Circus
Fiction por Becca Fics | Betagem por Nathalie


Capítulo 1
Rio de Janeiro, 11 de fevereiro, segunda-feira, 19h34min
tinha acabado de estacionar seu carro na garagem, quando o seu celular tocou. Ela pegou a sua bolsa e saiu do carro. Olhou no visor, vendo que a chamada era do seu pai.
- Oi pai, está tudo bem? – perguntou preocupada, vendo que tinha falado com o seu pai há menos de uma hora, e ele não era muito de ficar ligando para passar o tempo.
- Querida, eu preciso que você venha para a minha casa, agora. – seu pai mandou com a voz falhando, e uma sensação ruim pairou no corpo de .
- O que aconteceu? – perguntou, assim que entrou novamente no carro. Seu pai soltou um suspiro pesado, e depois de uma pequena pausa, ele respondeu duramente:
- Seu irmão está morto.
sentiu seu coração parar de vez, e o seu celular já não estava mais na sua mão. Lágrimas se formaram rapidamente no canto dos seus olhos, e uma sensação de vazio no peito a fez sentir falta de ar. Tudo que conseguia pensar era no seu irmãozinho morto, e sem ela ter tido como evitar isso. Esse era o maior medo de : o fato de seu irmão estar longe o suficiente para que ela não pudesse defendê-lo desse mundo horrível que é lá fora. E agora, a quilômetros de distância, o pior aconteceu, e ela não podia se sentir mais culpada. As lágrimas agora molhavam o rosto de . Ela respirou fundo e pegou o celular caído, já com a chamada finalizada. Ela o guardou na bolsa e deu ré no carro, voltando para a estrada.
estava em alta velocidade, e a estrada à sua frente era só um vulto, por conta das lágrimas, que não paravam de descer. Ela nem percebeu que já estava estacionando o carro em frente à casa do seu pai. Ela respirou fundo mais uma vez e passou a mão no seu rosto, limpando as lágrimas. Ela precisava ser o mais forte possível, coisa que ela sempre fora. E não ia ser agora, no momento em que a sua família mais precisava, que ela iria deixar de ser. Sua família precisava de apoio, e não de mais lágrimas e tristezas. saiu do carro, deixando seus pertences nele e ativando o alarme. Entrou na casa o mais rápido possível. Quando fechou a porta, se deparou com vários rostos que ela não via há anos, mas preferiu ignorá-los: se ela não os via há anos, não ia ser no seu momento mais triste que ela iria falar com eles. Ela procurou o seu pai com o olhar, e o viu chamando-a com a mão para segui-lo até a cozinha. Assim que chegou à cozinha, viu seu pai olhá-la com um misto de dor e pena; o mesmo olhar que ele usou quando a sua mãe morreu e ela ainda era uma criança, pensando em se matar para cessar a dor. Mas agora era diferente, já era adulta demais para chorar na frente de todos, ou pensar em se matar...
- Que bom que você veio rápido, eu vou precisar de você. – seu pai disse, e pôde notar o quanto ele estava se esforçando para ser forte e não se desmanchar em lágrimas, assim como ela estava.
- Então... Qual foi a causa da morte? – teve que fazer um esforço muito grande para essa pergunta sair, mas era uma curiosidade que precisava ser respondida.
- Assassinato. – ele respondeu calmamente, e teve que se controlar para a sua cara de espanto não ser maior do que a que saiu de imediato.
- Mas c-como assim? Quem iria querer vê-lo morto? – perguntou assustada. Para ela, essa era uma pergunta que não fazia sentindo nenhum. Ela conhecia muito bem o seu irmão para saber que ele não faria mal nem a uma mosca, quanto mais a alguém. Então, na sua cabeça, com certeza não tinha sentido algum alguém querer seu Jason a sete palmos do chão.
- É isso que você vai descobrir, querida... – seu pai respondeu, e o olhou confusa. – Amanhã de manhã, você estará em Londres para acompanhar os policiais e o detetive, para descobrir quem foi o monstro que fez isso ao meu garotinho.
- Mas por que só eu tenho que ir? E quanto ao senhor? – arqueou a sobrancelha e botou as mãos na cintura. Era claro que ela não iria para Londres por qualquer motivo, era pelo seu amado irmãozinho, mas ela simplesmente não podia parar a sua vida aqui no Brasil para ficar sei lá quantos dias ou até meses em Londres, por uma coisa que ela nem sabe se será resolvida.
- Eu ainda tenho que resolver algumas coisas aqui antes de viajar. – ele respondeu bravo. – Eu nem sei por que você está reclamando, ele é o seu irmão. Sem falar que você é uma escritora, então ir para Londres não irá influenciar em nada no seu trabalho, , irá até lhe inspirar. – ele gesticulou com as mãos, e bufou.
- Mas além de tudo, eu ainda trabalho em uma revista, pai, eu não posso sair para outro país por semanas sem nem saber se teremos mesmo uma resposta. – tentou falar o mais baixo possível, para que as pessoas não escutassem a sua pequena discussão com o seu pai na noite da morte do seu irmão.
- Tire férias. Há quanto tempo você vive me dizendo que está cansada de lá e que só não usa as suas férias porque ficar em casa sem fazer nada é chato e lhe deixa sem ideias? – ele perguntou cinicamente, e se sentiu como uma criança contrariada. Seu pai tinha razão, e ela sabia disso. Ela sabia que tinha tudo para poder ir, mas no fundo, ela só não queria lembrar-se da morte de Jason.
- Está certo, a que horas tenho que estar na delegacia? – ela perguntou contrariada.
- Você só precisa ir lá na quarta, eu já falei com o detetive encarregado do caso do seu irmão. – ela concordou com a cabeça e respirou fundo ao sentir novamente um vazio dentro de si. Seu pai pareceu notar e abriu os braços, dando espaço para se aconchegar no, agora, único lugar onde se sentia segura.

Capítulo 2
Londres, 12 de fevereiro, terça-feira, 17h45min
jogou a sua pequena mala em um canto qualquer do quarto e se deitou na cama de casal, sem nem se dar ao trabalho de colocar uma roupa mais confortável para descansar da sua longa viagem. Acordou por volta de uma hora e meia depois, com sua barriga implorando por comida. Levantou-se contra a sua vontade e foi ao banheiro, a fim de tomar um banho gelado que tirasse toda a sua preguiça de vez. Tomou um banho de quinze minutos, o suficiente para se sentir com mais energia, e vestiu um pijama folgadinho. Pediu serviço de quarto, e enquanto esperava a comida, resolveu ir tirando suas roupas da mala e organizando no pequeno armário de madeira que ficava na parede ao lado da janela. Em menos de meia hora tinha terminado de arrumar o armário, por conta da pouca quantidade de roupa que ela tinha trazido. Isso lhe traria problemas no futuro, se ela tivesse que passar mais de um mês aqui. Com duas batidas na porta, uma mulher simpática lhe trazia o seu jantar em uma bandeja. agradeceu e sentou-se na cama para comer. Ela comeu todas as delícias postas naquela bandeja. Ela precisava, já que fazia horas que não comia algo decente. Quando terminou de jantar, botou a bandeja em cima da mesinha de centro e seguiu para a escrivaninha, tendo em mente conseguir escrever, nem que fosse uma palavra, o seu novo livro. Quando tirou seu notebook de dentro da bolsa, algo caiu no chão. Era uma foto. Ela pegou-a com certa delicadeza, e no seu verso estava escrito "Não importa a distância ou quanto tempo se passe, você sempre será a minha heroína. Eu te amo, maninha". Seus olhos marejaram e ela pôs a mão na boca, surpresa, ao notar que essa foto foi tirada no aniversario de oito anos de Jason, onde ela se encontrava vestida de mulher maravilha e eles abraçavam-se alegremente. lembrava exatamente de como havia sido aquele dia, foi um dos melhores dias da sua vida. Sua mãe ainda estava viva, e ela tinha lhe ajudado a escolher aquela fantasia para a festa surpresa de Jason. Ele não tinha desconfiado de nada, e quando viu toda a sua família gritando “surpresa”, chorou de felicidade, e naquele momento, deram um abraço em família. nunca esqueceria daquele dia, pois depois dele começaram as decepções, e dois anos depois sua mãe morreu. Sem nem ter notado, já estava quase se afogando em lágrimas e o seu peito se enchia de saudade. Como ela queria que aquele tempo voltasse, quando tudo estava bem e todos estavam felizes. se levantou da cadeira, já tinha desistido de escrever alguma coisa, vendo que não conseguiria se concentrar em nada no momento. Dirigiu-se à cama e se deitou, deixando que as lágrimas rolassem, para que, com isso, pudesse se sentir um pouco mais aliviada de toda aquela dor presa em seu peito.

Acordou pouco tempo depois com o seu celular tocando, e percebeu que tinha pegado no sono sem querer. Sentou-se na cama, pegou seu celular e, vendo que a chamada era do seu pai, atendeu com certa preguiça.
- Fala, pai. – disse, desanimada.
- Oi, meu anjo, está tudo bem por aí? – ele perguntou com certa preocupação.
- Está sim, é que eu acabei de acordar.
- Hm, é bom você descansar mesmo, pois os outros dias serão agitados... – ele avisou, e assentiu. – Mas eu não liguei para falar sobre isso, eu liguei para dizer que você tem um primo que mora aí e que quando eu falei com ele, ele concordou em te ajudar e te fazer companhia enquanto estiver em Londres.
- Eu não preciso de babá enquanto estiver por aqui, pai. – falou entediada, rolando os olhos ao imaginar uma pessoa seguindo-a por toda Londres.
- Pare de ser teimosa, . Ele não será uma babá, e sim uma companhia para você não se sentir sozinha. – ele rebateu.
- Você precisa parar de ser tão protetor. – falou irritada.
- Eu parei uma vez, e olhe no que deu... – ele respondeu com certa amargura na voz, e entendeu ao que ele se referiu, tratando de pedir desculpas logo depois. – Está tudo bem, meu amor. Eu não cometerei mais o mesmo erro, sem falar que você não precisa se preocupar em estar incomodando o seu primo, ele aceitou ficar com você sem nem pensar duas vezes. Então, relaxe.
- Ok, nem adianta discutir com você mesmo... Quando põe algo na cabeça, não tira mais.
- Que bom que desistiu mesmo... Falo com você amanhã. Te amo, meu bem. – ele disse docemente.
- Até amanhã, também te amo. – desligou o celular e voltou a dormir.


Nota da Beta: qualquer erro que encontrar, por favor me avise aqui. Não adianta reclamar e xingar na caixinha de comentários, ok? Ela serve para você deixar um recadinho legal para a autora. Se você quer informações sobre a atualização dessa e de outras fanfics, pode encontrá-las no meu tumblr. xx


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