A história se passa entre o capítulo 19 e o 20 de A Safe Place To Fall.


CHELSEA; LONDRES, INGLATERRA - 19 DE DEZEMBRO, 6:41 PM.
As ruas da cidade se encontravam completamente tomadas por pessoas de todas as idades naqueles últimos dias que antecediam o feriado tão esperado. O dia em que a maioria delas iria trocar presentes, cantarolar músicas alegres, se juntar às pessoas amadas. O dia em que, supostamente, a felicidade tomaria conta de todos. O Natal se aproximava e aquele clima natalino, querendo ou não, contagiava a todos; homens, mulheres, crianças, jovens, idosos... Todas as pessoas que passavam por seu campo de visão pareciam estar sorrindo, muito provavelmente com algumas sacolas penduradas em suas mãos.
Porém, a mulher vestida com o sobretudo pesado de cor vermelha, sentada a uma das mesas da cafeteria, esquentando as mãos com a caneca de chocolate quente que segurava, não tinha sequer o esboço de um sorriso em seu rosto. Nada que expressasse felicidade como as outras pessoas. Felicidade. Ela bufou enquanto a palavra parecia ecoar em sua mente e balançou a cabeça de um lado para o outro, livrando-se daquilo. Felicidade, para ela, era só um conceito estúpido que a sociedade havia criado para dar às pessoas algo do qual correr atrás. Como um objetivo de vida para quem, na verdade, não tinha nenhum. Talvez aquele pensamento fosse, na verdade, o que era estúpido, ao invés do conceito de felicidade, mas a amargura que a dominava a impedia de pensar daquela forma.
Os olhos dela ainda deixavam transparecer a melancolia que passara a fazer parte de sua vida desde aquela droga de dia – aquele que ela não queria lembrar e reviver, outra vez, em sua mente. Afinal, diferentemente das olheiras que ela se esforçara para esconder com algumas camadas de maquiagem, não havia nada que ela pudesse fazer para disfarçar as histórias que seus olhos insistiam em contar. Mas ela não se importava, já que a única pessoa que costumava parecer ser capaz de ler seus pensamentos apenas olhando em seus olhos havia partido. Contudo, ela também não podia culpá-lo. Havia errado, e errado muito com ele. Se agora só o via aos fins de semana, quando deixava o filho para passar alguns dias com o pai, a culpa era dela. Talvez não inteiramente, já que as revistas de fofoca tinham, com certeza, uma parcela da culpa, mas se ela não tivesse dado a abertura para inventarem seus rumores idiotas, nada daquilo teria acontecido. Fitou a rua do lado de fora, percebendo que a neve típica da época havia voltado a cair, deixando as calçadas cobertas por uma fina camada branca. Levou a caneca até a boca, dando um longo gole em sua bebida, que felizmente ainda estava quente, sentindo o líquido esquentá-la internamente. Um rápido pensamento cruzou sua mente, fazendo com que soltasse um leve riso irônico. Será que existia alguma coisa – qualquer coisa – que conseguisse aquecer novamente seu coração? A impressão que ela tinha era de que a grossa camada de gelo que parecia ter se formado em seu peito após a partida dele jamais seria derretida. Sua cabeça pendeu para o lado esquerdo e ela a deixou apoiada contra o vidro da janela; soltou um suspiro pesado por entre seus lábios, embaçando a superfície lisa e fria com sua respiração, mas poucos segundos depois o vidro voltou a ficar completamente transparente. Por um momento, a garota desejou que existisse algo que tivesse o mesmo efeito sobre a saudade que apertava em seu peito. Toda vez que ela voltasse a surgir, trazendo-lhe aquela dor quase insuportável, junto às memórias de todos os momentos que passara junto a antes do mal entendido que ele não lhe dera a chance de explicar, alguma coisa faria com que tudo isso desaparecesse logo em seguida, com a mesma facilidade que acontecia com sua respiração na janela.
Um casal passou pela janela através da qual ela olhava, de mãos dadas; outro adentrou a cafeteria onde ela estava, rindo de algum comentário feito por um dos dois. Felicidade demais pra que ela aguentasse. Terminou o chocolate quente e levantou da mesa, deixando o estabelecimento. Melhor que ficasse em casa ao invés de ser obrigada a presenciar as vidas perfeitas das pessoas à sua volta, diferentemente da sua, repleta de amargura.
caminhava lentamente, os olhos vagando pelas ruas, focando-se em casas completamente decoradas para o natal. Luzes piscando penduradas nas varandas, Papais Noéis nos telhados, próximos às chaminés, ou mesmo presos às portas de entrada, renas nos jardins; tudo combinando com aquela data que, para ela, não significava muita coisa. Na verdade, só a fazia lembrar o último Natal. estava lá no último Natal.
Uma lágrima escorreu de seus olhos ao lembrar novamente do homem e ela passou as costas da mão pelo rosto, enraivecida, para secá-la.
Faltavam poucos quarteirões para que ela alcançasse o apartamento onde provavelmente ficaria o resto da noite esperando para ver por alguns minutos. Mas, na verdade, não tinha certeza se aquilo seria algo bom. Gostava de vê-lo, saber que estava bem, mas toda aquela frieza e indiferença que ele demonstrava a ela a machucava mais do que ela suportava.
O sol já estava se pondo, algumas estrelas já apareciam no céu conforme a noite se aproximava. Distraída, mal percebeu que passava em frente à Igreja onde ela e haviam assistido a apresentação do coral de crianças no último Natal. Provavelmente, as apresentações daquele ano já haviam começado, a julgar pelas pessoas que começavam a se aglomerar por ali. No momento, porém, apenas o sino da igreja batia, certamente anunciando o início da missa ou qualquer coisa assim.
Enquanto apressava o passo para chegar em casa antes que a neve que caía se tornasse mais forte, desejou que não morasse tão perto da igreja assim. Como se apenas a data não trouxesse tantas lembranças indesejáveis, tinha certeza de que conseguiria ouvir o coral mesmo estando trancada em seu quarto.
Chegou ao apartamento retirando o sobretudo e deixando-o pendurado ao lado da porta. Sentou-se no sofá, ligou a televisão em um canal que passava um filme qualquer e tentou se distrair, porém seus olhos eram atraídos pelo relógio a todo minuto, como se contasse inconscientemente o tempo para que o homem chegasse ali. O telefone tocou na mesinha ao seu lado e ela atendeu antes mesmo que chegasse ao terceiro toque; o barulho era estridente demais para que ela conseguisse aturar por muito tempo.
- Oi? – Mais resmungou do que falou, sem ânimo nenhum para o que quer que fosse. Só queria Adam de volta em casa para alegrá-la com suas gargalhadas altas e suas tentativas enroladas de falar.
- Estou feliz em falar com você também, . – Ouviu a voz da melhor amiga do outro lado da linha e poderia jurar que ela estava rolando os olhos enquanto falava.
- Desculpa, . Pode falar. – Disse, sentando-se melhor no sofá antes que acabasse com uma dor terrível nas costas.
- Hm, é o seguinte... – Ela hesitou e fechou os olhos, já sabendo que boa coisa não seria. nunca fazia mistérios, a não ser que fosse algo que ela soubesse que a amiga não aceitaria de cara. Respirou fundo e esperou que a outra continuasse falando. – Amanhã tem essa festa de final de ano da produtora. quer que eu vá, mas você sabe como essas festas são...
- Sem chances, . Não vou forçar uma situação chata com e eu no mesmo lugar. Você sabe como as coisas estão. – falou, sem sequer cogitar aceitar o convite que ela nem mesmo havia deixado a amiga fazer.
- Sim, sei. E sei também que vocês devem resolver essa porcaria de situação, que só tá assim porque os dois são orgulhosos demais pra conversarem como os adultos que são. – explodiu, cansada de ver não só , mas também daquele jeito. Nenhum dos dois estava bem com a separação, mas obviamente não dariam o braço a torcer. – Você vai e pronto. Passamos aí pra te pegar amanhã às oito e meia. Nem pense em tentar fugir de qualquer maneira. Kim vai ficar com Sophie, podemos deixar Adam com ela também. – E desligou o aparelho antes mesmo que tivesse a oportunidade de responder. A mulher apertou os dedos em volta do aparelho e fechou os olhos, respirando lentamente pra controlar a raiva que sentia da melhor amiga naquele momento. Odiava quando resolvia tomar as decisões em seu lugar. Odiava quando ela queria controlar sua vida ao invés de deixá-la resolver os próprios problemas. Jogou o telefone do outro lado do sofá, deitando-se sobre o material macio, escondendo o rosto em uma das almofadas. Quis gritar, mas o som da campainha que invadiu seus ouvidos a impediu.
Levantou-se e foi até a porta em passos que não conseguiam se decidir entre rápidos e longos ou lentos e curtos. Não sabia se queria ver logo ou se evitava ao máximo aquele momento. Fechou os olhos ao colocar a mão sobre a maçaneta e só os abriu quando a porta já estava aberta.
- Boa noite. – a cumprimentou em tom baixo, torcendo os lábios e encolhendo os ombros em seguida, da maneira que sempre fazia quando estava sem jeito.
- Mãe! – Adam a salvou da necessidade de responder, jogando os braços na sua direção, quase pulando sozinho do colo do pai. sorriu verdadeiramente, abraçando-o enquanto ele passava os pequenos bracinhos em volta de seu pescoço carinhosamente.
- Tudo bem com ele? – Perguntou, enquanto voltava a olhar para o homem que ainda estava parado em frente a sua porta. Percebendo isso, afastou-se um pouco para lhe dar espaço. – Ah. Pode entrar.
- Ah... Não, eu... Já preciso ir. Só vim trazer Adam mesmo. – se enrolou um pouco nas palavras, deixando transparecer ainda mais o desconforto e nervosismo que aquela situação o causava; não podia culpá-lo, já que passava pelo mesmo. – Tá tudo bem com ele, sim. – Assentiu, forçando-se a esboçar um sorriso antes de acenar com a cabeça em despedida e dar as costas à mulher. Ela suspirou e abaixou a cabeça enquanto fechava a porta antes mesmo de esperar que desaparecesse atrás das portas metálicas do elevador, enquanto as memórias do que acabara causando aquilo tomavam conta de sua mente.

GREENWICH; LONDRES, INGLATERRA - 14 DE JUNHO, 8:04 AM.
Uma pequena movimentação ao seu lado o acordou, mas sequer se deu o trabalho de abrir os olhos. Ainda era cedo, provavelmente estava voltando para a cama depois de atender Adam ou qualquer coisa assim, e ele simplesmente voltaria a dormir. Deitou-se de lado sobre a cama com essa intenção, porém, sentiu a mão da mulher lhe tocar as costas, deslizando até aproximar-se de seu pescoço, fazendo-o encolher os ombros de leve. Ele resmungou algo praticamente impossível de se entender que a fez rir baixinho, deixando sua respiração bater na pele dele, causando um pequeno choque térmico.
- ... - chamou e tocou o ombro de com os lábios, esperando que ele se virasse. - Você vai se atrasar. - Falou, finalmente fazendo-o virar para olhá-la.
- Me atrasar pra quê? - Ele perguntou, a voz rouca por ter acabado de acordar e o cenho franzido em confusão. Realmente não conseguia se lembrar de qualquer compromisso que tivesse naquele dia. riu baixo da confusão do homem.
- Reunião com e a tarde no hospital, amor. - Ela lembrou, rolando os olhos. - Você já é esquecido assim agora, quando ficar velho não vai lembrar nem de comer. - rolou os olhos e estirou a língua na direção da mulher, que riu enquanto o observava sentar-se sobre a cama. Ele ameaçou levantar, porém, girou o corpo para encará-la outra vez.
- Acha que eu devo levar Sophie comigo? - Perguntou, o lábio inferior preso entre os dentes demonstrando a incerteza que sentia. Sabia que as crianças simpatizariam com a filha e talvez ver uma criança que passou pelo o que estavam passando e sobreviveu fosse algo bom para elas, mas não sabia se o hospital seria um ambiente agradável para Soph. Tinha medo da reação da menina ao estar novamente no local que fora praticamente sua segunda casa nos últimos anos.
- Não acho que seja uma boa ideia, ... - respondeu, a mesma incerteza presente na feição dele se encontrava em sua voz. - Estava pensando em levar ela e Adam ao parque hoje à tarde, enquanto você está no hospital. - Ela sugeriu, tentando parecer despreocupada, mas uma leve sensação de culpa continuava a incomodando. Sentia-se tentada a contar a ele que veria Richard, mas ao mesmo tempo tinha medo de sua reação. A possibilidade dele acabar sabendo sobre aquilo de outra maneira também a amedrontava. Não tinha saída.
- Isso. Podemos ir almoçar em algum lugar antes da reunião, aí deixo vocês lá e vou pro hospital. - Ele sorriu e finalmente levantou da cama, sabendo que precisavam sair de casa logo, ou acabaria atrasado para os compromissos que tinha.
Assim que a porta do banheiro se fechou atrás de , alcançou seu celular sobre a mesa de cabeceira e enviou uma curta mensagem para o número que a havia ligado algumas noites antes.
Estarei no parque com as crianças hoje à tarde, podemos nos encontrar lá. Xx, .
Deixou o celular sobre o colchão antes que se arrependesse do que estava fazendo e levantou-se, indo em direção ao quarto onde as crianças dormiam para acordá-las e arrumá-las para que pudessem sair junto com . Ao adentrar o cômodo do outro lado do corredor, encontrou apenas os cobertores bagunçados e os bichinhos de pelúcia espalhados na cama de Sophie. Franziu o cenho, estranhando, mas caminhou até o berço de Adam e parou, observando-o por alguns segundos. Um sorriso apareceu em seu rosto enquanto ela observava o filho dormindo serenamente, os pequenos lábios entreabertos e o corpo movendo-se de acordo com a respiração calma. Inclinou-se para acariciar o rosto do bebê, sorrindo ainda mais algum tempo depois, quando Adam abriu os olhos e esboçou um sorriso na direção dela também.
- Bom dia, príncipe. - Pegou-o nos braços, beijando-o de leve no rosto enquanto sentia os bracinhos envolvendo seu pescoço. O menino balbuciou alguma coisa ainda sem sentido, mas que já era o suficiente para deixá-la toda boba e orgulhosa. Coisa de mãe, pensou, rindo, enquanto o deitava sobre o trocador de fraldas, conversando com o filho. Ouviu uma risada atrás de si e virou-se, encontrando vestido com uma regata branca que realçava o corpo bem definido do homem, escorado no batente da porta, o cabelo, ainda molhado pelo banho, totalmente bagunçado, fazendo-a sorrir com o fato de que ele conseguia ficar incrivelmente bonito com o menor dos esforços. nunca conseguiria colocar em palavras o quanto era grata por tê-lo consigo.
- Onde está Soph? - Ele perguntou, aproximando-se dela e de Adam e estendendo a mão na direção dele, sentindo o filho se distrair brincando com seus dedos. Assim como a mulher, não pôde evitar o sorriso que surgiu em seu rosto no momento em que pôs os olhos no bebê.
- Acho que acordou antes da gente. - deu de ombros, terminando de fechar a fralda nova e afastando-se para procurar uma roupa limpa para colocar no filho. assentiu com a cabeça e, brincando com Adam, esperou que ela voltasse a se aproximar para sair do quarto avisando que ia atrás de Sophie. Foi até a sala e parou à porta, rindo baixo ao ver a filha sentada no sofá, enrolada em um cobertor lilás, abraçada ao macaquinho de pelúcia que havia ganhado no último Natal, assistindo a um de seus desenhos animados preferidos. Aproximou-se dela lentamente, sem chamar sua atenção, que tinha os olhos fixos na televisão, e sentou-se ao seu lado. Deitou a cabeça sobre as pernas da filha, cobertas pelo edredom, e a viu rir e tentar, com as duas mãos, fazê-lo levantar dali.
- Vai molhar meu cobertor, pai. - Soph resmungou, projetando o lábio pra frente, em um bico infantil que o fez sentar-se direito e apertar as bochechas da menina.
- Você precisa trocar de roupa. Vamos sair. - Ele disse, sorrindo ao ver a filha jogar o cobertor para o outro lado do sofá e levantar-se imediatamente. Saiu correndo da sala em direção ao próprio quarto, deixando o pai rindo sozinho da animação dela, a sensação de ter tudo de volta no seu devido lugar tomando conta dele outra vez. Enquanto esperava que terminasse de se arrumar, seus olhos pararam em um porta-retratos ao lado da televisão, trazendo aos seus lábios um leve sorriso ao ver a primeira foto da família completa que haviam tirado, em um parque qualquer da cidade. Adam no colo de e ao lado dos dois, segurando as pernas de Sophie, que se encontrava sentada em seus ombros.
Ele mal conseguia acreditar que finalmente estava construindo sua própria família.

O sol brilhava fraco naquele dia, apenas o suficiente para amenizar o frio causado pela brisa leve que também se fazia presente, balançando a copa das árvores e produzindo aquele farfalhar de folhas que considerava um som tranquilizante; algo que ela precisava no momento, já que, sentada na sombra de uma grande árvore enquanto assistia Sophie e Adam brincando pela grama, poucos metros longe dela, havia acabado de avistar Richard se aproximando. Óculos escuros sobre os olhos e o sorriso que nunca deixava de ser encantador nos lábios; não havia mudado praticamente nada.
Richard sentou-se ao lado da mulher, ainda em silêncio. Seguiu o olhar dela que, ao invés de voltar-se para ele, havia continuado fixo nas duas crianças, em uma busca desesperada por qualquer desculpa que atrasasse o momento em que ela teria que encará-lo outra vez.
- Ele é a sua cara. – O homem comentou, querendo quebrar o silêncio, mas sem saber como. Obviamente, escolheu a coisa errada a se dizer. deixou um riso baixo escapar por entre seus lábios, balançando a cabeça de um lado para o outro, em negação.
- Ele é o rascunho de , Richard. – Ela respondeu, finalmente desistindo de evitar os olhos dele, com um leve tom de sarcasmo presente em sua voz. O homem deu de ombros, rindo.
- Senti falta do seu sarcasmo todos os dias.
Ela não soube o que responder e, de repente, desejou que tivesse negado o pedido de Rick e não estivesse ali naquele momento.

CHELSEA; LONDRES, INGLATERRA - 20 DE DEZEMBRO, 8:35 PM
O relógio marcava oito e trinta e cinco da noite e a mulher batia o pé, calçado em um peep toe preto, contra o chão insistentemente, sentindo sua pouca paciência se esvair aos poucos. Se já não tinha a menor vontade de ir àquela festa antes, ter que esperar pelos amigos tornava a situação ainda pior.
Adam, em seu colo, resmungou alguma coisa que ela não entendeu enquanto levava as pequenas mãozinhas até o rosto, coçando os olhos. Ela sorriu com a expressão fofa no rosto do filho, que em seguida recostou-se contra seu peito, bocejando.
- Que sono, hein, meu amor? – Falou baixo, ajeitando-o em seus braços. – Logo você vai estar com a Sophie e Audrey, duvido que vá querer dormir.
O sorriso largo que se abriu no rosto do menino ao ouvir o nome da irmã fez com que quisesse esmagá-lo ali mesmo. Adorava ver como Adam e Sophie se davam bem e como a menina jamais teve ciúmes do irmão mais novo. Apesar dele ainda ser tão pequeno, a relação dos dois era tão bonita que ela quase se sentia culpada por mantê-los separados a maior parte do tempo.
Balançou a cabeça, livrando-se daqueles pensamentos que só a fariam se sentir pior do que já sentia. Passar a noite no mesmo lugar que já seria o suficiente, ela não precisava continuar colocando a si mesma para baixo.
Seu celular vibrou algumas vezes ao seu lado, sobre o sofá, e o nome de piscava no visor. Suspirou aliviada; a melhor amiga saberia como manter aquele tipo de pensamento longe de sua cabeça, pelo menos até que aparecesse na festa. Levantou-se, com Adam em um de seus braços, a pequena mochila com roupas e fraldas na mão, e deixou o apartamento.
Assim que saiu da portaria do prédio onde estava morando desde que saíra da casa que dividia com , avistou o carro branco de seu irmão do outro lado da rua.
- Você poderia ao menos fingir que está feliz por vir, . – comentou, quando a mulher adentrou o veículo.
- Eu não deveria estar aqui. Culpe sua noiva por isso. – Ela respondeu, lançando um olhar de canto para , mas sorrindo involuntariamente em seguida. Sabia que sua melhor amiga tinha a melhor das intenções ao levá-la àquela festa.

SOHO; LONDRES, INGLATERRA – 20 DE DEZEMBRO, 9:21 PM
Uma música ambiente tocava ao fundo enquanto diferentes conversas paralelas tomavam conta da mesa onde , , , e mais algumas pessoas da produtora estavam sentados. Embora tentasse ao máximo manter sua atenção em , seus olhos insistiam em desviar-se em direção a a intervalos curtos de tempo. Geralmente, ela não os mantinha nele tempo suficiente para que ele percebesse, mas, nas poucas vezes que ele também olhava em sua direção no mesmo momento, fazia questão de quebrar o contato visual imediatamente, sentindo o sangue acumulando-se em suas bochechas, esquentando-as, e sabia que elas acabariam ficando vermelhas. Após mais um desses rápidos contatos, mordeu o lábio inferior e baixou o rosto, observando sua taça de vinho tinto como se ela fosse a coisa mais interessante do mundo. Percebendo o que estava acontecendo, parou de falar e suspirou.
- Vocês dois deviam conversar, sabe? – Comentou, seus olhos virando-se em direção a por meros segundos antes de voltarem para a melhor amiga, ao seu lado.
- Não temos muito que conversar. Acho que ele deixou bem claro o que pensava quando eu saí de casa. – deu de ombros, lembrando-se do maldito dia em que haviam posto um fim no relacionamento.

GREENWICH; LONDRES, INGLATERRA – 24 DE OUTUBRO, 10:07 AM
O dia amanhecera cinza. A mulher rolou na cama, certa frustração tomando conta dela quando não esbarrou em um outro corpo ao seu lado. Respirou fundo. finalmente havia voltado aos palcos depois de tantos anos de reviravoltas em sua vida e estava em turnê. Há exatos quatro meses, naquele dia. Ele ligava sempre que possível para falar não só com ela, mas também com Soph e Adam, por mais que o menor ainda se enrolasse nas palavras e praticamente só risse ao ouvir as bobagens que o pai dizia, já que ainda não tinha nem um ano, mas não era a mesma coisa de tê-lo por perto. Sentia falta do cheiro dele em seus lençóis, do braço forte pesando em sua cintura todos os dias de manhã; sentia falta dele, apenas. Por sorte, dentro de mais cinco ou seis dias, ele estaria de volta. Aquele pensamento a fez sorrir bobamente, já quase contando as horas para tê-lo por perto outra vez.
levantou e foi devagar até o quarto de Sophie, vendo a menina ainda adormecida, em um sono tão tranquilo que a mulher não teve coragem de acordá-la. Passou pelo quarto ao lado, apenas para conferir se Adam também dormia, e então se dirigiu à sala, onde se sentou no sofá, as pernas encolhidas à sua frente. Ligou a televisão e deixou em um canal qualquer de clipes musicais, apenas para se distrair um pouco.
Não demorou muito para que Sophie acordasse e aparecesse na sala, uma das mãozinhas coçando os olhos enquanto a outra arrastava seu cobertor atrás de si. O barulho das pantufas sendo arrastadas pelo chão de madeira chamou a atenção de , que se virou naquela direção com um sorriso doce e maternal no rosto.
- Bom dia, pequena. – Falou baixo, estendendo o braço na direção da menina para que ela se sentasse no sofá.
- Fome. – Soph murmurou, encolhendo-se ao lado de enrolada no cobertor, a voz ainda bastante sonolenta e parecendo que poderia cair no sono novamente a qualquer momento.
- Vou fazer um chocolate quente pra gente, tá? – A mulher levantou depois que Sophie concordou com um movimento de cabeça e deixou o cômodo.
Os olhos verdes da menina se fixaram na televisão e ela esticou-se sobre o sofá até alcançar o controle remoto, mudando o canal até encontrar o seu favorito, de desenhos animados. Em poucos minutos, Sophie ria alto enquanto assistia ao programa, fazendo com que , no cômodo ao lado, sorrisse ao ouvi-la. Logo, um outro som se fez ouvido na casa; Adam havia acordado e resmungava alto, choramingando, provavelmente querendo sair do berço.
Deixando as xícaras com o chocolate quente já pronto sobre a bancada da cozinha, encaminhou-se para o quarto do bebê, apenas para perceber que Soph havia chegado lá primeiro. Como a menina não conseguia tirar o irmão do berço sozinha, havia puxado a cadeira de balanço mais para perto de onde o garotinho dormia, sentado ali e agora cantava uma das músicas do pai para o irmão mais novo, acalmando-o e fazendo com que ele parasse de chorar. parou à porta, antes de entrar no quarto, um sorriso enorme curvando seus lábios e os olhos ameaçando marejar. Sophie tinha muito mais de do que qualquer um poderia imaginar.
A mulher aproximou-se do berço e abaixou-se ao lado da menina, abraçando-a de lado.
- Seu pai ficaria orgulhoso de ouvir você cantar assim. – Disse, sorrindo e beijando a bochecha da menina, que riu de leve, um pouco envergonhada.
- Ele não parava de chorar. – Deu de ombros, como se explicasse por que estava fazendo aquilo. – Papai sempre cantava quando eu chorava.
acenou com a cabeça, sorrindo para a garota, desejando poder ter gravado a cena para mostrar a quando ele voltasse. Ela pegou Adam no colo, beijando-o no rosto e deixou o quarto, chamando Sophie para que ela a seguisse.
Antes que pudessem chegar à cozinha, a campainha da casa tocou, fazendo com que franzisse o cenho. Não estava esperando ninguém. Apontou para Sophie onde havia deixado as canecas de chocolate quente e viu a menina sorrir abertamente, correndo para pegar sua bebida favorita.
parou em frente a porta e aproximou o rosto da madeira, observando através do olho mágico. Abaixou a cabeça, suspirando alto, quando reconheceu Richard parado do outro lado da porta. Havia encontrado com ele mais algumas vezes depois da primeira vez, sempre para apenas um café ou coisa do tipo, mas ainda não contara nada a . Não por mal, mas não sabia exatamente como contar ou que tipo de reação ele teria.
Ela deu um passo para trás, girou a chave e abriu a porta, colocando um leve sorriso no rosto.
- Richard. – Disse, sua voz e sua expressão combinadas demonstrando sua surpresa e deixando claro que ele, em sua casa, deixava-a em uma situação bastante desconfortável.
- Eu estava aqui por perto, pensei em dar uma passada aqui. – Ele respondeu, dando de ombros. Ela assentiu com a cabeça e abriu mais a porta, afastando-se para dar espaço para que ele entrasse. Os olhos de fixaram-se nas mãos do homem e ela franziu o cenho. A expressão de Rick se fechou. – Não tenho boas notícias. – Ele torceu os lábios e fechou os olhos por alguns segundos, provavelmente preparando-se para explicar o real motivo pelo qual ele estava ali. Sem falar nada, ele abriu a revista e entregou-a a .
Na página em que ele abrira, estava uma foto dos dois em um café, na última vez em que haviam se visto.

GREENWICH; LONDRES, INGLATERRA – 24 DE OUTUBRO, 1:23 PM
tentara ligar para inúmeras vezes desde que Richard chegara à sua casa com a maldita revista de fofocas que havia publicado mais um de seus artigos mentirosos, criando um rumor de que ela estava saindo novamente com seu ex-namorado, enquanto viajava pelo mundo com seus shows.
Ouviu mais uma vez a voz de pedindo que deixasse uma mensagem em sua caixa postal e bufou, encerrando a ligação e largando o celular ao seu lado. Apoiou os cotovelos sobre os joelhos e escondeu o rosto nas mãos, o desespero tomando conta de si pouco a pouco. Queria falar com antes que ele tivesse a chance de ver a maldita foto, pois sabia como ele costumava tirar conclusões precipitadas e queria evitar qualquer tipo de conflito, principalmente agora que sua volta para casa já estava tão próxima.
Richard, que havia ficado ali tentando acalmá-la, repetindo seguidamente que aquilo não significaria nada, levantou-se da poltrona no outro canto da sala e sentou-se ao lado da mulher, passando um braço pelos ombros dela.
- . Vai ficar tudo bem. – Disse, mais uma vez, e a mulher teve vontade de socá-lo e mandá-lo calar a boca. Ela balançou a cabeça e se desvencilhou do braço do homem, que entendeu o recado.
- Rick. Por favor, me deixa sozinha. – Ela pediu, a voz baixa e trêmula; ela queria chorar, mas jamais o faria em frente a ele. Richard assentiu, ainda que meio contrariado, pois não via nada de errado no fato dos dois estarem se vendo e mantendo uma amizade, e caminhou em direção ao hall de entrada da casa.
Quando aproximou-se da porta e tocou a maçaneta, porém, alguém a estava girando pelo lado de fora.
E a expressão de , já não muito amigável ao chegar, só fez piorar ao dar de cara com Richard em sua casa.

SOHO; LONDRES, INGLATERRA – 21 DE DEZEMBRO, 2:54 AM
Ele não havia dado à a chance de se explicar, de dizer o que estava acontecendo. Se tinha qualquer intenção de conversar com ela antes de tirar suas conclusões, com certeza as havia perdido ao ver o ex-namorado da mulher assim que chegou. Ela conseguia lembrar perfeitamente de sua expressão enfurecida e das palavras dele. Lembrava-se dele dizendo que os dois não tinham nada a conversar, apenas deviam decidir quem sairia da casa.
balançou a cabeça, virando o resto da bebida em sua taça enquanto via voltar em sua direção com um olhar preocupado no rosto. Sentiu-se nervosa só de ver a expressão no rosto da melhor amiga; sabia que algo ruim estava por vir.
- está a ponto de começar uma confusão no bar. – Ela começou, balançando a cabeça negativamente, claramente desaprovando o comportamento do amigo. – conseguiu convencê-lo a ir pra casa, mas ele não está em condições de dirigir e... – Ela fez uma pausa e fechou os olhos, pressentindo o que viria a seguir. – Você sabe como a casa dele fica fora de mão pra mim e , .
- , eu... Não posso. – A primeira reação de ao pedido implícito que lhe havia sido feito foi, obviamente, negar. A possibilidade de ficar sozinha no mesmo ambiente que por mais do que alguns minutos era assustadora, e ela sequer sabia explicar a si mesma o porquê. Simplesmente sentia que não era capaz de aguentar aquilo.
- , o que poderia acontecer que seria assim tão ruim? – indagou, cruzando os braços em frente ao peito, desafiando a amiga. – Além do mais, ele mal consegue ficar parado sobre os próprios pés sem tropeçar.
suspirou e abaixou a cabeça, permanecendo em silêncio por alguns minutos antes de voltar a encarar .
- Tudo bem. – Respondeu, de má vontade, rolando os olhos quando viu o rosto da melhor amiga se iluminar com um grande sorriso. – Pode desfazer esse sorriso. Nós provavelmente não vamos trocar nem meia dúzia de palavras. – Resmungou antes de dar as costas a e caminhar em direção ao bar, onde mantinha-se ao lado de para garantir que ele não faria mais nenhuma besteira. Quando se aproximou, percebeu um leve sorriso surgir no rosto do homem, mas ignorou; sabia que era apenas a enorme quantidade de bebida que ele havia ingerido se manifestando.
O que aconteceu a seguir foi rápido demais, pegando até mesmo de surpresa.
Outro homem que se encontrava escorado ao balcão do bar assobiou em sua direção e praticamente gritou algo como “Gostosa!”. Ela teria apenas rolado os olhos e continuado seu caminho se , controlado pelo álcool, não tivesse ido em direção ao tal cara, acertando-o em cheio no queixo com a mão direita. O homem não deixou por menos, e jogou-se em direção a , acertando-o logo abaixo do olho esquerdo.
Assustada e sem reação, apenas afastou-se dos dois enquanto alcançava e o segurava com os dois braços para trás, com muito esforço, já que ele insistia em querer partir para cima do outro homem, que, por sua vez, estava sendo segurado pelo próprio barman.
- Você ficou louco, ?! – praticamente gritou, empurrando o melhor amigo em direção à porta de entrada e fazendo um sinal para que os seguisse. Quando a mulher os alcançou, já havia colocado o amigo no banco do carona do carro, e apenas entregou a chave à .
- Boa sorte. – Foi o que disse, rolando os olhos, ao despedir-se da irmã. – E, ... Se por algum milagre ele conseguir formar uma frase coerente... Conversem.
Ela assentiu com a cabeça, por mais que duvidasse que aquilo fosse acontecer, e agradeceu ao irmão. Sabia que tanto ele quanto só queriam o melhor para ela e .
Deu a volta no veículo, sentou-se em frente ao volante e deu a partida, seguindo o caminho tão conhecido para a casa onde costumava morar com .
Menos de cinco minutos depois, o homem continuava em silêncio e ela desviou os olhos da rua para encará-lo rapidamente. A cabeça dele pendia para o lado e ele parecia dormir em um sono profundo.
Ela balançou a cabeça negativamente, rolando os olhos, mas uma leve risada escapou por entre seus lábios.

GREENWICH; LONDRES, INGLATERRA – 21 DE DEZEMBRO, 3:24 AM
estacionou o carro na garagem da casa, sentindo a saudade dos momentos que passara ali lhe invadir. Desceu do veículo e deu a volta, abrindo a porta do lado do carona. Tocou o ombro de , chamando-o com a voz suave.
- . Chegamos, vem. – Murmurou, inclinando-se sobre ele para tirar o cinto de segurança que o prendia ao banco e tentou puxá-lo, mas ele não parecia querer colaborar. – . – Falou, um pouco mais alto, e o viu abrir os olhos e levantar a cabeça. Ele piscou algumas vezes, parecendo meio desnorteado e sem saber onde estava. – Vim te deixar em casa. Vamos, me ajuda. Eu não tenho como te carregar. – Ela disse, rolando os olhos, e agradecendo internamente quando ele resmungou algo impossível de se entender e saiu do carro sozinho, mas precisou do apoio da mulher para caminhar até dentro de casa.
Ao entrar em casa e acender a luz, conseguiu ver o estrago que o homem do bar havia feito no rosto de . Respirou fundo, pensando que sua ideia de deixá-lo ali e chamar um táxi para ir embora seria deixada de lado. Ela precisaria pelo menos ajudá-lo a cuidar do machucado, ou o rosto dele dobraria de tamanho até a manhã seguinte. Tentou sentá-lo no sofá, mas ele já estava quase dormindo outra vez. Ela bufou, irritada, e forçou-o a levantar outra vez.
- Se você não consegue nem ficar sentado, eu não tenho como te ajudar com esse olho roxo. – Resmungou, ajudando-o a ir até o banheiro.
- Eu só quero dormir. – Ele murmurou, enrolando a língua, mas pelo menos dessa vez conseguiu entendê-lo.
- Você vai me agradecer amanhã, quando seu rosto não estiver inchado e dolorido. – Ela replicou, empurrando-o para dentro do cômodo e começando a abrir os botões da camisa que ele vestia, retirando-a em seguida.
- Eu posso tomar banho sozinho. – resmungou, desvencilhando-se das mãos dela e desabotoando a calça, mas, ao retirá-la, acabou tropeçando e precisou apoiar-se nela outra vez.
- Estou vendo que pode. – Ela rolou os olhos, ajudando-o a entrar debaixo do chuveiro e girando o registro. Permaneceu dentro do box, mesmo sabendo que daquele jeito acabaria molhada também. Do jeito que ele estava, não podia arriscar deixá-lo sozinho.
- Mas você não precisa ficar aqui, me olhando. – Ele replicou, cruzando os braços e emburrando feito uma criança de seis anos de idade.
- Claro. Porque você nu é algo que eu nunca vi mesmo. – rolou os olhos, entregou o sabonete a ele e virou de costas. – Mas eu fico de costas se vai te fazer sentir melhor.
Ela o ouviu rir enquanto se virava, mas apenas ignorou. Talvez ele fosse ser sempre uma criança grande demais, mesmo.

Quase meia hora e muita paciência da parte de , ela finalmente fez com que sentasse em uma das cadeiras em volta da mesa da cozinha enquanto ela buscava um kit de primeiros socorros.
Quando voltou, ela sentou-se em frente a ele, inclinando-se em sua direção e observando um pequeno corte que havia sido causado pelo soco, na parte superior da bochecha esquerda. Pegou um pedaço de gaze, umedeceu-a com água oxigenada e passou de leve sobre o machucado, limpando-o com cuidado. resmungou e franziu as sobrancelhas, provavelmente sentindo dor, mas não disse nada. Enquanto cuidava do local com toda a paciência do mundo, ele mantinha seus olhos fixos sobre ela, já um pouco mais acordado depois do banho, e não conseguiu evitar que um sorriso curvasse seus lábios.
- O que foi? – Ela perguntou, enquanto colava um curativo sobre o corte e sentava-se direito sobre a cadeira, afastando-se um pouco.
- Você. – Ele disse, simplesmente, fazendo-a encará-lo com uma expressão confusa no rosto. – Você é linda, . E eu me sinto um merda todos os dias por ter te feito sair de casa. – As palavras pareciam sair sem que ele as filtrasse antes, e a mulher abaixou a cabeça, colocando um dedo sobre os lábios dele, calando-o.
- Não, . Agora não é hora. – Ela murmurou, desfazendo o contato visual. Ele ainda não estava totalmente sóbrio, não adiantaria nada conversarem, ele não se lembraria de nada quando acordasse.
- Me deixa falar. – Ele pediu, batendo um dos pés contra o chão, como se protestasse. A atitude infantil dele a fez rir, lembrando-se imediatamente de Sophie, e ele pareceu esquecer o que ia falar. Voltou a encará-la por vários segundos, em silêncio, antes de sacudir a cabeça. – Eu senti falta desse sorriso.
levantou de sua cadeira, balançando a cabeça de um lado para o outro, e foi até a geladeira, retirando alguns cubos de gelo e enrolando-os em um pano de prato limpo. Segurou-o contra a bochecha de , que já tinha uma coloração arroxeada, e pediu que ele segurasse. Ele pegou o pano das mãos dela, mas colocou-o sobre a mesa, pouco se importando com seu machucado no momento. Apoiando-se na mesa, ele levantou, deixando seu rosto a poucos centímetros do dela.
- , por favor. – Sua voz era quase suplicante, e sentiu seu coração apertar, mas não podia se iludir naquele momento. Os dois precisavam conversar, sim, mas só quando ambos tivessem totalmente conscientes. Conversar naquele momento acabaria por piorar a situação. estava desesperado por uma resposta, ela podia ver isso nos olhos dele, mas não sabia o que dizer. Sua hesitação fez com que ele quebrasse a distância restante entre eles, colando seus lábios aos dela. Uma lágrima escorreu pelo rosto de quando ela o afastou, por mais que o que quisesse fosse puxá-lo para perto de si e mantê-lo ali.
- Nós vamos conversar, sim, . Mas não agora. – Ela disse, dando um passo para trás, desvencilhando-se da mão dele, que a segurava firmemente pelo braço. – Agora você mal sabe o que está dizendo, e não vai lembrar nada amanhã.
A frustração nos olhos de quando a ouviu quase fez com que desistisse de tudo e simplesmente o abraçasse, pra não largá-lo nunca mais. Ele deixou o corpo cair sobre a cadeira novamente e deu de ombros, abaixando a cabeça.
- Tudo bem. – Sussurrou, provavelmente mais para si mesmo do que para , enquanto ela deixava o cômodo, já pegando o telefone para chamar um táxi.

ASCOT, INGLATERRA – 24 DE DEZEMBRO, 8:49 PM
A entrada da casa de campo dos , aquela mesma que fora palco de tantas festas do colegial, tantas lembranças para todos eles, talvez nem todas boas, mas ainda assim, lembranças, encontrava-se completamente decorada com luzes de natal coloridas, que piscavam a cada certo intervalo de tempo. Uma grande quantidade de pessoas se encontrava lá dentro; era quase uma tradição que os pais de e de se reunissem ali para a noite de Natal. Não só os dois eram amigos, como também suas famílias. Sendo assim, a Sra. estava na cozinha junto à Sra. e , preparando a ceia, enquanto e seu pai haviam se sentado junto à , seus irmãos e o Sr. na sala, todos imersos em uma conversa sobre qualquer coisa que os distraísse.
, porém, tinha a cabeça em outro lugar, bem longe. Seus pensamentos vagavam em volta da figura de . A cena de poucos dias atrás ainda estava clara em sua mente, fazendo-o imaginar como seria o reencontro dos dois naquela noite.
Respirou fundo, passando a observar Sophie brincando com Lilly, filha de Jay, um dos irmãos de . As duas meninas que tinham quase a mesma idade pareciam se entender muito bem, em uma brincadeira envolvendo as bonecas que haviam ganhado de Natal, já que haviam insistido para abrirem os pacotes antes da meia noite.
Estava feliz, sua filha tinha saúde outra vez, tudo estava bem... Mas não estava completo. A sensação de vazio o incomodava e parecia aumentar ainda mais a cada vez que encontrava , ao pegar Adam para passar o fim de semana, ou levá-lo de volta, e a sentia tão longe; odiava não poder sequer abraçá-la e odiava o fato de que tudo parecia estranho quando se viam; era claramente desconfortável para ambos, mas não podiam evitar. Nenhum dos dois se sentia confortável com a separação, que não havia sido das mais amigáveis, afinal. Ele sentia, às vezes, que tentava lhe dizer algo, mas, amedrontada, desistia antes de proferir uma palavra que fosse.
Soph levantou a cabeça, desviando a atenção da brincadeira e encarando-o rapidamente, lançando-lhe um breve sorriso que o fez devolver o gesto. Levou o copo que tinha em mãos à boca, deixando que o resto do líquido gelado ali dentro deslizasse por sua garganta. Deixou o copo na mesinha de centro e voltou a atenção à conversa de e Jay e concordando com o que quer que eles estivessem dizendo, pra que não percebessem quão longe ele estava. Levantou e foi até a cozinha, sentindo o olhar de em suas costas; sabia o que o amigo estava pensando, mas apenas ignorou e virou mais uma grande quantidade de whisky em seu copo, acrescentando mais algumas pedras de gelo e então voltando à sala. Sentou-se novamente junto aos outros e sentiu o mesmo par de olhos de antes o repreendendo.
- , você vai acabar bêbado antes da ceia desse jeito. - A voz de era séria e demonstrava a preocupação que sentia pelo amigo. desviou o olhar, fixando-o nas pedrinhas de gelo que se chocavam contra o vidro conforme ele balançava o copo, simplesmente por saber que o que ouvia era verdade e não ter uma resposta boa o suficiente.
- Estou nervoso. - Deu de ombros e optou por deixar que a verdade saísse por entre seus lábios, seguida de um suspiro pesado. Voltou a observar , vendo-o fechar os olhos por um momento enquanto assentia devagar com a cabeça.
- Se resolvam de uma vez, cara. Tá estampado no rosto de vocês que ainda se importam. - esboçou um sorriso, tentando passar confiança a ; ele já havia passado por coisas ruins demais, merecia um período de felicidade concreta. encolheu os ombros outra vez e concordou com um movimento vago de cabeça. Deu um gole na bebida e abriu um fraco sorriso.
- É o último de hoje, tudo bem? - Ouviu a risada de e virou o resto do conteúdo, largando o copo de vez sobre a mesinha à sua frente.
Não demorou muito para que a campainha tocasse e ele sentisse o coração apertar, antes que começasse a bater ligeiramente mais rápido. Desviou a atenção enquanto via passar pelo hall de entrada em direção à porta e a ouviu cumprimentar - e, pelo o que havia entendido, Kim e Audrey estavam com ela também - animadamente. Percebeu que Sophie levantara e tinha os olhos esperançosos fixos na porta da sala, sabendo que estava chegando com Adam, e estendeu um braço na direção dela, chamando-a para perto de si.
- Vai lá, traga seu irmão aqui. - Sorriu na direção da filha e a viu concordar várias vezes com a cabeça antes de sair correndo em direção à porta, no exato momento em que aparecia pela mesma.
- Mamãe! - A menina exclamou, estendendo os braços na direção da mulher, que se abaixou para poder abraçá-la com o braço livre, que não carregava Adam. O sorriso em seu rosto se espelhou no de , que observava a cena de longe. O conhecido aperto no peito o incomodava, mas ele apenas ignorou ao ver como Soph gostava de .
- Hey, pequena. Tudo certo? - O tom de voz maternal de sempre pôde ser ouvido enquanto ela conversava rapidamente com Sophie, antes que a garotinha pegasse Adam pela mão e o ajudasse a caminhar devagar em direção a . Ao colocar os olhos no pai, o menino apressou os passinhos desajeitados e abriu um largo sorriso, deixando à mostra os poucos dentinhos que já haviam nascido. abriu os braços, pegando-o no colo quando ele parou à sua frente.
- E aí, campeão? - Sorriu, colocando-o sentado em seu colo e o ouvindo resmungar algo que ele ainda não entendia muito bem. Distraiu-se com o filho e, quando levantou a cabeça outra vez, encontrou sentada na poltrona que ficava praticamente à sua frente. Seus olhares se cruzaram e fixaram-se um no outro por algum tempo, até que a mulher se sentisse incomodada e não sustentasse mais o contato, passando a encarar Kim, sentada na poltrona ao seu lado, e iniciando uma conversa qualquer o mais rápido que pôde. respirou fundo e passou os olhos pela sala, encontrando Soph já distraída em suas brincadeiras com Audrey e Lilly; sorriu e voltou a atenção a Adam, já que não o via desde o último final de semana.

Dentro do quarto escuro, cantarolava uma música qualquer para fazer Sophie dormir. Passava da uma da manhã, todos já haviam trocado os presentes, feito a ceia e se encontravam na sala, entretidos em suas próprias conversas e estava no quarto em frente ao dele, amamentando Adam para poder fazê-lo dormir em seguida.
Ele percebeu que a filha havia adormecido e saiu da cama cuidadosamente, caminhando devagar até a porta e fechando-a silenciosamente atrás de si após sair para o corredor. A porta do quarto à frente estava entreaberta e ele não resistiu ao impulso de parar escorado ao batente, observando em silêncio enquanto deixava o filho deitado entre dois travesseiros, após ter certeza que ele estava dormindo. Ameaçou sair dali, pensando que ela sairia do quarto, mas na verdade a mulher se encaminhou para a sacada do quarto, apoiando-se no parapeito da mesma. O vento gelado da noite fez os cabelos dela esvoaçarem levemente e esfregar as mãos em seus braços, tentando aquecer a si mesma e fazendo com que, por um momento, tivesse vontade de estar ao lado dela. Respirou fundo, ouvindo a voz de lhe dizendo que ela ainda se importava, assim como ele; que deviam se resolver de uma vez. Empurrou a porta devagar e se colocou pra dentro do cômodo, fechando-a em seguida, sem fazer barulho algum. Aproximou-se da sacada e parou ao lado de , afastando alguns flocos de neve que haviam caídos sobre o parapeito, apoiando-se sobre ele em seguida. Sentiu o olhar dela fixo em si por alguns segundos e ouviu um suspiro pesado logo depois. virou o rosto para ela, o canto do lábio inferior preso entre seus dentes, em sinal de incerteza. abaixou a cabeça, desfazendo o contato visual assim como havia feito no momento em que chegara, mais cedo.
- Eu sinto a sua falta. - Ela disse, baixo, ainda com o olhar direcionado para baixo, observando os poucos flocos de neve que caíam sobre a grama, pintando-a de branco gradativamente.
- Eu não vejo isso. Você mal me olha, . Eu sinto a sua falta também, e eu sei que não fui dos mais maduros na hora de lidar com... Tudo aquilo. - Engoliu em seco, lembrando-se do que havia causado a separação dos dois. - Mas você tem que entender que não foi fácil pra mim. - Fez uma pausa e a viu comprimir os lábios um contra o outro e abaixar a cabeça outra vez, fazendo com que o cabelo caísse entre os dois, impedindo-o de vê-la. levou uma das mãos em direção a ela, colocando o cabelo atrás da orelha, sentindo-a tremer ao sentir os dedos frios dele pararem na bochecha dela, em um carinho inocente. - Nós nunca realmente conversamos sobre isso. Por favor? - Deu um passo para frente, quase colando seu corpo ao dela e fazendo-a prender a respiração por alguns segundos; desistiu quando sentiu o perfume tão conhecido impregnar suas narinas, fazendo-a fechar os olhos enquanto tocava a mão dele, ainda parada em seu rosto, com a sua própria.
- Desculpa. - A voz dela não passava de um sussurro, mas ele ouviu. Porém, não falou nada. Queria que ela continuasse. Sabia que ela queria falar algo, e queria escutar. - Eu nunca fui muito boa em lidar com a distância, e você tava longe já fazia dois meses. Ele tinha voltado algumas semanas antes de você viajar e nós já tínhamos nos visto, mas... Como amigos, só. - Esclareceu, quando percebeu que ameaçava abrir a boca para interrompê-la. - Depois que saiu aquela foto na internet e nós brigamos, ele apareceu lá em casa, pra ver como eu estava e... Eu o deixei ficar. Foi errado, eu sei, e eu me arrependi no momento em que percebi o que tinha acontecido. Eu não esperava que você fosse chegar logo no outro dia, eu não sabia como agir. Eu só queria que você conseguisse ver que, no final, você é sempre tudo o que eu tenho. - conseguia ver as lágrimas que se formavam nos olhos dela, assim como nos dele, mas que, por orgulho, ele sabia, ela não deixaria cair. Os dois passaram algum tempo apenas observando um ao outro, até que ele conseguisse falar outra vez.
- Esquece, então. Esquece tudo que deu errado, lembra só do que foi bom. Apaga esses últimos dois meses e volta. - Era quase uma súplica e ela sabia disso. Permaneceu em silêncio enquanto deslizava a mão por toda a extensão de seu braço, puxando-a para mais perto e enlaçando sua cintura com os dois braços, escondendo o rosto em seu pescoço em seguida. Ele chorava e o aperto no peito da mulher era quase insuportável enquanto tentava não fazer o mesmo. Afastou-se minimamente dele, fazendo com que ele a encarasse em dúvida.
- O que nós fazemos agora, então? - perguntou, erguendo o rosto para encará-lo nos olhos, perdendo-se dentro deles ao ver toda a dor que ele sentia pela situação nitidamente estampada ali. Conseguia ver que, mesmo estando aparentemente forte e inteiro por fora, estava destruído por dentro... Vazio. E a culpa era dela. Só dela. Sentiu uma lágrima isolada rolar pelo rosto e ser imediatamente interceptada pelo polegar de . A outra mão do homem foi até sua cintura e a puxou para junto dele outra vez.
- Agora você me desculpa por ser tão estúpido e eu te desculpo pelo o que aconteceu. - Falou, jogando fora todo e qualquer resquício de orgulho que tinha dentro de si, mas sabendo que havia valido a pena ao vê-la comprimir ainda mais os lábios, tentando controlar as lágrimas que se acumulavam em seus olhos. Podia ver, dentro deles, que por mais que ele a perdoasse, ela sempre se sentiria culpada. Observou-a balançar negativamente a cabeça e colocar um dedo sobre os lábios dele, pedindo que ele se calasse. não obedeceu. - É só isso que nós precisamos fazer. Porque eu quero mais, . Mais manhãs acordando com você nos meus braços, mais dos teus beijos de bom dia, ou mesmo aqueles de quando você não tem o que responder. Mais do teu cheiro nas minhas roupas o dia inteiro, quando você se recusa a me deixar sair cedo. Mais de você me acordando quase aos berros porque eu estou atrasado pra alguma reunião, entrevista ou qualquer coisa. Menos dessa saudade e desse vazio dentro de mim. Mais de mim te abraçando e te esquentando nos dias frios. Mais passeios com Sophie e Adam, em qualquer lugar dessa cidade. Mais das nossas tardes de domingo sem fazer nada, só rindo de Soph e Adam brincando e correndo pela casa. - já não segurava as lágrimas enquanto o ouvia falar, mas tinha um sorriso no rosto, com certeza lembrando de todos aqueles momentos. - Mais de nós dois, por favor. Sempre. - Completou, colando os lábios aos dela, sem dar tempo para que ela respondesse. Sentiu quando ela os entreabriu, possibilitando que ele aprofundasse o beijo, sentindo novamente todas as reações que só ela causava nele, e que ele sabia que ela sentia também. Quando se afastou um pouco da mulher, pôde vê-la sorrindo, e sorriu junto.
Ao quebrar o beijo, ele procurou a mão de com a sua, entrelaçando seus dedos e puxando-a de volta para dentro do quarto. Caminharam em silêncio até saírem dali, querendo evitar acordar Adam, e continuou puxando-a até o quarto em que estava dormindo. Ignorou quando ela perguntou o que ele estava fazendo, buscou o violão no canto do cômodo e saiu novamente.
- ! – Ela chamou, quase em um sussurro, mas que pareceu quase um grito, devido ao silêncio completo no segundo andar da casa.
- Shh. Vem comigo. – Estendeu a mão na direção dela, entrelaçando novamente os dedos aos dela e descendo as escadas com ela em seu encalço, levando-a em direção à porta dos fundos da casa logo em seguida.
Ignorando a brisa gelada da noite, ele seguiu uma pequena trilha entre as árvores, quase invisível naquela escuridão, mas que ele sabia existir. Havia passado por ela muitas vezes nos anos anteriores, sempre que passava os fins de semana com os amigos naquela casa e precisava de um momento sozinho.
- Eu juro que se você nos embrenhar no meio desse bosque e não souber como voltar, vai se arrepender. – resmungou quando sentiu um galho fino de uma das árvores arranhar seu braço. Ouviu o homem soltar uma risada alta e bufou, irritando-se.
- Já estamos quase chegando. – Ele respondeu e, cerca de cinco minutos depois, chegou a uma pequena clareira, ao lado de um córrego. O som da água correndo pelo leito e chocando-se contra as pedras da margem era o único que podia ser ouvido no silêncio da noite.
Ele se sentou, as costas escoradas contra uma das árvores, e ela sentou-se à frente dele, encarando-o com uma expressão curiosa.
- Vai me dizer agora o que estamos fazendo aqui? – Indagou, e o viu assentir levemente com a cabeça, subitamente parecendo um pouco sem jeito.
pigarreou algumas vezes e levou uma das mãos à nuca, deixando claro seu nervosismo. franziu as sobrancelhas, mas permaneceu em silêncio até que ele começasse a dedilhar algumas notas no violão, como se aquilo o acalmasse.
- Eu... Eu escrevi algumas músicas durante esses meses. – Começou, desviando o olhar das cordas do instrumento até ela, e depois passando a encarar o chão. Pensou mais alguns instantes antes de continuar. – E eu queria te mostrar uma delas agora.
Quando a viu assentir e percebeu a ansiedade e a curiosidade estampadas nos olhos dela, pigarreou mais uma vez e finalmente deixou que sua voz formasse as palavras que complementavam a melodia tocada por seus dedos.
- I’m coming home to an empty room, my head is spinning, on a Sunday afternoon. There was a time, when I had it all, I can still remember, but I’m barely hanging on. – Ele começou e já podia perceber os olhos da mulher à sua frente ficando marejados, o que fez os seus também arderem com a formação das lágrimas. – So tell me what to do to make you change your mind, I wish that I could find a way to turn back time, ‘cause life is just not the same since you’ve been gone. I never should have let you go, ‘cause I’m falling to pieces. – Sua voz continuava cantando a música de forma leve, mas ele já estava, de certa forma, em modo automático. Tudo em que conseguia prestar atenção era em , que desistira de segurar as lágrimas e agora as deixava correr livremente por seu rosto. – I never should have let you go. You’re so far away, and I just can’t live without you, I just can’t breathe without you. – Prosseguiu com a canção, todas as palavras que ele normalmente não conseguiria dizer de outra forma estavam presentes ali, e ele sabia que aquela era a única forma de fazê-la entender o quanto ele realmente se arrependia do que havia acontecido e sentira sua falta durante cada um daqueles dias que passaram separados. – Never gonna let you go. – Finalizou a música e mal teve tempo de colocar o violão de lado antes que jogasse os braços em volta de seu corpo, abraçando-o com toda a força possível.
- Você nunca me deixou ir, . – Ela começou, a voz embargada, mas firme, demonstrando que ela realmente acreditava no que estava dizendo. – Em cada um desses dias, tudo o que eu quis foi voltar correndo para a sua casa... Para a nossa casa. – Corrigiu-se rapidamente, com um leve sorriso. – De alguma forma, eu sempre estive presa a você. E eu não quero nunca estar em outro lugar.


Nota da Autora: Alguns MUITOS meses depois de prometer esse extra, aqui está ele.
Eu sei que demorei, eu sei que talvez ele não tenha ficado TÃO bom assim, mas espero que atenda às expectativas de vocês.
Algumas cenas eu escrevi e reescrevi umas três, quatro vezes, e ainda assim não fiquei totalmente satisfeita, mas juro que fiz o melhor que eu pude.
Espero MESMO que vocês gostem :') Não deixem de comentar aí embaixo, porque eu preciso mesmo saber o que vocês acharam ^^

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