CAPÍTULOS: [Único]





Eu Não Poderia Te Amar Mais







Capítulo Único



Quando eu era pequeno, no meu quarto ou observando minha família, sempre imaginei o tipo de vida que eu levaria no futuro. Me espelhava muito no meu pai e nos meus irmãos mais velhos. Sempre tive muito orgulho deles. Mas pensar em como eu viveria meu futuro me fez esquecer de pensar em com quem eu o faria. Isso mudou drasticamente quando eu fui estudar em Hogwarts. Antes mesmo de chegar no imponente castelo tive minha vida transformada por completo. Quando vi, pela primeira vez, os olhos daquela garota chamada Hermione Granger. Claro, não posso deixar de lembrar certas circunstâncias. Nós dois éramos meras crianças, e a situação em que nos conhecemos não nos foi muito favorável. Eu estava tentando mostrar a Harry um feitiço tosco que meus irmãos me ensinaram (posteriormente descobri tratar-se de uma brincadeira. Deveria ter visto isso logo), e passei uma vergonha irreversível. No momento eu não soube, mas já estava apaixonado por ela. A garota que saiu do nosso vagão pensando que eu devia ser um completo retardado. Uma coisa que eu nunca contei a ninguém, nem mesmo a ela, foi que uns minutos depois eu precisei ir fazer não-lembro-o-quê no corredor e a vi pela janelinha no seu próprio vagão, dormindo no banco. Foi ali que eu percebi o quanto eu queria estar com ela, protegê-la e ser aquele com quem ela sempre poderia contar.

Agora que estamos sozinhos, sem mais esconde-esconde
Você é o mais alto sonho pra mim
E enquanto você suavemente dorme, então poderei te dizer o que isso significa


Como uma criança reage a esse tipo de sentimento? Algo inteiramente desconhecido, que atenta contra tudo o que acreditava cegamente. Tentei tirá-la da minha cabeça a todo custo, mas não conseguia. Não havia jeito de me fazer parar de sentir aquilo. E eu, teimoso feito um gigante resmungão, decidi tentar de outra maneira. Comecei a espalhar insultos discretos, que logo se espalharam pela escola quase-inteira. Aí deu aquele episódio que se tornou famoso até hoje em Hogwarts: a noite em que Hermione foi atacada por um trasgo no banheiro feminino. Antes de sabermos que o trasgo havia entrado no castelo, Harry já tinha tentado me alertar várias vezes que Hermione estava demasiado chateada com as coisas que eu fazia e que eu devia ir procurá-la. Ele acha que eu não lhe dava ouvidos, mas a verdade é que eu não parava de me culpar pelo que acontecia. Queria muito poder sair correndo e ir até ela. Queria poder dizer a ela tudo o que eu realmente sentia.

Presa em meus braços como o amor repousa
Eu não deixarei você fugir
Este é o verão de todos eles, esta é a minha noite das noites
Que você veio pra ficar


O tempo passou. Nos tornamos amigos, mas Harry tinha que ser o mediador entre nós. Eu imagino que talvez ela tenha pensado em me fazer sentir um pouco na pele o sofrimento que eu mesmo causei a ela durante o primeiro ano. Tínhamos uma boa amizade, mas brigávamos muito. Eu tentava, juro que tentava, não permitir que isso causasse alguma cizânia mais séria entre nós, mas nem sempre conseguia. Tá, quase nunca eu conseguia. Quando chegou a época dos ataques em Hogwarts, em que alunos, gatas irritantes e fantasmas apareceram petrificados, comecei a me tornar ainda mais medroso e paranoico. O que ninguém suspeitou era que eu nunca tive medo de que algo acontecesse comigo. Minha única preocupação era com Hermione. Ela foi a última aluna a ser petrificada, antes que Harry conseguisse resolver tudo. Eu tomei coragem e comecei a visitá-la no hospital, escondido. Apenas madame Pomfrey sabe disso. Nunca falou nada, mas sempre ficou de olho em mim. Vê-la naquela situação me deixava horrorizado, só que eu não conseguia parar de observar aquele rosto lindo e delicado. Me sentia mal por ainda ter aqueles sentimentos, e pior ainda por não conseguir fazer nada em relação a eles.

Aqui está você, dona do meu coração
Do jeito que o amor deve ser
E há uma coisa que eu preciso te contar
Se você prometer acreditar que é por você que eu vivo
E eu não poderia te amar mais


No terceiro ano, depois de tudo o que já tínhamos passado, parecia que não poderia haver mais nada pra atrapalhar a gente. Doce ilusão. Divergíamos cada vez mais, e cada vez os motivos eram mais idiotas. Acusei injustamente o gato dela de comer o meu rato (que descobrimos ser um bruxo das trevas borra-botas, mas isso não vem ao caso), e isso bastou pra que nos afastássemos mais. Nos momentos em que eu estava sozinho, eu me culpava muito por deixar esse tipo de detalhe tomar conta da minha razão. Mas foi quando eu percebi, pela primeira vez, o verdadeiro nome daquele sentimento. Quando eu estava com Hermione, eu não conseguia pensar racionalmente. E na vã tentativa de me controlar, acabava criando uma defesa de grosseria e, admito, estupidez desnecessárias. Quando entramos em férias, pude parar e raciocinar o quanto eu pudesse sobre aquilo.

Estações podem vir e estações vão
Mas essas são as palavras mais verdadeiras que conheço
Face a face, olho no olho
Este é o verão de nossas vidas, um amor que não pode morrer


No quarto ano percebi que ela também parecia estar lutando internamente com alguma coisa. Ficou mais evidente durante o Baile de Inverno, quando eu tive aquela crise de ciúmes (por sorte consegui disfarçar, jogando a culpa no terno horrível que a mamãe me mandou. Eu ainda acho que aquilo era pra Gina). Mas convenhamos… Bem que ela poderia ter escolhido um par melhor. Talvez um que não parecesse um armário ambulante. E falante. Com um p(*) sotaque de doer os ouvidos. Mas a aproximação que eu tanto almejei teimava em não vir. E nem vou perder meu tempo falando dos anos seguintes até o sétimo, quando finalmente tudo começou a entrar nos eixos. Claro, foi o período em que tivemos nossa briga mais séria, uma que acabou envolvendo nós três, mas pelo menos conseguimos uma felicidade a mais. Nós estávamos viajando em missão pra derrotar aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Tivemos a tal briga e eu fugi deles. Tempos depois meu coração começou a doer. Eu sabia que não deveria acabar assim. Eu tinha que voltar pra ela. Eu tinha que olhar em seus olhos, ouvir sua voz, sentir seu rosto…

Aqui está você, dona da minha alma
Nunca deixarei você dizer adeus
E há uma coisa que eu preciso te contar
Deixamos o mundo lá fora, e você tem que vir pra mim


Levei um tempo pra conseguir voltar, e quando voltei fui recebido na porrada. Claro, não podia tirar sua razão. Agi como um pateta desde o início. Mas eu percebi que ela, no fundo, estava realmente feliz por eu ter voltado. Obviamente ela demorou pra me perdoar, mas paramos com as brigas e nos aproximamos mais. Durante o ataque a Hogwarts, eu tive a ideia de ir ao banheiro onde ficava a entrada da Câmara Secreta, por causa dos dentes do basilisco. Eu nunca imaginei, contudo, que essa ideia seria o estopim do nosso primeiro beijo, depois de voltarmos pro castelo. Alguns segundos depois eu me dei conta de que o que importava não era onde eu estava, e sim com quem eu estava. E depois de sete anos vivendo essa angústia, beijar Hermione e poder admitir que eu realmente a amo é muito mais do que um merecido alívio. É o início da minha vida. Claro, eu me ajudava muito mais se eu parasse de viajar e subisse o resto da escada com esses dentes. Ah, dane-se! Vou levar só um e eles que se virem.

Finalmente, nós começamos
Abra o seu coração e deixe o meu amor mais profundo lá dentro
Só estou fazendo o que eu tenho que fazer
Se você prometer acreditar que é por você que eu vivo

E eu não poderia…
Te amar…
Mais…


Fim



Nota da autora: (16/08/2015)




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