Escrita por: Tori C.
Betada por: Natacha Mendes




Prólogo


E então, quando vi seus grandes olhos azuis fixados aos meus pela primeira vez, me senti viva como nunca havia me sentindo antes. Senti que todo aquele esforço, a culpa no primeiro dia, a exaustidão nas últimas horas havia valido a pena. Quando sua pequena mãozinha agarrou o meu dedo indicador – que passava pelo seu pequeno e delicado rosto – uma súbita alegria invadiu o meu corpo, meu coração bateu mais rápido. E então ouvi uma risada baixa, aquela que eu conhecia muito bem. Olhei para cima e encontrei os olhos de . Sorri fraco, e ele disse:
- Dá para acreditar que ela é um fruto nosso?
- Fruto, ? - sorri baixo. - Ainda não dá para acreditar. Mas ela está aqui, está em meus braços.
- Posso segurá-la? - perguntou, meio incerto. - Você parece tão cansada.
- Claro, você é o pai.
Passei delicadamente o pequeno ser que estava em meus braços para os braços dele, e ele sentou ao meu lado sorrindo bobamente.
- , como vamos chamá-la? - perguntou, enquanto brincava com as pequenas mãozinhas de nossa filha e encarava os grandes e lindos olhos azuis dela.
- Blue.
Ele olhou para mim com seus olhos brilhando e sorrindo. Eu sabia, talvez não fosse a escolha perfeita, mas era tudo o que eu conseguia pensar, provavelmente era tudo o que ele pensava também. Ele chegou mais perto de mim e beijou minha bochecha esquerda. Voltamos a olhar a nossa pequena Blue que estava tão serena, mas nos daria bastante trabalho mais tarde.

Parte um -


Cidade nova, quase casa nova – porque é tão pequena que não considero como casa, e dizem que casa é onde o coração está, bem, o meu não está aqui – e vida nova.
Não era bem assim, minha vida continuava o mesmo risco emaranhado de sempre, – aquele que você faz para testar uma caneta nova ou aquela antiga que você pensa que nem pega mais - no entanto, parecia estar menos complicada ou irritante.
Estava tudo decidido, mesmo ainda tendo 19 anos, queria fazer com que essa mudança fosse decisiva e para melhor. Ao menos já tinha um emprego garantido numa livraria e o minúsculo apartamento que era alugado.
Mesmo com pouco dinheiro, nem tão pouco assim, resolvi sair um pouco, espairecer. Estava quente e o meu apartamento não colaborava em nada. Conhecer a cidade, mesmo que sozinha, seria bom. Seria mais independente ainda, é possível? Como ainda estava de dia, diga-se de passagem 4 p.m., tudo ainda estava meio calmo.
Passei por uma rua fofa e bem cuidada. Quando já estava prestes a atravessar, vi uma senhora em seu lindo jardim com seu marido a contemplando regar suas delicadas flores. Aquela cena fez meu coração junto com meus lábios sorrir. “Um dia encontrarei alguém e irei passar o resto da minha vida com ele, amando-o até mesmo com pelancas e braços finos que balançam ao levantar.” Não custa nada sonhar um pouco, não é?
Andei mais três quarteirões. Passei a livraria na qual eu começaria a trabalhar amanhã e encontrei uma dogueiria. Meu estômago pulou de felicidade e roncou de impaciência. Eu não comia desde manhã. Entrei já sentindo o cheiro de salsicha no molho de tomate e abaixei um pouco meus ombros ao ouvir meu estômago roncar de novo, só que mais alto. Que vergonha. Fui até o balcão, analisei todos os cachorros-quentes que tinha no cardápio e optei por um dos maiores, que parecia ser delicioso. Aquele troço tinha até camarão! Minha boca está salivando e eu estava parecendo uma esfomeada.

***

“[...] - Sabe, seria bem melhor se eu tivesse abortado. Você não me ajuda em nada, vive parada esperando que eu faça algo, vive na inércia...Teu pai é um imprestável, um inútil, não ajuda em nada pra poder dar uma vida melhor pra própria filha. Não sei pra que eu aceitei tudo aquilo, por que eu não mudei de opinião?
Estava calada, não conseguia falar nada. Aquele bolo na minha garganta impedia que uma mera palavra subisse. Mas eu não me permitiria chorar, não naquela hora, não mais tarde ou por aquela situação que era um pouco comum de vez enquando.”


Ouvi um barulho estridente e notei que era o meu despertador. Eu gostaria de mais 5 ou 10 minutos, mas não queria sonhar mais com nada ruim ou desagradável. Engraçado como os fantasmas do passado não saem de você, não te deixam livre. De qualquer maneira, pensar em minha família não era ruim, mas me deixava um pouco deprimida por lembrar de algumas coisas.
Estava tão cansada, não devia ter andado tanto ontem. Mas, ao menos, as aulas do meu segundo ano de faculdade só começariam semana que vem, e isso me deixa mais leve.
Levantei meus pesados membros de minha cama e me arrastei até o pequeno e único banheiro da casa. Tomei um banho frio e de cabeça para despertar, enxuguei-me, deixei o cabelo enrolado na toalha e fui me trocar. Vesti uma calça jeans skinny de lavagem escura e uma camisa simples. Calcei meu tênis surrado, penteei meus cabelos e os prendi num rabo de cavalo alto. Comi pão com requeijão e patê de presunto da minha forma simplista e saí de casa às 8:30 a.m.
Ao chegar na livraria, fui recebida pelo gerente. O mesmo me falou sobre tudo e mais um pouco de como tudo funcionava. Recebi meu crachá e fui organizar uma prateleira de uma das estantes de livros, a seção de livros infantis. Ainda estava um pouco cedo, então não tinha tanto movimento, afinal era uma livraria e não um supermercado.


Parte dois -


Ao acordar, toquei o meu lado esquerdo da cama e notei que estava vazio. Suspirei com um sorriso nos lábios. Não foi um sonho, então. Eu estava sendo seco demais... Ela era a minha garota, mas nada estava dando muito certo mesmo, não queríamos as mesmas coisas e nem tínhamos mais os mesmos objetivos. Eu gostava de , mas não a amava mais.
E agora vivia numa vida de azarado. Não que eu acreditasse em supertições, mas, depois de terminar um relacionamento de anos, ter o carro roubado e o seguro não querer cobrir, perder as chaves de casa e ter que trocar a fechadura por uma fortuna, não é considerado um mar de rosas, é?
Levantei da cama, tomei um banho rápido e vesti o terno que sou obrigado a usar no trabalho. Depois de calçar meu sapato social, fui até a geladeira para ver o que tinha para comer. Não tinha nada além de cerveja e vinho. Droga de vida de solteiro.
Sai de casa, desci as escadas, cumprimentei o porteiro e atravessei a rua para dar uma passada na livraria. Comprar algumas revistas e o jornal, ou algum livro, quem sabe. Fui imediatamente a seção de revistas/jornais/hqs. Escolhi tudo e peguei um livro pequeno. Caminhei apressado, achando uma das atendentes da loja na seção de livros infantis. Era nova na loja, com toda certeza. Cutuquei seu ombro, meio sem jeito e sem saber como chamá-la. Ela se virou para mim e sorriu dizendo “bom dia”. Eu ia até dizer algo imprudente, mas o sorriso dela era maravilhoso.
- Bom dia, você pode me dizer quanto custa? - falei, apontando para o livro.
- Claro. Você só vai levar isso mesmo? Porque, se for, eu já posso te atender no caixa...
- É só isso mesmo. - falei, sorrindo e a seguindo até o caixa.
Ela viu o preço do livro e então passou tudo. Me disse quanto deu, e eu entreguei meu cartão para fazer o pagamento. Enquanto ela fazia as coisas, observei seu rosto e então vi o crachá, ela se chamava . “Um belo nome para uma mulher tão linda”. Santo Deus, , que cantada cafona. Ela devolveu meu cartão de crédito junto com uma sacola e a nota.
- Obrigado, . - falei, sorrindo. Ela fez cara de desentendida, como se perguntasse ”como você sabe o meu nome?”. Apontei para seu crachá, e ela sorriu pondo a mão na testa.
Saí da livraria e vi que iria me atrasar. Essa seria a 4ª vez consecutiva, mas eu fui bem com isso até o ponto de ônibus. Engraçado, um executivo bem sucedido pegando ônibus para ir para o trabalho, muito engraçado.
Após chegar ao trabalho e levar um olhar de negação da secretária do meu chefe/ex sogro, fui para a minha sala. Com toda a sinceridade do mundo, eu odeio esse emprego. Por que a tinha que falar para o seu pai me arranjar um emprego aqui? Por quê? Nada aqui se encaixava no meu jeito. Pessoas apegadas a coisas materiais, esnobes, fúteis...
Tomei um pouco d'agua e resolvi que já tinha aberto mão de certas coisas que faziam parte desse “tudo” que tenho hoje em dia. Fui até a sala do meu chefe/ex sogro. Adentrei em sua sala depois de ser permitido. Lá estava ele.
- Algum problema, senhor ?
- Eu me demito.
Falar aquilo foi como tirar uma baleia jubarte de minhas costas. Agora eu finalmente me sentia bem.

***

Depois de cumprir meu último dia no trabalho, passei em casa rapidamente. Chamei os caras para nos encontrarmos e fui até o meu bar preferido. Fazia já um tempo que não nos víamos, então hoje seria uma noite incrível e nostálgica.
Assim que cheguei, eles já estavam na mesa que costumávamos ficar. Cumprimeitei todos e pedimos nossas cervejas.
- Cara, finalmente você se livrou da . - disse .
- Ela te fazia de cachorrinho, cara. Como você aguentou esse tempo todo? - acrescentou .
- Nem eu sei, meus caros. - respondi, dando de ombros. - Só sei que tudo acabou, e a farsa dela também.
Ficamos conversando sobre coisas banais e de como tem sido nossas vidas ultimamente. Eu estava me sentindo tão bem que, se alguém viesse me dar alguma má notícia, eu mandava para o inferno. Depois de toda a chuva de maio até junho, o sol finalmente veio.
- Querem apostar quem fica mais bêbado hoje? - perguntou , o idiota de sempre.
- Vou pedir ali no balcão nossa rodada. - respondi, me levantando e deixando-os lá. Cheguei ao balcão, pedi uma rodada de tequila e uma de vodka. Enquanto esperava minha vodka, vi a garota de hoje mais cedo. A da livraria perto de casa. Tive vontade de conversar com ela, mas apenas tomei o líquido um pouco viscoso e apontei para onde estava sentando para que a rodada de tequila fosse até lá. Voltei para a mesa e discretamente fiquei observando-a conversar com algumas pessoas que estavam ao seu lado.
- Por que você não vai falar com ela? - perguntou , chamando minha atenção.
- Não, cara. Vamos começar a nossa aposta ou não?
Deram de ombros e nós começamos. Eu não queria incomodá-la, eu provavelmente estava com um hálito terrível e essa noite seria apenas dos caras. E afinal, ela não parecia ser uma mulher de apenas uma noite, e sim para todas as noites.

Parte três -


Algumas semanas se passaram, as aulas do meu segundo ano de faculdade começaram e os meus dias eram trabalhar o dia inteiro na livraria. À noite ia a aula e voltava para casa exausta. De vez enquando, nas sextas-feiras, saía com alguns colegas da aula. Meu “apartamento” ficava uma bagunça durante a semana e só no sábado à tarde consiguia arrumá-lo. Minhas roupas estavam quase todas sujas e eu não tinha onde lavar, a não ser que eu fosse para a casa da minha mãe. Estava em pura decadência, mas ao menos ainda tinha a chave de lá.
Peguei todas as roupas sujas, dobrei-as cuidadosamente para que houvesse mais espaço na mochila e saí rezando para que ela não estivesse em casa. Fiquei esperando um pouco no ponto, então o ônibus chegou. Subi, paguei minha passagem e quando estava indo me sentar, eu o vi. Estava sendo isso quase todos os dias. Ele estava me seguindo, só pode. Em quase todos os lugares que ia, lá estava aquele cara que eu atendi no meu primeiro dia na livraria. Isso tinha que parar agora. Sentei-me ao seu lado, pus minha mochila em meu colo e falei:
- Será que dá pra parar de me seguir?
- Hã? O quê? - perguntou ele, meio atordoado.
- Você está me seguindo. Está em quase todos os lugares que eu vou, até mesmo no ônibus! Tem como parar, por favor?
- Eu não estou te seguindo! - disse, como estivesse indignado. - É só que frequentamos os mesmos lugares.
Talvez ele tivesse razão. Eu que sou nova na cidade, e ela nem é tão grande assim. Já fazia semanas, se ele estivesse realmente me seguindo, já teria feito alguma coisa. Ai, como eu sou paranóica. Que vergonha... Baixei meus ombros, me encolhendo um pouco no assento e murmurei um “me desculpe”.
- Sem problemas. - respondeu ele com um sorriso que me fez sentir melhor. Fez com que um pouco daquela coisa que eu sentia saísse de mim e a felicidade viesse e ficasse no lugar. Me senti viva.
Ficamos em silêncio. Eu já estava prestes a cutucar minhas unhas mal cuidadas, quando ele começou a puxar assunto comigo. Estávamos numa conversa animada sobre o hq do Homem-Aranha quando vi que a parada em que eu ia descer estava próxima. Olhei para a janela com um certo pânico, talvez ele tivesse percebido, mas, mesmo assim, eu me levantei.
- Nos vemos depois?
-Ah, claro. - tentei manter uma animação em minha voz. - Nos vemos por aí.
Coloquei minha mochila em meus ombros e me encaminhei até a porta do veículo. Puxei a tirinha para avisar ao morista que ia descer, e se levantou.
- Você me passa o seu número? - perguntou com um sorriso um tanto maroto.
- Nos vemos depois, . - respondi, sorrindo e descendo do ônibus.
Olhei para o veículo, encontrando os olhos e o sorriso dele. Ele acenou, e eu apenas sorri.
Fui caminhando, logo me senti vazia. Abri o portão e fechei o cadeado. Fui até a porta de trás, onde a máquina de levar se encontrava junto com a secadora, e abri a grade. Estava tudo fechado, o que significa que não tinha ninguém em casa. Tirei as roupas da mochila junto com o pouco de sabão em pó e amaciante. Abri a tampa da máquina, colocando primeiro as roupas brancas. Depois de colocar as roupas brancas na secadora, coloquei as coloridas. Fiz o mesmo processo com os jeans e as roupas íntimas.
Enquanto esperava meus jeans secarem, fiquei lendo pelo celular. Não custava nada me atualizar um pouquinho no livro. Antes eu era um traça de livros e hoje em dia mal tinha tempo para ler, além dos livros da faculdade. E hoje trabalhava numa livraria.
Por fim, as calças já estavam secas. Dobrei tudo, guardei na mochila e voltei para casa.

No dia seguinte, assim que acordei, fui ao banheiro e recomecei minha rotina. Cheguei às 9:30 a.m. na livraria e caminhei imediatamente para o balcão. Estava um pouco atrasada, mas só um pouquinho. No entanto, com toda a certeza Richard iria pegar no meu pé.

Parte quatro -


Ela ainda não tinha chegado. Não que eu estivesse a seguindo, não mesmo. Só por uma incrível coincidência. Entretanto, depois de ontem, estava ansioso para vê-la e conversar com ela novamente. Fiquei enrolando em que hq eu levaria, quando a vi no caixa. Finalmente! Peguei o jornal, o cd do Arctic Monkeys que eu havia escolhido antes, o hq e fui até o caixa. Ela estava um pouco distraída, mas logo percebeu que eu estava esperando e deu um sorriso.
- Vai poder me passar seu número agora? - perguntei.
- Pensei que já tinha esquecido. Eu não sei. Acho que...
- Hey! - a interrompi, chamando sua atenção. - Eu só gostaria de te conhecer melhor e não dar mais a aparência de que estou te seguindo, como você pensou.
- Hum, tudo bem. - deu de ombros. - Mas não posso durante a semana. - falou, me entregando um papelzinho com seu número.
- Que tal ainda hoje? Você larga que horas?
- O quê? , eu tenho que ir pra faculdade.
- Você não se alimenta, não? Tive uma ideia! Você me diz de que horas larga, vamos até aquela dogueiria que é perto daqui para jantar e conversar, então você vai para a faculdade. O que acha?
Ela passou meu cartão na máquina. Eu digitei a senha, e ela me olhou como se me medisse e pensasse se aceitaria ou não. Entregou-me o cartão de volta e disse:
- Okay, eu largo às 17:30p.m. Não se atrase, por favor. Eu não posso me atrasar ou faltar na faculdade.
- Ótimo - sorri. - Até mais tarde.
Peguei minha sacola e sai da livraria, indo em direção ao ponto de ônibus para ir até o pequeno estabelecimento que e eu estamos montando. Iria ser um pequeno bistrô com pequenas mesas do lado de fora e de quebra no cardápio e na outra parte teríamos coisas que uma pâtisserie serve, como macarons, etc, etc.

***

Como combinado, às 17:30p.m. Lá estava eu em frente à livraria, esperando-a largar. O sol ainda estava se pondo quando ela apareceu na calçada. Seus olhos estavam conectados aos meus, eram verdes e brilhantes como o sol. Ela se aproximou. Nos cumprimentamos e fomos seguindo. Assim que chegamos, nos sentamos em uma das mesinhas que ficavam fora e ficamos em silêncio enquanto escolhíamos o que iríamos comer. Como eu já tinha o meu em mente, fiquei fingindo que ainda estava escolhendo e comecei a observá-la. Quando ela tirou seus olhos do cardápio e encontrou os meus, sorriu um pouco sem graça e abaixou o cardápio.
- Já escolheu? - perguntei.
- Sim e você?
- Ah, sim. Qual foi o seu? É que eu prefiro fazer o pedido lá no caixa. Quer algo pra tomar?
- Bem... - hesitou um pouco. - O meu vai ser o de frango com queijo e um suco de laranja.
- Você vai aguentar comer? - arregalei os olhos. - É que, bom, esse é um dos maiores cachorros-quentes que eles servem!
- É que eu não almocei...
- Como não? Por isso que você é assim. - falei um pouco brincalhão, e ela ficou ainda meio sem graça.
- Ah, não deu...
- Tudo bem, eu vou lá pedir.
Ela sorriu ainda sem graça, e eu fui até o balcão. Fiz o pedido e paguei logo para poder comer sossegado. Se fosse com a , ela nem aceitaria vir aqui, teríamos que ir para um bistrô ou gourmet, ou algum outro lugar cheio de frescurinhas. Esperei um pouco na fila e peguei o pedido. Voltei para a mesa e me sentei, pondo a bandeja no meio.
- Eu esqueci de ter a minha parte. Toma aqui. - ela falou, tentando me entregar o dinheiro que seria para pagar o suco e o cachorro-quente.
- , não precisa. Eu te convidei, eu pago.
Ela insistiu mais uma vez, e eu recusei. Por fim, começamos a comer enquanto conversávamos. Na verdade, só falávamos quando um dos dois não estava de boca cheia. Eu pus meu último pedaço, que era grande, na boca e fiquei com a boca bastantei cheia, deixando minhas bochechas um pouco volumosas. Ela gargalhou e quase se engasgou com o suco, mas logo ficou bem.
- Você tem quantos anos mesmo, ? - perguntei, depois de um certo tempo.
- 19 e você? - falou um pouco incerta.
- Eu tenho 26.
Ficamos em silêncio por um tempinho, e ela finalmente o quebrou.
- Sabe, , eu não quero ser sua ninfeta, se é isso que você está esperando, ou pensa em ter algo comigo.
Ela se levantou, e eu segurei seu pulso sem machucá-la para que ela não fosse embora. Estava um pouco confuso.
- O quê? Como assim?
- Eu tenho que ir, senão vou me atrasar.
- Conversamos ou nos vemos depois? - perguntei, me levantando um pouco atordoado.
- Pode ser. Eu tenho que ir agora.
Soltei seu pulso, e ela foi um pouco apressada até o ponto de ônibus. Eu estava pensando... em que ponto eu dei a entender que queria algo com ela, algo a mais? Grande coisa. Sete anos de diferença não é quase nada. Não é como se ela fosse uma ninfeta. Ninfeta. Ela já é uma mulher.

***

Quando cheguei em casa ainda estava com aquilo na cabeça. E já que eu tinha o número dela, resolvi mandar uma mensagem de texto.
, me desculpe se eu dei a entender que eu queria você como namorada ou algo do tipo. Seria algo precipitado, pois eu mal te conheço. Não vamos precipitar as coisas, certo? Xx .”
“Ah, e você não é uma ninfeta. Me desculpe mais uma vez, acho que estou te atrapalhando. Tenha uma boa aula. Xx .”

Joguei meu telefone em cima da cama desarrumada e fui ao banheiro para tomar um banho. Meu apartamento inteiro estava uma zona e meu quarto parecia um ninho de rato. Após tomar um banho um pouco rápido, vesti uma samba-canção e me joguei na cama. Já estava quase dormindo por cima dos lençóis, quando senti algo vibrando embaixo de mim. Fiquei tateando cegamente o colchão. Quando levantei o lençol, achei o aparelho telefônico.
“Está desculpado e você não atrapalhou, o telefone estava desligado. Eu que precipitei as coisas, fui meio impulsiva... Me desculpe.”
“Ah, que bom saber que não sou uma ninfeta. Xx .”

Sorri idiotamente. Sonolento, pus o telefone no criado-mudo, deitei novamente e me cobri, com a consciência me avisando que eu precisava contratar uma faxineira ou arrumar coragem para arrumar o apartamento.

***

Finalmente uma sexta-feira. Até acordei um pouco renovado. Os dias têm sido bons, produtivos e um tanto cansativos. Nessa semana, depois da segunda-feira, mal vi . Gostaria de vê-la de novo e conversar, mas ela parecia um pouco distante. Como se eu fosse próximo o bastante para tirar essas conclusões...
Depois de tomar banho e me vestir, vi que não tinha nada na dispensa. Então teria que tomar café fora ou na cafeteria-pâtisserie que e eu montamos. Enquanto saía, resolvi ligar para a minha mãe para saber se ela conhecia alguém que fizesse faxina ou se habilitasse a vir até aqui para dar um jeito no apartamento. Chamou três, quatro, cinco vezes e ela não atendeu, que milagre.
Atende, atende, atende...
- Mãe?
- Oi, meu filho, como está?
- 'Tô bem. Mãe, a senhora conhece alguém que faça faxina ou...
- De novo, ? - me interrompeu. - Eu te ensinei a arrumar suas coisas, 'tá mais do que na hora de por em prática. - ralhou.
- Eu sei, só que eu estou sem tempo!
- Tudo bem, eu vou procurar. Depois eu ligo pra você. Tchau.
Já estava voltando a caminhar, quando esbarrei em alguém. Esse alguém era .
- Desculpe e bom dia. - falei, enquanto colocava meu melhor sorriso.
- Bom dia. - ela falou, tentando sorrir, mas fez careta.
- Tudo bem? - perguntei. Ouvi um estômago roncar, e não foi o meu.
- Ah, 'tô indo.
- Você tem tempo? - perguntei, apontando para a livraria, e ela assentiu. - Gostaria de tomar café comigo?
- Eu não sei...
- Por favor?
- Tudo bem.
- Não acredito que você ia trabalhar sem comer e dar atenção ao seu estômago. - falei, depois de um tempo. Ela sorriu dando de ombros. Entramos na cafeteria, nos acomodamos e fizemos nosso pedido. - Você pode sair hoje?
- Não sei, acho que não. - sorriu. - Obrigada por me convidar mesmo assim.
Comemos em silêncio, o que pareceu ser horas, mas foram apenas alguns minutos um pouco dolorosos. Percebi que ela estava um pouco desconfortável.
- Nos falamos depois? Posso te ligar para ver se vai ainda ficar em casa hoje à noite?
- Pode. Obrigada pelo café. - disse, dando um beijo em minha bochecha.

***

- , eu já vou ,'tá, cara? - falei, enquanto terminava de comer um cookie.
- 'Tá, seu nojento. Fecha a boca enquanto come!
- Vai poder ir hoje?
- Não, vou esperar a placa chegar e vou ficar com a minha namorada.
- 'Tá bom. Até segunda, então. Vou lá fazer as compras, senão eu morro de fome.
Saí da Coffe&Tea Express, peguei um ônibus e fui até o mercado que era perto de casa. Peguei um carrinho pequeno e fui colocando coisas que achava necessário, etc, etc. Quando cheguei em casa, já eram 17:30p.m.
Resolvi ligar para a , mas ela não atendeu. Sentei-me no sofá e fiquei assistindo TV até dar 19:00p.m. Fui me organizar pra encontrar o no pub.
Assim que cheguei e entrei no pub, avistei sentado na mesa que costumávamos sentar.
- Cadê o ?
- Ele disse que ia ficar com a namorada hoje.
- Isso é muito a cara do - resmungou. - Vamos pedir o quê?
- O de sempre?
- É, pode ser.
- Ah, cara, para de mau humor!
- Vai logo pedir, porra, eu 'tô com fome e com sede! Vai logo, caralho.
- É por isso que você não arranja ninguém, cara. Coitada da mulher, quando você acordar de mau humor.
Ele bufou dando o dedo do meio e resmungou um “vai dar, , vai”. Eu fui até o bar para poder fazer o nosso pedido. Mas, assim que me sentei, avistei-a sentada com um cara sentado ao seu lado e mais algumas pessoas. Ela estava próxima de mim, mas até agora ainda não tinha me visto. Ela não deveria estar na faculdade? Ou ela disse isso apenas para me evitar? Por que isso importa tanto, ?
Pedi duas cervejas e uma porção de batata-frita. Fui tentar falar com ela, no entanto, ela parecia distante, talvez como se fosse muita areia pro meu caminhãozinho. E eu não estava gostando nada disso. Fui até o banheiro para passar uma água no rosto e poupar meus ouvidos do barulho do pub.



Eu estava com uma dor de cabeça horrível. Não deveria ter me deixado levar pra cá. Deveria ter ido diretamente pra casa assim que soube da notícia que as aulas de foram canceladas. E então aqui me encontro, sentada no bar de um pub, ouvindo abobrinhas de um dos meus colegas de classe ao qual eu não fazia questão de trocar uma palavra.
- Parece que ainda não nos conhecemos direito. Por que você está fazendo jornalismo mesmo, ?
Dei um gole no drink que eu não sabia o nome, mas tinha um leve gosto de baunilha. Respirei fundo e respondi:
- Porque eu gosto e sempre me interessei, Ben.
Ele deu um sorrisinho e começou a falar, falar e falar. Deus, como ele é chato, complacente, fútil, irritante, genérico... Tudo o que eu odeio encontrar em uma única pessoa que tem a mesma idade que eu. Acho que ele pensa que sou daquelas que são feitas de purpurina e rendas, que foram mimadinhas pelos pais, etc, etc. Ele se aproximou de mim, passou uma de suas mãos em meu rosto e me beijou. Estava tentando me soltar, mas ele me beijava cada vez mais forte, sugando meus lábios, por fim me soltou.
- Seu lábios são tão simples e são como uma colher de sorvete de baunilha.
Sabe, baunilha, eu gostei disso. Ele sorriu e me puxou mais uma vez contra minha vontade. Estava completamente perdida e histérica, eu queria me soltar e sair correndo pra fora dali. Estava sendo pior. Ele se afastou bruscamente e eu quase gritei um “graças a Deus” quando vi .
- Não se atreva a chamá-la de baunilha e beijá-la a força. - falou com seu maxilar travado e rangendo os dentes. - E se eu te vir mais uma vez perto dela, esfrego sua cara no asfalto. Me entendeu? - continuou com a voz dura.
Ben nos olhou com os olhos arregalados e não moveu um músculo.
- Qual é o problema?
E depois daquilo, o rapaz atônito se levantou e saiu de perto de nós dois.
- , você 'tá bem? Ele te machucou ou algo do tipo? - perguntou, atencioso.
- Obrigada. - o abracei. - Sério, muito obrigada, .
Ele beijou o topo da minha cabeça e me guiou até a mesa que estava, depois de perguntar se tinha algum problema.
- , essa é a ; , esse é o . - fez as devidas apresentações e se sentou à mesa, me levando para o lugar vazio ao seu lado.
- É um prazer, . - sorriu. - Cara, pensei que você tinha morrido. - comentou, tomando um pouco da sua cerveja.
- Ei, você comeu toda a batatinha, seu gordo! - resmungou, me fazendo rir.
- Não liga, não, , aqui é a mesa dos resmungões. - gargalhou também, me fazendo rir. - Vou lá arrumar uma mulher, porque essa vida não 'tá pra mim.
levantou da mesa e se encaminhou até a pista de dança. tocou em meu braço esquerdo, chamando minha atenção, e perguntou:
- Tem certeza que ele não te machucou?
- Tenho.

***

e eu tínhamos nos aproximado bastante depois daquele incidente no pub. Eu sabia sobre a vida dele, e ele sobre a minha. Então vamos dizer que nós eramos amigos. Quando não conseguimos nos ver, ele ligava ou eu ligava para ele. Eu me sintia bem com ele, me sintia de uma forma que jamais havia sentido. Como se estivesse mais viva. É meio complicado pôr em palavras tal sentimento, mas digamos que me sintia feliz, me sintia mais do que bem.
Como era uma sexta-feira e feriado, depois do meu trabalho iríamos sair juntos, como havíamos combinado antes. Assim que larguei, fui imediatamente para casa e tomei banho quente e tranquilo. Enquanto ainda escolhia a roupa que ia vestir, comecei a comer um dos doces que estava em minha geladeira. Era uma tortinha de morango da Coffe&Tea Express que trouxe pra mim ontem. Deus, aquilo era muito bom! Já estava mastigando a última mordida, quando ouvi meu celular tocar.
- Alô?
- , você já 'tá pronta? Eu 'tô aqui embaixo.
- Já? Eu já 'tô indo, espera um pouquinho.
Desliguei e peguei um vestido florido soltinho, uma jaqueta jeans e meus sapatos. Vesti-me rapidamente, penteei meu cabelo, passei um perfume e saí de casa trancando tudo. Desci e o encontrei sentado no meio-fio.
- Desculpa a demora.
Ele sorriu. Nós fomos até o restaurante que ele disse que era um de seus preferidos.
Enquanto esperávamos por uma mesa, ficamos no bar bebendo alguns drinks. Talvez aquilo não desse muito certo, mas estávamos nos divertindo. Por fim, conseguimos uma mesa e jantamos. Depois de pagar a conta, ele me convidou para ir para a casa dele, e eu aceitei. Já tinha ido lá, então não tinha nada demais.

***

Já estávamos mais pra lá do que pra cá, riamos de qualquer coisa. Se alguém perguntasse qual era o meu sobrenome, talvez eu não conseguisse responder. Não, mentira. Meu sobrenome me lembrava biscoito... é ! Eu estava patética.
- Vamos dançar, ! - disse ele, rindo. Eu dei de ombros.
Ele cambaleou até o controle, saiu apertando vários botões e então começou a tocar uma música do AM que já estava acabando. Uma nova música começou a tocar. Logo, a voz do Alex Turner preencheu a sala.
segurou minha mão e juntou nossos corpos. A música era lenta e bem favorável para dançarmos daquele jeito. Pus minhas mãos ao redor de seu pescoço e as dele apertaram um pouco minha cintura. Meus olhos encontraram aqueles glóbulos super e eu não conseguia mais olhar para outro lugar. Era impossível desviar. Ele se aproximou mais fazendo nossas testas se encostarem, consequentemente nossos narizes também. Eu sentia sua respiração lenta e quente em meus lábios.
Ficamos por alguns segundos assim, enquanto nos movíamos lentamente, quase parando e quase fora do ritmo. Seus lábios macios grudaram-se aos meus. Estávamos em um beijo doce e molhado.
Nos separamos, e ele sorriu grudando nossos lábios outra vez, porém com um tanto de urgência. Uma de suas mãos subiu até meu rosto e ficamos ali por um tempo. Mas logo ele me levou cegamente até o quarto, que foi quando começamos a nos beijar com ainda mais urgência.
Prendeu-me contra a parede, tirou sua blusa branca de mangas um pouco curtas e voltou a me beijar. Seu corpo estava tão próximo ao meu que parecia que íamos nos fundir, era como se ele quisesse contrariar Newton, provando que dois corpos podiam sim ocupar o mesmo espaço. Suas mãos indecisas foram até a barra do meu vestido, o puxando para cima e me deixando apenas de calcinha e sutiã. Seus lábios foram até o meu pescoço, dando beijos quentes e languidos. Por dentro eu estava quase em erupção.
Fomos até a cama e eu desabotoei sua calça jeans de lavagem azul claro e velha, e ele se deitou por cima de mim sem fazer peso. Aquilo que estávamos fazendo parecia um erro, mas ao mesmo tempo não parecia. Todas as chances que eu tive para flutuar para longe se esvaíram, e eu não estava dando importância.
As mãos dele foram até o feixe do meu sutiã. Alguns segundos depois, estávamos completamente despidos. Seus lábios e mãos passeavam pelo meu corpo sem nenhuma pressa ou vergonha, e as minhas mãos se mantinham em seus cabelos. Soltei seus cabelos quando seus lábios chegaram dos meus outra vez e desceram para meus ombros. Ele entrelaçou suas mãos às minhas, pondo-as ao lado de minha cabeça. A possibilidade daquilo ser um erro passou pela minha cabeça novamente, mas logo foi substituída pelo delírio e prazer.
Seu corpo caiu ao lado do meu na cama e ele me abraçou, deixando sua cabeça entre meu pescoço e ombro. Sua respiração batia em meu pescoço, causando cócegas e uma sensação boa de satisfação. E então foi assim que peguei no sono.

Parte 5


Assim que abri minhas pesadas pálpebras, senti minha cabeça pesar. Ao menos os lençóis eram escuros, no entanto, o quarto estava claro demais. Ouvi uma respiração pesada. Quando me virei, encontrei dormindo com uma expressão serena no rosto. Ele era lindo. Alguns fios de seu cabelo estavam em sua testa, mas, quando fui tirá-los, ele sorriu e abriu seus olhos vagarosamente. Foi quase impossível não sorrir junto. Nem dava pra acreditar que havíamos dormido juntos.
- Bom dia. - sorriu largamente. - Acordou faz muito tempo?
- Não, não faz muito tempo.
Ele sorriu novamente, se aproximou mais de mim e tomou meus lábios com um certa delicadeza. Uma de suas mãos passeou por minhas costas nuas e pousou em minha cintura fazendo círculos imaginários. O beijo se intensificou, mas meus pulmões precisavam de ar.
- , sobre ontem a noite...
- O que foi, ? - perguntou, me interrompendo.
Sentei-me na cama de costas para ele. se aproximou de mim e beijou meu ombro.
- , foi perfeito. Olha pra mim. - vire-me pra ele nem lembrando da vergonha de estar completamente nua à sua frente. Ele sorriu e continuou. - Não precisa se preocupar, tudo bem? - assenti. - Não foi só uma noite de sexo pra mim...
Deixei-o me beijar. Começamos a nos deitar na cama novamente, então repetimos tudo o que tínhamos feito na noite anterior, porém com mais calma e sóbrios.

***

Nos dias que se passaram, a “coisa” entre e eu foi evoluindo. Vamos dizer que não eramos namorados, mas nos tratavamos como tais. Estávamos nos dando bem, estávamos felizes.
- , você vai poder ir lá pra casa depois da faculdade? - perguntou, terminando de tomar seu suco. Estamos terminando de jantar para eu poder ir para a faculdade e ele para casa.
- Eu não sei, . - ele fez uma cara de cão que foi esquecido na mudança. - Tudo bem, acho que sim.
- YAY! - comemorou. - Obrigado, amor, não quero ficar sozinho hoje.
- ...
- O que foi? - perguntou, atordoado.
- Você me chamou de amor.
- Ah... - suspirou. - ?
- Oi.
- Eu não quero apressar as coisas... Mas, você não gostaria que assumíssemos algo mais sério?
Olhei-o por um instante. Olhei para meu relógio de pulso e vi que eu iria me atrasar para a faculdade.
- , eu posso te dar a resposta quando voltar?




3 meses depois...

Estávamos na cozinha tentando fazer juntos uma omelete bem requintada, no entanto, estávamos bagunçando ainda mais a cozinha do meu apartamento. Estava tocando Twist and Shout dos Beatles, depois Animal do Neon Tree. Ela dançava distraidamente enquanto cortava alguns pequenos cubos de queijo. Dançávamos do nosso jeito. Era engraçado.
- , a sua mãe vai vir mesmo esse final de semana? - perguntou, me entregando o recipiente em que os cubinhos de queijo estavam. Dei um beijo em sua bochecha, peguei o recipiente e coloquei o queijo na mistura.
- Vai sim, amor. Por quê?
- Nada de mais. - deu de ombros e se sentou na cadeira.
Lets Get in on do Marvin Gaye começou a tocar, então eu a olhei tentando sensualizar de uma forma estranha/engraçada. Peguei a frigideira, ainda olhando daquela forma. Passei manteiga meticulosamente na panela que estava em minhas mãos e deixei a mesma no fogão ainda desligado. Balancei meu quadril para frente, para trás lentamente e fiz uma cara difrente. Ela gargalhou alto, e eu me aproximei dela ainda “rebolando”. Peguei suas mãos, depositei um beijo em cada e as coloquei em minha bunda, fazendo uma cara sexy diferente. Inclinei-me em sua direção e sussurrei:
- Você que devia 'tá fazendo isso.
Ela riu. Eu me afastei indo para perto do fogão, colocando a omelete na frigideira.
Depois de pronto, dividi ao meio, peguei os pratos e talheres e me sentei ao lado dela. Começamos a comer em silêncio, dando algumas olhadas, de vez enquando sorrindo. De repente ela parou de comer e me olhou com os olhos arregalados.
- , o que foi? - perguntei, preocupado.
se levantou bruscamente e saiu correndo. Olhei para o meu prato, remexi na omelete com o garfo e me veio a mente: “O que há de errado? Não 'tá ruim...”. Levantei-me assim que ouvi um barulho e fui até o banheiro, encontrando-a vomitando. Agachei-me ao seu lado e segurei seus cabelos.
- O que foi, amor? Você queria tanto comer aquela omelete...
Ela conseguiu parar, se levantou, lavou a boca e prendeu o cabelo. Saímos do banheiro e voltamos para a cozinha, mas só eu voltei a comer.
- ...
- , - me interrompeu. - tem uma coisa errada. Eu ia te contar antes, mas pensei que estava errada. Agora eu confirmei que não estava. A minha mestruação atrasou mês passado e esse mês, agora eu...
- Vomitou. Você está grávida?
Ela ficou em silêncio olhando para as mãos que estavam em seu colo. Era muita informação. Na verdade, era uma única informação, no entanto, com grandes responsabilidades. Levantei-me, dei um beijo em sua cabeça e saí do apartamento para ir até uma farmácia.

***


já estava no banheiro há mais de 5 minutos. Com toda certeza a fitinha já tinha mudado de cor. Estava no quarto sentado na cama, para dar-lhe mais privacidade, porém tava demorando muito. A preocupação estava ficando ainda maior. Ouvi um soluço. Sem pensar duas vezes, abri a porta do banheiro. estava sentada na bacia sanitária e algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto.
- Você já viu? - perguntei, baixo, com a voz falhando. Ela negou com a cabeça. Peguei-a no colo e me sentei com a mesma no vaso sanitário. - , amor, independente de qual seja o resultado, eu vou estar aqui, tudo bem? Por favor, não chora.
Ela se encolheu em meu colo, deu um beijo no meu pescoço e soltou uma lufada de ar naquela região. Estiquei meu braço o quanto podia e consegui pegar o teste de farmácia. Já estava azul. Quando observei mais um pouco, prendi minha respiração.
- Estamos grávidos, amor.
Ela sorriu baixo e eu apertei-a em meus braços, tentado passar toda a segurança que eu podia transparecer no momento. Mas, internamente, eu estava me cagando. Eu seria um bom pai?

2 meses depois...

Depois de contarmos para a nossa família que um(a) novo(a) integrante estava a caminho e a mãe de “reclamar”, dizendo que a filha não teve cuidado e que cometeu o mesmo erro que ela, a começou a morar comigo. Fizemos a mudança desde o início do mês passado. Eu não a queria sozinha naquele apartamento minúsculo depois de ter ouvido aquelas coisas de sua mãe, enquanto eu estava aqui, sozinho, querendo saber se ela estava bem ou não. Ela estava carregando uma vida dentro de si, que era uma parte de mim... Não iria deixá-la sozinha de jeito nenhum.
Na metade do mês passado, fomos até uma clínica e ela fez a primeira ultrassonografia junto com uma consulta. Estava com quatro meses e era uma menina! Claro que eu esperava um menino, até mesmo a esperava isso, mas uma menina também já estava de bom tamanho.
Por graças ao Senhor, hoje era uma sexta-feira. Estava completamente exausto e cheio de sacolas. Queria agradar a minha namorada um pouquinho, não faz mal de vez enquando, ou sempre. Abri a porta de casa e fui direto pra cozinha.
- ? É VOCÊ? - gritou do quarto.
Berrei um “já 'tô indo”, coloquei as coisas em cima da mesa e fui até o quarto. Assim que abri a porta, a encontrei trocando de roupa. Vestia uma das minhas camisas. Sua barriga ainda era pequena, mas dava muito bem para notar. Fiquei observando todos os detalhes de seu corpo, até ela estar vestida e me olhando com as sobrancelhas arqueadas.
- Não olha assim pra mim.
Sorri e a beijei, deixando-a um pouco sem graça. Abracei-a por trás acariciando sua barriga saliente e levando-a para a sala.
- Não há nada que não tenha visto.
- Engraçadinho. Tirou o dia para me deixar sem graça hoje, huh?
Nos sentamos no sofá, e eu liguei a TV. Ela estava sentada entre as minhas pernas.
- É claro que não.
- O que trouxe hoje pra mim? - perguntou, depois um tempo. Olhou para mim com um sorrisinho, aquele sorrisinho que ela fazia para conseguir as coisas. Ela saiu do meu colo, e eu me incliquei até ficar na altura da sua barriga.
- Tá vendo como sua mãe é? Só pensa em comida, filha! E o papai? Como é fica, hein?
Dei um beijo em sua barriga por cima a camisa, vi que ela sorria e fui até a cozinha. Peguei as coisas e voltei para a sala, sentando-me ao seu lado novamente.
- Eu te amo, sabia?
- Só fala isso porque eu trouxe comida. - resmunguei, cruzando os braços e fazendo bico.
- É claro que não! Só pra confirmar isso, vou dividir com você.
- Essa era intenção! - falei, rindo.
- Gordo!
- Sou mesmo, sou seu gordinho magro.
Ela gargalhou e me deu um pedaço do doce que estava comendo, que era um dos seus preferidos.

4 meses depois...

Assim que a completou 6 meses de gestação, teve que parar de trabalhar e só ia para a faculdade e para o pré-natal. Conseguimos organizar o segundo quarto do apartamento e transformá-lo no quarto da nossa filha. Ainda não tínhamos pensado em um nome certo, qualquer um que eu escolhesse não a agradava e eu também não me agradava com os que ela escolhia. Tínhamos até lido um livro de nomes, mas não conseguimos nos decidir. Agora a estava com 8 meses, sem nenhuma complicação na gestação, algumas brigas comigo, desejos, mau-humor... Tudo o que uma gestação traz consigo. E é claro que eu tenho a babado bastante e discutido um pouco, até porque ela tem implicado bastante!
Os negócios com a Coff&Tea Express estavam evoluído e nós iriamos abrir uma nova filial, porém em outra cidade – mais próxima. e eu iríamos resolver hoje no fim da tarde/noite. Eu estava preocupado em relação a isso, na verdade. Não queria deixar a sozinha.
- ...
- Que foi, amor? Algum problema? Sentindo alguma dor? - perguntei, voltando imediatamente para a sala. Talvez eu estivesse paranóico, mas, mesmo assim, voltei rapidamente. Ela sorriu e passou as mãos pelos cabelos.
- Não é nada. Eu só queria que você ficasse um pouquinho aqui comigo. - falou um tanto manhosa. Sorri largamente e fui até o sofá, me sentando e ela deitou sua cabeça em meu colo. - Desculpe ser chata ultimamente.
- Você não é chata. - sorri e lhe dei um beijo. - Tem certeza que vai ficar bem quando eu sair?
- Tenho. Ah, eu tenho uma coisa pra te contar.
- O quê? - perguntei, curioso.
- Eu tranquei a faculdade pra...
- O quê!? - a interrompi. - , não precisava fazer isso!
- É só até ela fazer um mês, e eu vou voltar... É só um descanso, .
- Okay, mas você vai voltar, não vai?
- É claro.

***

Depois de ficar um tempo com ela no sofá, resolvemos tomar banho juntos para poupar água e eu poder me arrumar para sair. Foi divertido e um tanto sensual. Acabamos nos ensaboando juntos, mas estava dando em outra coisa e eu não queria machucá-la.
- , você viu minha... blusa. - ela olhou rindo pra mim, enquanto terminava de vestir sua jardineira com a blusa que eu estava procurando. - Essa aqui fica boa? - perguntei, pegando uma blusa de flanela xadrez.
- Claro que sim. Você fica lindo de qualquer jeito.
Ela sorriu corando um pouco. Eu aproximei-a de mim, beijando-a levemente.
- Eu tenho que ir agora. Qualquer coisa ligue pra mim ou pro , ok? Pode até ligar pro ...
- , eu já disse que vou ficar bem e que sei disso! - falou, segurando meu rosto entre suas mãos. Dei-lhe um selinho e saí.



Fiquei vegetando por um tempo no sofá, tentando achar uma coisa que me agradasse, mas não tinha nada. Senti meu estômago roncar e meu cérebro implorar por cafeína e chocolate. Tentei ignorar, mas senti um pequeno chute em minha barriga e me levantei.
- Só quero ver quando você sair, se vai ser comilona desse jeito.
Arrumei a blusa por baixo da jardineira, prendi meu cabelo, peguei as chaves e saí. Senti mais um chute e comecei com o mantra “calma, meu amor, a mamãe já está indo”. Quando cheguei na calçada, senti uma pontada bem forte e não consegui andar. Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus! A dor se tornou mais forte e eu me sentei no meio-fio, sentindo um liquido viscoso escorrer por minhas pernas. Peguei o celular e disquei o número tão conhecido por mim durante esses últimos meses.



Estávamos esperando o sinal abrir para podermos continuar com a “viagem”. Senti meu bolso vibrar e retirei o celular de lá.
- ? Aconteceu alguma coisa?
- ? - ouvi uma fungada. - Eu ‘tô sentindo tanta dor, não consigo me mexer... A bolsa estourou e...
- O QUÊ? , você ‘tá em casa?
- Não. Eu ‘tô aqui na frente, sentada no meio fio. Eu ia comprar café. , eu não quero que seja agora.
- Ai meu Deus, ! Eu já ‘tô indo! Já ‘tô indo! Espera um pouco.
me olhava com os olhos arregalados e uma cara de interrogação. Eu estava nervoso, com os nervos à flor da pele.
- VOLTA, ! A BOLSA ESTOUROU, CARA.
O sinal abriu, mas ele não moveu um músculo sequer.
- , CARALHO! ANDA COM ESSA PORRA, A MINHA MULHER TÁ DANDO A LUZ! - berrei, me exaltando.
Por fim, ele acelerou e fez o caminho de volta o mais rápido que podia. Ainda bem que estávamos perto...
Chegamos e eu vi a de cabeça baixa. Saí do carro feito um maluco – mal esperando o carro estacionar direito – e a peguei no colo, entrando no carro logo em seguida.
- Calma, amor, já estamos indo.
Ela afundou sua cabeça na curva do meu pescoço, e eu tentei tranquilizá-la, mas não conseguia nem tranquilizar a mim mesmo.

***

Estávamos na sala de parto, mas antes de entrarmos, pedi ao que avisasse a todos. Ela não berrava, mas apertava e quase estraçalhava os ossos da minha mão. Acho que estávamos assim há quase 30 minutos. Alguns médicos estavam optando por fazer uma cesariana, foi aí que a berrou fazendo toda a força que podia, e a enfermeira disse:
- Está coroando! Por favor, querida, respire e faça força!
Abaixei-me um pouco para dar um beijo na testa dela, mas a mesma fez um impulso para fazer mais força e acabamos batendo nossas testas. Murmurei várias desculpas, e ela tentou sorrir, mas teve que respirar fundo e fazer mais força. Ouvimos um choro estridente e a caiu na cama, completamente exausta. A enfermeira limpou a nossa filha e a entregou a . Ficamos observando o pequeno ser que estava em seus braços. parecia exausta, mas sorriu quando a pequena agarrou o seu dedo indicador da mão que passava pelo seu delicado rosto. Sorri baixo, e ela olhou para mim maravilhada sorrindo fraco.
- Dá para acreditar que ela é um fruto nosso?
- Fruto, ? - sorriu baixo. - Ainda não dá para acreditar. Mas ela está aqui, está me meus braços.
- Posso segurá-la? - perguntei, meio incerto. - Você parece tão cansada.
- Claro, você é o pai.
Ela me passou o pequeno ser que estava em seus braços, e eu me sentei ao seu lado brincando e sorrindo bobamente.
- , como vamos chamá-la? - perguntei, olhando para os grandes olhos azuis. Tudo o que eu conseguia pensar era azul, coisas azuis, o céu completamente azul, o mar.
- Blue.
Olhei-a sorrindo. Talvez aquela não tenha sido a escolha perfeita, mas nem sempre fazemos as escolhas perfeitas ou escolhemos a certa. Blue foi um erro nosso, mas o erro mais perfeito e o mais certo que já tinha cometido em toda a minha vida.
Cheguei mais perto dela e beijei sua bochecha esquerda. Ficamos observando a Blue que estava serena, até uma enfermeira nos pedir para levar a nossa pequena para a incubadora.

1 mês depois...

Blue estava já com um mês. Era uma bolotinha que chorava bastante e fazia muito cocô, mas era linda e fofa. Estava bem afinado falando isso, mas virei um pai bobão. Fazer o que, né? A iria voltar para a faculdade, e nós estávamos um tanto desajeitados em relação à Blue.
Os caras vieram para cá para ver a Blue e nós dois. A e a namorada de viraram amigas, e eu estou “sem atenção” agora.
- Cara, ela vai ser tão linda daqui há alguns anos... ainda bem que ela puxou a .
- Cala a boca, . Ela é linda e eu sou lindo. Nossa família é linda. - falei, mexendo nas mãozinhas da minha filha.
- Mas é, cara. Toma cuidado, hein? Ela vai ser bem disputada pelos moleques e com os olhos dela... todos vão ficar caidinhos. - disse, olhando para a pequena em meus braços.
- Ela só vai poder namorar com 30 anos.
Ouvimos a gargalhada alta da e um ‘‘até parece” vindo da mesma, e começamos a rir. Só que o , o mais idiota de todos, riu muito alto fazendo a Blue se assustar e começar a chorar. Levantei-me do sofá e dei um pedala no . Vi a com uma cara preocupada, mas fiz menção de que cuidaria daquilo e fui para a varanda. Coloquei-a encostada em meu ombro e comecei a balançá-la levemente.
- Calma... Shii - sussurrei. - O papai ‘tá aqui, amor.
Ela se acalmou um pouco. Fiquei ali até ela se acalmar completamente e seus soluços cessarem. Olhei em seus olhos azuis, que pareciam o oceano, um tanto vermelhos e voltei para a sala.
- Foi mal, cara. - disse , se desculpando um tanto preocupado.
- Sem problemas, ela é assim mesmo.
- Meninos, o almoço está pronto. - minha garota disse, fazendo os dois marmanjos se levantarem como crianças do sofá. voltou da cozinha, sentou-se ao meu lado.
- Já almoçou?
Ela assentiu. Entreguei a Blue para que eu pudesse comer e a nossa bolotinha também. Fiquei observando amamentá-la e nossos olhares se cruzaram.
- Eu te amo, sabia?
- Eu também amo você. Agora vá comer, seu bobo.
Dei-lhe um beijo e fui quase me arrastando para a cozinha para poder almoçar.

***

Depois de passar o dia na Coffe&Tea Express, voltei para casa às 17:00p.m. e encontrei meus dois amores no sofá, dormindo com a TV ligada. A estava com uma expressão tão cansada que eu não queria lhe acordar para ir para a faculdade, mas era necessário. Quando me aproximei mais, vi Blue se mexendo, logo aquele oceano profundo dividido em dois globos oculares encarou os meus. Toquei os cabelos da e ela se mexeu um pouco.
- Amor, amor, acorda. - sussurrei. Ela abriu os olhos e sorriu, me fazendo sorrir junto. Blue fez um barulho chamando nossa atenção. - Oi, meu amor. - continuei, pegando a pequena em meus braços.
sorriu, me deu um beijo e foi tomar banho. Fiquei um tempinho assistindo TV com a Blue, até que a voltou do quarto vestindo uma calça de lavagem escura e uma blusa laranja meio folgada, seus cabelos estavam presos e ela segurava uma bolsa.
- Olha só, Blue, como a mamãe está linda. - comentei, brincando com as mãozinhas da pequena.
sorriu sem graça e ajeitou a bolsa em seu ombro direito.
- Obrigada. , tem leite na geladeira. Qualquer coisa liga pra mim, tá?
- Ok.
- Eu estou com medo de deixar vocês dois aqui.
- Não precisa se preocupar.
- Eu sei, eu confio em você. Agora, eu preciso ir, senão vou me atrasar.
Ela se aproximou, me deu um beijo cálido, deu um beijo na testa da Blue, sussurrou um "cuide do papai", sorriu e saiu.
- O que nós vamos fazer agora, huh? O papai tem que tomar banho. Como é que eu faço? Queria tanto que você falasse... Será que a mamãe te deu banho?
Levantei-me com ela no colo e fui para o quarto escolher uma roupa para poder tomar banho. Cerquei-a com os travesseiros na cama e fui tomar banho. Enquanto me ensaboava e colocava o shampoo no cabelo, ouvi o seu choro. Liguei o chuveiro imediatamente e me enxaguei o mais rápido que podia. Enxuguei-me rápido e me vesti com algumas gotículas de água ainda escorrendo pelo meu corpo. Que se dane. Blue berrava e estava vermelha, talvez estivesse com medo. Peguei-a no colo, encostando-a em meu ombro e foi aí que ela berrou ainda mais. Meu Deus, o que eu fiz de errado? O que ela tinha? Fiquei tentando acalmá-la, mas nada a fazia parar. Meu estômago reclamava de fome, eu estava quase ficando maluco.
- Fome! É isso? Você está com fome, meu amor?
Caminhei até a cozinha com ela ainda berrando e comecei a esquentar o leite. Enquanto o leite estava em banho-maria, fui preparando um sanduíche com uma mão. Que proeza...
- Olha só, Blue, já esquentou! Vamos tomar o leitinho?
Peguei a mamadeira, chequei se estava muito quente e me sentei à mesa. Blue parou de chorar e ficou me encarando com aqueles olhos azuis. Um alívio percorreu meu corpo. Já estava quase agradecendo aos deuses pelo silêncio, quando a tampa caiu e derramou todo leite em nós dois e ela voltou a chorar. Levantei-me irritado com a minha lerdeza e fui para o banheiro. Porra, eu tinha acabado de tomar banho! Tirei suas roupinhas e fui até a banheira. Liguei a torneira de água quente e fui regulando com a fria. Tomamos um banho rápido e ela se acalmou um pouco. Depois de estarmos devidamente vestidos, dei o leite direito a ela e comi bem rápido. Fui para o sofá e fiquei zapeando pelos canais, e ela começou a chorar de novo. Comecei a tentar acalmá-la, mas não estava funcionando.
- Por que você não fala? Seria tão mais fácil. Você poderia dizer logo que eu sou um pai inútil e horrível e depois dizer o que quer.
Levantei-me do sofá e fui para o quarto dela. Talvez daqui a pouco os vizinhos viessem ver o que diabos estava acontecendo. O pior é que eu não queria atrapalhar a perguntando o que tinha que fazer. Olhei ao redor do quarto e tive uma ideia. Coloquei-a no berço e peguei todos os bichinhos de pelúcia que tinha no quarto.
- Brilha, brilha, estrelinha... - comecei a cantar, balançando a estrela de pelúcia na frente dela. Blue parou de chorar e eu quase comemorei, mas fiquei cantando como um retardo com todos os outros bichinhos. - Smelly cat, smelly cat...
Observei que depois de um tempo ela já estava quase dormindo, então seus olhinhos fecharam. Sorri, já estava fechando a porta quando ouvi-a chorar. Voltei feito um furacão, peguei-a no colo e vi que tinha rádio. Liguei-o e começou a tocar Look After You do The Fray. Comecei a "dançar" lentamente com ela encostada em meu ombro. Sua respiração, que antes estava entrecortada, se acalmou.
- Não resiste ao charme do papai, não é? Eu sei, também não resisto a você.
Sorri fraco com a minha idiotice e percebi que ela dormia. Desliguei o aparelho de som e fui para a sala. Sentei-me confortavelmente no sofá com a pequena em cima da minha barriga.

***

Era um sábado. Os últimos dias têm sido mais fáceis. Acabamos nos acostumando com a rotina. Blue já tinha se acostumado a ficar todas as noites comigo sem fazer algum berreiro, apenas chorava quando tinha fome, sono, dor ou feito cocô. Ela estava com 3 meses e ainda não tinha dado um sorriso, mesmo com e eu fazendo várias palhaçadas.
- Amor, você está pronto? - perguntou, aparecendo no quarto com a Blue, que estava um pouco engraçada, no colo. Seu cabelo estava preso como se fosse um coqueiro e, como era liso, estava "espetado". Sorri e caminhei para perto das duas mulheres da minha vida.
- Claro. Preparada para um longo e divertido banho de sol, pequena? - falei, mexendo nas mãozinhas dela.
Depois de alguns minutos, chegamos ao parquinho que era um pouco perto de casa. Estava com Blue no braço e a levava um livro, ela tinha que estudar para uma prova que teria na segunda. Nos sentamos debaixo de uma árvore. Eu coloquei a pequena entre as minhas pernas, encostada em minha barriga. abriu o livro e começou a ler.
- , você quer sorvete?
- Não, ... agora não, obrigada.
- Tá bom, nós vamos ali comprar. - falei, apontando para um carrinho de sorvete. Levantei e fui com a pequena em meus braços.
Ficamos esperando na fila, até que uma mulher falou comigo.
- É sua filha? - perguntou, sorrindo e olhando para a criança em meus braços.
- Sim. - falei e mexi na mão esquerda da pequena. Blue olhava atentamente para a loira à minha frente.
- Ela é uma gracinha, como se chama?
- Blue, ela se chama Blue.
- Blue? Ah, por causa dos olhos dela, certo? Bem criativo. Ela tem quantos meses?
- Tem 3, mas vai fazer 4 semana que vem.
A loira alta sorriu mais uma vez com sua arcada dentária branquíssima. A pequena fez uma careta, me fazendo rir. Por fim, minha vez chegou e eu pedi um sorvete de chocolate.
- Ficou com ciúmes ou não gostou dela, pequena? A mamãe é mais bonita, não é?
Voltamos e eu me sentei ao lado da , da mesma forma de antes. Quando eu ia tomar um pouco do meu sorvete, a bola caiu ao meu lado esquerdo. Blue, que olhava atentamente pra mim, começou a sorrir achando graça da minha cara de surpresa e indignação.
- Ai meu Deus, ! Ela sorriu! Ela sorriu!
Eu ainda estava meio surpreso, então Blue continuou a sorrir. O sorriso dela era lindo.
- Ela sorriu, !
Deixei a casquinha de lado — depois eu ia jogar no lixo —, peguei Blue no colo e a a encheu de beijos. Talvez quem olhasse de fora da nossa bolha de supresa e alegria nos achasse malucos, pais bobões ou simplesmente felizes.

***

Sete meses. Blue ainda não falava nada além de coisas desconexas. Nós ficávamos apelando para que ela falasse papai ou mamãe. Até em sonhos eu discutia com a ou apostava que a Blue falaria primeiro papai, mas nada até agora. Ela só ria das nossas tentativas, era um tanto frustrante, mas, ainda sim, bom. Esse final de semana estava praticamente todo mundo, até mesmo a minha mãe. Em quase tudo a Blue ria, nos fazendo rir também. As mulheres estavam na cozinha, incluindo a bolotinha — Blue. Estava morrendo de sede, então decidi ir até a cozinha.
- , traz água pra mim! - berrou.
- Deixa de ser preguiçoso, cara! - berrei de volta, mas ele sabia que eu levaria para ele. Não sou tão chato.
Assim que estava pondo água pra mim, Blue me olhou com uma cara travessa e sorriu. Aproximei-me dela, apertei levemente seu nariz e fui tentar fazer com ela falasse algo. Sentei-me ao lado da cadeirinha e me ajeitei, dando um gole na água.
- Papai, Blue. Por que você não fala papai?
- Não, , ela vai falar mamãe primeiro!
- Não, . - retruquei.
Minha mãe fez careta e resmungou um "Por favor, se acalmem. Ela vai falar quando estiver pronta." Tentei mais uma vez e vi Blue abrir a boca. Um frio se apossou da minha barriga, meus músculos ficaram tensos, quase tudo pareceu parar.
- Água. - ela falou a palavra com a pronúncia perfeita. Não era "aga", "apum" ou qualquer outra palavra que definisse ou substituísse água. Ela falou ''água''. Todos na cozinha pararam o que faziam. Estávamos com cara de espanto. A pequena Blue começou a sorrir e repetir ''água''. e apareceram na cozinha.
- Fomos todos substituídos por água. Estou indignadíssimo. - disse
- Você quer água, meu amor? - perguntou, se aproximando.
- Água. - Blue respondeu, divertida.
Nós sorrimos. Dei um pouco de água para a pequena e todos voltaram ao que estavam fazendo. Logo o almoço da Blue estava pronto. Eu fiquei pela cozinha mesmo, dando o almoço dela.
- , você falou com a sua mãe? - minha mãe perguntou, enquanto fazia o molho de tomate. Vi que a respirou fundo e coçou seu pescoço em sinal de nervosismo. Blue olhou pra mim e pôs suas mãozinhas na boca como "oh-o-ou".
- Sim... Foi essa semana. Acho que sábado que vem vou com a Blue até lá. - ela respondeu. Fiquei um pouco surpreso, mas também irritado. Ela não havia me contado!
- Oh, que bom, querida!


***

Já era noite, quando todos foram embora. Eu tinha insistido para a minha mãe ficar, mas ela negou e foi pra casa. Estava chateado, não por minha mãe não ter ficado, mas pela não ter me contado. Ela estava tomando banho. Como Blue estava com sono depois de ter sido amamentada, fui colocá-la para dormir. Assim que pus a pequena no berço, fui para o quarto e me deitei. Depois de alguns minutos, senti o outro lado da cama afundar um pouco, uma pequena movimentação atrás de mim e logo uma de suas mãos percorreu minhas costas. Ela me abraçou, pôs uma de suas mãos em minha ereção e deu um beijo em meu ombro. Seu corpo pequeno estava um pouco frio, o que contribuiu um pouco para que meus pelos se eriçassem. Fazia um tempinho que não recebia esse tipo de carícia dela, o que contribuiu ainda mais. No entanto, eu não iria ceder. Ainda estava chateado com ela. Devo estar parecendo a mulher da relação, mas não estou ligando para isso no momento, sou orgulhoso mesmo. Me mexi um pouco e ela se juntou ainda mais a mim, completamente insistente.
- Não, . - falei, assim que ela apertou um pouquinho meu sexo. Ouvi-a resmungar e senti ela se afastar de mim.
- Desculpa, eu ia te contar, . - falou, depois de um tempo.
- Não, não ia.
- Você sabe que é um assunto difícil pra mim. Eu não quero ir sozinha.
- Você não vai sozinha. - falei, me virando para poder vê-la. Ela sorriu meigamente e se aproximou de mim. Deu-me um selinho e arranhou a minha nuca, aprofundando o beijo. - A Blue tá dormindo, amor...
- Eu sei, mas eu sei que você quer isso tanto quanto eu. E você tá parecendo uma mulher.
- Também tô achando isso, mas vou fazer você mudar de opinião. - falei e fiquei por cima dela, prendendo suas pernas entre as minhas. Beijei seu pescoço verozmente. Suas mãos passaram pelas minhas costas e pararam na calça moletom que eu vestia. Ela puxou um pouco e pôs uma das mãos dentro, segurando o meu pênis. Parei de beijá-la e tirei sua mão de lá, segurei as duas ao lado de sua cabeça.
- Não, mocinha. - falei com uma rouquidão na voz e roubei um beijo seu.
Soltei suas mãos para poder tirar a camisa que ela vestia e voltei minha atenção para os seus seios que estavam mais fartos. Passei minha língua ao redor dos mamilos, deixando alguns rastros de saliva e passei minha mão no interior de suas coxas, fazendo-a reprimir um gemido. Fui descendo meus beijos até chegar na barra da sua calcinha. Seu corpo estava completamente arrepiado. Sorri fraco e puxei o único pedaço de pano que a cobria, devagar, até chegar aos seus pés, que me ajudaram a completar o serviço. Meus olhos se encontraram com os seus e brilharam de excitação. Abri mais suas pernas e penetrei um dedo. Ela arfou. Retirei e beijei todo o seu sexo. Lambi e chupei seu clitóris, e ela afundou suas mãos em meus cabelos. Lambi seu monte de vênus e penetrei-a com a língua. Ela estava quente e molhada, completamente entregue ao meu mercê. Retirei minha língua depois de alguns movimentos circulares, e ela resmungou. Voltei minha atenção aos seus lábios. Ela inventou de pôr a mão novamente em meu pênis e apertou. Resolvi então retirar a calça do moletom e a penetrar logo de uma vez, ela não iria aguentar mais e talvez eu também não. Posicionei-me e a penetrei vagarosamente, ouvindo-a gemer baixo em meu ouvido. Deslizava lentamente dentro dela. Nossos quadris se encontravam e tornava aquilo ainda mais gostoso. Pensei até em acelerar meus movimentos, mas daquele jeito estava bom. Era bom senti-lá assim, era bom estar dentro dela.
Ficamos um tempo desse jeito, apenas nos sentindo, quando percebi que não iria aguentar se não acelerasse. Estoquei fundo e vagarosamente, quase parando. Depois acelerei e soltei tudo, sentindo-a também gozar junto comigo.
- Eu te amo, .
- Também te amo, .

Epílogo


Era o aniversário da Blue e, por sorte, era num sábado. Tudo aqui estava quase um caos. Doces e salgados de um lado, bolas de outro, toalhas de mesa no chão. Estávamos quase enlouquecendo para arrumar tudo à tempo. Sorte que não convidamos tantas pessoas. Por fim, conseguimos arrumar as coisas, organizar a aniversariante e nos organizar. A Blue já se arriscava "correr" pela casa enquanto recebíamos os convidados. Eu estava uma pilha de nervos, pois, além de ser o aniversário da pequena, eu estava planejando pedir a em casamento. É, isso é incrível. Aí você se pergunta: por que não pediu antes, homem? Oportunidade e tempo não faltou, mas não era a hora certa. Talvez não exista essa coisa de hora certa, eu já estou com praticamente 27 anos na cara e penso sempre nisso, mas não importa. Talvez não estivéssemos preparados antes. Em minha opinião, acho que estamos preparados agora. Finalmente, ou não. Mas nós temos uma filha - que está completando um ano -, praticamente somos uma família. Eu gostaria de aumentar um pouquinho a nossa família, quem sabe.
- , cadê a Blue? - perguntou a namorada de , segurando o presente que pretendia entregar a pequena.
- Não sei. - sorrimos. - Vou procurá-la.
Saí atrás da Blue pela casa. A encontrei tentando correr do , os dois sorriam aberta e calorosamente. Parei à frente dela e fui dar uma "bronca" nos dois. O não devia deixá-la correr.
- Dona Blue, pode parando de correr, huh? Vai acabar caindo, meu amor.
- Talma, papai, talma! - ela falou, sua primeira frase completa. Sorri e a peguei no colo. ainda estava surpreso. A Blue sempre me surpreendia, então estava praticamente acostumado.
- Vamos lá falar com a tia?

Estava dando tudo certo até agora. A Blue estava se divertindo e os convidados comiam, bebiam e conversavam. Tudo certo. Mas, por que eu tremia feito vara verde enquanto me servia um pouco de refrigerante? Senti alguém abraçar as minhas pernas e vi Blue sorrir mostrando seus dentinhos.
- Oi, meu amor. - peguei-a no colo. - Quer? - perguntei, pegando um brigadeiro e a entreguei.
- Aqui estão vocês! A estava te procurando, . - disse a namorada do , roubando o brigadeiro que eu estava prestes a comer.
Fiz careta, agradeci - não por ter roubado meu doce, e sim por ter me avisado - e fui até a . Assim que chegamos, sorriu. Ela estava no terraço, conversando com algumas das suas amigas da faculdade. Dei-lhe um selinho, porque a Blue estava colocando suas mãos no meu rosto.
- Algum problema, amor?
- Não - sorriu. - Bem, gente, esse é o meu... hum... . - falou, me apresentando um pouco sem jeito. Cumprimentei todas suas amigas e pedi licença, levando-a até à cozinha. Antes deixei a Blue com a minha mãe. me olhou em confusão.
- O que foi? Algum problema?
- Não, é só que... - suspirei, um pouco frustrado. - Como eu vou dizer isso? Nós dois estamos juntos a praticamente mais de um ano, temos uma filha... Sabe, por tudo o que nós passamos nesse tempo, eu não me arrependo de nada. Eu te amo, . - ela ia me interromper, mas continuei antes que falasse algo. - E muito. Talvez eu esteja me precipitando ou talvez não seja o momento certo, mas não consigo mais guardar isso pra mim.
- Eu também não, não me arrependo de nada. Eu também te amo muito, , mas não estou entendendo.
Suspirei pesado, eu estava enrolando demais com apenas uma pergunta, mesmo ela não sendo nada simples. Peguei o anel que estava em meu bolso e terminei logo com o meu sofrimento.
- , você aceita se casar comigo?
Vi seus olhos brilharem e ficarem marejados. Ela sorriu e fungou, prendendo seu choro. Sorri um pouco sem graça e fiquei esperando sua resposta.
- Você me pegou de jeito agora. - sorriu. - É claro que sim, !
Todos os meus músculos, que estavam tensos, relaxaram um pouco e eu consegui sorrir. Pus o anel em seu anelar esquerdo. Enquanto nos beijavamos, ouvimos um pigarro. Quando nos separamos, vi quase toda a festa nos encarando e a Blue com as duas mãozinhas na boca no colo da minha mãe. A corou por um momento.
- E então? - perguntou, quebrando o silêncio. apenas levantou sua mão esquerda e todos suspiraram batendo palmas. - Finalmente, cara!
Comecei a rir, abracei a e beijei a mesma rapidamente.
- Vamos cantar parabéns para a Blue?!

***

Cinco anos. Agora ela tinha cinco anos e eu já me sintia um "velho". A minha pequena não era mais aquele bebê, mas continuava sendo. Dá para entender? A nossa família agora, pra mim, estava completa. Além da Blue, o pequeno Peter veio nos trazer ainda mais sorrisos e preocupações. Ele era um ano e meio mais novo que a Blue. Nós tínhamos nos mudado de apartamento, até porque um que tinha apenas dois quartos não daria muito certo. Estava pondo a Blue para dormir, enquanto a ficava um pouquinho com o Peter.
- Papai, por que eu não tenho um bilau? - ela perguntou, enquanto eu ligava a luz do abajur e desligava a luz principal.
- O quê? - perguntei, atordoado, mas logo me recuperei. - Não, filha. Só meninos têm.
- Mas por que, papai?
Ouvi uma risadinha vindo da porta e sabia que era a . A Blue ainda estava séria, esperando que eu a respondesse.
- , me ajuda aqui, por favor? De onde você ouviu isso, Blue?
- Querida, como o seu pai disse, só os meninos têm. Eu não tenho, você não tem, nenhuma menina tem, porque nós somos meninas. Já o papai tem, o Peter tem e todos os meninos têm, porque eles são meninos. - falou, calma, se sentando do outro lado da cama deixando a Blue entre nós dois.
- Ah, entendi. Papai, você não explica bem. - Blue falou, já sonolenta. Dei língua infantilmente e afaguei seus cabelos. - Pai, conta uma história?
- Que história você quer que eu conte, meu amor? - perguntei, ainda afagando seus cabelos. sorria e nos observava.
- A de como você e a mamãe se conheceram.
- De novo? Você não quer aquela do macaco maluco que queria ser o homem-aranha, não? - perguntei, fazendo as duas sorrirem.
- Não, papai, a do macaco não.
- Okay... - suspirei, dando um ar dramático.
se despediu da Blue, dizendo que ia tomar banho.
- Tem certeza que quer que e...
- Sim, papai, para de enrolar!
- Okie dokie, mocinha. Eu estava sendo muito azarado, tinham roubado o meu carro e eu tinha que trabalhar, mas, mesmo assim, fui até a livraria que tinha perto da minha casa para poder comprar o jornal do dia, mesmo que fosse me atrasar. Quando cheguei lá, achei um livro legal, mas eu nao sabia o preço, então fui perguntar a alguém. Foi aí que eu vi a sua mãe. Ela estava arrumando alguns livros que você adoraria ler. Ela sorriu e me cumprimentou. O sorriso dela era incrivelmente lindo. A partir dali, eu queria vê-la sorrir todos os dias pra mim e por minha causa. Sabe por que eu tenho tantos livros?
- Por quê? - ela perguntou. Ela sempre perguntava, mesmo sabendo que eu iria falar o porquê.
- Porque eu ia na livraria todos os dias só para poder ver a sua mãe. Ela tinha um sorriso tão lindo, ela era linda. Na verdade, ela é linda, assim como você também é. Eu precisava vê-la todos os dias. Sabia que um dia a pensou que eu estava a seguindo? Mas eu só estava indo para a casa do tio ! - sorrimos. - E foi por causa disso que nós viramos amigos. E então eu me apaixonei completamente por ela.
Enquanto contava, lembrava-me de tudo. Aposto que eu tinha um sorriso bobo e nostálgico em meu rosto. Terminei de contar como sempre terminava. Dei um beijo na testa da pequena que estava praticamente adormecendo e senti seus bracinhos me abraçarem forte como ela sempre fazia todas as noites. Sempre que ela fazia isso, na verdade o Peter também, eu me sentia ainda mais vivo e feliz.
Assim que abri a porta - que estava apenas encostada -, encontrei a sorrindo um pouco chorosa. Ela olhava fixamente para uma das fotos que estava na parede do corredor. Talvez ela estivesse escutando o que eu falava para a Blue. Dei-lhe um selinho.
- Um euro por seus pensamentos.
- Eu te amo. - ela falou, alargando ainda mais o sorriso e me dando mais um beijo.
- Eu te amo também.



FIM



Nota da autora: 23/10/2014 - No começo, essa fic era para ser uma shortfic, não daquelas que eu escrevia anteriormente, mas sim uma coisa pequena... mas, não, acabei me empolgando e escrevendo tudo isso. Essa com toda certeza vai entrar para uma das fics amorzinhos que eu escrevi, aquelas que estão na lista "xodós da Vitória", sim! Talvez eu seja um pouco besta, mas sempre quis escrever uma fanfic que envolvia bebês. Sério, acho tão...%%%hdsaudgasfgdygf pode me chamar de maluca, eu deixo. Vou tentar não fazer essa nota maior que a fanfic, porque, né... Desculpem-me pela parte mais caliente, essa é a minha primeira fanfic (shortfic) restrita, então me dêem um descontinho, né? Enfim, adorei escrever essa fanfic e espero que tenham gostado tanto quanto eu, ou apenas gostado. Anyway, até a próxima! xx

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