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Nesses últimos dias, as cargas horárias dos shows estavam muito puxadas e eu estava ficando esgotado. Mas, agora que estou de férias, posso descansar à vontade. Ficar no sossego da minha casa e ao lado da minha mãe era tudo o que eu queria.
A minha cidade, , é bem tranquila. Apesar do assedio dos fãs ser bem menor por aqui, decidi sair de capuz para não ser reconhecido. Eram oito da noite e o movimento nas ruas era bem pouco. Estava caminhando pelas calçadas, sem um rumo certo, só para pensar na vida, até que avistei uma praça e me sentei em um dos bancos vazios. Ela tinha um pouco mais de movimento. Fiquei observando as crianças brincando alegres com seus pais e sorri ao lembrar que, quando criança, brinquei bastante nessa praça também.
Na frente, tinha uma sorveteria. Não me lembro dela. Deve ser nova. Estava distraído com meus fones de ouvido, quando de repente saiu do estabelecimento uma menina de cabelos pretos que batiam no meio das costas. Ela era magra e baixinha e tinha um sorvete na mão. Ela começou a andar na minha direção e, quando chegou bem perto, perguntou:
– Posso me sentar aqui? – acho que a menina não me reconheceu por causa do capuz. Ou talvez nem me conhecesse.
– Claro! – dei espaço para ela se sentar.
Ficamos um tempo em silêncio. Quando a garota já estava na metade do sorvete, decidi me pronunciar.
– Por que está sozinha?
– Eu só vim tomar um sorvete. Daqui a pouco, meu pai vem me buscar – sorriu. O seu sorriso era encantador.
– Desculpe, mas você é daqui? Você tem um sotaque diferente – perguntei sem tirar o capuz.
– Não. Eu sou brasileira. Estou de férias – tomou mais um pouco do sorvete. – Meu nome é . E o seu?
– O meu é – tentei parecer normal.
? – ela franziu a testa e, num ato súbito, tirou meu capuz. – Oh, meu Deus! É o – sua boca estava escancarada. A menina parecia não acreditar.
– Calma. E, sim, sou eu, o . Porém, por favor, não grite. Não quero que ninguém me reconheça – eu olhava em volta, preocupado.
– Sim, claro. É que sou muito sua fã. Sou apaixonada por você – sorri. – Por favor, você me dá um abraço? – seus olhos brilhavam.
– Claro! – abracei-a de forma carinhosa.
– Agora posso tirar uma foto? Quero que esse momento fique guardado para sempre.
Tiramos a foto e ficamos conversando sobre várias coisas. Ela era muito engraçada e me fazia várias perguntas. A conversa estava fluindo naturalmente, mas, de repente, um carro parou do outro lado da rua e começou a buzinar.
– Tenho que ir, . É o meu pai. Foi muito bom conhecer você – a garota segurou meu rosto com as mãos. – E nunca, nunca se esqueça de que eu o amo muito.
– Foi muito bom conhecê-la também, – sorri e nos despedimos com outro abraço, dessa vez mais demorado.
A moça atravessou a rua, entrou no carro e começou a acenar, enquanto ia embora.
E lá se foi mais uma fã. Irei esquecer o seu rosto em alguns dias, mas ela sempre estará, de alguma forma, dentro do meu coração. E eu sempre estarei lá, em uma foto revelada, dentro de algum dos seus álbuns de férias!


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