CAPÍTULOS: [ÚNICO]









Capítulo Único


O cheiro de carne assada misturada com fumaça e álcool naquela tarde ensolarada era maravilhoso. A piscina cheia, o povo dançando e comida cheia de vinagrete, sal e pimenta; estava uma delícia.
Era justamente o aniversário da minha sogra, Maria, uma cachaceira das melhores. A família toda reunida naquele domingão com as crianças brincando no jardim e a comida caseira aos montes. Claro que não podia faltar minha viola e uma boa cerveja. Estava tudo ótimo.
E ficou ainda melhor quando aquela morena maravilhosa chegou, piscando para mim e colocando um biquíni e uma tanga por cima.
A ficha técnica dela era quente e gelada ao mesmo tempo; morena de cabelo, bronzeada de corpo, peitos grandes e um sorriso maravilhoso. Alta, voz meio rouca, safada e o pior de tudo, amiga da minha mulher.
Mas eu não conseguia tirar ela da minha cabeça, de modo algum. Juliana era um mulherão e ainda dava mole para mim. E, convenhamos, ela era uma gata.
Desviei o olhar para o meu cunhado , que sorriu para mim e negou com a cabeça; ele me entendia. E foi por isso que ele me empurrou contra a piscina de roupa e tudo logo depois assim que passou ao meu lado.
- VIADO! – Gargalhei e gritei, chamando atenção das criancinhas, que começaram a repetir e dar risadinhas.
- JUÍZO! – respondeu de volta e secou os pratos no pano, sorrindo para mim.
Com essa deixa, mergulhei fundo e aproveitei a água azul cristalina. Nadei até a beirada e senti meu nariz arder com o cloro, para antes de emergir um ser enorme pular na parte da piscina que eu estava e me assustar completamente, mandando água e pressão para todo lado.
Subi para superfície na hora e já ia reclamar, mas aí vi que era minha esposa e tive que engolir a língua.
- AMOR! – ela disse. – Não vi que estava aí! Sinto muito.
Me recuperei e abasteci os pulmões de ar.
- Tudo bem, tudo bem. – Quando fiz menção de sair da piscina, recebi o olhar questionador de . Parei no ato e sorri amarelo. – Sim?
- Vem nadar um pouco comigo – pediu. Digo, ordenou.
- Ah, , eu quero um pouco de carne e trocar essa roupa molhada... – Mas foi tarde demais. Quando eu vi, ela estava apoiada em mim e boiando.
- Me segura e me guia, vai! – Sorriu e eu não pude resistir.
Ultimamente estávamos passando por uma espécie de crise no casamento, onde a rotina começava a virar a terceira pessoa da relação. Monotonia, tédio e as mesmas coisas de sempre. Faltava até uma certa força de vontade para mudar tudo ou melhorar. O amor ainda estava lá, apenas esperando por um pouco de adrenalina.
Mas isso não mudava o fato da minha esposa ainda querer nos exibir como casal do ano nas festas familiares.
Girei, empurrei e a puxei na água. Depois de um tempo, a abracei, dei um beijo rápido e saímos da piscina juntos. Ela seguiu em direção ao grupinho de amigas – no qual Juliana participava – e foi minha vez de ficar na churrasqueira e alternar as músicas do som.
Mexi e mexi no controle tentando achar uma bem alegre, fazendo meus colegas rirem.
- Deveria existir uma coletânea chamada “Músicas Para Churrasco” – um dos caras comentou rindo. – Especialmente pro parar de sofrer.
Concordei em silêncio e fui atrás da minha viola.
- Vamos resolver isso!
Meu cunhado chamou a atenção da turma e a música boa rolou.

Mais Tarde


Assim que me sentei na cadeira e me acomodei, minha bexiga começou a reclamar por um banheiro. Por pura teimosia, continuei lá e bebi mais um gole da minha cerveja.
Logo depois, Juliana, o Mulherão, se aproximou de mim e sorriu, piscando os enormes cílios. Se sentou ao meu lado e pediu mais uma rodada para o meu primo que se ofereceu para distribuir as bebidas.
Com um vestidinho azul curto, ela cruzou as pernas e eu fiz um esforço da vida para não olhar.
- Olá, ! – Sorriu simpática e olhou para mim, diretamente nos olhos. Eu a ignorei, com o rosto apontando para o final do dia. – Me diz uma coisa... estava comentando sobre o casamento de vocês...
Foi minha hora de arregalar os olhos e encarar ela, surpreso e temendo o que tinha por vir. Minha esposa não fala sobre nada com as amigas, muito menos sobre nós.
- E o que ela disse?
- Que estão caindo na rotina, cansados disso tudo... Que precisam mudar os ares.
Concordei um pouco mais calmo, porém ainda estranhando.
- E?
- E que na verdade – ela bebeu um pouco da minha bebida – eu acho que você é o problema.
- Como é que é? – Ergui as duas sobrancelhas.
- Você precisa reconquistar uma mulher todos os dias... – Ela me deu aquele olhar. – Mostrar como a deseja. Como a ama. Como precisa dela. – Sua mão pousou na mesa.
- E eu não faço isso? – perguntei.
- Não, não faz. Mas para a sua sorte, eu tive uma ideia. – Sorriu para mim e eu olhei em volta.
Não sabia se deveria ou fazia sentido aceitar algo para salvar o meu casamento justo com a mulher que poderia me fazer destruí-lo. Mas por outro lado... Por que não? Era claro que ela não era nenhuma psicóloga do amor ou algo do tipo, mas era uma ótima companhia, no final das contas.
Bebi mais um gole de cerveja e olhei para as pessoas em volta. A casa estava esvaziando por volta das cinco e meia da tarde para recomeçarem o churrasco às oito horas da noite. O sol estava caindo aos poucos e as crianças dormiram depois de tanta animação.
- Quando começamos isso? – perguntei e olhei para ela.
- Hoje mesmo, se quiser – comentou casual.
Se eu saísse agora, por volta das cinco e voltasse lá para as nove, ninguém ia dar muita falta, não. E seria algo rápido, no fim das contas. Valeria a pena.
- Ótimo. Para onde vamos primeiro? – peguei minhas coisas e me levantei.

Eu deveria ter ficado bem desconfiado quando ela me levou para a casa dela. Mas relaxei e me deixei levar.
Eu avisei e meus colegas pelo telefone, dizendo que iria comprar uns chapéus, tomar um banho fresco e trazer mais carne. Eles concordaram com um fraco interesse e me pediram um pouco de coisas.
A casa era bem espaçosa, com uma planta aberta que da sala dava para ver de longe e perfeitamente a cozinha. Era tudo muito limpo e agradável, coisa de mulher. Reparei umas coisas estranhas, como umas pílulas de hormônios na superfície de armários e unhas postiças nas gavetas semiabertas. Mulheres e suas vaidades desnecessárias.
- Fica a vontade, viu? A casa é sua! – disse com a voz doce. – Eu vou pegar algo na cozinha e você pode sentar aqui. Quer algo?
Hesitei em pedir a cerveja que estava na ponta da minha língua, com medo de ficar bêbado fácil e acabar rolando o que não devia.
- Um café, por favor. – Ela concordou e foi para a cozinha.
Quando eu comecei a me perder em pensamentos novamente, um cão surgiu dos infernos e veio latindo na minha direção.
Juliana só teve tempo de gritar “Mike!” bem alto para o cachorro, mas isso não o impediu de nada. No minuto depois, ele estava rosnando para mim e agarrado na minha perna... trepando com ela.
Seus bracinhos envolviam minha perna com força e desespero, sua língua estava para fora e eu o olhava horrorizado. Tentei chacoalhar a perna para chutá-lo para longe, mas não adiantava nada, só uma Juliana desesperada para que eu não machucasse seu cachorrinho.
Cachorrinho dos infernos.
A situação começou a ficar mais nojenta ainda quando começou a sair uma aguinha e... Graças a Deus, o Mulherão o tirou de mim e prendeu na coleira lá fora. O cão dos infernos saiu me olhando, ainda.
- Eu sinto muito por isso! – exclamou, enquanto eu ainda a olhava horrorizado. – Ele não é assim normalmente... – se desculpou.
A olhei chocado e reparei que ela segurava a risada e me olhava de um jeito... Aquele jeito.
- Vamos começar com isso logo? – murmurei irritado e pensando em que merda tinha acabado de acontecer.
Ela deu aquele sorriso de parar trânsitos e me chamou para as escadas...
Olhei no relógio para não olhar debaixo do vestido dela enquanto subia e faltava uns cinco minutos para as seis. Até a droga do relógio refletir a imagem das pernas dela.
Senhor, eu tento. Eu juro que eu tento.
Subi atrás orando para todos os santos que eu lembrava o nome e perguntando por que uma mulher tão linda tinha que, ainda por cima, dar em cima de mim.
- Aqui. – Entrou no último quarto do corredor, que provavelmente era seu quarto.
Puta merda...
- Bem agradável – comentei a primeira coisa que se passou na minha cabeça da lista “do que eu deveria falar”. Ela sorriu novamente e deu de ombros humilde.
Sempre adorei o fato dela ter ombros largos pela natação. Forçava o fato dela ser um mulherão, mesmo não sendo totalmente frágil e delicada.
Juliana se sentou na cama e pegou um pequeno cardeninho de anotações.
- O que é isso?
- São dicas que você vai precisar. – Olhei para ela meio receoso.
- Para?
- Para reconquistar seu casamento, ora! – Riu e colocou a mão na minha coxa. Voltou sua atenção para o livro. – Bom, você manda flores para ela?
- Você está falando sério?
- Óbvio.
- Você já viu o quanto está caro um buquê nesse Brasil? Uma só rosa dá cinco reais! – reclamei e franzi as sobrancelhas.
- Você tem que demonstrar que se importa! – Ela me olhou séria.
- Não tem um jeito mais barato não? Próxima ideia. – Ouvi ela comentar algo sobre homens serem pão duro em tom baixo mas nem liguei muito.
- Você pode... Escrever algo para ela. Levar ela para sair... Pode compr... Não, não. Pode começar do básico, mesmo. Ainda acho que flores seria algo ótimo!
Suspirei derrotado.
- Nada mais?
- É o clichê dos clichês. É um bom começo – insistiu.
Fiz uma careta e concordei devagar.
- Que tipo de flores ela gosta? – Juliana perguntou e me olhou curiosa.
- Eu... Eu não sei.
Ela me olhou como se eu fosse um monstro.
Mulheres...
- Bom, se eu fosse sua mulher... – começou. – Eu adoraria tulipas. Todas as mulheres gostam de tulipas.
Sorri e analisei o rosto dela.
- É?
- É. – Concordou sorrindo de lado e arrumou o cabelo. – Antes de voltar para a festa, passamos para comprar. Agora, vamos te deixar mais interessante.
- O que quer dizer com isso? – A olhei estranho.
- Vamos começar pelo seu visual. – Sorriu. – Vamos cortar seu cabelo.
Me olhei no espelho e neguei com a cabeça.
- Você está indo longe demais. De jeito nenhum...
- . – Ela apertou mais minha perna e eu prendi a respiração. – Você quer ou não quer minha ajuda?
Pensei um pouco no assunto.
Isso poderia dar certo no final das contas. Afinal, mulheres entendem dessas coisas. Conheço um gringo, Charlie, que ele perdeu a namorada depois de fazer uma merda e as amigas dela ajudaram ele a ponto de dar um show e reconquistar a menina de volta.
Pensei em e eu. Seis anos de casamento. Sete juntos. No tanto que ela era especial para mim e no tanto de coisa que estávamos perdendo nesses longos meses de crise.
Pensei em Juliana, que estava dedicando seu tempo e sua mão na minha coxa. Pensei na merda que estava me metendo.
No final das contas, decidi que deveria me deixar levar. Deveria ver onde isso acabaria, mas pelo menos tentar fazer algo de diferente.
Suspirei e sorri, olhando nos olhos cor de mel.
- Um salão masculino pelo menos. Por favor.
Ela sorriu animada e me puxou pela mão.


Enquanto isso, na casa da sogra...

- Cara. Para aí. Você viu o saindo com a Juliana? – Marco, um sujeito robusto sorridente perguntou na roda de amigos.
- Quem? O Mulherão? – Felipe gargalhou chocado. – Sério mesmo?
Marco e se entreolharam e concordaram.
- Caralho! Não brinca!
- Pois é, cara. – bebeu um pouco do chopp. – Isso vai dar merda, das grandes...
- Acha que ele vai trair a ? – Rafael, do canto, perguntou.
- Acho que a questão nem é essa, mano. A Juliana é um mulherão mesmo. Das poderosas. Só que não é o maior forte dela. Tem muito mais recheio naquele bolo que o pode imaginar.
Os rapazes riram.
- Ela é uma pessoa surpreendente - Marco disse e comeu mais um pouco de carne. Soltou uma risada nasal e continuou: - Quando acha que ele vai descobrir?
Felipe sorriu e deu de ombros.
- Aposto 50 que ele descobre no fim de semana – começou.
- Aposto 70 que ele sequer descobre por conta própria. – Fez os outros gargalharem.
- Bolão?
- BOLÃO! – gritaram em coro.


Mais Tarde

Assim que cheguei de volta na casa da sogra, esperei de alma que ninguém fora reparasse no que eu tinha feito no cabelo. O novo corte me deixava mais adulto e... maneiro. Estilo galã de novela, que segundo Juliana, minha esposa iria adorar.
Depois de um banho, as carnes e meia hora de descanso, estava indo de encontro de . Decidimos deixar as flores para outro dia, já que tudo estava fechado no domingo, o que me fez agradecer mentalmente. Estava nem um pouco afim.
Logo a avistei lá, minha ruiva maravilhosa. Ela estava sentada, de pernas cruzadas e um refrigerante na mão, conversando com a mãe e olhando para o nada. Sorri com isso.
Me aproximei devagar e dei um beijo no ombro, surpreendendo .
- Oi, sogrona. – Cumprimentei e Maria acenou com a cabeça. me analisou de perto e sorriu de canto.
- Seu cabelo... – começou.
-... É – completei e depositei um selinho em seus lábios.
- Tenho que ir, pombinhos. Vou dar uma olhada no meu velho – Maria disse e se levantou. Se espreguiçou. – Já volto. – E saiu.
Me sentei onde ela estava, na cadeira de fios ao lado da minha mulher.
- , eu quero conversar sobre algo... – seu tom era sério e hesitante.
- Pode dizer. – Não podia, não. Mas fazer o quê?
Bebi um pouco da Pepsi dela e olhei, esperando ela se pronunciar.
- Está na hora de termos filhos.
Engasguei, apavorado. Era só o que me faltava...
- Estamos prontos para isso? – perguntei e bocejei falsamente, para disfarçar a careta.
- Estamos – disse firme. – Aliás, acho que é isso que está faltando para nossas vidas! – disse inspirada e olhando pro céu.
- É?
- Sim! Precisamos disso, meu amor. Já estamos juntos há tempo suficiente e eu quero muito.
- Quer, é? – olhei ainda apavorado.
- Sim. Exatamente. – Sorriu pro nada.
- Ah...
- Podemos começar a planejar!
- Eu... Eu não sei... Só temos vinte e sete anos e...
- . – Ela me encarou.
- Oi?
- Vamos ter filhos – disse firme. E ai de mim se eu negasse.


Dias depois

Os dias se passaram rápidos. Eu passava as tardes com a Juliana, que me passava lições e eu as seguia perfeitamente. Aos poucos, a ideia de ter filhos passou de apavorante para aceitável para mim. Eu adorava crianças, mas estava pensando em mim demais.
Comprei as flores. Levei ela ao cinema e até mesmo consegui levá-la para uma cobertura aberta, onde fiz um piquenique de noite. Como eu disse, amigas são uma maravilha quando você precisa de ajuda. Estava melhorando. Nos trilhos. A vida com começou a ficar mais interessante, como nos filmes.
E as coisas entre mim e Ju estavam ficando bem íntimas... Mais do que eu queria. Estava muito interessado nela e em todos os seus mistérios. Uma pequena falha minha e eu a teria. Não sabia exatamente se queria falhar. Eu juro que a carne é fraca mas nunca rolou. E bota fraca nisso.
Aproveitando que eu estava de férias do trabalho, meu tempo era dedicado às duas. Bom, basicamente dedicado à minha mulher, já que a maior parte do tempo com Juliana era por ela.
Maior parte do tempo.
A verdade é que eu estava ficando louco e a tentação era demais. Tudo era muito rápido e bom, difícil de manter o foco e concentrar com aquele morenão perto de mim.
Essa tarde em especial, estava justamente na casa dela.
Como sempre fui um homem bem folgado – ou apenas homem –, o sorvete da geladeira dela estava dando sopa demais há dias e ninguém comia. Juliana reclamava de o quanto aquilo poderia deixá-la gorda, apesar de ser alta. Então, alguém tinha que resolver a situação.
Assim que peguei o sorvete de passas e gim, me larguei no sofá. O Mulherão estava lá em cima, se arrumando e eu tinha que esperar.
Quando ouvi um rosnado baixo e típico do Cão dos Infernos, fiz questão de comer mais rápido, com colheradas gulosas e cheias direto para minha boca, me dando dor de cabeças.
Erro meu. Maldito erro meu.
Uma das colheres derramou exatamente em cima da minha virilha. E o Cão dos Infernos não hesitou nem um pouco antes de ir lamber.
- PUTA QUE PARIU! SAI DAQUI! – Fiz de tudo ao meu alcance para tirá-lo de cima de mim, mas acabei recebendo uma mordida dolorida . Me fazendo gritar de dor e chorar por misericórdia.
- O que está acontecendo? – Uma Juliana chocada apareceu descendo as escadas com uma escova no cabelo. Como a casa toda tinha uma planta livre, ela teve uma visão perfeita de onde eu estava e da cena.
- TIRA ESSE MONSTRO DE CIMA DE MIM! – berrei desesperado.
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM MEU CACHORRO? MIKE! – Ela correu desajeitada nos saltos e o pegou no colo. Mike – dos infernos – começou a fazer manha no colo dela como se a culpa de tudo aquilo fosse minha. Depois, me olhou com um olhar maligno e foi levado para longe.
Após conversar com ela – e vê-la rir da minha cara –, decidi que era hora de ir pedir ajuda para alguém.


Casa do


Quando você não tem mais o que fazer, você procura a família. Quando seu problema não pode ser contado diretamente para a família, você procura o mala mais próximo disso. Ou seja, meu cunhado .
era um cara muito bom, maneiro. Pai solteiro de três filhos e vivia em pé de guerra com a ex-mulher. Vez ou outra acabava na cama dela. Mas sempre voltavam a brigar novamente. Era o jeito deles e ninguém se intrometia.
De outro lado, era meu irmão de consideração. Casei com , ganhei ele na bagagem.
- E aí? – Abriu a porta para mim e deu uns tapinhas nas minhas costas.
Entrei e fui logo para a geladeira, colocar mais gelo na minha virilha. me olhou estranho e evitou encarar a área.
- O que rolou? – perguntou receoso.
Saquei a situação e neguei com a cabeça, suspirando e rindo baixinho.
- O Cão dos Infernos – comentei. Não era a primeira vez que eu comentava sobre Mike aterrorizar minha vida. E o apelido já havia pegado.
- Ele arrancou seu pênis fora, cara? – perguntou chocado e eu neguei rapidamente com a cabeça.
- Prefiro não contar a história. – Coloquei a bolsa de gelo no local e suspirei aliviado. Ri ao ver a cara de nojo do meu cunhado.
- Mas senta aí. – Apontou ao sofá. – Que veio fazer aqui? É sobre Juliana?
- É – concordei, fazendo careta.
Ele segurou a risada e me analisou.
- O que foi?
- Nada, cara. – Ergueu as mãos para o alto. – Fala. O que tem dessa vez?
- Ela está me deixando louco!
Ele riu baixinho mais uma vez.
- É?
Concordei com a cabeça.
- Não sei mais o que fazer. Não quero me afastar nem ser grosso, ela é uma garota legal. E amiga da minha mulher.
- Se você bombear, eu te entrego para a , viu? – Concordei com desgosto.
- Amo minha esposa. Mas é só que... Eu não paro de desejar a Ju. É como se eu precisasse dela. É carnal. Algo bem carnal.
- Sei como é. Juliana tem seus detalhes. Passei com isso com a Ana Julia. Durante um bom tempo.
- E como vão as coisas com ela? Já voltaram?
- Sabe como é... Difícil ficar longe do paizão aqui.
Ri com o comentário.
- Mas o que vai fazer? – perguntou e eu olhei para o teto.
- Deixa a vida me levar?
- Não... Você tem que fazer algo em relação à isso. Ou pega de jeito ou larga de uma vez.


Eu até que estranhava que minha esposa não reclamava do fato que eu passava muito tempo com a amiga dela. Ela uma vez até comentou qual era a minha, se eu estava virando gay. Brincando, claro.
Desde aquela conversa com o , eu decidi tomar uma atitude na minha vida. Bom, mais ou menos. Eu estava pensando em me aventurar com Ju e acabar de vez com aquele sofrimento. Porque depois de uma vez, eu já teria provado e não sentiria mais nada. Finalmente poderia colocar minha vida no lugar.
Mas eu não tinha exatamente certeza em como ia fazer isso. Nem se realmente deveria fazer isso. Minha mulher poderia desconfiar ou descobrir, se magoar... Daria muita merda.
Por isso, deixei rolar e resolver isso mais tarde. Ia continuar na linha tênue, onde eu não agia. Passei semanas nessa linha de raciocínio.
Até aquela noite. Naquela noite, eu sabia que meu prazo estava estourando e eu teria que fazer algo em relação. Naquela noite, tudo teria que mudar.


Mais Tarde

Juliana dançava na pista de dança, rebolando e sambando para todos que quisessem ver. Tive uma nota mental que deveria pedir para ela dar umas aulas depois para minha esposa, porque aquilo que ela fazia não era só dança, era quase arte.
Isso se eu ainda fosse ter uma esposa depois da minha decisão tomada.
Só reparei que tinha aparecido ao meu lado quando ela tocou meu braço e pediu espaço no meu colo. Como um bom homem, deixei que sentasse na minha perna.
Ela passou o braço pelo meu pescoço e bebeu um gole de cerveja, deixando um bigodinho adorável branco. Olhou para o local de dança pensativa.
- Juliana tem uns belos seios, não é, amor? – me perguntou. Olhei curioso e receoso com o tipo de pergunta.
- São grandes – comentei apenas. Ela sorriu e continuou observando a morena dançar.
- É por causa do silicone. Não julgue.
- Ela usa silicone?
- Claro. Desde que marcou a cirurgia para trocar de sexo.
Espera. O quê?
Olhei para ela surpreso e ela sorriu da minha confusão.
- O que, querido? Não sabia que Juliana era homem?


Fim!



Nota da autora: (01/08/15) Ps: Sim! Todo mundo sabia, menos o PP. Mas ninguém, nem mesmo o cunhado, quis contar para acabar com a graça. Hahahaha Acho que sabemos quem ele escolheu no final, não é mesmo?
Comente! Qualquer coisa, grita lá no tt @ModoAquinus.
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