Everything Was In Vain?



Capítulo 1. Surprise xx
- Parabéns . Acorda! - ela gritava.
Acordei saltando da cama de tão forte o susto que a me deu. Eram 9h da manha, do nosso primeiro dia de férias da faculdade. E ela já estava me acordando?
-O que foi, sua maluca? O que aconteceu? - eu a olhei bem e ela estava com um vestido. Não, espera, vestido? Ela não usava muito vestido. Ela estava feliz e animada.
- Sra. , será que você não sabe que dia é hoje?
- O primeiro dia de férias. E a Sra. Animação está me acordando cedo. Sabia que eu tinha planejado dormir. Eu gosto de dormir.
- ??? Você esqueceu mesmo que dia é hoje??? - ela me olhava incrédula.

- Que dia é hoje? E o que ele tem de importante?
- , olha aqui. - ela disse, mostrando-me a data no celular dela.
- Hoje é dia 01 de junho de 2017. O que que tem de especial? - ela me encarava. Foi quando eu arregalei os olhos e pude vê-la sorrir. – Não, espera! Hoje é Dia 1 de junho, caramba, com tudo o que esta acontecendo eu tinha me esquecido. É hoje que vamos para os EUA.
- ???? Não achei que fosse tão BURRA! - ela quase acabou com meus ouvidos com aquele grito. - Hoje não é só o dia que vamos para o EUA, hoje é seu aniversário! - eu franzi a testa e pensei bem. Putz, que tipo de pessoa esquece seu próprio aniversário? Tinha que ser eu, né. Mas enfim, com tudo que estava acontecendo na faculdade tive pouco tempo para pensar em aniversário, fora os papeis da minha viagem com a , que eram muito complicados, pois nos duas éramos menores de idade, então agendaram nossa viajem para meu aniversário que era o último dia que os preços estariam baratos e que daria menos confusão de burocracia, pois eu já seria maior de idade perante a lei, e então ela seria uma menor acompanhada. Nós duas falamos tanto na cabeça de nossos pais por tanto tempo que eles deixaram, falamos que seria uma experiência, pois estávamos nos preparando para ir para Londres em setembro, com o programa "Ciências Sem Fronteiras", e nós passaríamos um ano lá. Mas o programa só permite esse intercâmbio se você fizer os outros anos no Brasil, que não era bem o que queríamos, mas lá fora não existem faculdades públicas, e só os super nerds ganham bolsa, então...
- Desculpa. Eu tô com tanta coisa na cabeça que até esqueci.
- Ta, só desculpo porque estou muito feliz. Vai se arrumar, !
- Me arrumar para quê? Aonde vamos?
- Vamos fazer algumas compras. E vamos aproveitar e passar no salão e fazer nosso cabelinho.
- Queria saber de onde vem tanta animação!? - ela me jogou um travesseiro, então me levantei e fui fazer minha higiene matinal. No banho eu não lavei os cabelos. Parada em frente ao espelho eu me penteava, fiz um coque meio frouxo e saí do quarto enrolada em uma toalha.
Aquele apartamento era meu e da , morávamos ali já se fazia um ano e meio. Cursávamos moda na USSP de São Paulo. Adorávamos tudo aquilo, principalmente por estarmos juntas. Eu vesti minha roupa, que era assim.
Fui até a sala, onde encontrei a esparramada no nosso sofá, ela estava mexendo no seu notebook então cheguei mais perto e ela me olhou, dizendo toda empolgada:
- sabe aquele seu parente dos EUA?
- Sei, sim. Mas qual deles?
- Aquele tal de Doug.
- Sei, claro. Mas o que tem o Doug?
- Então eu postei aqui que nos vamos para os EUA. Daí ele comentou pedindo para irmos pra lá conhecê-los, o que acha?
- Sei lá, eles podem ter o mesmo sobrenome que eu mas... Não os conheço. Não, espera, o que eu tô dizendo? - ela sorriu. - Pode falar aí que nós vamos sim, ele mora em Moneta, que fica na Virginia. Quer desculpa melhor para conhecer a Virginia?
- Não consigo encontrar desculpa melhor. - nós rimos e olhávamos para o notebook com os olhos brilhando só de imaginar.
- , ele falou que vai ligar para os 's e chamar toda a família pra te conhecer em uma festa caseira, é só dizer o dia. O que acha?
- Vamos dia 10? Pra podermos aproveitar um pouco New York . Oque acha?
- , nós vamos ter muito tempo pra aproveitar New York pois estamos hospedadas lá. Vamos lá para o dia 4, que tal?
- Ah, não sei...
-Nem venha com não sei. Nós vamos dia 4, vou avisá-lo, okay?
- Tá bom. Mas sai logo desse facebook e dá tchau pro Doug.
- Tá. O Doug tem quantos anos? Cinquenta e cinco?
- Não sei, mas deve ser por aí mesmo. - nós começamos a rir por que não conhecíamos muitas pessoas dessa idade que tinham facebook. Saímos de casa. O vestido da era assim.
Decidimos não pegar ônibus para ir ao centro, queríamos aproveitar ao máximo nosso último dia em São Paulo. Fomos a varias lojas, compramos roupas bem legais, tínhamos decidido só levar roupa nova para lá, afinal, cursamos moda e já fazia um tempo que não comprávamos roupa. Fomos para o salão. Ah, o salão, lugar de fofoca e o único lugar em que a pessoa puxa seu cabelo e você não sai xingando, porque vale de tudo para ficar maravilhosa, não é? Eu estava ansiosa, já eram 18h. Estávamos arrumando as malas, teríamos que estar no aeroporto às 20h para pegar o avião às 22h. De acordo com nossas passagens, iríamos chegar lá por volta das 6h 50min. Eu dobrava minha roupa em meu quarto, mas podia escutar a doida cantando e dançando no outro, até que começou a tocar uma musica familiar e em questão de milésimos eu já estava cantando com toda minha voz.
- I'm broken, do you hear me? - ela entrou no quarto, jogando-me um controle, pois o outro ela usava de microfone para cantar a próxima frase.
- I'm blinded, 'cause you are everything I see. - pegamo-nos em uma cena nostálgica, onde nossos sentimentos se embaralhavam, eram tantas as lembranças, passamos uns 4 anos de nossas vidas catando, dançando, pulando, gritando, nos descabelando, morrendo de ciúmes, jurando vender nossos rins, sei que chega a soar até engraçado ou apelante, mas vivíamos por aqueles 5 garotos, respirávamos eles. Mas nada mais é como aqueles tempos de adolescente, éramos felizes e não sabíamos, a vida era só diversão, hoje temos tanta coisa chata para fazer e para pensar, tem gente que ainda leva tudo na boa, mas eu e a nunca fomos do tipo de pessoas que viram a noite na balada, bebendo e dando trabalho para nossos pais. Eu costumava ser a divertida, mas com tanta coisa na cabeça a tá quase me superando, a ideia dessas férias foi dela, ela sabia o quanto precisávamos disso para voltarmos a ser quem éramos, pois passar 7 dias na semana e 24 horas por dia enfiada nos livros e no computador só serve para dar a sensação de preencher o vazio de uma felicidade real, uma felicidade que tínhamos, mas havíamos esquecido no mais profundo de nós. E tudo só reforça a frase que um dia escutei alguém murmurar: "A vida tem sido uma porcaria desde que tudo passou a ser sério demais". É, essa pessoa estava certa e hoje vejo como eram bons meus tempos de adolescente. Em meio a meus pensamentos, lágrimas teimosas escorreram pelo meu rosto todo, ao olhar para , ela estava no mesmo estado que eu. Começamos a pular, dançar e gritar o refrão daquela música.
- When he opens his arms and holds you close tonight.
- 'Cause I can love you more than this.
- Yeah. - já estávamos abraçadas chorando, a canção saía do fundo de nossas almas, ela vinha do nosso interior, do mais profundo dele e com as palavras ela lavava nossa alma, como se estivesse limpando tudo, tudo que nos deixou tristes e sérias demais, éramos tão vivas e agora estávamos mortas, a música nos dava nossa vida de volta. "More Than This", sim, agora lembro seu nome, era perfeita, perfeita para mim e para a .
- When he lays you down, I might just die inside.
- It just don't feel right.
- 'Cause I can love you more than this. - pessoas a quilômetros nos escutariam cantando aquilo, a música já estava quase acabando, nós não chorávamos mais tão desesperadamente, as lágrimas só escorriam enquanto prestávamos atenção naquela música, aquela música que muitas vezes embalaram nosso choro, danças idiotas pela casa, músicas que marcaram nossa adolescência e que ainda estavam guardadas em nosso subconsciente há anos, mas que por algum motivo nunca mais nós duas a cantarolamos em uma aula chata, ou mesmo no banho. Quando a música terminou nós sentimos como se tivéssemos voltado a ter um pouco daquela felicidade, que tínhamos quando éramos mais novas, e agora já sabíamos que por mais difícil que as coisas sejam, não podemos só ocupar a cabeça, temos que ser felizes, mas felizes de verdade. A me encarou, e enquanto saía do quarto ela disse:
- Me encontra lá em baixo, quando terminar aí. E, , você pode não acreditar nessas coisas, mas isso foi um aviso, aquela música não estava na minha playlist. Mas mesmo assim ela tocou, é um aviso de que tudo vai dar certo, e de que tem coisas boas a esperar por nós duas, um aviso de que ainda somos jovens, jovens o suficiente para mudarmos tudo e mandarmos a tristeza embora como se não tivesse amanhã. - eu sorri, assentindo que sim com a cabeça, ela se virou e foi. Terminei de arrumar as malas e já estava indo quando meu celular vibrou na minha mão. Era uma notificação do facebook, que dizia que Doug tinha me chamado no bate-papo, fui ver o que ele queria, e dizia:
"Já avisei a família toda de sua chegada, eles virão para cá, até a Amy, que não está aqui no país, vai dar um jeito de vir só para conhecer você. Tenha uma ótima viagem. xx"

Então eu respondi: "Okay. Obrigada, Doug, já estou arrumando as coisas, daqui a pouco estarei no aeroporto embarcando, nos vemos dia 5 à tarde. xx"
Fui para a sala, chegando lá a olhou-me, franziu a testa e disse:
- ? Você se lembra da historia de só levar as roupas novas?
- Sim, mas nós quase não compramos nada, .
- Tem um motivo pra isso.
- Qual é o motivo, ? Você quer que fiquemos sem roupa?
- Não, sua doida. O motivo é comprar roupas novas lá nos EUA.
- Ah! Isso é uma boa ideia.


comments powered by Disqus