Doces, Travessuras ou Vingança?
Fic by: Thaynara Marques | Beta: Flávia C.


respirou fundo, pela milésima vez em poucos minutos, sentindo-se deslumbrada pela visão surreal que conseguia de si naquele espelho. A fantasia de Cleópatra havia lhe caído perfeitamente bem. Seu vestido era branco, longo de um tecido esvoaçante com uma fenda na coxa direita. Uma corda fina e dourada envolvia sua cintura, fazendo papel de cinto. Apesar de possuir cabelos negros, acabou optando por usar uma peruca preta de corte Chanel, tornando-a mais parecida com a própria Rainha do Nilo. Colocou pulseiras, brincos e vários cordões dourados, fez os olhos gatinhos e pintou os lábios de um vermelho vivo. Lá estava a reencarnação de Cleópatra do século XXI, esbanjando beleza e tornando por uma noite esquecível a imagem sem sal de , mas apenas para o Baile Anual de Halloween da Destern High.

Os alunos do ensino médio da Destern High falavam do baile como se fosse uma liquidação da Apple, onde iPhone estava sendo vendido por um dólar. Todos estavam eufóricos naquela noite de Halloween, usavam fantasias criativas ou clichês, onde os doces eram substituídos por bebidas, drogas e sexo. As travessuras continuavam, mas eram deixadas para o fim da noite quando precisavam zoar os alunos excluídos, que infelizmente se fantasiavam bizarramente ou davam em cima das garotas mais desejadas. iria ao baile com seu namorado ou mais conhecido pela ala feminina da escola como "Magneto" por possuir olhos na cor de lama esverdeada deixando qualquer garota tonta. A garota desceu os degraus da escada totalmente eufórica, despedindo-se de seus pais que estavam sentados no sofá assistindo um jornal qualquer. Atravessou o gramado da sua casa que estava enfeitado por abóboras e caveiras luminosas como toda a vizinhança. Atirou-se no banco do carona do conversível vermelho do seu namorado e cumprimentou-o, selando os lábios rapidamente, cantando pneus rumo a Destern High.

- Preparada para ter uma noite inesquecível? - Perguntou dando uma longa tragada em seu cigarro, desviou o olhar da direção por rápidos segundos para sorrir maliciosamente na direção da namorada.

- Claro - Respondeu a garota num tom monótono, possuía uma expressão hipnótica ao ter os olhos presos nos lábios do seu namorado. Sentia-se febril ao notar que até o ato de fumar se tornava sensual quando era feito por .



- Hoje vai ser foda! – murmurou para si mesmo enquanto estacionava o carro. Desligou o motor e saltou. Jogou seu cigarro no chão e pisou, apagando-o.

Observou tranquilamente a entrada do ginásio que era o local da festa, vários rostos conhecidos e outros ocultos por máscaras entravam no local onde a música alta já podia ser ouvida há metros de distância. analisava a fantasia de Arqueiro Verde escolhida por seu namorado. Sua camisa e calça de pano leve num tom de verde, uma máscara preta que lhe cobria apenas metade do rosto e seu cabelo castanho escondido dentro de um chapéu da mesma cor da roupa, com uma pena vermelha enfeitando-o. Seu arco e as flechas presas nas costas. Estava sensualmente misterioso e heroico, fazendo a própria garota derreter-se ao visualizar seu sorriso branco e suas covinhas, que tanto faziam amá-lo.

- Vou pegar algo para beber! - Avisou sorrindo de canto, sumindo, em seguida, pela multidão dançante sem esperar resposta alguma. suspirou tristemente enquanto apoiava suas costas na parede atrás de si e observava as pessoas dançarem alegremente. Estavam ali há cerca de uma hora, dançaram apenas três músicas e sentia impaciente com seu olhar lamacento sempre perdido na imensidão de fantasias. A garota sentia algo lhe incomodar a cada lembrança do estranho comportamento do namorado, pois era algo que havia se tornado muito comum nas últimas semanas. Seus sumiços por algumas horas, poucas ligações e desculpas esfarrapadas. Havia se tornado cada vez mais frequente a desconfiança e quando acontecia apenas respirava fundo e fingia acreditar na desculpa que havia recebido. Conheceram-se na aula de química, quando se tornaram parceiros de laboratório, ficaram muito amigos e meses depois começaram o namoro. Sempre se deram muito bem e foram pouquíssimas as vezes em que brigaram. Era primeira vez em que um deles se tornava distante e isso preocupava ao extremo. Nutria um amor excessivo por e isso a amedrontava, correndo risco de cometer loucuras só para tê-lo perto de si.

Não aguentou esperar nem um segundo a mais, respirou fundo e esticou o pescoço o máximo que sua silhueta lhe permitia numa busca impossível. Havia perguntado sobre o paradeiro do namorado para as centenas de pessoas que lotavam aquele ambiente. As respostas eram sempre “Não, não vi nenhum Arqueiro Verde” ou “ Ei, gata, desencana e vai se divertir". Mas quem disse que ouvia o que lhe diziam? Apenas dava as costas para o personagem da vez e continuava sua busca. Já havia percorrido todo o ginásio que estava escuro por causa das luzes negras e alguns neons, seus pés estavam doloridos e sua indignação aumentava cada vez mais.


Após percorrer todo o ginásio, resolveu procurar o namorado no corredor dos armários. Parou no início do longo corredor com suas paredes repletas de armários vermelho sangue. Além da sua respiração, a única coisa que se ouvia ali, era a batida distante das músicas que tocavam no ginásio. suspirou e encostou-se a um dos armários, o olhar perdido enquanto sua cabeça lhe dava suposições mais do que possíveis do sumiço do namorado. Sabia que precisava acreditar nelas. Passaram poucos minutos até que uma ideia lhe percorresse, pegou seu celular prateado que estava escondido no sutiã e procurou aquele aplicativo.

Exatamente duas semanas atrás, enquanto estava de bobeira na internet e tinha sumido sem deixar rastros, digitou raivosamente no Google “GPS de namorado” e realmente achou algo num site para mulheres ciumentas. Era um aplicativo de celular em que você digitava o número do celular do namorado e aí faria a busca por satélite da localização do aparelho. Claro que sabia de suas falhas, mas apenas fez o download. Preferiria usar numa emergência. E aquela era a emergência certa, estava cansada dos sumiços do namorado e havia sido a gota d'água ter sido abandonada no baile de Halloween. O aplicativo finalmente havia sido aberto e já buscava a localização do alvo, porém ele só funciona se o alvo estivesse num raio máximo de um quilometro, caso contrário era perca de tempo. A garota mordia o lábio nervosamente com os olhos presos a pequena tela do celular, suas mãos suavam e seu coração estava com as batidas mais aceleradas por causa do seu grande nervosismo. Finalmente, o carregando deu lugar ao pequeno mapa exato do corredor, onde no início do longo corredor brilhava um ponto rosa indicando ser a "ciumenta" e o outro ainda não aparecia, deu passos calmos e decididos alternando os olhares entre o local e a tela do celular.

Após chegar ao final do corredor, o ponto azul apareceu piscando nervosamente e a garota parou imediatamente. Pensou nas probabilidades daquele aplicativo estar errado e também sobre como estava agindo obsessivamente em relação ao namorado. Mandou sua mente ir para a caixa prego e apenas continuou o caminho até o ponto azul. Imagine ser abandonada pelo namorado num baile de Halloween da escola em que o próprio havia insistindo em te levar? E isso justifica qualquer ato de loucura, quer dizer, menos matar, coisa que ela não faria jamais. Parou na frente da porta do laboratório de química, não conseguiu segurar o sorriso que escapou dos seus lábios ao lembrar o quanto aquele local era especial, já que haviam se conhecido ali. Mas o que estaria fazendo ali enquanto o baile estava rolando e sua namorada fincando raízes no longo aguardo de sua bebida? Era um mistério para e sua dúvida só seria sanada quando entrasse no local, vendo com seus próprios olhos a realidade que lhe fugia deles. A garota encarou a porta marfim pensativamente e resolveu grudar uma de suas orelhas numa tentativa de ouvir algo e realmente conseguiu. Eram barulhos indefinidos e que foram capazes de fazer a pobre garota arregalar os olhos e abrir a porta rapidamente.

- Não, não pode ser... - Murmurava com a voz trêmula enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas sem cor, mas que horas atrás estavam coradas.

Seu corpo tremia por inteiro, seus pés fincados no início do laboratório e seu olhar preso na cena que seria seu maior pesadelo. se encontrava em pé com as calças arriadas entre as pernas de uma garota que não era possível visualizar o rosto. Ambos estavam tão absortos no ato de prazer proibido, que sua presença não havia sido notada. Os gemidos eram contínuos e tornavam a garota ainda mais petrificada por tamanha repulsa. A raiva corria por suas veias e a sua personalidade tão odiosamente obscura conseguia controlá-la. Só notou estar com as mãos fechadas tão fortemente em punhos quando sentiu a ardência, seu corpo tremia por inteiro de puro ódio já que as lágrimas haviam cessado. Não raciocinou, não usou a razão apenas se jogou de cabeça no ódio que sentia naquele momento e agiu do modo que julgou certo. Pegou um recipiente de vidro que estava sobre o balcão mais próximo e se aproximou do casal que ainda estava gemendo, parou atrás do garoto e com toda força quebrou o objeto em sua cabeça, desmaiando-o. Empurrou de cima do balcão a garota ruiva seminua, caindo de costas no chão e batendo a cabeça, desmaiando em seguida.

sorriu maliciosamente e preparou tudo que seria necessário para sua vingança.



O laboratório estava mais sombrio do que nunca, sob um balcão havia sido colocado armas de torturas improvisadas pela própria : um bisturi, uma espécie de ácido e tachinhas coloridas que eram usadas para prender panfletos educativos num quadro azul. O vestido branco e impecável da garota estava mais curto e picotado, pois duas tiras dele foram arrancadas com o uso do bisturi para servir de algemas. e a garota ruiva chamada , que reconheceu na hora de carregá-la desacordada até uma cadeira, se encontravam ainda desacordados e amarrados com as mãos para trás.

Um sorriso perverso dominava a expressão fria da garota que tinha os olhos perdidos no chão enquanto estava sentada sob um balcão de frente para os reféns. Seus pés balançavam calmamente e ao observá-la, você conseguia ver a imagem de uma inocente garotinha perdida em devaneios coloridos. Porém ela estava longe de ser inocente ou uma garotinha, estava mesmo é planejando cada parte de sua vingança, lutando contra seu coração partido que gritava para desistir dessa loucura e simplesmente partir para outra. Mas quem disse que sua cabeça lhe dizia o mesmo? Essa situação em pleno Halloween havia injetado em suas veias muito ódio, raiva e decepção. Sua garganta ardia por sede de vingança e seu olhar perdido, sem brilho reforçava a ideia de que a doce e meiga boa namorada havia desaparecido e dado lugar a uma garota má.

- O que está acontecendo? - Perguntou com sua voz rouca enquanto seus olhos estavam apertados pela forte luz sobre si, que apenas o iluminava juntamente com , que ainda se encontrava desacordada. Tentava enxergar além de si, mas a luz tornava tudo em volta um breu e seu coração se acelerou ao constatar que suas mãos estavam amarradas fortemente.

- Bem-vindo à minha vingança, meu amor! - Respondeu num tom doce e com uma calma irritante enquanto descia do balcão.

Andou tranquilamente até a cadeira que seu namorado ocupava, posicionou-se à sua frente, permitindo que o mesmo lhe enxergasse e franzisse o cenho por tamanha confusão.

- Meu amor, quer me matar de susto? Será que pode me soltar? - Perguntou num tom irritado impulsionando seu corpo para frente, porém não conseguiu se soltar. Sentiu um incômodo nos pulsos que haviam sido amarrados fortemente e quase prendiam sua circulação.

- É a minha travessura de Halloween e tenho certeza que vocês irão adorar! - Murmurou ignorando os protestos de seu namorado, sentou-se em seu colo e roçou a ponta fria de seu nariz pelas linhas de sua mandíbula. Sorriu maliciosamente ao sentir uma pontada na parte interna de sua coxa direita, ainda possuía controle sobre o garoto e isso a fez sorrir abertamente, era o sinal de que deveria começar todo seu plano.



- Será que pode nos soltar? Prefiro resolver nossas diferenças com uma conversa civilizada! - Falou com seu ar superior mesmo estando presa em um laboratório da escola, com sua fantasia e cabelos bagunçados apagando qualquer rastro de superioridade ali.

é o tipo de garota popular inteligente, a gostosa nerd e que, além de mais desejada, é a queridinha até mesmo dos professores e líder de vários grupos da escola. Do grupo de xadrez ao de presidente do grêmio estudantil da Destern High. Uma garota que faz inveja até mesmo em um prato de micro-ondas de tão rodada. Sua cabeleira ruiva, seus traços angelicais e seus olhos azuis céu, juntamente com suas roupas comportadas lhe davam um ar enganosamente angelical. Resumindo: é uma vadia com cérebro.

- Tenha paciência, querida, em breve conversaremos. Apenas eu e você, agora relaxe e aproveite o momento! - Disse docemente parando na frente da garota que estava séria, seus olhos azuis lhe analisavam questionadores.

- Você vai fazer um strip ou irá finalmente deixar que eu te leve ao paraíso? - Perguntou mordendo os lábios enquanto lançava um olhar pervertido na direção da namorada, fazendo com que resmungasse algo indignada.

- Tenho uma ideia muito melhor, vamos brincar de perguntas e respostas. A cada resposta errada, sua vadiazinha sofre uma punição. Mas se você acertar pelo menos três das cinco perguntas, deixo você escolher o prêmio! - Explicou dando as costas para os reféns e seguindo em direção ao balcão que estava sentada momentos atrás.

- Isso é ridículo! O que ganho com esse joguinho? - Perguntou irritada enquanto forçava seus braços tentando inutilmente se livrar das amarras.

- Torça para que ele acerte, caso contrário pode perder esse rostinho bonitinho ou até mesmo... - Disse sem completar a frase, deixando-a com centenas de possibilidades para um final, mas ela sabia muito bem qual seria o fim da vadia.

- ? Você bebeu ou fumou algo? Você está totalmente fora de si! - Murmurou rindo nervosamente, mexendo seus braços tentando se soltar, mas estava mais claro do que os olhos de , literalmente, ambos estavam fodidos.

- Já disse para relaxarem e vamos logo ao que interessa. Pergunta de número um: Como nos conhecemos? - Perguntou ainda sentada sob o balcão, oculta pela escuridão apenas observando o casal que era iluminado pela forte luz de um abajur.

mordeu os lábios. O nervosismo acelerando seus batimentos cardíacos, a luz cegante lhe causando dor de cabeça e dificuldade para se concentrar. Já havia percebido que sua namorada estava diferente, com um ar maligno e que aquilo tudo não era apenas uma travessura de Halloween. Iria além e poderia acabar em sangue. Remexeu em suas lembranças de anos atrás, recordando-se muito bem desse dia e do quanto à beleza, simpatia de havia chamado sua atenção.

- Acha mesmo que esqueceria, querida? - Perguntou irônico com sua sobrancelha levemente arqueada, deixando-o com um ar vitorioso. Respirou fundo e continuou: - Nesse laboratório e num balcão que com certeza deve estar sentada.

- Boa memória, querido! - Parabenizou ainda com seu tom doce, a outra garota suspirou aliviada.

- Já sei qual será meu prêmio, quero que aconteça em cima do balcão em que nos conhecemos! - Comentou passando a língua pelos lábios, encarando a escuridão numa tentativa inútil de enxergar sua garota. bufou irritada.

- Não cante vitória antes da hora. Vamos a pergunta de número dois: Qual minha série favorita? - Perguntou com uma falsa calma, sua vontade era pegar o bisturi e cravar o mais fundo possível no peito do garoto.

Um minuto se passou e bufou irritado, estava mais do que óbvio. Ele não sabia a resposta. levantou-se do balcão, pegou o ácido e caminhou lentamente até a outra garota, agarrando seu cabelo ruivo com tamanha força que a cabeça da garota chegou a pender para trás.

- Cinco segundos! - Avisou ameaçadoramente, segurava em uma de suas mãos o recipiente com o ácido que havia feito e com a outra puxava o cabelo da garota, tinha uma expressão de pavor no rosto.

- SOCORRO! ME AJUDA! - Gritava desesperada, remexia-se na cadeira balançando a cabeça tentando soltar a mão da garota dos seus preciosos cabelos. A expressão maníaca da garota só desesperava-a mais. Continuou a gritar, porém ninguém a ouvia, já que as pessoas estavam na festa com música muito alta e qualquer som do lado de fora acabava sendo abafado.

- Três e meio! - Murmurou friamente, puxando ainda mais os cabelos de .

- RESPONDE PORRA! - Gritou nervosa enquanto as lágrimas desesperadas banhavam seu rosto.

- Tempo esgotado! - Avisou balançando a cabeça negativamente, lançou um olhar falsamente reprovador em direção a que suspirou e abaixou a cabeça.

- Por favor, , não cometa nenhuma loucura! - Pediu num tom desesperado, seus olhos azuis alagados de lágrimas.

- Desculpe, querida, mas é regra do meu jogo e a culpa é de que não sabe que amo Gossip Girl! - Disse com um enorme sorriso cruel nos lábios. Observava com bastante interesse o rosto angelical de que agora possuía uma expressão de pavor.

- Por favor, ... - Implorou mais uma vez com a voz embargada pelo choro que fugia por sua garganta.

- Desculpe, querida, espero que tenha bastantes fotos suas em casa - Falou num tom de falsa tristeza e virou com vontade o líquido verde do recipiente transparente em direção ao rosto da garota. Gritou desesperadamente ao sentir o líquido verde pegajoso escorrer por sua pele de porcelana. se afastou da garota, sentou-se no balcão e fechou os olhos saboreando os gritos desesperados.

sentia-se a ponto de explodir, sua pele queimava numa dor agonizante e apenas conseguia gritar, chorar pedindo ajuda, mas ninguém pudera socorrer. As lágrimas se misturavam ao ácido e nem para diminuir a dor serviram, suas mãos eram impedidas de tocar seu rosto numa busca para tirar aquela meleca pegajosa. Pela primeira vez em toda sua vida, tinha medo de se olhar num espelho e agradeceu por não poder fazê-lo naquele instante.

também gritava desesperado, seus olhos arregalados de pavor estavam observando o que acontecia a garota que se chacoalhava tentando se livrar do líquido que ardia insuportavelmente.



- Pergunta de número três: Qual minha comida favorita? - Perguntou alguns minutos após os gritos de terem cessado e restar apenas um choro baixo. A pele do rosto, pescoço e parte do colo da garota estavam em carne viva por causa do ácido. Os olhos de observavam com verdadeira satisfação.

- Droga - Resmungou irritado ao ficar em dúvida entre lasanha ou estrogonofe, já que a garota sempre estava comendo uma das duas.

- NÃO ERRA PORRA! - Ordenou aos gritos, gemeu de dor e encarou o chão com as lágrimas ainda molhando seu rosto desfigurado.

- CALA A BOCA! - Gritou o garoto irritado tentando se decidir na resposta, fez um barulho desaprovador enquanto se levantava do balcão com uma de suas mãos cheias de tachinhas coloridas. Aproximou-se lentamente da garota com sua familiar expressão maníaca enquanto avaliava com seu olhar negro os estragos que haviam sido feitos no rosto da garota.

- Não... - Choramingou fechando os olhos e gemendo de dor. direcionou seu olhar para e sorriu falsamente angelical esperando sua resposta.

- Estrogonofe - Respondeu soltando o ar dos pulmões, fechando os olhos e ficou esperando o veredito final.

- Você jantou tantas vezes lá em casa, como pôde errar essa? Lasanha é a coisa que mais amo nesse mundo! - Falou num tom reprovador, revirou os olhos e encarou a expressão apavorada de , sorriu docemente tentando acalmá-la.

- Vão ser várias picadinhas de mosquitos, não vai doer nadinha! - Avisou calmamente, pegou uma tachinha verde e afundou-a na carne recém-queimada do que seria a bochecha. A garota gritou de dor e ria como se estivesse assistindo uma cena engraçada, todo aquele sofrimento lhe satisfazia mais do que qualquer coisa. - Valeu a pena ser comida por um cara que causou toda essa dor? – Perguntou para , sua expressão de deboche. apertou ainda mais os olhos e tentou ignorar os gritos de dor de . Concentrou-se numa chance de fuga, mas nada lhe passava pela cabeça.



- Agora a penúltima pergunta: Qual foi o último filme que assistimos juntos? – Perguntou ignorando os gritos desesperados de que tinha sangue escorrendo de cada pequeno buraco feito pelas tachinhas. Uma visão satisfatória para .

- Não erra, . Por favor... - Implorava enquanto chorava e gemia de dor, seu rosto e pescoço estavam repletos de tachinhas coloridas. foi novamente até o balcão e pegou sua última arma de tortura, o bisturi.

- Essa é fácil: Atividade Paranormal 2! – Respondeu com um sorriso vitorioso no rosto que estava pálido e suado.

- Muito bom, agora dê adeus para sua vadiazinha! - Murmurou friamente, segurava o bisturi com as duas mãos e se aproximou da garota.

- , não faça isso! Já chega, vai acabar nos matando! - Ordenou encarando-a nos olhos.

- Esse é o meu plano! - Explicou soltando uma risada demoníaca que arrepiou os pêlos da nuca do garoto. sentou no colo da garota e aproximou a boca de sua orelha, suspirou ali e riu baixo. assistia a iminente morte da garota em silêncio.

- Queime no inferno, vadia! – Sussurrou rindo maleficamente e numa iniciativa rápida, cravou com toda intensidade o bisturi na garganta de que gemeu e murmurou algo inaudível. Sangue espirrou para todo lado e manchou o branco impecável do vestido de . Continuou cravando o bisturi por diversas partes do corpo sem vida, seus olhos azuis estavam sem vida agora num tom acinzentado, sua cabeça jogada para trás e seus lábios roxos, sua pele pálida e com manchas de sangue.

- ! - Sussurrou com lágrimas de desespero banhando seu rosto. Olhou o corpo da garota sem vida enquanto se levantava e parava em sua frente com um ar de satisfação, ele engoliu em seco.

Ele seria o próximo, sabia disso.

- Que tal continuarmos? – Perguntou docemente, como se não tivesse um cadáver próximo de si. Sua imagem era macabra já que seu cabelo negro estava bagunçado, seu rosto, vestido e mãos manchados de sangue. ficou em silêncio com o olhar perdido na escuridão.

- Última pergunta: Estavam juntos há quanto tempo? - Perguntou em pé ao lado de , sua mão direita segurando o bisturi. O garoto não respondeu, não fez nenhum movimento. Ficou encarando a escuridão à sua frente. Não iria e não queria responder essa pergunta por mais que lhe custasse à vida.

- Estavam juntos há quanto tempo? - Perguntou novamente e pela segunda vez obteve o silêncio como resposta.

- Te fiz uma pergunta... - Murmurou impaciente, sua mão segurando o bisturi cada vez mais forte e pela terceira vez recebeu o silêncio como resposta. Isso foi o suficiente para o ódio lhe consumir, sentou no colo de e começou a lhe acertar golpes na barriga com o bisturi.

- ANDA, RESPONDE! - Gritava cravando o bisturi diversas vezes pela barriga do garoto que era incapaz de se defender, gemidos escapavam de sua garganta.

- DIZ, DESGRAÇADO! DIZ QUE TEM TRÊS MESES QUE SE COMIAM ESCONDIDO! - Gritou sentindo ainda mais ódio ao se lembrar da carta anônima que havia recebido na noite anterior. Na carta escrita com uma letra elegante dizia que estava traindo com e tinham até algumas fotos dos dois se beijando. E a própria carta dizia que eles iriam se encontrar durante o baile de Halloween e que pretendia terminar o namoro para ficar com a outra garota. De início, resolveu mentir para si mesma e acreditar que era apenas alguma desamada querendo acabar com seu namoro, mas realmente considerou a possibilidade quando seu namorado sumiu durante o baile.

- POR QUÊ? POR QUÊ? EU TE AMAVA CARALHO! - Gritava ainda cravando o bisturi pelo corpo quase sem vida do garoto. Havia sangue para todo lado, as lágrimas de se misturavam com o sangue que escorria de .

- Doces ou travessuras, querida... – Murmurou com um sorriso de escárnio enquanto sangue escorria pelos cantos de sua boca.

- Idiota! - Xingou-o chorosamente enquanto observava o corpo já sem vida de , sua cabeça descansando sobre o busto de .

A garota sorriu minimamente e acariciou os cabelos do garoto por alguns instantes enquanto aproveitava seus poucos minutos de vida. Agarrou o cabelo do garoto e afastou a cabeça de seu corpo, posicionou o bisturi sobre seu peito. Fechou os olhos e cravou-o ali o mais fundo que conseguiu, gemeu de dor arrancando o bisturi de sua carne e atirando-o longe. Ainda sentada no colo do corpo de , colocou novamente a cabeça do garoto apoiado em seu peito e acariciou seus cabelos tranquilamente, gemidos de dor lhe escapavam dos lábios e lágrimas também.

Seu último Halloween junto de seu amado, por mais que lhe tivesse partido seu coração em pedaços não viveria sem ele ou com o peso da morte de , iria morrer e pelo menos junto de . Após seu último suspiro, caiu sem vida sobre o corpo de , uma obra de arte macabra.

Doces ou travessuras, Muahahaha




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