Cidade de Hellena
Por: Nataly T. | Beta: Nelloba Jones

Prólogo


Dizem que o Ensino Médio é uma das melhores épocas da nossa vida, e que só perde para os anos de faculdade. Com relação à parte da faculdade, mal podia esperar para descobrir se era verdade, mas com a do ensino médio ela não concordava. Para falar a verdade, seu primeiro ano do ensino médio fora horrível. A garota teve de se acostumar com uma rotina mais puxada, professores cada vez mais velhos e mais chatos! Sem contar que seus pais a proibiam de fazer tudo - não que isso realmente a impedisse, claro.
Tiveram também as dificuldades em casa, sua família passou uns meses de aperto e fora tenso. Mas agora, no segundo ano, as coisas estavam melhorando: seus pais estavam mais flexíveis e estavam numa fase bem folgada em relação à grana. A escola continuava chata, mas agora ela já conseguia levar os professores no papo, descobriu que eles estavam mais infelizes do que ela por ter que frequentar aquele lugar. A diferença era que ela era jovem e ia sair de lá algum dia, já eles estavam presos na mesmice de suas vidas chatas e empregos frustrados.


Primeiro Capítulo

Teenagers da Hayley Williams começou a tocar, aquela era uma de suas músicas preferidas. Ela pegou celular e na tela piscava o nome da sua melhor amiga.
- Fala, gorda.
- Quinta. Clube Pierzanie. Bebida. Erva. Galera. Te pego às 22h30.
- , eu tenho prova de química na sexta de manhã.
- Eu acho que errei o número, a que eu conheço nem se lembraria que na sexta-feira tem aula. – estava indignada.
- Eu mudei, agora sou uma garota politicamente correta. – disse quase rindo.
- Me conta outra, vai, . Essa história não cola comigo. – não aguentou segurar a risada e começou a gargalhar. riu ironicamente e voltou a falar. – Olha, vai ser tudo na faixa, vê se não atrasa. Tenho que ir, ainda estou de castigo por matado aula na semana passada, o que é culpa sua.
ouviu a linha ficar muda. Ela estava em seu quarto, deitada na cama com o notebook no colo e já pensava em que roupa usar. Sem dúvidas ela iria àquela festa, e – que na verdade chamava-se - tinha razão sobre as provas, só sabia daquela porque sua mãe a estava obrigando a estudar a semana inteira.
- Me empresta sua sapatilha preta? - disse sua irmã mais nova invadindo seu quarto.
- Ei, pirralha, a porta está aí para que você bata nela antes de entrar.
- Me empresta, vai, .
- Olha o seu tamanho, garota, nem serve nesse seu pezinho de bebê. E pra que você quer a minha? Já não tem a sua?
- Eu já tenho onze anos, e a minha está suja. Não quero ir com uma sapatilha suja para a escola. – a mais nova cruzou os braços sobre o peito.
- Hanna, querida, você sabia que existe água e sabão? E que essas suas minúsculas mãos não estão aí só de enfeite?
- Nossa, , como você é chata. – , assim como , odiava que a chamassem por seu verdadeiro nome. Pegou um travesseiro e acertou a irmã. – Vou contar para a mamãe que você ainda nem se arrumou para a escola.
- Saia daqui, pirralha.
- CHATA! – a pequena bateu a porta com força e saiu marchando pelo corredor, pode ouvi-la gritando a mãe e explicando a ela que a mais velha nem havia levantado da cama ainda. Ela sabia que a Hanna só estava fazendo graça e que queria sua sapatilha como um pretexto para mexer em suas coisas. “Essa pirralha é muito curiosa” pensou.
A garota de cabelos bagunçados ouviu a mãe a chamar, então se levantou da cama e andou em direção ao armário.
- Merda. – resmungou enquanto pegava a blusa azul que era o uniforme da escola. Ela adorava aquela cor, um azul escuro e intenso como ela era, achava um desperdício essa cor tão bonita em um uniforme escolar. Ela ouviu os passos da mãe subindo a escada e andando pelo corredor em direção à porta vermelha do seu quarto. se apressou em vestir a calça jeans e pentear os cabelos negros e compridos. Pôde ouvir quando a mãe bateu em sua porta.
- Entre! – gritou.
- Filha, você já está pronta? - perguntou a mulher de quarenta e poucos anos, mas que aparentava estar no auge dos seus trinta. tinha sorte de ter pais com uma genética tão boa.
- Ah, mãe. Você chegou bem na hora, estou procurando meu par de sapatilhas pretas há horas, não acho em lugar algum. – mentiu a menina. Ela sabia que as sapatilhas estavam dentro da caixa embaixo da cama, mas precisava de uma desculpa para seu atraso.
- Não são aquelas embaixo da cama? - disse a srª. após passar os olhos pelo quarto, procurando o calçado.
- Sim, aquelas mesmas. – fingiu surpresa e foi calçar as sapatilhas. – Você sempre me salva, né, mãe linda? - deu um beijo estalado na bochecha da mãe. – Te amo! – gritou enquanto saia pelo corredor. Seu estômago roncou enquanto descia as escadas, porém, sabia que não havia tempo para comer. Foi direto à garagem onde seu pai e a irmã já a esperavam dentro do carro.
O caminho foi como de costume, silencioso. Sua irmã estava com os fones escutando alguma porcaria da Disney e seu pai falava ao telefone com os caras da prefeitura.
sempre os chamava assim, não importava se era o prefeito ou algum secretário, eles sempre seriam “os caras da prefeitura”. Seu pai achava isso engraçado. Pelo que sabia, ele era um tipo de secretário municipal, mas o que ela não sabia era que ele era mais do que isso. O prefeito confiava muito nele e isso lhe dava mais poder, mais até do que o vice. Mas essas sujeiras da política não vêm ao caso agora.
Quando seu pai estacionou em frente à apática Escola de Ensino Médio da Cidade de Hellena, desceu do carro e andou desanimadamente para o prédio branco e azul de dois andares. Na Cidade De Hellena existiam apenas duas escolas: a do ensino fundamental e a do ensino médio. As duas eram escolas públicas, mas o ensino tinha uma média elevada em relação às escolas de outras cidades. Entretanto, nem essa média elevada fez com que o pai de a mantivesse na escola da cidade. Ele era herdeiro de uma rede de hotéis e muito rico, por isso fez com que, no primeiro ano de ensino médio, começasse a estudar em uma escola particular na capital São Paulo, que era praticamente vizinha da Cidade De Hellena. Claro que e ficaram revoltadas, mas não puderam fazer muito para evitar a mudança. Elas sabiam também que parte do motivo de mudar de escola era para se afastar de , já que era vista como má influência para a primeira. Bobagem, as duas juntas é que eram más influências para quem estivesse por perto.


foi direto à quadra da escola para cantar, junto com os outros alunos e funcionários, o hino nacional e o hino da cidade, como faziam toda quarta-feira. Depois foi para a aula de biologia, da qual ela gostava só porque o professor era um dos únicos legais. Ele era gordo, careca e usava óculos fundo de garrafa, mas era engraçado e sempre a ajudava com alguns pontinhos extras. Em seguida ela matou duas aulas de matemática com alguns garotos do terceiro ano, eles compraram algumas porcarias para comer e ficaram escondidos no vestiário masculino. Jogaram strip poker, e acabou ficando sem blusa, mas ela não tinha vergonha e realmente não tinha de ter, não com um corpo como o dela. Antes que perdesse outra rodada e tivesse que ficar sem as calças também, e os garotos saíram correndo para não serem pegos pela professora de educação física.
As últimas aulas seriam de gramática, mas a professora estava de licença. Então a turma de ficou no laboratório de redação escrevendo. Ela era muito boa nisso, as ideias fluíam facilmente, e esse era um dos motivos pelo qual ela pensava em ser jornalista. Conseguiu terminar a redação quarenta minutos antes de o sinal bater, mas não estava liberada para sair.
Perguntou à monitora se poderia ir ao banheiro. A mulher estava com os cabelos presos em um coque perfeito e usava óculos de leitura, tinha um broche com seu nome: Mônica. “Que tipo de pessoa usa um broche com próprio nome?” pensou . Mônica olhou para a garota, meio desconfiada, mas a deixou ir. Até parece que só queria ir ao banheiro. Ela pediu para que Tami, uma garota que estava em sua turma e era sua vizinha, levasse seu material embora depois.
Foi em direção à saída da escola. Um homem baixinho, calvo e que tinha os poucos fios de cabelo que lhe restavam grisalhos, barrou na porta da escola. Aquele era Murphy, o porteiro-inspetor-faz-tudo.
- Ah, qual é, Murphy? - fora que dera esse apelido a ele. Seu verdadeiro some era Antônio, mas quase ninguém se lembrava disso. adorava apelidar as pessoas e até mesmo as coisas, além do mais, ele combinava muito mais com Murphy.
- Não, não. Ainda faltam quarenta minutos . – bateu os dedos no relógio do pulso e disse as palavras com seu jeito rápido e meio enrolado de falar.
- Faz assim: finge que você não me viu. – piscou para ele e passou pela porta. Ele sempre a encobria quando saía mais cedo ou chegava atrasada, mas só porque a garota costumava pagar umas cervejas para ele de vez em quando.
Ela sentia o cheiro de liberdade e como aquela sensação era boa.
Passou em uma cafeteria para comprar seu tradicional café gelado, ela era viciada em café gelado. Não conseguia beber o café quente, ou morno, ou com leite e nem mesmo cappuccino. Só bebia café gelado e de preferencia batido com sorvete de baunilha. Depois resolveu ir ao Píer, já que não era longe e estaria vazio por conta do horário. Ela carregava apenas seu bloco de anotações (que mais servia como bloco de desenhos), sua caneta rosa e o celular.
Tirou as sapatilhas e sentou-se na construção de madeira, mergulhando os pés no mar gelado. Pegou o bloco e começou a desenhar. Ela adorava desenhar, embora não se considerasse boa nisso. Seus desenhos eram, na maioria das vezes, abstratos e ninguém os entendia. Eram desenhos muito particulares que a lembravam de coisas boas. Faziam com que ela se sentisse bem mais... ela. E só uma pessoa era capaz de apreciá-los, mas ela não estava mais ali. Não que essa pessoa tenha morrido, só achava que ela estava longe e talvez nunca mais fosse voltar.
Os desenhos eram todos em rosa, não sabia o porquê, mas nunca conseguia desenhar com outra cor. Começou um novo desenho e automaticamente se desligou de tudo, era sempre assim: como se o mundo parasse. Poderia ter um furacão vindo em sua direção que ela não perceberia. Tanto é que ela não percebeu que a tal pessoa havia sentado ao seu lado. - Será que eu posso ver? - ele perguntou com receio. Sabia que seria difícil para encontrá-lo novamente. E tinha razão. parou de desenhar no momento em que reconheceu a voz. Ela fitou a água abaixo de seus pés, sem saber o que fazer. Sem saber o que sentir.


Segundo Capítulo

Quando tinha quatorze, conheceu Tyler em uma festa da República na qual ele morava. Eles se deram bem logo de cara, tinham muita coisa em comum. Foram meses saindo juntos, tornaram-se melhores amigos e começaram a nutrir um sentimento que nunca chegou a ser concreto. Os dois tinham um tipo de amizade com benefícios, eram melhores amigos e ele foi o primeiro de . O primeiro por quem ela nutriu algum sentimento, o primeiro com que ela foi para a cama e o primeiro com que ela fez amor. Na verdade, o único com que ela fez amor, os outros caras foram apenas diversão.
Na época, Ty tinha dezenove anos e estava cursando o terceiro ano de Engenharia Química. Foi então que ele recebeu uma proposta de intercâmbio para a Alemanha, onde faria um estágio muito bem remunerado. Não podia recusar aquela chance.
Ele não havia quebrado o coração de . A decisão de não se falarem foi mútua e silenciosa. Eles não discutiram o assunto, não eram um casal para discutirem como um. Apenas deixaram rolar. Então o tempo foi passando, ele viajou e ela tocou sua vida. Mas os desenhos de ficaram mais frequentes e mais significativos para ela. Era uma ironia do destino: ele a encontrou enquanto ela desenhava. Ty podia não entender os desenhos, mas sabia apreciar a arte abstrata de .
Foi estranho como ela começou a se lembrar do passado, parecia que tudo havia ocorrido em outra vida e não há pouco mais de um ano atrás. Riu, lembrando-se de quando costumava implicar com Tyler dizendo que o cabelo dele era “marrom-indeciso”, sendo que era apenas um loiro mais escuro.
- Seu cabelo continua marrom-indeciso. – ela parou de fitar o mar e analisou o rosto dele. Os olhos eram tão indecisos quanto o cabelo: variavam entre o marrom e o verde escuro. O nariz e a boca eram finos, típicos traços herdados de avós ingleses, o que era comum na cidade de Hellena, já que fora fundada por ingleses. Ele sorriu. Era aquele sorriso fraco e meio de lado que sempre encantou a .
- E você continua a mesma, mas ao mesmo tempo parece que mudou tanto. – ele disse, mais para si mesmo. Havia se esquecido de como gostava do jeito irônico e simples com que ela lidava com as situações complicadas. Porque, sim, aquela era uma situação complicada.
Ela também percebeu que ele havia mudado. Não usava mais a calça jeans velha e a camisa do Aerosmith. Agora ele usava uma camisa social com uma gravata frouxa. estava com medo de que ele tivesse mudado mais do que o modo de vestir.
O silêncio se instalou enquanto se encaravam, nenhum dos dois sabia o que dizer. desviou o olhar para o horizonte. Ele queria contar tudo o que vivenciou para , só que não sabia como começar, e não sabia se ela iria querer ouvir. Estava com medo de ela ficar com raiva dele, talvez ela fosse odiá-lo para sempre. Tinha tantas coisas para dizer, queria que fosse mais simples. Que fossem os melhores amigos como há um tempo, mesmo sabendo que era impossível. Afinal, Tyler agora estava noivo.
Aquilo martelava em sua cabeça, sentia-se como se estivesse enganando a garota. estava se sentindo estranha: relutante e feliz por ele estar ali, mas também sentia medo. Medo de que tudo se repetisse, ou de que algo ainda pior acontecesse. Além de tudo, ela também estava curiosa. Queria saber como tinha sido na Alemanha, queria saber o que ele estava fazendo ali. Queria saber de tudo, mas não tinha coragem de perguntar.
Os dois ficaram um tempo olhando o horizonte. Nenhum deles sabia como iniciar a conversa, um tinha medo da reação do outro.
- Eu senti falta desse lugar. – ele se arriscou. – Senti falta de você.
Tyler estava sendo sincero, mas não havia como ter certeza disso. Ela o encarou novamente.
- Você veio para ficar? - ela tinha que saber, precisava de uma resposta. Ele poderia ir embora novamente, talvez naquela noite, talvez no dia seguinte, ou dali uma semana, ou talvez não fosse. Ela precisava se preparar.
- Eu tenho tanta coisa para te contar. – ele suspirou. – Será que podemos nos encontrar na quinta à noite?
- Você não respondeu minha pergunta, Tyler.
- É complicado, . – ele passou a mão pelos cabelos, despenteando-os. – Eu te conto tudo na quinta-feira, vamos só sair um pouco. Podemos ir ao lago, beber umas cervejas. Como nos velhos tempos.
Ela realmente queria que fosse tudo como nos velhos tempos, embora soubesse que isso dificilmente aconteceria.
– Tudo bem. – ela disse se levantando. – Te encontro no lago às nove. – ela começou a se afastar.
Ele queria lhe oferecer uma carona, mas ela provavelmente recusaria. Achou melhor nem perguntar, sabia que precisaria de um tempo para absorver a novidade de sua volta. Aquilo estava sendo mais difícil do que Tyler havia imaginado. E estava só começando.


Quando chegou em sua casa, foi direto para o banheiro. Ela precisava tomar um banho daqueles bem demorados, no qual se senta debaixo do chuveiro e começa a pensar na vida. Ela ainda tinha que digerir o que acontecera. Mas ela não conseguia entender e isso a deixava maluca.
sempre fora o tipo de garota confiante e certa de tudo. Era invejada por muitas, não só por sempre conseguir os caras mais bonitos ou pela beleza natural. As garotas a invejam também pela confiança que tinha em si mesma, pela facilidade com que resolvia seus problemas e pela forte personalidade. E agora lá estava ela: sem saber o que poderia acontecer. E como ela odiava se sentir assim, tão... Vulnerável.
Ela saiu do banheiro e colocou uma roupa confortável. Não estava com vontade de fazer nada. Então comeu alguma coisa e se deitou na cama. Antes de dormir mandou um sms para , disse que precisava encontrá-la aquela noite.
- Aonde você pensa que vai? - perguntou o Sr. .
- Vou encontrar com Josh ali na esquina. Um cara dez anos mais velho, todo tatuado e cheio de piercings. Ele é motoqueiro e vamos fugir para outro país. Vamos viver a vida loucamente. Beijos, pai, quem sabe um dia a gente não se encontra por aí? - disse ironicamente e seguiu em direção à porta. Jonas já estava acostumado com o jeito da filha, mas chamou-a novamente e pediu uma explicação. – Eu só vou caminhar um pouco. Talvez encontrar com , não sei. Só espairecer.
- Aconteceu alguma coisa filha? - ele estava preocupado, mas sabia que não diria nada. A relação de com os pais era razoavelmente boa, mas estava longe de ser das melhores. Ela dificilmente se abria com algum deles.
- São só coisas da escola, pai. – disse suspirando. Mentir já era uma coisa normal para a garota.
- Tudo bem, mas não volte muito tarde. Não se esqueça de que você tem aula amanhã! – assentiu e seguiu seu caminho.


TERCEIRO CAPÍTULO

Ela avistou agitando sua cabeleira loira como um sinal de reprovação por seu atraso. Elas haviam combinado de se encontrar na escola de ensino fundamental, e então entrariam pela porta dos fundos e iriam à piscina.
tinha uma cópia da chave desde quando estava no nono ano e havia roubado a original para uma festa que dera na piscina da escola. Lógico que a festa foi escondida, mas nunca descobriram sobre nada.
- Além de gorda, é atrasada. – resmungou aos cochichos.
- Você não precisa cochichar aqui, . Não há ninguém na escola e nenhuma casa construída por perto. – imitou os cochichos da amiga.
- Ok, vamos logo. Quero dar um mergulho. – disse a loira já com a voz normal.
- Você trouxe? - perguntou arqueando a sobrancelha.
- Credo, até parece que você não me conhece, . – pegou um pequeno saco com maconha e o balançou.

Elas entraram, tiraram as roupas e mergulharam. Elas estavam de roupas íntimas, o que não era nada demais para amigas que se conheciam muito bem. Foram para a beira da piscina e enrolaram o baseado. deu o primeiro trago, sentindo aquela sensação boa.
- Você não vai acreditar no que aconteceu hoje. – disse depois de soltar a fumaça.
- Na verdade, eu vou sim. – disse , e depois foi sua vez de tragar o cigarro. – Eu o vi quando voltava da escola. Quis te ligar, mas você sabe...
- O castigo. – completou a morena.
- Pois é. – se sentou na beirada da piscina e encarou a amiga. – E então? Sobre o que conversaram?
- Não conversamos muito, foi esquisito. – pegou o cigarro mais uma vez. – Eu não sabia o que dizer, e acho que ele também não. Mas...
- Mas? - incentivou a amiga.
- Ele quer sair comigo amanhã, disse que tem muita coisa para me contar. Vamos nos encontrar no lago lá pelas nove.
- E a festa que temos para ir? Vai ser a festa, .
- Eu sei, , mas como eu poderia negar? – ela puxou novamente a fumaça, segurou por um tempo e então a soltou. – Além do mais, eu combinei de encontrá-lo cedo. Apareço na festa mais tarde.
- E o que você acha que ele tem para te contar?
- Não sei, ele parecia tenso.
- Talvez tenha acontecido alguma coisa na Alemanha.
- Pode ser. – a curiosidade era grande e a fazia imaginar o que poderia ter acontecido.
- Tenho certeza de que vocês não vão ficar só na conversa. – disse maliciosamente.
- Ah, sei lá. As coisas não são como antes. – lamentou . Ela começou a se lembrar do rosto de Tyler, e foi surgindo uma vontade de rir. Do nada ela soltou uma gargalhada e não conseguiu mais parar.
- O que foi? Eu também quero rir. – disse , já começando a gargalhar. Era o efeito da erva, e elas adoravam isso.
Ficaram até às duas da manhã ali, fumaram e riram como nunca. Conversaram sobre a viagem que fariam nas férias: iriam para Porto Seguro e estavam extremamente animadas. Depois deixou em casa. Por sorte os pais dela já estavam dormindo, então ela entrou silenciosamente e foi para sua cama. começou a pensar em como era uma merda ter que acordar cedo para ir à aula e caiu na gargalhada. Tapou a boca para que o som não saísse muito alto. Por fim, pegou no sono e seus sonhos acabaram sendo tão abstratos quanto seus desenhos.

Ela estava pronta, e olhava-se no espelho para checar se tudo estava ok. Usava uma saia longa preta de cintura alta e uma cropped listrada. Ela não se maquiaria tanto para vê-lo, mas tinha uma festa depois. Ou pelo menos essa era sua desculpa para se arrumar tanto. Passou seu batom vermelho, pegou as chaves do carro e saiu. Já havia avisado a mãe e disse que dormiria na casa de alguma amiga. Apesar de ter apenas dezesseis anos, ela já dirigia. Aliás, todos os seus amigos também dirigiam e essa era apenas uma das vantagens de se viver na Cidade De Hellena.

De longe ela podia ver as luzes que ficavam em volta do lago, e também podia ouvir o barulho das ondas do mar, já que a praia era próxima dali. Mandou uma mensagem para dizendo que estava chegando e ela lhe respondeu desejando sorte.
Ele já estava lá, sentado no banco de concreto e com uma caixa de cervejas do lado. Viu descer do carro e por um breve momento se arrependeu de um dia ter ido para a Alemanha. Ela estava linda, não parecia uma garota de dezesseis, parecia uma mulher. Uma mulher que ele queria possuir. Tyler a acompanhou com o olhar, até que ela se sentasse ao seu lado. Passou-lhe uma garrafa de cerveja e ela tomou um gole.
- Vai responder minha pergunta agora? - perguntou sem olhar para ele.
- Você está linda, ! – ele disse sem ao menos perceber a pergunta, ele ainda estava hipnotizado com a beleza da garota.
- Tyler, pare de me enrolar. – ela o fitou séria, não deixaria que ele desviasse sua atenção. Ele respirou fundo e tomou mais um gole da cerveja. Ficou quieto por um tempo, pensando no que falar. Aquilo já estava irritando .
- Eu vou terminar a faculdade aqui, falta só um semestre. - Então você voltou de vez? - ficou feliz ao ouvir aquilo e sentiu uma ponta de esperança, mas não a deixou transparecer em sua voz.
- Eu não sei. – ele suspirou. – Quero dizer, agora eu tenho um apartamento na cidade e vou ficar até o fim do ano, mas depois... Olhe, , muita coisa aconteceu e muita coisa mudou. Eu não sei se você vai querer ouvir.
- Eu quero, Ty, é por isso que estou aqui!
Aquilo o incentivou, então ele contou tudo a ela, ou melhor: quase tudo. Falou do estágio, da faculdade e de como seu alemão havia melhorado. Contou das festas, dos amigos, da alegria quando soube que seria efetivado e transferido para a sede brasileira. Explicou que terminaria a faculdade e depois se mudaria para São Paulo, onde trabalharia. Ainda disse que estava animado para rever seus amigos da república.
Ela também contou um pouco do que havia se passado na Cidade De Hellena enquanto ele estava fora e comentou algumas de suas aventuras insanas.
Depois de um tempo eles já conversavam empolgadamente, riam juntos e parecia que nunca haviam ficado longe um do outro. Tyler evitou qualquer assunto que levasse a sua noiva. Ele estava disposto a contar para , mas essa disposição foi se esvaindo pouco a pouco a cada sorriso que dava, até que não sobrou nenhum resquício dela.
Ela se sentia como na época em que se conheceram, estava tudo tão bem e ela estava tão feliz que mal podia acreditar que fosse verdade. Coitada, nem desconfiava do que ele escondia.
Mas ele não era um canalha total por esconder isso dela! Ele só estava descobrindo que era apaixonado, e não por sua noiva.
Ele observava a garota falar sobre uma aventura que havia vivido com . Os lábios dela se moviam com empolgação e os olhos brilhavam, entretanto, ele tinha a impressão de enxergar tudo em câmera lenta. Para Tyler os movimentos dela eram sexys e enquanto ela sorria ao se lembrar de como aquele momento havia sido legal, ele aos poucos se aproximava. Foi um impulso, algo impensado e foi impossível de conter. Quando deu por si, ela já correspondia fervorosamente àquele beijo.
Era como se ambos tivessem ficado anos sem água e, finalmente, haviam encontrado uma fonte. Fonte inesgotável de sensualidade, atração e tentação. Gostos que ficaram perdidos no tempo e estavam sendo redescobertos. Toques que deixavam a pele arrepiada por mais leve que fossem. Como eles puderam ficar tanto tempo um sem o outro? Até mesmo a temperatura deles era a mesma e poderia ser definida como um incêndio de desejo carnal.
Ele a puxou para seu colo e ela foi sem protestar. se posicionou com uma perna de cada lado do corpo de Tyler, o que fez sua saia subir, deixando a pele das pernas exposta. As mãos do garoto acariciaram toda aquela extensão de pele enquanto se beijavam. Ele sorriu enquanto lembrou-se de como ela se sentia excitada quando ele tocava sua barriga e imediatamente o fez. levou um leve susto e ficou tão arrepiada que fincou as unhas nas costas dele. Ele se contorceu, mas não era de dor.
Em um movimento rápido, fez com que ela se deitasse no banco para poder ficar com o corpo acima do seu. Beijou-a desde a barriga até o pescoço, enquanto as mãos corriam pela lateral do corpo quente.
- Vamos para o meu apartamento? - ele sussurrou com dificuldade.
assentiu sem hesitar, ela precisava dele. Todo esse tempo com outros garotos, fazendo loucuras, vivendo histórias malucas, tendo uma vida desregrada, todo esse tempo sem ele fez com que ela o desejasse ainda mais.

Ele foi para sua moto e para seu carro, o caminho parecia interminável enquanto ela o seguia até o apartamento, mas não era tão interminável a ponto de apagar o desejo de ambos. Quando chegaram subiram juntos pelo elevador, trocando carícias e roubando beijos. O prédio não era grande e o apartamento ficava no segundo andar. Tyler foi pegar duas cervejas enquanto esperava na sala. Muitas coisas ainda estavam empacotadas, mas havia algumas cartas sobre uma pequena mesa no canto da sala. A garota deixou a curiosidade guiá-la e foi procurar algum dos cartões postais que Tyler havia mencionado à medida que conversavam no lago. Em uma delas reconheceu o nome da mãe de Tyler, uma era do irmão mais velho, e outra que Tyler havia enviado para sua mãe e fora rejeitada, voltando para ele. Essa última continha algumas fotos, como do quarto em que ele havia se hospedado na Alemanha e de Ty em pontos turísticos fazendo caretas.

Esse é um pedaço que restou do Muro de Berlin, mas olha só como meus tríceps estão nessa foto. Uow.


Aquilo fez com que ela risse, os comentários estavam escritos com tinta azul em algumas fotos, como se fossem legendas e eram mais engraçadas do que as caretas.
Ela estremeceu quando ele chegou silenciosamente e a abraçou por trás. Ele acariciou sua barriga novamente e começou a distribuir beijos e mordidas pelo pescoço da garota. Os olhos de se fecharam lentamente e ela sentiu um misto de arrepios e excitação, sentiu a risada dele em seu pescoço e a tentação de se virar para tomar aquela boca rosada para nunca mais soltar. Quando os abriu novamente foi atraída para única foto que restava em sua mão: Tyler de costas, em frente a uma gigante catedral gótica e de mãos dadas com uma mulher de cabelo castanho claro. Ela ficou confusa e seu corpo enrijeceu quando percebeu do que se tratava.

E essa é a Igreja em que Amanda e eu pretendemos nos casar...


nem conseguiu ler o resto do comentário.


QUINTO CAPÍTULO

já havia ido embora, o seu motorista havia ido buscá-la para ir à escola. Ela sabia que deveria levantar também, então tentou acordá-la, mas foi em vão. A garota só resmungou pedindo por mais dez minutos e como estava atrasada, ela colocou o celular de para despertar, esperando que aquilo a acordasse. Claro que não deu certo, o alarme não fez o mínimo efeito na morena.
Ela estava deitada com o rosto sobre o peitoral do loiro. O celular de começou a apitar novamente, mas dessa vez era por conta das mensagens que e Tami insistiam em enviar. Depois de várias mensagens e ligações, acordou meio perdida, sua cabeça latejava fortemente e ela estava tonta, contudo, pegou o celular e atendeu a ligação sem nem ver quem era.
- Hum? - ela resmungou.
- , você havia me pedido para ligar caso não aparecesse na segunda aula. - disse uma garota, mas a morena não conseguiu reconheceu a voz.
- Quem é? - ela disse esfregando os olhos.
- Sou eu, Tami. Temos prova na terceira aula e você pediu para eu te ligar se não chegasse até a segunda aula. - ela pronunciou as palavras pausadamente para que a outra entendesse.
finalmente deu por si, não podia faltar naquela prova de química, senão ficaria de recuperação e não iria viajar com nas férias. Ela se levantou e começou a procurar suas roupas.
- Ai, meu Deus, Tami! Eu estou fudida se perder essa prova.
- Eu sei, por isso estou te ligando e mandando mensagens há mais de meia hora. - explicou ela. - , você tem quinze minutos para chegar aqui.
estava terminando de vestir a roupa, ao mesmo tempo em que procurava as chaves do carro.
- Eu já estou a caminho. Valeu, Tami, você salvou minhas férias.
Ela achou as chaves, olhou para o loiro que dormia tranquilamente e decidiu deixar um recado. Pegou seu batom vermelho e escreveu no espelho do banheiro:

Você foi uma ótima vítima! Nunca se esqueça dessa noite, porque nós nunca nos esqueceremos. Ass: e .

O estômago de revirava enquanto ela descia as escadas do hotel, malditos elevadores que demoravam demais! Tudo começa a dar errado quando estamos com pressa, não é?!
Ela chegou pingando suor ao hall e foi para a garagem, entrou no carro e deu a partida. No estacionamento da escola ela começou a se sentir ainda pior, cambaleou para perto de uma árvore, apoiou-se nela e vomitou. Não havia muita coisa em seu estômago, o que era pior, já que ela tinha bebido demais na noite passada. Limpou a boca e seguiu correndo para a porta da escola.
- Eu deixei algumas cervejas pagas para você no clube. - ela disse enquanto passava por Murphy, ele sabia que aquilo significava que teria de encobri-la, mas já estava acostumado com isso. Aquela não era a primeira e muito menos a última vez que chegaria atrasada e com ressaca na escola. “Essa garota é a perdição encarnada”, pensou o porteiro.
Estava em cima da hora, o professor estava começando a distribuir as provas quando ela bateu na porta da sala.
- Com licença. - ela falou enquanto entrava na sala.
- Srta. , atrasada no dia da prova? - o professor disse. Ah, como ela o odiava! Ele era lindo, alto musculoso, cabelos loiros, olhos claros. O Sr. Martins se parecia com o ator Josh Holloway da série Lost, entretanto, isso só aumentava o ódio. Já que ele se achava a última bolacha do pacote e um Einstein da vida.
- Me desculpe, Sr. Martins, é que não estou me sentindo muito bem hoje.
- Perdoarei seu atraso só dessa vez, srta. Sente-se. – disse ele com um tom de superioridade.

estava ajoelhada em frente à privada, vomitava uma gosma verde, já que não havia mais nada em seu estômago. Ela havia feito mais da metade da prova, quando não aguentou mais segurar a ânsia e saiu correndo para o banheiro. Pelo menos isso confirmaria para aquele idiota do George Martins que ela estava realmente passando mal.
- ? - ela ouviu alguém chamar. - Você está ai?
Ela reconheceu a voz de Tami, respondeu que sim, levantou-se e saiu da cabine. Foi para a pia e lavou a boca.
- Você está bem? - perguntou Tami. Ela era baixinha, tinha cabelos castanhos e peitos grandes. Não era bonita como , mas também não era feia. Apesar de sempre estudarem juntas e serem vizinhas, elas nunca foram grandes amigas. Talvez fosse porque Tami era tímida e mais certinha, ou talvez porque ela preferia fazer a coisas por baixo dos panos.
- Eu estou bem, Tami. Obrigada por me ligar hoje e por se preocupar. – disse, sentindo-se realmente grata.
- Ah, não há de quê. - ela disse dando de ombros - Você já comeu alguma coisa hoje? - negou com a cabeça e sentiu seu estômago se revirar, mas dessa vez era fome.
- Então vamos para a cantina, temos tempo antes da quarta aula.
- Certo, vamos comer, mas eu acho que não vou ficar para a quarta aula. Preciso voltar a dormir, olha o tamanho das minhas olheiras! – Tami riu enquanto se espantava com sua aparência, ela nem havia tirado a maquiagem e estava com uma cara de fantasma, precisava mesmo era de um banho.


Segunda-feira, Escola de Ensino Médio Da Cidade De Hellena, 12:55

- Então, está tudo combinado para o final de semana? - ele disse enquanto passava a mão carinhosamente pelo rosto de Tami. Ela fechou os olhos, apreciando o toque quente.
- Sim, vai ser perfeito! – disse sorrindo, nunca imaginou que no primeiro ano de ensino médio encontraria o amor de sua vida e que, mesmo com tantas dificuldades, passariam um ano maravilhoso. Ela já estava na metade do segundo ano, eles ainda estavam juntos e ninguém desconfiava.
- Sua mãe não está suspeitando de nada?
- Não, ela acha que eu vou para algum acampamento da Igreja. Nem se importa muito, para falar verdade. – sua mãe, Linda, era uma dessas fanáticas pela Igreja. Desde que o pai de Tami as abandonara, ela vivia somente para a religião, não se importava para onde a filha ia ou o que fazia, desde que a palavra Igreja estivesse envolvida. O sustento das duas saía da conta bancaria do pai de Linda. Ele era um rico fazendeiro, morava em Mato Grosso e fazia questão de sustentar a filha, mas essa deveria se manter longe da vida nada santa que ele levava. Claro que vez ou outra Linda tentava converter o pai. Nunca dava certo.
O homem sorriu, inclinou-se sobre Tami, que estava sentada na mesa de madeira e depositou um beijo em seus lábios macios. O coração da garota batia forte enquanto ele aprofundava o beijo, mas o dele estava normal, como se aquilo fosse algo corriqueiro. Ter um caso com uma aluna não deveria ser algo corriqueiro, deveria?
Eles interromperam o beijo quando ouviram um estrondo ao lado de fora da sala, afastaram-se automaticamente, com medo de alguém tê-los visto.

desencostou rapidamente do batente da porta, pegou o livro que havia deixado cair e saiu correndo. A garota estava andando em direção à saída da escola quando uma conversa sussurrada lhe chamou a atenção, não fazia a mínima ideia de que se tratava disso. Ficou boquiaberta com a cena presenciada. O Sr. Última Bolacha do Pacote e Tami, a garota comportada, tinham um caso. Como ela não havia percebido antes? Como?
já estava longe dos olhos de Tami, que agora estava parada na porta da sala. Ela suspirou aliviada, achando não era ninguém e voltou para os braços de George, que sorria calorosamente para a garota.

- Esse vai ser nosso último encontro antes das férias. – disse ela desanimada, olhando para seus pés.
- Não pense nisso, meu amor. – ele ergueu o queixo da garota, fazendo com que encarasse seus lindos olhos verdes. – vamos nos ver quando voltar de minha viagem e teremos muitos outros encontros.
- Você precisa mesmo ir nessa pesquisa? – choramingou a garota de cabelos castanhos. - Preciso, vai ser um diferencial na minha carreira acadêmica. Você sabe que nesse país os professores precisam se esforçar para ter destaque.
Ele se aproximou e beijou Tami ternamente. Era incrível como ela se deixava enganar com esses gestos e essas palavras. George Martins poderia ser o professor gato que toda aluna pediu a Deus, poderia até ter uma memória fantástica e ser quase um gênio da química, mas seu caráter deixava muito a desejar. Se ir com a mulher e os filhos à Disney é algum tipo de pesquisa, então o que são férias em família?


SEXTO CAPÍTULO

Era quarta-feira e estava em casa arrumando sua mala para o dia da viagem. Mas depois do que havia visto na segunda passada, não conseguia pensar em outra coisa. Na escola, ela começou a reparar mais no Sr. Martins e ficou de olho por onde ele andou. era muito curiosa, não gostava de saber das coisas pela metade, tinha até pensado em seguir o professor depois da escola, entretanto, decidiu não fazê-lo, não naquele dia. Ela sentia que ele escondia mais segredos e estava disposta a descobrir todos e a guardá-los, enquanto fosse vantajoso para ela, é claro.
Começou a focar na viagem e nas coisas que deveria levar. e ela fariam a viagem junto com os formandos da escola de , era uma turma grande e não conhecia ninguém. Não que isso fosse um empecilho, ao contrário, via como uma oportunidade de conhecer mais pessoas e fazer bons contatos. As duas amigas tiveram dificuldades em convencer os pais a deixá-las ir um ano antes, já que a viagem para Porto Seguro é realizada pelas turmas de terceiro ano e as duas ainda estavam no segundo. Contudo, elas sempre conseguiam o que queriam e com aquela viagem não foi diferente.
Anne , a mãe de , achava que seria uma boa oportunidade para que, no ano do vestibular, elas não perdessem o foco. Já as belas garotas não estavam realmente se preocupando com as prova do ano seguinte, elas nem tinham certeza do que iriam prestar e não estavam com pressa para descobrir.
- , irmãzinha linda... – cantarolou Hanna, entrando no quarto da irmã.
- Você nunca vai aprender a bater na portinha? - imitou o tom da pequena.
- É só para avisar que aquela sua amiga loira está te esperando lá embaixo.
- A ? Por que você não falou pra ela subir?
- Por que eu não sou sua empregada pra ficar recebendo suas visitas. – mostrou a língua.
andou em direção à saída do quarto, arrastando a irmã consigo. A pequena achava que, com a amiga da irmã em casa como distração, conseguiria finalmente olhar todas as coisas da mais velha. Resmungou quando viu seu plano ir por água abaixo quando a porta vermelha foi trancada. Desceram as escadas e as ondas perfeitamente loiras foram avistadas.
- Vim te sequestrar para tomarmos um lanche. – disse sorridente.

- Não entendo o porquê de você só tomar café gelado! – realmente não entendia.
- Ah, é que o gosto do café quente é nojento. - explicou enquanto mexia com uma colher o líquido escuro.
- Você é muito estranha. – a loira riu.
- Influência sua! – defendeu-se , mostrando a língua.
- Mudando da sua esquisitice para os seus problemas, você não falou mais com o Tyler?
se remexeu na cadeira da cafeteria, sentia-se desconfortável ao ter de falar sobre aquele assunto.
- Não. – tomou um gole do café. – Encontrei-o algumas vezes e eu fingi que não o vi.
- Eu achei que ele iria te procurar.
- Na verdade, ele me ligou, mas eu ignorei.
- Você está sendo muito dramática com essa história. – observou.
- , eu já te expliquei que com ele é diferente. Eu não queria, mas eu sinto algo a mais. - era difícil para a morena encarar aquele fato, mesmo que fosse a mais pura verdade.
- Então pare de fingir que ele não existe.
- Ele tem uma noiva e ele mentiu para mim! – exclamou.
- E daí? Você pode muito bem se divertir com Ty sem que a noiva dele saiba, vai que você acaba descobrindo que nem sente tudo isso por ele? – estava indignada com a amiga, se fosse qualquer outro ela sabia que se divertiria e depois daria um pé na bunda dele.
- Mas e se acontecer o inverso? E se eu descobrir que... que, sei lá... que eu realmente gosto dele? - ela estava nervosa e foi incapaz de pronunciar a conjugação do verbo apaixonar.
- Aí você usa todos os atributos que Deus te deu pra fazer com que ele fique com você! – disse a loira de maneira óbvia. - Tenho certeza de que ele vai te escolher ao invés daquela baranga horrorosa.
- Você nunca a viu. Como sabe que é uma baranga?
- Qualquer uma perto de nós duas é uma baranga. – o tom de era convencido, e ela não estava totalmente errada. A beleza das duas ofuscava a de qualquer outra por perto.
pensava no que a amiga havia lhe falado enquanto estava com o canudo colorido na boca e sentia o café gelado descer pela garganta. Talvez aquilo não fosse uma má ideia e ela não poderia ignorar Tyler para sempre.
- Eu vou pensar mais sobre isso, , mas só depois que voltarmos da viagem.
- Ok, é melhor mesmo, porque teremos muito o quê fazer lá. E ficar pensando em problemas não está incluso na minha lista de ‘Coisas Para Fazer Em Porto Seguro’. – elas riram.
As duas belas jovens continuaram tomando café e atraindo olhares dos que passavam por lá. Mulheres invejavam a pele lisa e bronzeada de e o cabelo loiro e magnificamente ondulado de ; Invejavam a dupla que se deliciava com cupcakes e macarons cheios de gorduras sem se preocupar; Invejavam a idade, as roupas, os belos sorrisos e a atenção que recebiam dos homens, até mesmo dos mais velhos. A verdadeira questão era: o quê as mulheres não invejavam nessas duas?


| Continua... |


N/A: Como sempre, espero que gostem do capitulo, comentem e, por favor, divulguem CDH! Eu sei que não é a melhor fanfic do mundo, mas eu me esforço muito pra fazer com que seja, pelo menos, aceitável. AHH, espero que todas tenham curtido o carnaval como gostam (lendo fanfics ou pulando no meio daquele povo suado), e que venha mais um ano, por que pra brasileiro o ano só começa agora né!
Beijos, Nah. (@sweet_nah / fc do 1D: @sweeetdisaster_)



Nota de Beta: Se virem algum erro de português/script/HTML, não usem a caixinha de comentários, me avisem por aqui: nellotcher@gmail.com


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