Every Soldier is a Lover
Escrita por:
Stephanie Sabino
Betada por: Bih Hedegaard



And as days go by, the memories remain. I wait for you. As days go by I swear I'll try. Until I die. Anything for you.
What Could Have Been Love - Aerosmith


Capítulo único

Ele observou a fachada à sua frente e suspirou brevemente, estava mesmo no lugar certo. Ponderou por alguns instantes se deveria ou não entrar ali. O som do sino da porta foi ouvido e lhe chamou a atenção. Ao virar-se para a fonte do mesmo, encarou o próprio reflexo no vidro escuro da porta e se assustou com o que viu. Havia mudado tanto! Aquele que ali estava em nada lembrava o homem que deixara a cidade quase quatro anos atrás. O cabelo extremamente curto, os olhos cansados e a barba rala. O que havia feito consigo mesmo? Aquela era uma pergunta que nem ele sabia responder. foi tirado de seus devaneios novamente pelo bendito sino, a visão revelada pela abertura da porta fez seu coração acelerar. Lá estava ela, aquela pela qual jurara sobreviver e sempre amar. Atrás do balcão, uma cansada e visivelmente abatida lia um papel que parecia ser o menu do restaurante. Nem aquilo havia tirado sua beleza. Como num passe de mágica, ela levantou a cabeça em direção à porta, seus olhos, que um dia foram brilhantes, encararam sem vida o homem do lado de fora do estabelecimento e o coração de ambos parecia querer pular pra fora dos corpos. A porta se fechou com lentidão, fazendo com que ela agradecesse mentalmente por aquilo. não deveria estar ali, não podia. Era arriscado demais não só pra ela como pra ele e, só de imaginar que algo ameaçava a segurança daquele que ela tanto amava, a dor em seu peito crescia descontroladamente. Ele encarou a porta fechada por alguns instantes, quase batendo em si mentalmente por estar desperdiçando seu tempo ali ao invés de entrar e conversar com ela. Abriu a porta, adentrando o local e procurando-a com os olhos, mas já não estava ali. Ele, no entanto, não desistiria assim tão facilmente. Sentou-se em uma mesa afastada, próxima aos banheiros, passando a mão pelos poucos fios de cabelo que possuía se sentindo intensamente frustrado. Por que é que a vida tinha sido tão ruim com eles? Será que nem todos os sacrifícios que ambos haviam cometido compensariam?
- Olá! Gostaria de beber alguma coisa? - uma voz jovem se dirigiu a ele, levantou a cabeça, encarando o simpático garçom que estava de pé ao seu lado
- Uma água, por favor. - disse baixo
- Okay, já volto. Aqui está o menu, pode ir lendo-o e depois fazer seu pedido.
Encarou os itens do menu sem a mínima vontade de comer nada. Aliás, a única vontade que ele tinha era de morrer. Não muito longe dali, dentro de uma das cabines do banheiro, tentava controlar a vontade de chorar. E por que é que aqueles sentimentos que ela jurava ter matado estavam voltando à tona assim tão depressa? Lembrou-se da última vez em que se viram, mais precisamente do que ele havia dito a ela naquele dia: “Da próxima vez que me vir, por favor, não desperdice seu tempo me dizendo ‘oi’. Isso que a gente tem é errado, pare de desperdiçar seu tempo comigo. Não me ligue e nem me procure mais.” Como é que ele se atrevia a estar ali, mesmo? Observou a aliança em sua mão esquerda sentindo a tristeza aumentar ainda mais. Aquela, junto com outras, era a marca que simbolizava o seu casamento com Jeffrey. Só de pensar nele descobrindo o paradeiro de ela se desesperava e se sentia extremamente estúpida. Não deveria se importar tanto com ele, o homem não merecia toda aquela atenção. Secou as insistentes lágrimas, saindo do banheiro lentamente. Encarou a nuca de , que estava sentado em uma das mesas ali, aquela era a hora, ou ela falava com ele ou teria de passar um bom tempo naquele banheiro e chamaria, ainda mais, a atenção dos empregados para si. Sabia que ao escolher a segunda opção estaria praticamente assinando sua sentença de morte. Era melhor terminar com aquilo logo.
- O camarão daqui é muito bom, sabia? – quando deu por si já havia dito aquilo.
sentiu os cabelos de sua nuca se arrepiarem, ponderou se deveria se virar ou não e o fez para comprovar que não estava louco. Ela estava ali, bem a sua frente, era como se nem um dia houvesse passado desde que ele havia ido embora.
- ?
- Oi, .
- Você... Eu... Eu tenho tanto pra te falar. Senti tanto sua falta. – ele tomou um impulso para se levantar, sendo repreendido por ela.
- Por favor, não se aproxime.
- Por quê? Eu tenho que me explicar, por favor, me ouça.
- É perigoso, vou me retirar agora. Esta é a melhor decisão para nós dois.
- Não, espera. – sua mão envolveu o pulso dela e a mesma assumiu uma expressão facial de dor.
- Eu não posso, me deixe em paz e vá embora.
- É por causa do Jeffrey?
- Como... Como você sabe sobre o Jeffrey?
- Por que acha que eu fui embora, ? Escute, tem que me deixar lhe dar uma explicação.
- Não sei porque partiu, isso pouco me importa, o que importa é que não podemos nos falar. Portanto eu lhe peço, eu lhe imploro, que me deixe em paz. Não desperdice seu tempo comigo, nunca mais me procure. - ela disse, saindo do restaurante em seguida, fazendo com que ele a perdesse de vista. Para o homem foi como se alguém tivesse atropelado seu coração com um rolo compressor. Ele sabia o significado daquelas palavras e o porquê de ela as ter escolhido naquele momento. Afinal, não fora ele quem as usou contra ela anos atrás? sabia, porém, que aquela não era , a mulher cuspira aquelas palavras da boca para fora, e ele já desconfiava do porquê de tudo aquilo.
Quatro anos antes daquele encontro as coisas eram muito diferentes. era o vocalista de uma banda em ascensão no mundo do rock, ou melhor, folk metal. O Finntroll. dedicava seu tempo à faculdade de Design Gráfico e a ser a fã número um da banda de seu namorado, . Os dois tinham acabado de completar vinte e um anos, ele se preparava para pedi-la em casamento e finalmente a libertar das garras de seu padrasto. O padrasto de nunca havia gostado da menina, talvez fosse pelo fato de que ela sempre foi muito independente e decidida, era possível afirmar que Richard não gostava de ninguém, nem ao menos de sua mulher, Judy. Judy havia, assim como a filha, sido obrigada a se casar com alguém que não amava. Sua família, apesar de humilde, valorizava a moral e os bons costumes, assim como protegia a hierarquia da sociedade em que viviam. Quando Judy se apaixonou por um artista plástico mal sucedido, acabou engravidando dele, fazendo com que seus pais a obrigassem a se casar com um empresário linha dura, Richard. Aquilo a transformou numa mulher imensamente submissa e infeliz. era a única que conseguia colocar um sorriso no rosto de sua mãe, mas nem isso a deu forças o suficiente para escolher um futuro melhor para a filha. Além de linha dura, Richard era também viciado em jogos de azar. O resultado disso foi a perda de todos os bens da família, deixando-os quase à beira da amargura. Havia porém uma última esperança, um último bilhete dourado, . Jeffrey Dean Morgan era um dos ‘amigos’ mais bem sucedidos de Richard, ele possuía imóveis em várias partes do mundo e pretendia abrir um restaurante bem ali, na cidade em que morava. Ver a garota circulando pela cidade chamou a atenção de Jeffrey, ela não era bonita como uma modelo dessas que se vê em catálogos famosos, porém havia algo nela que o prendia. Ele tinha que tê-la para si, mas como faria isso? parecia muito feliz com o namorado e apesar de toda sua influência, Jeffrey não poderia simplesmente matar aquele que estava em seu caminho. A sorte, porém, estava ao seu lado, como sempre. Com a notícia da falência do insuportável amigo, ele teve a oportunidade de fazer uma proposta irrecusável para alguém sem escrúpulos feito Richard. A ‘filha’ dele em troca do pagamento de todas as suas dívidas.
- Mas como é que eu vou convencer aquela pentelha a se casar com você? – perguntou o mais velho.
- Deixe que disso me encarrego eu. – Jeffrey respondeu com um sorriso confiante no rosto.
O homem observou atentamente a rotina do casal por vários dias seguidos, até encontrar uma brecha em que estivesse sozinho. Perguntou-se por quê, ou melhor, o que a garota havia visto no mesmo. Ele era alto demais, magro demais e aquele cabelo longo só piorava toda a situação. Patético, era a definição perfeita para ele. Aproximou-se do mais jovem, que fumava um cigarro tranquilo na mesa exterior de um bar.
- Com licença, você é o ?
- Sim, sou sim. E você quem é? – o outro lhe mirou desconfiado.
- Creio que não me conheça, sou um grande amigo da família de sua namorada. Meu nome é Jeffrey, Jeffrey Dean Morgan. – estendeu a mão, vendo o outro apertá-la ainda incerto.
- E o que quer comigo?
- Vim lhe dar um conselho, mude-se de cidade e deixe em paz.
- Como disse? Quem é você pra me dizer o que fazer?
- Não estou querendo lhe dizer o que fazer, apenas te dando um toque. Como deve saber, os pais dela estão falidos, logo ela terá de largar a faculdade e trabalhar para ao menos tentar se sustentar.
- Ela não vai precisar fazer isso, eu não vou deixar.
- E como pretende fazer isso? Usando o dinheiro que ganha com sua banda? Sejamos sinceros, . Você mal pode se sustentar com o dinheiro que ganha agora, precisa ir para a faculdade, além de ter que pagar a hipoteca de sua casa, entre outras despesas. Sei que suas intenções são boas, mas o esforço seria em vão.
- Mas... Mas o que eu faço? Eu não posso deixá-la nesta situação!
- Eu posso pagar as dívidas dos pais dela. – ele sorriu para o mais novo, que o mirou confuso.
- E por que é que você faria isso?
- Pelo simples fato de que eu gosto de ajudar as pessoas, .
- Você iria querer algo em troca? Eu posso te pagar, mas vai demorar um pouco. Minha banda está quase conseguindo um contrato com uma gravadora e...
- Sim, eu sei. Porém, não posso esperar até você ficar famoso para me pagar tudo.
- Eu não tenho onde arranjar esse dinheiro agora.
- É aí que você se engana, meu caro. Eu conheço a solução perfeita para os seus problemas.
- Qual seria essa solução? Porque eu não vou concordar em fazer nada ilegal.
- Você não fará nada ilegal, muito pelo contrário, é só se alistar no exército e todos os nossos problemas se resolverão.
- O QUÊ? Exército? Como é que morrer me daria algum dinheiro?
- Nem todos aqueles que se alistam têm que ir para o campo de combate, .
- Ainda assim, não entendo como é que isso poderia me beneficiar.
- Depois de servir os três anos e meio requeridos no exército, você pode voltar pra casa. O governo terá de lhe pagar uma pensão bem gorda pelo resto da sua vida e então você terá dinheiro para me pagar.
- Mas eu tenho a banda, minha vida aqui e a . Eu não posso simplesmente dizer para ela que estou indo para o exército, ela não aceitaria.
- Pois então não diga. Arranje uma outra desculpa e eu tenho certeza de que quando ela souber da verdade o perdoará. Agora, se me dá licença, tenho coisas importantes a fazer. – Jeffrey disse, retirando-se dali. Pronto. A bomba estava armada e prestes a explodir. O homem sabia que o outro não iria recusar sua proposta, ele era tolo demais para aquilo, havia sido mais fácil que tirar doce da mão de uma criança.
caminhou para casa com aquela conversa na cabeça, era um plano maluco, mas em toda sua maluquice havia um pouco de sentido. Ele não podia ser egoísta ao ponto de pensar em si quando a pessoa que ele mais amava estava numa situação tão delicada. Faria aquilo por ela e quando pudesse lhe explicaria tudo, talvez em um ano ou dois, nada importava. Ele nem mesmo tentou pensar nas consequências que ir para o Iraque poderiam lhe trazer, a tensão entre os Estados Unidos e o país inimigo era mais que clara, aquilo tudo poderia lhe custar a vida. Mas de que valia a vida sem aquela a quem amava mesmo? Dirigiu-se à casa da garota, ela deveria estar voltando da faculdade em alguns minutos, sentou-se na calçada e esperou. Vinte minutos depois, viu-a caminhar de cabeça baixa observando os pés e aquilo o fez sorrir de leve. levantou a cabeça, vendo-o ali, ela sorriu abertamente e correu ao seu encontro.
- , o que faz aqui?
- Nós precisamos conversar. – mirou-a sério tentando não pensar no quão difícil aquilo seria.
- Okay, você está mega estranho hoje, hein. Vamos pro meu quarto. – ela abriu a porta da casa agradecendo aos céus pelo fato de que seu padrasto insuportável não estava ali.
- Não sei como começar isso. – suspirou nervoso quando chegaram ao quarto dela.
- Comece pelo começo, bobinho. – o sorriso dela só piorou tudo, ele não sabia se conseguiria fazer aquilo.
- Eu vou embora da cidade.
- Embora pra onde? – mirou-o com uma sobrancelha arqueada.
- Isso não importa.
- Então o que é que importa?
- O que importa é que nós precisamos terminar. – falou determinado, controlando a vontade que tinha de chorar.
- Terminar? Por que terminar? O que há de errado? – os olhos dela se encheram de lágrimas e a dor no peito de ambos parecia quase mortal.
- Isso que a gente tem é errado, pare de desperdiçar seu tempo comigo. Da próxima vez que me vir, por favor, não perca seu tempo me dizendo ‘oi’. Não me ligue e nem me procure mais. – cuspiu as palavras, saindo, literalmente, correndo dali e a deixando desolada chorando junto ao seu travesseiro.
Os meses seguintes passaram rápido até demais. Os dois jovens, apesar de distantes, carregavam a mesma expressão vazia nos olhos. Estavam vazios por dentro, sem saber o que ainda os mantinham de pé. havia sido mandado para uma base em Nasiriyah na qual pilotava o helicóptero do exército com maestria. se casou com Jeffrey sem protestar, sua vida não fazia mais sentido nenhum, portanto, casar-se com aquele homem misterioso ou não em nada lhe afetaria. A frieza com a qual ela tratava o ‘marido’ e o fato de que ela estava sempre distante em pensamento o enfureceram, fazendo com que Jeffrey transformasse sua vida num verdadeiro inferno. No começo, o ciúme que ele tinha dela se limitava a coisas óbvias, como homens descaradamente a paquerando na rua. Agora, quatro anos depois, ele monitorava todo e qualquer movimento dela. terminou a faculdade sendo vigiada de perto por capangas de seu marido, depois de se formar não pôde trabalhar, pois ele não lhe permitira e, quando estava em casa, câmeras revelavam a ele através do monitor em seu escritório tudo o que ela fazia. No campo de batalha, se enfurecera ao ouvir tudo o que acontecera com a sua amada, o que o enfurecia ainda mais era o fato de que ninguém ao menos tentava ajudá-la e não demonstrava nenhuma reação a tudo aquilo. Por que ela reagiria? As duas pessoas em quem ela mais confiava a haviam simplesmente abandonado, que diferença faria para ela ser livre ou não? Não tinha para quem correr quando fosse finalmente livre, então era melhor nem ao menos tentar. Se fosse inteligente o suficiente não faria nada para irritar Jeffrey, sabia bem sua reação às coisas que lhe irritavam, ele descontava tudo nela. No começo eram uns empurrões aqui e ali, logo depois apertões nos braços, depois tapas, socos, chutes e... Estupro. Doía demais pensar naquilo tudo, só tinha que esquecer de vez e tentar sobreviver.

***

No dia seguinte, ele retornou ao restaurante, vendo que ela não estava ali. Tinha que arrumar um jeito de encontrá-la, só que aquilo seria ainda mais difícil, visto que todos os amigos de haviam sido afastados da mesma. Observou o garçom do dia anterior sair do restaurante com uma mochila nas costas e decidiu segui-lo até a estação de metrô. Adentrou o mesmo vagão que ele, sentando-se ao seu lado e tentando pensar numa maneira de puxar assunto antes que ele saísse do trem.
- Oi.
- Oi? – o outro disse desconfiado
- Você é o garoto que trabalha no Alba, certo?
- Sim. E você, quem é?
- Meu nome é , eu sou um velho amigo da .
- Não sabia que a senhora Morgan tinha amigos, ela é sempre tão calada. Mal fala com outras pessoas do restaurante além de mim.
- A gente estudou juntos.
- Ah, sim.
- Eu preciso que me faça um favor.
- Por que é que eu lhe faria um favor? Nem ao menos te conheço.
- Escute, eu sei que você viu as marcas no braço dela. Acha mesmo certo tudo o que está acontecendo?
- Não acho certo, mas não posso me meter.
- Você não vai se meter, deixa que eu faça isso.
- Então qual é esse favor que insiste em me pedir?
- Apenas diga a ela para me encontrar amanhã, na casa da minha avó. Ela sabe onde é. Eu vou estar lá o dia todo, então ela pode aparecer na hora que der. Diga também que se ela não vier eu vou à casa dela. – era óbvio que nunca faria aquilo, porém, ele tinha que forçá-la a encontrá-lo.
- Se o senhor Morgan descobrir isso eu tô ferrado, cara!
- Ele não vai descobrir se você souber ser discreto, okay? Agora tenho que ir.
rezou para que aquele menino, ao qual ele nem ao menos perguntou o nome, fizesse tudo direito ou senão estaria perdido. Vinte e quatro horas passam muito mais rápido quando você pensa e repensa um plano um milhão de vezes. Ou ao menos era naquilo que ele gostaria de acreditar. Apagou seu milionésimo cigarro mirando o relógio da parede, já eram oito da manhã. Era melhor que ele limpasse a casa, não gostaria que o visse no meio de toda aquela bagunça. No restaurante, a mulher agradeceu aos céus o fato de que ele não resolvera aparecer ali novamente. Jeffrey, que estava em uma cidade vizinha, teria uma síncope só de imaginar que a havia procurado. Ela revisava o que faltava no estoque quando viu Ryan aproximar-se de si.
- Senhora Morgan?
- Ryan, pode me chamar de . – sorriu para ele de leve.
- O senhor Morgan não gosta que tenhamos intimidade com a senhora.
- O que precisa, então? – perguntou tentando espantar os pensamentos sobre o outro de sua cabeça.
- Um amigo seu me procurou.
- Amigo? Que amigo?
- Um tal . – ao que ele disse isso congelou no lugar, será que ele não a deixaria em paz? – Ele disse que é para que você o encontre na casa da avó dele hoje, caso contrário ele irá até sua casa. – ao finalizar a frase Ryan saiu dali, deixando-a falando com as caixas.
era louco, ele não podia exigir uma coisa assim dela, justo dela. ficou a pensar sobre o que fazer, mas era óbvio que ela tinha de ir à casa da avó dele, era morte certa para os dois se ele aparecesse em sua casa. O problema maior seria distrair seus seguranças, mas eles haviam misteriosamente desaparecido dali. Era sua deixa e ela tinha que aproveitá-la. Pegou sua bolsa e jaqueta, saindo dali rapidamente, agradeceu aos céus pelo fato de que naquele horário a maior parte da cidade estava trabalhando ou estudando, aquilo faria com que sua curta caminhada até a tão conhecida casa fosse mais tranquila e de certa forma até mais rápida. Avistou a pequena cerca branca da casa azul, seu coração imediatamente se acelerou, ela caminhou em passos curtos até a porta de mogno e fez que iria bater na mesma. Para sua surpresa, a havia aberto no mesmo instante. Os dois se encararam por um longo tempo, observando o que o tempo havia lhes feito. tinha os cabelos mais longos levemente repicados nas pontas, estava um pouco mais magra e seus olhos tinham uma expressão triste. O homem, por sua vez, tinha os músculos mais bem definidos, o cabelo castanho estava curto, havia uma cicatriz em seu supercilho e ele parecia não dormir há dias.
- Entre. – ele disse baixo quase que como num suspiro.
- Com licença. – nada ali havia mudado, pôde observar. Ouviu o barulho da porta se fechando e virou-se para o homem parado encostado à mesma.
- Nós precisamos conversar.
- A única razão pela qual eu vim aqui, , foi pra te pedir pra me deixar em paz.
- Você sabe que eu não vou fazer isso.
- Porra! Não foi você mesmo quem disse que nós não podíamos ficar juntos? Eu sou casada e meu marido não vai gostar nada de saber que você anda me importunando. Me esquece. – ela caminhou em direção à porta vendo que ele não havia movido um músculo. – Sai da minha frente, .
- E o que ele vai fazer? Me bater do jeito que ele te bate? – pegou o braço dela, puxando a manga da jaqueta para cima e deixando à mostra um hematoma.
- Cuida da sua vida e esquece a minha.
- Você não vai sair daqui enquanto não me deixar explicar tudo o que aconteceu.
- Explicar o quê? O fato de que você partiu meu coração e foi pro quinto dos infernos fazer sabe-se lá o quê? Eu acho que já entendi essa parte muito bem, obrigada.
- Não foi bem assim. Senta e me escuta, por favor. – a mulher suspirou derrotada, sentando-se no sofá. – É difícil escolher por onde começar.
- Que tal começar pelo começo? - ambos sorriram e ele narrou o que de fato havia acontecido tempos atrás com lágrimas nos olhos. , apesar de triste, estava mais revoltada com a falta de caráter do marido. Não que ele houvesse demonstrado ter um pingo do mesmo até aquele momento, mas o que Jeffrey fizera era sujo... Enojava-a.
- Eu não acredito numa coisa dessas. Não bastava aquele desgraçado destruir a minha vida, ele tinha que destruir a sua também?
- Deixa isso pra lá, o que é dele está guardado.
- Como eu posso deixar isso pra lá, ? Já parou pra pensar que éramos nós quem deveríamos estar casados e felizes?
- Eu sei, meu amor, eu sei. Nós ainda temos tempo e... – ele não teve tempo de terminar a frase, a próxima coisa que pôde ver foi a mulher que amava atacando seus lábios. Ele a puxou pela cintura, deitando ambos no sofá. As peças de roupa sumiram mais rápido do que seus olhos puderam acompanhar. Os dois trocaram juras de amor durante os vários momentos seguintes.
respirava calmamente enquanto sua cabeça descansava sobre o peito do outro, os dedos de subiam e desciam pelas costas dela e sua revolta crescia a cada instante em que ele observava as cicatrizes que antes ela não tinha. Precisava fazer algo com relação aquilo.
- Então, você me perdoa? – perguntou hesitante.
- Se depois do que aconteceu aqui eu não o perdoasse, eu seria a maior vadia de toda a Geórgia.
- Nós temos que arranjar um jeito de te tirar daqui.
- Sim, mas como?
- Eu tenho um plano, mas antes preciso te mostrar uma coisa.
- Então mostre!
- Nossa, seu estresse não mudou em nada. Está aqui no meu celular, promete que não vai rir?
- Claro que não vou rir, . O que é?
- Uma música que eu fiz quando estava no Iraque. Gravei um vídeo, ainda tem que aperfeiçoar muita coisa.
- Dá esse celular aqui. – ela pegou o mesmo, apertando o botão que dava play no vídeo. Um uniformizado apareceu, ele ficava lindo de uniforme, era possível perceber que ele havia chorado. O homem pegou um violão e começou a cantar.
- Esta música é dedicada à única pessoa que me dá vontade de viver. , espero que um dia você possa escutá-la. - o homem pegou um violão e começou a cantar.

I wake up and wonder how everything went wrong.
Am I the one to blame?
I gave up and left you for a nowhere-bound train.
Now that train has come and gone.
I close my eyes and see you lying in my bed.
And I still dream of that day.

As lágrimas que ele parecia segurar começaram a cair, fazendo com que a mulher também chorasse. Ela podia ouvir cantar a música baixo ao seu lado enquanto segurava sua mão esquerda.

What could have been love.
Should have been the only thing that was ever meant to be.
Didn’t know, couldn’t see what was right in front of me.
And now that I’m alone all I have is emptiness that comes from being free.
What could have been love will never be.

An old friend told me that you found somebody new.
Oh, you're finally moving on.
You think that I'd be over you after all these years.
Yeah, but time has proved it wrong.
'Cause I'm still holdin' on.

virou-se para ele, vendo que o mesmo chorava silenciosamente, e o abraçou.

What could have been love.
Should have been the only thing that was ever meant to be.
Didn’t know, couldn’t see what was right in front of me.
And now that I’m alone all I have is emptiness that comes from being free.
What could have been love will never be.

We've gone our separate ways.
Say goodbye to another day
I still wonder where you are.
Are you too far from turning back?
You were slipping through my hands and I didn't understand.

What could have been love.
Should have been the only thing that was ever meant to be.
Didn’t know, couldn’t see what was right in front of me.
And now that I’m alone all I have is emptiness that comes from being free.
What could have been love will never be.

- Nunca é tarde pra mudar as coisas, okay? A gente vai sair dessa. – ela disse baixo enquanto o abraçava e em seguida os dois se beijaram
Um barulho alto pôde ser ouvido, em menos de dois minutos a porta da sala havia sido arrombada. Os dois se separaram imediatamente, procurando uma explicação para tudo aquilo. Até que a imagem de Jeffrey apareceu, adentrando a casa, fazendo com que todo o ar nos pulmões de desaparecesse.
- Então quer dizer que eu saio da cidade e minha mulherzinha arranja um amante? – a voz grossa dele tinha um tom sarcástico
- Vai embora daqui. Esta casa é minha. – disse entre os dentes.
- Pirralho, quem disse que eu estou aqui por você? Fique com esta porcaria de casa e vá para o diabo que te carregue. Eu vim aqui buscar o que é meu. – virou-se para a mulher. – Vamos embora, .
- Eu não vou a lugar algum com você!
- Se você vier agora, talvez o seu castigo seja mais leve.
- Encosta a mão nela e eu te mato!
- Quer saber? Eu cansei de vocês dois. – ao dizer isso, Jeffrey tirou uma arma que estava escondida em sua cintura, apontando-a para os dois.
- O que você tá fazendo, Jeffrey? Abaixa essa arma! – a voz de soava desesperada.
- Eu te disse, linda, cansei de vocês dois. Cansei de te ver suspirando por esse idiota, ou parecendo uma morta-viva a todo o tempo.
- Não faça nada do que vai se arrepender, por favor! – lágrimas já rolavam pela bochecha dela.
- Confie em mim, não vou me arrepender. – apontou a arma na direção de .
- Não!
- Adeus! – ouviram-se dois disparos em diferentes direções.
Então era assim que tudo terminava? sentiu um frio subir por toda sua espinha. Tudo ao seu redor se tornara mais escuro e sem vida. Ela ouviu vozes, gritos e sussurros, porém não podia responder a nenhum dos três. Seu corpo estava caído no chão, e algo líquido e quente escorria pelo mesmo. A última coisa que sentira foi uma mão apertando a sua. Era agora que tudo ficaria bem? Aquela era uma pergunta para a qual ela não teria a resposta tão cedo.
Fim?

n/a: Esta foi minha fracassada tentativa de escrever uma fic não-restrita boa, também é a primeira shortfic que eu escrevo. Desculpem se ficou uma merda :[ Eu não consigo descrever as coisas brevemente, talvez por isso não haja tanta descrição nessa fic. AHHHHH pra garota que havia pedido uma fic do Vreth, aí está. Quem sabe um dia eu faço uma continuação? Porque a história definitivamente não termina por aqui. É isso aí gente, desculpem se eu decepcionei todo mundo. Beijos
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