New York, Sábado, 01h36 am
estava deitada em sua cama, o notebook em seu colo aberto numa página de estudo e o celular no seu ouvido direito. Era a quinta vez que ligava para . Era a quinta vez que chamava até cair na caixa postal. Ela estava cansada daquilo, daquela relação. O que adiantava ela doar-se inteiramente para um cara que não fazia nem metade? A garota de cabelos longos e castanhos lembrava-se do início do namoro.
Conhecera um ano e seis meses antes, no corredor da Faculdade, e logo se encantou pelos seus olhos intensos e sorriso encantador. Fora rápido o envolvimento, quando menos pensou já estava apaixonada e enfrentando o julgamento da melhor amiga e da mãe, estava pronta para enfrentar quem quer que fosse contra o seu relacionamento com . Ela estava perdidamente apaixonada. E ele mostrava-se igual à ela. Perdidos num amor tórrido. Três meses depois veio o pedido e estavam oficialmente juntos. Cinco meses depois passaram a dividir um apartamento. Mas, três meses depois o príncipe tornou-se o sapo. Irônico, não? percebeu que não existem contos de fadas na vida real, e no fundo, ela sempre esperou que ele mudasse. Sempre soube que era um conquistador, mas lutou e acreditou de verdade que ele mudaria por ela.
Não, não, não. Era a mesma coisa dia após dia. De segunda à quinta, era o melhor e mais prestativo namorado. Sexta, sábado e domingo, ele desaparecia e só voltava para a casa deles quando o sol já estava nascendo. Eles brigavam, ele pedia perdão e ela o aceitava. não aguentava mais. A morena nunca foi covarde, desde o início de sua vida quando decidiu mudar de cidade sem os pais ou quando assumiu o namoro com , ela foi corajosa.
Por que tinha um mantra, e que seguia com todas as suas forças: "Pra viver nunca é tarde. Então, viva intensamente. Viva como se não existisse o amanhã."
Levantou-se da cama, caminhou lentamente até o espelho encostado ao lado do armário e observou seu corpo coberto por um pijama leve. Era bonita, forte e determinada, não era? Merecia mesmo aguentar os erros do namorado desse jeito? A humilhação? Sabia que era traída. E sabia não só por causa do seu instinto de mulher, e sim porque ouvia as piadinhas e risadinhas das pessoas, em maioria mulheres, pelos corredores da Universidade. Quantas vezes ela havia chorado dentro do banheiro por conta disso? Por culpa dele? Respirou fundo, voltou até o notebook e o desligou. Em seguida, já estava em frente à mesa com um papel rosa e lilás e uma caneta em mãos.
New York, Sábado, 06h11 am.
abriu a porta do apartamento aos tropeços. A cabeça estava à milhão, o corpo mole e os olhos quase se fechando. O moreno agradeceu quando notou que estava tudo silencioso, isso significava que estava dormindo e não iria gritar com ele durante horas seguidas. Trancou a porta e foi em direção ao quarto quase caindo no chão, retirou a camisa preta que usava e jogou ao chão, abriu o zíper e o botão da calça quando já estava em frente à porta do seu quarto. Respirou fundo e abriu o mais devagar possível, não queria acordar sua namorada. Não queria começar a 3° Guerra Mundial naquele momento. Mas surpreendeu-se quando não a encontrou enrolada nos lençóis azuis, dormindo com uma expressão preocupada. O moreno estava tão cansado e a dor de cabeça aumentava tanto a cada segundo que limitou-se a jogar os sapatos e calça para longe e se jogar na cama. Talvez tivesse ido dormir na casa de , dois quarteirões dali e quando acordasse ela estaria ali do seu lado, para brigarem e se reconciliarem novamente.
Horas depois...
era um amor de pessoa. Calmo e pacífico. Odiava brigar. Era contra todo e qualquer tipo de violência. Somente quando as pessoas respeitavam o seu espaço e não ficavam tocando a campainha do seu apartamento de segundo em segundo. Nessas horas, tornava-se a pior pessoa do mundo. Poderia até ser violento, mas não tão literal assim.
Ele abriu os olhos revoltados e com ódio no peito, quem ousava acordá-lo aquela hora? O relógio marcava 13h04pm. Ele queria gritar com quem quer que fosse. Olhou ao seu redor e nenhum sinal dela, andou devagar até a porta e abriu. Uma garota de olhos bem azuis, os cabelos curtos e loiros e uma careta de desgosto no rosto estava parada à sua frente junto com um garoto de cabelos claros e olhos tão azuis quanto os da garota. e , namorados e melhores amigos de . olhou para seu corpo tão descoberto e fez sinal para que eles entrassem enquanto voltava ao quarto, pegou no chão do corredor a camisa da noite anterior e notou a marca de batom no colarinho e o cheiro de algum perfume enjoativo de alguma das garotas com quem ficou na noite passada. Era um idiota, só não conseguia se importar. Vestiu-se depressa, mas ainda pôde notar um papel ao lado do criado mudo. Achou aquilo estranho e o segurou em mãos, levando para sala. Leria depois. Quando voltou à sala, andava de um lado para o outro e sentado tentava inutilmente acalmá-la.
- Qual o motivo da visita? - disse ironicamente, sentando-se na poltrona.
- Você é um idiota, . - apontou seu dedo indicador para o moreno, os olhos em chamas. - Cadê ela? O que você fez? Não, nem me diga... Eu já sei. Mas cadê a ? - ela deu um passo para frente furiosa, colocou-se em pé perdido.
- Ela não está contigo? - ele perguntou inocentemente e gargalhou.
- Claro, espera... Deixa eu olhar se eu a guardei no meu bolso. - ela fingiu olhar no bolso do seu moletom. - Você é retardado, garoto? Ela não está comigo, não está aqui e não está em lugar algum. E por que será que eu sinto que isso é culpa sua? - parou a centímetros do corpo de .
- Ela não dormiu... Na sua casa? - ele tentou outra vez e ia retrucar, ele a interrompeu. - Droga! Droga, droga, droga. Eu não... Sei. Eu cheguei... - ele respirou fundo, sentindo a culpa e o medo tomar seu corpo. - Cheguei de manhã e ela não estava... Pensei que ela estivesse com você. - ele suspirou e caiu sentado no sofá, as mãos nos cabelos.
- Ela foi embora, . - ouviu a voz sofrida e triste de que se dirigia ao seu namorado.
- Como você tem essa certeza, pequena? - o namorado disse calmo, segurando as mãos de sua namorada.
- Como é que é? - olhou para a loira e perguntou confuso. Desacreditado.
- Eu sei, . Ela disse que não aguentava mais e que era... Era a última vez que ela ia aceitar ele fazer isso com ela. - respondia, olhava e conversava com , não importava-se com que sentia ou pensava. Ele era culpado de tudo.
- ! - o moreno ficou em pé e gritou com a garota, mesmo com sua cabeça latejando, e ela o olhou assustada e nervosa. - O que você está dizendo?
- Isso mesmo que você ouviu, . - ela apontou novamente para ele. - A estava cansada de você. , você só traiu a mulher, nunca demonstrou amor... Amor de verdade. Todo fim de semana era a mesma coisa, a me ligava chorando e falando que outra vez você tinha saído para beber com seus amigos, voltava de manhã bêbado e com cheiro de outras mulheres. Marcas de outras mulheres no seu corpo. - ela falava com tanto ódio. - Mas sabe o que é engraçado? Mesmo que você junte todas essas mulheres que você ficou, não dará nem metade do que a é. - ela gargalhou e ele a fitou com raiva, olhou para suas mãos fechadas em punho e então seu olhar seu fixou no papel rosa e lilás que encontrara no quarto.
Pegou da mesinha e abriu. Os seus olhos encontraram a letra cursiva e bem delicada de . Sua namorada. A mulher que ele mais amou e mais fez sofrer na vida. Respirou fundo, voltando a se sentar e começando a ler o que ela escreveu ali.
."
parou de respirar. Era como se todo o oxigênio que tivesse ali naquele ambiente tivesse ido embora junto com ela. Junto com . e olhavam atônitos e perdidos a reação de , não sabiam o que estava escrito ali, mas tinha certeza que era a despedida de . O moreno levantou-se e correu até o quarto, pegou seu celular e discou desesperado o número já decorado de . Ela precisava atendê-lo, ouvi-lo. Ela não podia deixá-lo. Dez chamadas, todas perdidas. Ele abriu o guarda-roupa e não havia nada. Nenhum pedaço de pano deixado para trás, nada que lhe desse esperança de volta. Ouviu a porta da sala ser aberta e logo depois fechada.
Estava sozinho novamente.
Sozinho como escolheu ser desde o momento que passou a trair e não dar valor à ela.
New York, Sábado, 14h45 pm.
desceu do táxi, a mochila no ombro direito e uma mala pequena em sua mão esquerda, e observou a estação de trem à sua frente. Caminhou lentamente até a bilheteria e comprou uma passagem sem volta para Los Angeles, iria voltar para sua cidade natal, sorriu para o atendente e sentou num banco esperando a hora do embarque. A consciência estava limpa, o coração leve. Sempre teve paciência, mas todo mundo sabe que paciência tem limite. A gente aguentava um, duas, até três vezes, mas tem uma hora... E quando essa hora chega, não tem amor, não tem nada nem ninguém que nos faça voltar atrás. sabia que amava muito e que ele sempre seria alguém importante na sua vida, mas jogaria as más lembranças no lixo e seguiria a vida. Nenhum idiota, como ele fora, pode deixá-la no chão. Sofreu muito por ele, agora ele que sofra por ela... Se ele sofrer, foi o que a morena pensou. Tinha acabado de ligar para sua melhor amiga, com uma dorzinha no peito se despediu assim mesmo da loira e de , pediu perdão e fez um convite para que fossem visitá-la em Los Angeles. Rapidamente seus melhores amigos aceitaram. Estava bem, afinal.
Depois de quinze minutos ouviu uma voz chamá-la. Uma voz extremamente conhecida e marcante. Não podia ser, podia? Levantou-se e olhou para trás, e surpreendeu-se quando viu correndo em sua direção todo atrapalhado. Os olhos estavam avermelhados e o sorriso havia desaparecido dos seus lábios. Era uma cena péssima para se ver, era um cena péssima para ser a última que ela teria dele. O homem parou na frente da morena, os olhos perdidos e angustiados, a mão dele retirou do bolso do moletom surrado uma carta amassada. A sua carta. Ela o olhou confusa e ele balbuciou algo incompreensível. Será que ainda estava tão bêbado assim?
- Não... Não vai embora, . - ele apertou os lábios. - Por favor, eu não posso te perder. - ele respirou fundo, mas o ar não voltava. Ele era um completo idiota. O ar não voltaria. Não voltaria porque o seu ar era ela, era a sua . E ele fora idiota o bastante por perdê-la.
- Não, . Eu vou embora. - ela disse firme, a voz calma e decidida. - Porque você já me perdeu há muito tempo. - ela suspirou e abriu um sorriso triste.
- Não, . - ele segurou as mãos quentes dela entre as suas mãos frias. - Nós podemos recomeçar. Eu vou mudar, eu vou ser melhor por você, pra você. - os olhos de ambos encheram-se de lágrimas, olhou para o lado, respirando fundo.
- Você não deu valor enquanto me tinha, você não mudou enquanto eu estava do seu lado... Por que mudaria agora? - ela o olhou raivosa. - Você me perdeu, . Eu mando na minha vida e agora eu escolho o que é melhor para mim. Adeus. - ela disse calmamente, aproximou seus rostos e deu um selinho cheio de sentimento, e principalmente de significados no moreno, antes de se virar e andar em direção ao trem que a esperava.
À vida que lhe esperava. Não olhou para trás, continuava leve e decidida. Nenhuma dúvida lhe tiraria a determinação que estava em seu ser. Enquanto isso, deixou que as suas vergonhosas e derrotadas lágrimas rolassem por seu rosto másculo. Estava vendo a mulher que ama indo embora por culpa dos seus próprios erros e atitudes. Queria correr atrás dela, impedi-la e mostrar que ele seria melhor. Mas ele sabia que a tinha perdido. Era o fim.
acomodou-se em sua poltrona do lado da janela, respirou fundo e conseguiu ver pela última vez o homem que amou tanto em sua vida, surpreendeu-se com o tanto de lágrima que ele deixava cair de seus olhos. Ela abriu um pequeno sorriso triste e fechou os olhos.
Comentem, critiquem (ou não!), me mandem mensagens fofas (ou não) aqui na caixinha ou no meu twitter. E se quiserem ler mais estórias, entrem aqui. Também tem o meu grupo de fanfics onde podemos conversar bastante.
Minhas fanfics que estão hospedadas no FFOBS:
I Can Love You More Than This - One Direction/Em Andamento
We Danced All Night - One Direction/Finalizadas
Black Dress, Miss (Continuação da Fanfic acima) - One Direction/Finalizadas
Amor de Verão - One Direction/Finalizadas
Beijos,
Nathy xx