Galway Boy
Por: Autora
Beta: Nelloba Jones




E no outono eu te encontrei. No outono, diante das folhas caindo eu me redescobri, me renovei.
No outono eu te amei pela primeira vez. O outono foi o nosso recomeço e foi durante o outono que eu descobri que seria para sempre sua.

- Juliana R.


Tuam, condado de Galway, Irlanda – Sábado, 1:30PM

Após horas de voo, um pouso equivocado em Dublin e a procura desesperada por um meio de transporte que a levasse até o local que parecia ser o mais distante do país, o táxi estacionou diante de uma grande mansão no interior da Irlanda. A grande casa se destacava entre as demais, provavelmente por pertencer à família mais rica da região. Era início da tarde de sábado quando a garota saltou do veículo já trajando o vestido elegante de festa por debaixo do longo casaco e imediatamente o apertou mais, sentindo uma leve brisa fria envolver seu corpo. O outono havia chegado, aquele era o primeiro dia — o equinócio de uma das estações que ela mais adorava e essa época do ano era consideravelmente mais fria em Tuam, uma pequena vila localizada a oeste da Irlanda, do que em Nova Iorque, onde a jovem vivia.
Ela não queria estar em Tuam, não queria ter deixado a grande cidade onde vivia para se enfiar em um local que possuía menos habitantes do que o bairro do Queens em Nova Iorque. O verdadeiro motivo era que a jornalista do New York Post, não queria, em hipótese alguma, ter que se encontrar novamente com o cretino do ex-namorado, Derek O'Kelly. Mas nunca fora uma garota de sorte e ela tinha como melhor amiga Claire O'Kelly, irmã do ex-namorado. Elas estudaram juntas em uma universidade de Londres, onde nascera e vivera por toda a sua vida até terminar o curso de jornalismo e se mudar para Nova Iorque com o então namorado, que havia sido apresentado por Claire quatro anos atrás em uma festa de final de ano.
E agora ela estava ali, diante da casa dos pais dele, a poucos passos de revê-lo após flagrar Derek transando com sua secretária no escritório dele na Wall Street. Ela havia ido até lá lhe fazer uma surpresa e a surpreendida acabou sendo ela. planejara nunca mais vê-lo em sua vida, mas Claire iria se casar, ela era sua melhor amiga e havia insistido para que fosse sua madrinha de casamento, algo que ela tentou, porém não pôde recusar.
não conhecia muito a Irlanda, admirara o pouco da paisagem que vira no caminho — já havia ido a Dublin algumas vezes, mas nunca havia viajado mais para o interior do país. Apesar de a cidade ser minúscula e de ela querer ir embora o mais rápido possível após o casamento, ela admitia que o lugar tivesse certo charme. A garota parou diante da porta da grande mansão, após ter comunicado a alguém no interfone do portão de entrada quem ela era. A cerimônia aconteceria no jardim da mansão ao pôr do sol. respirou fundo algumas vezes, tentando se acalmar para o que viria — Derek e as suas tentativas de desculpas esfarrapadas — enquanto aguardava a abertura da porta. E então ela se abriu e se viu diante do loiro alto e de olhos azuis que a encarava com fome no olhar de cima abaixo. Aquele olhar sempre a deixou de pernas bambas, mas agora tudo o que ele lhe causava era repulsa. Derek poderia tentar quantas vezes quisesse, mas nunca perdoaria uma traição.
E aquele seria um longo final de semana.

(...)


Tuam, condado de Galway, Irlanda – Sábado, 5:00PM

conhecia Claire O'Kelly desde a época da escola, ela sempre fora uma garota simples e legal, apesar da grande fortuna da família. Eles sempre foram grandes amigos, mas ele não poderia dizer mesmo de Derek, o irmão mais velho, ainda mais após o dia em que ele o flagrou com sua ex-namorada, Amber, transando no carro de Derek em uma parte isolada do estacionamento da escola onde estudavam.
havia sido expulso após ter reagido àquela cena e quebrado o nariz do queridinho do colégio e riquinho da cidade naquele dia. Derek não prestava. sempre o odiara.
Após o ocorrido, ele foi enviado pelos pais para Londres, para morar com os avós maternos e concluir os estudos. estudou administração em Cambridge, morou em Londres por algum tempo após se formar, mas quando o seu pai ficou doente teve que retornar a Tuam e assumir o negócio da família – o único pub no centro da pequena vila – The Duke’s Pub – e por incrível que pareça, ele adorava aquele lugar. No fundo, aquilo sempre havia sido o seu sonho, ele sempre admirou o pai e agora, após a sua morte, sentia muito a sua falta.
Mas guardaria a memória do pai e tudo o que ele lhe ensinara para sempre consigo.
O moreno estacionou o carro diante da mansão da família O'Kelly, estava muito atrasado para a cerimônia de casamento de Claire e agradecia mentalmente por não ser um dos padrinhos, pois com esse atraso a amiga provavelmente o mataria, já que ele chegara após a noiva.
caminhou apressadamente até o jardim na parte de trás da casa, logo dando de cara com o local todo enfeitado e com todos os convidados sentados em cadeiras diante do altar improvisado admirando o jovem casal que proclamava juras de amor diante de todos. Ele se sentiu feliz por Claire, ela parecia radiante e merecia se sentir assim, mas alguém ao seu lado chamou a atenção de e ele passou o restante da cerimônia e os poucos minutos em que ficou na festa após o casamento, admirando aquela bela mulher de longe.

(...)


Tuam, condado de Galway, Irlanda – Sábado, 10:35PM

andava sem destino pela festa de casamento, tentando ao máximo evitar encontros indesejados com Derek, já havia sido difícil o suficiente ter que ficar perto dele no altar durante a cerimônia.
Como ela previra o ex não a deixara em paz nos poucos momentos em que ficaram próximos, e aquilo a deixara ainda mais irritada.
A mulher se distanciou do local do evento, sentando-se em uma espreguiçadeira em um gazebo localizado no jardim, que milagrosamente se encontrava vazio. se recostou sobre o local e retirou os sapatos que já faziam os seus pés doerem enquanto bebericava goles contidos em sua taça de vinho tinto. E ali ela finalmente se sentiu em paz durante todo o dia, tanto que após terminar de sorver o líquido, deitou-se na espreguiçadeira e fechou os olhos, tentando obter um pouco de descanso após aquele dia tão agitado. Seu plano era passar apenas aquela noite na casa dos O’Kelly, por Claire ter insistido tanto novamente, e na manhã seguinte iria procurar um quarto de hotel onde pudesse se hospedar e aguardar o voo de retorno a Nova Iorque que havia conseguido apenas para o início da tarde de terça-feira. Aquele era um plano simples e ela esperava conseguir um local para ficar com certa facilidade, pois não aguentaria ficar próxima a Derek nem mais um minuto.
- Um beijo por seus pensamentos. – aquela voz tão próxima ao seu ouvido, da qual ela se lembrava e que agora a deixava enojada, invadiu o seu momento de silêncio e deu um pulo, levantando-se assustada da espreguiçadeira.
- Derek. – disse sem humor após notá-lo sentado ao seu lado, perigosamente próximo a ela.
- Boneca. – Derek brincou, encarando-a com aquele terrível olhar sedutor enquanto acariciava indevidamente o seu tornozelo esquerdo. sentiu o estômago remexer, mas não de uma forma boa. Aquilo parecia um enjoo. Ela rapidamente se afastou, colocando-se de pé.
- Quando você me deixará finalmente em paz, O’Kelly? – ela perguntou entredentes, pronta para deixar o local, mas Derek a segurou.
- Depende, quando você irá me perdoar finalmente? – ele disse ainda em tom brincalhão, ignorando a atitude arredia da ex-namorada.
- Talvez quando todos os oceanos secarem. Enquanto isso, me esquece e vai pro inferno, O’Kelly! – exclamou irritada, retirando o braço à força das mãos de Derek. O loiro bufou, começando a se zangar com aquela atitude insistente de . Ele sabia que havia errado, mas achava que todos mereciam uma segunda chance. O problema era que não era uma mulher que concedia segundas chances tão facilmente, principalmente quando o assunto em questão era traição.
- Não seja tão amarga, . Eu sinto saudades, volte pra mim. – ele implorou, agarrando-a pela cintura e colando seus corpos enquanto selava seus lábios aos dela, mas Derek se arrependeu logo em seguida ao ver o olhar de escárnio da mulher a sua frente, que lhe deu uma mordida nos lábios e uma joelhada nos seus preciosos membros inferiores — fazendo com que o homem alto e forte urrasse de dor como um menino de dez anos estirado no chão.
- Derek, quando você irá compreender. Comigo, traição não tem perdão. Agora, passar bem. – a garota se virou caminhando pelo jardim, decidida a ignorar desta vez o pedido de Claire, que obviamente estaria ocupada com a lua de mel, e ir naquele momento em busca de um local para passar a noite. Em hipótese alguma ela ficaria naquela casa com Derek. preferia depender da bondade de estranhos e sabia da boa fama acolhedora que os irlandeses possuíam. Mas ao atravessar os portões da mansão e colocar-se a caminhar pelas ruas desertas de Tuam àquela hora da noite no vestido de festa elegante, carregando apenas uma pequena bolsa em mãos e deixando a bagagem que mandaria alguém buscar no dia seguinte, sentiu um arrepio de temor percorrer o seu corpo e apressou-se ainda mais pelo caminho, quase correndo em direção a lugar algum. E para ajudar, o tempo parecia ter mudado repentinamente e nuvens escuras tomavam conta do céu antes estrelado, acompanhadas por alguns trovões. Iria chover em breve e ela tinha que encontrar um lugar para ficar ou então estaria perdida e completamente encharcada. Já começava a sentir aquela sensação de estar sendo seguida em meio àquela escuridão. Quando avistou mais a frente um lugar que parecia ser um pub, um daqueles típicos bares irlandeses que provavelmente estaria lotado de homens bêbados. Bem, aquilo era melhor do que nada, pelo menos ela teria um teto sobre a sua cabeça, pois naquele instante grossos pingos de chuva já começavam a cair do céu.

(...)


Tuam, condado de Galway, Irlanda – Domingo, 12:45AM

- Hey, eu precisooo de outra bebida. – a garota disse alto, erguendo a caneca de cerveja que segurava com dificuldade, a fala já estava um pouco arrastada, denunciando a sua embriaguez.
- Acho que já chega de álcool pra você por hoje. – o barman respondeu e ela olhou para ele indignada.
- Então eu quero falar com o dono desse lugar sobre como o atendimento aos clientes aqui é péssimo! – ela protestou, aparentemente irritada e um senhor idoso sentado ao seu lado riu sonoramente. - Você já está falando com ele, coração. – o barman respondeu, sorrindo ironicamente.
- Maravilha de cidade pequena! Então vou procurar um local onde eu seja melhor tratada e a minha bebida seja entregue assim que eu pedir. – a garota disse ainda mais irritada com o jeito do rapaz a sua frente. Quem ele pensava que era para lhe negar uma bebida que ela obviamente iria pagar?
- Sinta-se à vontade. – o rapaz respondeu com um sorriso presunçoso nos lábios.
- Idiota. – murmurou para si mesma e se levantou do banco onde estava sentada há mais de uma hora, mas antes que pudesse dar um passo em direção à saída do bar sentiu a sua visão ficar turva e tudo girar ao seu redor. Então se sentou novamente, sentindo algo subir pela sua bile. Talvez ela já houvesse bebido demais realmente.
- Hey, cuidado, linda. – o barman disse, amparando a cabeça da garota com o braço direito estendido sobre o balcão. Ela se afastou dele e apoiou a testa sobre o local, sentindo o frio do mármore sobre aquela parte da sua cabeça aliviando um pouco a tontura. E sem que percebesse, segundos depois o tal barman estava ao seu lado, do outro lado do balcão, tomando-a pela cintura enquanto a levantava para fora do pub. – Zack, tome conta do bar pra mim, a moça aqui precisa de um pouco de ar puro. – ele pediu e seguiu com ela até a calçada do lado de fora, onde se sentou ainda sentindo tudo girar e ele rapidamente sentou-se ao seu lado. A chuva já havia cessado e aquele cheiro de terra molhada invadia a respiração da garota, estranhamente aliviando o enjoo. – Vem cá, pode encostar a cabeça no meu ombro. – o olhou desconfiada. – Não me olhe assim, eu não vou me aproveitar de você, pelo menos não nesse seu estado, talvez quando você estiver sóbria e consentir. – ele disse brincalhão e ela o estapeou no braço.
- Babaca. – disse, mas encostou a cabeça no ombro do rapaz mesmo assim. – Está tudo girando. – ela comentou debilmente.
- Você bebeu demais, isso iria acontecer uma hora ou outra. – o moreno comentou e ela assentiu, movimentando a cabeça sobre o ombro dele. – Respire fundo e tome esta água, você vai se sentir melhor aos poucos. – ele sugeriu, estendendo uma garrafa de água mineral a ela e a garota o obedeceu, notando que aquilo realmente estava fazendo efeito. – Depois eu te preparo uma xícara de café forte. – o barman disse sorrindo.
- Obrigada. – ela murmurou, mesmo sem saber por quê.
- À propósito, eu me chamo , prazer. – ele se apresentou, sorriu.
- Eu não vou te dizer o meu nome. – ela disse e ele ergueu a sobrancelha, mostrando-se confuso.
- Isso é falta de educação, sabia? – comentou sorrindo.
- Sim, mas eu não estou no meu melhor estado no momento. Vou te dizer o meu nome mais tarde, após aquela xícara de café. - a garota sorriu também e sacudiu a cabeça, divertindo-se com o jeito dela.
- Ok. – ele assentiu, o silêncio se instalou sobre eles, sendo quebrado apenas pela respiração profunda de e ambos continuaram naquela posição por minutos incontáveis.

(...)


Tuam, condado de Galway, Irlanda – Domingo, 3:00AM

Eram três da manhã, o Pub já havia sido fechado, como era costume no país e acabara de servir uma xícara de café forte a , que permanecia sentada em um dos bancos diante do balcão do bar. Eles haviam retornado para dentro assim que Zack, um dos empregados mais antigos do local, anunciou que todos os clientes já haviam partido ou sido expulsos amigavelmente e entregou as chaves a . E desde então os dois estavam conversando coisas aleatórias sem parar. Ela havia se apresentado e lhe contado que vivia em Nova Iorque e era jornalista, apaixonada por fotografia; ele havia dito que já morara em Londres, mas agora a sua vida se resumia a aquele Pub. A garota já se sentia bem melhor, mas insistia para que ela comesse algo, já que ela havia confessado que não comera nada substancial desde o café da manhã. a olhou torto em reprovação após aquilo e agora esquentava um pedaço de torta de maçã no forno da cozinha do Pub.
- Então, qual é a sua música irlandesa favorita? – a garota perguntou aleatoriamente, sentindo-se curiosa.
- Eu sei que vou me arrepender disso e se você contar pra alguém eu nego até a morte. Espere aqui. – pediu e caminhou até o fundo do pub.
Ele mexeu em uma pequena jukebox que havia no fundo do bar, o olhou em expectativa e então, minutos depois, os acordes de “Galway girl”* começaram a invadir o local.
- Essa é a sua música favorita? Não acredito! Estou me sentindo em uma refilmagem de “P.S. I Love you”*. Quando o gato do Gerard Butler irá aparecer? – perguntou divertida.
- Você é uma garota irritante, sabia? – comentou sorrindo.
- Você ainda não viu nada. – ela respondeu e começou a cantar junto com a canção, a observou novamente, confuso com as atitudes daquela mulher. – Eu nunca disse que não gostava da música. – piscou e ele gargalhou, aquela garota era maluca e ele estava estranhamente interessado nela.
- Dance comigo. – pediu, surpreendendo a si mesmo com o pedido repentino e sem esperar resposta, tomou-a pela mão e levou ao centro do bar, envolvendo a cintura da moça com os braços de uma maneira firme que deixou sem ar. Desajeitada, ela levou os braços ao redor do pescoço dele.
Eles se mexiam devagar, em seu próprio ritmo, envoltos em um mundo particular que haviam acabado de criar enquanto se encaravam intensamente, ignorando completamente o ritmo da música, que acabou minutos depois e foi substituída por uma antiga canção do The Killers*.
- Smile like you mean it*. – cantarolou baixinho no ouvido de , a voz rouca e melodiosa a surpreendeu.
- Você tem uma bela voz. Deveria tentar seguir carreira como músico. – a garota disse, com a cabeça encostada no ombro esquerdo do rapaz.
- Obrigado, mas não gosto dos holofotes. – ele agradeceu sincero.
- Eu amo essa música. – ela comentou após um momento de silêncio e ele sorriu concordando e então eles dançaram mais e mais, até os pés se cansarem.
- Então, por que você estava bebendo tanto, garota da cidade grande? – perguntou um tempo depois enquanto eles comiam a torta de maçã que ele esquentara. Aquilo era algo que não saia da sua cabeça.
- Simplesmente porque os homens são uns cretinos. – ela disse sorrindo. – Mais um clichê da vida.
- Eu deveria me sentir ofendido, mas vou ignorar. – comentou e observou a garota bocejar. – Acho que a garota da cidade grande já esta com sono. – disse divertido.
- Eu nem sei para onde ir. – comentou sem pensar.
- Você pode dormir no meu apartamento. – ofereceu sem perceber, ela olhou para ele com receio. – Eu já disse que só vou abusar de você quando você permitir. – ela gargalhou.
- Talvez eu possa ficar lá apenas por umas horas, eu preciso mesmo dormir, mas prometo que assim que acordar, vou procurar por um quarto de hotel pra aguardar a minha ida de avião de volta a Nova Iorque. – ela disse e não sabia o porquê, mas ele não havia gostado do que ela havia dito no final.
- Pode ficar o tempo que precisar, e assim que você acordar, eu te levo até a pousada da minha tia Jude. – ele sorriu e agradeceu. – Venha, vamos preparar a minha cama pra você. – ele disse, sorrindo malicioso e o estapeou no braço pela quinta vez no dia. Mesmo não confessando em voz alta, ela havia adorado aquele jeito sedutor de .
seguiu até a porta dos fundos do bar e saiu por ela com em seu encalço, fechou o local e deu poucos passos, parando ao lado de outra porta, retirou um molho de chaves do bolso, escolheu uma e a abriu, chamando para que o seguisse. Ela o fez e minutos depois eles estavam sentados no sofá da sala do apartamento de , que ficava no segundo andar do mesmo prédio onde ele possuía o Pub. usava uma camiseta velha e desbotada do Led Zeppelin e uma samba canção que havia emprestado para que ela vestisse como pijama.
- Nada como morar perto do trabalho. – comentou divertida.
- Tem os seus privilégios. – piscou. – Eu vou lá dentro ajeitar a cama pra você, já volto. – ele disse saindo e ela permaneceu onde estava, observando o local. Para um apartamento de um cara solteiro, aquilo tudo estava muito bem arrumado. parecia ser um cara organizado.
se levantou e andou em direção a uma pequena estante que havia lhe chamado a atenção no lado direito da sala, e que estava repleta de livros, ela pegou um exemplar de “O guardião de memórias” de Kim Edwards e achou interessante gostar de um de seus livros favoritos.
- Tudo pronto, você já pode vir se deitar. – surgiu na sala, pegando-a de surpresa.
- Não pensei que você gostasse deste tipo de livros. – a garota comentou.
- Ganhei de presente da minha irmã, e acabei gostando, é um bom livro. – comentou e assentiu. – Venha. – ele a chamou e ela o seguiu até um quarto no fim do pequeno corredor. – Bem-vinda ao meu quarto, linda. – disse sedutor, mas logo sorriu divertido ao notar a cara de , ele automaticamente se preparou para receber mais um tapa, mas se surpreendeu ao notar que não havia recebido nenhum. olhava para a cama de casal, parecia confusa e envergonhada.
Alguns pensamentos finalmente passaram por sua cabeça. O que ela estava fazendo ali afinal de contas? Aquele era um cara completamente desconhecido e ela estava prestes a dormir na cama dele. Aquilo definitivamente era algo que ela nunca havia feito, nem mesmo morando em Nova Iorque, ela sempre fora certinha demais, e agora estava mudando em Tuam, uma pequena vila da Irlanda.
- Esse é o seu quarto. – ela murmurou, assentiu. – Eu vou dormir aqui. – ela continuou e ele assentiu novamente. – Na sua cama.
- É, qual o problema? – ele perguntou, divertindo-se com a expressão dela.
- Onde você vai dormir? Eu não notei outra cama ou quarto de hóspedes por aqui. – disse e finalmente compreendeu a atitude dela.
- Eu vou dormir na cama, com você. – ele disse simplesmente e ela olhou-o completamente espantada. – , pela terceira vez, eu não vou abusar de você, então pode se deitar sossegada. – sorriu. – Eu até poderia dormir no sofá da sala, mas as minhas costas iriam reclamar durante a manhã, ele não é um sofá muito grande e confortável e olhe para o meu tamanho. era um cara alto, um cara moreno, de olhos verdes, barba por fazer, e muito bonito para manter intacta a sanidade de qualquer mulher, finalmente admitia aquilo.
- Tudo bem. – ela disse de repente, pegando-o de surpresa. – Eu não posso exigir nada, você já esta me ajudando muito me deixando ficar aqui por hoje. – a garota disse.
- Não precisa agradecer... – dizia, quando foi interrompido.
- Mas se você tocar em mim durante a noite, pode se considerar um homem estéril pela manhã. – a garota ameaçou e apenas gargalhou alto, puxando-a pela mão em direção à cama.
- Venha, vamos dormir, garota irritante. Mas tome cuidado, porque se você me agarrar durante a noite, eu não vou ser o culpado... Na verdade, talvez eu seja um pouco, por ser tão gostoso. – e o tapa que ele havia esperado antes, finalmente veio, e minutos depois ambos pegaram no sono.

(...)


Tuam, condado de Galway, Irlanda – Domingo, 11:00AM

se remexeu na cama e sentiu um peso sobre a cintura, demorou alguns segundos para se recordar onde estava e então, ao olhar para o lado, viu aquele lindo moreno da noite passada — , o dono do Pub irlandês. Ele dormia com o braço entorno da cintura dela e se fosse levar a sério a ameaça que havia dado a ele antes de dormir, provavelmente estaria ferrado naquele instante, mas ela parecia não querer se livrar daquele abraço, muito pelo contrário. não entendia por quê, mas aquela era a posição mais confortável em que dormia em anos e o braço de sobre si parecia a coisa mais certa em muito tempo, era como o seu corpo se encaixasse ao dele. A garota riu se achando completamente ridícula e clichê. Que Diabos ela estava pensando?
- Bom dia, garota da cidade grande. – disse, ainda de olhos fechados, pegando-a de surpresa. – Eu sei que sou lindo, pode me admirar mais um pouco.
- Como você? – murmurou confusa. – Convencido! – disse em seguida, estapeando-o novamente no braço ao notar o sorriso presunçoso que se apoderou dos lábios do rapaz.
- Isso já se tornou um mau costume, sabia? – comentou, esfregando o local onde havia levado o tapa. – Precisamos mudar isso. – ele a surpreendeu colocando-se por cima da garota, com uma cara sapeca de quem iria aprontar.
- O... O que você está fazendo? – gaguejou, não compreendendo a atitude de e sentiu seu coração disparar ao notar a posição em que estavam e a proximidade dos seus corpos. Ele a encarou nos olhos por um momento e ficou completamente tentado a beijá-la, mas sabia que não seria o certo, não naquele momento pelo menos.
- Vou te ensinar bons modos. – disse simplesmente e , que antes o encarava estática, remexeu-se embaixo dele tentando se soltar sem sucesso, quando foi atingida por um ataque de cócegas.
A garota definitivamente não ria tanto há meses e agora, mesmo sem fôlego, sentia-se bem, feliz e estranhamente completa. Agora estava ali, enrolada em um roupão confortável de banho, encarando a imagem de uma garota repentinamente contente no espelho do banheiro após o banho que havia tomado, enquanto aguardava — que havia se oferecido para ir até a mansão dos O’Kelly, após ela explicar-lhe que havia deixado sua bagagem no local. As horas que havia passado na companhia daquele rapaz irlandês haviam mudado algo nela.
Uma batida na porta do sanitário a despertou de seu devaneio e ela a abriu com cuidado, encarando o par de olhos verdes que perturbavam os seus pensamentos.
- Pronto, trouxe as suas coisas, garota da cidade grande. – disse e sorriu maliciosamente, enquanto encarava a mulher a sua frente envolta em apenas um roupão. Ele desceu o olhar pelo corpo dela, parando em suas pernas descobertas e sentiu o corpo se aquecer e formigar de uma forma que ela não sentia há algum tempo.
- Hey, cara do pub, acho melhor você encarar o meu rosto e parar de babar nas minhas pernas. – ela disse brincalhona, tentando disfarçar a vergonha súbita que sentiu ao notá-lo analisando-a tão minuciosamente.
- Depois o convencido sou eu. – lhe deu um sorriso torto, desviando o olhar e se amaldiçoando internamente por ter sido pego no flagra agindo como um adolescente que encarava vidrado uma das coelhinhas da Playboy. – Apresse-se, vamos almoçar na casa dos meus pais. – ele comentou casualmente, virando-se de costas e caminhando em direção à porta do quarto.
- Vamos?! – exclamou nervosa. – Como assim vamos? Eu não posso ir a um almoço de família, , nós mal nos conhecemos. Eu me sentiria uma intrusa, o que os seus pais irão pensar? Está decidido, eu não vou. Posso procurar um local para comer, na verdade, eu preciso encontrar aquele quarto de hotel para passar mais uma noite. – a garota desatou a tagarelar sem parar e a encarou com a sobrancelha direita arqueada, esperando que ela se acalmasse.
- Pronto? – ele perguntou assim que ela terminou o seu discurso, assentiu nervosa. – Eu estou te convidando, então você não será nenhuma intrusa. E sobre o hotel, eu tenho a solução para os seus problemas. Apenas apronte-se, minha mãe detesta atrasos nas refeições. – ele concluiu, deixando o local com uma garota completamente confusa encostada à porta do banheiro. De onde aquele cara havia surgido?

(...)


estava sentada no jardim de uma linda e simples casa em um bairro tranquilo de Tuam, ao fundo do imóvel havia uma parte extensa de gramado, com algumas árvores ao acaso e uma enorme colina. A vegetação possuía tons amarelados e as folhas das árvores se desprendiam graças ao início do outono, a combinação de cores da estação a deixava encantada. A garota estava com a sua câmera fotográfica em mãos registrando imagens daquela bela paisagem no fim de tarde, enquanto permanecia em uma animada conversa com a mãe de , que havia se mostrado ser uma senhora adorável e acolhedora. Estava na casa dos há apenas algumas horas e já sentia como se os conhecesse há muito tempo. Sheila, a mãe de , já havia até defendido-a das gracinhas constates do filho e a estava tratando como um de seus filhos. Era como se estivesse em casa, rodeada pela própria família, como se pertencesse àquele lugar.
corria pelo gramado com Chloe, filha de sua irmã mais velha, tentando empinar uma pipa. A pequena garotinha de sete anos havia deixado encantada assim que chegou à residência e a recebeu com um forte abraço, surpreendendo-a ao cumprimentá-la. Chloe claramente admirava o tio e estava feliz em tê-lo brincando com ela naquele momento.
Os eram, com toda a certeza, uma família admirável e estava desfrutando de uma ótima tarde de domingo ao lado deles. E, estranhamente, já nem se lembrava de Nova Iorque e de toda a sua vida agitada na grande maçã.
Após algumas tentativas, Chloe conseguiu fazer com que a sua pipa planasse e vibrou ao lado do tio, aproveitando por mais alguns minutos, mas tempos depois correu em direção a elas, dizendo que estava morrendo de sede, fazendo Sheila e gargalharem do jeito da menina. veio caminhando mais atrás com a pipa em mãos e quando o encarou, seus olhares se encontraram e se fixaram um ao outro como se fossem imãs. Sheila, notando o clima, pediu licença, alegando que iria descansar um pouco em seu quarto e sentiu o coração acelerar mais uma vez naquele dia à medida que se aproximava dela.
- Pelo visto você conquistou mesmo a minha mãe. – ele disse sorrindo, parado diante dela.
- Ela é ótima, assim como todos. Adorei passar essa tarde com a sua família, obrigada por isso. – a mulher agradeceu e deu de ombros, indicando que aquilo não fora nada.
- Quer dar uma volta? – ele perguntou lhe estendendo a mão para que ela se levantasse e assentiu, receando em pegar na mão do moreno, mas deixando de lado a estranha timidez logo em seguida, sorrindo. a puxou em direção a ele para que ela se levantasse e seus corpos acabaram colidindo um com o outro, fazendo com que sentisse uma breve fraqueza nas pernas diante daquela proximidade. envolveu sua cintura ao notar o desequilíbrio da garota e ela agarrou em seus braços, sentindo como eles eram fortes e definidos. Seus olhos se encararam novamente e o coração de ambos parecia disparar cada vez mais. expirou, sentindo o perfume de tomar conta dos seus pulmões, o cheiro floral se instalando em seu cérebro e por um minuto cogitou finalmente beijar aqueles lábios rosados que o perturbavam desde que ele a havia visto pela primeira vez no casamento de Claire. Mas ao invés disso ele acabou se afastando, achando estranha toda aquela reação do seu corpo diante daquela mulher recém conhecida.
- Vamos. – ele chamou, virando-se ainda de mãos dadas a e a puxou em direção a grande colina.
- Para onde estamos indo? – ela perguntou curiosa.
- Está quase na hora, você já vai ver. – ele disse sorrindo e apressando o passo, com ela o seguindo.
Algum tempo depois os dois estavam sentados lado a lado, próximos ao topo da colina observando o sol se pôr entre nuvens. A paisagem daquele local era ainda mais bela.
- É lindo. – comentou admirada.
- É mesmo. – concordou, olhando-a de lado.
- Obrigada por me trazer aqui. – ela agradeceu novamente e ele assentiu sorrindo.
- Pena que as nuvens apareceram, mas isso é normal por aqui nesta época do ano. Em um minuto está sol e no outro começa a chover. – explicou.
- Mesmo assim, esta paisagem é incrível. E eu adoro o outono, traz uma sensação de que algo bom está prestes a acontecer, faz com que eu me sinta em uma espécie de renovação particular. – se virou em direção a sorrindo e aquele sorriso fez com que ele se sentisse estranho.
- Posso confessar algo? – ele perguntou e a garota assentiu curiosa.
- Eu já havia te visto antes do Pub, no casamento da Claire. – o rapaz disse, finalmente expondo o que queria falar desde que haviam se encontrado no pub e havia contado a ele sobre a amizade de longa data com Claire O’Kelly.
- Sério? Vocês se conhecem? – questionou curiosa.
- Somos amigos de infância. Um pouco distantes agora, mas ainda bons amigos. – explicou.
- Como eu não te vi por lá? – comentou vagamente.
- Eu cheguei atrasado à cerimônia e fiquei pouco tempo na festa. – disse, dando de ombros.
- É uma pena, talvez o casamento houvesse sido mais agradável para mim se tivéssemos nos encontrado por lá. Mas tudo acabou sendo muito insuportável na presença do Derek. – comentou distraída.
- Derek ‘O Kelly? Vocês de conhecem? – repetiu a pergunta que ela havia feito anteriormente. – Desculpe, pergunta estúpida, claro que se conhecem, você é amiga de Claire.
- Derek foi meu namorado. – confessou sem perceber e a encarou, ela notou algo estranho passar pelo seu olhar.
- Ah. – o moreno disse apenas, desviando o olhar e encarando o sol que desaparecia no horizonte. Estava se aproximando de mais uma garota que tem ou teve relações com o O’Kelly. Aquilo não o agradou.
- Nós terminamos há alguns meses, eu o flagrei com outra mulher. – declarou, sentindo-se estranha por estar se expondo tanto em tão pouco tempo para aquele homem diante de si.
- Eu sinto muito. – disse a olhando novamente, surpreso pela declaração repentina. – O’Kelly sempre foi um perfeito imbecil.
- Eu sei disso agora. – a garota sorriu triste.
- Acredite em mim, você estará melhor sem ele. – se virou em sua direção, no mesmo instante em que ela o encarou, os olhares se fixaram mais uma vez, como se depois que houvessem se encontrado não conseguissem mais desviar um do outro.
Ficaram naquele silêncio agradável se olhando atentamente por minutos incontáveis, até que não conseguiu mais se conter e se aproximou de acariciando o seu rosto e a garota fechou os olhos diante daquela carícia.
- Deus, como você é tão linda? – sussurrou, com o rosto cada vez mais próximo ao dela. – Eu estou louco para te beijar desde o momento em que ti vi de perto no meu bar. – ele confessou e sentiu os pelos do seu corpo se arrepiarem assim que a respiração quente dele entrou em contato com a sua pele.
- ... – ela murmurou se sentindo entorpecida por aquele momento tão íntimo, e diante daquele sussurro, entrelaçou os braços ao redor da sua cintura, aconchegando o seu corpo ao dela, os rostos a milímetros de distância de se encontrarem, os lábios quase se colidindo.
- Me deixa te beijar, . – sussurrou e , não conseguindo mais controlar a sua sanidade, assentiu rapidamente, sentindo logo em seguida os lábios de colidirem com os seus e iniciando um beijo calmo e frenético ao mesmo tempo, completamente sincronizado. se deitou sobre ela naquele gramado um pouco amarelado da colina e eles se beijaram sem parar até sentirem gotas de chuva caindo sobre si.
- É melhor irmos, senão pegaremos um resfriado. – ele disse, afastando-se e reclamou, sentindo falta do corpo dele colado ao seu.
- Você me disse mais cedo que essas chuvas são passageiras por aqui. – ela comentou, agarrando-o pela camisa, riu da atitude manhosa da garota.
- Acho que essa está mais para tempestade, coração. – ele explicou quando ambos ouviram um forte trovão, o vento estava cada vez mais forte. - Venha comigo, você não vai querer ficar doente. – se levantou, puxando-a para si e eles se beijaram novamente antes de descer apressadamente em direção à casa dos pais de .
Eles passaram aquela noite no antigo quarto de , na casa dos pais, pois a tempestade os impediu de ir embora. As coisas aconteceram como tinham que ser. Eles se entregaram um ao outro de corpo e alma, nada parecia mais certo. No dia seguinte, Sheila disse a que ela poderia ficar hospedada em sua casa até retornar a Nova Iorque e a garota relutou em aceitar, não querendo ser um incômodo maior àquela família, mas acabou cedendo ao convite da mãe de , que havia dito adorar aquela idéia, pois assim o filho apareceria com mais frequência em sua casa. revirou os olhos diante da frase da mãe e horas mais tarde trazia a bagagem de para a casa dos pais.

(...)


Tuam, condado de Galway, Irlanda – Segunda-Feira, 06:20PM

Naquela segunda-feira havia visto apenas no fim do dia, quando ele surgiu após passar o dia trabalhando no Pub, ele disse que havia deixado Zack tomando conta de tudo e que queria aproveitar aquela noite com ela.
Eles fizeram um agradável passeio pela pequena vila, mostrou seus locais favoritos a , jantaram em um restaurante típico irlandês, passaram pelo apartamento dele e no final da noite acabaram juntos novamente no antigo quarto de , o qual agora utilizava, com os corpos envoltos apenas em lençóis. estava deitada com a cabeça apoiada no peito nu de , acompanhando a respiração descompassada do moreno, que era idêntica a dela, sentindo-se completamente admirada com aquela relação que havia desenvolvido com em tão pouco tempo.
Ela fazia o possível para se esquecer de que no dia seguinte teria que partir. não queria ir embora, mas sabia que não tinha outra escolha, ela tinha uma vida em Nova Iorque, tinha um emprego para o qual precisava voltar. Mas naquele momento, apesar de nunca ter acreditado em amores à primeira vista ou em paixões tão avassaladoras, ela admitia que talvez ao ir embora, acabaria deixando o seu coração em Tuam, pois já o possuía.

(...)


Tuam, condado de Galway, Irlanda – Terça-Feira, 7:00AM

[N/A: Ouça esta canção até o fim da história.]

- Você podia ficar aqui comigo por mais algum tempo. – o moreno comentou, abraçando a garota pela cintura e a trazendo mais para perto. Era manhã de terça e eles ainda estavam deitados na cama em seu antigo quarto.
- Tudo bem, eu posso ficar aqui na cama até a hora do almoço. – ela sorriu sapeca, apoiando a cabeça sobre o peitoral definido dele.
- Não foi isso o que eu quis dizer. – se enrolou. – Eu quis dizer que você podia ficar mais, aqui em Tuam. – ele finalmente colocou o seu maior desejo em palavras, palavras que ele havia ensaiado dizer a ela durante todo aquele fim de semana que passaram juntos, mas que ele não dissera por medo. Apenas três dias e parecia que ele já a conhecia por toda uma vida toda, parecia que eles haviam sido feitos um para o outro. Ele não havia ficado com mais ninguém enquanto esteve com ela e eles já tinham até uma música.
- Você quer que eu estenda as minhas férias? – perguntou confusa, no fundo ela não queria ir, mas tinha que voltar ao trabalho. – Tem certeza?
- Eu quero que você fique comigo pra sempre. – confessou e sentiu o seu coração disparar, também percebeu, pois ainda estava com a cabeça apoiada ao peito dele. O que fez com que o dela disparasse mais rápido em resposta. Ela não queria ter aquela conversa, não naquele momento, mas o tempo estava passando e dentro de algumas horas ela iria partir.
- ... – ela se afastou do peito dele, encarando-o nos olhos e tentou dizer o que sentia, mas as palavras não vinham.
- Tudo bem, eu entendi. – ele a soltou do abraço e se afastou, levantando-se da cama e vestindo as calças.
- Pra onde você vai? – perguntou apreensiva.
- Pra casa. Tenha uma boa viagem de volta à civilização. – pegou sua camisa no chão e saiu batendo a porta do quarto com força.
sentiu seu coração se apertar e sem que percebesse, lágrimas rolaram pelo seu rosto. Aquele era o fim. Ela nunca mais o veria e aquilo doía mais do que ela havia imaginado.

(...)


Tuam, condado de Galway, Irlanda – Terça-Feira, 9:00AM

terminava de preparar as malas com movimentos automáticos enquanto os seus pensamentos a lembravam de a cada minuto. Ele não havia retornado, não havia sequer ligado para se despedir. Ela partiria de ônibus em poucos minutos até Dublin, onde pegaria o voo para Nova Iorque e parecia não se importar com o fato de que nunca mais a veria.
Alguém bateu na porta do quarto e ela se virou esperando que esse alguém fosse , mas não era.
- , querida. Já está tudo pronto, John a levará até Dublin. – Sheila informou, sorrindo de maneira triste. E caminhou em direção à garota, abraçando-a. – Vou sentir sua falta, garota. Espero que venha nos visitar novamente algum dia. – a mais velha disse e sorriu assentindo enquanto lágrimas indevidas se apoderavam do seu rosto.
- Eu adorei conhecer todos vocês, me senti acolhida como se estivesse junto da minha própria família, nunca vou esquecê-los. Obrigada por tudo, Sheila. – abraçou a mulher, deixando uma lágrima correr por seu rosto.
- Meu é um completo imbecil por deixá-la ir dessa forma. – Sheila disse, ainda abraçada a , que sorriu sem graça a encarando.
- É melhor assim. – a garota disse sem ter certeza e logo as duas mulheres trataram de encaminhar a bagagem em direção ao carro de John, o primo de , que levaria até o local onde pegaria o ônibus para Dublin.

Aeroporto de Dublin, Irlanda – Terça-Feira, 1:30PM

“Última chamada para o vôo 5955 com direção a Londres, embarque no portão 8”


A garota respirou profundamente, tentando acalmar o seu coração. Apanhou a bagagem de mão e seguiu em direção ao portão de embarque indicado pelos autofalantes do aeroporto, olhando uma última vez para trás. Ele não viria mais, tudo estava acabado. E eles, na realidade, nem ao menos haviam começado algo concreto. Tudo não passara de uma aventura. sentiu seus olhos se enxerem de lágrimas, queria ao menos ter se despedido de de uma maneira mais amigável, não queria ir embora brigada com o primeiro homem que havia mexido de verdade com o seu coração em tão pouco tempo de convivência. Queria poder vê-lo, abraçá-lo, beijá-lo uma última vez. Mas como dito anteriormente, não era uma garota de sorte.
- Boa tarde, senhora, por favor, a sua passagem. – a comissária de bordo pediu e apanhou o bilhete dentro da bolsa. – Tenha uma boa viagem. – a mulher desejou, liberando a entrada de , que caminhou sem pressa pelo corredor de embarque em direção à aeronave, logo ela estaria em casa, mas por que parecia que na realidade era o contrário? Por que parecia que ela estava partindo do seu verdadeiro lar?
adentrou o avião com o bilhete em mãos procurando por seu assento ao lado da janela, assim que o avistou, sentou-se e ajeitou-se no lugar. Apanhou o iPod na bolsa e o ligou após conectar os fones e colocá-los no ouvido, deixando uma melodia de uma canção qualquer preencher os seus pensamentos enquanto ela tentava se esquecer de tudo, porque se forçar a esquecer era sempre mais fácil do que sofrer.
A garota recostou-se sobre a poltrona, envolveu-se mais no casaco e fechou os olhos, virando-se de lado para a janela, pronta para adormecer até chegar ao seu destino, quando alguém tocou em seu ombro e a fez abrir os olhos imediatamente.
- Com licença, acho que você está no meu lugar. – o rapaz moreno que possuía lindos olhos verdes a encarou sorrindo.
- Como? – o encarou confusa.
- Para onde você está indo, garota da cidade grande? – perguntou em um tom brincalhão, encarando-a de maneira intensa.
- O que você? Eu vou voltar pra Nova Iorque, você sabe... – dizia confusa.
- Para onde você está realmente indo, ? – perguntou novamente e parecia não entender. O moreno então se sentou ao seu lado e levou a mão direita de em direção aos seus lábios e após beijá-la delicadamente, concluiu. – Eu preciso saber para onde você está indo, . Porque para onde você for, eu também irei. Pode parecer repentino, pode parecer loucura, mas eu conheci uma garota nesse outono, nós tivemos um lance intenso e incrível e desde então eu não consigo tirá-la da minha cabeça. E hoje, quando estava prestes a perdê-la por ser um idiota orgulhoso, eu notei que nunca mais poderia viver sem ela, porque a nossa história pode ainda ser curta, mas no minuto em que eu a vi no altar, eu soube que ela seria a mulher da minha vida. – ele dizia sem afastar o olhar de , que sentia seus olhos marejarem e o coração acelerar mais a cada palavra pronunciada por . – Por isso, , eu volto a dizer, para onde você está indo? – o moreno sorriu carinhosamente e naquele momento teve certeza de que aquela viagem indesejada no início do outono havia valido a pena, ela teve a certeza de que aquilo, eles juntos, seria para sempre. Amores de verão podem não durar algumas vezes, mas amores de outono são uma forma de purificação, renovação, encontro, amores de outono são para toda vida.
- Eu vou estar sempre no seu coração e você vai sempre estar no meu, não importa para onde iremos. Sempre seremos você e eu. – respondeu e sorriu, os olhos dele brilhavam e sem esperar mais, ele selou os lábios aos dela. Amores verdadeiros duram para sempre, não importa a estação.


Não precisa dizer nada. Seu silêncio é meu refúgio e você é minha madrugada fria de outono.
Seu sorriso me aquece e nada mais faz sentido sem esses segundos que parecem horas quando estou presa nos seus olhos.
Você já não pode ser o que eu quero. Porque você é mais que isso. Você é tudo o que eu queria merecer.” - Verônica H.



FIM


*Galway Girl – canção escrita por Steve Earle que pode ser ouvida no filme “P.S. I Love You” interpretada pelo ator Gerard Butler.

*P.S. I Love You – filme norte-americano gravado em 2007, protagonizado pelos atores Gerard Butler e Hilary Swank.

*The Killers – banda norte americana de rock alternativo.

*”Smile like you meant it” – trecho da canção de mesmo nome do album de estreia “Hot Fuss” da banda The Killers.

Soundtrack

Galway Girl - Sharon Shannon & Steve Earle

Smile Like You Meant it – The Killers

Autumn Leaves – Ed Sheeran



N/A: Olá! Essa é a primeira vez que participo de um especial do Fanfic Obsession e bom tentei fazer o meu melhor em pouco tempo, porque como boa brasileira deixei para escrever essa short na ultima hora. :x Por isso um imenso obrigada a minha beta de sempre, Nelly por ter aceitado betar essa fic. :) E obrigada as minhas amigas que leram a estória antes e opinaram a respeito. E isso. Beijos e até a próxima!
Ju.




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Outras fics

• You Gotta Chase the Storm – McFly – em andamento. (Y) •

• O Guru do Amor - Simple Plan – Finalizada. (O) •

• You were Meant to Be Mine - Restritas - Finalizada (Y) •




Nota de Beta: Se virem algum erro de português/script/HTML, não usem a caixinha de comentários, me avisem por aqui: nellotcher@gmail.com


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