Escrita por: Cher Louise
Betada por: Caroline Cahill




Better Than Revenge
Especial de Natal


(N/A: O especial é todo em flashback de um Natal em que seu irmão ainda estava vivo e vocês eram adolescentes. O objetivo desse especial é que vocês conheçam melhor como era a sua relação com seus pais, com seu irmão e como você era antes de tudo acontecer em sua vida, espero que gostem! ;D)

A melhor época do ano enfim tinha chegado. O Natal deve ser a comemoração preferida de todo mundo e pelo mesmo motivo: a paz. Até minha mãe ficava menos insuportável quando o mês de dezembro começava. Querendo ou não, clima natalino acabava mexendo com todo mundo e de algum jeito. Para mim, então, o Natal esse ano seria dez vezes melhor, já que eu pediria minha passagem para Nova York de presente de Natal ao meu pai e ele, de maneira alguma, se negaria a dar. Eu já tinha dito aos meus pais que pretendia fazer essa viagem após o Natal e o Ano Novo e construir o meu próximo ano todo lá, mas como ainda não tinha conversado com sobre isso, preferi me manter quieta, por enquanto, em questão da minha passagem. Desde que tomei essa decisão e comuniquei meus pais, meu pai ficou de me mandar dinheiro todo mês até eu arrumar um emprego em Nova York e de me ajudar com , o que seria muito mais preciso, já que meu irmão sempre fora meu ponto fraco. Minha mãe, pelo contrário, disse que o era um problema totalmente meu, porque ela realmente queria que ele me fizesse continuar naquele inferno. Que ótima mãe eu tinha, hein?
Ignorando toda aquela confusão dentro da minha casa, que havia se tornado constante, fui visitar minha melhor amiga para comunicá-la da minha decisão. É, até então, só meus pais sabiam. Além de , eu ainda tinha de contar ao Daniel, o que também seria difícil. Mas nada disso iria abalar o meu Natal, certo?
Espero que sim.
— Como você ainda não contou pra eles, do céu? — minha melhor amiga andava de um lado ao outro em seu quarto, nervosa.
— Eu ainda não arrumei um jeito bom o suficiente. — dei de ombros. Tá, aquele não era um motivo bom, mas era o único que eu tinha para evitar aquilo.
— Você não pode deixar pra contar tarde demais, .
— Eu acho que é até melhor. — admiti. — Ele não vai pensar em nada que me impeça.
— E por que você não quer ser impedida? É o seu irmão. Você vai mesmo sem ele?
— Ele não iria comigo nem se eu implorasse. — forcei uma risada, negando com a cabeça. — É o meu sonho, , eu não posso desistir dele.
— Mas... — hesitou, suspirando. — Eu não quero que você vá.
A encarei, fazendo um bico. Não ia ser fácil sair daqui.
— Por que você não vai comigo? — tive coragem de perguntar. — Você também quer se médica. Sabe que lá iremos ter a melhor formação do mundo. Vem comigo, ...
— Eu não posso deixar meu namorado, minha mãe... Não tenho a mesma coragem que você.
— Namoro acaba e família é pra sempre, eles vão te apoiar. É seu sonho.
— Eu não vou conseguir deixar o Peter aqui, ...
— Consegue, sim! — sorri para ela, a fim de transmitir confiança. — Vamos, , vamos comigo atrás do nosso sonho.
— Se você contar para um dos meninos ainda hoje... — respirou fundo e continuou: — Eu falo com meus pais e com o Peter pra ir com você.
Arregalei os olhos. Ela estava falando sério?
— Você tá falando sério?
— Estou, mas não esquece a minha condição.
— Tenho que contar para os dois? — fiz uma careta. Não tinha mais certeza se valia tanto a pena assim.
— Não sou tão má, deixo que escolha só um. — sorriu de canto.
— Vou falar com e mais tarde te ligo. — avisei, me levantando.
apenas me lançou um sorriso como quem dissesse ‘vai dar tudo certo’ e me acompanhou até a porta.

Ao chegar à casa de , minhas mãos começaram a suar mais que o normal. Nem sei dizer quantas vezes hesitei antes de apertar a campainha, mas finalmente o fiz. A mãe de apareceu para atender a porta, sorridente.
, querida, que bom vê-la! — se aproximou e me cumprimentou com dois beijinhos no rosto. — Veio ver o , não é?
Confirmei com a cabeça, sorrindo.
— Pode subir! Ele tá no quarto. — avisou, dando espaço para que eu passasse.
Ao passar por ela, agradeci e segui para o quarto de , caminho que eu já sabia de cor. A porta estava aberta e ele estava deitado na cama com o celular na mão e os fones no ouvido, não notou quando me aproximei. Fiquei algum tempo encostada do batente da porta, o observando. Céus, como isso seria difícil. Como deixar ali o garoto que mais amei – depois do meu irmão e meu pai, claro – na minha vida até hoje? Como eu iria dizer que eu estava indo embora e não voltaria para cá nunca, se desse tudo certo?
? — se sentou rapidamente, tirando os fones. — Por que não avisou que vinha? Sorri para ele, caminhando em sua direção. Curvei-me e deixei que seus lábios tocassem os meus rapidamente.
— Eu... eu não sabia que viria até agora a pouco. — dei de ombros, sorrindo fraco.
— E por que veio? Problemas em casa de novo? — me puxou, fazendo-me sentar em seu colo. Eu não quis responder aquela pergunta, não queria voltar a enchê-lo com meus problemas dentro de casa. Observei os traços do seu rosto com cuidado, me recordando do dia em que tudo começou.

Tic.
Tic.
Tic.
Que droga de barulho chato. Realmente as pessoas não tinham o que fazer. Aproximei-me da minha janela e a abri, procurando de onde vinha esse barulho para xingar o causador, mas não disse nada ao ver quem era.
estava parado ali, no meu jardim, embaixo da chuva e com uma pedrinha na mão, pronto para arremessá-la em minha janela. Minha expressão de confusão foi clara. Ele abriu os braços, me fazendo negar com a cabeça rapidamente, antes de descer e matá-lo por estar ali. Se acordasse... Ah, eu não queria nem pensar.
— Qual é o seu problema? O que você faz aqui? — perguntei, da varanda. continuava parado da chuva, no mesmo lugar onde estava antes.
Ele respirou fundo e começou a andar em minha direção.
— Eu não sei. — negou com a cabeça, fitando o chão. — Eu não sei o que porra eu tô fazendo aqui, . Você é a pior garota que eu já conheci na minha vida. — me encarou, sério. — E, de todas as merdas que eu já fiz, ter vindo aqui deve ter sido a pior, mas eu não tô nem aí. Eu preciso dizer isso de uma vez. Você precisa ouvir isso. — puxou mais um pouco de ar, antes de continuar: — Eu não lamento de estar apaixonado por você. Eu amo você, .
Pisquei repetidas vezes, incrédula. estava mesmo ali, na minha frente, se declarando? O mesmo que era um idiota, sem sentimentos, que só falava usando ironia e agia como uma criança em grande parte do tempo? Era isso mesmo?
— E você não vai me dizer nada. O que foi? Minha voz sedutora te deixou sem palavras ou foi minha roupa toda molhada por ter vindo aqui nesse maravilhoso tempo? — sorriu de canto, exalando ironia.
Ri fraco.
É, era ele mesmo.
— Eu não tenho nada pra te dizer. — mordi meu lábio inferior, dando alguns passos em sua direção.
— Eu já esperava por isso, mas, se é para o me odiar, que ele tenha um motivo melhor. — encurtou a distância entre nós dois, unindo nossos lábios desesperadamente.


? O que foi?
Balancei minha cabeça, afastando aquela lembrança. Sorri para ele, que devolveu o sorriso de forma mais fraca e desconfiada.
— Eu tenho que falar com você.
— E precisa desse mistério todo pra isso? — arqueou uma sobrancelha.
Levei uma das minhas mãos até seu cabelo e fiz um carinho ali.
— Eu... não sei por onde começar, porque...
— Direto ao ponto.
— Eu vou embora.
Me olhou, confuso.
— Fala o que é. Não vai embora sem dizer. — forçou um riso que saiu inalado.
— Eu já disse. Eu vou embora.
— Quer explicar ou é um jogo de adivinha?
— Eu vou embora, . Pra Nova York. — fui mais clara. Sua expressão de surpresa veio logo em seguida.
Ele me deu um leve empurrão, tirando-me do seu colo, e se levantou, ficando de costas para mim.
Por um momento, pensei que ele não fosse falar nada, já que demorou bastante tempo para emitir algum som em resposta, mas ele o fez. E o meu coração foi, naquele momento, partido em vários e vários pedacinhos.
Eu sei o quanto é clichê, mas eu realmente esperava por algo do tipo ‘não tem problema, o nosso amor vai superar isso’, ‘eu vou esperar por você’ ou, no mínimo, um ‘vamos aproveitar o tempo que nos resta’, mas tudo que eu tive foi uma resposta seca, crua e sem sentimento.
— Eu devo desejar boa viagem?
Neguei com a cabeça, incrédula.
— Sim. Deseje-me boa viagem.
— Boa viagem. Já pode ir. — andou até a porta do seu quarto e a segurou, encarando-me. Fiquei estática. Totalmente sem reação.
— Você tá falando sério?
— Eu pareço estar brincando? — arqueou a sobrancelha.
— Você é tão ridículo. — murmurei ao passar pela porta e ouvi o barulho da porta sendo fechada com força.
Desci as escadas o mais depressa que consegui. Não queria que a mãe dele aparecesse ali.
Ótimo, ela já me esperava ao fim da escada.
— Já vai, querida?
— Já, sim. — forcei um sorriso ao passar por ela.
Ela segurou meu braço, fazendo-me olhá-la.
— Você e o brigaram?
— A gente terminou. — sorri fraco para ela e me despedi, saindo dali.

Tá, não foi tão difícil quanto eu imaginei, iria ser bem fácil deixá-lo agora que agiu como o completo idiota que era. Como eu me apaixonei por essa pessoa, meu Deus?
Esqueci até do fato de eu não querer voltar para casa e voltei. Para minha surpresa, agora minha tia passaria o Natal conosco, que ótimo, hein? O diabo se multiplicou.
! Venha até aqui. — ouvi a voz da minha mãe assim que fechei a porta.
Andei, sem mais escolhas, até a cozinha. Forcei um sorriso ao confirmar a presença da minha tia ali.
— Tia Karoline. — forcei um sorriso para ela, que simplesmente revirou os olhos. — Sim, mãe?
— Acorde seu irmão e avise-o que, ele querendo ou não, irá participar do nosso amigo secreto.
— E por que você mesma não o faz?
— Você sabe como o seu irmão é, querida. — abriu aquele sorriso que dizia ‘não me faça passar vergonha na frente da sua tia’.
— É, ele não te respeita. — dei de ombros. O que você quis dizer mesmo, mamãe?
— Ele não te respeita, Karla? — se virou para minha mãe. — Como não? É seu filho!
— Ela está apenas brincando, Karoline. — se virou para mim, sorrindo forçadamente. — Não é, querida?
— Sim, tia, estou apenas brincando. Vou chamá-lo, mamãe. — ironizei a última palavra. Forcei um sorriso e subi para o quarto de meu irmão.
Abri a porta com tudo sem me importar se ele estava dormindo, trocando de roupa ou o que fosse.
— Que droga! Eu já disse que não vou cumprimentar porcaria de... Ah, você.
— Sim, eu. Karla pediu pra avisá-lo que você vai participar do amigo secreto querendo ou não. Meu irmão gargalhou escandalosamente.
— Vou dar um vibrador para aquela velha, porque ela tá precisando. — revirou os olhos, sentando-se na cama.
— Terminei com o .
Encarou-me, surpreso.
— Depois de tudo que passaram pra ficar juntos? — arqueou a sobrancelha, rindo. — Qual é! Se eu soubesse que ia durar tão pouco tempo, tinha deixado antes.
— Ele quem terminou comigo, na verdade.
— E por que aquele idiota fez isso? — deixou o tom de brincadeira de lado e deu total atenção a mim.
— Porque eu fiz algo que ele não gostou.
— O que você fez?
— Eu não quero falar disso. — neguei rapidamente. Não era o momento para contar. Não para o . — Você nem comprou um presente?
— Não.
— Ah, , é claro que você comprou!
— Não te comprei nada. Por que eu compraria?
— Porque é Natal. Você sabe como eu amo o Natal.
— Não vai deixar de ser Natal se eu não te comprar nada. — deu de ombros.
— Mas você está estragando com o clima natalino! — revirei os olhos, arremessando uma almofada nele.
— Não sou o Papai Noel.
— Como você é sem graça.
— É, já me disseram.

23 de dezembro...

Daqui a dois dias seria Natal. E depois viria o Ano Novo. Minha viagem para Nova York, que ainda não conhecia. Eu sei, já deveria ter contado, mas toda vez que eu estava prestes a contar, ele complicava ou alguém aparecia. Hoje seria o baile de Natal da cidade e nada poderia me deixar mais animada. A cidade estava toda em clima natalino. Tudo enfeitado, crianças felizes correndo pelas ruas, doces e Papais Noel por todos os cantos. Tinha como ficar melhor? Desde minha briga com há três dias, não tive mais notícias deles. Hoje, com certeza, ele iria à festa e nós teríamos que agir como se estivesse tudo na mais perfeita harmonia entre nós, ou estragaria tudo. Quer dizer, isso se ele concordasse em manter segredo, o que eu ainda não tinha certeza.

Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa postal, que estará sujeita a cobrança após o sinal. Pi.
, sou eu... de novo. Por favor, retorna a ligação ou, ao menos, me envie algum sinal de que você vai me ajudar. O é seu melhor amigo, não estrague o Natal dele. — suspirei, mantendo um silêncio maior. Não sabia direito o que dizer. — Você sabe como o Natal é importante pra mim e... não sei mais o que te dizer. Por favor, . — desliguei.
Como de todas as outras mensagens que deixei, também não obtive resposta dessa.
Eu tinha uma hora para me arrumar para o baile de Natal. Esse ano, decidi que iria de Mamãe Noel.

— Eu disse que era pra você ficar pronta na hora, . — meu irmão revirou os olhos ao me ver descer as escadas.
— Mas eu tô pronta. — respondi, confusa.
— Ah, claro que tá. — afirmou, se levantando e vindo até a ponta da escada, onde eu estava. — Só falta o resto da roupa.
Gargalhei, entendendo. Desci os dois últimos degraus que faltavam e dei uma voltinha.
— Tô bonita?
— Tá indecente.
— Mas tô bonita? — sorri para ele. — Vai dizer que você não me pegaria?
— É justamente por saber o que passaria na minha cabeça se você não fosse minha irmã que estou mandando você ir trocar de roupa.
— Hoje não, babe. — apertei suas bochechas e me virei de costas, seguindo para a porta. — Hoje eu não vou te obedecer porque quero me sentir bonita... e desejada.
— Tudo isso porque terminou com o ? Preferia que estivessem juntos então. — respondeu, vindo atrás de mim.
— Hoje você não vai preferir nada. — apertei seu nariz e abri a porta, indo para o carro. Ouvi meu irmão bufar e vim atrás. Entrei no banco do passageiro e ele, no do motorista.

Assim que entrei no salão senti a maioria dos olhares sobre mim e alguns cochichos começaram. Não entendi o porquê de tantos olhares e tanta gente falando baixinho, e claramente de mim. também percebeu isso, mas com certeza viu o motivo errado.
— Eu disse que não era pra você ter vindo assim, agora deve estar todo mundo pensando merda. — disse para mim, revirando os olhos.
— Não é isso. — neguei com a cabeça. — Aconteceu alguma coisa... Talvez com ou .
— Ou é isso.
Bufei, ignorando seu comentário, e fui procurar por . Não demorei muito para achar, já que ela não era do tipo que não gostava de chamar atenção. , vestida de duende, acenou sorridente para mim ao lado de Peter. Andei calmamente até ela, sendo seguida por meu irmão.
— Até que enfim chegou! Pedi pra você estar aqui bem cedo, , eu precisava de opiniões.
— A festa tá linda, parabéns! — sorri para minha amiga, que suspirou, aliviada.
— Vou falar com os caras. — Peter avisou, dando um selinho em antes de sair.
— Por que estão todos olhando pra mim e cochichando? — perguntei, olhando ao redor.
— Por causa do . — minha amiga fez careta.
— Quê?
— Olhe você mesma. — apontou com a cabeça para o lado direito do salão.
Segui meu olhar para o lugar e vi se agarrando – praticamente trepando – com duas garotas no canto da parede. Meu queixo caiu levemente.
— Eu vou quebrar a cara dele. — meu irmão avisou, dando um passo para onde estava. Rapidamente impedi.
— Não vai, não. — o encarei, séria. — A gente terminou. Ele tem todo o direito de colocar a boca dele onde ele quiser.
— Não, ele não tem. Cadê o mínimo de respeito por você? — bufou, irritado. — Por isso, . Por isso eu não queria que você se envolvesse com ele, mas você não me ouviu.
Negou com a cabeça, saindo dali. Para o lado oposto de onde estava, graças a Deus.
Tentei por muito e muito tempo ignorar o , mas era impossível, principalmente por estar todo mundo comentando. Puxei o máximo de ar que consegui e segui até onde ele estava, não mais com duas meninas, e sim com três.
— soltei o ar. —, posso falar com você?
— Ele tá ocupado, querida. — a mais puta respondeu. Forcei um sorriso para ela.
— É rápido, querida.
— Pode. — deu de ombros.
Segurei sua mão e o puxei para longe das três.
— Eu sei que você é um idiota, mas dá pra não vir demonstrar isso aqui?
— Você não tem mais nada a ver com isso, meu amor.
— Não sou mais seu amor.
— Isso sou eu quem decide. — piscou um dos olhos. — Era só isso?
— Não estraga essa festa, . — disse, com os olhos fechados e pegando o máximo de ar que eu podia para não explodir.
— Eu não estou estragando nada. — foi sarcástico. — Só tô deixando minha festa mais... interessante.
— Não me provoque.
— Eu não vou. — sorriu sem mostrar os dentes e se virou de costas para mim, a fim de voltar para onde estava antes.
— Tá gostosa, hein, ? Vou te pedir de presente ao Papai Noel! Uh lá, lá. — um idiota – bem, bem bêbado – trombou em mim e fez o comentário. Comentário esse que fez com que parasse de andar e se virasse travando o maxilar.
— Eu tenho um presente melhor pra você. — forçou um sorriso, se aproximando do cara e dando um murro certeiro em seu rosto. O rapaz balanceou com o golpe e levou a própria mão ao rosto, deixando o queixo cair.
— Então a belezinha tem dono? — o homem abriu um sorriso sacana, que só enfureceu mais ainda.
Ele deu dois socos seguidos no homem à minha frente, um no rosto e o outro na barriga. As pessoas que estavam ao redor se afastaram e o homem caiu no chão, gemendo de dor. estava um pouco mais atrás com os olhos arregalados e já estava ao meu lado, me empurrando para trás de si.
— Isso deixou claro pra você, amigão? — disse, encarando o homem no chão.
— Quer a verdade? — o cara passou a mão no canto na boca, provavelmente procurando por sangue ali. — A vista aqui de baixo é ainda melhor. — respondeu, olhando para minhas pernas descobertas.
— É? Vamos ver se você vai continuar enxergando. — murmurou antes de ir para cima do cara novamente e voltar a acertá-lo com socos. Arregalei os olhos e comecei a ficar desesperada ao ver o cara reagindo.
, por Deus, faz alguma coisa! — gritei, histérica.
— Vou fazer, sim. — ele balançou a cabeça, a afirmando. — Vou ajudar a matar esse cara.
Sim, meu irmão também entrou na briga. Agora eram dois contra um, super justo, hein? O rapaz estava apenas bêbado e sem noção das coisas. Não tinha necessidade de nada daquilo.
Olhei para , desesperada, pedindo ajuda com os olhos. Ela pareceu pensar um pouco e saiu de onde estava, indo até onde Peter estava com seus amigos. Não sei o que ela disse, mas Peter e seus amigos vieram até onde a briga estava acontecendo e separaram os garotos. já estava no palco com o microfone em mãos.
— Prestem atenção aqui. Agora! — disse, rude. — Eu passei quase um mês organizando essa porra de festa e vocês... — olhou para os três, que antes estavam brigando. — Não. Vão. Estragar. Ouviram bem? Chega! Chega de briga, seus idiotas. É Natal! Vocês deveriam estar desejando coisas boas para as outras pessoas, e não as acertando com socos e deixando machucados. Ao menos, nessa época, sirvam para algo, e não sejam os imbecis que vocês sempre são. Principalmente você, . Se vocês ou qualquer outro resolverem cagar na minha festa, no meu Natal, eu... acabo. Com. Vocês. Está claro?
Todos a olhavam boquiabertos. O meu sorriso era de orelha a orelha, como eu tinha orgulho da minha melhor amiga.
— Feliz Natal. — sorriu docilmente, como se só tivesse dito coisas fofas e gentis.
— Faço das palavras da as minhas. — avisei, olhando para e .

24 de dezembro...

Véspera de Natal. Dia de festa. Dia de união e coisas boas. Tem como acordar de mau humor? Depois do “discurso” que fez, a festa foi totalmente tranquila e bem aproveitada. Plantinhas verdes trouxeram bons beijos. Músicas animadas, boas danças. E prendas ajudaram a descobrir vários cantores. Ao final da festa, ficamos apenas os mais íntimos e começamos a jogar jogos com bebidas que teríamos de pagar prendas, e a maioria teve de cantar ou dançar músicas natalinas e eu, de verdade, não fazia ideia de que meus amigos sabiam cantar tão bem.
Minha mãe me acordou bem cedo para que eu fosse ao mercado e trouxesse algumas coisas para ela. Por sorte, esse ano eu não precisaria ajudar minha mãe a fazer a ceia e ter o mesmo estresse que o ano passado por nada que eu fizesse estivesse bom o suficiente para ela. Eu cortava alguns ingredientes na cozinha quando comecei a ouvir uma música bem familiar e uma voz bem familiar.

Everyone's gathering around the fire
(Todos se reúnem em volta da lareira)
Chestnuts roasting like a hot July
(Fazendo assados como se fosse no verão)
I should be chillin' with my folks, I know
(Eu deveria estar em casa com meus pais, eu sei)
But I'll be just with you
(Mas eu vou estar apenas com você)


Meu irmão apareceu ali cantando com um gorrinho de Natal e biscoitos com carinhas na bandeja. Eu estava enxergando bem? Meu irmão, que odiava o Natal, estava ali cantando uma música de Natal, com biscoitos natalinos na mão e de gorro?
— É impressão minha ou você acabou de cantar Justin Bieber?
— Sim, eu cantei Justin Bieber. — ele riu, entregando a bandeja em minhas mãos e beijando meu rosto. — Feliz véspera de Natal, irmãzinha.
— Tá. Quem é você e o que você fez com o idiota do meu irmão? Porque, olha, dependendo do que for, eu te devo um obrigada. — brinquei e revirou os olhos.
— Eu sei o quanto o Natal é importante pra você, o quanto você gosta dele e... Sei lá, eu quero que esse Natal seja especial. — ele sorriu. Aquilo pra mim era um sorriso triste, mas por que ele estava triste?
— E por que você quer que esse Natal seja especial?
— Porque esse pode ser meu último Natal com você e quero que tenha uma lembrança boa dele.
Ri, nervosa. Ele sabia? Quem porra contou?
, eu... Por que você tá falando isso?
— Nada em especial, , eu só tô com esse sentimento. — deu de ombros.
Ficamos nos encarando sem dizer nada. Ele sabia.

24 de dezembro, 23h55.

Cinco minutos para o Natal. Cinco minutos para abrir os presentes. Cinco minutos para troca de apenas amor, carinho e bons sentimentos.
— Vamos pra mesa, pessoal? Faltam só cinco minutos. — minha mãe avisou.
Todos nos levantamos e ficamos ao redor da mesa. Ao lado dela, estava o meu pai, depois eu e, ao meu lado, meu irmão. O resto da família que tinha vindo estava dali em diante. Agora faltam apenas dois minutos, hora da oração. Todos nós demos as mãos e fechamos os olhos. Meu pai começou a puxar a oração em voz alta e o resto de nós acompanhou em voz mais baixa. Assim que ele disse ‘obrigado por tudo, meu Deus, amém’, os fogos começaram.

‘Feliz Natal’
‘Oh, querida, feliz Natal.’
‘Que o próximo ano seja maravilhoso, tudo de bom.’
‘Feliz Natal, filha.’
‘Um bom Natal, querido.’
‘Feliz Natal, babaca, eu te amo.’
‘Feliz Natal, irmãzinha. Eu te amo.’


Hora de abrir os presentes. Cada um foi até a árvore tirar seus presentes de baixo dela e começar a entregá-los. Recebi presente das minhas tias, do meu tio, do meu pai e até da minha mãe. Ao contrário do que eu pensava, o presente do meu pai não foi minha passagem para Nova York, foi uma boa quantia em dinheiro, o que era até melhor. Entendi, com aquilo, que seria um dinheiro para eu me manter em Nova York no meu primeiro mês. O presente da minha mãe também foi bem agradável: roupas de frio. Não que eu já não tivesse, afinal, morava em Londres, mas aquelas eram umas que eu cheguei a comentar com ela o quanto as queria para levar para Nova York, já que as minhas já eram velhas e da moda passada. O meu irmão ficou o tempo todo apenas recebendo presentes e não me entregou o meu. Os presentes de sempre eram os melhores, não pelo fato de ser o mais caro ou algo do tipo, mas por ser o mais significativo. Acho que até se ele me entregasse um galho de árvore, teria um significado enorme para mim, porque ele teria um motivo para tê-lo feito.
— Ansiosa pra receber o meu presente? — meu irmão sorriu de canto, se aproximando de onde eu estava.
— Sim. Muito. — sorri de orelha a orelha. Aquele era o momento.
— Vem, vou entregá-lo. — segurou minha mão e me puxou escadas acima.
Fomos para a varanda do quarto dele, em que a vista para a árvore grande da cidade – que era toda iluminada – era ótima e era cheio de viscos ali, o que ele deveria usar ao próprio favor.
ficou de frente para mim e esfregou as mãos uma na outra, mostrando nervosismo. Colocou uma das mãos no bolso e tirou de lá um envelope com um lacinho vermelho e meu nome escrito em sua letra. Levantou seu olhar para mim e sorriu, me entregando.
— Me fez uma carta? — sorrir de imaginar a possibilidade.
— Não, eu não sou gay.
Gargalhei enquanto abria o envelope e tirava de lá um papel que tinha escrito em letras pretas e grandes:

De Londres a Nova York.
Voo 2.
Quinta, 25 de dezembro de 2014.

Partida: 12h35. Inglaterra, Londres.
Chegada: 20h55. Nova York.

Encarei meu irmão, incrédula.
— Não vai me agradecer?
— Quem te contou?
— O . Se dependesse de você, eu só saberia quando fosse pra te levar ao aeroporto, huh?
, eu...
— Não precisa.
— É difícil pra mim.
— Eu sei. Pra mim também.
— Eu queria ter te contado.
— Eu também queria que tivesse sido você. — riu fraco. — Foi ótimo ir xingar o meu melhor amigo pra obrigá-lo a me contar o que tinha feito com você pra você ter terminado e ouvir que você iria para Nova York. Ele sabia e eu, não.
, por favor. Eu ia te contar... Eu só achei que com ele seria mais fácil. Tava procurando um bom momento.
— Não precisa mais ter essa preocupação, então.
— Eu só iria depois do Ano Novo, ainda tinha um tempinho.
— É, mas nenhum tempo é longo quando se trata de despedida. Você, melhor do que ninguém, sabe disso.
— Me desculpa.
— Eu desculpo. — deu de ombros e começou a caminhar até a porta. Parou antes de passar por ela. — Feliz Natal e um próspero Ano Novo, pirralha.


FIM



Nota da autora: Heyyyyyyy! Feliz Natal, vagalumes <3 Especial curtinho só pra não deixar passar em branco pra vocês poderem ter um gostinho de como era a relação da pp com o irmão e com o amigo colorido. Ahahaha. Esse final pode ter parecido triste para algumas, mas não foi, ok? O irmão entendeu muito bem a ida dela e quis antecipar para que ela tivesse o gosto de passar o Ano Novo em Nova York porque, vocês sabem, o Ano Novo lá é maravilhoso então foi um bom presente. Deixem comentários, vou adorar saber o que acharam. Kisses!!!

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