Escrita por: Lily Evans
Betada por: Van




CAPÍTULOS: [Prologue] [1]



Prologue


Amor
Divisão silábica: a.mor. Substantivo masculino. Original do latim: amore.
(1) Sentimento que impele as pessoas para o que se lhes afigura belo, digno ou grandioso. (2) Grande afeição de uma a outra pessoa de sexo contrário. (3) Afeição, grande amizade, ligação espiritual. […] (7) Desejo sexual. […] (12) Tendência da alma para se apegar aos objetos.
Antônimo: aversão, ódio.

Ódio
Divisão silábica: ó.dio. Substantivo masculino. Original do latim: odiu.
(1) Rancor profundo e duradouro que se sente por alguém. (2) Aversão ou repugnância que se sente por alguém ou por alguma coisa. (3) Antipatia.
Antônimo: amor, afeto.

A linha tênue que separa o amor e o ódio é quase imperceptível aos olhos leigos do descrente; apenas pode ver a fragilidade de sua existência aquele que enxerga com os olhos do coração.
Aquele que odeia ou foi ferido, porque já amou, ou ama e, mesmo assim, tem medo de amar. Medo de assumir. Medo de perceber que também é humano.
Humano. Demasiado humano.

Chapter 1


Os primeiros flocos de neve caíram na janela do meu quarto – eu já os esperava com as mãos no vidro. Sempre amei ver a cidade pintada de branco nessa época, ainda mais perto do Natal. Ok, ainda temos mais um mês pela frente antes de ser oficialmente a época natalina, mas, pra mim, começou o inverno, começou o Natal. E tratando-se disso, eu sou a primeira a festejar.
Sempre fui.
Sorri ao ver aquelas pintinhas brancas cobrindo o parapeito. Eu ia sair com Harry e aquilo deixaria tudo ainda melhor. Não, eu realmente não achava que a neve atrapalharia meu encontro com meu namorado. Definitivamente, não. Poderíamos ir a algum parque na cidade, cair no chão e fazer anjinhos na neve. Ou, então, poderíamos fazer guerra de neve – Harry sempre me deixava ganhar mesmo. Seria ainda mais divertido! Já posso soltar meu yoohoo?
Yoohoo!
Retirei as mãos do vidro, que já estava deixando meus dedos mais gelados do que eu gostaria. Apesar de amar a neve e o frio, eu detestava passar frio – a temperatura que meu corpo gosta de estar é a quente; se ele está quentinho, pode nevar o quanto for, que eu vou amar! Então, aproveitando que eu ainda estava com meu pijama quentinho dentro da minha casa quentinha, corri até as escadas para tomar meu café. Ninguém é de ferro. E, no caminho, quase tomei um tombo épico por causa das pantufas nos meus pés.
Como diria minha mãe: se ainda não aconteceu nada de errado, então não sou eu.
Belas palavras.
Traduzindo: minha filha é uma desastrada.
E o pior é que minhas ações não mentem. Eu sou mesmo um desastre ambulante. As louças aqui de casa que o digam, coitadas.
Ao terminar as escadas, deparei-me com papai lendo o jornal em frente à TV, na sala de estar. Até hoje não consigo entender por que ele deixa a televisão ligada se não vai assisti-la. Ele prefere ler as notícias a ouvi-las pelo canal 7. Será que mamãe gosta? Nunca perguntei.
? Acordada uma hora dessas? — Disse ele, abaixando o jornal e arrumando os óculos de leitura, enquanto notava minha presença a observá-lo de longe. — O que foi, filha? Caiu da cama?
— Há-há. Muito engraçado o senhor, papai.
Ele apenas piscou um dos olhos e ergueu o jornal novamente. Sorri e balancei a cabeça, recordando-me do que viera fazer aqui. Corri até a cozinha, encontrando mamãe no fogão. Fui até ela e abracei-a por trás, depositando um beijo em seu rosto. Ela acabou se desequilibrando.
, cuidado! Eu estou mexendo com fogo, poderia me queimar na frigideira.
— Frigideira?
Parei um instante pra prestar atenção no que ela estava fazendo; frigideira às oito da manhã não é exatamente o que se chama de normal. E então... Voilà!
— Panquecas! Panquecas para o café da manhã! Há quanto tempo a senhora não fazia isso, mamãe?
Acho que eu tinha o rosto de uma pessoa maravilhada. Ou de uma criança encantada com um brinquedo novo ou com o doce que acabou de ganhar, com os olhinhos brilhando.
— Calma — ela riu —, são só panquecas. Não faz tanto tempo assim que eu as fiz.
Fitei-a, sarcástica, e ela rapidamente percebeu minha cara de: “Ah, é? Você tem certeza?”.
— Tudo bem, tudo bem. Acho que já faz algumas semanas...
— Algumas semanas? Seis, mais exatamente. A senhora fez quando a foi embora.
Ela arregalou levemente os olhos e pôs uma das mãos sobre a boca.
— Minha nossa, já faz tudo isso? — Apenas concordei com a cabeça. — Céus, como será que a está? Eu sei que ela parecia tranquila quando a se mudou, mas uma mãe sempre vai morrer de saudade de seus bebês.
Arranquei um pedacinho da panqueca que estava num prato ao lado do fogão e mamãe nem sequer percebeu. Eu ia esperar até que ela terminasse de fazer tudo, mas depois de ela usar o clássico termo materno “meus bebês”...
— Hm, em primeiro lugar — engoli o que tinha na boca —, a já é bem grandinha pra poder cuidar de seu próprio nariz. Ela está se dando bem na nova casa. E fora que Londres não é um absurdo de longe daqui, né, mamãe? — Eu disse a ela, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Além do mais, faz bem ela morar sozinha agora que se formou no colégio. Isso é bem legal...
Minha mãe me dirigiu um olhar de soslaio, e esse nem precisou de tradução. Ela entrava em pânico só de pensar na possibilidade de me deixar morar sozinha quando terminasse o colégio. A tia era bem mais relax que a mamãe, quando o quesito era superproteção – o que, fatalmente, facilitava muito as coisas pra ; e dificultava pra mim. É, eu e minha mãe somos muito mais que apegadas. Eu sou sua única filha (e, obviamente, ela é minha única mãe), mas isso também não pode impedi-la de me soltar.
Minhas asas foram feitas pra voar!
Arranquei mais um pedaço da panqueca, sem flagrante, enquanto mamãe observava a panqueca que tinha no fogo. Pensativa, com certeza.
— Em segundo lugar, dona ... — Precisei engolir de novo. — Essa sua panqueca vai torrar rapidinho. Já posso sentir o cheiro daqui!
Enquanto eu roubava meu terceiro pedaço, mamãe despertou de seu transe introspectivo e me pegou, literalmente, com a mão massa. Puxei logo a panqueca inteira (ou o que restou dela) e saí fugida da cozinha, despistando minha mãe na escada, ouvindo suas ameaças sobre eu ganhar uma panqueca a menos quando descesse novamente, para tomar café com ela e papai. Eu sabia que ela não faria isso.
Voltei ao meu quarto e, assim que fechei a porta, para poder me trocar, meu celular tocou sobre a escrivaninha. Mordi minha panqueca roubada e fui até lá, atendendo de boca cheia, sem nem me lembrar de ver o número.
— Hm. Oi.
?
Reconheci a voz de Harry no mesmo instante e engoli tudo de uma vez só.
— Harry! Oi! Sim, sou eu. Você viu a neve caindo, que linda? Nosso passeio vai ser incrível! — Eu sorria largo e pude ouvir quando ele riu do outro lado da linha.
— Por isso mesmo que eu te liguei. Eu sei o quanto você adora neve e, quando eu vi o estado em que ela deixou meu quintal, pensei que gostaria de vê-la do topo da London Eye... — Ele deixou a frase no ar e eu já não tinha mais rosto que coubesse meu sorriso.
Ele não tinha me contado para onde iríamos essa tarde, então eu imaginei um monte de coisas, mas ir à London Eye, principalmente em época assim, o que era uma coisa que eu sonhava em fazer desde a primeira vez em que fui lá, era simplesmente o passeio perfeito!
— Eu não acredito que você vai fazer isso comigo! Uau! Ver Londres ficando branquinha lá de cima... Eu vou adorar! Você não poderia ter feito surpresa melhor, Cachinho!
Ele riu mais uma vez, talvez por causa da minha animação exagerada. Ou, quem sabe, por eu ter usado outra vez o apelido bobo que a irmã inventou pra ele. Independente disso, meus olhos brilhavam novamente como os de uma criança.
— Então? Gostou?
— Até parece que você ainda não entendeu, seu bobo. — E, dessa vez, ri eu.
— Ok, bobinha. Nos vemos às três?
— Aguarde-me, Styles. Aguarde-me!

Mais exatamente cinco horas e quarenta e cinco minutos depois, eu já tinha tomado meu café da manhã (com o mesmo número de panquecas que eu costumo comer, sabia), almocei a comida deliciosa da mamãe e já estava me aprontando para a saída com Harry. Não que a ideia de que eu deixaria minha família sozinha para o chá da tarde agradasse muito ao papai, mas mamãe conseguiu acalmar a fera. Acho que até hoje ele não se acostumou com o fato de que “sua filhinha” está crescendo e tem um namorado. Já não sou mais uma criança – concordemos, por favor.
Tomei meu banho tranquilamente, aproveitando bem as espumas da banheira. Definitivamente, esse foi o capricho mais bem gasto que papai teve com mamãe. Banheira é uma delícia! E foi tão tranquilo esse banho que eu acabei me esquecendo da vida; mamãe teve que bater na porta algumas vezes até que eu finalmente me localizasse no tempo e espaço. Acho que dormi mergulhada na água.
— Já vou sair!
Escorreguei até cobrir o pescoço; eu não queria molhar o cabelo agora. Mais dez minutinhos e eu saí dali. Se demorasse mais, todo o tempo extra que tirei para me arrumar se transformaria em atraso – e eu respeitava muito a pontualidade. Olhei no relógio do corredor: 14h20. Realmente, se eu não corresse, iria me atrasar.
Fui até o closet e procurei a roupa de inverno mais fofa que eu tivesse; era um encontro, era justo que eu estivesse toda fofa. Troquei-me o mais rápido que consegui e fui logo arrumar meu cabelo. Vestia uma calça branca com alguns pontos de luz em pedrarias, uma blusinha justa de mangas compridas, toda em rosa bebê, e um cardigã branco comprido com desenhos florais em tons de rosa escuro e claro, deixando-o aberto e marcando a cintura com um cintinho fino marrom. “Toda menininha”, diria a . Podia até vê-la falando: “Rosa demais pro meu gosto”! Mas estava lindinho. Arrumei o cabelo com duas das mechas frontais enroladas e presas atrás da cabeça, deixando um pouco da franja caindo no rosto. Definitivamente, eu estava a cara de uma daquelas meninas riquinhas se arrumando pra ir ao colégio. Só faltava a bolsa com o cachorro a tiracolo!
Encontrei uma bolsa bege de material parecido com couro, estilo mochilinha, e organizei minhas coisas lá dentro. Celular, maquiagem, dinheiro, espelho, um lenço para o pescoço... E ainda sentia que faltava coisa. Deixei pra lá. Calcei as luvas, as botas com revestimento para neve – que, ainda assim, eram extremamente bonitas –, pus a bolsa no ombro e corri novamente até a sala. Esperaria Harry lá, aproveitando pra passar mais tempo com papai. Quem sabe ele não ficasse mais tranquilo com essa minha saída, huh?
Cerca de vinte minutos depois, a campainha tocou, fazendo o som vibrar pela casa inteira. Até que era bonitinho o toque da nossa campainha, comparado ao do vizinho. Eu detestava aquele barulho! Levantei num pulo do sofá, já preparada para correr até a porta, mas papai foi mais rápido, jogando-me de volta em cima das almofadas e indo ele mesmo abrir a porta. Tadinho do Harry...
— Pra vo... — Eu pude ouvi-lo começar, mas sua voz sumiu tão rápido quanto começou.
Corri até a porta, ficando atrás do meu pai. Harry estendia um buquê de flores, todo sem graça, na direção em que estávamos. Não pude deixar de rir daquela situação.
— Com sua licença, papai... — Passei à frente dele, indo até a porta. — Mas não acho que essas flores sejam para o senhor.
Peguei o buquê singelo das mãos de Harry e cheirei as flores. Rosas. Clichê, porém, minhas preferidas. Mas essas eram diferentes...
— Rosas brancas, Cachinho? Essas são novas. E lindas!
— É por causa da neve, ... — Ele continuava meio sem jeito na frente de papai, que não havia saído de trás de mim. Pigarreou. — Hm, bem... Vamos?
Meu pai parou ao meu lado.
— Harry. — Ele estendeu a mão.
— Sr. . — Harry o cumprimentou.
Fiquei observando os dois, encostada na porta. Era engraçado ver como papai assustava o Harry. Depois de tantos anos estudando comigo, conhecendo minha família, ele ainda tinha respeito e temor enormes pelos meus pais; sobretudo pelo “Sr. ”.
— Aonde você vai levar minha filha, Harry? — Papai começou com seu habitual interrogatório.
— Vamos a Londres, senhor. Mas fique tranquilo, minha irmã vai nos levar até lá. Não voltaremos tarde.
Papai pôde somente concordar; Harry já se adiantara em todas as informações mesmo, não havia mais o que perguntar.
— Certo. Você ao menos tem dinheiro para pagar o passeio, meu filho?
É, acho que eu estava errada.
— Tenho sim, senhor. Já recebi meu pagamento.
Harry trabalha numa padaria, no centro de Holmes Chapel. Acho que ele é o funcionário mais solicitado aqui da cidade. Nunca vi padaria pra lotar de garotas feito aquela! É difícil não sentir ciúmes quando, toda vez que se vai visitar o namorado no trabalho, você é obrigada a ouvir coisas do tipo: “Você gosta de pão? Porque eu adoooro salsicha. Nós podíamos fazer um cachorro-quente e tanto!”, e ainda ter que ouvir a de trás se intrometer e dizer: “Quente é a minha especialidade. Minhas mãos são as mais quentes de toda a Inglaterra!”. As cantadas são tão absurdas que se tornam impossíveis de esquecer. Mas, com certeza, a parte mais legal é chegar, cumprimentar o Sr. Rodríguez, dono da padaria que sempre fica por lá, entrar atrás do balcão e beijar o Harry à frente de todas; e, é claro, depois olhar para a cara de cada uma delas e ver seus sorrisos murchando até sumirem. Então é só piscar e dar um beijinho naquela boca deliciosa do Harry. Elas ficam loucas! Obviamente de raiva, inveja ou ciúme sem causa. Ele é meu!
Vi que papai não tinha mais perguntas a fazer; apenas ficaria enrolando até que desse cinco horas, quando nos obrigaria a ficar para o chá. Revolvi fazer algo antes que isso acontecesse de verdade.
— Hey, mamãe! Harry chegou! Estamos indo, ok? — Gritei de onde estava. Mamãe sabia que, quando eu falava desse jeito, era porque estava na hora de distrair o papai e me ajudar a sair sem mais atrasos. Não gosto de atrasos.
— Oh, Harry! — Ela surgiu da cozinha, acenando de longe. — Como vai? , venha aqui me ajudar. Aqueles esquilos surgiram não sei de onde. Onde já se viu isso? Os esquilos saindo no inverno? Eles deveriam estar comendo as nozes que estocaram. Vamos, venha me ajudar!
Enquanto ela falava tudo aquilo, vinha até a porta e arrastava o papai pelo braço. Daqui a pouco ela gritaria: “Alviiiiiin!”, só para distraí-lo. Harry e eu rimos onde estávamos; mamãe era simplesmente incrível quando se tratava de improviso. Ela olhou rapidamente para nós, dando uma piscada hilária. Mostrei a ela o buquê que eu havia ganhado e ela entendeu meu pedido silencioso de que arrumasse um vaso para ele. Coloquei as flores em cima de uma mesinha na parede, ao lado da escada, e corri até Harry novamente.
No meio disso tudo, papai esbravejava na parte de trás do quintal. “Onde estão vocês, esquilos malditos?”. Dava pra ouvir da porta.
— Vamos? — Harry me olhou, divertido. Ri com ele.
— Vamos logo!


CONTINUA



Nota da autora: Eiii! E então? O capítulo está digno? Hahahaha tomara! Eu fiz tudo pra deixar o mais perto possível daquilo que eu sempre idealizei pra essa cena; aliás, cena essa que vocês só vão descobrir no próximo capítulo, porque isso aqui é só o comecinho dela! Segurem os corações e que soltem todo e qualquer comentário! UHASUHAS (amo muito tudo isso <3).
Queria agradecer a Van hoje. Ela é uma linda e aceitou continuar betando a fic mesmo depois de meses e meses parada (e apenas iniciada). Amo muito essa garota também. <3
Agradecer também à Bia e à Leka, que passaram a me apoiar demais nessa história. Vocês duas são outras lindas e divas e maravilhosas que eu amo! <3 <3
E enfim, agora é só isso. Aguardo vocês no capítulo 2! Xxx, Lily.

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