Without You Here
Escrita por: Mizous
Beta: Van

revisada por Lelen


A última noite de verão chegava calma e tranquilamente por cima da capital inglesa, transformando o tom azul-celeste do céu em um rosa intenso que depois se tornaria negro. A temperatura elevada da tarde se amenizava e caía levemente, deixando apenas um calor aconchegante como lembrança da estação mais querida pelos estudantes. As ruas de Londres estavam milagrosamente vazias, exceto pela garota que caminhava sozinha por elas mantendo sua rotina de férias. Todo ano, quando as aulas acabavam para darem espaço às férias de verão, ia para a casa de seu melhor amigo, onde passava três meses inteiros até a volta às aulas. Amizade talvez seja algo medíocre demais para descrever a relação dos dois, eles eram muito mais do que simples amigos, um era tudo o que o outro tinha. Literalmente.
Aconteceu há vários invernos passados, um trágico acidente que tirou a vida de dois casais que deixaram seus filhos, menores de idade, órfãos. e eram vizinhos desde que a memória os permitem recordar e seus pais faziam parte de um grupo de amigos que não se separavam desde a faculdade. Numa certa manhã de inverno, aqueles dois casais foram convidados à participarem de um congresso na cidade de Dublin e eles aceitaram. Deixaram seus filhos na casa dos avós e partiram. Foram duas semanas agitadas para aqueles adultos que participavam do congresso, duas semanas cansativas que apenas lhes despertaram um desejo irrefreável de voltar pra casa. E assim foi feito.
Aquele Domingo amanhecera frio e chuvoso, não que aquilo fosse anormal para um dia de inverno, mas talvez não fosse o melhor tempo para acompanhar uma viagem de carro. Inúmeras curvas e ultrapassagens se seguiram, até que a fatalidade ocorreu. Dois carros se chocaram em um ponto cego da pista, nenhum dos passageiros resistiu. Aquela era a pior notícia que os garotos poderiam sonhar em receber, mas foi o berço de algo inexplicável.
Poucos dias se passaram depois do terrível acontecimento e os dois garotos viam-se encarando os túmulos de seus pais de mãos dadas.
A dor da perda se instalou no peito daquelas duas crianças deixando uma marca e um vazio eterno, um vazio que seria impossível reverter, ou era o que eles pensavam.

- Não agüento mais isso , não quero voltar para a escola. – A voz da garota fez voltar ao mundo. Os dois estavam deitados no sofá da sala encarando a televisão desligada enquanto ouviam o som da respiração calma um do outro invadir-lhes os ouvidos.
- É o último ano , agüenta mais um pouco. – Ele respondeu sereno dando um beijo no topo da cabeça da garota.
- Não vai ser o mesmo sem você. E você sabe que eu não sou a menina mais querida da escola. – O tom de sua voz era indiferente, mas não era assim que ela pretendia que ele entendesse. nunca foi de demonstrar sentimentos, sempre fora fechada, impenetrável desde seus 10 anos. aprendeu a ser assim com ela, depois da morte de seus pais eles conviviam muito mais freqüentemente do que o normal. Por isso, para uma pessoa alheia, o clima entre os dois era denso e frio, mas ninguém jamais entenderá esse relacionamento. Talvez nem eles mesmos.
- Você sabe que eu não preciso estar na escola para estar contigo, você já atingiu a maioridade jurídica, pode vir morar comigo se quiser. E você tem amigos sim , você sabe disso. – Mas, obviamente, ele não entendia que amigos eram completamente dispensáveis uma vez que ele sempre esteve presente na vida da garota. Na verdade, nem ela entendia isso, não por enquanto.
- Colegas de escola talvez seja o termo mais apropriado. – Ela disse o corrigindo. – Tudo bem, eu posso até considerar a idéia de vir morar com você, apesar de ter quase certeza de que meus avós não aprovarão essa atitude. Mas ter de aguentar latim, álgebra, bioquímica celular e literatura inglesa sabendo que você não vai estar me esperando na porta da sala quando bater o sinal do intervalo e que eu vou ter que passar todo esse tempo com pessoas fúteis falando sobre assuntos fúteis não chega nem perto de ser motivador.
- Você ainda tem o . – a lembrou. , a garota pensou, meu namorado. vive um relacionamento estável há quase dois anos com , que já aceitou e se conformou com a idéia de que sempre será cem por cento presente na vida de dela e que ter ciúmes seria uma perda de tempo total. Eles se amavam e isso bastava para ele, por isso, passou a gostar de . Gostar tanto, que depois de certo tempo, eles se tornaram melhores amigos.
- É, eu ainda tenho o . Graças a Deus, né, pelo menos uma pessoa mentalmente equilibrada naquele manicômio. – A resposta dela fez o garoto revirar os olhos. sentou-se e apoiou a cabeça nos braços antes de responder.
- Eu não entendo essa sua aversão à escola e a todos que estão lá, . Você faz tempestade em copo d’água. – Ele olhou pra ela ao responder. Apesar de ter enrijecido a voz, ele não alterou a expressão e nem se estressou realmente.
- Não é tempestade em copo d’água, é que eu passei tempo demais ouvindo sobre drogas, sexo e rock’n’roll, isso cansa. Não tem um ser humano sequer naquela escola que tenha um intelecto mais elevado, exceto pelo . – Dessa vez ela realmente queria ser indiferente. era conhecida na escola como Miss Gelo pela sua falta de humor, a única pessoa que conseguia quebrar sua frieza era . aprendeu a lidar com isso, mas ainda não fora o suficiente para surtir os mesmos efeitos do amigo.
- Mas você tem que aprender a lidar com outras personalidades, . Vai ser assim pro resto da sua vida e você não pode simplesmente se afastar do mundo por não concordar com o modo que as pessoas pensam ou agem. – manteve-se firme, seu olhar penetrante. sabia que os olhos dele eram a porta de sua alma, era tão fácil entendê-lo só de olhar em seus olhos, mas apesar disso, ela era a única que sabia lê-los. Um sorriso involuntário iluminou o rosto da garota trazendo consigo um sorriso no rosto do garoto também. Era sempre assim, a felicidade de um dependia do outro.
- É, eu tenho que me conformar que nem todos são como você. – Ela respondeu simples e sinceramente. Apesar de não demonstrar sentimentos, ela sabia que aquilo era verdade e principalmente, inevitável, por isso não se conteve.
- Chega disso aqui, daqui a pouco eu começo a chorar. – disse levantando-se e estendendo a mão para que ela se levantasse também. – Vamos fazer algo útil, por favor.
- O que você sugere? – Ela perguntou.
- Diz você, hoje é o SEU último dia de férias. – Ele respondeu abrindo um largo sorriso em seu rosto quando percebeu que sua provocação surtiu efeito, recebendo um tapa em seguida. – Ai, nervosinha, eu tô te enchendo.
- Percebe-se. Eu acho que eu estou mais a fim é de ir dormir mesmo, . – sussurrou quase inaudivelmente, tinha medo de decepcioná-lo.
- Mas já? – Ele perguntou incrédulo.
- É, já passou da meia noite e amanhã eu acordo cedo, lembra? – Uma tentativa de sorrir foi perceptível ao dizer isso.
- Seu desejo é uma ordem.
Os dois garotos subiram pro quarto de , que como de costume, estava milimetricamente arrumado. , que já estava com seus pertences na mesa de cabeceira, entrou no banheiro para se trocar enquanto ele arrumava a cama para eles deitarem. Quando ela voltou, ele já estava deitado à sua espera. Aquela seria uma cena um tanto intrigante se não tratasse de e , afinal, aqueles que não são um casal, não costumam dormir juntos. Mas eles cresceram assim, sempre cuidaram um do outro, sempre estiveram presentes. se deitou ao lado de e apagou o abajur do seu lado da cama, virando-se e fechando os olhos delicadamente.
- Boa noite. – Ela sussurrou.
- Boa noite, meu anjo. – Ele respondeu abraçando-a, também fechando os olhos.

Os minutos rastejavam transformando-se em horas e o sono jamais chegava. Ele já tomara todas as posições possíveis naquela cama, mas não conseguia dormir, algo lhe intrigava. Levantou-se e andou em direção à janela, abrindo-a e puxando o ar de fora o sentindo invadir-lhe os pulmões. Aquele quarto estava lhe sufocando e ele simplesmente não entendia o por que daquilo, o que estava acontecendo? Foi quando ouviu um gemido às suas costas e virou-se subitamente encontrando apenas o corpo sereno de iluminado pela fraca luz do luar e sentiu que podia observá-la dormir eternamente. Fechou a janela deixando uma fresta da cortina aberta para que pudesse iluminá-la sem acordá-la e voltou para a cama. Dessa vez as horas pareceram minutos enquanto ele ria silenciosamente das besteiras que ela falava enquanto dormia, um hábito que ele já reparara que ela tinha. Quando ele percebeu, a luz que a iluminava se intensificara incomodando seus olhos e a fazendo acordar.
- ? – Ela perguntou, a voz embargada.
- Bom dia. – Ele respondeu com um sorriso imenso no rosto.
- Que horas são? – Ela perguntou enquanto sentava-se esfregando os olhos.
- Seis e meia. – conferiu o relógio e respondeu. De repente o rosto de tomou uma expressão estranha e ele sentira uma pontada em seu estômago. – O que foi?
- , você está com uma olheira enorme! Quanto tempo você dormiu? – Ela perguntou descrente.
- Eu, hm, não dormi. – Sentiu o rosto ferver ao mencionar aquelas palavras e ela percebeu.
- Você... Não dormiu? – Uma risada cética escapou-lhe os lábios e negou com a cabeça. – O que você ficou fazendo esse tempo todo? – Ele sentiu o rosto queimar ainda mais.
- Nada. – Respondeu rapidamente.
- Você ficou me olhando dormir? – A garota perguntou com um sorriso involuntário surgindo em seu rosto e o garoto apenas assentiu com a cabeça, envergonhado demais para responder alto.
- Vamos, se arruma se não você vai se atrasar pro seu primeiro dia de aula. – Ele desconversou antes que aquilo piorasse e ela obedeceu. Vinte minutos depois os dois estavam na cozinha tomando o café da manhã para que depois ele a levasse à escola.
Quando eles chegaram, percebeu uma expressão preocupante no rosto de . Sua mão encostou-se ao rosto dela virando-o para fitar-lhe os olhos.
- Ei, vai passar rápido. – Ele disse carinhosamente e ela apenas abriu um sorriso fraco.
- Espero. – Respondeu simplesmente.
- Boa aula. – Completou beijando-lhe a testa, ela agradeceu saindo do carro e dando-lhe as costas para entrar na escola. Mal eles sabiam que naquele momento, algo inteiramente desconhecido estava nascendo.
O dia passou rápido para que passou a manhã inteira numa mesa da Starbucks mais próxima da escola de , escrevendo. Escrever era um dom que ele não sabia que tinha, que ele não sabia que amava. Aquilo tomou-lhe todo o tempo de sua manhã e quando deu por si, já estava na hora de buscá-la na escola.
Estacionou no mesmo lugar que estacionara de manhã e esperou vê-la descer as escadas em sua direção. Passaram-se vários minutos e todos já saiam, mas nada dela aparecer. O que aconteceu? Ele se perguntou preocupado. Esperou mais alguns minutos e nada, então saiu do carro. Atravessou a rua olhando para os lados e quando chegou à calçada da escola, hesitou antes de tomar um rumo definitivo. Se ele a conhecesse tão bem quanto achava que conhecia, saberia que ela estaria sentada embaixo da árvore atrás do colégio e foi lá que ele foi. Enquanto ele caminhava até seu destino, percebeu que várias pessoas o reconheceram e até o cumprimentaram, mas ele não deu atenção, nada mais importava agora, ele só queria achá-la. Quando ele foi se aproximando daquela árvore que o trazia tantas recordações, ele escutou um choro que foi se intensificando a cada passo que ele dava. Foi quando ele a encontrou sentada ao pé da árvore, abraçando suas pernas e escondendo a cabeça em seus braços.
- ... , o que aconteceu? – perguntou desesperado, agachando-se à sua frente. A garota levantou a cabeça devagar encontrando a imagem de carregando um olhar por demais preocupado, mas que só percebera depois que sua visão entrou em foco. Ao olhar nos olhos dele, tão profundos, tão serenos, mas ao mesmo tempo, tão preocupados, ela de certa forma se tranqüilizou.
- Eu... – Ela tentava ao mesmo tempo juntar as palavras e reunir coragem para falar. – Eu... Terminei com o . – Ela respondeu finalmente, sussurrando.
- O que? – Ele perguntou incrédulo.
- É. – Ela respondeu abaixando a cabeça novamente.

Flashback On.
A voz monótona e irritante da professora de literatura inglesa a irritava, ela simplesmente não conseguia se concentrar naquela aula.
“- Você ficou me olhando dormir? – A garota perguntou com um sorriso involuntário surgindo em seu rosto e apenas assentiu com a cabeça, envergonhado demais para responder alto.” Aquela cena simplesmente não saía de sua cabeça e ela não conseguia entender por quê. Suas palavras ecoavam em sua mente desviando totalmente sua atenção do quadro negro riscado de giz. Seus pensamentos voavam para longe, pro quarto turvamente iluminado de algumas horas antes, pros olhos profundamente e confortavelmente serenos que a observaram a noite inteira. Uma torrente de emoções invadiu-lhe corpo adentro, fazendo até os cabelos de sua nuca se eriçarem. Tantas emoções ao mesmo tempo, que simplesmente a impediram de pensar, de ponderar.
“Me encontre na árvore depois da aula,
Precisamos conversar.
xx”

Foi o bilhete que ela escrevera para às pressas, dobrando o papel de qualquer jeito e depositando-o na mesa ao seu lado, onde ele sentava com seus olhos fixos na professora.
O sinal bateu anunciando o fim do primeiro dia letivo e saiu correndo para os fundos da escola. Ela não sabia direito o que estava fazendo, apenas obedecia às instruções que seu coração mandava. Poucos minutos depois ela se deparou de frente para que a encarava curiosamente, perguntando constantemente o que aconteceu enquanto ela escolhia as palavras.
- Eu quero terminar, . – Ela disse fria e rapidamente e para sua surpresa, ela não sentira nada ao pronunciar as tais palavras. Quando voltou a encarar os olhos do garoto, uma expressão de choque passou por seu rosto. Ele suava frio.
- O q-que? – Ele perguntou aterrorizado.
- É isso mesmo, desculpa. – As palavras insensíveis simplesmente saltaram de sua boca antes que ela pudesse impedir, fazendo uma lágrima percorrer o rosto daquele que costumava ser seu namorado.
- M-Mas... – Por mais que ele tentasse achar um motivo pra isso, não conseguia ver, não conseguia entender o porquê. E nem ela.
- Me desculpa. – Ela disse baixo, mas o suficiente para que ele escutasse. Sem saber como reagir, apenas assentiu e lhe deu as costas caminhando lentamente pelo gramado intensamente verde que preenchia os campos da escola.
De repente um frio percorreu sua espinha e a garota viu-se sentada ao pé da árvore derramando lágrimas inteligíveis e irrefreáveis.
End of Flashback.

- Mas por que, ? – a perguntou confuso.
- Eu não sei. – Ela sussurrou o puxando para um abraço e assim eles permaneceram por longos minutos.
- Vamos pra casa. – Ele disse quebrando o silencio e foi o que eles fizeram.
Ao chegarem ao loft, foi direto para o chuveiro com o intuito de fazer a mágoa escorrer pra dentro do ralo juntamente com a água que levará a sujeira de seu corpo. Uma tentativa vã, é claro. Ela acabara de jogar dois anos fora e sem saber por que ela tomara tal atitude. Porém, quando saiu do banho, ela entendeu completamente o porque ela o fizera. Quando entrou no quarto, encontrou a imagem de um Daniel dormindo de forma angelical sobre a cama arrumada e um sorriso intenso lhe escapou os lábios.
Enquanto ela se trocava, percebeu que a chuva caía pesadamente do lado de fora da janela fechando o verão definitivamente. Voltou seu olhar ao garoto deitado na cama e logo foi acompanhá-lo, quando viu algo que despertou sua curiosidade. No bolso de sua calça, algo parecido com uma folha de papel chamou sua atenção. Se aproximou da cama devagar para não fazer barulho e puxou a folha cuidadosamente de seu bolso para não acordá-lo. Com sucesso, ela sentou na beirada da cama e abriu a folha.

“And now, now that you’re here near
There’s nothing more without you
Without you here.

My head fights lies to my heart
and my heart, it still believes
It seems the ones who love us are the ones
That we deceive
But you’re becoming changing everything
You’re changing everything in me.”


Aquilo parecia ser a letra de alguma música ou algo do tipo, ela não sabia, mas sabia que aquilo despertara sua curiosidade. Olhou de novo para o garoto tentando entender suas palavras, mas deu de ombros sabendo que falharia. Apenas deitou ao seu lado e o acompanhou num sono tranquilo.
Algumas horas se passaram até que acordou e encontrou deitada no sofá assistindo à alguns clipes que passavam na MTV, então sentou-se ao seu lado.
- Bom dia, flor do dia. – Ela disse animada o fazendo rir.
- Boa noite seria mais correto. – Ele respondeu selando um beijo em sua bochecha.
- É, talvez. – A garota espiou pela janela e percebeu que a noite já caíra. – Ei, você não me contou que você escrevia. – O garoto a olhou sem entender. – É , eu li o papel que estava em seu bolso. – Ela completou com um sorriso. Ao observar a expressão de , percebeu que de um tom levemente ruborizado, seu rosto se transformou em um vermelho intenso.
- Você leu? – A voz do garoto era baixa e rouca com um tom de irritação explícito.
- L-Li. – Ela respondeu assustada com a reação dele.
- Você sabe que eu não gosto que mexam em minhas coisas, . – Ele foi frio.
- M-Mas... – Sem nem lhe dar tempo para responder, o garoto bateu a porta da sala por onde desapareceu, deixando-a sozinha na sala. Perplexa com aquele último acontecimento, a garota tentava entender a reação de . Ele nunca agira assim, nunca em seus 18 anos de convivência. O que teria de tão importante em um simples pedaço de papel? Era a pergunta que a intrigava. Então, imperceptivelmente ela via-se chorando abraçada às suas pernas de novo.

Goo Goo Dolls - Without you here

O frio da madrugada pesava sobre sua pele arrepiando cada centímetro de seu corpo acordando-a. Ela abriu os olhos lentamente deparando-se com o breu. Sentou-se no sofá onde havia dormido e sentiu uma dor aguda em sua cabeça devido às longas horas que passou chorando. Percebera, então, que ainda não havia voltado para casa, o que a preocupou. Sem pensar duas vezes, ela subiu as escadas até o quarto, pegou um moletom do garoto, calçou um tênis e desceu novamente as escadas apressada. Abriu a porta com força e bateu-a às suas costas, acelerando o passo a cada segundo. Ela não tinha a menor idéia de onde ele poderia estar, mas sabia que uma hora ou outra ela o encontraria. Vasculhou diversas ruas por onde passou, mas a cidade estava morta. A chuva que ainda caía fazia seus músculos tremerem em protesto às gotas geladas que batiam contra sua pele e quando já não agüentava mais, viu um vulto caminhando em sua direção.
- ! – Ela gritou, mas ele não respondeu. – ! – Ela tentou novamente e nada. Quando o sujeito se aproximou, um sentimento de alívio percorreu suas veias aquecendo levemente seu corpo. – ! – Ela gritou mais uma vez, mas desta vez com um tom de alívio, jogando seus braços em volta de seu pescoço. Uma lágrima percorreu seu rosto.
- Desculpa. – Ele sussurrou em seu ouvido enquanto acariciava seus cabelos. – Desculpa, eu não devia ter reagido daquela forma, não devia ter te deixado sozinha. Desculpa, .

(n/a: dê play na música)

A garota afastou um pouco seus rostos para poder vê-lo melhor graças à luz de uma vitrine próxima. Os olhos do garoto estavam tão marejados quanto os dela e um choque elétrico foi transmitido quando ele acariciou seu rosto.
- Eu só não queria que você descobrisse. – Ele sussurrou mais uma vez, quase inaudivelmente.

Your love's a gathered storm I chased across the sky
O seu amor é uma coletânea de tormentas que eu cacei através dos céus
A moment in your arms became the reason why
Um momento em seus braços se tornou a compensação
And you're still the only light that fills the emptiness
E você continua sendo a única luz que completa o vazio
The only one I need until my dying breath
A única que eu preciso até meu último suspiro
And I would give you everything just to
E eu daria tudo que fosse preciso somente para
Feel your open arms
Sentir seus braços abertos
And I'm not sure I believe anything I feel
E eu não tenho certeza se eu acredito em qualquer coisa que eu sinto

- Descobrisse o que? – Ela perguntou estudando seus olhos desta vez determinados. Ainda sem entender, seu coração se manifestou acelerando as batidas de repente. Naquele momento, uma vontade insana lhe ocorreu, mas ela se conteve.
- Que eu te amo. – Ele respondeu encostando sua testa na dela. Um arrepio percorreu todo o seu corpo a deixando em choque. Talvez ela já soubesse, mas ouvir aquelas palavras lhe causara uma sensação desconhecida, um formigamento na barriga, um frio repentino, os pensamentos lhe fugiram por um instante.

And now, now that you're near
E agora, agora que você está perto
There's nothing more without you
Não há nada mais sem você
Without you here
Sem você aqui

- V-Você m-me am-ma? - A garota gaguejou e o garoto apenas assentiu com um sorriso. Ela sentiu seus rostos se aproximarem cada vez mais e finalmente sua vontade foi atendida. Daniel uniu seus lábios e a garota deu espaço para que sua língua invadisse-lhe a boca. Aquele fora um beijo lento, mas ao mesmo tempo intenso, um beijo transbordando paixão e saudade. Saudade de algo que nunca teve. Ao experimentar cada uma das diversas sensações que lhe ocorreram, entendeu porque terminara com naquela tarde, percebeu que quem ela realmente amava era .

And I'm trying to believe
E eu estou tentando acreditar
In things that I don't know
Em coisas que eu desconheço
The turning of the world
A inversão do mundo
The color of your soul
A cor da sua alma
That love could kill the pain
Aquele amor pode matar a dor
Truth is never vain
A verdade nunca é vã
It turns strangers into lovers
Ela transforma estranhos em amantes
And enemies to brothers
E inimigos em irmãos
Just say you understand
Só me diga que você entende
I never had this planned
Eu nunca havia planejado isso

- Eu também te amo. – A garota sussurrou partindo o beijo delicadamente. O sorriso que se abriu no rosto do garoto, foi o sorriso mais sincero que ele dera em toda sua vida. A felicidade que percorria por cada movimento de suas bocas era inexplicável. Eles finalmente perceberam que aquele vazio que fora cavado no peito de cada um há anos era reversível sim, perceberam que eles sempre tiveram um ao outro, mas nunca haviam dado conta do amor que carregavam dentro de si.

And now, now that you're near
E agora, agora que você está perto
There's nothing more without you
Não há nada mais sem você
Without you here
Sem você aqui
Without you here
Sem você aqui
There's nothing more without you
Não há nada mais sem você
Without you here
Sem você aqui
My head lies to my heart
Minha cabeça engana o meu coração
And my heart it still believes
E meu coração nisso ainda acredita
It seems the ones who love us are the ones
Parece que aqueles que amamos são os
That we deceive
que iludimos
But you're changing everything
Mas você está mudando tudo
You're changing everything in me
Você está mudando tudo em mim

Eles finalmente entenderam que um era tudo o que o outro tinha, um era tudo o que o outro precisava e que eles não se importavam se aquilo era certo ou errado, a única coisa que importava naquele momento era a presença um do outro, a presença sempre marcante. Eles finalmente entenderam a ligação que eles tinham, a necessidade, a dependência que tinham um pelo outro. Finalmente tudo se esclareceu, tudo se transpareceu. Todos aqueles 18 anos em que eles se conheciam podem ser resumidos em apenas uma pequena, porém incrivelmente forte palavra: Amor.

And now, now that you're near
E agora, agora que você está perto
There's nothing more without you
Não há nada mais sem você
Without you here
Sem você aqui

Fim!

N/a: Hey gente, olha eu aqui de novo. Bom, essa fic me veio em mente muito de repente. Eu sentei no PC e abri o Word e um turbilhão de palavras surgiram e eu simplesmente as digitei. Não sabia se estavam fazendo sentido e nem o que viria pela frente. Eu simplesmente escrevi. E agora que ela está aqui, pronta, eu até que gostei dela :) E, bem, espero que vocês também tenham gostado.
Ela foi escrita com o Jones, mas isso não significa que eu seja uma. Na verdade, como muitas já sabem, eu não sou nada, sou apenas McFLY. Mas tenho o costume de ler com o Jones, por isso escrevo com ele também. E a música é uma das músicas que eu mais gosto e que me inspirou ao escrever essa short. Hm, é isso gente. Beijão e até a próxima.
P.S.: São sete horas da manhã e eu nem vi o tempo passar O_O


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