Don't let this memory fade away
Por Cah (Kerouls) | Revisão por Cocó



No momento em que o professor dispensou a classe, meus colegas se levantaram apressados, na expectativa de poder aproveitar o que restava daquela sexta feira à noite. O relógio na parede indicava que eram quase dez da noite. Coloquei minha bolsa no ombro depois de pegar o molho de chaves, e me despedi do professor que ainda arrumava as coisas dentro de sua mochila.
Subi as escadas, ainda podendo ouvir o burburinho dos alunos dois andares abaixo. O corredor vazio fazia com que o click click dos meus saltos no chão de pedra se tornasse um barulho um tanto quanto assustador.
Abri a porta da Secretaria e acendi as luzes da sala. A mesa em que eu trabalhava estava cheia de papéis, documentos da faculdade e fichas de alunos que precisavam ser organizadas novamente. Suspirei, sentando na grande cadeira preta e comecei a organizar a mesa. Se nada me distraísse, eu estava certa que em menos de meia hora terminaria tudo e poderia ir pra casa onde meu Kindle me esperava, cheio de livros e novas aventuras para viver.
O emprego na Secretaria da faculdade em que estudei caíra do céu. O estágio que fiz na época em que estudei Economia não foi para frente, deixando-me sem dinheiro para uma pós graduação. Quando fui até a faculdade para estudar quais eram as possibilidades de eu conseguir uma ajuda financeira, a coordenadora do meu curso de Economia me contou sobre a vaga na Secretaria e como aquilo poderia ajudar minha situação financeira. Bingo! Dois coelhos com apenas uma cajadada.
Não que trabalhar na Secretaria fosse o emprego dos sonhos, longe disso, mas o salário não era tão ruim, e no final do mês eu conseguia tranquilamente pagar as minhas contas.
Como previsto, às dez e trinta eu tranquei novamente a porta da Secretaria e joguei o molho de chaves em minha bolsa, procurando agora pelas do carro. Enquanto minha mão estava ocupada desbravando o conteúdo da minha bolsa, ouvi uma música vinda do final do corredor. A melodia suave vinha da sala de música, onde havia um piano e alguns outros instrumentos a disposição dos alunos.
Minha mão se fechou sobre a chave do carro e eu considerei ir embora de uma vez, mas uma força maior do que eu, fez com que minhas pernas se movessem na direção oposta. Vi-me caminhando até o final do corredor e parando em frente à sala de música.
Pelo vidro da porta, pude ver um homem sentado em frente ao piano. Seus dedos deslizavam pelas teclas com rapidez e uma suavidade que fazia com que seus dedos praticamente flutuassem, como algum tipo de magia que fazia as notas saírem sem precisar de toque.
Fechei os olhos, aproveitando a melodia que parecia fazer com que meu coração se acalmasse de alguma forma.
.
Sussurrei o nome do professor de música e no mesmo instante ouvi a música ser interrompida. Abri meus olhos e vi que me observava, ainda sentado em frente ao piano. Por um segundo ele pareceu surpreso ao me ver, mas então seu rosto se iluminou e ele sorriu, fazendo com que meus joelhos perdessem a força e uma leve tontura tomasse conta de mim.
. Meu antigo vizinho. Meu primeiro namorado. O cara que sempre teria um estranho efeito sobre mim.
!
Ele abriu a porta; primeiro só uma fresta, colocando sua cabeça pra fora. Quando sorri, sem saber direito o que dizer depois de ter sida pega em flagrante, ele deu espaço para que eu pudesse entrar na sala.
– Desculpe, não queria atrapalhar – finalmente falei, olhando em volta da sala, certificando-me de que estávamos sozinhos.
Caminhei até o piano e passei a mão por sua superfície lisa. Eu não entendia muito de música, mas sabia que aquele era um belíssimo piano e que havia custado uma boa grana para a faculdade.
– Não há por que se desculpar. Acho que perdi um pouco a hora, distraído com essa belezinha aqui.
sentou-se novamente em frente ao piano e me observou por alguns segundos. Dando dois tapinhas no banco em que sentava, ele indicou que eu sentasse ao seu lado, e eu o fiz.
– Acho que acabei te atraindo aqui com a força do meu pensamento – comentou, voltando a deslizar os dedos pelas teclas do piano, criando uma melodia relaxante.
Observei seu rosto, concentrado no movimento de seus dedos e mordi meus lábios. Deus, era difícil acreditar que um cara como aquele já havia sido meu namorado. Certo, tínhamos apenas 15 anos e éramos adolescentes desengonçados e cheios de hormônios, que pareciam conspirar contra nossos corpos, mas olhando para ele agora, era difícil acreditar o quão bem o tempo o havia tratado. Seu queixo quadrado estava coberto por uma barba rala que me fazia imaginar como seria senti-la roçando em minha pele enquanto nos beijamos loucamente.
– ... pensando em você – só então percebi que ele estava dizendo alguma coisa.
Limpei minha garganta e me sentei ereta. – Você esteve pensando em mim?
sorriu, como se achasse graça o fato de eu estar um pouco perdida na conversa. Ele balançou a cabeça confirmando e me olhou com um sorriso discreto no canto de seus lábios.
– Fui até a casa dos meus pais ontem e percebi que meu quarto ainda é o mesmo de quando sai de lá. As lembranças foram quase impossíveis de controlar.
Sorrimos ao mesmo tempo, provavelmente tomados pelas mesmas memórias. Digamos que era pro quarto dele que corríamos quando nossos hormônios estavam à flor da pele e mal conseguíamos conter nossas mãos. Fora lá que perdemos a virgindade, juntos. De longe, um dos momentos mais embaraçosos de nossas vidas.
– Não acredito que já faz dez anos – suspirei.
– Éramos adolescentes tão apaixonados. Eu tinha certeza que você era a mulher da minha vida e que um dia casaríamos e viveríamos felizes para sempre – comentou, parando de tocar piano, olhando-me.
– Eu também.
Ficamos nos olhando por alguns segundos. Talvez até minutos. Era quase como se pudéssemos ler os pensamentos um do outro.
No último ano de colégio, aos 17 anos, percebemos que queríamos coisas muito diferentes para o futuro e acabamos indo para faculdades diferentes, em estados distantes, e decidimos que seria melhor cada um seguir seu caminho. E agora estávamos ali, trabalhando na mesma faculdade. Ele formado em Música, eu em Economia. Ambos solteiros. Duas pessoas maduras e donas dos próprios narizes.
O barulho do meu celular fez com que pulássemos, assustados. Procurei pelo aparelho em minha bolsa e, quando o achei e estava pronta para atender, senti a mão de tocar a minha e tirar o celular de minha mão, jogando-o de volta em minha bolsa. Levantei meus olhos e encontrei os seus, cheios de desejo.
Seus lábios vieram de encontro aos meus e minha bolsa foi parar no chão, com um baque, mas não me importei. me abraçou pela cintura, trazendo meu corpo para perto do seu enquanto os meus braços circulavam seu pescoço; uma de minhas mãos perdida em seus cabelos curtos e macios. Nossas línguas se encontraram e eu percebi que ele ainda tinha gosto de hortelã. Pelo visto, ele ainda não havia abandonado alguns de seus vícios de adolescência.
Perdida em nossos beijos e na forma com que suas mãos passeavam pelo meu corpo, explorando cada novo centímetro de minha pele e me fazendo sentir calafrios, não sei como fui parar em seu colo - minhas pernas em volta de sua cintura, removendo qualquer espaço que poderia existir entre nossos corpos.
Lenta e provocativamente, ele abriu os botões de minha camisa, fazendo-me suspirar cada vez que seus dedos tocavam minha pele nua. deslizou a camisa por meus braços e eu não saberia dizer onde ela foi parar. Ele se afastou um pouco e observou meu torso, suas mãos deslizando por minha cintura até a curva dos meus seios, fazendo com que eu me esquecesse de respirar por alguns segundos.
Depois de plantar um leve beijo entre meus seios, deslizou os lábios até meu pescoço. Sua língua quente entrou em contato com a pele sensível atrás da minha orelha, e eu não pude conter um gemido, o que pareceu estimulá-lo ainda mais.
Sentada em seu colo, eu podia perceber sua excitação através de sua calça jeans, e confesso que saber que mesmo depois de tantos anos eu ainda podia causar aquele desejo nele, fez com que um sorriso aparecesse em meus lábios.
– Que foi? – perguntou, sorrindo também, mesmo sem saber o meu motivo.
Balancei a cabeça e encostei minha testa na sua, sentindo sua respiração tão pesada quanto a minha. Mordi seu lábio inferior apenas para provocá-lo e então pressionei meu corpo ainda mais sobre sua ereção, fazendo com que algo parecido com um rugido saísse por seus lábios.
Rapidamente meu sutiã se juntou a minha camisa no chão, e então eu soube que havíamos entrado em um caminho sem volta. Naquele momento, o fato de estarmos na faculdade e a porta nem estar trancada, estava em segundo plano. Meu corpo desejava o dele mais do que nunca, e a julgar pelo jeito com que suas mãos exploravam meu corpo, eu percebia que ele queria o mesmo que eu.
– Isso não parece muito justo – comentei, entre beijos.
Desci minhas mãos até a barra de sua camisa e ele levantou os braços, ajudando-me a removê-la com facilidade.
– Sem chance! – quase engasguei ao ver a enorme tatuagem de uma fênix que cobria a lateral do seu corpo, sobre as costelas.
– Eu falei que iria fazer – ele riu, se contraindo ao meu toque.
– Sim, quando você tinha uns 16 anos. Não achei que fosse sério.
– Eu levava muitas coisas a sério naquela época – respondeu, olhando-me intensamente, e eu senti que poderia derreter a qualquer momento sob seu olhar.
Quando nossos lábios se encontraram novamente, eu senti suas mãos descerem até minhas nádegas, e sem muito esforço, ele nos levantou do banco do piano e caminhou comigo em seu colo até uma mesa de madeira do outro lado da sala.
Com uma mão ao redor de minha cintura e a outra na mesa atrás de mim, ele inclinou meu corpo e trilhou um caminho de beijos até meu seio direito. Depois de morder sem muita delicadeza a pele logo abaixo do seio, ele passou a língua pelo mamilo, fazendo-me gemer e buscar desesperadamente por mais contato.
Percebendo o efeito que tinha em mim, ele continuou lentamente a me provocar com sua língua em meu seio. Eu já podia ver a marca de minhas unhas em seus ombros e meus gemidos iam se tornando cada vez mais constantes. Ainda me provocando, ele desceu os beijos por minha barriga e depositou uma leve mordida, logo acima do botão do meu jeans. Puxando-me para que eu saísse de cima da mesa, ele abriu minha calça e a deslizou por minhas pernas ao mesmo tempo em que beijava cada novo pedaço de pele descoberta.
Mais uma vez, ele estava em vantagem. Enquanto eu me encontrava apenas com minha calcinha rosa de oncinha, ele ainda tinha sua calça jeans e cueca. Antes que eu pudesse pensar em fazer algo a respeito disso, ele voltou a me beijar, ainda mais cheio de desejo do que antes. Uma de suas mãos no elástico de minha calcinha arrancou um suspiro de meus lábios e então um de seus dedos encontrou meu clitóris e me levou a loucura. Rapidamente meu corpo encontrou o mesmo ritmo de seu dedo e eu não consegui mais controlar os sons que saíam por minha boca. Entre sua língua na área sensível atrás da minha orelha e seu dedo me dando prazer, eu não seria capaz de dizer meu nome, já o nome dele parecia ser a única palavra que meu cérebro conseguia formar naquele momento.
Quando dois de seus dedos me penetraram, eu tive que morder seu ombro com força ou seria capaz de chamar a atenção de alguém que ainda estivesse no prédio.
– Você tem noção do quanto está me enlouquecendo? – sussurrou em meu ouvido. – É difícil manter o controle quando você geme meu nome desse jeito.
Minha resposta, claro, foi gemer o nome dele em seu ouvido, fazendo com que o ritmo de seus dedos aumentasse.
Desci minhas mãos até o cós de seu jeans e o desabotoei, descendo-o junto com sua cueca até o meio de suas coxas.
– Agora – consegui sufocar. – Quero você... Dentro de mim.
Com minha calcinha fora do caminho, ele me penetrou, dessa vez com seu membro. Eu estava novamente sentada na mesa de madeira e me peguei desejando que ela fosse forte o suficiente e não quebrasse sobre o peso das investidas de .
Seus lábios pressionaram os meus com força; uma de suas mãos em meu pescoço, dedos perdidos em meu cabelo, e a outra em minha nádega, ajudando-me a encontrar um ritmo igual ao seu.
Eu não sabia dizer com quantas mulheres ele havia transado depois que terminamos, mas em algum lugar no meio do caminho ele havia adquirido uma experiência que o tornava muito diferente do adolescente desajeitado que tirou minha virgindade.
Deslizando suas mãos por minhas pernas, ele me levantou um pouco e fez com que eu as cruzasse em sua cintura. Passei os braços por seu pescoço e deixei que ele ditasse a velocidade com que investia em mim.
Não demorou para que eu sentisse meu orgasmo se aproximar e pedi que ele acelerasse o ritmo ainda mais. Se na época em que éramos adolescentes ele demorou alguns meses para conseguir me dar um orgasmo de verdade, agora ele sabia exatamente como me dar prazer.
Sentindo uma onda de satisfação se espalhar por meu corpo, eu soltei alguns palavrões, alto o suficiente para que alguém no começo do corredor conseguisse ouvir, mas naquele momento isso não importava.
– Quase lá – sufocou em meu ouvido.
Acompanhei seu ritmo e mordi seu lóbulo, sussurrando seu nome e gemendo em seu ouvido para estimulá-lo. Logo seu orgasmo chegou, tão intenso quanto o meu. Seus olhos apertados e sua boca entreaberta eram a visão de um deus, e fez com que eu desejasse começar tudo novamente o mais breve possível.
me colocou sobre a mesa novamente e segurou meu rosto com as duas mãos, aproximando nossos lábios, mas sem me beijar.
– Tão linda – ele sussurrou, seus olhos me observando de tão perto que sua respiração ainda pesada, caía diretamente em minha boca. – Só de lembrar a sensação de te dar um orgasmo como esse e ver sua feição de prazer já me deixa excitado novamente.
– Por mais que eu queira ficar aqui a noite toda e repetir o que acabamos de fazer mais algumas vezes, precisamos liberar a sala, em breve alguém vai vir aqui para checar se está tudo vazio.
Lentamente nos afastamos um do outro e vestimos nossas roupas, trocando olhares e sorrisos. Eu nunca me senti muito confortável estando nua na frente de outros caras. Sempre insegura sobre essa parte do corpo ou aquela, mas sob o olhar atento de , eu me sentia a mulher mais bonita e desejada do mundo.
Enquanto eu abotoava a minha camisa, ele se aproximou, já completamente vestido. Suas mãos foram até a minha cintura e ele me beijou novamente, tão intenso quanto antes, fazendo com que eu errasse a ordem dos botões da minha camisa duas vezes.
! – reclamei, sem conseguir controlar o riso.
Ele se afastou um pouco, deixando que eu abotoasse a camisa, dessa vez do modo certo. Coloquei os sapatos e peguei minha bolsa, agradecendo por seu conteúdo não estar todo espalhado pelo chão.
Caminhamos até a porta, mas antes que eu pudesse abri-la, me pressionou contra ela e voltou a me beijar. Certo, eu estava começando a ver um padrão ali. Daquela forma não sairíamos daquela sala tão cedo.
– Sabe – comentei, afastando-me um pouco e sentindo ele beijar meu queixo, pescoço e maxilar muito lentamente. Suspirei, tentando formar a frase correta em minha mente. – Isso não precisa acabar por aqui.
parou de me beijar e me observou por alguns segundos. Engoli em seco, temendo que ele risse na minha cara e dissesse que tinha outra esperando por ele em casa. A última vez que chequei, ele estava solteiro, mas era difícil acreditar que um cara como ele não tivesse uma namorada ciumenta ao seu lado.
Descendo o olhar rapidamente e sem descrição alguma para meus seios, ele sorriu e então me olhou nos olhos.
– Sua casa ou a minha?

fim.


n/a: Olá! Essa fic foi feita para um desafio que rolou no grupo de fics da Rafa Julich. O meu tema era "Ele é professor de música na escola em que você trabalha.". Espero que gostem. Por favor deixem um comentário com o seu feedback. Beijo!

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Minhas fics (todas finalizadas):

Addicted (/fictions/a/addicted.html)
All She Dreams (//fanfics/a/allshedreams.html)
Closer (/fics/c/closer.htm)
Decoy (Restrita) (/fanfics/d/decoy.html)
Defeitos Perfeitos (/fics/d/defeitosperfeitos.htm)
I Hate Everything About You (fanfics/i/ihateeverythingaboutyou.html)
Long Goodbyes (/fics/l/longgoodbyes.htm)
Meet Me In The Elevator (/fics/m/meetme.html)
Nothing’s Wrong With Dreaming (/fics/n/nothingswrong.htm)
The Not-Xmas Day (/fictions/t/thenotxmasday.html)
There’s No Easy Way Out (/fics/t/theresnoeasy.htm)
There is (continuação da de cima) (/fics/t/thereis.htm)
When You Walk Away (/fics/w/whenyouwalkaway.html)



Nota da Beta: Qualquer erro nessa fanfic é meu. Achou algum erro em Don't Let This Memory Fade Away? Avise-me via email ou pelo ask.fm. xx

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