História por Nathy Abreu (@naaathymalik)
Revisão por Giovana


Capítulo Único

O som que me despertava era estridente e me fazia apertar cada vez mais o travesseiro em meu rosto. Eu não queria acordar, mas precisava. Virei-me na cama, desligando o despertador que era responsável por aquele barulho infernal e olhei para janela do meu quarto. Fechei e abri meus olhos preguiçosamente, queria ter uma bela desculpa para faltar no meu trabalho hoje, mas não tinha e de maneira alguma meus pais a aceitariam. Não depois do que aprontei três meses atrás. Não depois que voltei para casa com um vestido tão curto, que quase deixava minha calcinha à mostra, e cabelos presos num coque bagunçado. Depois do dia em que retornei a minha casa, o inferno recomeçou... Quase arrancando de mim as lembranças mais belas que eu tinha daquela noite, da melhor noite da minha vida.
- . - ouvi a voz fina de minha mãe me chamar. - Se você não estiver aqui embaixo em quinze minutos, não irei me responsabilizar pelos atos do seu pai. - "claro que não..." completei a frase em pensamento, revirando os olhos e colocando minhas pernas para fora da cama.
A combinação do frio do chão com o quente do meus pés fizeram um choque térmico correr por minhas veias, me fazendo sorrir. Logo corri para o banheiro para tomar um relaxante banho. Era sempre a mesma coisa, sempre que eu voltava a lembrar daquela noite alguém me despertava causando-me temores, e se aquela noite não tiver acontecido? E se aquele homem tiver sido uma criação da minha imaginação? Não era possível, eu sei... Mas isso me causava medo. Três meses se passaram e eu ainda lembro dos seus olhos que me hipnotizaram desde o momento em que meus olhos encontraram com os dele. Eu deveria ter dado as costas para Manchester e voltado à....
- ... - minha irmã irritante disse com o tanto de ironia que conseguiu encostando-se ao batente da porta do meu quarto, e eu a olhei sem ânimo algum. - Nossos pais vão te matar se você não se arrumar logo.
- Acho que você iria adorar. - eu disse sorrindo, enquanto retirava do meu guarda roupa uma saia preta e uma blusa social azul. - Mas se isso acontecesse, quem iria cuidar da administração da empresa do Sr. Salvatore, não é? - eu ri com escárnio, sabendo que estava mexendo na ferida da minha adorável irmã.
Inveja. Minha irmã me invejava por ter um dos mais altos cargos na empresa em que trabalhávamos. Eu sou a administradora de todos os bens da empresa e do dono dela, Sr. Salvatore, e ela... A assistente do vide-presidente. Invejosa, era tudo o que ela era, e ambiciosa do jeito que sempre fora passou a trocar carícias com o vice-presidente, filho do dono da empresa, para convencê-lo a me demitir. Minha irmã é uma vadia, manipuladora, invejosa e ambiciosa. Sentia nojo dela e da sua voz, sentia mais nojo ainda do amor doentio que meus pais sentiam por ela.
- Pelo menos eu teria o amor dos nossos pais só para mim. - ela disse dando um passo para frente com um sorriso quase inocente. Ah não, não diga isso... - Ah, mas isso eu já tenho. - minha irmã disse colocando a mão na cabeça, e então saiu do quarto rindo.
Rindo não, gargalhando por saber que tinha a única coisa que eu nunca tive dos meus pais: o amor. Isso era tão injusto, e fora como se aquelas palavras tirassem com toda a alegria e leveza que aquela noite eu tinha sentido e guardado. E como se eu estivesse no modo piloto, eu desci as escadas já vestida e fui para meu trabalho.
As horas passavam demoradamente e a cada cálculo que ela fazia parecia que sua mente iria explodir. Aquelas roupas tão certinhas e recatas não pareciam pertencer à ela, os saltos altos fazendo um barulho irritante desconcentravam-na, o telefone em cima de sua mesa tocava de minuto em minuto fazendo-a sentir vontade de gritar. Era o que ela deveria fazer. Então, como a mulher irresponsável que havia se tornado, fechou sua agenda e desligou o seu computador, pegando seu celular e bolsa e foi em direção às escadas. No momento em que pisou seus pés no terraço do prédio sentindo o ar puro lhe dominar, sorriu. Andou até sentar no chão de frente para as avenidas movimentadas de Manchester, que lhe trouxeram um turbilhão de memórias. Memórias mais do que bem vindas.

Flashback - Três meses atrás

Ela escutava uma música engraçada e distante tocar, mas não queria sair dali. Os braços quentes e macios ao redor do seu corpo era como uma anestesia, era o lugar certo para se estar. Mas quando ouviu a música, que agora ela identificava como o toque do seu celular, aumentar soube que deveria sair dali, e então com esforço o bastante se desvencilhou dos braços fortes que apertavam sua cintura e foi até a poltrona onde estava sua bolsa, retirando de lá seu celular. Mamãe, fora o que leu e automaticamente fechou os olhos estremecendo.
- . - ouviu a voz alta de sua mãe falar, e se sentou no chão encostando-se a poltrona. - Onde você está? Perdeu o juízo? - ela falava tão rápido, que as palavras saiam emboladas, mas compreendia cada uma, e tudo que sentia era ódio. Ela poderia ter fingido não ter ouvido o celular, não poderia? Ela agora estaria deitada sentindo o calor do corpo de encostado ao seu e se sentiria viva. Não precisaria enfrentar a fera louca que era sua mãe, não precisaria encarar a sua realidade.
- Está me ouvindo, ? - sua mãe chamou todo seu nome, e ela riu de deboche, era sempre assim. era a filha perfeita. era a filha do erro. Toda sua vida era um erro, na singela opinião de seus pais.
- Estou. Desculpe. - disse cansada, encostando a cabeça nos joelhos dobrados. - Eu quis sair, e acabei perdendo a hora. Dormi na casa de uma amiga. - ela riu mentalmente com suas palavras, havia aprendido tão bem mentir para seus pais, mas não se importava. Sabia que o surto da sua mãe era o medo dela ter ido embora e perder a filha de ouro que tinha, já que era quem bancava as despesas exageradas da mulher.
- Claro, claro... E se esqueceu também que hoje era a festa mais importante da empresa da qual você trabalha? - a mulher disse nervosa, mas é claro que ela havia se esquecido, ou fingindo se esquecer, tanto faz. Agora estava tudo explicado, a mulher queria que a filha a levasse à festa, revirou os olhos e levantou a cabeça. - Venha para casa agora. - a mulher disse séria e com sua voz que para sempre era severa.
- Não dá. - respondeu, e observou o corpo do homem deitado na cama se mexer, ele estava acordando. - Estou em Londres. - o homem se virou, encontrando os olhos da mulher, e um sorriso confuso pintou em seus lábios, ela sorriu encantada e ele logo estava sentado na cama bagunçando seus próprios cabelos.
- Londres? - a mulher deu um grito agudo, que fez fechar os olhos rindo, e ao abrir viu a confusão dos olhos que a observava, quando o mesmo fez menção de levantar, a mulher ergueu a mão o impedindo. - Como assim Londres? Venha para cá, agora. - a mulher gritou mais uma vez nervosa, mas já não se importava com os gritos, sua atenção estava toda no homem à poucos metros dela.
- Desculpa, mamãe, mas agora não dá. - ela disse ao se levantar e andar delicadamente até a cama de . - Estou um pouco ocupada, beijo. - disse desligando e jogando o celular em qualquer canto do quarto, e logo tocou os ombros de , o vendo sorrir.
Seus olhos faiscavam e ela não compreendia como poderia ter aguentado a noite toda, sem nada. Ela sorriu e se sentou de frente para ele, enrolou seus cabelos até formarem um coque, e sentiu colocar as mãos carinhosamente em sua cintura.
- Mamãe? - ele disse sorrindo e ela lhe deu um tapa no braço rindo. - Você precisa ir embora? - ele disse olhando em seus olhos.
- Sim. - ela disse olhando para mãos dele, ela não queria ir embora. Mas precisava.
- Você pode ficar só mais um pouquinho? - ele disse, levantando o rosto dela com os dedos, e sorriu inocentemente, antes de ver a mulher balançar positivamente a cabeça.

As duas horas que se passaram haviam sido maravilhosas, os dois haviam preparado um café da manhã e se alimentado sentados no chão do quarto de , eles riam e contavam piadas. Cada uma era mais sem sentido do que a outra. Mas eles estavam felizes e se agarravam cada vez mais aos últimos momentos juntos. Não tinha certeza de que iriam se ver novamente. Então, ambos colocaram em mente que iriam aproveitar esse momento. E como se tivesse sido rápido demais, o momento mais adiado por ele havia chegado. Era hora dela ir embora, de dar adeus.
não queria que ela fosse, porque havia lhe trago uma alegria nunca sentida por ele.

não queria ir embora, porque havia lhe feito sentir a liberdade que nunca havia sentido.
.
E como se nunca tivesse estado ali, como se fosse o mais correto de se fazer, se despediu.
- Adeus, . - ela disse parada na porta, o observando, logo sentiu as mãos dele tocarem sua cintura e o hálito dele próximo o bastante de sua boca. - Adeus, . - ele disse, e logo sentiu a boca dela na sua, num beijo calmo e lento eles se despediram, se ter certeza se um dia iriam voltar a se ver.

Fim do Flashback


sentia tudo dentro dela tremer, aquilo fora errado o modo que dizeram adeus, a maneira que teve que ir embora. Para ela, tudo estava sendo errado demais e desde aquele dia, ela não conseguia mais sentir aquela leveza e liberdade que havia trago para ela. Ela ouviu passos atrás de si, e logo se levantou olhando para quem se aproximava. Sua assistente administrativa a olhava interrogativa e com poucas palavras, a fez despertar. Ela estava no trabalho, deveria estar terminando de fazer os boletos da empresa, e foi o que fez ao chegar em sua mesa. Passou o resto do dia ali, entre cheques, boletos e contas. Aquilo para ela não era nada interessante, mas era o que lhe sustentava. No fim da noite, quando entrou em sua casa sentiu um vontade imensa de estar no apartamento de , mas não podia. Talvez, ele nem lembrasse mais dela, era o que a mulher pensava e repetia mentalmente. Seus pés cansados levaram-na até seu quarto, onde deitou-se e dormiu.
Na manhã seguinte, acordou com gritos vindo do andar debaixo, e ela rapidamente colocou seu robe e desceu as escadas correndo. Aquilo era tão estranho, geralmente o nome que estaria sendo chamado entre gritos seria o meu, mas surpreendentemente o nome chamado entre gritos era , sua irmã. Ela arqueou as sobrancelhas, quando passou pela porta da sala. Seu pai estava sentado no sofá de cabeça baixa com um copo de whisky e logo pensou "meu pai está bebendo às 9 horas da mnhã, algo de sério aconteceu mesmo...", sua mãe andava de um lado para o outro parando apenas para apontar para a garota, que estava em pé no meio da sala com a cara mais lavada do mundo, e gritar mais um pouco. não entendia nada, eles nunca haviam brigado com sua irmã. Então aquela cena poderia ser considerada histórica. Só no momento em que ouviu o que sua mãe disse é que entendeu toda a gravidade da situação.
- Grávida-a? - ouviu sua própria voz externar o que pensava... Aquilo era loucura.
- Sim, , sua irmã é uma irresponsável que está grávida. - sua mãe lhe respondeu com lágrimas nos olhos e viu a olhar sorrindo.
- Mamãe, será que eu posso explicar tudo? - disse dando de ombros, como se aquela revelação fosse normal. Uma garota de dezoito anos grávida. Aquilo não daria certo, só se... - Eu estou grávida, mas o pai da criança é o Ryan Salvatore. - ela disse com um sorriso malicioso e orgulhoso nos lábios, logo seus pais se olharam e como se nada tivesse acontecido, sua mãe a abraçava sorrindo. Sorrindo.
- Ryan Salvatore? - sua mãe voltou a falar depois de alguns segundos abraçada à filha interesseira. - O filho do dono da Empresa Salvatore, a qual você trabalha? - ela sorriu mais ainda quando a filha assentiu, e logo meu pai estava em pé comemorando com as duas.
- Vocês... Estão felizes? - disse entredentes, não era possível que ela fosse dessa família também. Tão diferente deles, eles me olharam e sorriram assentindo, e fora seu pai quem respondeu.
- Sua irmã é esperta, querida. - seu pai abraçou pelos ombros e sorriu vitorioso. - Estamos ricos.
- Vocês são loucos. - ela disse sentindo tudo dentro dela se revirar. - Golpistas. Ótima maneira de ganhar mais dinheiro, dar o golpe da barriga. Mas, querida, você acha mesmo que o Ryan vai se casar com você? - ela disse rindo, era óbvio que Ryan iria assumir o bebê, por mais louco que ele fosse, ele nunca fora irresponsável, mas também não era idiota para se casar com sua irmã interesseira, a qual ele sabia que era. - Você é uma iludida, . E vocês são podres! - apontou da sua irmã para seus pais, virando-se em direção às escadas.
Ela sempre soube o que queria, tudo sempre esteve debaixo do seu nariz e ela sempre fugiu. Não podia mais fugir disso. Era sua vida em jogo. Enquanto abria sua mala preta e colocava de qualquer maneira suas roupas prediletas, ela sorria. Estava livre, finalmente e irremediavelmente. Nada era capaz de fazê-la voltar atrás, aquelas pessoas no andar debaixo não significava nada para ela. Às vezes se questionava se era possível ela ser adotada, quem sabe a dor fosse menor... Tudo era colocado nas malas grandes, desde roupas até fotos, CD's e DVD's antigos, revistas, livros e cadernos. Em sua bolsa colocava seus documentos, necessaire, notebook e tudo mais o que encontrou enquanto andava pelo seu quarto, então logo estava passando pelo hall de entrada, seus passos eram observado de longe por seus pais e irmã, ela só parou quando ouviu sua mãe sem ânimo algum, questionou onde estava indo com tantas malas, e com um sorriso vitorioso virou-se falando: "Embora, mamãe. Adeus, queridos". E então, com o sentimento de liberdade dentro de si, ela andou até estar dentro de seu carro e acelerou sabendo o seu destino.
O nome da cidade brilhava em seus olhos quando passou alguns minutos antes em frente a placa de "Bem-Vindos à Londres", seu sorriso fazia seu rosto doer de tão verdadeiro que era. Horas antes havia passado na Empresa Salvatore e pedido demissão e agora estava ali. Sem lugar para morar, sem emprego e sem algum conhecido. Mas sempre seria . Já estava anoitecendo quando se instalou no quarto de hotel, e ao invés de procurar um apartamento que pudesse alugar para morar, ela correu até o banheiro onde passou algumas poucas horas se arrumando. A noite seria longa. Enquanto, andava apressadamente até seu carro usando, como naquela noite, um vestido preto curto e sapatos creme com os saltos de zebra. Sentia-se linda, mas dessa vez tudo o que queria era encontrar aqueles olhos , que fora responsáveis de fazê-la sorrir desde a primeira vez que se encontrou com os seus olhos .
já estava cansada de ficar sentada ali, os homens passavam e sempre lhe lançavam cantadas idiotas, e nada dele. não viria, ele não aparecia magicamente como ela imaginou. Ela estava decepcionada, mas sabia que não poderia se sentir assim. Ele nem ao menos sabia que ela estava na cidade, e era provável que ele nem se lembrava dela. Então, subitamente se colocou de pé, deixando um nota de dinheiro ali no balcão sobre os olhares atentos do mesmo barman de meses atrás, e então começou a andar em direção a saída. Iria embora, dormiria e no dia seguinte encontraria um lugar para morar. Procuraria um emprego e esqueceria de . Ele fora uma aventura de uma noite, ela repetia incansavelmente para si mesma. Quando já estava na calçada, virando-se para ir em direção ao seu carro sentiu se corpo esbarrar em alguém, e então levantou o rosto pronta para xingar quem quer fosse. Não estava com humor para pedidos tolos de desculpas, mas quando o xingamento sujo já estava subindo por sua garganta, sentiu sua voz morrer ali. Não está tão bêbada para ter visões, certo? Ela se questionou, piscando repetidas vezes enquanto observava o homem à sua frente.
- .- ela sussurrou se sentindo boba, como sempre se sentia quando estava perto dele.
- , eu não acredito nisso. - o homem disse com tanta felicidade, que chega a ser palpável e o sorriso, ah o sorriso era o mais lindo de todos para . - O que faz aqui? Por que não me ligou? - ele perguntava enquanto voltava a se aproximar de , que sorriu tímida.
- Não sei... Cheguei hoje. - ela respondeu sincera, completando com o tempo em que estava em Londres.
- Vai... Vai ficar até quando? - ele a questionou olhando para suas mãos, sentia uma vontade louca de tocá-la, mas e se ela não quisesse?
A mulher na sua frente parecia tão distante, talvez estivesse incomodada com a presença dele, talvez ela não quisesse tê-lo encontrado. Ele parecia um adolescente se questionando e sem saber o que fazer, suas mãos suavam. Queria tocá-la. Sentira tanta saudade de , como nunca havia sentido de outra mulher. Ele sabia bem que haviam passado um noite apenas, e que incrivelmente não havia acontecido nada além de beijos quentes, e ele sentira saudade dela. Porra, fazia três meses e a mulher ainda bagunçava seus pensamentos. O que aquela mulher tinha e por que havia escolhido justamente preto para usar hoje? Seus devaneios só foram quebrados quando ouviu a voz bonita e calma de responder sua pergunta.
- Não sei. - a mulher respondeu, para ela estava sendo sincera, para ele estava fugindo de respostas verdadeiras. - Digo, eu vim morar aqui. - ela completou, quando viu os olhos que sempre eram tão vivos, se tornarem opacos. Ao ouvir a sua afirmação, levantou os olhos e sorriu.
- Morar? Sério? - ele a questionou sentindo a felicidade tomar-lhe novamente, e quando a viu assentir, não se conteve e a puxou para um abraço.
Ele se arrependeu logo que a tomou em seus braços, mas ao sentir os braços finos e frágeis de ao redor de sua cintura se sentiu feliz. Ela o correspondeu, automaticamente. Ele sentia o cheiro do seu perfume, era uma mistura de chocolate com morango, que se tornava uma essência maravilhosa para ele. Ela sentia o perfume amadeirado com a loção pós-barba dele serem inalados pelo seu nariz e sorriu. Fazia tempo que não sorria assim, pensou. Ela queria tocá-lo melhor, e como a mulher de sempre, se afastou minimamente para tocar o rosto do homem que fechou os olhos, no mesmo momento, sorrindo. Seus dedos macios percorriam a testa, nariz e bochechas de , sentindo a maciez da pele do homem e deixou que um sorriso libidinoso surgissem em seus lábios. Seus olhos pousaram-se na boca carnuda do homem e sentiu vontade de novamente tocá-los, mas não o faria. Ele poderia negar isso, não poderia? Ela se afastou totalmente dele, o fazendo abrir os olhos assustados e perplexos. Por que ela havia feito isso? O carinho estava tão bom, era o que ele desejou durante todo esse tempo e agora que estava sentindo-a ali, a mulher se afastava. O que ele havia feito de errado?
- Eu... - disse, mas parou ao ouvir sua própria voz fraca demais ao seu ver. - Eu tenho que ir. - ela voltou a dizer e virou-se, com os pensamentos à mil, o que estava fazendo? Ela gritava com ela mesma enquanto dava o primeiro passo em direção à rua.
- Não vá. - ela o ouviu dizer, e logo seu braço fora puxado por ele, levando seu corpo a grudar no dele, seu coração acelerou perigosamente. - Perdoe-me. - ele disse, antes de encostar os lábios aos delas.
Ele a beijou com volúpia, as mãos firmes ao redor da cintura dela e esperando que ela o esmurra-se e tentasse se libertar. Não foi o que sentiu. As mãos de logo estavam puxando os fios de cabelo de , e suas bocas se moviam em sincronia. Ambos precisavam daquilo, queriam sentir o gosto do seus beijos. As mãos, antes firmes na cintura da mulher, se moveram... Uma para a nuca e outra para a coxa desnuda da mulher, arrancando um leve suspiro de . Eles sabiam que estavam abusando de suas sanidades, mas exploravam cada vez mais a boca e corpo do outro. Quando o fôlego faltou, o beijo se findou, encostou a testa na de e respiraram fundo.
- Vestido Preto de novo, querida? - ele sussurrou sorrindo observando o corpo da mulher, e ela apenas sorriu assentindo.
- ... - sussurrou contra os lábios do homem, que sorriu. - Vamos sair daqui? - ela disse e em momento algum se sentiu vadia, ao contrário, se sentiu determinada e certa como nunca se sentiu antes.
- Você... Você tem certeza? - ele a olhou profundamente e logo recebeu sua confirmação, e então ambos começaram a andar de mãos dadas em direção ao carro preto de .

Depois de entrarem no apartamento de , a mulher lhe contou tudo o que houve em Manchester e o porquê da sua decisão de ir morar em Londres. sorriu por saber que agora a teria ali tão perto dele. A mulher teve que lhe questionar sobre o que fazia para ganhar dinheiro, era injusto ela ainda não saber. E então, quando ele disse que era cantor de uma banda britânica, ela sorriu e o fez cantar algumas de suas músicas. A voz dele era de um anjo, ela pensava. Ele era um anjo. Tomaram um bom vinho enquanto conversavam animadamente, e poucos minutos depois os beijos voltaram. O corpo de já estava deitado na cama de , e o homem entre suas pernas a beijava com carinho e delicadeza, as mãos da mulher abriam decididamente os botões da camisa do homem e logo podia sentir a maciez do peito dele, suas unhas arranhavam aquele local e os beijos dele desciam para seu pescoço a fazendo falar o nome dele entre suspiros longos. Sentiu seu coração parar e voltar a bater desesperadamente, quando sentiu seus corpos se tornarem um, e como num estralar de dedos ela sabia o que sentia por ele. Era a loucura mais sensata que ela pensara, era verdade tudo o que sentia. E mesmo com medo do que ele diria, falou aquilo que pensava.
- Eu acho... - ela disse com sua cabeça deitada no peito do homem, sentindo o carinho que ele fazia em suas costas nua. - Eu acho que estou apaixonada por você. - ela sorriu, olhando para longe, não queria encarar os olhos assustados de .
- Acho que eu digo o mesmo... - disse apertando-a mais contra seu corpo. - Eu estou apaixonado por você, . - o homem segurou o queixo da mulher e disse as palavras olhando em seus olhos , e se sentiu feliz como nunca havia sentido antes.


Um ano depois

- ... - a chamava pela décima vez seguida, e a mulher ainda não havia vindo até a sala. - , podemos ir logo? - ele disse bravo, sentando-se no sofá com os braços cruzados.
Estavam namorando há um ano e morando juntos há dois meses, mas mesmo com o tempo não conseguia se acostumar com o jeito lerdo de sua namorada. Ela poderia se arrumar mais rápido, certo? Mas não, sempre demorava e demorava. Isso o irritava profundamente, mas... Sempre relaxava quando a via. Seus olhos percorreram os sapatos dourados da mulher parada à sua frente, passando por suas coxas sempre desnudas, seu vestido vermelho, seus lábios pintados de vermelho e, por fim, chegando em seus olhos que ele amava mais do que tudo. Levantou-se e colocou sua mão na cintura da mulher, roçando os lábios nos dela e sorriu ao vê-la suspirar.
- Estamos atrasados, não é? - ela disse rindo, e entrelaçando os dedos do namorado aos dela, logo estavam dentro do elevador indo em direção a boate. A mesma que se conheceram.

O casal já estavam ali fazia algumas horas, e só paravam de dançar quando queriam beber. Já estavam novamente no meio da pista, as mãos de segurando possessivamente a cintura de , as mãos da mulher colocadas delicadamente nos ombros largos do homem, os corpos se moviam sincronizados e ambos sentiam seus troncos se tocarem, suas pernas se roçarem trazendo toda aquela sensação de fogo lhe tomarem. lhe beijou o pescoço antes de subir a boca da mulher e beijar-lhe com toda devoção que era possível, ele sabia que a amava. E sentia um prazer imenso em saber que ela era dele e só dele, mas sempre que estavam assim tão perto queria senti-la mais e mais. Suas mãos percorriam sem pudor algum o corpo da mulher, que não se importava nem um pouco, queria senti-lo sempre tão perto. Ela era dele, e ele era dela.
- Eu te amo. - ela o ouviu falar em seu ouvido, a despertando de qualquer outra sensação que pudesse estar sentindo, aquela era a melhor de todas. Ele a amava, e era sempre a melhor coisa do mundo quando o ouviu falar isso.
- Eu te amo, eu te amo, eu te amo. - ela falou três vezes seguidas, como se pedisse para ele nunca se esquecer disso e, por fim, selou seus lábios ao dele.
Voltaram a mexer os corpos sincronizados e no mesmo ritmo, sem desgrudar os lábios uma única vez. Eles, desde o dia em que se viram, tornaram-se um só. E agora, todas as noites de sexta feira, como naquela primeira vez, dançavam juntos a noite toda.

Fim

Nota da Autora (28.10.2013): Quem promete, cumpre. E aqui estou, fiquei horas escrevendo, e o nome veio mais do que rápido. Vestido Preto, pelo simples motivo de que: ela estava usando um vestido preto quando se conheceram. Muito amor. Eu amo essa história, porque eu sempre acho outras personalidades minhas, talvez, essa seja uma das minhas personalidades. Enfim, beijos e comentem aqui embaixo, lá no meutwitter @naaathymalik, ou me procurem no meu tumblr, fiquem a vontade.

Beijos, Nathy xx


comments powered by Disqus


Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic é meu, não use a caixinha de comentários, avise-me por email.