Herdeiros da Máfia
Autora: Débora Silva
Beta-Reader: Amy Moore




A esquina com um telefone público é o ponto referencial do encontro. Um sobrado velho com paredes sujas e janelas de vidro quebradas. O carro para exatamente em frente à garagem, e aí que um dos capangas do Sr. Chapman dá o sinal para entrarmos. Todo cuidado é pouco, qualquer barulho podem trazer muitas perdas para os negócios. Mesmo que nessa parte da cidade de Londres não tenha muita vizinhança, o Sr. Wilkinson sempre diz que os caras de preto estão em qualquer lugar. Assim que entramos na garagem do prédio, descemos em silêncio e somos acompanhados pela Srta. Cooper até a sala da troca. O dia da troca é de extrema importância para os negócios do Sr. Wilkinson, ele diz poderia perder muitos remédios durante a semana, mas o dia da troca sempre o recompensaria. Acontece que no dia da troca, é onde dois empresários - de muitíssimo respeito de todos os chefes da região - se reúnem para trocar suas mercadorias, os remédios, é claro. E um desses empresários é o Sr. Wilkinson.
- Querida, está com documentos aí? – ele pergunta já acendendo seu charuto. Que ótimo, não consigo ficar nem cinco minutos sem aspirar essa droga de fumaça.
- Sempre trago.
- Boa menina. – ele sorri mostrando seus dentes de ouro. A Srta. Cooper abre a porta e de repente já posso sentir o cheiro de álcool misturado com todos aqueles charutos, um em cada boca nojenta daqueles homens enormes. A iluminação vermelha dando mais suspense faz com que eu revire os olhos, particularmente não gosto muito dessa tradição. Então é colocada música clássica, a mesma de todos os dias da troca, indicando que logo começaremos a negociação. O Sr. Chapman, o outro empresário, sorrir para mim, eu retribuo apenas com um aceno.
- Vejo que compramos o mesmo terno. – O Sr. Chapman diz com a arrogância de sempre. – Em qual brechó você comprou? – ele diz. Fixo meus olhos no velho com chapéu marrom e imediatamente ponho minhas mãos em seu ombro, tentando fazer com que ele fique calmo.
- Acontece que não estamos aqui para fazer desfile, vamos logo fazer essa troca e acabar com isso. – digo firme.
- Oh, sim, minha querida. Você tem toda razão. – Não gosto quando ele troca palavras comigo, principalmente por que sei que a falsidade está estampada em seus olhos. O Sr. Chapman sempre tem a mania que querer ser íntimo das pessoas, acontece que nesse mundo que eu vivo confiar em alguém não é uma opção.
- Tudo bem, , mas fique por perto. – O Sr. Wilkinson lança um olhar tranquilizador, mas na verdade sei o que ele quer dizer. “Fique de olho neles”.
Os dois empresários sentam-se à mesa e começam a apresentar seus pedidos e propostas. Eu fico perto da porta, junto com Robie, um dos poucos com quem eu me simpatizo nesse lugar.
- Ele não veio hoje. Pediu-me que eu dissesse um sinto muito. – sussurra Robie. Esboço um sorriso, mesmo achando estranho, ele raramente falta e quando falta arranja um jeito de se comunicar comigo.
- Tudo bem.
- O que acha que teremos hoje? Na semana passada foi bem agitado, não acha? – ele diz lembrando-me de James, pobre James. Assim que o Sr. Wilkinson descobriu que ele era um dos caras de preto o matamos imediatamente depois da troca. Não é novidade para ninguém aqui que os negócios estão cada vez mais perigosos.
- Esse pessoal só pode ter perdido as estribeiras, até parecem que não sabem que são vigiados e que a qualquer momento podem perder os culhões. – digo revirando os olhos, e Robie nem precisa confirmar o que eu estou dizendo, ele sabe mais do que eu como são as coisas por aqui.
- O Sr. Chapman recebeu muitos telefonemas essa semana, e pelo que eu estou ouvindo, os caras de preto estão na cola do Sr. Wilkinson. – continuamos nossa conversa aos sussurros. Os caras de preto, na cola do velho? Isso não é nenhuma novidade pra mim.
- Ele recebeu muitos telefonemas foi? Qual é, estamos no século XXI, lá no escritório recebemos e-mails.
- Você sabe, o Sr. Chapman quer manter o costume. – ele diz e esbocei um sorriso. Ele é igual ao pai.
- Isso poderá prejudicar os negócios do seu chefe, linhas telefônicas não são seguras. – pigarreio. - Acho que o meu velho, sairá mais contente daqui hoje. – encerro a conversa com Robie, pois os outros capangas já estão de olho na gente. O Sr. Chapman entrega os pedidos ao Sr. Wilkinson que já está com o dinheiro em mãos. Demora alguns minutos para que o contador dele veja se está tudo certo. Que lerdo.
Agora é a minha vez. Vou para o lugar de sempre e espero o Sr. Wilkinson pegar as mercadorias exatas de acordo com os pedidos. Então o Sr. Chapman me entrega as notas. Começo a contar rapidamente, e isso posso fazer até de olhos fechados, conheço até o peso de cada libra, até o que está escrito na nota. O Sr. Wilkinson não precisa de máquina para contar todo o dinheiro, por que na verdade eu sou a máquina. E é óbvio que eu sei quando há alguma coisa errada. A última nota me parece suspeita. Fixo meus olhos no Sr. Chapman levantando as sobrancelhas, é claro que ele sabe o que eu estou querendo dizer.
- Algum problema Srta. Wilkinson? – ele pergunta acenando com a cabeça para os capangas dele e imediatamente eles se achegam perto do seu patrão.
- Espero que não. – olho atentamente para última nota e fico convicta que ela é verdadeira. - O sol está nascendo. – digo então às palavras que indicam que a troca está encerrada e que mais uma semana inicia-se e que a parti de agora não somos negociantes e sim inimigos. O dia da troca só é feito de modo pacifico por que os dois empresários levam vantagem, mas o fato é que somos um bando de lobos em um único covil e cada matilha quer levar mais lucro. O Sr. Wilkinson é responsável pelos remédios que entram no país, e o Sr. Chapman com os remédios que saem do país, está claro que os remédios que entram no país são mais caros devido à segurança do governo, concluindo que o Sr. Wilkinson recebe mais e por isso o motivo da intriga entre os dois.
Levantamo-nos rapidamente em silencio absoluto. O Sr. Wilkinson sai primeiro, depois os capangas e eu.
- Espera! – ouço quando estou quase fechando a porta.
- Algum problema? – volto para a sala dizendo as mesmas palavras que ele disse.
- Meu consultor acaba de ver que os remédios são de péssima qualidade – ele diz com toda aquela fumaça de cigarro em si. Como ele tem coragem de falar isso? Somos uma empresa muito mais apta para qualquer negócio inútil que ele faz. – Acha mesmo que não tenho algum problema? – continuou.
- Olha como fala Sr. Chapman, você sabe muito bem que ando muito mais armada do que qualquer pessoa nessa sala, e cá entre nós, o senhor já está cheio de perdas em suas negociações, não vai querer mais uma não é? – puxo minha arma do bolso e aponto sem medo para ele.
- Não estou estendendo? – O Sr. Wilkinson diz atrás de mim. – O Sol já não nasceu?
- Ele pode espera mais um pouco senhor. – um capanga inimigo diz.
- Querida, agora você já sabe por que deve trazer os documentos. – O Sr. Wilkinson diz e com a outra mão eu jogo os documentos em cima da mesa.
- Isso serve? – pergunto mostrando os documentos e o consultor dá um passo à frente. – Vamos logo com isso, seu verme – direciono minhas palavras ao consultor. – Não tenho muito tempo. – entrego os documentos a ele.
- Calma, são apenas negócios. – meu velho diz ao meu ouvido, mas eu sei que não são apenas negócios. O que eu sei é que a cada domingo venho neste moquifo armada até a alma para tentar me defender destes abutres, por que se algo acontecer que é o que eu estou temendo agora. Não posso mostrar desespero, tenho que ser firme. Tenho que ser o porto seguro do Sr. Wilkinson, ele tem que confiar em mim e pra ele confiar em mim tenho que mostrar que está tudo bem. Mas até quando? Até eu ver aquele que me criou a vida inteira cair mortinho no chão? Não quero viver insegura. Não quero vir até aqui sem a certeza de não voltar mais pra casa. O dia da troca é uma bela bosta pra mim.
O consultor acena com a cabeça indicando que está tudo certo, os documentos são devolvidos a mim, mas mesmo assim mantenho a arma na mesma posição. Olho para o Sr. Wilkinson e ele entende que se não sair dali agora vamos está correndo algum risco. Então Robie me olha e logo pisca pra mim, um alivio passa pelo meu corpo. Está tudo bem agora. O Sr. Chapman nem pode sonhar que converso aos sussurros com Robie, isso não seria bom para os negócios, não mesmo.
- Até a próxima troca Srta. Wilkinson. – O Sr. Chapman diz com sua falsidade atrás destas palavras. Seu olhar misterioso faz meu corpo suar frio, apesar do sei e do que posso fazer, no fundo tenho medo do que ele é capaz.
- Claro, se você checar o currículo deste consultor, talvez.
- Sei muito bem minha querida... – ele vem até mim apoiado em sua muleta – De que um currículo, não será um problema para nos vermos novamente, afinal, existem coisas muito mais importantes do que isso não é verdade? – não posso mostrar surpresa e nem posso estourar os miolos deste velho. Eu só quero sair dali e infelizmente esperar até o próximo dia da troca, para dá uns bons tapas nele e perguntar por que o pai dele sabe sobre nós.

***

É sexta feira, e para as pessoas normais é dia de comemorar a chegada do fim de semana, mas claro, eu não sou uma pessoa normal. Quem dera que fosse. Sexta-feira, é o dia que eu mais trabalho, é o dia que todos trabalham. O dia em que temos que checar pela milionésima vez os pedidos e os números de cada venda, para sabermos os lucros e as perdas. O bom é que falta apenas, meia hora para o meu horário acabar, e o ruim é que já são dez e meia da noite. Essa semana não foi boa pra ninguém, para começar, no domingo passado, o Sr. Wilkinson me deu um sermão de cinco horas, sobre como devo me comportar nesses eventos importantes, que sempre tenho que manter a calma mesmo que tudo pareça desandar, e depois passou mais de duas horas falando que eu não puxei pra ele e o que o Peterson sabe o que faz. A verdade é que não puxei para ninguém daquela casa, a única pessoa com quem me dou bem é o Peterson. Não que eu não goste do meu pai ou da minha mãe, eu sou grata pelo o que eles fizeram por mim, e ate gosto dessa parada de contabilidade, no entanto queria poder a coragem de Peterson para falar o que eu realmente quero. Apesar de ter acontecido tudo aquilo na minha infância, sei que posso fazer minha própria vida.
Meus pais biológicos morreram em um acidente de carro e só isso que eu sei. Fui adotada pela família Wilkinson quando ainda era apenas um bebê. Depois disso com sete anos de idade, eu já sabia fazer contas de gente grande, meu pai disse que eu seria mais um orgulho para família e para os negócios, e é claro que ele investiu bastante em mim, fiz várias faculdades de administração, ciências contábeis e passei cinco anos aprendendo a ser uma mercenária de verdade. Quando papai disse que eu estava realmente pronta me mostrou do que se tratavam os negócios, foi aí que eu descobrir em que buraco estava me enfiando. Depois de uma semana conhecendo os negócios do meu pai, eu não podia mais voltar atrás e nem podia ter essa ideia na cabeça. Hoje, sou invejada por todas as redes de máfias da região, todos me querem como empregada, todos temem a mim, até os caras de preto, mesmo meu nome estando em todos os noticiários como ordem de prisão. Mas o que eles não sabem é que eu daria tudo pra tocar de vida até com um mendigo da rua pra ter a chance começar uma vida de verdade.
Mas voltando onde eu estava, sobre minha semana ter sido péssima e que meu pai ficou falando merda ao meu ouvido infinitas horas e blá, blá, blá, a semana ficou mais merda ainda por que não conseguir falar com ele, nenhum telefonema, mensagem, nem sinal de fumaça pra dizer que está tudo bem e pra perguntar por que ele fofocou pro pai dele aquilo. Confesso que estou com saudades daquele empresário elegante, e bom de cama. Eu ainda não disse que o dia da troca tem seu lado bom, mas o negócio é que tem mesmo. Principalmente nos dias de checagem, quando os dois grandes empresários se reúnem por horas para conversar sobre sua patrulha de segurança e ter a certeza de que não tem nenhum dos caras de preto infiltrado na máfia. Resultado, eu e ele ficamos numa sala só nossa, enquanto os capangas ficam em outra sala, jogando sinuca e bebendo, aí já dá de saber o que nós fazemos. Mas ele penou muito pra conseguir o que queria. Nós nos conhecemos em uma arena de tiro, onde por descuido meu ou não o acertei de raspão na cabeça. A bala passou direto, ainda bem que ele só levou dez pontos na cabeça bem acima da orelha. Bom, eu não me importei afinal estávamos ali pra isso, e me importei menos quando soube que ele era filho do Chapman. Só o que Sr. Chapman é o mesmo homem do dia troca, exatamente. Quando o vi ali parado na frente de seu pai quase caiu pra trás, mas mantive a pose. Alguns meses depois começamos a conversar civilizadamente, e em um dia de troca qualquer nós simplesmente transamos. O que é totalmente normal no nosso mundo. É como um círculo vicioso, só mudam as pessoas. Até agora, ele continua no meu círculo.
Às vezes me pego pensando em querer ser mais do que isso, mas eu não posso me dar ao luxo dessas coisas impossíveis.
- Querida, está na hora vamos? – O Sr. Wilkinson bateu na porta chamando minha atenção.
- Não quer conferir os números comigo? – pergunto ainda sentada.
- Confio na minha garota. – ele diz acendendo outro charuto.
- Precisa mesmo fumar isso toda vez?
- Costume que é passado de gerações passadas. – ele diz me oferecendo o braço e logo os capangas nos acompanham até o carro.
- Pai?
- Sim?
- E você... nunca pensou em mudar esse cos... – paro e reflito sobre o que quero falar. Não vale apenas discutir com ele e já saber o que ele vai falar.
- Perdão? Não entendi meu bem. – ele diz com sua voz serena, que é só quando ele se dirige a mim ou a mamãe.
- Nada.

Chegando em casa, fui direto para o meu quarto, tomei banho quente e vesti uma roupa confortável. O jantar será em alguns minutos e não posso me atrasar, costume é claro. Enquanto não está na hora de descer, procuro meu caderno, mas nesse quarto vai demorar um século para achar, às vezes eu penso que a nossa casa é maior que o palácio da rainha. Meu quarto é um segundo maior da casa, então quando eu quero procurar uma coisa, preciso de todos os mordomos da casa para procurarem comigo. Onde está esse maldito caderno?
- ? - Peterson aparece no quarto. E que legal, ele não bateu na porta antes. Menino de ouro esse.
- Bate na porta antes Pet. – eu digo revirando os olhos.
- Já te vi nua. Você não tem o que mais esconder de mim. – tento parecer séria, mas não consigo, e ele vê que não fiquei zangada pelas palavras dele. - O Jantar sai em cinco minutos, vamos? – ele diz mordendo uma maçã.
- Pode ir descendo se quiser.
- Quero descer com minha irmãzinha não posso?
- Estou procurando meu caderno.
- Ah, , esse caderno outra vez não. Pensei que já tinha esquecido essa ideia maluca. – Peterson sabe do tal caderno, ele diz que o que eu escrevo não é nada de mais, mas morar em um país que não extraditem você, ter uma casa no lago, ter uma família e quem sabe ser amada por alguém significa muito pra mim. Os desejos são muitos e eu sei todos sem precisar olhar para o papel. O único problema, é que eu tinha que saber como eles iriam se realizar. Mesmo com Pet falando pra mim, ele sabe que esses desejos são importantes, e apesar de tudo sei que ele quer me ver feliz também.
- Querer ser feliz, não é ideia maluca. – digo apertando o nariz dele.
- Se o papai ver isso, ele vai te matar Srta. Wilkinson.
- Ele não vai ver, e não vai saber... só se você contar.
- Claro que não vou contar. – ele revira os olhos. – Mas, e aí... Tem mais algum desejo novo no caderno da fada madrinha?
- Idiota. – começo a sorrir. – Estou começando a ficar preocupada, não o acho em lugar nenhum...
- Relaxa, ele deve está por ai. – ele diz e tento acreditar nele.
- , você nunca mostrou ele a ninguém não é?
- Não, claro que não. – digo convicta de que também nunca vou mostrar a ninguém. - Relaxa, ninguém vai saber disso, e se souberem quem vai se importar com desejos idiotas de um uma mulher de 23 anos que aparentemente já tem tudo?

***

Domingo. Dia da Troca. Dia de checagem. Perigo. Sexo. Prazer. Ele.
Essas são as palavras que rodeiam minha cabeça agora enquanto estou me arrumando. Coloco minha lingerie, um vestido formal, e o perfume que ele adora, desço as escadas e papai já está me esperando.
A Srta. Cooper me acompanha até a sala mobiliada de moveis cheios de poeira, mesmo eu não me importando com isso. Vejo Robie e seus colegas já se divertindo com suas bebidas. Passo pela parede espalhada e vejo se meu cabelo está no lugar sem que a secretária perceba. O dia da troca foi o mesmo de sempre, e ainda bem não teve nada suspeito ou perigoso, na verdade hoje foi bem... calmo. O que é estranho. Ah, mas quem liga, sei que preciso ficar mais despreocupada, e agora que meu pai e o pai dele estão na reunião de checagem, sei que é a hora da diversão.
- Sinto muitíssimo mais uma vez por esse incomodo que está passando Srta. Wilkinson. Sei bem que a senhorita não se dá bem com ele, mas é que o sobrado velho não tem muito espaço. – a secretária me faz querer gargalhar, pobre coitada, não sabe que ele e eu nos damos mais que bem lá dentro. Ingenuidade é pra pessoas fracas, é isso que eu acho.
- Oh, não precisa se desculpar, essas coisas acontecem. Não estamos rodeados todo tempo de pessoas não sociáveis, não é? – me faço de sonsa.
- Sim. – ela diz abrindo a porta. Sento no mesmo lugar de sempre, esperando que ela feche a porta. E quando ela sai, o homem de costas vira-se pra mim, e caramba, como eu estava com saudades dele. No meio de toda essa loucura, consigo ser feliz um pouquinho. Ele lança aquele olhar cheio de luxuria pra mim, e isso já me excita. Retribuo com um olhar malicioso sem mostrar os dentes e me sento, ao mesmo tempo subo a saia do meu vestido, deixando a mostra as minhas pernas, que por sinal estão do jeitinho que ele gosta. Eu sei, estamos sendo rápidos demais, mas é que não temos todo o tempo do mundo, quem dera que tivéssemos.
- Falando para a secretária o quanto me odeia senhorita Wilkinson? – ele pergunta deixando seu copo de whisky na mesa de centro.
- Por que será que meu nome fica tão sensual em sua boca? – cruzo a pernas, adoro provocá-lo.
- Ah, não faça isso comigo. Sabe que eu sou louco por elas.
- Essa é a intenção.
se sentou no sofá de frente para mim. Resolvi acabar com essa provocação e me aproximei dele, puxei-o pela gravata, suas mãos percorreram rapidamente ao meu traseiro, me empurrei contra seu corpo, olhando em seus olhos, encostei nossos lábios e pude sentir sua língua invadir minha boca com audácia, sua língua explorava cada canto de minha boca, enquanto minha mão puxava seu cabelo e roçava meu sexo em seu volume o que me deixava extremamente excitada. Sem mais demoras estávamos nus, eu estava na posição que ele adorava. Minhas mãos apoiavam o sofá, ele entrava em mim devagar o que me fazia gemer de prazer. Joguei meu cabelo para trás, e assim trocamos de posição, o modo com eu me rebolava sobre ele, o levava a loucura. Cada noite em que passávamos juntos era uma experiência nova. Ah, como estava com saudades disso.

Ainda ofegante pego a garrafa de uísque e tomo um bom gole sentindo aquele velho gosto do álcool em minha garganta. Meu coração ainda está palpitando, e adrenalina está a mil, com o álcool então posso acabar subindo nas paredes. Tirei algumas mechas de cabelo do meu rosto e vejo o peitoral de subindo e descendo. Ele é muito diferente do pai, não é tão cabeludo no corpo e também não é loiro, seu cabelo tem um tom de chocolate e liso, mas fica todo espetado quando fica suado, como está agora. A pele dele é macia e pálida, assim como a minha. Eu nunca disse a ele como ele é bonito, tenho medo do que ele pode pensar.
- Quero também. – ele diz acariciando minhas coxas. Peguei o copo e coloquei bebida, e em menos de trinta segundos ele já quer outra dose. Encho o copo outra vez mesmo achando que não é uma boa ideia. Não é nada bom perdemos nossos sentidos para o álcool. Nunca se sabe o que pode acontecer.
- Gostei da roupa que você tá vestindo agora. – ele brinca. A verdade é que eu ainda estou sem roupa.
- Para! Não fica me olhando, se não vou ficar com vergonha. – levo minhas mãos ao rosto e sei que minhas bochechas estão vermelhas.
- Sua besta! – ele solta uma risada gostosa. - Uma vez um dos capangas do meu pai me falou que você era uma das mulheres mais bonita que ele já viu.
- Tá, é?
- E aí, que eu não que você era a mulher mais bonita que eu já vi. – ele diz sussurrando em meu ouvido me arrepiando toda.
- Que mentira. – digo com desdém.
- É a minha opinião garota, você não pode mudar isso. – ele pega um dos biscoitos e cima da mesa e reparte para nós dois. - Seu pai vendeu muitos remédios na semana? – ele muda de assunto.
- Drogas, você quer dizer drogas. – Não gosto dessa coisa de códigos, a polícia sabe o que nós fazemos o que compramos e vendemos.
- Por que você tem que ser a do contra? – ele esboça um sorriso. É isso que o faz parecer com o pai. Sempre quer manter os costumes, códigos e tradições.
- Não é ser do contra, é só... verdade. – dei de ombros. – E sim, ele vendeu como água essa semana.
- Aham. – ele assente e sinto a tensão em sua voz. Olhei pra ele confusa e sou pega de surpresa quando ele puxa. – Você tá suja bem aqui. – ele o canto da minha boca com seu polegar, e fico mais surpresa quando depois desse ato gentil, ele sela seus lábios com os meus. Só um beijo e nada mais. A sensação é gostosa, calma e misteriosa, não é como das outras vezes quando queremos mais do que isso.
- O que foi isso? – disse fixando meu olhar em seus olhos. não é desses de fazer carinho por fazer. Beijar então.
- Um beijo. – ele sela meus lábios rapidamente dessa vez.
- Não. – respondo em negação.
- O quê? – ele se levanta e me faz ficar sentada também.
- Por que fez isso? – pergunto colocando meu sutiã. Não sei por que estou intrigada, mas as coisas não são assim. Não podem ser.
- Caramba. – ele passa suas mãos no cabelo. – Eu só lhe dei um beijo, por que você complica tudo?
- Não estou complicando nada, e só que... – paro e reflito nas palavras dele. É, foi só um beijo, o que tem de mais? Já ficamos tantas vezes que um simples beijo não será problema. – Deixa pra lá. – resolvi me vestir logo para não ter problemas depois. parece está fazendo a mesma coisa. Assim que me vestir enrolei as cobertas e me sentei no sofá com a mão no queixo. pegou um charuto de seu bolso, mas quando olhou pra mim devolveu o charuto para bolso, sabia decisão a dele.
- Hey. – de repente ele já está ao meu lado. – , não faz assim. – ele me puxa para seus braços. – Ainda está encabulada com aquilo?
- Claro que não. – digo sincera.
- Nos divertimos hoje não foi? Aliás, você foi maravilhosa dessa vez. – ele lança aquele olhar malicioso pra mim.
- Dessa vez? – retruco.
- Ah, qual é, todas às vezes você sabe. – ele brinca com os dedos da minha mão.
- Você também. – disso sem muito interesse na conversa. Alguns minutos atrás, pude notar como tudo está silencioso. Não ouço os palavrões dos capangas, as gargalhas sarcásticas do meu pai e do Sr. Chapman. Tem algo acontecendo.
- Que foi? – ele me olha confuso.
- Eu não sei eu... – olhei para porta, e nada de ouvir barulho.
- Você...
- Só tô com um pressentimento ruim, é isso. – digo por fim.
- Sei. – ele se levanta e vai para a janela. Sua expressão é séria e seu pé meche insistentemente. Parece que eles estão esperando por algo a qualquer momento.
- ?
- Fala. – ele continua a olhar pela janela.
- O que tá olhando? Não tem nada ai. – ele respira fundo e olha para janela de todos os cantos possíveis, e depois de minutos ele vem até mim.
- Preciso contar uma coisa. – ele está suando? está suando e suas mãos estão geladas. Tem alguma coisa errada. – Meu pai armou uma cilada.
- Cilada? Pra quem?
- Pro seu pai! Ele está maluco a cada dia, não se importa mais como os negócios e sim quer destruir o seu pai e assim ser o único empresário de porte em Londres. Ele quer poder e vai matar seu pai hoje! – ele explode as palavras pra cima de mim, como se fosse apenas uma canção. Acontece que cada palavra dita por ele está rodeando minha cabeça no momento. Não pode ser. – Meu pai disse pra manter você aqui enquanto age, mas , eu ia fazer isso...
- Seu mentiroso, hipócrita! – meus punhos se fecham para acertar o nariz dele em cheio, mas no fundo sei que não consigo. – Você me usou ! – e eu cheguei a pensar que aquele simples beijo poderia ser alguma coisa.
- Não! Não diga isso! – ele me segura. – Olha, eu não queria e na verdade não quero colaborar com ele! Por isso estou contando a você, mas , já era não podemos fazer nada!
- Por que não me disse isso antes? – me soltei dele e fui pegar meus armamentos.
- Pensei que seria loucura de papai, mas acha que eu também não percebo quando tem algo errado? – ele carrega a arma dele.
- E eu pensando que podia confiar em você. – coloquei minha faca no esconderijo e sai em direção à porta. Ele não fala nada, só pega suas coisas e mantem seu olhar em mim e não sei por que.
- Tô saindo. – digo como se fosse um tchau ou um doloroso adeus.
- O que vamos fazer?
- O que eu vou fazer. – o corrijo. – Matar quem estiver na minha frente, e não importa quem. – ele sabe o que eu quis dizer. No momento não posso deixar que minha raiva por prevalecesse, preciso focar no que estou a ponto de fazer. Penso nele depois, ou talvez nem queira mais pensar nele. Sai sem olhar para trás, e deixei que minha mira fizesse o trabalho agora. O corredor está escuro e não posso simplesmente pegar meu rifle agora, não posso arriscar tudo, além do mais é uma arma muito grande. Ainda no escuro, fico andando grudada a parede esperando um simples gesto para atirar. Até agora nada, prossigo com cautela pelos corredores, e ouço um barulho vindo por trás de mim, percebo que é indo em direção contraria a minha. Ele deve saber o que faz. Um chama de uma vela qualquer chama minha atenção à frente, iluminando o local por alguns metros, permaneço com a arma pronta para atirar e ando em passos lentos. Até agora não vi ninguém, o que é frustrante, pois preciso achar meu pai. Ele é bom de mira, mas não de luta, e não vem com muita munição pra cá.
A luz de um quarto a frente está acessa e ouço alguns passos vindos atrás de mim, não posso arriscar, e se for um inimigo? Sem pensar entrei na sala clareada pela lâmpada. E assim que me viro, vejo os capangas do meu pai amarrados em cordas na cadeira.
- Droga! – guardei minha arma e fui até eles. – Cadê o velho? – tiro a fita da boca de um.
- Senhorita, está correndo perigo aqui. – ele diz ofegante. Eu? Perigo? Não enquanto for viva.
- Onde está o meu pai?
- Perdemos de vista há algumas horas. Depois nos colocaram aqui. – em poucos minutos soltei os dois.
- Como vocês puderam vacilar assim? – disse baixo, mas a fúria pairava por mim. Eles não respondem. – Tudo bem, fiquem atrás de mim. E fiquem atentos, certo?
- Quem está fazendo isso? – um deles perguntou.
- O Chapman é claro. – respondo com desdém.
- Sr. Chapman? – eles ficam na duvida. – Sr. Chapman também foi pego, assim como seu pai. – ele afirma.
Não sei o que pensar. me convenceu naquela conversa, ele não mentira assim. Chapman não está envolvido nisso? Mas ele é o único que quer o mal para o meu pai. Não posso descartar a possibilidade de ser o Chapman comandante dessa cilada. Mesmo assim, eu não vi nada e os capangas afirmaram ser outra pessoa. Tem alguém brincando conosco, e vou descobrir quem é. Droga, mas quem? Não desconfio de ninguém aqui, e depois de James, sei muito bem que os capangas do meu pai são de confiança. Os caras de preto? Duvido muito que a polícia saiba desse nosso local de encontro. Porcaria, tenho que agir rápido.
Dessa vez ando mais depressa pelos corredores do sobrado, os meus capangas me seguem fielmente. Rodeamos os corredores duas vezes, mas temos que manter a calma para não entrar nos quarto, pois, não sabemos o que nos espera. A iluminação está voltando ao normal aos poucos e com os capangas atrás de mim estou mais segura.
- Senhorita! – um dos meus grita. Viro-me instantaneamente e vejo que um dos capangas do Chapman o acertou com a faca nas costas. Mantendo o foco de tudo e ainda com a arma apontada, pego minha faca e lanço contra o peito do inimigo, em poucos segundos e cai no chão derramando seu sangue viscoso pelo corredor.
- Você tá bem? – perguntei para ele arrancando minha faca do peito de quem acabei de matar.
- Sim, não foi profundo. – o outro capanga respondeu. Suas mãos estão ensopadas de sangue e sei muito bem que ele não vai sobreviver se não for a um hospital.
– Continuem andando! – ordeno.
Continuei fazendo minha ronda, mas com os gemidos dessa cara não dá, preciso achar alguma coisa para fazer um curativo enquanto não saímos daqui, se é que vamos sair.
- Vamos entrem logo! – os ajudei a entrar e alojá-los em uma cadeira para começar o curativo. Minhas armas ficam no chão para que eu possa manusear melhor o que vou fazer. Até agora o outro capanga não falou nada, e quando vou pedir sua ajuda...
- Mãos ao alto! – uma voz conhecida grita e não ouso virar. Não posso pegar minha arma e atirar, seria loucura. Olhei para o capanga ferido e vejo o quão assustado ele está. – Vire-se e com as mãos aonde eu possa ver! – a linguagem que ele usa não é como a nossa, mas ainda sim sei que o conheço. – Não vá tornar isso tudo mais difícil! – então me levando de costas para ele e com as mãos levantadas. – Vire-se! – ele ordena.
- Surpresa? – agora eu sei por que meu capanga estava tão assustado. Isso só pode ser brincadeira né? Não consigo acreditar que caímos nessa mentira outra vez, definitivamente não podemos em confiar em mais ninguém. Minha agonia é tanta que simplesmente quero pegar minha arma e cai fora dali, mas com um simples movimento meu, ele chuta meu revolver para longe de mim. E aparentemente estou sem armas.
- Qual é. – revirei os olhos.
- Isso não uma brincadeira Wilkinson, você está presa!
- Presa? Presa? – gargalhei como se estivesse vendo um filme de comédia. – Você é que tá, seu fodido de merda! Caralho Robie, eu acreditava em você!!
- Calada! – ele aproxima mais sua AK-47 da minha cabeça. Por que os caras de preto sempre querem se mostrar superiores a nós? Com suas armas enormes e sua postura de poder, fala sério, isso não me assusta.
- Onde está meu pai? – pergunto e ele não responde. – Responda!
- Não preocupe, não vão machuca-lo, assim que o MET chegar aqui, eles vão encaminhá-lo imediatamente para o presidio de segurança máxima.
- Não podem fazer isso! Vocês não têm provas de nada!
- Tem certeza? E todos esses anos que eu passei com o Chapman? Acha que eu não tenho provas o bastante para incriminar vocês? Seu namorado é que está mais encrencado nessa história. – ele parece convicto do que está falando. Mas ? Não ele... Como ele pode ser o que tem mais envolvimento nisso? O pai dele que toma conta de tudo.
- Seu cretino! – cuspo na cara dele.
- Respeite à autoridade aqui Wilkinson, sabe que tudo que fizer ou falar será usado contra você no julgamento.
- Deixa de papo furado! – sinceramente não acredito que é Robie quem está na minha frente. Ele é um deles! É policial! Fui burra de ter caído em suas conversinhas, fui burra de deixá-lo marcar meus primeiros encontros com . Agora eu sei por que toda vez no dia da troca ele perguntava como estavam os negócios do meu pai, e idiota aqui falava com orgulho para ele. Ouço a sirenes dos carros policias e está claro que preciso fazer alguma coisa, quer dizer, não pode acabar assim. Minha vida não poder ter esse final.
- Vamos logo. – ele me algema e quando se prepara para algemar meus capangas, olho para o que está meio inconsciente e faço o sinal de sempre. Ele assente e então por segundos, minha perna vai para cima de Robie e acerto meu pé em cheio na sua cara. Um dos meus capangas o segura, enquanto o outro tira as algemas de mim. Os dois seguram Robie, quando eu pego a arma dele, aciono o gatilho e sem pensar disparo bem na sua cabeça. Saio em disparada para fora da sala, não posso ficar mais nenhum segundo aqui. Os meus capangas passam um pano na arma para minhas digitais sumirem. Agora estamos procurando em todos os meus quartos por meu pai. E no penúltimo os achamos.
Não! Não!
- Pai! – gritei quando vi o corpo esparramado no chão. Minhas mãos ficam gélidas e meladas com o sangue que está envolto dele. Não seguro as lágrimas dessa vez, pouso minha cabeça em seu peitoral. Não ouço som de nada, e seu peito sobe e desce vagamente. – Não pai, não! – bato minhas mãos em seu peito, almejando que isso reverta à situação. – Juro que mato quem fez isso com você! Eu prometo!
- ? – ouço sua voz sussurrando meu nome. Ele ainda não morreu. Sua mão fria toca minhas bochechas e com pesar aperto sua mão com carinho.
- Oh Meu Deus, pai! Ah, você vai ficar bem. – digo quando minhas lágrimas caem sobre o rosto dele.
- Minha querida, sabemos que isso não vai acontecer. – ele me olha aflito e vejo a dor em seus olhos.
- Quem fez isso?
- O Chapman, ele pegou a faca do... – ele começa a tossir e o sangue começa a sair pela boca. Ele não precisa falar mais nada, sei quem ele quem matou meu pai, do jeito que descrevera. O ódio vingativo começa a me dominar aos poucos e sinto uma vontade imensa de atirar em todos até acha o crápula do Chapman.
- Pai, você precisa descanar. – acaricio os cabelos grisalhos dele.
- , eu estou morrendo...
- Não fala isso pai! – as lágrimas nunca acabam e não posso deixar essa fraqueza me dominar.
- Minha filha acabou, mas não eles te pegarem! Fuga o quanto puder, não vá procurar sua mãe. Peterson vai cuidar dela. Você é quem tá correndo perigo, não ouse em voltar pra casa... – a voz dele vai sumindo, e já sei que essa é a hora. – Olha só pra você... estou tão orgulhoso, minha filha... Não importa o que aconteça você... – não sei quanto mais sangue pode sair da boca dele. – você sabe o que deve fazer... você é a minha herdeira. – e com um ultimo suspiro ele olha no fundo dos meus olhos e sua vida se vai ali. O luto se vem sobre mim e choro a perda daquele que mesmo não importando com que eu quero, cuidou de mim.

O tiroteio começou de repente, tudo está indo pelos ares, preciso sair dali ou então vou acabar com meus dois capangas que foram pegos de surpresa e foram mortos. A polícia está aos montes aqui e tudo isso por culpa do Robie, desgraçado. Corri até a janela do corredor e nem pensei duas vezes antes de pular. A altura não era tão grande apesar de que já pulei de lugares mais altos. Os policiais estavam na parte da frente da casa, e logo viriam pra cá, o carro de meu pai está na garagem e não posso ir até lá, o jeito é correr. As ruas estão solitárias e carregam aquele ar gélido de sempre, o clima está chuvoso, mas não me importo com isso, apenas tenho que seguir em frente. Dá pra ver minha respiração quando ela sai ofegante em minha boca, só que não é uma opção eu ficar cansada agora. Assim que dobro a esquina, sou pega de surpresa por alguém.
- ! Ah, graças você está viva. – ainda em seus braços, o meu instinto faz com que eu dê um soco nele. – Porra , sou eu! – ajeita seu nariz que acabei de deslocar.
- Foi mal. – digo olhando para os lados. – O que faz aqui? Pensei que já estava em outro país há essa hora.
- Não poderia ir, não sem saber o que aconteceu com você.
- Ah, por favor, dá pra parar de fingir que nada aconteceu? – revirei os olhos.
- Você acha que tu que aconteceu entre agente foi mentira né? – ele aproxima-se de mim. – Olha não temos muito tempo.
- Pra? – pergunto viajando em seu olhar. Eu ainda estou com raiva dele, mas querendo ou não ele avisou o que iria acontecer, e eu sei muito bem que ele é contra com as negociações que o pai dele faz, mas se ele tivesse avisado antes, poderia ter impedido em algo.
- Pra isso. – ele avança sobre mim e põe boca sobre minha, é um ato voraz e eu gosto disso. Eu poderia ter impedido, e ainda posso. No entanto ele não sabe o poder que tem sobre mim. Meus músculos vão relaxando aos poucos e com um ato de carinho repouso minhas mãos sobre a cabeça dele, bagunçando seus cabelos. mantem uma das mãos firmes em meus glúteos, típico dele, entretanto a outra fica em meu rosto fazendo carinhos maravilhosos com seus dedos. Sua língua brinca com a minha sem rapidez, mesmo não podendo dar o luxo de aproveitar tudo isso, ambos sabemos que queremos mais. O beijo vai perdendo a velocidade e apenas nossos lábios se mechem, até que vamos parando com selinhos demorados. – ... – ele fala ainda de olhos fechados.
- Vem comigo. – falo sem pensar, mas na verdade essa é a minha vontade. – Foge comigo .
- Não posso. Eu... ainda não. – ele beija com carinho a minha bochecha. Nunca pensei em sendo carinhoso, é estranho. – , apesar de tudo eu quero saiba que eu...
Um tiro.
E agora não é só um, são vários. olha para trás e ao virar para mim, vejo o pânico em seu olhar.
- Olha você tem que ir tá certo? Corra o quanto puder , não deixe que eles te peguem. – ele diz me abraçando forte. – Espero te ver novamente.
- Não , do que você tá falando? Você...
- Adeus. – ele se despede com um selinho rápido. – Vai Debora! Corre! – e assim começo a correr enquanto ele corre em outra direção. Estou sentindo uma dor enorme no peito. Talvez não quisesse me despedir dele.

***

Acima da colina, ao redor das arvores que deixam cair suas folhas por conta do outono, onde o vento frio e úmido passar por nós, consigo ver as pessoas reunidas em volta daquela caixa de madeira, onde guardam as pessoas que nos deixam. Meu pai não queria um enterro assim, ele queria ser cremado. Essa era decisão dele. Queria poder está junto com mamãe e Peterson, queria poder consolá-los e dizer que tudo ficaria bem. Mesmo com esse traje que estou calça jeans, camiseta preta, casaco de couro e óculos escuros eles me reconheceriam e não posso colocar a vida do meu irmão e minha mãe em risco. Com lagrimas nos olhos me despeço do meu pai, queria poder está mais perto dele nesse momento, mas é impossível. Queria poder reverter esse quadro, para que nós estivéssemos em casa tomando um café da manhã maravilhoso. É interessante como num passe de mágica tudo na nossa vida se vai. Nunca imaginaria que as coisas acabariam assim. E agora? Sou fugitiva da policia, estou sendo acusada de todos os tráfegos de drogas da região. Meu pai disse que teria que assumir os negócios, mas Peterson disse que é melhor dá um tempo do UK e viajar para algum lugar, minha ideia de remoçar a vida agora não é favorável, pois, com tudo acontecendo não vou conseguir manter o foco de nada.
Assim que vejo o caixão sendo posto a sete palmos na terra, arranco as pétalas da minha rosa vermelha e as jogo esperando que o vento as leve para meu pai.
- Adeus pai. – essas são minhas últimas palavras, e assim entro no carro fugindo até da minha sombra. Não posso ser vista em lugar nenhum, meu rosto está espalhado pela cidade, mas máfia é máfia e sempre terá os seus envolvidos no governo. Agora nesse momento estou indo pegar o que preciso para fugir daqui. Peterson disse que deixou uma ótima quantia de dinheiro, o que é ótimo, no entendo, não sei por onde começar. Chego ao departamento de encomendas da cidade sem problemas, coloco meu disfarce ainda no carro e saio de cabeça baixa. O saguão está lotado para o meu azar, mesmo assim mantenho a postura e sigo para recepção.
- Stra. White? – a recepcionista pergunta misteriosamente. Então sei que estou falando com a pessoa certa.
- Eu mesma.
- Creio que veio pegar a encomenda.
- Sim. - ela pega a chaves da minha cabine e se dirige até o pequeno cofre.
- A quantia está aqui. – ela me entrega um envelope groso e guardo na minha bolsa disfarçadamente. Quando estou para sair dali, sou surpreendida.
- Não quer pegar logo a outra encomenda? – Peterson foi claro ao que disse, ele me afirmou que só tinha me deixado dinheiro.
- Tem mais? – perguntei confusa.
- Um homem na verdade, deixou algumas coisas para a senhorita hoje cedo... – bom suponho que o homem seja meu irmão, mas que coisas são essas?
- Então pegue pra mim, por favor. – e em poucos ela trás uma caixa. Minha curiosidade é tamanha que não hesito em abrir a caixa ali mesmo. E lá está um passaporte falso, uma passagem para Áustria, e uma chave e pelo que diz o documento sou proprietária de uma casa no lago no país de onde são as passagens. Minha mão vai até a boca, não consigo acreditar no que estou vendo. Ali naquela caixa estão os meus principais desejos, coisas que eu guardo da minha mente e é claro no meu caderno. Caderno. Peterson era o único que sabia disso e mais ninguém, não acredito que ele se deu luxo de fazer isso por mim, logo ele que dizia que tudo isso era besteira. Um sorriso se forma em meus lábios, e a euforia toma conta de mim, agora tenho para onde ir, posso ter uma vida agora. Ainda distraída em pensamentos, sigo em direção à porta.
- A senhorita não quer saber que deu essas coisas? – ela pergunta e minha atenção se volta para ela.

Flashback.

Era um dia de troca qualquer. Ele esperava que saísse logo para depois ir para casa, assim não dariam muita bandeira.
. Como essa garota o faz viajar, ter sensações indescritíveis que mulher nenhuma conseguiu fazer. Tudo em é único, o olhar, o sorriso, o toque, o sexo. Ele poderia ter colocado na cabeça que seria um caso qualquer, mas não. Ele não soube resistir. E tem tentado de diversas formas mostra a ela que o sente é mais do que prazer, muito mais do que isso. É um sentimento que no seu mundo é perigoso demais para assumir, entretanto, ele não pode ficar guardando isso só pra si.
Assim que a porta se fecha, um caderno é deixado para trás. O rosa Pink bem chamativo, faz com que ele se levante por tamanha curiosidade. nunca traz coisas para o dia da troca, bom, ele nunca havia percebido isso. Com o caderno em mãos as primeiras folhas são abertas e nelas uma escrita feminina perfeita. Tudo ali está sem nexo, a não ser por uma página, uma folha em especial. Escrita em negrito, à palavra desejos. Coisas que pra ele eram mínimas, mas para ela com certeza era significantes.
E de repente, ele já sabe o que fazer.


Flashbackoff.

- Não preciso obrigada, eu sei que foi o meu irmão. – digo sem olhar para ela. Estou tão feliz que quero sair logo dali e comtemplar minha casa no lago.
- Sinto muito, mas não foi ele... – ela diz em alto e bom som. Como assim? Peterson era o único que sabia dos meus desejos pessoais, só tenho confiança para falar essas coisas a ele, e quem mais poderia se preocupar tanto comigo assim? Não tenho ideia.
- Chapman... Foi Chapman.


FIM.


Nota da Autora: Oi, eu outra vez! Bom eu realmente não sei o que falar, mas confesso que essa short veio de repente na minha cabeça e fiquei insegura um publicá-la, mas aqui estamos. Nem tudo na vida são rosas não é? Às vezes temos que conviver com situações difíceis mesmo contra a nossa vontade, porém não quis deixar tudo sofrido, pelo menos ela soube que alguém se importa com ela realmente. Bom, espero que tenham gostado e se sim, comentem e se não comentem também. Não tenho mais o que escrever aqui então acho que é só isso, ah e não se esqueçam... Você sempre estará na mira da máfia, haha. xoxo.

Twitter: @DebsSiilva.


Nota da Beta: Saiba se recebi atualização dessa fic e quando ela será enviada através de meu Tumblr. Erros? Avise por email ou Facebook. Contato com a autora? Através de email ou Twitter. Obrigada. Xx, Amy Moore.


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