermelho.
prestou atenção em cada movimento da menina. Dentro daquela cozinha, alguns confeiteiros decoravam um bolo de casamento. Eles estavam colocando pequenas rosas vermelhas de biscuit na superfície branca do bolo.
- Por que você está pintando essas rosas de vermelho? – ela perguntou confusa. estranhou a pergunta da menina.
- Estamos enfeitando um bolo para o casamento. O que você acha? –um dos confeiteiros respondeu simpático. não ouviu isso, na verdade ela ouviu: “Nós, sem querer, plantamos rosas brancas, mas a Rainha queria rosas vermelhas. Então estamos pintando as rosas de vermelho para não sermos punidos". A bebida realmente havia deixado a garota alucinada, louca.
- Que horror! – ela disse simplesmente e arregalou os olhos. Que ousadia! Pensou ele. Mal sabia que ela estava bêbada eu não havia ouvido a pergunta.
- O que você disse, mocinha? – o confeiteiro, anteriormente simpático, perguntou irritado. ia responder, mas foi interrompida.
- Ela está vindo! – uma voz aguda gritou e todos na cozinha arrumaram sua postura. , por incrível que pareça, ouviu: “A Rainha!”
A mulher, que já tinha um pouco de idade, entrou na cozinha e examinou atentamente o bolo.
- Quem pintou minhas rosas de vermelho? – a mulher disse em um tom grave e alto – Elas são azuis! – completou irritada e, novamente, entendeu outra coisa. Ela entendeu “Alguém vai perder a cabeça!” A história do livro que Alice pediu para ela ler, de algum modo, havia entrado em sua mente e ela estava revivendo a história. De um jeito diferente, do jeito que ela imaginava. Bem, talvez a bebida tivesse ajudado um pouco.
- Você não pode tratá-los melhor? – disse. bateu em sua própria testa pensando em como a menina podia ser tão boba a ponto de interromper uma mulher que, claramente, estava brava.
- E você é...? – a mulher disse, mais irritada, olhando para .
- Oh! Majestade!... – começou apontando um dedo para a mulher, que achou que a moça estava brincando. Uma brincadeira muito sem graça, de acordo com ela – Você não passa de uma velha manipuladora, ardilosa, malcriada, ácida e tirana. – ela disse e a mulher abriu a boca em sinal de indignação. Todos na cozinha a olhavam espantados.
- Repita... Se tiver coragem, claro. – a mulher cerrou os dentes e abriu a boca para falar, mas foi puxada para fora do estabelecimento antes.
- Ela não disse nada. Desculpe-me. – falou arrastando a menina para fora.
- Quem é você? – ela perguntou e, automaticamente, desprendeu seu braço da mão do rapaz. Não esperou ele responder, pois estava muito confusa, e saiu correndo.
Ela corria o máximo que conseguia até que se virou para trás para ver se ele a seguia, e trombou em uma árvore.
- Ei, acorde. Vamos, acorde, por favor. – ela ouviu uma voz a chamando e abriu os olhos, encontrando um par de olhos verdes penetrantes. – Graças a Deus! – ele disse aliviado e esticou a mão para ajudá-la a se levantar. Ela aceitou a ajuda e o olhou confusa.
- O que aconteceu? – ela perguntou levando uma mão para cabeça – A Rainha ia me matar, o Chapeleiro e aquele outro homem eram malucos, aquele gato tinha o sorriso mais lindo do mundo... – ela foi falando para si mesma, confusa, e ele sorriu ao ouvir que ela gostava de seu sorriso – Igual ao seu. – completou, hipnotizada por aquele sorriso.
- Qual o seu nome, querida Alice? – ele respondeu e fez uma reverência exagerada, o que a fez rir, mesmo que sua cabeça doesse e ela estivesse tonta. Pelo menos sua visão não estava mais dupla, ou tripla.
- , e o seu, gato de Cheshire? – ela brincou, assemelhando o sorriso dos dois. Entregou-lhe sua mão para que ele a beijasse e ele o fez. Ela ainda estava bêbada. Ele estava se divertindo com a situação engraçada.
- . – sorriu – Posso te levar para casa?
- Claro. Eu acho que não vim de carro. – ela sorriu.
- Eu também não. – eles riram.
Os dois andaram por um longo tempo, já que ela não se lembrava exatamente de onde morava. Felizmente, os dois acharam a casa.
- Preciso fazer uma coisa. É importante. Venha comigo. – ela puxou a mão dele para casa ao lado. Tocou a campainha e demorou um tempo para atender. Quando ela o fez, sua aparência estava cansada. Provavelmente estava dormindo – Tenho que falar com a Alice. – disse com urgência e entrou na casa, arrastando com ela, que sorriu sem graça.
- O que aconteceu com você? O que aconteceu com Alice? Por que você saiu daquele jeito? Quem é ele? – , como sempre, a bombardeou com perguntas.
- Depois eu explico. Ela está no quarto? – perguntou e, sem esperar a resposta, adentrou o quarto, encontrando a pequena Alice deitada na cama, de bruços. Ela não parecia estar dormindo – Posso falar com você, Ali? – disse cuidadosa e ela concordou com um resmungo – Sinto muito ter dito tudo aquilo. Contos de fadas podem existir, você só tem que acreditar. Desculpe-me, você não sabe como estou arrependida. – ela disse, já em seu estado mais sóbrio – E agora eu posso te dizer que vivenciei um conto de fadas e a experiência foi realmente mágica. – ela sorriu e Alice pareceu se interessar na conversa.
- Que conto? – esfregou os olhinhos inchados.
- Alice no país das maravilhas. – sorriu e os olhos da pequena Alice brilharam.
- Sério? E como foi? – ela perguntou entusiasmada. contou o que se lembrava sobre a noite incrível que teve e Alice ficou encantada. – Oh, tia , também quero que isso aconteça comigo! – ela disse contente. havia omitido a parte em que diria que estava bêbada quando tudo aconteceu.
- E vai acontecer, princesinha. Vai acontecer... – deu um beijo na testa da menina e a cobriu com seu cobertor macio.

Fim.

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Nota da Beta: Qualquer tipo de erro encontrado nessa atualização, contacte-me por e-mail, não utilizem a caixa de comentários. Obrigada, espero que gostem da fic. XX