Contract
História por Cass | Revisão por Taaci


O Show.

POV
Acordei num entusiasmo só. Antes de qualquer coisa, liguei o computador. Eu não podia acreditar que já havia começado o dia mais esperado da minha vida. Eu estava mais que feliz, estava empolgada e ansiosa. Peguei meu celular: 25 ligações perdidas. Parecia que alguém estava mais ansiosa:

- Bom dia, !
- Qual o seu problema, ? Faltam algumas horas para o maior espetáculo da terra e você aí, dormindo que nem um bebê?
- Cara, o show começa às 20h00min, e são 9hrs...
- Como se você fosse muito pontual. Já ta pronta? Já acordou suas primas? E sua irmã?
- Calma, amiga! Nem acordei direito. Relaxa, o One Direction não vai fugir!
- Nem vai esperar por nós, né? Acredita que já tá uma fila GIGANTE em volta do City Bank e sabe que eu gosto de ficar na frente..Tem uma hora pra ficar pronta, e suas primas também, ok? Beijos.
Depois de toda uma preparação, eu estava pronta. Isso não levou nem 15 minutos. Então fui até a casa da minha irmã, Victória, achando que ia ter que acordá-la. Meu pai abriu a porta e não só ela, como as minhas primas, Gabriella e Carolina, já estavam prontas e sorridentes. Duas horas depois, aparece a , no carro, com o seu pai. Nem parecia que estava atrasada.
- Oi, meninaaaas! Prontas? Que milagre! – disse ela, rindo.
- Como demorou, hein! – disse eu, já entrando no carro. Ela ignorou o que eu disse e aumentou o som, então cantamos as músicas até chegar ao local.
é minha melhor amiga desde os 8 anos de idade. Eu a conhecia muito bem e sabia que ela era exagerada, mas ela não exagerou quando disse que tinha uma fila GIGANTE na porta. Devia ter umas mil pessoas lá, e eu nem sou boa com números. Bem, faltavam oito horas para o show, então sentamos na fila.
Não foi difícil fazer amizades, afinal o assunto era um só. Muitas directioners não puderam ir, pois os ingressos esgotaram em 1 semana, mas era incrível a quantidade de posers que tinham lá. Era triste saber que elas compraram os ingressos que deveriam ser das verdadeiras fãs, mas o que eu podia fazer? Eu é que não ia dar o meu pra ninguém!
Victória, Carol e Gabi estavam tendo a emoção de ir ao primeiro show de suas vidas. Carol e Vick tinham 12 anos, e Gabi 14. Eu e já éramos mais experientes e rotina de show é com a gente mesmo. tem 17 anos e eu, 19. Éramos provas vivas de que, para ser directioner, não tem idade.
Deu 18hrs e os portões se abriram. De alguma maneira (furando fila), conseguimos ficar com a disputada beira do palco. Embora fossem novas, Vick e Carol são bem altas e não precisei colocar ninguém nas costas. Já eram 19hrs e eu estava morta de cansaço, mas nada ia me impedir de ver meus meninos. Cantamos todas as músicas que tínhamos conhecimento ligadas à 1D. Desde “Torn” até “Prince of Bel Air”, e nada deles aparecerem. Quando achei que já não tinha garganta, escuto os primeiros acordes e então eles aparecem cantando Na Na Na.
Ver os meus meninos de perto era tudo. Harry tinha de fato um cabelo fantástico e as tatuagens do Zayn eram mais bonitas ao vivo. Chegamos ao momento em que eles leem os tweets. Dois foram lidos e não passavam daquelas perguntinhas de sempre. Olhei para a na mesma hora. Na madrugada anterior, os enchemos de tweets, mas tínhamos consciência de que era muito improvável que lessem os nossos.
Era sempre bom ter a Gabi e a por perto, afinal, entre nós, somente elas falavam inglês e estavam traduzindo tudo pra mim, Carol e Vick.
Era interessante a maneira como eles interagiam com a gente, nos fazia acreditar que estávamos no palco com eles. Eu podia sentir a animação, era contagiante. Eu estava esgotada, mas, enquanto Liam gritava para fazermos barulho, eu ainda era capaz de pular.
Mas, como tudo que é bom um dia tem que acabar... Já devia ser uma da manhã quando os meninos se despediram ao som de ‘I Want’. Foi, com certeza, o melhor show da minha vida, e eu mal podia esperar para repetir a dose.

A Ideia

Não posso dizer que acordei, pois nem dormi. As emoções daquela noite haviam sido muito fortes. Eu ia contar sobre aquele show para os meus filhos! Era uma pena eu não ter tido a chance de subir ao palco. Imagine eu conhecendo o One Direction... Foi aí que tive um estalo! Acho que a emoção foi tanta que afetou meus neurônios.
Liguei o computador imediatamente. Talvez o Harry postasse no instagram ou coisa parecida.
Passei duas horas procurando, ou melhor, revirando todos os sites possíveis. Nada feito! Óbvio que eu não ia achar onde eles estavam hospedados. Saí do computador e me joguei na cama. Já era 12h00min. O sol estava brilhando, mas eu preferi pôr a cabeça no travesseiro e me lembrar do dia anterior.
Minha tia entrou pela porta, interrompendo as minhas lembranças.
- Você deixou a roupa de ontem jogada no chão! Achou que ela ia andando sozinha pra máquina de lavar? – disse ela, com tom de ironia.
Depois que minha mãe morreu, decidi que ia morar com minha tia. Apesar de todos dizerem o contrário, eu sabia que seria melhor. De fato é, não ia aguentar mais um dia com meu pai e todas as suas reclamações sem sentido. Mas o problema de tias é que não importa a sua idade, sempre te tratam como criança.
- Desculpa, estava cansada! - disse com a cara no travesseiro.
- Sempre a mesma desculpa. Toma! Achei esse papel no seu bolso. Quase que foi pra máquina também. E vamos levantando que já é meio-dia... – e sua voz foi sumindo conforme saía do quarto.
Levantei, lentamente, da cama, mas a vontade de ficar era tão grande. Eu não queria que o acontecimento do meu ano acabasse em uma noite. Eu tinha que eternizar a passagem do One Direction pela minha cidade. E fui ver o papel que minha tia havia achado. Era pequeno, tipo um cartão e meio amarelado. Era só um anúncio do Copacabana Palace, que alguém havia me dado na entrada do show. Foi tudo tão confuso, que botei no bolso na hora, e não lembrava!
Minha tia voltou para o quarto, dando continuação ao discurso que eu não estava interessada.
- Não sei por que colocam as coisas no bolso. Leva bolsa, e coloca no bolso. Que lógica tem? – e saiu novamente. Acho que estava arrumando a casa.
Foi então que me dei conta de que eles estavam no único lugar que tinha estrutura para receber artistas de tamanha importância.
Eu só conhecia uma pessoa que podia me ajudar naquele momento, mas o celular dela só dava fora de área. Não tinha problema, eu sabia onde ela mora.
Eram 20h, e eu estava parada na porta da casa da . Ela era a única pessoa que ia dar bola para minhas ideias malucas. Avistei-a de longe com um amigo. Ela estava com a blusa horrível da escola. Devia ter passado o dia estudando, afinal ela vivia uma triste vida de estudante. Assim que ela me viu, gritou:
- AMIGAAAA! – disse, sorridente.
- Preciso da sua ajuda!- após ouvir isso, seu rosto se fechou.
- O que houve, ?
- Olha isso aqui. - disse, e lhe dei o papel. Nem tinha reparado que o amigo dela há havia ido embora.
Ela ficou olhando por uns segundos e disse:
- O que tem?
- Ta vendo, vamos para lá amanhã!
- Você vai pagar a diária pra mim?- disse, rindo. Revirei os olhos. Eu sabia que ela ia dizer aquilo – Se for, avisa logo!
-Não, , é sério. Você tem que ir comigo, porque eu acho que os meninos do One Direction vão estar lá...
-Amiga, eu to cansada. Teve show ontem, acordei cedo hoje. Não tenho tempo pra ficar em portas de hotel, infelizmente. - disse ela, fazendo um bico.
-Que seja! Só vim te chamar, porque eu vou conhecê-los amanhã!
- Você já os conheceu! –disse ela, zombando.
- Você entendeu o que eu quis dizer...
- Eu sei, eu sei. Só estou brincando. Cara, minha mãe não vai deixar... E, além do mais, a chance de você conhecê-los é mínima.
- Custa tentar?
- Não sei. Vou perder um dia de estudo na porta de um hotel à toa!
- Deixa de ser nerd! Cara, quer saber? Eu vou com ou sem você. E eu vou conhecer o One Direction, vou trazer o autógrafo deles para esfregar na sua cara.
-Aham, tá.
-Tá mesmo!
-Pode ir, nada te impede.
- É, eu vou
-Tá
-Tá
-Tá bom, ! Eu vou com você! Quero só ver até onde você iria sem mim. - disse ela, abrindo o portão e entrando.

Grande Aventura

já estava me ligando. Era sempre assim. Ela é muito ansiosa e eu estou sempre atrasada. Quando já estava pronta, meu pai aparece com a Victória:
- Vou precisar resolver uns problemas. Fica com a Victória?
- Não vai dar, pai, vou sair- falei, irritada.
- Aonde você vai? Quero ir! – disse a Victória.
- Não te interessa!
- Leva sua irmã! To indo, beijos – disse meu pai, já saindo. Típico dele.
Não podia levar a minha irmã para um lugar sem saber quanto tempo eu ia ficar lá, então resolvi ligar pra .
-Não vai rolar, amiga...
-Legal você me faz faltar aula, acordar cedo e agora diz que não vai rolar? QUE RAIVA. – ela começou a falar sem parar. Não ia ter jeito, eu ia ter que levar a Victória ou a ia me matar.
- Tá bom, amiga, sem drama. To descendo a rua, mas vou levar a Vick, ok?
- Vem logo! – curta e grossa. Sinal de que ela estava mais irritada do que eu imaginava.
A encontramos no fim da rua, e fomos andando até o metrô. Eu fiquei o caminho inteiro falando sobre o que eu faria quando estivesse com os meninos e a e a Vick ficaram me olhando como se eu tivesse surtado.De certa maneira , eu estava meio surtada. Em geral, eu não era de acreditar que essas coisas pudessem acontecer com alguém normal, mas, naquele dia, eu ia fazer diferente... Eu ia acreditar tanto, que ia terminar virando verdade.
- Que isso? Veio de biquíni?
- Claro, né, olha pra onde estamos indo. Se tudo der errado, eu pego uma praia. Aliás, to precisando. Por quê? Não vieram?
- Já falei que eu vou conhecer o One Direction hoje. Não vou ter tempo para isso. – ela revirou os olhos. Chegamos à estação, não prestei muita atenção em qual era, e saltamos. Por alguns instantes, achei que a tinha ignorado o papel e resolvido ir à praia, mas, conforme nos aproximávamos, me dei conta de que estava acontecendo algo.
Havia mais de 300 pessoas na porta do famoso Copacabana Palace. Sim, aquele hotel onde todo famoso que vem ao Rio se hospeda. Quando chegamos mais perto, vi que não eram 300 pessoas e sim 300 directioners. Isso sem contar os seguranças e os ambulantes que perceberam que seria bem mais lucrativo vender ali do que na praia.
Victória olhou pra mim com uma cara confusa e disse:
- O One Direction veio fazer show aqui?
- Claro que não, né? – eu e falamos juntas.
- Eles, provavelmente, estão mesmo hospedados aqui. Bom, , chegamos ao seu endereço, e agora?
- E agora o quê?
- Ué, pede para os seus amigos de infância virem te tirar do meio da multidão.
- Que amigos?
- O One Direction - ela e Victória riram. É incrível como ela consegue me irritar com sua ironia
- Idiotas! Vamos sentar aqui, e conversar com as outras meninas. Não vai ser tão mal.
- Ou podíamos ir à praia. – disse , sorrindo.
- Só você tá de biquíni, , e eu vou ficar aqui até ver um dos meninos – disse a Victória, já se sentando no chão. Em geral, eu nunca concordava com a Vick, mas, já que o assunto era a 1D, parecíamos ter a mesma idade.
Me sentei ao lado da Vick, obrigando a a sentar também. Passamos horas ali, conversando, ouvindo músicas e etc. Havíamos chegado às 9h da manhã e já eram 15h. Depois de um tempo sem ter certeza se os meninos estavam ali, finalmente o Niall apareceu na janela para um simples tchauzinho, o que causou muitos gritos e euforia. Sim, eles estavam ali!
Depois da aparição de Niall, o número de fãs e curiosos aumentaram muito. Por volta das 17h, começou a ficar difícil nos movermos, então decidimos que era a hora de voltar pra casa.
Quando estávamos voltando, parou de repente:
- Que foi? Esqueceu alguma coisa? Ainda dá tempo de voltar pra buscar...
- Tive uma ideia!
- Quê?- dissemos eu e Victória juntas.
Sempre tenho medo quando a diz ter uma ideia. Em geral, terminávamos em uma encrenca ou de castigo. Mas já que eu tinha 19 anos, ninguém ia me deixar de castigo. Deixei-a falar.
- Tá vendo aquela porta ali?
- O que tem?
- É a entrada dos funcionários do hotel.
- E daí?- disse a Victória.
- Bom, advinha qual foi minha ideia? – disse, olhando de forma maliciosa. Eu conhecia aquele olhar. Era um olhar de “vamos aprontar” – Vamos conhecer os meninos hoje, como você tanto quis.
- Deve ter seguranças lá, e...
- Tem nada. Na entrada dos empregados? Eu realmente duvido, mas tentar sempre é bom. O máximo que vai acontecer é levarmos um pé na bunda.
Naquele momento, apenas pensei no quanto eu havia sonhado com aquilo. Nessa hora bateu um medo. E se desse algo errado? Quando pensei em discordar, Vick disse:
- Boa ideia, vamos! – disse, se soltando da minha mão e andando em direção à entrada de funcionários.
Não foi nenhuma surpresa passar pela porta e encontrar um segurança. Victória e arregalaram os olhos na mesma hora. Estava estampado na cara delas que estavam fazendo algo errado.
– Identificações, por favor ? – disse ele, estendendo a mão.
Eu já era um pouco mais esperta, e tinha certa experiência com seguranças. Era uma questão de unir fatos: naquele horário havia uma entrada e saída muito grande de funcionários, e, além disso, acho que, em geral, eles não precisavam se identificar. e Victória eram altas e pareciam ser mais velhas. Se fizéssemos um túlmuto, possivelmente eles nem notariam a nossa entrada.
– Moço, pelo amor de Deus, não dificulta. Eu passo por aqui todo dia e nunca me pediram nada. Só estou querendo trabalhar. É pedir demais? Já basta o tumulto lá fora... – disse, demonstrando irritação. Ele ficou sem graça, exatamente como eu pretendia.
– Eu entendo, mas é meu trabalho também. A segurança do hotel foi toda reforçada porque tem uma banda famosa aqui.
– Que banda?
- Uma tal de Uan Direcxion. Por isso que tem esse tumulto aí. - doeu ouvi-lo falar o nome tão errado, mas, se eu corrigisse , estragava o disfarce. Dei uma gargalhada forçada e disse:
– E o senhor acha mesmo que eu tenho cara de quem gosta dessas coisas? Não sei nem falar o nome desse negócio – puxei a bolsa da , e fiquei cutucando. O segurança riu com o que eu disse – Serve a identidade?
– Não, tem que ser o crachá!
– Ai, meus Deus – disse, impaciente.
– Tudo bem, podem ir! Acho que não são mesmo fãs malucas, nem terroristas.
Fase um completa: eu já estava no mesmo hotel que o One Direction e isso já era bastante perto de quem estava lá fora. e Victória ficaram me olhando animadas e surpresas ao mesmo tempo. Em geral, eu não era boa com mentiras, mas era uma questão de necessidade. Entrar pela parte dos funcionários foi uma ótima ideia. Tinha uns uniformes do grupo da limpeza, que era bastante útil para chegarmos ao nosso objetivo. Eram bregas demais, e ficamos parecidas com aeromoças depois da guerra. O segurança estava certo, o hotel estava uma loucura. Tinha gente por todo canto. Repórteres, seguranças, turistas... Sem contar a gritaria. Passamos horas andando pelo hotel em busca do quarto onde estavam os meninos, e ninguém notou nossa presença. O celular da não parava de tocar , e foi então que percebi que havíamos passado o dia inteiro fora de casa. Já deviam ser umas oito da noite e já tínhamos revirado o hotel todo. Para quem olha de fora, é difícil imaginar como aquele lugar é grande.
Estávamos numa área de funcionários que ficava no fim de um extenso corredor, em alguma parte daquele hotel. Para ser sincera, eu não fazia ideia de onde estávamos.
– Eu estou com fome, com sono, com sede, cansada. Eu quero ir para casa, - disse Victória, gemendo e impaciente.
– Tá, Victória, parece que você é a mais sensata entre nós. Vamos para casa.
–Não vamos não! , você encheu o saco pra gente vir . E agora que estamos no mesmo hotel que o One Direction você quer ir embora? Não mesmo!- disse , demonstrando empolgação.
, está tarde! Seus pais já ligaram 20 vezes. Daqui a pouco, o metrô fecha. Andamos o hotel inteiro, e, pelo tempo que estamos aqui, eles já podem ter ido embora.
– Não vou embora agora, , não chegamos tão perto para desistir.
– Você sabe que eu estou certa, pelo amor de Deus... – continuei falando enquanto Victória me cutucava. Eu a senti bater com a mão no meu ombro, mas não quis dar atenção para ela no meio da discussão. Mas ela continuou, irritantemente. Quando ficou insuportável, virei para ela e gritei – O QUE FOI?
– Aquele não é o Paul? – Perguntou ela, olhando para o início do corredor.
Ficamos em estado de choque. Era o Paul mesmo! E ver o Paul já era bem importante. Entramos novamente na área de funcionários de olhos arregalados.
– Vou lá tirar uma foto com ele. – disse .
– Não! – gritei baixo, segurando sua mão. – Vai estragar nosso disfarce!
, é o Paul! As meninas lá fora vão pirar. Vou mandar uma mensagem pra elas... – disse ela, afetada.
– Tá maluca? Elas vão tentar entrar também e isso vai estragar nossas chances de vermos os meninos.
– Então vamos ficar aqui, esperando um milagre? – disse a Victória, sendo irônica.
Enquanto eu pensava o que íamos fazer, as vozes dos corredores ficaram mais altas e intensas. Resolvemos ficar caladas para ouvir. De repente, começou uma gritaria e era possível ouvir gargalhadas. Depois uma correria, e a gargalhada de novo. Eu conhecia muito bem o timbre daquela gargalhada. Olhei para na mesma hora, rezando para que ela não reconhecesse. Foi inútil, e, pelo brilho em seus olhos, ela sabia muito bem quem estava rindo.
! – sussurrou ela. Antes que eu pudesse segurá-la, ela saiu em direção ao corredor. Minha reação foi ir atrás dela e Victória fez ao mesmo. Mal viramos o corredor e demos de cara com o inesperado.

O Inesperado

Quando viramos o corredor, paramos imediatamente. e estavam parados em nossa frente , alguns segundos de distância de nós. Foi algo tão inesperado que não conseguimos dizer nada. Eles também ficaram assustados, e não disseram nada por alguns segundos até que interrompeu o silêncio.
– Vocês são fãs, certo? – disse ele, nos olhando com um pouco de medo. Ele falou em inglês, então não entendi muita coisa.
– Sim – disse , fazendo ser útil seus anos de curso de inglês. Puxei sua mão, disfarçadamente, e sussurrei: “O que ele disse?”. Ela me ignorou, respirou fundo e continuou - Bem, não queríamos atrapalhar vocês, só queríamos dizer... Oi!
– Oi! Você fala inglês? - disse , empolgado.
– Falo um pouco! – disse , envergonhada.
Eu e Victória apenas olhávamos, tentando reconhecer alguma palavra para entender o que eles estavam falando.
–Você fala bem... – disse . Naquele momento, eu não fazia ideia do que ele estava dizendo, mas sua voz fez soltar um sorriso que nunca tinha visto em seu rosto. Depois dessa frase, houve mais alguns segundos de silêncio, mas interrompeu novamente.
–E vocês não vão me dar um abraço? – disse ele, com um sorriso, ainda não acreditando na nossa reação. se adiantou e lhe deu um abraço. Eu e Victória ficamos olhando-a sem entender. – Vocês também, venham!
Olhei para , confusa. Ela cochichou “Abrace-o!”. Dei um abraço tímido em , e Victória fez o mesmo. Repetimos o mesmo com o . Eu estava tremendo, e com os olhos cheios de lágrimas, mas não quis chorar nem parecer histérica.
– E essas? São mudas? – disse , ironizando. deu uma risadinha.
– Não, elas não sabem falar em inglês.
– Qual o nome de vocês? – disse .
– Eu sou , e essa é minha amiga e sua irmã Victória.- disse ela, sorrindo.
Para ser honesta, eu estava assustada com a . Eu nunca a vi daquele jeito. Não parecia que tinha passado a tarde interia na frente daquele hotel. Ela não parava de sorrir e parecia uma garota propaganda de creme dental. Já a Victória fazia uma cara feliz, mas confusa, talvez porque não tivesse entendendo nada. Eu não sabia o que pensar.
– Só uma pergunta: como chegaram aqui?- disse . Naquele momento, vi Paul se aproximar. Não sabia se eu corria para abraçá-lo, ou se fugia dele. De qualquer forma, eu sabia que não íamos ficar ali por muito tempo.
– É uma longa história. - respondeu .
– Garotos, hora de entrar! – disse Paul. fechou o rosto na mesma hora. Eu não sabia o que ele estava dizendo, mas sabia que não eram boas notícias.
– Olha, Paul, são fãs! – disse .
- Olá, meninas! - disse ele, forçando o sorriso.
– Olá – dissemos as três juntas em inglês. Pelo menos um “Olá” eu sei identificar.
– Deixa-as ficarem! – pediu , com seus maravilhosos olhos .
– Pode ser perigoso, já tentaram invadir o hotel três vezes. Se souberem que elas estão aqui, pode ser pior.
– Mas elas já estão aqui mesmo. É só pedir para reforçar a segurança lá embaixo. E elas não vão contar para ninguém, certo?- disse . Paul ficou em silêncio por alguns segundos e eu já estava me preparando psicologicamente para ir embora. cochichou um breve: “Ele vai nos tirar daqui”, e eu lhe cochichei de volta “Jura?”, ironicamente.
olhou para Paul com uma cara triste e disse:
– Por favor! - Não sei se sua cara foi de surpresa por ela saber falar inglês ou de pena, mas, por algum motivo, ele nos deixou ficar, dizendo:
– Ok, um minuto apenas.
me olhou feliz e cochichou “Ele nos deixou ficar mais um pouco”. Eu mal pude acreditar.
- Legal! Assim vocês nos contam a longa história! – disse , sorrindo para .
– É, eu estou curioso. – disse , olhando para nossas roupas de empregada.
Andamos por aquele corredor longo, enquanto explicava sem muitos detalhes o que tínhamos feito pra estar ali. Eu consegui entender os meninos dizendo: “Isso foi loucura” e rindo. Nossa história era mesmo hilária.
A porta do quarto estava aberta, e tinha muita gente lá. Pra ser sincera, não parecia um quarto. Não havia camas, e sim sofás, e era maior que minha casa inteira. Se eu pudesse resumir aquele quarto em uma palavra, seria luxo. Havia também muita comida e pessoas por toda parte. Quando se fala em One Direction, as pessoas pensam que são somente 5 meninos. Naquele dia, descobri que havia muita gente envolvida.
foi na frente e se dirigiu a :
- Olha o que encontramos! FÃS!
- Olá, meninas! – disse , com seu melhor sorriso.
-Olá! – dissemos a ele. Acenei com a mão. Ele nos olhou rapidamente e se dirigiu aos meninos:
- Quem ganhou a corrida?- disse ele, intrigado.
- Não sei, não terminamos porque nos encontramos com elas. – disse .
- Isso é desculpa! Eu estava ganhando, não é mesmo? – disse , dirigindo-se à . Ela olhava com um sorriso paralisado no rosto.
Eu e Victória estávamos confusas, sem entender uma palavra. Vick falou em meu ouvido.
- O que eles estão falando?
- Não sei, sorria e acene.
As pessoas no quarto agiam como se nossa presença fosse normal, e eu não conseguia parar de pensar em como devia ser legal trabalhar com o One Direction.
Quando achei que não podia ser mais perfeito, se juntou a nós com seu olhar enigmático. De perto, ele conseguia ser mais lindo ainda. Ele sorriu pra nós, parando ao lado de . Ele olhou bem para a , e cutucou as costelas do amigo com o cotovelo. Os dois se olharam e deram uma risadinha. nem percebeu, pois e estavam explicando a ela sobre a corrida no corredor. Victória não conseguia disfarçar seus olhares sobre a mesa de comida. Estar com os meninos era importante, mas a fome parecia falar mais alto.
Alguém chamou e , e eles saíram, conversando algo. Esse foi o momento em que me arrependi de nunca ter feito um curso de inglês.
Pela mesma porta que os dois entraram, saiu , com suas mãos no bolso. Parou ao lado da mesa de comida, e beliscou algo.
- , venha aqui. Tenho que te mostrar algo – disse .
Ele caminhou até nós devagar, e nos apresentou.
-Essa é a , a amiga dela e a irmã dela Victória. Elas são fãs e aprontaram bastante pra estar aqui.
Ver dizer nossos nomes com aquele sotaque foi lindo. E eu nem sabia o que ele estava falando. nos cumprimentou, e ficou parado, prestando atenção na conversa dos meninos. Alguns minutos depois, e voltaram rindo, e pareciam ter se divertido. Eles eram tão lindos juntos...
- Não podemos sair daqui sem tirar uma foto. – eu disse para .
-É verdade! Podemos tirar uma foto com vocês?- disse ela aos meninos, buscando a câmera.
-Claro! - disse , com seu sorriso danadinho.
abriu sua bolsa, pegou a câmera, animada, e juntamente puxou o celular que acabou caindo no chão. logo se abaixou para pegá-lo. Assim que ele entregou para , ela fechou a cara. Todos ficaram preocupados.
- Quebrou? – perguntou .
- Não, tá tudo bem. – respondeu . Percebi que ela ainda estava preocupada e fiquei me perguntando o que havia dito.
Todos se juntaram para a foto e deram seus melhores sorrisos. Acho que aquela foi a melhor foto da minha vida. se apressou e disse para tirarmos uma foto em seu iPhone . Após tirarmos as fotos, nos ofereceu comida, o que era impossível de se negar naquele momento. Enquanto comíamos e arriscávamos algumas palavras com os meninos, percebi que a estava aflita. Ela conversava com fluentemente, e por mais que ela estivesse feliz naquele momento, ela estava pensando em outra coisa. Não sei como era possível, mas ela estava. Falar com os meninos era hipnotizante, mas nosso longo um minuto havia passado. Quando Paul estava vindo até nós, atendeu o celular:
- Olá, Pai – houve uma pausa gigante. Consegui entender o motivo de toda sua aflição. Estávamos em uma grande encrenca. Eu sequer sabia que horas eram, mas, com certeza, a mãe da já havia colocado toda a polícia atrás de nós e meu pai deveria estar com a pressão a mil. E nem com mil anos eu ia escapar de levar uma bronca daquelas. Ela continuou – Estamos no Copacabana Palace... É uma longa história... Estaremos lá embaixo!
Após desligar o celular, Paul nos deu uma má noticia:
- Meninas, um minuto acabou!
- Ok, nós já precisávamos ir mesmo! – disse ela, e eu acenei com a cabeça sem nem saber o que ela havia dito.
Pegamos alguns autógrafos, e nos despedimos dos garotos. Já estávamos na porta do quarto quando chamou a e disse algo. Eu fiquei confusa, afinal tínhamos acabado de nos despedir. E o elevador já estava à nossa espera. O que será que ele queria falar com ela?
Depois que entramos no elevador da área de serviço, começamos a gritar feito loucas, e a relembrar cada momento. Por fim, disse:
- Olha, , me deu esse papel. Que loucura!
- Que isso? – disse Victória, pegando o papel da minha mão.
-Ele disse que eles vão embora amanhã, e me pediu pra voltar antes de eles irem. Disse que não quer se esquecer de mim. – disse , com os olhos brilhando.
- Hmmmm – disse Victoria, sugerindo algo.
- Ele te disse para voltar quando? – eu disse.
- Amanhã... – disse ela.
- Sua tolinha! Depois que a gente entrar naquele carro, não haverá amanhã! – disse isso apontando para o carro na porta do hotel, que trazia o pai da e meu pai com caras não muito convidativas.

A viagem.

POV

Dois anos depois.
E em meio a tanta correria, estava eu tentando falar novamente com a , uma vez que faltavam 2 horas para o nosso voo. Mesmo com tantas mudanças, a nossa viagem para Londres não foi esquecida... Ah, sim, desde a infância eu sonhei com isso. É inexplicável minha fascinação por Londres. A Inglaterra sempre foi um país que me chamou a atenção. Pelo clima, pela cultura, pelas pessoas... Eu pesquisava pontos turísticos na internet, me preparando para o dia em que iria, finalmente, conhecer o país. Essa viagem foi complicada para , pois ela teve que parar toda vida pra viajar comigo. Mas era uma promessa de infância, e estava na hora e cumprir.
- Alô! - disse ela, sonolenta.
- , cadê você? Já ta pronta? Cara, to saindo de casa para ir te buscar...
- Calma, mano, que horas são?
- Você tava dormindo?
- Não, já to pronta! - disse ela, disfarçando. A não costuma mentir, por isso quando ela tenta é um desastre.
- OK, eu não vou me estressar com você logo hoje. Você tem trinta minutos pra ficar pronta. Já chego aí!
- Tá, estou à sua espera!
Até hoje não entendo porque a tem que estar sempre atrasada! Com as malas prontas, me sobrou um tempo para pensar no que eu faria ao chegar em Londres. Ficava com lágrimas nos olhos em pensar que estaria finalmente realizando meu sonho.
Minha mãe me viu meditando e resolveu entrar no quarto para se despedir.
- Tá ansiosa? - disse ela. Eu estava sim, mas ela parecia estar bem mais do que eu.
- Muito. E muito feliz por saber que me apoia...
- Sabe que não é bem assim. Não concordo em largar a faculdade e outras coisas para...
- Já tivemos essa conversa, mãe! São só 3 meses e...
- Tudo bem, tudo bem. Eu só quero te desejar boa sorte... - ela começou a soltar lágrimas. - E pedir que você tenha juízo, minha filha. Eu não estou segura de te deixar ir, sendo tão nova. Mas não posso te segurar para sempre.
- Pode deixar mãe, eu volto! Não é pra tanto. - disse, tentando secar as lágrimas dos meus olhos antes que elas caíssem. Ver minha mãe chorar era difícil, mas eu ia voltar logo.
Ela me abraçou e me ajudou a levar as malas até o carro. Decidiu que não ia comigo até o aeroporto, e pareceu muito emocionada. Eu fiquei me perguntando como ia viver 3 meses sem ela. Já meu pai dirigia calado. Ele que convenceu minha mãe a me deixar ir, então não entendi por que ele estava estranho. Que seja! Eu estava realmente indo para Londres.
Paramos na porta da casa de , e ela estava lá com todos seus familiares e seu namorado, que decidiu que ia com a gente até o aeroporto. Eu sou muito fã de Carlos. Acho-o sonso, mas a diz amá-lo então preferi não opinar sobre isso.
Depois de meia hora se despedindo da sua família e colocando a mala no carro, a gente finalmente conseguiu ir. Do banco da frente, vi uma lista na mão da . Para não manter o silêncio que meu pai cultivava, resolvi puxar assunto.
- Que lista é essa aí? - disse, virando-me pra ela.
- Ah, são os presentes que o pessoal quer. Eles realmente acham que vou comprar tudo isso.
- Não basta ser pobre, tem que levar listinha. - disse Carlos, interrompendo com suas piadas. Eles riram, e eu dei um sorriso de canto para não ficar mal. Então ele desatou a falar um monte de asneiras e eu apenas visualizava o trânsito crescendo diante de nós. Eu mal podia esperar para chegar a Londres.
Uma hora depois, chegamos ao aeroporto. Eu não aguentava mais ouvir a voz de Carlos, mas, para a minha alegria, ele não ia conosco. Chegamos praticamente na hora de nosso voo. Fizemos o check-in e corremos para o terminal de embarque. Nosso voo já estava sendo chamado. Eles nos levaram até o máximo que puderam e quando tivemos que parar, entendi o porquê de meu pai estar tão quieto. Não deu pra disfarçar, ele estava chorando.
- Não chora, pai! Eu vou voltar logo, logo. Você vai ver...
- Vá com Deus, minha filha. Eu estou bem, e se cuida, tá? - disse ele, não querendo prolongar aquilo. Esse era meu pai.
- O caso de família está bom, mas o voo é agora. É melhor vocês irem antes que eu não deixe mais. - disse Carlos. se despediu dele com um beijo e disse algo que eu não ouvi. Puxei seu braço e acenei para Carlos sem muita animação.
Passamos pelo detector de metais na maior pressa. Subimos no avião e nos sentamos em nossos lugares. Em algumas horas, eu estaria em Londres.

***


- , , acorda!
- Ham? Quê?
- Chegamos, amiga! – disse, absolutamente, empolgada.
Eu estava em Londres. O clima lá era bem mais rigoroso, e o aeroporto estava cheio. parecia ter sido ligada na tomada, ela estava elétrica. Não parava de falar, em inglês, claro. Sim, ela fez um bom curso para não passar vergonha. Ela até arriscava o sotaque britânico!
Pegamos nossas malas, passamos pela verificação de estrangeiros e depois saímos do aeroporto. Entramos no primeiro táxi que passou e pedimos para que ele nos deixasse no hotel. Eu olhava pela janela como se estivesse num parque de diversões. As cores, as pessoas, o clima, estava tudo como eu imaginei.
O hotel era simples, porém agradável. Eu e ficaríamos em um quarto mesmo, afinal aquilo seria temporário. Nosso grande plano era trabalhar e arranjar um apartamento, mas isso era futuro. Assim que chegamos, sem muita arrumação, jogamos as malas no chão e voltamos para as ruas.
Primeira coisa que fizemos foi pegar o famoso ônibus de dois andares, em direção ao Big Ben. Eu e havíamos planejado aquele momento há anos... Tiramos muitas fotos e curtimos muito. Depois comemos em um bom restaurante, não muito caro, lá perto.
Aquele foi um dos melhores dias que tive em Londres, sem dúvidas. Que se seguiu de uma ótima semana, conhecendo tudo por ali, até que um dia entrou pela porta com a notícia:
- Temos um emprego!
- Quê?
- Arranjei um emprego pra nós!
- Já?
- Pois é, aqui tem ótimos empregos, basta querer trabalhar. - disse ela, com um sorriso inocente.
- Mas onde é?
- Numa lanchonete aqui perto. Umas 5 ruas daqui.
- Uau!
- A gente chega lá em 10 minutos. Aqui é tão pequeno, ruas tão curtas.
- Como conseguiu isso?
- Eu procurei na internet, do Brasil mesmo.
- Nossa, que esperta você. Quando começamos?
- Hoje, ué. Não vai ser uma grande fortuna, mas se juntarmos nossa renda dá pra alugar algo.
Arrumei-me com um jeans rápido e uma blusa, pois imaginei que iríamos passar o dia todo cozinhando para as pessoas. Caminhamos juntas, comentando sobre tudo ali. Realmente a lanchonete era bem perto. Não demoramos nem 10 minutos pra chegar. A área pública da lanchonete era linda. Parecia o lugar mais limpo do mundo, e as pessoas pareciam muito felizes e satisfeitas com a comida. Não parecia um lugar ruim de trabalhar.
Conforme entramos pela cozinha, o cenário era outro. Havia sujeira por toda parte: gordura, poeira, cabelo, água suja... Eu jamais comeria ali. O lugar era um nojo! entrou mais ainda, encontrou uma sala e abriu a porta lentamente. Havia uma senhora, gorda, com cara de poucos amigos, de olhos azuis e loira.
- Vocês são as brasileiras, né? - disse ela, sem olhar para nós.
- Sim, e essa é a minha amiga... - tentou dizer , quando foi interrompida.
- Ótimo, aqui está o uniforme de vocês. - disse a senhora, sem um pingo de simpatia, puxando um avental que me parecia sujo na barriga. – Toma, querida!
A minha cara de nojo se formou automaticamente, mas, ainda assim, tive que perguntar:
- Você não vai nos dar luvas? - Ela olhou para mim, pela primeira vez desde que entramos, com um olhar maligno. Me olhou dos pés à cabeça. Eu já tinha notado que ingleses não eram muito hospitaleiros, mas ela conseguiu se superar na grosseria. Mesmo com receio da resposta, continuei: - Afinal vamos trabalhar com comida, então...
- Já até decidi a tarefa que cada uma vai ter. Você fica na cozinha, faça o seu melhor! E você...- disse ela, com um meio sorriso de satisfação, olhando pra mim. - Vai para a limpeza!
Ela levou até a cozinha, e mostrou o que ela teria que fazer. Enquanto ela jogava piadas racistas e xenofóbicas para nós, eu observava a expressão dos outros funcionários: eles queriam fugir, com certeza! Nenhum deles era daquele país, se percebia pelo sotaque. Em sua maioria, latinos.
- Agora você, princesa, que gosta de luvas - disse ela, sendo irônica.
Ela me levou a uma parte escura, que tinha mal cheiro só de passar na porta. Me deu duas luvas imundas e disse com uma animação inacreditável:
- Banheiro dos funcionários, é todo seu! Faça bom uso das luvas e cuidado com os jacarés. Ah, você já está acostumada! – disse, rindo, e saindo em direção à sua sala.
Eu sequer entrei naquele banheiro. Fui atrás da imediatamente.
- Socorro, amiga, vamos fugir!
- Calma, cara, relaxa! Estou aprendendo a fazer esses bolinhos fritos com o Juanito! - Ele deu um sorriso triste pra mim, mostrando seus dentes malcuidados. Ele estava meio mal vestido e parecia que estava com a mesma blusa por um bom tempo. Devolvi o sorriso pra ele.
- Eu não vou lavar aquele banheiro!
- Não pode ser tão ruim...
- , eu não vou lavar aquilo.
- Quer trocar? Eu lavo e você...
- Não, eu não vou trabalhar aqui. Se aquela louca ainda fosse educada. Não vê isso tudo? Esse óleo deve ter 5 dias, no mínimo; aquele cara coçou a bunda antes de preparar aquele cupcake; aquela menina tem um cabelo enorme, acha que não tem cabelo na comida? Tem larva na máquina de cheddar, e uma coisa é certa: eu NÃO vou lavar aquele banheiro!
Depois de alguns segundos, percebi que meu ataque saíra um pouco mais alto do que eu queria. A cozinha inteira estava parada olhando pra mim, então notei que a velha estava atrás de mim. Quando me virei, pude ver seu rosto transbordar ódio.
- Deu pra ouvir seus gritos da minha sala.
- Desculpa, é que... - tentei dizer para controlar a situação.
- Entenda uma coisa, você não vai sair do seu lixo de país pra vir ditar regras aqui. Você vai lavar aquele banheiro, sim, cada segundo em que estiver no MEU país! O que vocês querem? Ser chefes? Ficarem ricos e levar nosso dinheiro embora? Nos deixar em crise de novo? Eu to sendo legal em deixar você trabalhar aqui! Acha que todo mundo aceita trabalhar com merdas feito vocês? - ela disse, pondo o dedo em meu rosto. Quem ela pensa que é para gritar comigo? Simplesmente, me estressei.
- E você se acha muito superior tendo um dos restaurantes mais podres do mundo? Nem os mortos de fome comeriam aqui se vissem essa cozinha. Eu não vou lavar aquele banheiro! Se te incomoda aquela sujeira, limpe você mesma. – disse, jogando as luvas na cara dela. - Eu me DEMITO!

Saí pela porta da cozinha totalmente desorientada. Não havia uma só pessoa na lanchonete. Acho que eu realmente gritei. Comecei a andar pelas ruas, pensando no que eu ia fazer. Com aquele dinheiro, eu ia viver os próximos 2 meses. Mesmo que a continuasse lá, não dava pra ficar mais um mês em Londres. Por que fui brigar com aquela velha, Deus, por quê?
Continuei andando, e depois me dei conta de que não fazia a menor ideia de onde estava. Eu andava totalmente perdida pelas ruas de Londres, até que percebi estar sendo seguida. Estava em uma praça com muita gente. Não era um ponto turístico, era só um lugar de passagem, com certeza. Um homem, que aparentava ter meia idade, muito bem vestido, depois de muito me observando, se aproximou, dizendo:
- Boa tarde, moça!
- Boa tarde! - respondi, sendo breve.
- Qual o seu nome?
- Quem é você? – perguntei, desconfiada.
- Desculpe, nem me apresentei. Me chamo Jeffrey Anderson. E você?
- ... .
- Prazer! Você não é daqui, certo?
- Sou brasileira - disse, meio preocupada. O que diabos ele estava querendo comigo e... por que eu ainda estava falando com um estranho?
- Brasileira, uau. Você é tudo que eu preciso! Obrigado, senhor. - disse ele, gargalhando, e pondo as mãos para o céu.
- Como?
- Desculpe, , eu sou um caçador de talentos e eu preciso de você na minha equipe. Estou disposto a lhe dar por mês 2 mil libras, se aceitar trabalhar comigo. - meus olhos se arregalaram imediatamente. DUAS MIL LIBRAS? Isso resolveria meus problemas.
- Mas trabalhar com o quê?
- Ah, nada demais. - ele deu de ombros, e depois sorriu, animado - Já ouviu falar na One Direction?
- Claro! - Naquele momento lembrei-me de tudo o que passei pra encontrar aqueles meninos 2 anos atrás, de tudo o que conversamos e, é claro, do sorriso de . Aquela cena não sairia da minha cabeça nem com mil vestibulares e castigos. Mas trabalhar com eles? Esse cara só podia estar zuando.
- Então, eu faço parte da equipe deles e eu preciso muito de alguém como você. Tenho o contrato aqui, você aceita?
- Bem, me deixa ver... - peguei o contrato e comecei a ler. Deveriam ter umas 5 páginas.
- Realmente preciso que você assine logo, estou com pressa. - ele disse, nervoso.
- Mas, senhor, não posso assinar algo sem ler.
- Eu te mostro as partes mais importantes, olha aqui - disse ele, virando as páginas - Aqui fala do dinheiro, aqui o nome da banda, a carga horária e mais importante: o lugar pra você assinar...
- Eu não sei, preciso pensar...
- Eu não tenho tempo pra isso, preciso que assine logo. Diz pra mim que vai assinar? Isso vale meu emprego. Se não aparecer com alguém, meu chefe me mata. E eu não quero colocar outra pessoa, você é perfeita.
Eu não tinha muitas opções. Terminei assinando, eu não podia perder aquele emprego. Parecia o melhor do mundo. Ele me mostrou o endereço que eu teria que aparecer no dia seguinte e o horário.

Um Novo Emprego

Cheguei no hotel, com a ajuda de Jeffrey, procurando a para contar a novidade. Ela estava me olhando com uma cara séria, talvez irritada, talvez preocupada.
- Onde você tava? Te liguei demais! Nossa, como é difícil falar com você. - ela perguntou alto.
- Você não vai acreditar. amiga, achei um emprego.
- Quê?
- É, e vou ganhar 2 mil libras.
- COMO ASSIM?
- Vou te explicar...
Contei a ela cada detalhe do que havia acontecido depois de sair da lanchonete. Ela nem piscou ao ouvir a história.
- Você é louca? Como assina um contrato sem ler?
- São 2 mil libras! Não tem o que ler...
- 5 páginas... Se não tivesse o que ler, não teria 5 páginas. - disse ela, pegando o notebook.
- O que vai fazer?
- Vou te ajudar, ué!
- Como? – perguntei, arqueando a sobrancelha.
- Vou descobrir qual é o seu emprego...
Fui para o banheiro me arrumar para dormir. Tinha sido um dia e tanto. Tomei um banho rápido, estava com medo de parar pra pensar na besteira que tinha feito. Depois do que tinha dito, eu realmente comecei a ficar com medo. O que poderia acontecer?
Quando saí do banho, Paula me chamou pra ler uma manchete sobre a 1D:
" é hostil com fãs!"
A matéria falava basicamente que havia motivos para a decadência da banda, que agora tinha poucas apresentações e que a venda de seu último CD tinha sido um fracasso. Tudo isso estaria acontecendo porque havia se tornado mesquinho. Tinha até um vídeo onde ele era grosso com uma de suas fãs que puxava sua blusa. apenas disse:
- É com esse tipo de pessoa com quem você vai trabalhar...
- Nossa, você sempre sendo positiva. - eu disse, revirando os olhos. - Você conheceu os meninos, sabe que eles não são assim.
- As pessoas mudam! - afirmou ela, fechando o notebook e virando-se para dormir.
Nem me dei ao trabalho de responder. O dia seguinte seria surpreendente. Possivelmente, eu nem veria os meninos, iria trabalhar na equipe apenas arrumando algumas coisas ou servir alguém...

***


Acordei empolgada. Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa básica, imaginando que eles me dariam um uniforme. Passei uma maquiagem leve e saí. Havia chamado pra ir comigo, mas ela insistia em ir para aquele emprego idiota. Mas deixou claro que eu poderia ligar pra ela em caso de imprevisto, afinal estava com um mal pressentimento sobre essa história de contrato.
Segui todas as instruções que Jeffrey havia me passado e cheguei com alguns minutos de antecedência. Já havia na porta do local um homem alto que aparentava ter no máximo 40 anos. Estava com roupas finas e parecia ser alguém importante. Era atraente por sinal. Assim que entrei, ele me olhou e veio até mim.
- ?
- Sim. – respondi, calma, com um certo medo. Apesar da forma inglesa de pronunciar meu nome, soube que era comigo que ele estava falando. - Me acompanhe, por favor. - disse ele, andando em passos largos. - Devo dizer que gostei de sua pontualidade e que você é adequada para o trabalho. Espero que o garoto goste de você... Mesmo que não faça diferença. - continuou ele, rindo de canto.
Ele continuou falando, mas eu não prestei muita atenção. Notei que o lugar era grande e parecia um labirinto, com certeza, eu me perderia fácil ali dentro. O homem que tinha pressa, de repente, parou, me fazendo esbarrar em suas costas.
- Nem me apresentei, sou Ben Garder, seu chefe e rei. - Deu um sorriso, e me olhou inteira como se eu fosse uma mercadoria. - Você está horrível! Ei, você, - disse apontando uma pessoa qualquer no corredor – leve-a até a senhorita Green e peça para transformá-la em gente. Quero-a pronta às 15hrs.
A menina que ele chamou, me levou até uma sala onde havia várias roupas. No meio delas, encontrei uma mulher que me deu sorriso triste e me levou até um provador, pediu que eu tirasse as atuais roupas e esperasse um pouco. Ela era simpática, mas também tinha pressa. Alguns minutos depois, ela apareceu com um vestido e sapatilhas, pedindo que eu vestisse logo porque Ben não gostava de esperar.
Eu realmente havia gostado das roupas, mas não pude parar de me perguntar o porquê delas serem tão arrumadas, afinal eu seria uma simples ajudante, não seria?
Meus pensamentos foram interrompidos com a senhorita me chamando para ir até Ben. Assim que saí do provador, ela me deu um par de pulseiras que combinavam perfeitamente com a roupa . Coloquei sem hesitar, enquanto seguia-a pelo imenso labirinto novamente.
Ela bateu em uma das portas existentes ali, lentamente, e a abriu. Meu coração apertou antes que eu entrasse. Ben me olhou sério e disse:
- Achei que me fariam esperar! Entre, .
Quando entrei na sala, notei que Ben não estava sozinho. Havia um par de olhos olhando pra mim. estava lá. Oh, era o próprio ! Exatamente do jeito que eu me lembrava. E como eu poderia esquecer?


#Flashback on

Estávamos saindo do quarto de hotel. É, aquele foi um dia agitado. Eu tinha acabado de conhecer a One Direction, mas eu sabia que meu pai estava lá embaixo e toda minha aventura ia terminar em castigo. Já conseguia ouvir os gritos que ele daria ...
- ... - ouvi uma voz rouca me despertar dos meus pensamentos.
- Sim! - disse, me virando. Eu e as meninas já estávamos na porta prontas para sair, quando me puxou pelo braço. O que será que ele queria dizer?
- Eu não quero esquecer de você. Volta amanhã? - disse ele, pausadamente. Fiquei 10 segundos chocadas. Pensei em mil coisas ao mesmo tempo. Será que eu entendi o que ele disse? Céus... Era o próprio me pedindo para voltar? Céus... Ele tava flertando comigo? Céus...
- Não sei, . Foi complicado chegar aqui. - Tentei bancar a difícil, quando na verdade eu queria dizer sim com todas as letras ou mais.
- Entendo! - ele respondeu, puxando um papel do bolso e me entregou, sorrindo com todos os dentes. - Isso vai te trazer de volta com mais facilidade. Sei que virá! - e piscou para mim.

#Flashback off

Eu nunca tinha o visto daquele jeito. Seus olhos, que uma vez foram ternos, me olhavam agora de forma depreciativa. Eu lhe dei um sorriso, esperando que ele se lembrasse de mim, já que ele não parava de me encarar. Ele revirou os olhos e bufou. Será que ele ficou chateado por que não voltei no dia seguinte? Não, ele não se lembra disso! Fiquei assustada. O que estava acontecendo?
- Que lindo! Amor à primeira vista!
- Essa foi a melhor vadia que conseguiu encontrar na rua? - disse . Fiquei chocada. Por que ele estava falando daquele jeito?
- ! Seja romântico com seu novo amor. - disse Ben, pondo a mão em volta do meu ombro. me olhou de maneira mortal. Eu queria chorar, queria fugir, e queria muito mais saber o que estava acontecendo ali. - Bom, hora de ir trabalhar! Desça e a apresente à sociedade.
levantou, irado, e bateu a porta. Seu rosto estava vermelho. Eu não conseguia dizer nada enquanto ele estava na sala. Eu esperaria tudo dele, menos esse comportamento estranho. Aquele, definitivamente, não era o que conheci no hotel. Após a batida da porta, eu acordei do choque.
- O que foi isso, Ben? - disse atordoada. - Eu to confusa. Só pra esclarecer, qual é meu trabalho mesmo?
- Ué, Jeffrey não te disse? - disse Ben. Eu olhei confusa. - Ele é um pilantra mesmo. Você é a nova namorada de .

Continua

Nota da autora: Oláááá flores. Eu queria agradecer a todos vocês que vem acompanhando Contract. É muito importante ver esses comentários sobre a fic, afinal, são eles que “divulgam” e foram eles que colocaram a fic em 5º LUGAR. MUITO OBRIGADA! *-* Queria também dizer que a fic tem um twitter - @ficsland – onde eu e a Paula (autora também) vamos soltar alguns spoilers e ouviremos suas sugestões. Vocês podem encontrar a gente nos nossos tts @the_trouble1d e @paularachel1d. É só seguir e dizer que é leitor, tá bom? É só isso. Espero que tenham gostado da att e muitas surpresas ainda estão por vir. Beijooooos, espero vocês aqui na próxima ;) xxCass


Nota da Beta e NÃO da Autora: Encontrou algum erro de script/html/português? Avise-me através deste e-mail ou pelo twitter. Não use a caixa de comentário com essa intenção. Obrigada.
Agradecimentos sobre a fiction? Somente com a autora!

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