Always Like Na Na Na
História por Nah Ritalin | Revisão por Cáh Almeida

Parte I: I hear the beat of my heart getting louder whenever I'm near you


Harry’s POV

A rotina do One Direction estava me matando. Essa era a única explicação plausível para o cansaço tão intenso que eu sentia. Shows, entrevistas, fotos, autógrafos, fãs... Era uma delícia ter o trabalho reconhecido, mas, quando se passa quase um ano nessa correria, sem pausas significativas, a coisa começa a pesar.
E pra mim estava demais! O tempo inteiro tinha alguém querendo falar comigo e isso acabava com todas as minhas energias. A única coisa que me animava um pouco, pelo menos hoje, era o pensamento de que no final do dia eu poderia voltar pra casa. Finalmente.
No momento nós estávamos em uma rádio, em Londres mesmo, esperando para começar o programa. Teria um quadro de bate-papo, onde os fãs poderiam conversar conosco pelo telefone, e nós cantaríamos algumas musicas, é claro.
- Haz, você tá bem? – Senti a mão de Zayn na minha perna e seu tom preocupado ao falar comigo.
- Estou, sim – menti um pouco, mantendo meus olhos ainda fechados e a cabeça apoiada na cadeira. Deus! Ela era tão confortável. Eu poderia dormir ali mesmo.
- O que ele tem? – Ouvi a voz baixa e cuidadosa de Louis se dirigindo a Zayn e sorri imperceptivelmente, tendo certeza de que ele me olhava. Provavelmente ele acreditava que eu estava dormindo.
- Não sei, ele disse que está bem.
E, assim como eu já sabia que aconteceria, Louis não acreditou. Instantes depois, senti suas mãos carinhosas nos meus cabelos, desalinhando-os completamente. Abri os olhos preguiçosamente e o encarei sorrindo, grato por ele estar ali. Porque ele me conhecia tão bem que, apenas de me olhar, já tinha certeza que eu não estava mesmo bem, apesar do que Zayn dissera. Antes de ele falar algo, porém, o apresentador da rádio anunciou que o programa começaria, então apenas me endireitei na cadeira e coloquei um sorriso no rosto, pronto para responder – mais uma vez – às mesmas perguntas de sempre.
Enquanto o programa acontecia e nós falávamos com os fãs, cantávamos e conversávamos, Louis permanecia no assento ao meu lado. Vez ou outra ele me olhava pelo canto dos olhos e eu retribuía, num assentimento mudo de que eu estava bem. Pelo menos até irmos pra casa.
Quando chegou o pequeno intervalo, automaticamente fechei meus olhos e repousei na cadeira mais uma vez, suspirando. Logo senti sua mão quente na minha perna, fazendo um carinho gostoso da coxa até o joelho.
- Tá muito cansado? – disse baixinho no meu ouvido. Arrepiei-me um pouco, mas apenas ignorei isso, suspirando. – Nós já vamos pra casa, ok? – Ele completou o que disse com um leve aperto na minha perna, que depois voltou a ser uma carícia delicada.
- Tudo bem, não se preocupe – segurei sua mão com a minha, abrindo os olhos e sorrindo pra ele em agradecimento. Ele retribuiu o ato, me deixando sem fôlego por alguns instantes. Lou sempre dizia que meu sorriso era lindo e que fazia sucesso com as garotas, mas toda vez que ele sorria pra mim, eu ficava imaginando se podia existir algo melhor que aquilo, e sempre chegava à conclusão que ele mentia pra mim.
- Já está acabando – piscou pra mim, virando sua mão e entrelaçando nossos dedos. Aceitei de bom grado o contato, acariciando com o polegar a pele que alcançava, imediatamente me sentindo mais animado para aguentar até o final do programa.
Os minutos pareceram passar muito mais rápido e logo podíamos ir embora. Claro que, não sem tirar fotos e dar autógrafos às fãs, mas logo estávamos indo pra casa. Como estávamos em Londres mesmo, não precisaríamos de uma van, então voltei junto com Louis, no carro dele.
Assim que entrei no carro, fechei os olhos e encostei-me ao banco, escutando a música do The Fray que tocava no rádio dele. Louis deu partida no carro e logo estávamos a caminho de casa. Porém, para meu desgosto, algumas quadras depois ele parou. Suspirei, mas não abri os olhos, realmente o fazendo apenas quando senti seus dedos tocarem minha face.
- Hazza, o que você tem? – ele estava sentado de lado no banco, de modo que estava de frente pra mim. Mesmo com os óculos de sol por cima, eu conseguia ver seus olhos preocupados, aquelas adoráveis ruguinhas que se formavam quando ele franzia o cenho.
- Só tô cansado, Boo. – Choraminguei – Eu adoro tudo isso, mas também fico cansado.
- É normal isso, Haz. Você, querendo ou não, é o que mais chama atenção. As pessoas querem falar com você. Mas hoje você vai poder descansar.
- Eu sei – suspirei, sorrindo sinceramente pra ele – Obrigado por se preocupar.
- Bobo. Sabe que não tem que me agradecer. – ele bagunçou meu cabelo mais uma vez, dando partida no carro e seguindo pra nossa casa, que não ficava muito longe dali.

***

Parte II: Shut the door, turn the light off. I wanna be with you, I wanna feel your love

Um leve barulho no assoalho do meu quarto fez com que eu acordasse lentamente, me encolhendo contra os travesseiros e cobertas que estavam jogados na minha cama.
Abri os olhos preguiçosamente, deixando com que a luz fraca e alaranjada que entrava pela fresta da cortina atingisse meus olhos, me deixando saber que provavelmente estaria no final da tarde. Apesar do sol, estava muito frio, graças aos ventos gelados do final de outono, e eu só queria ficar pelo resto do dia deitado.
- Se sente melhor? – Ouvi sua voz meiga perto de mim e só então me dei conta de que ele caminhava cuidadosamente por meio das minhas roupas jogadas no chão, vindo se sentar na beira da minha cama. Instantaneamente abri um sorriso, pensando que não havia melhor maneira de acordar senão assim.
- Muito – respondi com a voz ainda rouca e fraca, me ajeitando na cama para dar mais espaço a ele. Louis tinha um animado sorriso no rosto, e sentou-se no colchão, uma das pernas dobradas próxima a minha.
- Sabia que dormir um pouco ia te fazer bem. Fiz um pouco de chocolate quente pra você. Achei que ia gostar – Só quando ele estendeu as mãos pra mim é que vi a enorme xícara que ele mantinha segura. Pensei em como ele havia conseguido chegar ali com ela nas mãos, sem derrubar em nada, mas resolvi ignorar. A fumaça saía lentamente pela borda, deixando o cheiro adocicado do cacau invadir minhas narinas. Instantaneamente senti minha boca se encher de água.
- Nossa, obrigado. – agradeci, tomando o recipiente em minhas mãos e levando aos lábios. Não consegui segurar um suspiro de deleite quando o líquido quente atingiu minha língua, instantaneamente aquecendo meu corpo. – Como você sabia que eu estava desejando um desses? Eu ’tava morrendo de frio.
- Eu também estava tomando. Não tem coisa melhor pra esquentar, então achei que você fosse querer um – deu de ombros, sorrindo ainda mais, enquanto eu assentia em agradecimento.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, enquanto eu sorvia o chocolate quente, saboreando cada gota. Eu sabia cozinhar muito bem e sempre fazia comida pra mim e para meu amigo, mas, quando se tratava de chocolate quente, o dele era o melhor do mundo. E quando ele fazia pra mim, sem que eu tivesse que pedir ou atormentá-lo por horas a fio, parecia que era mais gostoso ainda, pois eu sabia que ele tinha feito com o maior carinho do mundo, apenas pra mim. Enquanto eu deixava meus pensamentos vagarem sobre isso, podia ver Louis distraído ao meu lado, inquieto como sempre, balançando uma das pernas pra fora da cama. Suas mãos mantinham-se contornando as linhas de meu lençol e ele mordia o cantinho do lábio, provavelmente por estar com frio, sem ao menos perceber esse fato. - Tá com frio? – perguntei, trazendo seus olhos pra mim. Ele franziu o cenho por alguns instantes, antes de concordar com a cabeça. - É, parece que sim – pegou a xícara vazia da minha mão, repousando-a no criado mudo ao lado da minha cama. Depois ele colocou as duas pernas pra cima do colchão, se encolhendo para debaixo do edredom que me cobria. Sorri, deixando-o passar o braço por meus ombros, me puxando para mais perto de si. - Que hora é agora? – perguntei baixinho, me encolhendo mais contra seu corpo e fechando os olhos novamente. - Pouco mais de seis, eu acho – disse simplesmente, enquanto pegava meu celular que estava ao lado da cama, olhando as horas na tela – Yup... Isso mesmo. E você tem uma mensagem. Nem me dei ao trabalho de pedir o aparelho para ver do que se tratava, pois eu tinha certeza de que ele já estava fazendo isso por mim. Não que eu tivesse algo tão privado que Louis não pudesse saber, por isso não me importava que ele lesse.
- É o Liam. Ele, Niall e Zayn estão vindo pra cá. – revirou os olhos, me arrancando uma baixa risada – Pelo visto, nem quando estamos de folga eles ficam longe.
- Pois é. O que nós vamos fazer?
- Sei lá. Podemos assistir a algum filme.
Antes que eu pudesse pensar na opção, a campainha da nossa casa estava tocando, acabando com toda a – quase – calma atmosfera do lugar. No instante seguinte, Louis já estava saindo do meu lado, correndo para atender a porta.
Suspirei, me rendendo, e me levantei, seguindo direto para o meu armário à procura de uma roupa quente. Agasalhei-me mais e segui para a sala, onde encontrei os quatro meninos rindo de alguma coisa. - Oi, gente – falei, seguindo para o maior sofá, onde Liam estava sentado. Deitei-me ali, pousando a cabeça em seu colo, observando enquanto Louis tirava o recheio de uma imensa pizza, que estava pousada na mesa de centro, irritando Niall, que já estava comendo e tentava impedi-lo de colocar a mão dentro da caixa. Zayn estava no sofá menor, com as pernas pra cima, mandando sms, provavelmente para alguma das garotas que ele tinha conhecido mais cedo na porta da rádio. - Tá melhor, Haz? Achei você muito abatido no estúdio hoje – perguntou Liam, que iniciou um delicioso cafuné na minha cabeça, me fazendo fechar os olhos em deleite.
- Sim. Eu só precisava dormir um pouco.
- E do meu chocolate quente. Foi o que mais te fez bem – Louis disse aleatoriamente, me fazendo rir.
- Claro que sim, Boo.
- Tem algum filme bom passando? – Niall disse de boca cheia, fazendo Louis soltar um palavrão dirigido a ele.
- Hmm... Deixa eu ver – Liam passava os canais da TV a cabo, vez ou outra parando em algum pra ver se estava no começo do filme. – Pronto. Toy Story.
Abri os olhos, conferindo se ele estava mesmo falando sério. Zayn também desviou os olhos para a tela, apenas revirando os olhos e soltando um pequeno riso para o outro.
- Você não cansa? – disse sem realmente esperar uma resposta, voltando a atenção para o celular logo em seguida.
Na tela da televisão, a abertura começava e eu podia sentir Liam se ajeitando no sofá, pronto pra assistir o desenho, afinal, ele nunca perderia uma boa aventura da Disney. E nada o faria sair da frente daquela tela antes do final do filme.
- Liam, eu queria refrigerante – bom, a não ser o Niall choramingando, é claro.
- Vou pegar, espera um pouco – delicadamente ele tirou minha cabeça de seu colo, me deixando com um bico no rosto, e se levantou, seguindo pra cozinha.
- Não acredito que você praticamente me acorda só porque o Niall quer refrigerante. E tá passando Toy Story – reclamei, ouvindo apenas um “Fica quieto” vindo da cozinha, enquanto Niall sorria de um jeito sapeca, se virando pra TV, prestando atenção no filme.
- Também vai sentar no chão agora, se quiser – Louis acrescentou, ocupando o lugar onde Liam estava antes, permitindo que eu deitasse sobre suas pernas. Instantaneamente, ele levou as mãos pro meu cabelo, bagunçando todos os cachos que provavelmente já estavam fora do lugar. Trocamos um sorriso simples, prestando atenção no filme também.
Alguns minutos depois, Liam estava de volta à sala. Ele lançou um olhar fulminante a Louis, que apenas sorriu, mostrando a língua para o loiro. Ele, por sua vez, entregou o refrigerante de Niall, sentando-se no chão, com as costas encostadas no sofá em que Zayn estava sentado.

POV em 3ª pessoa.

O filme já passava da metade e, há mais de meia hora, tanto Harry quanto Zayn dormiam. O mais novo de todos tinha seu corpo inteiro sobre Louis que, àquela altura, mantinha as duas pernas em cima do sofá, com o moreno entre elas. As costas dele estavam pressionadas contra o tórax do outro e suas duas mãos entrelaçadas, num ato inconsciente. No outro canto da sala, Liam e Niall conversavam em sussurros, dando baixas risadas vez ou outra, o filme praticamente esquecido pelos dois.
Louis já estava começando a se sentir sonolento, querendo criar coragem para perguntar do motivo dele estar assistindo aquele desenho, já que nem o próprio Liam prestava mais atenção. Mas assim que se virou emburrado para o amigo, pronto para falar algo, desistiu completamente.

Liam’s POV

Eu estava realmente prestando atenção no filme; não cansava daquela história, mesmo depois de assisti-la tantas vezes. Mas Niall tinha um sério problema de ficar quieto e, ao meu lado, ele estava fazendo de tudo para se distrair.
- Fica quieto. Assiste ao filme, Niall – falei baixinho, não conseguindo deixar de rir ao vê-lo morder o cantinho da boca, soando infantil e adorável.
- Estou cansado já – deu de ombros, encostando a cabeça no meu braço. Passei o meu por trás de suas costas, o trazendo para mais perto de mim.
- Se quiser, podemos ir embora, eu te deixo em casa. Acho que o Zayn vai ficar por aqui mesmo – comentei, observando pelo canto dos olhos o moreno, que dormia largado no sofá menor. Sorri sutilmente ao ver como os outros dois estavam. Pra mim, estava claro que existia algo muito forte entre eles, apesar de eu não saber ao certo dizer o quê.

- Nops, tudo bem. Eu posso esperar o filme terminar. – eu voltei a prestar atenção parcialmente no filme, me distraindo apenas quando senti o toque leve e suave das mãos de Niall sobre as minhas.
O encarei sorrindo, vendo-o retribuir o ato, logo desviando o olhar para nossos dedos, que ele entrelaçava e brincava. Não consegui deixar de sentir um arrepio bom percorrer minha espinha quando reparei no quanto nossas mãos se encaixavam. De um modo bem clichê, elas eram como moldadas, e aquilo pareceu adorável pra mim.
Num ato súbito, o loiro levantou a cabeça e me encarou, falando junto com o personagem do filme, seu sotaque deixando a frase ainda mais engraçada. Ri, fazendo-o desviar os olhos por um instante.
- Assisti tantas vezes a esse filme com você, que já aprendi.
- É, percebi – rimos juntos e eu segui com a brincadeira. Logo nós estávamos reproduzindo todos os diálogos do filme, como duas crianças vendo seu filme preferido.
A certa altura da brincadeira, eu já não mais prestava atenção no que dizíamos, apenas me deliciando com o som agradável da voz de meu amigo. Era muito engraçado o que acontecia com tudo que se tratava sobre Niall. Porque, em todos os aspectos, ele me surpreendia e me fazia querer ficar por perto. Seu rosto era tão doce, tão infantil, que, todas as vezes que ele ia falar comigo, de algum modo, eu esperava que uma voz de criança. Mas o que acontecia era sempre aquele tom forte e seguro, mesmo quando ele fazia manha para conseguir algo de mim. Coisa desnecessária, diga-se de passagem. Porque ele não precisava de nenhum artifício para conseguir que eu fizesse algo por ele. Mesmo que eu negasse uma ou duas vezes, nós dois sabíamos que, no final, eu sempre faria todas as suas vontades.
Perdido nos meus pensamentos sobre o garoto que estava na minha frente, eu fiquei completamente mudo, sem continuar após ele falar sua última frase do desenho. Porém, ele nada disse, continuando apenas a me encarar, até que sorriu e finalmente parou de mexer em nossos dedos, mantendo-os entrelaçados e as mãos juntas.
Sorri minimamente para ele, o puxando um pouco para mais perto de mim, fazendo com que ele precisasse se virar levemente, deixando seu corpo muito próximo ao meu. Estávamos de frente um para o outro e sua perna roçava na minha, me provocando arrepios.
Era sempre bom tê-lo tão perto assim, mas dessa vez era diferente. Era como se algo a mais estivesse presente na atmosfera daquele lugar, mas eu não queria desviar meus olhos do dele para descobrir. Aliás, por mim, eu poderia passar todo o tempo da eternidade apenas encarando seus olhos, tão romanticamente azuis, que me deixavam meio perdido.
Não sei exatamente como foi que aconteceu, apenas sei que aquela distância pequena que nos separava, de alguma forma, passou a se tornar incompreensível para mim. Eu não podia entender como é que eu estava tão longe dele, quando eu simplesmente precisava dele o mais perto possível de mim.
Lentamente nossos corpos estavam tão próximos quanto era possível, mesmo que nossos olhos não tenham se desviado um milímetro sequer em todo esse movimento, isso apenas aconteceu quando Niall - ao levar minha mão que estava em sua cintura – mordeu sutilmente o cantinho de seu próprio lábio, me fazendo observar aquele movimento com devoção. Instintivamente mordi minha própria boca, soltando vagarosamente o ar que eu sequer me lembrava de ter prendido.
Deixei-me entregar e fechar os olhos em deleite assim que senti sua mão quentinha pousando no meu pescoço, afagando delicadamente a região. Sorri por alguns segundos, preguiçosamente abrindo meus olhos, apenas para confirmar o quão próximo ele estava de mim.
- Eu quero muito isso – sussurrei, antes que pudesse me conter. Eu sabia disso. E talvez nem tenha me dado conta antes daquele momento. Mas era exatamente o que eu precisava desde sempre.
- Eu também quero – com sua resposta, um zilhão de borboletas criaram vida no meu estômago, batendo suas asas enlouquecidamente, deixando cada centímetro do meu corpo arrepiado.
Lentamente afaguei sua cintura e o puxei para o mais perto de mim possível e, por fim, colei meus lábios nos dele, finalmente sentindo o gosto enlouquecedor de sua boca. O contato era singelo e simples, porém, ao mesmo tempo, intenso. Assim como nós dois. Devagar, fui movimentando meu lábio, massageando os seus com cuidado. Eu não queria assustar Niall, sendo que não tinha certeza do que ele realmente estava sentindo naquele momento. Eu sempre sabia o que ele queria e precisava, mas naquele momento era diferente. Era inteiramente de mim para ele, e eu sabia que nada menos que a perfeição era o essencial.
Logo nossos lábios estavam sendo entreabertos, numa sincronia até agora não conhecida, e era como se fogos de artifício explodissem na minha cabeça quando sua língua tocou a minha, massageando de modo suave e receoso, deixando aquele gostinho tão bom e adocicado que eu sempre pensei que seus lábios realmente tivessem. Gostinho de Niall.
Senti seus dedos adentrarem meu cabelo, as pontas massageando meu coro cabeludo, fazendo o contato ser ainda mais gostoso. Abracei suas costas com meus dois braços, impedindo-o de ficar longe de mim. Eu queria ficar o beijando por todo o tempo que fosse possível, apenas aproveitando esse lado dele que eu não conhecia até agora, mas que já estava amando e viciando.

Terminamos o beijo naturalmente, trocando demorados selinhos, eu sem poder conter o sorriso que se formava no meu rosto. Assim que nos afastamos totalmente, o abracei apertado, fazendo com que ele pousasse a cabeça no meu ombro. Ele retribuiu da mesma forma, deixando um beijo estalado no meu pescoço, seguido de uma baixa risada que eu acompanhei.
- Eu te amo, Niall – sussurrei, afagando seus loiros cabelos com as pontas dos dedos – Amo muito.
- Também amo você – respondeu baixinho, permanecendo com os olhos fechados.
Olhei pelo canto dos olhos pela sala e vi que Harry e Zayn estavam dormindo. Porém, de longe, Louis observava toda a cena. Me senti um pouco constrangido e esperei que ele fizesse algum comentário, mas ele apenas sorriu para mim e piscou um dos olhos, se ajeitando mais perto de Harry e fingindo dormir, antes que Niall pudesse vê-lo acordado.
Agradeci mentalmente por isso e aninhei o menor em meus braços, voltando a assistir o filme.

***

Parte III: I still feeling it everytime. It's just something I have to do

Louis’ POV

Fiquei muito surpreso ao ver Niall e Liam se beijando. Era óbvio que eles tinham um carinho imenso um pelo outro, um amor que nenhum de nós conseguia descrever, mas eu não sabia que chegava a esse ponto. Mas eu não me importei realmente, porque eu sabia que aquilo não seria um problema para o One Direction, já que os dois nunca magoariam um ao outro. Era justamente o contrário: ninguém faria tão bem ao Liam quanto Niall e vice-versa.
Enquanto pensava nisso, os dois continuavam assistir ao filme, vez ou outra trocando um singelo contato de lábios, o que me fazia pensar o quão gay eles podiam ser. Ri sozinho disso, mas me reprimi no mesmo momento, quando Niall olhou assustado pela sala, procurando de onde viera o barulho. Rapidamente deitei a cabeça no braço do sofá que eu estava e fingi que estava dormindo.
Com meu movimento, porém, acabei atrapalhando o sono de Harry no meu colo. Ele se mexeu um pouco e logo senti seu nariz passando por meu tórax, onde deixou um singelo beijo. Não sei se ele pretendia que eu sentisse isso, mas não consegui deixar de sorrir.
- Sabia que você não estava dormindo – ele disse baixinho e com a voz ainda rouca, sorrindo – Tentando me enganar?
- Não dessa vez – ri, passando a mão por seus cabelos, que estavam despontando em rebeldes cachinhos para todos os lados. Ele franziu o cenho interrogativamente e eu apenas neguei com a cabeça, piscando – Depois eu te conto, prometo.
Deixei um beijo estalado em meio a seus fios negros antes dele levantar, exatamente quando o filme acabava. Liam e Niall se levantaram, arrumando suas roupas que estavam completamente amassadas. O moreno tinha um sorriso bobo no rosto e segurou a mão do loiro, entrelaçando seus dedos. Harry nem reparou no ato, já que estava acostumado com essas demonstrações de afeto entre eles.
- Ele vai mesmo dormir jogado no nosso sofá? – perguntei, ameaçando jogar uma almofada em Zayn.
- Deixa ele aí. Vamos dormir – Harry disse, dando de ombros. Ele sequer se despediu dos outros dois garotos, que se despediram rapidamente e saíram. Segui preguiçosamente em direção a meu quarto, eu estava começando a ficar com sono de verdade.
- Boo! – escutei sua voz me chamando quando eu passava pela porta de seu quarto, fazendo eu me assustar um pouco – Vem aqui.
Entrei em seu quarto, reparando que ele estava terminando de se vestir (ou se despir) para dormir. Apesar do frio, nada fazia com que Harry dormisse com algo mais que uma samba canção. Enquanto ele se sentava na cama, tirei minha camiseta e tênis, ficando apenas com a calça de moletom que eu vestia.
- Dorme comigo hoje? – ele perguntou, se enfiando embaixo de várias cobertas fofas.
- O que você acha? – apaguei a luz e me joguei na cama ao seu lado, o fazendo rir. Enfiei-me rapidamente por debaixo das cobertas também, logo o sentindo se aninhar no meu peito.
Rodeei sua cintura com uma das minhas mãos, deixando que ele apoiasse a cabeça no meu outro braço. Fazia um singelo carinho em sua pele quente, trazendo-o para mais perto de mim. Sua mão repousava no meu peito e eu sentia sua respiração calma bater na pele do meu rosto, fazendo minha nuca se arrepiar.
- O que você disse que ia me contar? – ele disse baixinho, mordendo o cantinho da boca. Sorri com esse ato, levando minha mão até seu rosto e o acariciando.
- Você é curioso – ri, enquanto ele fazia bico.
- Você prometeu.
- Niall e Liam estão juntos – sorri, vendo-o franzir o cenho, confuso.
- Claro que estão. Todos nós estamos.
- Harry, juntos, tipo... juntos – insisti, rindo do jeito lerdo dele, ainda mais quando estava morrendo de sono.
- Oh – ele disse depois de alguns segundos, sorrindo sapeca –, sério?
- Aham. Eles se beijaram no meio do filme – disse baixinho, como se outra pessoa pudesse ouvir aquele segredo.
- Na frente de todo mundo?
- O Zayn ‘tava dormindo e o Niall pensa que eu também, mas eu vi. O Liam tá todo bobo.
- Já tava mais que na hora, né? – ele pegou minha mão que ainda estava em seu rosto e a pousou em cima da minha barriga, onde entrelaçou nossos dedos – O Liam trata o Niall como se fosse a namorada dele. Eles são super dependentes. Era certo que ia acontecer algo.
- Eu também acho. Gostei da ideia, na verdade. Ter um casal na banda é legal – ele riu, me dando um tapa de leve.
- Mas é estranho – Harry disse depois de alguns instantes de silêncio, fazendo uma careta engraçada.
- Por quê?
- Sei lá, beijar um de nós. Eu também amo o Niall, mas não o beijaria – ele disse, infantil, me fazendo rir alto.
- Porque seu amor por ele é diferente – dei de ombros.
- Se você tivesse que beijar um de nós, quem você beijaria? – perguntou, divertido, enquanto entrelaçava nossas pernas.
- Hm – pensei seriamente na pergunta, achando a resposta meio que óbvia –, com certeza, você.
- Eu? – repetiu, surpreso. Vi que ele estava segurando um sorriso e não pude deixar de ficar feliz por isso. – Por que eu?
- Ué… – franzi o cenho, achando que aquela resposta era mais que evidente – Você é em quem eu sou mais apegado, que eu mais gosto... Eu não teria nojo de nada que envolva você.
- Oh – deu de ombros, ainda sorrindo –, eu também escolheria você.
Não pude conter um riso baixo quando ele disse aquilo e, num impulso inesperado, beijei sutil e rapidamente seus lábios, em um selinho quase que imperceptível. Ele não disse nada e eu também permaneci quieto, apenas o encarando.
Depois de pouco tempo, nós dois estávamos rindo disso, preenchendo todo o quarto com nossas gargalhadas. Não conseguia deixar de observar o quanto ele era bonito e como seu sorriso representava isso de uma forma tão profunda. Era uma das características mais bonitas dele e era fácil saber por que todas as fãs se encantavam tão facilmente por ele.
Aos poucos, fomos nos acalmando e voltamos a apenas nos encarar. Mais uma vez deixei que minha mão fosse para seu rosto, onde eu deixava que meus dedos lhe acariciassem a pele livremente, contornando os traços do seu olho e bochechas, pressionando bobamente meu dedo sobre sua covinha, arrancando um riso do mais novo.
Não consigo explicar ao certo como tudo aconteceu, mas aos poucos a distância entre nós era quebrada e, por mais estranho que isso soe, não conseguia pensar em mais nada que não o gosto de seus lábios. Aquele pequeno contato de alguns instantes antes já me fizera sentir delicados arrepios, o que somente me deixava mais curioso ainda para saber como seria beijá-lo de verdade. E o mais assustador era que, pensando bem, isso não me parecia nada errado. Era como se fosse apenas algo que naturalmente aconteceria em algum momento e que eu estivera sempre esperando. Parecia certo.
Nossas respirações se misturavam, calmas e compassadas, e, assim que eu estava perto o suficiente, deixei que minha língua contornasse seu lábio, delicadamente, quase com devoção. Eu tinha um pouco de medo de sua reação, dele recusar, mas eu sabia que ele jamais seria rude comigo.
Harry soltou um suspiro um pouco mais pesado contra meu rosto e entreabriu seus lábios, trazendo sua língua de encontro a minha. Espasmos fracos percorriam todo meu corpo, arrepiando todos os pelos que eu tinha e, assim que comecei a dar movimento ao beijo, era como se todo meu corpo estivesse adormecido, preenchido em um êxtase completo. Seu gosto era inebriante, da forma mais óbvia possível e eu não conseguia encontrar palavras suficientes na minha mente para descrever tudo que eu estava sentindo. Nossas bocas ficavam perfeitamente encaixadas juntas e nossos movimentos eram descontraídos e sincronizados, do mesmo modo como nós éramos em tudo que fazíamos, e o seu gosto era quase que surreal, como se eu estivesse provando um pedaço do paraíso.
Virei-me um pouco mais na cama, ficando com o corpo meio de lado, quase em cima do dele, e deixei uma das mãos apoiadas ao lado da sua cabeça, enquanto a outra pousei em sua cintura, acariciando sua pele quentinha. As suas, por sua vez, rodearam meu pescoço, puxando meu rosto para mais perto do seu, aprofundando nosso beijo, me deixando sentir mais ainda ele.
Aos poucos, fomos parando os movimentos, até que eu dei uma leve mordida em seu lábio inferior, seguida de uma leve sugada, e me afastei minimamente, abrindo os olhos e encarando seu rosto. Suas bochechas estavam rosadas – mas eu sabia que ele não estava com vergonha – e seu cabelo completamente bagunçado, espalhado pelo travesseiro. Ele me sorriu e eu lhe dei um beijo no queixo.
- Não foi estranho – confessou baixinho, me fazendo alargar o sorriso.
- Eu disse que ia ser normal fazer algo assim com você.
- Não te parece... Natural? – franziu o cenho, dando de ombros.
- É, parece. Mas isso é porque nós podemos nos amar de várias maneiras diferentes – disse simplesmente, voltando a me deitar ao seu lado.
- Yup... E eu te amo, sabe, Boo?
- Também te amo, Hazza.
Pouco tempo depois, nós estávamos dormindo, abraçados, sem nos preocuparmos com o restante do mundo. Provavelmente, na manhã seguinte seríamos acordados com Zayn tirando sarro da nossa cara, assim como faríamos com Liam e Niall por toda a eternidade.
Mas, no final das contas, era assim mesmo. Em um momento éramos amigos, no outro podíamos ser amantes, e, talvez, em algum momento, inimigos. Mas, de qualquer jeito, todos nós estaríamos sempre juntos, porque tínhamos um amor tão incondicional, que podia ser transformado em qualquer sentimento, desde que estivéssemos sempre juntos.

No we can't make up our minds 'cause when we think we've got it right.
We’re like na na na


Fim



Nota da Autora:Primeiro eu queria dizer que eu estou morrendo de medinho de postar uma fic com esse fandom porque, como eu disse mil vezes, escrever algo da sua banda favorita sempre faz com que nada nunca parece o suficiente. Depois, gostaria de dedicar a fic inteiramente pra minha melhor amiga, minha Horan, que me fez gostar de 1D (te odeio! n) e que me incentivou a escrever tudo isso.
Também queria agradecer a Cissa que, como sempre, me ajudou a não surtar enquanto eu escrevia.
Well, sobre a história: Ela é bem simples e bobinha, toda amor, sem nenhum drama, porque eu acho que não conseguiria fazer isso com esses dois ships. São algumas cenas um pouco soltas e tal e têm vários POV’s (eu aviso as mudanças).
Obrigada a todos que lerem, espero que vocês gostem e, por favor, deixem reviews, sendo elas boas ou não.

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