"...She wants me to come over I can tell her eyes don't lie, She's calling me in the dark...."
(Ela quer que eu me aproxime posso dizer que os olhos dela não mentem, ela está me chamando no escuro)

As luzes da boate piscavam de forma incessante de modo que eu mal conseguia observar o tipo de pessoa que se esbarrava em mim a cada minuto por conta de cada gole de cerveja que ingeriam, o que era bastante coisa, devo dizer. Eu e os caras tínhamos decidido que seria ‘bom pra todo mundo’ uma noite de farra na boate mais badalada de toda Londres pra comemorar o sucesso do nosso último cd, lançado no ano passado e que tinha sido número um em vários países, e embora eu não estivesse cem por cento afim de fazer isso, se eu dissesse em voz alta para aqueles quatro bêbados eu certamente ficaria um bom tempo ouvindo uma longa ladainha de "Nathan, você tinha que deixar de ser bebê" ou "Nath, qual é, cara? Somos jovens, você bem que podia aproveitar mais." ou até mesmo "Nathan, acho que você é assexuado." Esse último provavelmente viria de Max, que é o maior pegador e espera que todos sejamos como ele. O que certamente não vem ao caso. Do outro lado da pista, Jay dançava como se essa fosse a última coisa que faria na sua vida e já parecia estar muito bêbado e eu ri da forma que ele tentava se desviar involuntariamente de uma loira que quase estava cometendo um ato obsceno na pista de dança. Isso sempre acontecia com ele, era impressionante. "Ei, cara. Eu sei que não queria estar aqui, mas pelo menos melhora essa cara de bosta, talvez alguém te queria se você der um mísero sorriso." Tom disse enquanto chegava perto de mim e batia nas minhas costas, como um 'amigo' faz quando quer incentivá-lo a fazer coisas feias. "É impressionante ver que você ainda está sóbrio." falei. Tom fez uma careta, como se não estivesse acreditando no que tinha acabado de ouvir. "Tá, depois não diga que eu não avisei." E foi embora atrás de alguma outra garrafa de cerveja. Eu continuava ali, não totalmente parado, de vez em quando eu dava uma 'balançadinha' nas minhas pernas, mas eu não estava com o menor ânimo pra dançar. Ou pra fingir que dançava.
Fui até o bar e pedi qualquer bebida, se eu não podia aproveitar nada, que pelo menos ficasse bêbado. É cientificamente comprovado que as pessoas ficam mais extrovertidas quando estão bêbadas, mas quem precisa de ciência quando se convive com Jay McGuiness, não é mesmo? Qualquer coisa que tenha pensado, foi exatamente isso o que eu quis dizer. Não foi por acaso que estávamos novamente naquela maldita boate, digo isso porque ela funciona como um ‘point oficial’ para nós desde o lançamento do nosso primeiro single, ou seja, bastante tempo. Mas ainda me lembro de que fui ‘embebedado’ e saí carregado pelos caras naquele dia. Na época eu ainda não tinha dezoito anos, o que fez com que eu ainda precisasse ouvir por um bom tempo as reclamações incansáveis vindas da minha mãe sobre o quão importante é ter responsabilidade e que ela não confiava mais em mim e mais mil coisas que fingi que ouvi, mas não dei a mínima importância. Não por estar com raiva dela, mas sim porque eu sabia que não era minha culpa se meus adoráveis colegas de banda eram bêbados e queriam me tornar parte do ‘clubinho’ deles. “Mais gelo?” o homem do bar perguntou, estalando os dedos na minha cara pra ver se eu ‘acordava’ e prestava atenção no que ele estava dizendo. “Oi?” perguntei, ainda sem entender. “Vai querer mais gelo?” ele perguntando, balançando a cabeça e, pela entonação de sua voz, parecia que essa devia ser a décima vez que ele me perguntava a mesma coisa. “Sim, obrigado.” Falei. Ele esticou a mão pro lado e ajeitou mais umas três pedras de gelo no meu copo. “Aqui está.” Deixei o dinheiro no balcão e falei “O troco fica de gorjeta.” E em seguida saí em direção a algum lugar em que eu pudesse me sentar e degustar aquele líquido desconhecido na minha mão. Estava tecnicamente concentrado segurando o copo quando senti alguém se esbarrar em mim, de súbito ergui meu braço, a fim de não derrubar tudo no chão e causar um constrangimento maior, mas a pessoa que estava praticamente em cima de mim não teve a mesma ideia, derrubando a bebida que estava em sua mão na minha camisa. “Nossa!” A garota falou. “Eu precisava ficar mais atenta ao andar e...” ela parou tudo o que estava fazendo (ou dizendo) e ficou olhando pra mim. “Ei, eu conheço você....” Típico que me conhecessem. Eu estou em uma banda famosa, tive vontade de falar isso pra ela, mas preferi deixá-la tirar suas próprias conclusões. “Espera, eu vou lembrar.” Ela falou, colocando a mão na própria testa e unindo as sobrancelhas como se estivesse confusa. “Bem, One Direction, Backstreet Boys, Big Time Rush...” Não, querida moça, você está bastante enganada. “Eu tenho cara de boyband?” Perguntei, desafiando-a. Ela assentiu. Pro meu azar. “É algum amigo do Justin Bieber?” ela perguntou. “Bem, eu o conheço, mas não diria que sou amigo dele.” Eu disse e agora estava talvez mais confuso do que ela. “Jonas Brothers, McFLY...” ela continuou. “THE...” comecei a falar ‘The Wanted’ pra ver se a lembrava de algo. Ela olhou pra mim como se estivesse me achando o ‘maluco’ do pedaço, mas depois sorriu. “THE WANTED!” ela ergueu os braços pra cima e gritou ‘yeah’, o que chamou a atenção de algumas pessoas que agora olhavam pra mim como se fosse muito extraordinário que eu estivesse aqui. “Até que enfim.” Falei. “É. Até que enfim eu me toquei que acabo de pagar o maior mico de todos os tempos esbarrando em um famoso, sempre quis que isso acontecesse, mas agora não tenho mais tanta certeza assim.” Ela falou, mordendo os lábios. “Ei, você tem senso de humor, isso faz toda a diferença.” Falei, rindo. Ela sorriu “E você está sendo gentil. Olha, por que não me espera aqui enquanto eu pego algo pra limpar a sua camisa?” ela perguntou. “Por mim tudo bem, mas não quer mesmo que eu vá com você?” Ela negou com a cabeça. “Deixa comigo, já volto.”

“… I wanna put my hands on her hands, feel the heat from her skin, get reckless in the star light…”
(Eu quero colocar minhas mãos nas mãos dela, sentir o calor de sua pele, ficar despreocupado à luz das estrelas.)

Fiquei ali esperando a garota voltar. Em poucos minutos ela surgiu com um pano em mãos e um sorrisinho sapeca estampado nos lábios. “Onde conseguiu isso?” perguntei. “Pedi pra uma das funcionárias emprestado, elas até se ofereceram pra vir limpar, porque eu não especifiquei onde eu tinha derrubado minha bebida, mas imagino que se eu dissesse que era pra limpar Nathan Sykes do The Wanted ela provavelmente surtaria e eu não quero causar problemas pra você.” Ela deu uma piscadinha. “Ei, você sabe o meu nome?” perguntei. Ela revirou os olhos “Eu só não sabia em qual banda você estava, o seu nome eu sempre soube.” Ela riu. Ok, por essa eu não devia estar esperando. Ela gentilmente passou o pano umedecido na minha camisa, não sei se era só impressão minha, mas ela parecia estar sorrindo com os lábios fechados por algum motivo desconhecido e de alguma forma isso me lembrou que eu nem ao menos sabia o nome dela e foi exatamente isso o que perguntei em seguida como se fosse por impulso “Qual é o seu nome?” Notei ela se encolher um pouco. “Nossa, pensei que não fosse perguntar nunca.” Ela riu, mas ainda sem olhar pra mim, concentrada na minha camisa. “Meu nome é .” Ela disse quando se levantou e finalmente olhou pra mim. “E acho que não parece mais que eu te sujei.” Ela falou apontando pra minha camisa, que agora estava bem limpa e quase branca novamente. “Caramba, eu nem sei como te agradecer.” Falei. “Tente fazer do jeito mais simples.” (agora a garota ‘tinha um nome’, ! , repeti mentalmente.) “Obrigado.” Eu disse esperando que fosse isso mesmo que ela esperava que eu dissesse, e pela expressão que ela fez, eu estava errado. “Tudo bem, de nada, Nathan.” Ela falou olhando pra mim de um jeito estranho. “Eu vou procurar minha amiga.” Ela apontou pro outro lado da boate. Assenti e fiquei ali, com as mãos nos bolsos da minha calça. foi em direção ao lugar que tinha apontado e depois de alguns passos ela olhou pra trás e viu que eu ainda estava olhando pra ela. “Quer vir também?” ela perguntou. “Não, eu tô bem aqui.” Falei, gesticulando pra ela. Ela deu de ombros e foi mesmo embora.
“Quem é ela?” Jay perguntou quando saía do bar com outro copo na mão. “Ela quem?” perguntei. “Essa que tava aí agora a pouco conversando com você...” ele bateu no meu ombro. “Aí, Nath, garanhão hein..” ele riu de maneira escandalosa. “Tá, tá, agora vai pra lá e me deixa em paz porque eu realmente não quero um amigo bêbado agora me dando conselhos amorosos.” Falei, empurrando-o pra lá. “Com coisa que eu te daria meus preciosos conselhos... Eu sou bom demais pra você, Sykes. Bem que você poderia fazer bom uso do que eu te digo.” Ele disse, bebericando qualquer coisa que estava em seu copo. “Mas eu não preciso, valeu.” Insisti. Ele balançou a cabeça negativamente. “Não dou meia hora pra você vir atrás de mim pra me pedir ajuda com essa sua garota misteriosa aí...” ele olhou pra , que agora estava longe conversando com um grupo de garotas. “E se por acaso ela não te quiser mesmo, diga a ela que eu estou disponível.” “Jay, já te falei...” eu disse, tentando empurrá-lo de novo. Ele ergueu as mãos e gritou “Eu vou é beber porque a noite...” ele parou e olhou pra mim “...É uma criança...” ele falou mais baixo agora. “Tchau, seu bêbado.” E dessa vez ele foi mesmo embora. Não sei o que tem de tão interessante em me envergonhar. James, principalmente, deve achar isso incrível porque ‘envergonhar o Nathan’ sempre funcionou como um esporte pra ele. E digamos que ele gostava de praticar esse ‘esporte’ até demais.
Tomei um gole da minha bebida e percebi que nessas alturas, já estava com gosto de xarope. Horrível e quente. Larguei meu copo em cima de alguma das mesas e decidi deixar pra beber alguma coisa só mais tarde. Fiquei ‘andando sem rumo’ pela pista de dança, e as pessoas continuavam se esbarrando em mim. Eu só queria encontrar alguém conhecido ou então continuar sozinho mesmo. Pensando bem, acho que prefiro a segunda opção. Andei mais um pouco e encontrei uma das varandas da boate, na verdade, nem era bem uma varanda, era só uma parte sem cobertura com um sofá, algumas velas e até alguns vasos de flores pendurados pela parede. Não conseguia entender por que as pessoas não aproveitavam mais esse lugar. Elas não tinham noção do céu lindo e estrelado que estava à mostra nesse pequeno espaço. Sentei-me, estiquei meus braços e procurei relaxar, se eu estivesse precisando escrever uma canção, esse lugar seria absurdamente perfeito pra compor, pensei comigo mesmo. Sem nem ao menos me dar conta do que estava fazendo, comecei a inventar alguns ritmos e algumas rimas e já estava quase começando a compor mentalmente quando ouvi uma voz conhecida perto dali. “Eu sei, é que eu não queria vir pra essa festa eu sempre soube que daria mancada e acabaria me interessando por alguém e...” Eu nem precisei virar muito pra ver a pessoa que estava quase do meu lado. “Nathan, você de novo. Que engraçado.” falou, sorrindo pra mim. Ela estava acompanhada de uma garota, estava olhando pra mim meio chocada e tentando dizer algo pra , mas parecia recear que eu ouvisse. “Ei, aconteceu alguma coisa?” Perguntei, levantando. “Não, não.” falou, meneando a cabeça. “Eu vou comprar alguma coisa, depois a gente se encontra...” A amiga falou, ainda olhando pra mim e rindo. “Tá.” disse. Ela foi pra lá, mas continuava parecer querer me falar alguma coisa mas não sabia como.
“Como sabia que estava aqui?” Perguntei. “Não sabia.” Ela falou. “Eu só queria um pouco de ar, minhas amigas insistiram em continuar naquele alvoroço e, como eu não sou como elas, resolvi vir sozinha mesmo.” Ela riu. “Que bom que veio, então.” Falei batendo minhas mãos nas minhas pernas. “I’m glad you came...” Ela cantarolou baixinho uma das nossas músicas mais famosas, o que me fez rir. “Aposto que adoraria ver o céu lindo que está aqui fora.” Eu disse apontando pra cima e isso fez com que um sorriso tímido e inocente nascesse nos lábios de . “Devo admitir que está certo.” disse, vindo do meu lado e olhando pra cima. Não sei se era algum resquício da bebida, se eu estava carente demais ou se aquela lua cheia significava alguma coisa, mas eu estava olhando pra de um jeito um pouco diferente do que um mero ‘conhecido’ olharia. Ela pareceu perceber que eu a estava encarando de maneira séria demais e talvez tenha sido isso o que a fez mudar de ideia. Ou não. “Quer saber, eu conheço algo mais bonito que esse céu e do que todas essas estrelas.” Ela disse, de novo com aquela cara de inocente. “O quê?” Perguntei, aproximando-me. “Olha, interprete como quiser, mas todos aqueles caras dentro dessa boate não olhariam pro céu, na verdade, chego a pensar que eles nem se quer se lembram nessas alturas da existência dele... Muito provavelmente eles estão preocupados com o tamanho da minha bunda e a última coisa que fariam seria me chamar pra ver o ar livre.” Ela sorriu. “E tem algo de errado em mim?” Perguntei mais como uma afirmação porque eu realmente achava que tinha algo de errado em mim. riu de forma sapeca. “Você nem me esperou dizer o que é mais bonito.” Sem pensar muito, aproximei-me e a beijei, seus lábios eram doces e sua pele macia. Não pude me conter em me perguntar se era só uma miragem ou se aquilo estava realmente acontecendo. A realidade presente naquele ato me provava que não. Eu não estava sonhando. “Você.” Respondi por ela.

“... I know she feels the same cause I can see it in her eyes, she says can we start again?...”
(Eu sei que ela sente o mesmo, pois eu posso ver em seus olhos, ela diz ‘podemos começar de novo’?)

“Eu... preciso ir ao banheiro.” falou ainda um pouco sem ar por causa do beijo, eu assenti, mas não pude deixar de sentir medo de que fosse só uma desculpa pra ela, sei lá, fugir de mim ou algo assim. Continuei ali esperando que ela voltasse, batucando no banco o que deveria ser uma música imaginária. logo voltou, mas agora com um batom cor-de-rosa suave nos lábios, e imaginar que ela tinha ido ao banheiro só pra fazer isso e porque queria que eu a achasse mais atraente ainda, era no mínimo empolgante pra mim. Ela se sentou ao meu lado, cruzando as pernas com delicadeza. “Nathan, eu não quero que você pense que esse beijo aconteceu só porque você é famoso e faz parte de uma banda famosa nem nada assim.” falou, olhando pra mim. “Estou me sentindo muito mal com medo de que você pense que eu sou alguma stalker maluca ou até mesmo alguma dessas groupies que eu pessoalmente detesto.” Ri do nervosismo dela. “Não acho nada disso.” Eu disse, passando meu braço ao redor de seus ombros. “Menos mal então.” Ela falou suspirando e se aninhando no meu ombro.
Nós nos beijamos mais algumas vezes e eu ainda receava que aquilo duraria só uma noite como todos os meus outros ‘casos’ por isso queria aproveitar cada segundo. Ao conversar com a , descobri que ela tinha a minha idade e que tinha acabado de entrar na faculdade –algo ligado a Produção Musical- e por isso ela sabia que eu fazia parte de alguma banda. Nós conversamos muito sobre música e acabei descobrindo que tínhamos as mesmas paixões, ela gostava das mesmas coisas que eu e respirava música, o que fazia toda a diferença. Eu não consegui acreditar em como tinha conseguido encontrar alguém tão interessante como ela na balada.
Ouvi meu celular tocar. Uma. Duas. Três vezes. Estava tentando ignorar porque não via motivo pra que alguém me ligasse uma hora dessas, mas pela insistência resolvi atender. Era o Max. Chorando. “Nátan, eu pressixo di ajuda” ele falou em um ‘bêbadonês’ – como nós chamávamos quando ele começava a falar desse jeito - impecável. “Onde você tá?” perguntei, tentando entender o que estava acontecendo. “No banheiro.” Ele respondeu, com a voz falhando por causa do choro incessante. “Tô indo.” Murmurei.

“…The night is getting older and I can’t come off this hide I don’t want this here to end...”
(A noite está ‘envelhecendo’ e não posso sair desse estado de excitação, não quero que isso aqui termine.)

Eu não conseguia acreditar que quando eu enfim tinha começado a gostar de estar nesse lugar, o Max tinha atrapalhado tudo. Pra evitar maiores constrangimentos, disse pra que o Max queria ir embora e que a chave do carro dele estava comigo e por isso precisava entregá-la, o que eu espero que ela não tenha entendido como uma mentira, apesar de obviamente ser, afinal, o Max definitivamente é o último a ir embora e nunca deixaria chave nenhuma comigo. E pensando agora, acho que essa foi provavelmente a pior atitude que eu já tomei na minha vida, eu devia era fazê-lo passar vergonha e contar que estava chorando como uma garotinha indefesa no banheiro. Banheiro este que quando cheguei, estava lotado (e quando digo isso, me refiro a quase todas as pessoas daquela boate lá dentro!) e nunca imaginaria que uma boate teria um banheiro tão grande como aquele. Primeiro, torci para que aquela aglomeração toda não tivesse nada a ver com meu querido colega de banda chorando ali, mas acabei chegando à conclusão de que alguma coisa deveria ter a ver sim. “Ei, Nath, ainda bem que você veio, cara.” Jay disse, chegando perto de mim e praticamente me arrastando pra dentro do lugar. “O que aconteceu?” praticamente gritei, já que era impossível que alguém me ouvisse, de tanto barulho que estava fazendo ali. “O Max se meteu em encrenca, você precisa ajudá-lo.” Ele respondeu sem nem olhar pra mim, que estava logo atrás. Quando chegamos no cubículo do banheiro em que o Max devia estar, ele simplesmente me empurrou pra dentro e fechou logo a porta pra que ninguém entrasse ali.
Max estava sentado no chão com os olhos roxos e o nariz sangrando. Ele com certeza devia ter apanhado de alguém. “O que aconteceu?” perguntei, sentando de frente pra ele, no chão. “Eu mexi com uma mulher comprometida, o noivo dela viu e me bateu.” Ele falou. “Não parece meio óbvio que eu preciso de ajuda?” perguntou grosseiramente. “E o que você quer que eu faça?” “Me leve pra casa, você é o único que não bebeu, pelo menos não tanto quanto nós, eu pegaria um táxi, mas acho que estou humilhado demais pra fazer isso. Acho que você já deve estar querendo ir embora mesmo...” ótimo, era só isso que faltava na minha lista de ‘coisas ridículas que tive que fazer pelos meus amiguinhos’. Suspirei. “Vamo logo!” falei, puxando Max pela camisa e ignorando o quanto ele me xingava e recuava com força para que ninguém que estava ali no banheiro visse a cena. O que era impossível.
Eu o levei pra casa, não sem antes me certificar de que não me veria indo embora, mas ela viu, e a cara que ela fez pra mim não foi nada agradável. Ela não parecia ser o tipo de garota que se humilhava pra homem nenhum, e nem precisava disso. Provavelmente qualquer outro na boate se engraçaria com ela e certamente não a deixaria sozinha pra levar um amigo bêbado e machucado pra casa sem se despedir.
E foi exatamente isso o que eu fiz. Droga.

“…And we all get low, all get low searching for a peace of mind. Just when I’d given up looking for some kind of sign, that’s when I found you…”
(E nós vamos fundo, vamos fundo procurando por paz de espírito. Justo quando eu desisti de procurar algum tipo de sinal, foi quando eu te encontrei.”

Já tinha se passado uma semana desde o fatídico dia na boate. Ainda não tinha trocado uma palavra com Max desde então. Depois que ele ficou sóbrio de novo e a ressaca passou, expliquei tudo pra ele de forma clara – clara o suficiente para que até ele entendesse - ele me pediu desculpas e jurou que não teria feito isso se soubesse o que estava acontecendo. Eu honestamente não acredito. Culpei-me muito ainda por não ter pedido o telefone da , agora eu não sei nem ao menos o sobrenome dela para tentar procurá-la. “Nath, eu sei que você tá com raiva dele, cara. Mas ele não fez por mal.” Tom disse se sentando ao meu lado, já imaginando no quê (ou em quem) eu devia estar pensando. “Nunca faz.” dei de ombros. “Quem liga, não é mesmo?” me levantei. A última coisa que eu queria fazer naquele momento era ouvir os resquícios da consciência pesada que todos eles deviam estar nesse momento. Decidi caminhar, nós estávamos em Los Angeles acertando os últimos detalhes da gravação do clipe do nosso novo single, e ninguém é tão idiota a ponto de perder um dia de sol em Hollywood. Nem mesmo eu.
Andei muito, tomei um sorvete no caminho, tirei fotos e dei autógrafos para algumas fãs que me viram. Eu me esforçava para ser gentil com todas, uma vez que elas não tinham nada a ver com a minha cara quebrada. Quando dei por mim, percebi que tinha andado muito e que naquele momento, estava muito longe do hotel onde estávamos hospedados e eu pensei em chamar um táxi, porém não seria possível, já que eu perdi meu celular em algum lugar que eu não lembrava e não tive tempo para comprar um novo, ou pra tentar recuperar o velho. Sem muitas opções, voltei andando e me xingando mentalmente de raiva por ter conseguido perder meu telefone. Sempre ri do Jay, que é o maior expert em perder celulares do mundo, mas agora era ele quem me zoava.
Como já tinha esfriado a cabeça - pensando melhor, esquentado, levando em consideração o calor que eu tive que suportar para andar esse tanto – resolvi que o melhor que eu devia fazer era voltar a falar com o Max e parar de descontar a minha raiva no resto da banda. Realmente, ninguém além de mim teve culpa nessa história e já passou da hora da minha pessoa entender isso. Eles eram um pé no saco quando queriam, mas também eram os meus melhores amigos.

“…I was lost till I found you…”
(Eu estava perdido até te encontrar.)

Ainda estávamos no aeroporto, tínhamos acabado de chegar em Londres. A única coisa que eu queria naquele momento era minha casa e minha cama, com certeza esperar uma fila enorme pra sair por uma saída mais discreta por causa da aglomeração de fãs que estavam na porta nos esperando não estava nos meus planos. A gente conseguiu sair de lá muito tempo depois e ainda tivemos que “dar um oi” pra todas as adolescentes gritando nosso nome. Parte meu coração não dar mais atenção para elas, mas eu realmente estava exausto e os rapazes também, ninguém estava com muito ânimo pra isso agora. Fizemos o que era cabível no momento e fomos embora. Nosso motorista fez questão de deixar cada um em sua respectiva residência, e eu era o último. Teríamos 15 dias de férias até voltarmos para L.A. pra continuar as gravações, que pareciam intermináveis.
Entrei no condomínio e fui o mais agilmente possível para minha casa, não era nada fácil conseguir equilibrar o meu mau humor com o peso de todas aquelas malas juntas. Quase – literalmente - caí pra trás quando vi o que me esperava na porta. “O-o-oque você está fazendo aqui?” perguntei da pior maneira que deveria, já que agora parecia que a garota na minha frente não era bem vinda. “Você esqueceu isso comigo.” disse, como sempre, rindo, e balançando meu iPhone em sua mão. Eu queria agradecê-la, queria dizer que eu sentia muito por não ter aproveitado mais aquela noite, mas, dessa vez, fiz como havia me proposto naquele dia e tentei da maneira mais fácil. Com um beijo. “Nossa...” ela disse, recuperando o fôlego. “Eu estava esperando por alguma remuneração por ter devolvido o celular de um popstar, mas isso foi bem melhor.” Ela deu uma piscadinha. “Ei, como descobriu que eu morava aqui?” perguntei. “Digamos que dessa vez eu fiz minha lição de casa.” Ela se jogou no meu colo e me beijou de novo. “Dizem que eu levo muito jeito pra uma rockstar, porque eu sou bastante atrevida.” Ela sussurrou no meu ouvido, e nesse momento, eu já não conseguia pensar em mais nada.

“…She moves, I swear the room around her lights up like the sky, confidence like a rockstar…”
(Ela se movimenta, eu juro que o quarto em torno dela se acende como o céu, confiante como uma rockstar.)

FIM


Nota da Beta: Qualquer erro nessa fanfic é meu, então me avise por email ou mesmo no twitter. Obrigada. Xx.

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