Última atualização: 23/09/2016

CAPÍTULOS ANTERIORES


Capítulo 13

You the one that I dream about all day
You the one that I think about always
You are the one so I make sure I behave!
My love is your love, your love is mine
Baby come, tear me now, hold me now
Make me come alive
You got the sweetest touch
I'm so happy, you came in my life


’s POV

- Então quando Taylor Swift cantou “e você dança no seu quarto quando a noite termina”, ela estava sendo literal. – falei quando entrou em seu quarto cantarolando algo e dando voltas. Acho que era para ser uma dança.
- Ah, você está aí.
- Oi para você também.
- O que está fazendo na minha cama? – perguntou, vindo até mim e me dando um beijo na bochecha.
- Fazendo companhia a . – olhei para a cama ao lado, e lia seu livro, quieta, com seu óculos rosinha de leitura. Ela ficava nerd e fofa daquele jeito. – Bom, você não foi a única que chegou dançando em casa. O dia parece ter sido bom para as outras duas também. Por que não se junta com elas lá no outro quarto, a ala das pessoas felizes? Aqui é o lugar das solitárias.
- Porque aqui é o meu quarto, duh. – ela riu do meu drama e se deitou ao meu lado, entrando debaixo de suas cobertas. havia sido a última a chegar, já era tarde e todas nós já estávamos prontas para dormir, mas nenhuma exatamente com sono. – E porque minha melhor amiga está fazendo draminha e precisando conversar.
- Eu estou bem. – garanti. – e você, como foi o dia?
- Foi ótimo. Não fizemos quase nada, só... ficamos juntos. Ah, e... – se levantou um pouco já que estava deitada e eu sentada, e chegou com a boca perto de meu ouvido: - fiz uma tatuagem. – ela sussurrou em meu ouvido.
- O quê?!
Ela assentiu, e virou para o outro lado, puxando o cabelo por cima do ombro e me mostrando os pássaros em suas costas e nuca. Eram pequenos e delicados. Havia um fino plástico em cima de sua pele, e em volta dos pássaros ainda estava um pouco inchado e vermelho.
- Você é louca!
Ela sorriu.
- Quero fazer também! – murmurei.
- Ele te leva, é só pedir.
- Dói muito?
- Pra caramba. Mas não é insuportável – deu de ombros.
- Acho que posso aguentar.
- O que e têm para estarem na ala das pessoas felizes?
- , você já sabe. Pelo jeito a noite com Liam foi boa, porque hoje eram só sorrisos. Foi um nojo. – revirei os olhos. – E a passou a tarde com Louis. Ela disse que quase se beijaram, mas ele recuou. Ela tomou banho na casa dele e ele a emprestou roupas, acho que ela nunca mais vai tirá-las.
- Ah, nossa menininha apaixonada... – suspirou.
- Olha só quem fala. – ri.
- Harry e eu nos divertimos tanto hoje. A gente tem essa liberdade para falar o que sente, o que pensa, sabe? A gente pode falar sobre absolutamente qualquer coisa. Eu me sinto em casa com ele, é tão... – me olhou, e parou de sorrir. – Desculpa.
- Tudo bem.
- Eu tenho que parar de falar da minha vida amorosa para você, não te faz bem.
- Tudo bem, . Essa coisa com o Niall foi uma fase. Não vai voltar. Eu tenho que me conformar uma hora ou outra.
assentiu e suspirou.
- Bem, mas e você? – ela sentou na cama e jogou um par de meias que tinha em seu criado mudo em .
A loira desgrudou os olhos das páginas de seu livro e olhou-nos por cima dos óculos.
- O que é?
- Como foi seu dia?
- Não foi cheio de corações, glitter, pôneis voadores e arco-íris como o seu.
- Uau, a senhorita Gentileza ataca de novo.
- Vai se foder.
deu de ombros e levantou da cama. Pegou um pijama na cômoda e foi para o banheiro. Voltou alguns minutos depois já com a roupa trocada e se deitou ao meu lado de novo.
- Tudo bem se eu dormir aqui, né?
- Por que, amorzinho? – Ela apertou minhas bochechas. – tem medinho da chuva?
Como que para responder sua pergunta, um trovão super alto ecoou lá fora.
- Tempestade. – corrigi. – E sim, eu tenho medo e você sabe.
- Tá, eu deixo você dormir comigo só porque eu sou uma amiga queridíssima! – ela riu.
- Você fica insuportável de tão feliz quando tem uma bela noite de sexo com o Styles.
gargalhou e se aconchegou melhor na cama.
- Não vou negar que foi boa...
- Esquentaram a cama, então?
- E quem disse que foi na cama?
- Que nojo! – gritou, demonstrando que estava mais ligada na conversa do que parecia. – vocês são nojentos, sabia?
- Olha só quem fala. – bufou. – garanto até que já fez coisa pior com Zayn.
- Ok, vamos dormir logo. – falei, apagando o abajur do lado de nossa cama.
Talvez uns dois minutos depois, soltou seu livro e desligou o seu abajur. Acho que já estava dormindo. A chuva lá fora estava muito forte, e fazia um barulho ensurdecedor. Eu não gostava de chuva assim de noite. Me fazia sentir... vazia. Tem sentido, isso? Afinal, é só chuva. Mas algo me fazia ficar acordada a noite toda lembrando de coisas ruins e sentindo saudade de coisas que não voltam.

Niall’s POV

Paul estava furioso. Ele nem olhava para nós. E eu e os meninos só conseguíamos trocar olhares e ficar em silêncio. Ninguém se atrevia a falar nada.
Também, não era para menos. Eu também ficaria assim se recebesse um telefonema de Zayn ontem de tarde falando “ei, fui preso por dirigir sem carteira e faltar com respeito com um policial. Será que dá pra me buscar aqui na delegacia?”. Zayn era louco. Ele estava furioso pelo seu lance com a e decidiu sair por aí e responder policiais. E Paul ficou mais puto ainda quando Zayn pediu para ele não contar a sua mãe. Paul não contou, mas ficou ainda mais furioso. E todos nós tivemos que ouvir sermão a manhã toda dentro da vã, só por um deslize de Zayn.
Harry estava dormindo, ou... eu não sei. Talvez estivesse ouvindo musica de olhos fechados. Zayn estava sendo mal humorado em um dos cantos, sozinho. Louis e Liam trocavam empurrões amigáveis e algumas risadas. E eu, eu estava sendo solitário no banco de trás, olhando a foto de em meu celular. O quão desesperado isso soa?
Sentia falta dela. Mas eu tinha uma impressão de que o que ela estava fazendo era esquecer e seguir em frente. Eu não queria seguir em frente, porque eu estava apaixonado por ela. De verdade. Mas eu não podia fazer nada se ela não me queria mais por perto desde nossa última briga. Eu sentia como se nunca fosse ser bom o suficiente para , e o melhor para ela era não me ter por perto. Eu nunca seria capaz de dar tudo que ela merecia.
Suspirei e guardei o celular no bolso quando Paul estacionou a vã no estacionamento do prédio onde faríamos um photoshoot. Ah, estávamos na Irlanda. Era bom estar em casa, por mais que estivéssemos bem longe de Mullingar e logo depois do meio dia iríamos para a Escócia.
Paul disse para irmos para o elevador do subsolo e subir até o andar 4. Ele raramente ficava olhando nós fazermos as fotos, geralmente ficava fazendo alguma outra coisa como se certificar de que no nosso próximo voo e nosso hotel estivesse tudo certo.
Quando chegamos no estúdio, Lou já estava lá. Ela sempre chegava antes, com o resto da equipe. E dessa vez, trouxe Lux para a alegria principalmente de Harry e Louis. Louis a pegou no colo e começou a brincar com ela enquanto Harry fazia gracinhas em sua frente e ligava para alguém com o celular no ouvido.
- Quem vai ser o primeiro? – Lou perguntou, levantando seus pincéis de maquiagem.
Antes de alguém responder, ela puxou Zayn pelo braço e o sentou na cadeira ao meu lado.
- Vamos cuidar desse topete?
Zayn abriu aquele sorriso forçado e concordou com a cabeça. Enquanto Lou passava base em seu rosto, ela conversava:
- Qual é o problema Zayn? É a menina de novo?
Lou Tisdale sabia tudo sobre nossa vida. Ela era como nossa madrinha, conhecia cada segredinho e cada podre. Se bobear ela sabia mais de nós do que nós mesmos.
- É, mas... não vamos falar sobre isso. Eu tenho que esquecer.
- Ah, qual é, bad boy, abra seu coração.
- É só que... é que ela só... ah. – ele suspirou e deu de ombros. – É complicado. Não podemos. Não é que a gente não queira ficar juntos, porque ambos queremos. A gente simplesmente não pode. E eu não sei se devo esquecer e seguir em frente ou não. Porque minha vida é controlada pela gestão, então eu nunca vou achar alguém que eu goste tanto quanto ela e vou poder namorar. Eu só... tenho medo de onde minha vida vai parar.
- Eu entendo...
E assim eles continuaram a sua terapia, enquanto eu brincava com Lux. Logo depois, seria vez de outro sentar na cadeira e reclamar da vida. Ou falar como ela é bela, que é o caso de Harry e Liam.
E então, duas garotas entraram sorrindo e conversando, e eu até paralisei porque jurava que uma delas era .
- Meninos, essas são Sarah e Khloe que vão me ajudar a arrumar vocês para o photoshoot hoje.
As duas deram oi, e os meninos responderam. Khloe era mais alta e ruiva. Era como Ed Sheeran, cabelos naturais e sardinhas no rosto, ela era fofa. E Sarah era quase tão linda quanto , apenas porque era idêntica a ela. Baixinha, cabelo enrolado, sorriso bonito e olhos verdes. Mas faltava algo nela, talvez o brilho nos olhos ou a extroversão. Ah, ou talvez seja porque ela simplesmente não era .
- Tem algo errado? – A menina perguntou, quando puxou a cadeira para eu sentar e eu continuei parado no mesmo lugar olhando para ela.
- Não, hã... desculpa. Você só me lembra alguém.
- Tudo bem. – ela sorriu. – tenho um rosto bem comum, todos me dizem isso.
- Eu discordo. Para mim, você é quase única. – sorri. Arranquei outro sorriso tímido dela, e depois fechei os olhos para que ela passasse a base em meu rosto com o pincel.
- E aí ela quase me beijou! – ouvi a voz de Louis contando algo para Lou enquanto era maquiado.
- Ei, Lux, volta aqui comigo! – Harry corria atrás de Lux no estúdio. Agora que ela aprendera a caminhar, não parava mais... – vem cá com o tio Harry. Quero te mostrar pra alguém!
- Tio Harry. – Liam riu ao meu lado, e ri junto.
- Quem quase te beijou, Lou? – perguntei, curioso.
- É conversa entre A e B, Niall.
- Nossa... Você quebra todos os corações como quebra o meu? – Levei a mão ao peito e fiz voz afetada para ele, que me mostrou o dedo do meio.

Harry’s POV

- Espera aí que eu vou pegar ela. – avisei, e concordou do outro lado.
- Lux, para quietinha. Meu Deus Lou, o que você deu pra essa criança tomar?
- Ela sempre fica assim quando você tá perto, Harry. – Lou riu.
- Ok, agora fica quietinha. Sorri pra cá! – apontei a câmera para Lux, que estava de pé em cima da mesinha se segurando em meu braço e dando pulinhos, e tirei uma foto dela com meu Ray Ban preto e com chuquinhas arrepiadas no cabelo.
Enviei para e coloquei o telefone no ouvido de novo.
- Ai, que amorzinho! Harry, você tem que me apresentar a ela, é muito fofa!
- Eu sei, assim que eu puder te apresento. – peguei Lux da mesa e a segurei no meu colo enquanto voltava para perto de todo mundo. Eu era o único que ainda não estava arrumado, os meninos faziam bagunça com as garotas enquanto escolhiam as roupas que iam usar.
- Então eu... ai, William! Sai daqui! – ria e falava com alguém.
- Está aonde, mesmo?
- No estúdio com a fazendo um photoshoot e... não, me deixa!
Ouvi uma risada masculina misturada com a dela.
- Deixa os camarões na mesa! – ela exclamou, sussurrando. – Desculpa, Harry.
- Quem é que tá aí?
- O nome dele é Will Moseley, ele...
- É William pra você! – o garoto gritou e riu.
- Ele está fazendo gracinhas aqui. Ele é o modelo da , quer dizer. Aqui no estúdio.
- Hum...
- Você não tem trabalho para fazer aí, não?
- Por que, quer que eu desligue pra você ficar mais a vontade com o modelo?
- Não é isso, amor, é que eu não quero estar te incomodando.
- Mas fui eu quem te liguei.
- Ah, você entendeu...
Eu não havia entendido, não.
- Não! Você não... William!
- Alô? – uma voz masculina perguntou no outro lado da linha. – quem está falando?
- William, devolve!
- Para de pular! – ele falou para ela, rindo.
- É o namorado dela. – vociferei.
- Ah... desculpa cara, eu pensei que fosse alguma amiga. Foi mal. – ele riu.
- Oi, Harry! Desculpa, esse idiota aqui me tomou o celular. Não foi legal, William. – Ela disse, mais longe do telefone. Engraçado, antigamente era eu quem ela chamava de idiota. Pude ouvir o barulho do estúdio ficando mais baixo e uma porta sendo fechada. – Pronto.
- Tudo bem, acho que eu vou desligar e ir trabalhar mesmo, assim você fica mais a vontade com ele aí, né?
- Harry, não fica assim! Ele é só um amigo, acabamos de nos conhecer!
- Eu não fico de gracinha com gente que acabei de conhecer.
- Hazza! Precisamos de você! – Khloe gritou, se escondendo atrás de um cadeira para se esquivar de uma almofada jogada por Louis, do outro lado do estúdio. Respirei fundo. Ótimo.
- Estou vendo que não... Hazza.
- É diferente. Elas são só meninas da produção.
- Deixa eu adivinhar: acabou de conhecê-las?
Fiquei quieto. Por que é que ela nunca me deixava ganhar nenhuma discussão? riu.
- Relaxa, eu não vou te trair com William Moseley nem com ninguém. E eu confio em você.
- Vamos logo gata, a porta já tá fechando! – A voz do babaca se fez presente de novo e ele gritou para ela, e ergui as sobrancelhas como se ela pudesse me ver.
- Já vou! – gritou de volta. – ele chama todo mundo de gata, tá bom?
Bufei.
- Quem está sendo neurótico agora?
- Não começa.
- Quem começou foi você. Me diz onde fica a cláusula que diz que uma namorada sua não pode ter amigos?
- Se fosse você no meu lugar já teria desligado na minha cara.
- Tá bom, Hazza, então vai lá entrar na brincadeira com suas amigas e eu vou fazer um photoshoot com os meus. Ok?
- Certo. – respondi, rabugento.
- Certo!
- Tchau.
- Tchau.
Desliguei o celular e fui puxado pelos ombros até cair sentado na cadeira para ser maquiado. Lou apareceu na minha frente com seu cabelo loiro preso em um coque mal feito, e começou a passar seu pincel com base na minha cara. Fechei os olhos.
- Você e essa garota não ficam um dia sem brigar, não é?
- É assim desde sempre.
- Eu me lembro. Na primeira semana que conheceram elas, vocês vieram correndo para me contar. Estavam tão entusiasmados... Você era o único que não estava tão empolgado com a ideia. Mas sinceramente, Harry, todos nós sabíamos como sua história ia acabar desde que contou sobre o suposto ódio que sentiam um pelo outro.
- Ela me tira do sério, Lou. Eu não estou acostumado com isso, porque.... porque...
- Simplesmente porque você nunca teve que penar de verdade por uma garota como tem que fazer por ela.
- Exatamente! Qualquer outra menina no mundo que eu já tive ou poderia ter estaria na palma das minhas mãos. Se eu pedisse para ela fazer qualquer coisa, ela faria. Ela não hesitaria em se afastar de algum amigo do qual eu sinto ciúmes se eu pedisse, ela não faria um ensaio fotográfico com lingeries se eu dissesse que não gosto, ela...
- Ela seria sua empregada pessoal.
Abri meus olhos e encarei Lou. Ela não tinha nenhuma expressão de desagrado e nem nada, só parecia me entender.
- Mas você não acha que , difícil do jeito que é, não é um desafio muito maior? Não acha que tem muito mais graça assim? Que esse é o motivo pelo qual a ama? Se ela fosse como todas as outras, você a amaria, Harry?
Pensei por um segundo. Depois ergui meu olhar para ela de novo.
- Não.
Ela sorriu e assentiu.
- Viu só?
- É que às vezes eu tenho medo de faltar com o controle. Só isso.
- Como assim?
Dei de ombros.
- Nada... É que... Ela tem algo que faz os caras pararem para olhá-la e já percebi isso nas poucas vezes em que saí com ela publicamente. Eu sinto que um deslize qualquer que eu cometa já seria razão suficiente para ela pensar que merece algo melhor. E ela teria qualquer garoto que quisesse.
- Não se preocupe com isso, Harry. Ela também tem seus motivos para te amar, desse jeitinho que você é.
- Mas quando brigamos ela sempre diz que está cansada de mim.
- Assim como tenho certeza que você diz coisas a ela que a machucam e nem sempre são verdade.
Assenti de novo.
- Quando brigamos nós não pensamos direito. Não esquenta com isso. Também não estou falando para brigarem o tempo todo, ou para você virar um babaca com ela, mas... Só continue sendo esse garoto doce e romântico que eu sei que você é lá no fundo. É esse garoto que ela ama.
Lou sorriu e passou os dedos na minha bochecha para tirar o excesso de base, e depois se afastou um pouco para me olhar mais de longe.
- Está pronto.
Me levantei.
- Valeu, Lou. – abracei-a, e ela correspondeu. – mesmo.
- Não tem de quê, criança. – riu.
Me afastei e sorri para ela, e depois fui achar os outros e colocar minha roupa.
Depois que todos estávamos devidamente vestidos, fomos para o estúdio e fizemos tudo que se pedia. Liam e Louis pareciam tão felizes que até deu medo, mas Zayn continuava com sua cara de bunda e Niall mais quietinho do que o normal, como nos últimos dias. Eu só pensava em quando teria tempo para me desculpar. Não adiantava esperar por , se dependesse dela, nós ficaríamos brigados. Por mais que eu tenha a razão, sou sempre eu que devo pedir desculpa. Essa garota realmente estava muito mal acostumada nesse relacionamento.

’s POV

- Ótimo Will, ótimo! – gritei para William e fiz joinha com a mão. – já tenho o que eu preciso, obrigada. Você foi demais.
- Estava com saudade de fazer isso. – ele gritou de volta, pela distância entre eu e ele dentro do estúdio. Ele começou a tirar os acessórios e o blazer, ficando só de calça social preta e regata. Eu não podia negar, que garoto lindo!
- Estou babando muito? – se aproximou de mim e perguntou.
Eu ri e fiz que não com a cabeça.
- Não esquece que tem namorado.
- Nem me fale, aquele estressadinho já fez seu showzinho no celular hoje. – ela revirou os olhos. – mas vamos falar de coisa boa: você é a melhor irmã do mundo! Sabe que eu amo esse garoto desde As Crônicas de Nárnia! Ele era, tipo, meu sonho de pré adolescência!
- É, eu sei. Nem me liguei que eu ia te trazer no dia do photoshoot dele.
- Mas você trouxe!
- Trouxe o quê? – ele apareceu ao nosso lado perguntando.
- Meu hambúrguer. – deu de ombros e se virou de costas, e eu sabia que era para esconder o rosto de quem estava mentindo. Ri e limpei as lentes de minha câmera com minha blusa.
- Ah, você já comeu? Ia te convidar para almoçar em algum lugar, eu estou faminto.
- Ah, mas eu vou. – ela sorriu. - podemos ir no Mc se quiser, é bem perto daqui.
- Tá, tudo bem. – ele deu de ombros. – só me da um minuto para trocar de roupa.
assentiu e Will voltou para o camarim para trocar de roupa. Guardei minha câmera e enquanto o fazia eu falava com ela:
- Vê se não vai fazer besteira só porque brigou com o Styles, viu?
- Pode deixar, mãe. Eu só quero um tempo pra conversar com um cara que fez parte da minha infância.
- E que está bem afim de você, vamos deixar claro.
- Você acha? – ela sorriu.
- Não está óbvio?
- Tá, tudo bem. – ela riu.
- Vamos? – William voltou. – Tchau, . – ele veio até mim e me deu um beijo no rosto. – Foi um prazer te conhecer, gata.
O garoto era bem atiradinho, desse tipo que chama as garotas de “gata”, “linda” e ect, e também sente a liberdade de dar beijinho no canto do rosto só porque ele é lindo, charmoso, alto e cheiroso. Mas ele era engraçado e fofo, então não tinha como não gostar dele.
Os dois saíram do estúdio e eu fiquei organizando as coisas antes de sair, e depois fechei a porta atrás de mim e senti meu bolso vibrar com o celular.
Peguei-o e abri a nova mensagem que eu havia recebido, sorrindo ao imaginar de quem era.
Oi princesa, tudo bem? Se puder, me liga.
Disquei o número na mesma hora e levei o celular ao ouvido, segurando-o entre o ombro e o ouvido para que eu pudesse chavear a porta do estúdio ao mesmo tempo.
- ? – ele chamou.
- Oi, a... Liam.
- Me chama de amor, que eu deixo. – ele riu.
Sorri.
- Amor.
- Tudo bem com você?
- Tá, tudo bem sim, e aí?
- Tudo ótimo. Só estou com saudade.
Ri.
- O que tem para a agenda hoje?
- Ah, estamos almoçando agora. Acabamos de fazer um photoshoot, depois temos entrevista na Escócia e uma tarde de autógrafos. Depois disso, vamos para o estúdio gravar e passar o resto da noite lá.
- Vocês não vão dormir, não?
- Não temos tempo para dormir. Não podia nem estar falando com você, mas Paul não está perto e ele acha que eu estou almoçando.
- Ah, então você não pode me ligar, Liam! Vai comer, é uma ordem.
- Você não é a minha mãe, é a minha namorada. E se eu estivesse aí, ia te encher de beijo até você parar com essa crise. – Liam riu.
- Sou sua namorada? – ergui uma sobrancelha. – Desde quando?
- Você... É. Não sei. Você que sabe, quer dizer... você... nós não... ah, .
Ri.
- Tudo bem então, eu sou a sua namorada. Mas o mundo todo não precisa saber desse rótulo. Só nós. Certo?
- Verto. Certo. É claro. – ele riu. – você é minha namorada... – suspirou. – bem, mas e você?
- Eu o quê? – estava sorrindo feito boba. Eu sabia que ele também.
- O que tem na agenda?
- Ah, só terminar o dia como sempre, você sabe... eu não sou um super astro que tem entrevistas e photoshoots. Eu sou mais como aquela que tá no anonimato, atrás das câmeras. Fiz um photoshoot hoje, também.
- Ah, é? De quem?
Segui pelo corredor até a recepção do oitavo andar para ir para minha sala.
- Um ator aí. Ele saiu para almoçar com a , mas não cont...
Devido ao meu péssimo costume de andar olhando para os pés, esbarrei com alguém e um líquido escaldante encharcou minha blusa branca. Dei um gritinho e um passo para trás e levantei a cabeça, encontrando com Matthew.
- Ah, , desculpa! Você anda sempre tão desligada, e eu... ah, droga, eu te sujei toda.
- Ah, Matthew... minha blusa é branca, e...
- Desculpa, mesmo. Toma – ele soltou seu copo do Starbucks em uma mesa e tirou sua jaqueta jeans, dando-a para mim. – fica com a minha pelo resto do dia. Depois você me entrega. Acho que serve, né?
- Fica um pouco grande, mas serve. – Suspirei. – Obrigada Matt.
- Eu sou um idiota. Me perdoa. – ele tocou meu ombro, depois pegou seu café e se afastou.
Suspirei e olhei para minha blusa branca, puxando-a para longe da minha pele.
- Ah, e, ?
Virei para trás.
- Oi?
- Você tá linda hoje. Quer dizer... sempre. Mas hoje está mais. Mas linda. Está... linda. – ele ficou um pouco vermelho e colocou uma mão no bolso da calça. – Até mais. – Acenou com a outra que segurava o café.
- Obrigada. – ri.
Peguei a jaqueta e fui em direção à minha sala, e só então lembrei do celular em minha mão.
- Liam?
- Ainda estou aqui.
- Me desculpa, derramaram café em mim, e... estou toda suja.
- Acho que eu entendi, pelo que ouvi. Matthew adora você, hein?
- Ah, ele é só um amigo. Ele faz entregas para a editora, você sabe, papeis importantes e tal. Ele quase não para no prédio.
- Hum... bom, eu tenho que ir, preciso comer senão...
- Ah, claro, vai lá.
- Beijo, linda, se cuida.
- Você também.
Desliguei o celular olhando para baixo e acabei me esbarrando de novo, mas dessa vez era .
- Ei, olha por onde anda, senhorita. Volta pra Terra.
Sorri para ela e fui para minha mesa outra vez.
- Ei, querem almoçar comigo no Burguer depois? – Milena perguntou.
- Claro, por que não. – eu e concordamos.
Suspirei e voltei para meu serviço.

’s POV

- Eu ainda acho isso injusto. – Jall reclamou. – você tem meia hora de horário de almoço a mais do que eu.
- Mas eu não almoço de verdade. – Soltei meu crachá no balcão e tirei o casaquinho bege horroroso da loja, soltando-o junto. – e, qual é, você sai meia hora antes de mim e eu tenho que cuidar da loja sozinha.
- É, minha amiga, vida de estrela não é fácil.
Revirei os olhos e ri.
- Não sou estrela.
- Não, vamos tirar um minuto para avaliar a sua vida: ex namorada de Zayn Malik e agora é protagonista de uma série adolescente da TV. Querida, se isso não é ser famosa, então eu não sei o que é.
Suspirei. Jall era assim, e sempre seria. Era apenas o jeitinho dela. Uma moreninha sorridente e fofa que era extremamente sociável e fazia amigos tão rápido quanto trocava de roupa, e era melhor do que muitas revistas em matéria de falar de famosos. É sério. Pergunte uma coisa sobre qualquer famoso a Jall que ela saberá a resposta.
- De qualquer jeito, toda celebridade começa por baixo, certo? No meu caso, precisei pedir uns minutinhos a mais no almoço para poder ensaiar o roteiro com o pessoal da série lá na gravação. E vai ser uma correria total, nem vou poder almoçar, não quero nem saber como vai ser quando começarem as gravações.
- Você não vai mais poder trabalhar. Já estou até vendo. Vai pedir demissão e me deixar aqui sozinha, esperando uma garotinha inexperiente e burra vir para o seu lugar e eu vou ter que ensiná-la tudo como ensinei a você.
- Ah, Jall, não chora, tá? Não é assim tão difícil aprender a colocar um vestido num cabide ou a usar o leitor de cartões.
Olhei em meu relógio de pulso e já era meio dia.
- Tenho que ir, Jall.
- Ok, vai lá. Corre, viu. Espero que vá contracenar com um cara bem gato. Depois me conta tudo. Te trago um hambúrguer.
- Obrigada, beijo!
Saí da loja vestindo meu sobretudo preto por cima de minha segunda pele vermelha e meu jeans preto. Depois, enrolei meu cachecol também vermelho no pescoço e coloquei-o por dentro do casaco, estava bastante frio. Outono em Londres é um inferno, você só sai de casa para tomar vento e garoa na cara, e sente seu corpo todo congelado. Os dias raramente têm cor, e é ainda pior do que inverno, porque o inverno é bonito de se ver.
Fui rápido até o prédio onde por enquanto aconteciam as reuniões de elenco todos os dias. Eu só estava adiando minha demissão na loja, porque sabia que logo que começassem as gravações eu não teria tempo nem para respirar, quem dirá para trabalhar em algum outro lugar. E também só estava na Hicks porque adorava um monte a Jall e não queria jogar todo o trabalho em cima dela antes de conseguir alguém para ficar no meu lugar, e...
Cara, como eu sou tapada.
Peguei meu celular e disquei o número já decorado de .
- Fala, coisa.
- Quer trabalhar?
- Não. – aparentemente estava com a boca cheia, pelo som que sua voz fez ao me responder.
- Tá. tá em casa?
- Não.
- Tchau.
- Tchau.
Desliguei nossa conversa de exatamente cinco segundos e neguei com a cabeça. Nem sei como pensei que ela iria aceitar. é uma folgada. E nem adiantaria tentar, porque é muito mais. As duas são sustentadas pelos pais, por que vão querer trabalhar antes da hora? Ri e neguei outra vez, entrando no prédio depois de caminhar minhas duas quadras até lá.
- Segura! – uma voz masculina gritou quando entrei no elevador, e coloquei minha mão na porta que já se fechava. Ela se abriu de novo e o garoto entrou.
Loiro, bronzeado, alto e olhos claros. Parecia familiar para mim, mas não olhei muito. Me concentrei em apertar no botão 9 e ver as portas se fechando de novo. O leve solavanco inicial foi sentido por mim e o elevador começou a subir. O garoto colocou as mãos nos bolsos e se encostou na parede, despreocupado, e pelo jeito iria para o mesmo andar que eu. Continuei encarando a porta e ouvindo aquela música horrível de fundo.
Dei graças a Deus por finalmente chegar ao andar nove e sair logo daquela situação meio embaraçosa que um elevador sempre causa.
A recepção estava cheia por quatro meninas e quatro meninos sentados nas cadeiras estofadas de branco. Sentei-me em uma também, mais perto das meninas, e o garoto do elevador sentou com os meninos. Eu me sentia como no jardim de infância.
- Ok, você deve ser a Charlie. – Uma das garotas falou para mim e as outras olharam também.
- . – sorri.
- Sim. – a morena sorriu de volta. – Mas a sua personagem...
- Ah, é. Charlie. E você é...?
- Michell. Minha personagem é a... Madison? – Olhou para as outras, que concordaram.
- Desculpa, eu não li os outros roteiros, ainda não sei quais vão ser os outros personagens.
- Tudo bem, eu também não. – uma loirinha no canto me abriu um sorriso sincero. – sou a Megan. Minha personagem é, hum, Cassidy Walker.
- Eu te vi na sala de espera no dia dos testes. – Outra das garotas, a mais alta e bonita, apontou para mim. – Sabia que ia passar.
- É, foi um choque e tanto para mim. Eu nem imaginava. – Balancei a cabeça.
- Eu sou Cindy, prazer. – ela estendeu a mão para mim e eu a apertei. Tinha um sorriso divertido e o aperto de mão firme.
- Qual o nome de sua personagem?
- É Summer.
- Ok, Summer. Vou ter que decorar esses nomes. – Disse, mais para mim mesma.
- E eu sou a Amy. – a garota que ainda não havia se pronunciado falou. Ela estava meio entretida batendo um papo com um dos garotos, mas logo se apresentou. – Meu nome é Savannah, faço o papel de Emily Carter.
Era legal conhecer as pessoas com quem eu faria amizade e passaria a conviver durante as gravações. Ainda não fazia ideia de como aquilo funcionaria. Não sabia se aquela série faria algum sucesso ou se seria pior que aquelas da MTV que ninguém se importa. Mas só em estar nesse ramo, e só em pensar na sorte que tinha, eu estava muito, muito empolgada.
Alguns minutos depois, um dos caras que fez os testes chegou e nos pediu para entrar em uma sala de reunião. Aquele era nosso primeiro dia juntos, como uma equipe. Primeiro de muitos.

Louis’ POV

- Por que eu? Eu sou o mais velho aqui, deveria ser o Harry. – reclamei.
- mas que saco, Louis! É só atravessar a rua e andar uma quadra, seus pés vão cair, por acaso? – Paul perguntou.
- Nossa, estressadinho – ri do mal humor de nosso segurança. - Tá certo, eu vou.
- Quero um com cobertura de chantilly e canela. – Niall pediu.
- Você acha algum doce pra mim? – Harry se manifestou também.
- Se achar um sonho, me traz. Estou quase morrendo de fome. – Liam pediu.
- Não, você tá muito gordo. – Brinquei, levantando.
Olhamos para Zayn esperando ele pedir algo. Ele levantou o olhar quando percebeu todos os olhos da sala nele.
- Não quero nada.
- Milagre. – murmurei.
Peguei meu celular, coloquei-o no bolso e saí do estúdio para ir pegar café para aqueles esfomeados. Era fim de tarde em Roma, em uma quarta-feira nublada e fria. Não estava frio como em Londres a uma hora dessas, mas também não dava para sair sem um casaco.
Desci os dois andares pela escada e saí do prédio, atravessando a rua na faixa de pedestres. Fui até a esquina seguinte e virei para a esquerda, indo até o McCaffee do meio da quadra.
Mas antes mesmo de entrar, eu decidi que estava cheio demais e só sairia dali amanhã. Então, olhei em volta e notei uma pequena cafeteria no outro lado da rua, com os letreiros de neon vermelhos piscando e quase apagados. Estava fechado, mas na porta um “entre” estava pendurado. Pelos vidros não se dava para ver muito mais do que as mesas de madeira com bancos vermelhos e compridos de cada lado, como sofás. Parecia um lugar confortável.
Resolvi ir até lá e quando entrei o sininho soou na porta. Ouvi uma música calma e baixa tocando para relaxar o ambiente, e várias conversas misturadas vindas de todas as mesas. Parecia um tipo de lugar aonde os italianos vão para tomar um café no fim da tarde e tirar um tempo para curtir com os amigos depois do serviço. Era mal iluminado quase como um bar, mas acho que fazia parte do ambiente tranquilo do lugar.
Sentei no balcão e esperei a atendente dar o pedido do cara à minha direita e ele ir sentar em uma das mesas. Então, ela foi para a garota à minha esquerda, sentada a dois bancos de mim e conversando com seu acompanhante que estava sentado ao seu lado. Ela mais ouvia do que falava.
De acordo com meus cálculos, eu era o próximo. Mas antes de me atender, a atendente soltou o copo de plástico de café expresso na mesa entre eu e a garota, e o nome “Elenor” estava escrito nele. Sorri. Sorri por dois motivos:
Eles sempre erravam o nome dela.
E eu sabia que conhecia aqueles cabelos castanhos da garota ao meu lado.
Mas meu sorriso morreu logo que me lembrei quem exatamente era Eleanor e o que eu sentia por ela.
Não pude evitar olhar para o lado dela assim que vi o copo. Ela se virou para pegar seu copo e deu de cara comigo. Não pareceu feliz. Só surpresa. E um pouco assustada.
- Louis!
- Oi, Eleanor. – Foi tudo que consegui dizer.
Nós nos encaramos por segundos incontáveis. Eu sabia como deveria agir: como alguém que já superou e que está melhor agora. Mas não dava para fingir descaso quando eu simplesmente não podia desgrudar os olhos dela. E foi aí que percebi que agir como se já tivesse superado seria a maior mentira do século.
- Moço. – A atendente me chamou, e percebi que ela estava parada na minha frente há algum tempo. – Seu pedido.
- Ah,é. Café com leite sem canela, cappuccino com chantilly e canela, café com leite e mel, cappuccino simples sem canela e, hum, café preto com pouco açúcar. – Disse, contando nos dedos para não me perder. Era uma porrada de gente naquela banda.
A garota assentiu e foi para as máquinas de trás do balcão. Eleanor riu para a mesa ao meu lado, e assentiu com a cabeça também.
- Café preto para Zayn, leite e mel para Harry, chantilly e canela para Niall e simples sem canela para Liam. – ela olhou para mim. – Eles também estão por aqui, né?
- Estão. – sorri de volta. – Estamos gravando.
- Ah, que ótimo que a carreira vai bem. – ela assentiu.
Assenti de volta e olhei para o garoto ao seu lado.
- Ah, esse aqui é Lorenzo, meu amigo. Ele é fotógrafo, faz a maioria de meus ensaios.
- Legal. – acenei para ele e ele sorriu para mim.
Caímos em silêncio de novo depois disso. Era tão estranho existir tanto desconforto entre duas pessoas que já se amaram.
- E... como anda a sua vida? – perguntou.
- Ah, ótima. É, está tudo ótimo. Eu e os meninos estamos...
- Não, Lou. Você, não a 1D.
- Estou bem. Muito bem, na verdade. – sorri. – Mas e você?
- Eu estou ótima. Estou conseguindo vários trabalhos como modelo, comecei minha faculdade aqui e Lorenzo está me ajudando com o Italiano, quase consigo falar fluente. – ela riu.
- Legal. – assenti, de novo. Certeza que eu não conseguia enganar ninguém.
- Ei, Els! – uma garota se aproximou acompanhada de mais dois garotos e abraçou Eleanor, a dando um beijinho no rosto logo depois. – Estão prontos?
- Oi, Julie. Esse é Louis, Louis essa é minha amiga Julie. Ela também é modelo.
- Piacere di conoscerti. – a menina respondeu sorrindo e apertou minha mão. Seu sotaque, quando falava inglês, era muito forte. Sorri de volta.
- Igualmente.
- Esses são Pietro, fotógrafo de Julie, e Alfonso, nossos amigos. Somos todos da mesma equipe, e colegas na faculdade.
O tal Pietro puxou Julie pela cintura e beijou sua bochecha. Entendi o que rola entre modelos e seus fotógrafos... Olhei para o tal Lorenzo e tentei imaginá-lo no meu lugar. Não foi legal.
- Ei, Louis, você está de passagem aqui em Roma? Porque vai ter uma festa na semana que vem e queremos ver muita gente lá. Talvez você possa levar alguns amigos, ou...
- Ju. – Eleanor a chamou. – Não. Louis é britânico. Ele está aqui a trabalho.
- Ah, certo. Desculpa. Bem, deixa pra outra hora então, Louis.
Assenti para ela.
- Pronto. – A atendente voltou com todos os meus cafés em uma bandejinha de plástico. – Mais alguma coisa?
- Não, valeu. – Foda-se o sonho do Liam, eu queria sair dali. Peguei minha carteira, peguei o dinheiro e o joguei em cima do balcão. – Fica com o troco.
Peguei as sacolas e virei as costas.
- Até mais, Eleanor.
Saí de lá sem tempo de ouvir as respostas. Eu queria bater em alguém. Era tão triste que ela realmente estivesse seguindo a vida enquanto eu ainda estava na mesma fossa. Pensei que já havia superado, mas eu estava apenas enganando a mim mesmo.
Eu me sentia patético.

’s POV

- Ei, garoto. – atendi meu telefone depois de deixá-lo tocar três vezes só para parecer que eu não estava desesperada para atender.
- Ei, ! – Sua voz alta e clara fez meu corpo tremer. Sorri. – Tudo bem com você?
- Tudo ótimo, e com vocês?
- Estamos bem. Consegui um tempinho aqui no estúdio enquanto o Niall foi buscar nossa janta. Não temos muito tempo, só liguei para ver como vocês estão.
- Estamos bem. Como andam as gravações?
- Nós estamos quase terminando, faltam poucas músicas. Estou louco para que vocês ouçam.
- Ah, estou ansiosa.
Ficamos em silêncio por um tempo, até que ele disse:
- Escuta, eu te liguei mesmo para contar uma coisa que aconteceu comigo. Preciso desabafar com alguém, sabe.
Soltei meu copo de Coca Cola na mesinha e sentei direito no sofá.
- O que foi, Lou? Desembucha, sou toda ouvidos – ri.
Ele suspirou do outro lado.
- Encontrei com a Eleanor hoje mais cedo. – Ele falava baixo, como se não quisesse que ninguém ouvisse e ouvi barulho de uma porta se fechando.
- Ah... é? E o que aconteceu?
- Ela já está com outro cara. E com vários amigos, e eles me convidaram pra ir em uma festa! Argh. Eu me senti tão mal, eu me senti um idiota, eu queria sair correndo, . Eu não sabia onde esconder a minha cara! Estava tão escrito na minha testa que eu ainda gostava dela, e eu menti na cara dura, enquanto ela estava lá com seus amigos e seu namoradinho, claramente querendo se livrar de mim, e... Nossa. Tô parecendo uma garota.
Ri fraco.
- Prossiga.
Enquanto ouvia todas as suas palavras com a maior concentração do mundo, deixei meus olhos caírem sobre minhas mãos e aquela vontade maluca de chorar queimar meus olhos. Eu não tinha porque esconder. Estava sozinha em casa, e mesmo que não estivesse, já estava farta de tentar esconder o que sentia por ele e como me machucava perceber que ele não sentia o mesmo.
- ... E agora eu não sei o que faço. Eu estou me sentindo tão mal.
Ficamos em silêncio por um tempo. Acho que ele esperava que eu falasse algo, mas não queria me denunciar com minha voz fraca.
- Me desculpa por descontar tudo em cima de você, . É que disse que somos amigos e, sabe, eu meio que não tenho essa liberdade para falar disso com os outros caras. Não somos assim.
Suspirei.
- Ela é uma idiota, Louis.
Ouvi Louis fungar do outro lado da linha e ergui a cabeça, como se eu pudesse vê-lo, procurando por algo na minha frente.
- Está chorando?
- O quê? Não. – Ele riu. – Não, não mesmo. Não dou esse gostinho a ela.
Meu peito estava dividido pela dor de não ser correspondida e a vontade de matar aquela vaca que fazia Louis se sentir tão péssimo.
- Bem, ela não sabe o que perdeu. Se eu fosse ela, Lou, eu... nunca... faria isso. – terminei com um longo suspiro.
- Não, é? – Ele riu fraco.
- Não, é claro que não. Você é tão lindo, e carinhoso, e cuidadoso, engraçado. E você é carismático e simpático, e me faz sentir bem. Nenhuma garota no mundo recusaria você. Ela tinha sorte, mas jogou tudo fora. Você merece algo melhor do que a Eleanor, Louis. E tem que esquecer dela imediatamente. Você não merece se abalar por isso.
Esperei ele falar algo, com medo de ter dito demais. Eu poderia ficar a noite toda falando de suas qualidades e o que me fazia amá-lo, mas seria em vão. Porque no fim, mesmo que ele esquecesse ela, não era comigo que ele ia ficar.
- Valeu, . Eu tenho sorte em ter você como amiga.
- Eu aposto que sim.
Ele riu. Ótimo, um sorriso.
- Bem, e as meninas? Elas estão bem?
- Sim, estão.
A porta se abriu nessa hora e as quatro entraram conversando e rindo, carregando sacolas.
- Na verdade acabaram de chegar, elas haviam ido pegar nossa janta.
- Ah, manda um beijo para todas, meu e dos meninos.
- Tudo bem. Até mais Lou, fica bem.
Quando eu falei “Lou” olhou para mim com malícia e mandei o dedo do meio para ela.
- Você também, . Até mais.
Desliguei o celular e fui para a cozinha, onde tagarelava empolgada sobre alguma coisa.
- Oi? – chamei, mexendo as mãos no ar e chamando a atenção de todas.
- Ah, oi , estava nos contando sobre a série.
- Hum. – fui até a mesa e fucei nas sacolas. – ainda não entendo como você é tão tímida, mas consegue ser uma atriz tão boa.
- Você nem sabe se eu sou boa.
- Deve ser, né, eles não te escolheram por nada.
sorriu e deu de ombros.
- Sempre pensei que atores fossem sempre tão soltos e descontraídos.
- Eu posso ser descontraída!
- Tá bom. Mas você é a mais fechada de nós, talvez até mais do que a .
- Eu não sou fechada. – deu de ombros, botando a pizza no forno. – Só sou quieta.
- Chame como quiser.
- É a arte, querida . – veio para o meu lado e me deu tapinhas no ombro. – Muda qualquer pessoa.
Concordei e peguei um cupcake de chocolate de uma caixa cheia deles. Lambi a cobertura da ponta e comi o morango de cima.
- Vou dormir, boa noite.
Virei as costas e fui para o quarto com meu cupcake.
- Ei, e a pizza? – ouvi gritar por cima o ombro, mas só fiz que não com a cabeça e fechei a porta atrás de mim.

’ POV

- ? – coloquei a cabeça para dentro do quarto de e a chamei.
- Oi?
- Tá dormindo?
- Tô, . – ela me olhou com ironia. – Sou sonâmbula, não sabia?
Ri.
- Estou fazendo uma Twitcam, quer ir lá pro quarto também? Estão querendo te ver.
- Ok, mas eu tô horrorosa. – Ela levantou da cama e veio comigo.
Sentei em minha cama de novo, na frente do laptop, e ela sentou ao meu lado e deu oizinhos. O chat estava bombando e mais de dez mil pessoas nos assistiam. Eu percebi com o tempo que ser namorada de Harry era uma tarefa mil vezes mais fácil quando você se tornava amiga de suas fãs, e dava a elas o que elas queriam.
- Então aqui está a , aqui do lado a , mas ela disse que me mata se eu a mostrar e, hm, e estão dormindo, e são exatamente duas e meia da manhã.
- Olha isso. – riu e apontou pra um Tweet no chat. – Passem um trote para o Harry.
Nos olhamos e a riu.
- Não sei se é uma boa ideia. – Avisei.
- Se você não passar, eu passo. – Ela disse.
- Ok, ok. – Ri. – mandem ideias do que a gente pode falar pra ele, ok?
Ficamos procurando alguma música bacana e lendo os Tweets do chat por um tempo, e em pouco tempo todo mundo estava mandando várias ideias, então peguei meu celular e deixei que escolhesse a melhor. Eu tinha dó, realmente, porque era madrugada e ele devia estar exausto, mas trotes eram trotes e eu e não recusávamos um bom trote.
- Essa aqui é ótima, . – Ela apontou para um dos Tweets.
Assenti e peguei meu celular, respirando fundo e imaginando como faria aquilo. O número dele estava na minha chamada rápida. Coloquei no viva voz e começou a chamar.
- Você vai me ajudar – apontei para e ela assentiu, rindo. - Ele deve estar dormindo. – Expliquei.
A ligação chamou quatro vezes até ele atender, com voz rouca de quem estava dormindo.
- Hmmm...
- Então é isso, você achou que eu não ia descobrir? – Disse, antes mesmo de Harry conseguir formular uma palavra.
- O quê? – Harry murmurou.
puxou minha mão que segurava o telefone mais para perto dela.
- Você é um babaca, Harry, um cachorro!
- ?
Comprimi os lábios, tentando não rir.
- Quem mais?! Por que você fez isso?
- Fez o quê? Espera... – Ouvi algum barulho, e Harry voltou a falar. – O que eu fiz?
- Você pensou que eu não ia descobrir, Harry? – Perguntei, de novo.
- Descobr... Porra, amor, são duas e meia da manhã, eu...
- Eu não acredito que você ainda vai negar, Harry! – Disse e olhei para , dando de ombros.
- Negar o que, ? Eu não fiz nada...
- Não mente pra mim, Styles! – Falei, e mordi meu lábio. – Eu vi as fotos!
- Que fotos?!
- Todo mundo viu, Harry, você com aquela vagabunda no seu colo!
- Todo mundo já sabe, Harry! – disse. – Não acredito que você fez isso com a !
- Que vagabunda? Que foto? Do que vocês estão falando? – Ele parecia confuso e desesperado, sua voz estava tão rouca que nem se dava para entender direito.
- Quando você me pediu em namoro, disse que ia ser sério, Harry! Eu acreditei em você! – Disse com a voz chorosa. já havia parado de ler seu roteiro para prestar atenção e estava com a cara enterrada em minha almofada para não rir.
- Amor, você tá chorando? Eu não fiz nada, , eu juro que não. ! O que você tá inventando aí?!
fez cara de afetada para o celular.
- Eu não estou inventando nada, seu imprestável, você é que é um babaca!
Ri, colocando a mão na boca.
- Além disso tem fotos, Harry! – gritou. – Todo mundo já viu!
- Por que você fez isso comigo, Harry? – falei, em meio ao “choro”. – Eu pensei que me amava, Harry... – Disse e dei de ombros quando me olhou com uma careta do tipo “não exagera”.
- Eu te amo, ! Você tá louca?! Não tem foto nenhuma, você acha que eu não ia lembrar se tivesse pegado alguém?! Eu tenho amor há vida...!
- Para de mentir! – disse.
- Todo mundo inventa boatos sobre mim, mas eu não fiz nada, eu não tenho tempo nem para comer e acha que eu te traí com alguém? Eu não fiz nada, , se vai acreditar em tudo que lê então você vai...
- Harry...
- Fazer uma cena dessas por noite, e...
- Harry.
- Assim não vai dar certo!
- Calma, Harry! – gritou.
- O que é?!
- É um trote!
Ele ficou em silêncio por um tempo. E aí começou a rir alto, e eu não consegui evitar e a acompanhei.
- Ah, vão se foder! – Ele gritou.
Não consegui mais conter o riso, enterrando meu rosto no travesseiro em meu colo.
- Estamos ao vivo para dez mil pessoas. Briga com suas fãs, foi ideia delas.
- Ah, eu não acredito... vocês duas me pagam, ok? Vai ter troco.
- Uh, que perigoso. – ironizou. Ela adorava implicar com ele, acho que é isso que melhores amigas fazem com o namorado da gente.
- Você vai ver, !
- Dá oi para as suas fãs.
Botei o telefone mais perto da tela.
- Oi! – ele gritou. – isso foi muito injusto!
- Eu só estava te testando. – falei, tirando do viva voz e colocando o celular no ouvido.
- Então por favor, não me testa mais. – Ele pediu e eu ri.
- Ok. Vai dormir, Hrry. Boa noite, te amo.
- Não vou dizer que te amo. – Ele disse, e desligou logo depois, me fazendo rir.
Harry tinha doze anos de idade às vezes.
Desliguei o celular e dei de ombros para a câmera.
- Ele caiu.
Eu, e continuamos conversando com as fãs por mais ou menos uma hora. Elas gostavam mais de nós quando nós a ajudávamos de algum modo a ficarem mais próximas deles.

No dia seguinte, como eu e não tínhamos nada melhor para fazer, fomos almoçar na casa de meu pai, e de tarde nós o acompanhamos até o clube de mini golf e ficamos fazendo companhia enquanto ele jogava. Eu sentia saudade de passar um tempo com ele às vezes.
- Quando vou conhecer seu namorado, filha? – ele perguntou pouco antes de empurrar minimamente a bola e ela cair direto no buraco.
- Hum... – cocei a cabeça. Eu nem havia pensado nisso. – Logo.
- Logo. – ele repetiu e assentiu. – Que bom.
Eu e o seguimos até o próximo buraco e ela deu uma bola a ele.
- Como é o tal de Harry, ?
- Legal. – ela disse, sem muito entusiasmo, e pedi ajuda pelo olhar. Ela entendeu o que quis dizer e concordou com a cabeça. – É, ele é bem legal. Na verdade é só ligar a TV no canal de clipes e o senhor o conhece.
Ele riu um pouco.
- A Mary me ajudou a pesquisar sobre ele na internet. Vocês sabem que eu não sei mexer muito naquilo, mas ela sabe. Ela me mostrou umas fotos naquele Twitter, e...
Eu e começamos a rir da desatualização virtual de meu pai, e ele nos olhou torto.
- Eu vou jogar vocês no lago, moças. – Falou, largando o taco, e se preparando para correr.
Eu e começamos a correr e gritar, rindo, pelo campo afora, com meu pai atrás. Ele me pegou primeiro e quando me puxou nós dois caímos.
Começamos a rir. Eu sentia falta de ser a menininha que brincava com ele todos os fins de semana nos clubes que ele me levava. Ele me ensinou a pescar, e jogar vôlei, e eu o ensinei a nadar. Ele nunca quis aprender com minha mãe, mas depois que ela morreu, ele concordou que eu o ensinasse.
- Não posso mais ficar me jogando no chão com vocês, crianças. Eu estou ficando velho. – Ele disse, se levantando com um sorriso no rosto e a mão nas costas.
- Velho nada. Ainda me ganha na corrida. – disse.
- Ah, pode apostar que sim, baixinha. – ele a deu um tapa nas costas e voltamos para nossa mesa no quiosque.
- Me dá uma água?
Peguei uma garrafa de água dentro da bolsa que Mary arrumou para que trouxéssemos e entreguei a ele.
- Então, pai...
- Hum?
- Você pode levar a gente no aeroporto?
Ele colocou a tampa na garrafinha de novo e me devolveu.
- Aeroporto?
- É. Os meninos estão chegando hoje... os da banda. E a gente disse que ia encontrá-los.
- Ah... claro, claro que levo.
Um tempo depois, pegamos nossas coisas e fomos para o carro, ficou no banco de trás e fomos até lá empolgados em uma conversa sem fim. Meu pai pegou o celular dele que tocava no porta luvas e segurou entre os ombros e o ouvido enquanto entrava no aeroporto. Parou o carro perto do estacionamento, mas não o desligou, e tirou o telefone do ouvido.
- Tenho que ir meninas, Mary está precisando de mim, vocês têm como voltar pra casa?
- Sim pai, obrigada. – dei-lhe um beijo na bochecha e desci do carro, e fez o mesmo.
Fomos para a sala de desembarque e sentamos em um banco para esperar o voo dos meninos chegar. Quando o avião deles pousou, nos levantamos e fomos mais para perto de onde eles viriam, mas não muito perto, porque não queríamos cometer o mesmo erro da última vez.
- ? – uVma voz familiar me chamou, e virei de costas.
- Will! – Sorri o abraçando. – Tudo bem?
O garoto alto – bem alto – e loiro estava parado em minha frente, com uma mochila preta em um dos ombros e um sorriso daqueles de tirar o fôlego nos lábios. Esse menino é um pecado...
- Tudo ótimo, e você?
- Tudo bem também. O que faz por aqui? Vai viajar?
- Ah, vou voltar para casa. – Ele deu de ombros. William havia comentado algo sobre morar em Nova York, mas ele era tão lindo, que quando conversamos naquele dia eu só conseguia olhar para o modo como sua boca se mexia. Quer dizer, ele era meu ídolo de infância, e apesar de não sentir absolutamente nenhum tipo de paixão enlouquecedora, eu ainda tinha aquele lance físico por ele. É o mesmo que colocar uma mulher em frente a Ian Somerhalder.
- Ah, que legal! Boa sorte, então. – sorri.
- Obrigado. Mas e você, vai viajar?
- Ah, não. Estou esperando nossos amigos...
- Ah, os da banda, certo?
Assenti.
Ele assentiu também, e colocou as mãos no bolso. Ficou se balançando por um tempo e me olhando, e depois de um tempo nos encarando sem dizer nada, eu ri, o fazendo rir também.
- Bom, eu tenho que ir.
- Certo. Boa viajem! – Toquei seu ombro, o dando um tapinha.
- Obrigado. Hum, ?
- Sim?
- A gente não vai mais se ver, e foi muito legal mesmo te conhecer, então...
Antes de eu poder falar qualquer coisa, William se aproximou e me deu um beijo no rosto, há centímetros da minha boca. Dei um passo para trás, surpresa, e olhei para ele.
- Will, eu...
- Eu sei. Eu sei. Me desculpa. – Ele riu fraco, coçando a nuca. – Caramba, hm... Bem, tenho que ir. Se for a Nova York, me procure. – Disse e sorriu, antes de se afastar.
Fiquei plantada no lugar enquanto ele se afastava, meio assustada ou simplesmente surpresa. Quando olhei para o lado, não estava mais ali e olhei em volta, achando-a alguns metros atrás de mim abraçando Zayn. Sorri e fui até perto deles, abraçando Louis primeiro, que estava entre Harry e mim.
- Oi, Lou. Tudo bem?
- Ótimo, e com você?
- Uhum.
Assim que me separei, esperei desgrudar do pescoço do meu namorado.
- Quero fazer uma tatuagem também, Styles, e você vai me levar. – Ela apontou para ele, que sorriu e concordou.
- Do jeito que me trata acha que vou te dar mordomias, baixinha? – Ele estreitou os olhos e ela riu.
Quando ela largou-o para abraçar Liam eu sorri para ele, mas não fui recebida com a mesma empolgação.
- O que foi? – perguntei, assim que vi que ele não parecia feliz comigo.
- Pergunta ao seu amiguinho. – Assentiu com a cabeça para onde eu estava há um minuto atrás e pegou sua mochila no chão, passando reto por mim.
Sabe, tem coisas que namorados não precisam ver. Principalmente quando são coisas inocentes (da minha parte, pelo menos) e desnecessárias.
Suspirei.
- Ah, Harry, por favor... – O segui, tentando me retratar. Sei que se fosse eu, também faria uma cena.
- Nem começa.
- Tá na TPM, é? – Perguntei.
Harry parou por um tempo, e eu o alcancei, mas ele ainda estava de costas para mim. Olhei para seu rosto para ver o que o fez parar subitamente, e segui seu olhar para um lugar qualquer em que não vi nada demais. Do nada, ele abriu um sorriso que me pareceu bem forçado, e me abraçou pela cintura.
- Vamos. – falou, por entre o sorriso.
- O que te deu? – fiquei parada quando ele deu um passo para frente e o olhei, confusa.
- Não faz cena, , só vem comigo. – Ele vociferou, sério. Fiz o que ele disse, andando ao seu lado meio confusa.
- Sorri. – sussurrou em meu ouvido. Olhei para o seu rosto, procurando algum indicio de que ele estava brincando com a minha cara, mas não o encontrei.
- Tá brincando?!
Ele não me respondeu, apenas foi comigo até o ponto de táxi e abriu a porta para que eu entrasse em um, e entrou também em seguida.
Assim que o carro arrancou com as ordens de ir para seu apartamento, olhei em seu rosto de novo, procurando por algo.
- O que estamos fazendo?
- Não vamos conversar aqui.
- Você me dá ordens agora, Harry?
- , por favor! – ele pediu, falando um pouco alto demais e olhei no retrovisor para encontrar o olhar curioso do motorista sobre nós. Me afundei no banco e bufei, ficando quieta até que chegássemos lá.
Quando chegamos na frente do prédio, Harry desceu e pegou sua mochila, mas eu fiquei.
- Vem. – ele se curvou um pouco para olhar para dentro, com uma mão na porta aberta.
Fiz que não com a cabeça.
- Quero ir para casa.
- , não faz cena, desce desse carro e vamos entrar.
- Eu não quero, qual parte do “quero ir para casa” você não entendeu? – Revirei os olhos e sentei mais para frente para dizer o endereço ao taxista.
Porém antes de abrir a boca, Harry pegou meu braço e me puxou.
- Ei! – Olhei-o incrédula. Harry estava sendo um babaca.
- Ei garoto, a menina não quer, deixa ela! – O senhor que dirigia falou.
Harry olhou para mim que o encarava meio brava e um pouco assustada, e olhou para sua mão em volta de meu braço. Me soltou e suspirou, impaciente.
- Qual é , desce. Por favor.
- Não!
- Você tem dinheiro para pagar o táxi? – Ele ergueu uma sobrancelha.
Merda.
- Eu não... eu... ah! – bati o pé no chão e saí do carro.
- Você vai ficar bem? – O senhor perguntou, e sorri para ele, assentindo.
Harry fechou a porta e segurou a minha mão com força.
- Me solta. – puxei minha mão. – Idiota.
Ele a pegou de novo e segurou mais firme.
- Deixa pra brigar lá em cima. – avisou.
- Por que está sendo um cretino, Harry? – Reclamei. Revirei os olhos e entrei na portaria de nosso prédio. Assim que já estávamos dentro do prédio, larguei sua mão e fui para o elevador. Subimos em silêncio e entramos em casa assim também.
Harry foi para o quarto e me joguei no sofá, ligando a TV para ficar passando os canais sem de fato prestar atenção em nenhum. Eu não queria discutir, só queria ir embora. Harry já conseguira estragar toda a vontade que eu tinha de vê-lo, de ficar com ele naquela noite.
Ele trocou a roupa e foi para a cozinha, pegou uma lata de refrigerante e voltou para a sala, se jogando na poltrona e ficamos assim por um longo tempo, apenas olhando os canais da TV sem entusiasmo.
- Ok, qual é o seu problema? – Perguntei, quando não aguentei mais aquele silêncio.
Ele só me olhou por uma fração de segundos e voltou a prestar atenção na TV. Na verdade, estava no canal rural, então tenho certeza que qualquer que fosse o problema, foi grande.
- Harry! – Gritei.
- Quantas fotos de você e aquele cara do aeroporto você acha que vão surgir na internet amanhã?
- Ah, é isso... – Suspirei. – aquilo não foi nada. E se quer ficar com ciúmes, fique, mas como uma pessoa normal.
- Ele beijou a sua boca. Não foi nada?!
- Ele não beijou a minha boca, você que viu mal! Foi a minha bochecha. – Na verdade havia sido quase a minha boca, mas Harry viu de um ângulo em que parecia minha boca, mesmo.
- Que seja. – ele bufou. – Vamos jantar hoje. – Se levantou da poltrona e foi para a cozinha.
Eu me levantei e segui ele.
- Ei, ei, ei. Por que está agindo assim? Me dizendo o que fazer? Tá achando que é o quê, Harry?!
- Os empresários da Modest tiveram uma reunião com a gente. Precisamos ter um relacionamento normal, sair para jantar, parecer felizes. Não dar brecha para eles inventarem rumores, como você acabou de fazer.
- Como se fosse possível ter um relacionamento normal com você. – Murmurei, indo para o quarto.
Abri minha porta do guarda-roupa onde poucas peças de roupas minhas estavam dobradas, e peguei a única peça que combinaria: uma legging preta e um suéter marrom, largo e com uma caveira branca estampada na frente e a gola comprida. Era provável que eu fosse ficar com frio nas pernas, mas pelo menos nos braços não.
Eu achava aquilo tudo muito desnecessário. A mídia não tinha nada que ver com o nosso relacionamento ou se estávamos bem ou não, que saco! Mas esse era um dos males de namorar Harry Styles, e eu disse que aceitava, não podia negar.
Harry colocou seu moletom da estampa “teenage runaway” e uma calça skinning qualquer. Eu invejava meu namorado ficar fabuloso com qualquer roupa que botasse.
Quando saímos de novo, já estava escuro. Deixei que ele pegasse minha mão e entrelaçasse nossos dedos como um casal normal faz, não como se estivéssemos brigados e existisse uma forte tensão entre nós naquele momento. E também deixei que Harry me guiasse para seja lá onde fossemos jantar, enquanto eu apenas trabalhava na minha expressão de resting bitch face. Sorte a dele que eu não estava na TPM.
Fomos em um restaurante italiano qualquer, sentamos na mesa da janela que era a única ainda não ocupada, e logo nos entregaram os cardápios.
Fiquei batendo na mesa com a ponta do dedo enquanto Harry observava seu cardápio.
- Não vai escolher nada? – ele perguntou, por cima do cardápio.
Peguei o meu e o ergui na frente do rosto também, só passando os olhos por cima dos pratos sem parar em nenhum, até ele fazer seu pedido.
- Não estou com fome. – comentei.
Ele respirou fundo.
- Traz esse primeiro para ela.
Olhei para o primeiro prato do cardápio. “peixe com crosta de camarão seco, creme de arroz e farofa de castanha”.
- Tá de brincadeira? – perguntei, abaixando um pouco o cardápio para espiar para ele por cima do mesmo.
- O quê? – ele parecia curioso.
Olhei para Harry incrédula por vários segundos. Era impossível que ele não se ligasse disso. Impossível. E eu ia ficar bastante chateada se ele não percebesse.
- O que foi? – voltou a perguntar dando de ombros e eu percebi que ele não ia perceber.
- Lê de novo o prato que pediu para mim. – falei, soltando meu cardápio.
- Hum, peixe com crosta de camarão seco, creme de arroz e farofa de castanha?
Olhei para ele com um olhar significativo. Duh, Harry!
- O quê? – deu de ombros.
Suspirei, derrotada.
- Eu sou alérgica a castanhas.
Ele olhou de novo para o cardápio e leu o prato.
- E eu te disse na quinta de noite que odeio frutos do mar.
Harry abriu a boca para falar algo, mas nada saiu.
- Quero um contra filé grelhado e salada variada.
A garçonete assentiu e saiu anotando em seu bloquinho.

Nossa janta pode ter sido tudo, menos divertida. Eu mal toquei na comida, estava totalmente sem fome, e tive que esperar Harry jantar enquanto tomava uma taça de vinho bem devagar. Eu não podia negar que aquele vinho era delicioso. Até achei estranho que não pedissem minha identidade, mas como eu estava com Harry Styles nada me era proibido.
- William não é nada para mim, Harry. – falei, depois de um longo tempo observando-o.
Ele ergueu os olhos da mesa para mim.
- Mas ele...
- Acho que ele tem uma queda por mim. – Ergui os ombros. – Mas eu não podia adivinhar que ele ia tentar me beijar bem na sua frente.
A garçonete voltou com a conta que havíamos pedido e Harry deixou algumas libras em cima da mesa, se levantando e indo para a porta. Eu o segui e suspirei, de repente meio cansada. Não entendia nós dois, sempre estávamos procurando um motivo pelo qual brigar, e no final da noite nenhum se lembrava mais do porquê de estarmos emburrados, mas não fazíamos as pazes por puro orgulho.
- A pergunta é: se ele tivesse te beijado você teria me contado?
Revirei os olhos, mas não respondi, porque nem eu sabia se contaria. Pra que contar? Eu nem queria beijar o garoto, isso não teria a mínima importância. Se fosse alguém por quem eu sentisse coisas, ou tivesse a menor possibilidade de sentir coisas. Mas não!
Segurei a sua mão quando saímos do restaurante, o vento estava frio e senti vontade de me encolher nos braços dele. Mas só peguei a sua mão e me aproximei um pouco, segurando o seu braço.
- Pode me emprestar seu casaco? – pedi.
Ele assentiu e prontamente tirou o sobretudo que colocou antes de sair do carro. Em Londres é assim, para sair de casa toda roupa do mundo não é suficiente. E eu nunca estava preparada para sair na rua. Ele colocou-o nos meus ombros e me abraçou.
- Por que estamos fazendo isso afinal? – reclamei. – não podíamos fingir ser um casal feliz em casa?
- Porque em casa eles não nos veem. Não se preocupe, eu não estou com a mínima vontade de estar aqui tanto quanto você.
- Quer dizer que agora seguimos ordens de uns empresários? – Bufei.
- Eu nunca disse que ser minha namorada era fácil.
- Estou percebendo isso.
- Quer terminar comigo?
- E te dar esse gostinho? Nem precisa ficar feliz, não vai ser hoje que vou te deixar livre de mim.
- Ah, que droga, eu já estava pensando em fazer uma festa. – disse, cheio de ironia na voz.
Olhei para cima, para ele, questionando.
- Era brincadeira. – ele se curvou um pouco para me dar um selinho.
- Você está sendo gentil para dar a eles fotos?
- Que lei diz que eu não posso te beijar mesmo estando bravo?
- Nenhuma, você pode.
- Ótimo.
Balancei a cabeça, momentaneamente confusa com nossa conversa.
De repente, eu senti uma coisa estranha e um cheiro muito bom e parei de andar. Harry parou também e me olhou, confuso.
- O que foi?
- Ai, Harry... – fechei os olhos.
- O quê? – ele parecia curioso.
- Eu preciso comer sorvete.
Abri os olhos de novo e ele me olhava.
- Sério? Sorvete? Nesse frio?!
- Eu sei que está frio, mas... eu vou te incomodar a noite toda se não me der um sorvete.
- Ok, então vamos achar um sorvete. – ele arregalou os olhos de brincadeira e colocou uma mão em minhas costas, me guiando até o carro.
Eu me sentia tão cansada... e nem sabia porque, já que não fiz nada o dia todo. Mas mesmo assim, a última coisa que lembrava é de ter encostado a cabeça no banco para esperar Harry voltar da loja de conveniências do posto de gasolina, e depois me acordar assustada já dentro de casa.
- Você apagou. – ele me disse.
- Você me trouxe até aqui no colo?
- Uhum. Elevador. – ele deu de ombros, sentando nos meus pés, se tapando com a manta que colocou por cima de mim, e me oferecendo o pote de sorvete que tinha em mãos enquanto levava uma colher cheia à boca.
Nós ficamos comendo por um bom tempo, eu não fazia ideia de que horas eram desde que peguei no sono, mas levando em conta a programação já era bem tarde. Depois de matar meu desejo por sorvete, levantei e fui na cozinha tomar água. Enchi o copo, e ouvi uma risada gostosa de Harry ser ouvida na sala por algo dito na TV. Não consegui me conter, e sorri junto.
Fui até a abertura que dava entrada para a cozinha e me escorei ali, observando-o por um tempo. Harry era tão lindo, seu sorriso fazia tudo parar, ele sorria com os olhos de um jeito que ninguém mais faz e seus olhos brilhavam, aquelas covinhas charmosas eram tão fofas, seus cabelos bagunçados eram tão macios, sua pele era sedosa, ele era cheiroso, seu corpo era tão bonito, e... De repente um arrepio percorreu meu corpo e fechei os olhos tentando acalmar meus hormônios. Pelo amor de Deus, era de madrugada e eu acabara de acordar. Como posso desejar tanto uma pessoa de uma hora para outra assim?
Fui até o sofá e soltei o copo na mesinha de centro, Harry me olhou confuso.
- O que foi? – ele perguntou.
Sentei em seu colo, com uma perna em cada lado de seu corpo e peguei o pote de sorvete de suas mãos, soltando-o na mesinha também.
- Shhhh... – pedi, encostando meu dedo nos lábios dele. Minha boca foi automaticamente para perto da sua e depois de um breve beijo, desci dando beijinhos desde seu maxilar até seu pescoço, e Harry apertou minha cintura com as mãos.
- Pensei que estávamos brigados. – Ele murmurou.
- Estamos. Você não precisa ser gentil comigo. – Sussurrei em seu ouvido.
Vi ele sorrir satisfeito com os olhos fechados e a cabeça deitada no encosto do sofá atrás de si, e comecei a erguer seu moletom lentamente.
- Tem certeza? Porque não vou ser.
- Por que não me prova que você é o único homem que eu preciso ter? – Sussurrei e Harry apertou minha cintura, nos virando e me deitando no sofá.
Sorri. Provocar Harry era tão fácil...

Liam’s POV

- Por que você faz isso comigo, Liam? – choramingou ao meu lado. – É alguma estratégia pra me deixar mais vulnerável? – Ela limpou algumas lágrimas e escondeu o rosto no meu peito. – Te odeio. – Sua voz saiu abafada pela minha camisa.
Eu ri e afaguei seus cabelos. Peguei o controle da TV.
- Certo, sem mais romance por hoje. – desliguei o filme no final, depois da morte de um dos personagens e do drama todo.
- Pensei que caras que gostassem de ver filmes de romance com as namoradas fossem só uma lenda. Então eles realmente existem. – Ela brincou, e eu ri, concordando. - Acho que você gosta de me ver chorar. – ela falou.
- Eu odeio te ver chorar. – Peguei seu rosto e limpei as suas lágrimas com meus dedos. – Mas é fofo quando você chora olhando filmes bobos. – Sorri e beijei a ponta de seu nariz. – Mas e aí, o que quer fazer?
- Hum... que tal se a gente sair um pouco? Nós nunca saímos, não é mesmo?
- Ah, é verdade. Onde você quer ir? Eu conheço um pub bem legal.
- Pode ser, acho que só fui em um uma vez na vida porque me arrastou.
- Ok, se arruma e nós passamos lá em casa para eu trocar de roupa, e vamos.
- Mas... Liam, agora lembrei porque a gente não sai. Suas fãs, e... você sabe. Acho melhor a gente ficar.
- O que tem elas? , não importa o que elas pensam de você, quem está comigo é você, e isso não vai mudar com a opinião delas. Tá bom?
Ela assentiu, meio incerta.
- E todos os papparazzi estão perseguindo o Harry como loucos, nem lembram do resto da banda.
- Bom, se você diz que tudo bem, então tudo bem. – Ela se inclinou e me deu um beijo rápido antes de se levantar para ir trocar de roupa.
- “Se você diz que tudo bem então tudo bem”. – imitou com uma voz chata voltando da cozinha com uma fatia de pizza. – “Oh , eu odeio te ver chorar” – Imitou agora com uma voz grossa.
Ri.
- Me deixa ser feliz?
- Não. – ela respondeu, e me deu a língua. – Seu modo Don Juan é muito engraçado.
- Qual o seu problema com o Niall, afinal? Ele não me contou. E olha que ele sempre me conta tudo.
se jogou ao meu lado no sofá e ligou a TV outra vez.
- Não nascemos um para o outro como o casal ternurinha aí. – Ela respondeu.
- Eu e a também passamos por momentos difíceis, . E nem por isso eu desisti. Agora, eu só quero construir algo que dure com ela.
- Legal. Fala isso pro Niall.
- Ele gosta de você, tá na cara. Mas algo o impede de falar isso e eu não sei o que é, porque ele não quer me contar.
- Nós não fomos feitos para ficar juntos, Liam. Nunca vai dar certo. Ambos somos orgulhosos, ambos somos covardes, ambos falamos as coisas sem pensar. Isso nunca daria certo. E eu tenho que me conformar com isso. Niall merece alguém melhor. – ela dizia querendo convencer a si mesma.
Dei de ombros.
- Eu discordo. Mas se vocês querem fazer do modo mais complicado, azar o de vocês. Eu já sei como essa história termina.
- Ah, é? Como? – ela perguntou.
Sorri.
- Espera pra ver. – Pisquei para ela, que me jogou uma coisa parecida com uma azeitona.
Levantei e fui para o quarto com , ela já havia terminado de se vestir e agora passava maquiagem em frente ao espelho.
- Como vão as coisas com o Louis? – ela perguntou.
- Boas, eu acho. Por quê?
- A anda meio para baixo. Acho que tem algo a ver com ele.
- O Lou é um tapado, a tá tão afim dele, e ele não percebe nada.
- Ela gosta dele há muito tempo, Liam. Ele até a fez chorar, e isso não é uma coisa fácil. Ela era uma pessoa antes dele, e se transformou completamente depois de conhece-lo.
- Sério?
- Uhum. – ela se inclinou para perto do espelho para espalhar o batom nos lábios e depois de limpar os cantos com o dedo, guardou as coisas e se virou. – Estou pronta.
- E gata. Agora vamos lá em casa rapidinho?
- Vamos.
pegou sua bolsa e fomos para meu carro, estacionado em frente à sua casa. Entramos, e dirigi até minha casa em uns quinze minutos, enquanto conversava sobre coisas quaisquer com ela pelo caminho.
Ao chegarmos lá, nós descemos e depois de duas tentativas de abrir a porta com a chave no escuro, eu desisti.
- Me dá isso aqui. – Ela riu e tirou a chave de minhas mãos. – Mas se eu abrir, ganho um beijo.
conseguiu abrir de primeira, e quando empurrou a porta para trás e ela se chocou contra o batente do outro lado, eu puxei-a pela mão e colei os nossos lábios segurando o seu rosto com as duas mãos. Ela sorriu durante o beijo. Já disse como isso era bom? Um sorriso, eu quero dizer. Vindo dela. E durante nosso beijo.
se aproximou de mim e puxou minha camiseta para perto dela enquanto dávamos alguns passos para dentro de minha casa, no breu. Assim que consegui fechar a porta com um baque, eu encostei-a na parede para poder beijá-la melhor, e minhas mãos foram automaticamente para a barra de sua camiseta, levantando-a um pouco. Tateei às cegas pela parede até achar o interruptor. Quando ele se acendeu com um clique...
- Ham... – alguém pigarreou, e nos separamos rápido olhando para o sofá de onde vinha o som. Niall estava jogado ali, com um balde de coxinhas de galinha em mãos. – Será que dá pra pelo menos esperar eu sair?
- Niall! O que está fazendo aqui, Niall? – Perguntei, sentindo meu rosto ruborizar e abaixei de novo a blusa de enquanto ela passava as mãos no cabelo.
- Não tinha comida lá em casa. – Ele deu de ombros.
estava vermelha. Ela foi para o outro sofá e se sentou ali, olhando para a TV que estava ligada no canal de lutas, colando os olhos nela para não precisar encarar Niall.
- Hum? – ele ofereceu o controle remoto para ela, que negou.
- Vou trocar de roupa. – Anunciei, e fui para meu quarto.
Coloquei uma roupa não muito social e passei um perfume e deu, estava pronto. Eu era o mais prático da banda em relação a isso.
- Vamos lá, ?
- Sim. – ela pulou do sofá em uma fração de segundos, vindo para o meu lado. – Por favor.
- Niall, não faça muita sujeira. Escove os dentes. Vá dormir cedo. Volto tarde, não me espere. – Falei.
- Sim, papai. Posso assistir os canais bloqueados? – Ele piscou algumas vezes para mim e ri, acompanhando para a porta.
Voltamos para meu carro e eu fui até aquele pub que Harry me indicou um dia desses. Era um lugar legal, até. Boa música, não muito cheio, dava para curtir. Para quem olhasse de fora, era apenas uma porta de ferro pichada no meio de um muro alto de tijolos à vista. E então, quando os dois seguranças enormes abriam a porta, a batida da musica eletrônica já podia ser ouvida e o quanto mais nos aproximávamos mais alta ela ficava, se misturando com as luzes coloridas de neon e formando aquela atmosfera de balada.
Nem bem chegamos, e várias pessoas me reconheceram, pediram fotos e autógrafos mas só atendi algumas, afinal era minha noite com . Enquanto eu atendia as fãs, ela pegou uma bebida para nós dois, e depois fomos dançar.
Balada não era nossa praia, então aquilo era bem raro, mas até que estava divertido. As músicas estavam boas, a bebida também, tinha bastante espaço e o tempo foi passando mais rápido do que o normal.

’s POV

- Eu vou no banheiro. – Tive que falar alto no ouvido de Liam para que ele escutasse. Ele se afastou e concordou com a cabeça. Dei-lhe um beijinho no rosto e fui em direção ao banheiro.
Quando entrei e a porta se fechou atrás de mim, a música ficou muito mais baixa e fiquei um pouco mais aliviada pelo silêncio. Joguei a latinha de cerveja no lixo, certa de que aquela havia sido a primeira e última da noite, ou Liam teria que me levar para casa no colo, me dar banho, e me colocar na cama. Eu não era fraca para bebida, eu era terrivelmente fraca.
Fui até a pia e liguei a torneira para lavar as mãos, e duas garotas entraram conversando alto nessa hora.
As duas pararam ao meu lado na pia, uma delas soltou a bolsinha de mão e pegou um batom nude enquanto a outra passou o dedo por debaixo do olho para tirar um pouco de seu lápis de olho que havia borrado.
- Ah, droga, eu não trouxe lápis. – Ala disse, depois de checar em sua bolsa.
Abri minha bolsa e tirei o meu dali. sempre dizia para carregar um batom, um lápis e um rímel nessas bolsinhas pequenas.
- Quer o meu?
- Ah, obrig... – seu sorriso murchou assim que pegou o lápis de minha mão e me olhou no rosto. – Ah... – ela fez um som de desapontamento por me ver. – Mayer. – disse, com um certo... nojo.
A outra garota, que parecia um pouco mais nova, ao ouvir meu nome parou o que estava fazendo e me encarou com o mesmo olhar.
- Desculpe? – falei, um pouco confusa. – vocês me conhecem?
Meu celular acelerou de repente. Era um pub, por Deus! Fãs de One Direction não iam nesses lugares. Elas iam no McDonalds.
- Ah, claro. Você tem vários apelidos. Vadia, chupa-fama...
- Amante. – a outra disse e soltou um risinho.
Eu não podia acreditar. Tudo bem que elas não gostavam de mim, mas será mesmo que elas eram capazes de ser tão rudes assim, cara a cara? Eu jurava que elas só eram assim na internet.
- Au... – tentei falar algo, mas percebi que eu não podia dizer nada. O que eu poderia responder? Como se eu fosse o tipo de pessoa que estava remotamente preparada para um momento daqueles. Eu só queria sair dali.
- Me diz como é ter quinze minutos de fama por ser a amante do Liam, ? – Ela sorriu para mim, cínica.
- Olha, eu não tenho que ouvir nenhuma de vocês. – Falei, decidida, já fechando a minha bolsa. – Vocês não me conhecem e não sabem o que estão falando.
- Querida, você não precisa se fingir de santa na nossa frente, nós sabemos que isso tudo é fachada. – A mais nova disse.
- Todo mundo sabe, tá escrito na sua cara de vadia. O Liam só é ingênuo demais para perceber.
Elas nem o conheciam! Elas pensavam, sonhavam, deliravam que o conheciam! Elas não faziam ideia de quem era o Liam de verdade!
- Vocês estão sendo muito rudes, e eu não preciso ouvir isso. – Peguei minha bolsa de cima da pia e me virei.
- Conta pra gente o segredo para fazer ele largar da Dani pra ficar com você. – Ela falou, e parei, virada de costas. – Você prometeu algo a ele?
- Garanto que é boa de cama. Não dou um mês para ele te dar um pé na bunda. – A outra disse.
Eu precisava sair dali. Logo. Mas era como aquelas cenas apreensivas de filmes de terror, você não consegue trocar o canal sem ver mais um pedaço.
- Um mês, Rach? – a garota mais velha riu do comentário da mais nova. – Dou duas semanas. O relacionamento de anos com a Dani com certeza vale muito mais a pena do que algumas noites com uma vadiazinha qualquer que ele achou nas ruas de Londres, e logo ele vai perceber isso.
Senti meus olhos queimarem e me amaldiçoei por ser tão fraca sobre criticas. Me virei para elas outra vez.
- Vocês não tem o direito de falar isso de mim! Liam me ama, e eu o amo também...
- Ah, ela vai chorar, Rach...
- Quem foi que te disse isso, ? – A mais nova, que pelo que entendi era Rachel, deu um passo à frente e chegou mais perto de mim. De repente me senti tão pequena perto delas. – Foi ele? E você acreditou? Acreditou mesmo que um dos caras mais cobiçados do mundo amaria uma coisinha insignificante como você? Baixinha, cabelo estranho, magra demais, péssimo estilo, pele manchada, baixa auto estima e muito sem sal do jeito que você é? Se enxerga, , o Liam pode ter a garota que ele quiser, e tenho certeza que enquanto está na estrada ele pega muitas garotas dez vezes melhores do que você.
- Nós conhecemos ele muito antes de você e suas amiguinhas medíocres sonharem com quem eles eram. Vocês só tiveram sorte. – A outra se aproximou. – E eu te garanto que é só uma questão de tempo até ele cansar de você e procurar por algo melhor. Você é só uma menininha. – Ela se aproximou mais e deixou meu lápis cair no chão em meus pés. – Você sempre vai ser a outra. – E falando isso com uma naturalidade absurda e um sorriso pequeno, as duas saíram do banheiro cochichando uma com a outra e eu fiquei sozinha outra vez.
Não passaram-se cinco segundos até eu desabar, e todas aquelas lágrimas que queimavam meus olhos saírem. E o pior, era que eu não conseguia achar mentira em nada do que elas disseram. E sabia que era ridículo, eu nunca pensei que fosse realmente passar por um momento desses. Eu não estava chorando por mim, por eu ser tudo aquilo que elas disseram que eu era, porque afinal eu não era bonita, eu não era estilosa, e eu sempre seria “a outra” de Liam. Mas eu aceitei isso quando eu decidi lutar para ter algo com ele. O problema era exatamente isso: ele. Ele e aquilo que estávamos tentando criar, pensando que algum dia daria certo e que algum dia as pessoas aceitariam que estávamos juntos, mas elas não iam. E ao contrário do que ele disse, tudo depende do que elas acham, porque se elas não aprovarem nosso relacionamento nunca vai dar certo. E apesar de tudo, a coisa que eu mais queria no mundo era Liam, e eu não conseguia pensar em perdê-lo como elas disseram que aconteceria.
Abaixei-me para pegar meu lápis e voltei até a pia, me olhando no espelho. Uma marca preta escorria pela minha bochecha, e a limpei com papel toalha antes de guardar o lápis na bolsa e sair do banheiro a passos largos. Eu só queria abraçá-lo e sair dali, voltar para minha casa onde eu podia tê-lo sem pensar no depois ou em coisas ruins.
Logo que saí do banheiro, porém, eu me bati com alguém e ao olhar para cima vi dois olhos grandes e castanhos me olharem com curiosidade e duas mãos segurarem meus braços.
- ?
- M-att? – minha voz falhou. – O que faz por aqui?
- Eu estou com amigos, e... você está bem? Estava chorando?
Chacoalhei minha cabeça, mas nem eu sei se foi um sim ou um não.
- O que aconteceu, ?
- Eu só... eu... eu só estava... – De repente, eu lembrei do que ela disse e comecei a chorar outra vez. Do nada. Me senti tão patética.
- Ei, ei, calma... Vem, vamos sentar, tomar uma água.
Eu precisava encontrar Liam, mas deixei que Matthew me abraçasse e me levasse até o bar, me sentando em um dos bancos e sentando no do lado.
- Uma água, por favor. – Ele pediu para o barman, que trouxe uma garrafinha de água mineral.
- Bebe um pouco, vai ajudar. – Ele a abriu e a ofereceu para mim.
Tomei dois goles e tentei me controlar melhor.
- O que foi que aconteceu?
- Eu... vim com o Liam, o... meu namorado. – me perguntei se isso estava certo, mas ele assentiu para que eu continuasse. – e as fãs dele, as... as fãs dele, elas... me...
- ? – Era ele. Me virei para trás e vi Liam parado há uns dois passos de nós, e só então percebi que Matthew estava mais perto de mim do que o necessário. Me afastei subitamente, tão aliviada por vê-lo.
- Liam...
- O que aconteceu? Eu te procurei por toda parte. Você estava chorando?
- Eu fui no banheiro, e...
- Suas fãs atacaram a sua namorada, cara. – Matt disse.
- E você é...?
- Esse é Matthew, meu colega de serviço. – Expliquei.
- Certo, Matthew. Obrigado por cuidar dela, mas agora eu já estou aqui. – Ele se aproximou e disse.
Matt se levantou e chegou perto dele.
- É bom que cuide melhor do que tem, ou vai acabar perdendo, dude. – Ele disse, antes de dar dois tapinhas no ombro de Liam e se virar para mim. – Até segunda, . Fica bem.
Assenti e ele se afastou.
Liam ficou parado no lugar por um tempo, olhando para o nada. Era muita coisa acontecendo, e eu nem sabia por onde começar a processar.
- O que aconteceu? – ele me perguntou, depois de um tempo.
- Umas garotas... me falaram umas coisas, no banheiro. – Falei, baixinho. Eu não queria ter que ir correndo contar para Liam toda vez que as fãs dele me atacavam, isso só pioraria as coisas.
Ele me puxou pelo braço para que eu ficasse de pé e me abraçou forte.
- Eu sinto muito... muito mesmo. Elas te machucaram? Quer sair daqui?
Fiz que sim com a cabeça.
Acabamos voltando para a sua casa e deitando com roupa de festa e tudo na sua cama, no escuro, de madrugada, enquanto passava as mãos nos meus cabelos e eu tentava controlar meus soluços. Eu não chorava mais, agora. Mas os soluços ainda restavam. E à medida que eu fui pegando no sono, eles foram parando...



Capítulo 14

I took my love down to violet hill
There we sat in snow
All that time she was silent still
Said if you love me won't you let me know?
If you love me why’d you let me go?

Louis’ POV

- Obrigado. – falei entre um bocejo na manhã de domingo, pegando uma xícara de café das mãos quentinhas de . – Estou precisando.
- Você me acordou. – Ela se jogou no sofá ao meu lado, botou os pés em cima e colocou seus joelhos dentro de seu moletom largo antes de pegar sua xícara de café.
- Não faz isso, você vai alargar mais ainda o moletom.
- Como acha que ele ficou desse tamanho? – Ela riu. – Você ainda não me disse porque me acordou tão cedo num domingo. – Ela tomou um gole do café e deitou a cabeça em meu ombro.
- Para poder te dar mais umas horas de aproveitar minha companhia incrível.
- Ui, senhor incrível.
- Por que tem gente acordado no meio da madrugada? – reclamou, choramingando quando apareceu na sala toda escabelada e com pijama.
- Bom dia! – gritei. – Tudo bem?
- Não, eu não tive minhas doze horas diárias de sono.
- Como essas crianças estão desacostumadas. – Comentei, e concordou.
voltou para a sala com uma tigela de cereal com leite ao mesmo tempo em que Liam e entraram em casa de mãos dadas.
- Bom dia... – eles disseram.
- Bom dia. – respondemos.
- A tá em casa? – perguntou.
- É claro que não.
- E a ?
- Saiu para os ensaios.
concordou com a cabeça.
- Então somos só nós?
- É...
- Que tal fazermos um almoço? – perguntei, animado.
- É uma boa, podemos reunir todo mundo, não fizemos isso desde a festa da , praticamente... – Liam concordou.
- Ok, mas agora nós vamos ficar sentados no sofá assistindo Phineas e Ferb e curtindo a preguiça. – concluiu, levantando o volume da TV e se virando mais para mim, deitando a cabeça em meu peito e me fazendo de travesseiro. Eu só fiquei imóvel, não sabia o que fazer. Deixei que ela se aproximasse e fizesse o que quiser, eu gostava do jeito da de não ligar para o que eu pensaria das atitudes dela e fazer o que ela bem sentia vontade.
Nós ficamos assistindo TV sem falar nada até a preguiça passar, e quando já era nove e meia da manhã, decidimos começar a preparar as coisas para o almoço.
- Ok, vocês ligam para todo mundo e chamem para almoçar, eu e vamos no mercado comprar o que falta. – disse.
Esperei trocar de roupa e fomos para o mercado. Era perto dali, então fomos a pé mesmo. Tanto por isso quanto porque o carro de Liam estava bloqueando a saída do meu e eu estava com preguiça de esperar ele tirar o dele.
- Uma cor, . – perguntei, enquanto andávamos pela rua até ao mercado.
- Hum... azul. E você?
- Laranja. Uma palavra?
- Louis. – ela me olhou e sorriu, eu sorri de volta. – Você?
- , né. Você me obrigou. – revirei os olhos e ela riu. – Um animal?
- Ah, essa é fácil! Louis.
Empurrei-a de leve e ela riu, e me empurrou também.
- Olha, um pássaro morto! – falei olhando para cima e ela olhou também. Comecei a rir. – Vocês sempre caem!
- Idiota! – ela me empurrou de novo, rindo.
- Sabe, , aquele dia da formatura... foi uma loucura termos nos beijado. – Olhei para ela de canto de olho, e ela pareceu um pouco surpresa. – né?
Ela me olhou por um tempo, parecendo saber de algo que eu não sabia.
- É... claro.
- Afinal, somos amigos e... – ri. – Mas foi só um beijo, isso não significa nada. Estávamos bêbados.
- Bêbados. – ela assentiu.
- E isso não muda nossos sentimentos, né?
- Pode crer que não. – murmurou.
- Ótimo.
Continuamos andando em silêncio por um tempo, mas como eu odiava silêncio, logo tratei de fazer uma pergunta besta como eu sempre fazia:
- Me conta seu último sonho?
Ela franziu o cenho.
- Na verdade, esses dias eu sonhei que éramos namorados.
Parei de sorrir e olhei para ela, surpreso. Ela me encarou com naturalidade.
- Era brincadeira! – ela começou a rir e me empurrou pela terceira vez. – Vocês sempre caem. – imitou o que eu havia dito antes e eu ri.
- Certo, me pegou.
- Pois é... – ela disse, parando de rir aos poucos.
Chegamos no mercado e compramos tudo aquilo que precisaríamos para fazer o churrasco que estávamos planejando. Liam disse que sabia fazer, eu duvidava, mas...
Depois de pegar tudo que era necessário, nós dividimos as sacolas – sendo que as mais pesadas vieram para mim – e saímos de lá.
- Ok, minha vez. – ela parou de andar no meio da calçada e parei também, abrindo a boca e esperando que ela jogasse o M&M. pegou uma das bolinhas e mirou na minha boca, para acertar em cheio no meu olho.
- Ai! – gritei.
- Desculpa. – ela riu.
Peguei um punhado de bolinhas e joguei todas nela, fazendo umas pegarem no nariz e outras na testa, e algumas dentro da boca.
- Ai, Louis! – ela riu, desgrudando uma do cabelo.
Uma fã me parou antes de chegarmos em casa, e enquanto eu assinava seu caderno ela perguntou se éramos namorados. Falei que não depois de trocar um olhar engraçado com , e a menina disse que parecíamos.
- Você sempre carrega ela nas costas quando saem juntos, tem várias fotos. É muito fofo! – Ela riu, e agradeceu depois de tirar uma foto conosco, se afastando.
- Bom... tradição é tradição! – soltei minhas sacolas no chão e parei agachado na frente de . – , sobe aí.
Ela soltou suas sacolas também e subiu em minhas costas, puxando um pouco meus cabelos.
- Ai, ai, ai! – reclamei.
- Shiu, cavalo não fala. – Me deu um tapa na boca.
- Mas empina, quer ver? – joguei-a para trás e ela se agarrou no meu pescoço para não cair, quase me enforcando. – Ok, desce. Você é muito bruta, vai acabar me matando.
pulou para o chão e pegou as suas sacolas, recomeçando a andar.
- Lou, me paga uma maçã do amor. – assentiu com o queixo para umas barraquinhas na pracinha do outro lado da rua, onde algum tipo de evento público acontecia, porque havia brinquedos infláveis e palhaços e balões. – Estou com vontade.
- Claro. – Dei de ombros, pegando as sacolas de novo e indo até lá com ela.
Pedi para o senhor uma das maçãs e deixei o dinheiro em cima do balcão, me virando para e entregando-a a ela.
- Obrigada.
Caminhamos entre os pirralhos que corriam de um lado para outro e segui até um banco debaixo de uma árvore enorme.
Ela encostou a maçã em minha bochecha de propósito e eu fiz careta para ela. riu.
- O quê?
- Seu cabelo. – ela se aproximou um pouco para arrumar meus cabelos, puxando-os um pouco para o lado e passando os dedos entre eles.
- Valeu.
- Hum... sabe. – ela terminou de engolir um pedaço da maçã e olhou para mim. – É claro que um beijo não mudaria nossa amizade, né?
- É, claro. – dei de ombros.
- Porque, tipo, é só um beijo. Nada demais. Né?
- É. Você continua sendo só a minha amiga .
Ela assentiu.
- Então, tipo, não seria nada demais se fizéssemos de novo, né?
- Oi? – perguntei, um pouco surpreso. – Se fizéssemos o quê?
- Se a gente se beijasse, Lou.
- Mas... por que faríamos isso?
Ela deu de ombros, com descaso, mordendo a maçã de novo.
- Porque somos amigos.
Eu franzi o cenho. Não encontrei nenhum sinal de lógica no que ela disse.
- É, somos amigos. – assenti, tentando seguir sua linha de raciocínio. – E...?
- E que a gente podia, sei lá, só experimentar. Porque eu não lembro de nada daquela noite na festa, eu estava tão bêbada que ainda não descobri como fomos parar no museu. – hesitou quando viu minha expressão confusa, e continuou. – Qual é, eu não fico com ninguém decente há uns dois anos, e você, olha só para você, não beija ninguém desde que terminou com a Eleanor. Ela seguiu em frente, e você...
- Tá, tá. – fiz um sinal com a mão para que ela parasse de falar disso, e ela riu. Só sabia como falar de Eleanor me afetava, e acho que ela sabia que esse era meu ponto fraco. – Só para, tipo, avaliar?
- Tipo. – ela concordou. – assim, só para ver se a gente ainda... – ela franziu o cenho procurando uma expressão. – Manda bem.
- Tudo bem, eu acho. – assenti também.
- Tá?
- Tá. – fiz que sim de novo.
- Ok, então, hum... eu vou... – ela soltou a maçã em cima de uma das sacolas e levantou as mãos. – Me aproximar, e...
- Tá. – era tudo que eu conseguia dizer, e balançar a cabeça.
pegou seus cabelos e jogou-os para cima de um ombro só, e se apoiou nos joelhos, se aproximando devagar. Ela olhava seguidamente para meus olhos e depois para meus lábios, e ficava alternando o olhar assim como que para checar se estava tudo bem. Eu só fiquei parado no mesmo lugar esperando, porque não sabia muito bem como agir. Não sabia como ela conseguia fazer meu corpo paralisar sem um motivo aparente.
Quando se aproximou o suficiente, eu fechei meus olhos e só esperei acontecer. E quando os lábios dela tocaram nos meus, foi uma coisa tão boa e natural. Eram macios e tinham gosto de caramelo, obviamente por causa da maçã do amor, mas era como... um pedacinho do céu.
Assim que a boca dela encostou na minha, meus instintos se lembraram de como se age em um momento desses, e minhas mãos foram direto para o seu rosto. Uma delas apoiou seu queixo com um dedo, e a outra acariciou seu cabelo. beijava tão bem... era natural, como se nós dois já soubéssemos o que fazer, e eu queria que durasse por muito tempo. Era como se ela já me conhecesse há séculos.
Senti até uma pontinha de tristeza logo que precisamos nos afastar para respirar. Ela se sentou ereta no banco outra vez, pegou sua maçã e olhou para longe. Não esboçava expressão alguma. E tudo que consegui foi pensar em como eu não tinha visto antes que tinha uma garota tão incrível.
Senti vontade de sorrir, mas me contive. Porque, literalmente, fez Eleanor virar página virada apenas com um beijo.

Zayn’s POV

- Vamos logo, Niall. – suspirei na porta da casa de Niall, batendo o pé no chão e esperando pacientemente que ele saísse de lá de dentro.
Levei o cigarro que estava no vão dos meus dedos à boca e dei outra tragada, soltando a fumaça com calma, e olhando para um ponto qualquer na porta sem de fato prender minha atenção ali.
Argh, odiava a sensação de se sentir vazio. Mas era exatamente assim que eu me sentia na maior parte do tempo. Suspirei outra vez, e Niall abriu a porta nessa hora.
- Pronto.
- Vamos logo, então. – fui para o carro e ele entrou no banco do carona.
- Pensei que íamos com o Harry e a .
- É quase meio dia, eles devem estar se comendo. – falei, com descaso.
Niall riu.
Fomos até a casa das meninas em silêncio, com o rádio ligado em um jogo de futebol que não tinha a mínima importância para nenhum de nós, e quando chegamos lá os carros de Louis e Liam já estavam ocupando a frente da casa.
Estacionei na frente da casa de pedra ao lado da delas, cujo dono nunca vi o rosto, nem sei se alguém morava ali. Nós descemos e ajudei o Niall com as latas de cerveja que ele ficou encarregado de levar. Niall era o último de nós cinco que alguém julgaria ter um estoque de cerveja na geladeira, mas ele era o único que tinha.
- Ei, bonitão! – abriu a porta para mim, sorrindo.
Vi seu sorriso desaparecer assim que a porta se abriu um pouco mais e ela pode ver Niall ao meu lado.
- Ei, . – falei.
Ela deu espaço para que entrássemos e eu entrei.
- Niall. – ela cumprimentou.
- . – ele fez o mesmo, e logo foi para a cozinha.
- E você, gatinho, como está? – passou os braços por meus ombros e perguntou.
- Melhor agora que você me elogiou duas vezes em menos de um minuto.
Ela riu.
- Você parece meio... pra baixo.
- O que você esperava? – lancei-lhe um olhar significativo e ela assentiu, demonstrando que entendia do que eu estava falando.
- Não fica assim não, você fica melhor sorrindo. – puxou minha cabeça para baixo e me deu um beijo na bochecha.
Depois, ela me soltou e cutucou minha barriga.
- Sorri!
Abri um sorriso meio forçado.
- Melhor do que nada. – ela deu de ombros.
Me sentei no sofá. estava sentada no outro falando ao telefone, e tentava entender a conversa dela com seja lá quem for.
- Bota no viva voz. – pediu e o fez.
- Meu Deus, Harry, será que eu tenho que te ensinar a como cuidar da sua namorada?
- Eu nunca precisei cuidar de ninguém além de mim antes, qual é, dá uma força. – Ouvi Harry pedir.
- Nem de você, você cuidava! – Louis se meteu, da porta da cozinha. – A mamãe lavava até suas cuecas!
- Ele não sabe cuidar nem dele, mesmo. – me meti no assunto.
- Então, ? – Harry nos ignorou e voltou a falar com .
- Ok, hum... o que ela tem mesmo?
- Ela acordou bem, mas depois do café vomitou e ficou um pouco tonta.
- Enjoo matinal, é? – ela lançou um olhar significativo para . Me senti fora do assunto, porque não entendi. – Ok, eu vou te dar o nome de um remédio e você liga para a farmácia e pede. Mas pede para mandarem para cá, e venham almoçar aqui.
- Tá, tudo bem. Espera... O que, amor? – disse alguma coisa ao longe. – mandou você calar a boca, .
- Tudo bem com você. Zayn? – chamou, enquanto dava o nome do remédio para ele.
- Hã? Ah, sim... tudo, e com você?
- Tudo perfeito. – Ela abriu-me um sorriso grande e pela segunda vez naquele minuto senti que estava perdendo algo.
Retribui o sorriso mesmo assim e me levantei.
- Vou ao banheiro.
Quando cheguei à porta do banheiro, no corredor, parei um pouco ao ouvir a voz de vinda do quarto dela. Eu sabia que ficar espiando ela pelos cantos não era um bom modo de seguir em frente, mas não podia evitar, então fui até a porta que estava com um vão aberto e parei ali. Ela ria de algo e eu não podia vê-la.
- Não, Jeremy!
- Mas, , é o parágrafo oito!
- Eu estou no sete.
- Ah, tudo bem então.
- Do começo.
Houve silêncio por um segundo.
- Ok, mas... ah, o sete, é... a parte que... ah, achei! Mas o que a gente faz agora?
- A gente se beija. – A voz dela respondeu, e dei um passo para trás automaticamente.
falou sério quando disse para seguirmos em frente. Ela estava se saindo bem nisso.
De repente me senti incapaz de continuar ali. Tudo bem, eu era um idiota, patético e não conseguia seguir em frente. E eu aceitava isso. Não havia nada que eu pudesse fazer para mudar. E, para ser sincero, eu não queria mudar. Tudo que eu queria era continuar na fossa, curtindo minha infelicidade com gosto.
Andei a passos largos até a porta de entrada, eu não queria ter que explicar nada, só queria sair e ficar sozinho.
- Ei, ei, ei, ei! – Era . Ela segurou meu braço e parou na minha frente. – O que está fazendo?
- Saindo.
- Zayn, o que houve?
- Nada, eu só quero ir embora.
- De uma hora para outra assim?
- , eu não quero ter que falar, só me deixa. – Pedi, e puxei meu braço.
- Tudo bem, não precisa falar. Só fica. Se excluindo as coisas nunca vão melhorar.
- Eu não quero que melhorem. – revirei os olhos.
- Todo mundo quer. Anda, vai. Fica aqui um pouco. Pelo menos almoça, e aí eu te deixo em paz.
Olhei para ela e percebi que eu não ganharia aquela tão cedo. Bufei.
- Tá.
- Ótimo. – ela bateu uma mão na outra.

’s POV

- Oi! – A porta se abriu e e Harry entraram.
- Chegaram na hora, a comida está pronta. – avisei. – E fui eu que fiz.
- Tem certeza que é seguro? – Harry perguntou.
Joguei-o um pano de prato no rosto.
- Estou morrendo de fome! – chegou na cozinha falando.
- Nem cumprimenta mais? – choramingou para ela, e ganhou um beijinho no rosto.
pegou um prato e se serviu, e os outros fizeram o mesmo.
- , o que...? – pegou os cabelos de e colocou-os em cima do ombro dela, vendo sua tatuagem. Comecei a rir.
- Ela vai pirar.
- Você fez uma tatuagem?!
- Não... – sentou em uma cadeira e tomou um gole de sua água, disfarçada. – Antes que pergunte, o pai já sabe.
- E ele não te matou?
- Não, ele ficou de boa.
- Ai! – Harry reclamou quando levou um tapa no braço.
- Viu o que você fez ela fazer?
- Eu? Eu não fiz nada! Foi ela que pediu!
- Qual é o problema, eu tenho tatuagens. – Liam deu de ombros.
- É que tatuagens são coisa séria, um dia você pode não querer mais aquilo e não tem como tirar.
- Eu gostei da minha, não me arrependo. – disse.
- E a próxima sou eu! – Falei no ouvido de Harry e ele assentiu.
- Que comida ótima, quem foi que fez? – Niall perguntou, e fingi que não ouvi até alguém responder para mim.
- Foi a . – disse. – Ela está aprendendo a cozinhar muito bem.
- Está mesmo! – Louis comentou.
- Ou estamos todos com fome. – Harry deu de ombros.
- Se alguém disser que já posso casar, eu mato. – Avisei. – Estou aprendendo a cozinhar para mim! – Disse, e eles riram. – Cansei de passar fome.
- E aí, , melhorou? – Niall voltou a falar. – As meninas disseram que você estava mal.
- Já passou, acho que foi porque ontem de madrugada estávamos comendo sorvete.
- É, ou... – começou a falar, mas foi interrompida.
- Hum, que comida boa! – Harry disse de boca cheia. – Como é que você fez, ?
- Ah, eu segui a receita. – dei de ombros.
- , você não... – começou outra vez.
- Então, eu falei com o Ed. O Sheeran, sabe. – Harry cortou-a de novo.
- Que moleque chato! – reclamou e pegou seu prato, indo para a sala seguida de Liam que ria.
- O que tem o Ed, amor? – perguntou.
- Ah, ele disse que adorou tocar na formatura de vocês, e que quer conhecer todas vocês melhor depois.
- Você pode convidar ele para vir aqui! – pediu, animada.
- Quem? – o seu amigo, acho que era Jeremy, perguntou, meio perdido.
- Ed Sheeran.
- Ah, vocês todos são famosos, né? – ele olhou para os meninos.
- Digamos. – Niall concordou. – É você não me é estranho.
- Provavelmente vocês já me viram quando eu era criança, no...
- Peter Pan! Certo? – Louis apontou para ele. – você é Jeremy Sumpter! ! Ele é o Peter Pan! – Louis arregalou os olhos, incrédulo.
- Esse mesmo. – ele riu.
- E que esse ícone da minha infância está fazendo aqui na casa de vocês? – Lou perguntou.
- Hum, ele é amigo da . Está ajudando ela no roteiro da série.
Zayn soltou uma risada cheia de escárnio no canto da mesa e todos olharam para ele. Ele olhou para todos, e depois baixou a cabeça de novo, voltando a mexer em sua comida sem de fato comer nada.
Um silêncio meio pesado se instalou no lugar, e suspirou.
- Então... – disse.
- É... - continuei.
- A comida está muito boa, . – Jeremy disse.
- Eu sou a . – sorri para ele.
- Ah, desculpa. São muitos nomes para lembrar. – ele sorriu de volta.
- Tudo bem. Com o tempo você acostuma – sorri.
- No começo é difícil, mas em uma semana você vai se apaixonar perdidamente por cada uma delas de um jeito diferente, dude. – Louis falou. – Experiência própria.
- Você é tão fofo! – disse e riu.
- Quais são os planos para hoje? – Niall perguntou.
- A gente podia... – Harry começou, mas chutei sua canela por debaixo da mesa.
- Você já tem compromisso.
- Estou perdendo algo? – perguntou.
- Não, você vai junto.
- Eu tenho que ver meu pai. Combinei com ele, eu e a . Ela vai levar o Liam.
- E eu, não vou conhecer ele não? – Harry perguntou.
- Um de cada vez, por favor. Desse jeito ele vai ter outro ataque do coração antes da hora.
- Mas por que o Liam primeiro? Eu tenho a prioridade, eu fui o primeiro, e...
- Você não está mesmo falando sério, né? – perguntou, olhando séria para ele. – Quantos anos você tem?
Harry baixou a cabeça e voltou a comer, eu ri.
- De qualquer jeito, eu preciso fazer algo hoje. – Louis disse. – Não quero voltar para casa nem para dormir.
- A gente pode ir lá para casa. – deu a ideia e olhei para os dois e depois para o resto das pessoas na mesa para trocar olhares cúmplices. ergueu a cabeça e nos encarou. – Todos nós.
- Mas fazer o quê?
- Ah, a gente pode botar uma lona no seu gramado, jogar sabão e escorregar! – dei a ideia.
Todo mundo se olhou. Dois segundos depois, começaram a rir.
- O quê? Foi sério. A gente já fez isso uma vez, e foi divertido...
- Quando tínhamos 14 anos. – concluiu.
- Isso é detalhe.
- Ou a gente podia jogar verdade ou desafio. – Zayn falou baixinho e revirou os olhos.
- É! – Louis concordou.
- É, é uma boa. – Niall também assentiu.
- Gostei, é divertido. – e Harry concordaram.
Ele olhou para todos de volta.
- Foi uma brincadeira... – murmurou.
- Ok, então todos fazemos o que temos que fazer e de noite nós nos encontramos na minha casa, pode ser? – perguntou.
Todo mundo concordou.
- Você vai, Jeremy? – ela perguntou.
- Hum, seria legal. – ele assentiu. – Obrigado pelo convite.
- Imagina, vai ser legal ter você lá.
Zayn se levantou subitamente.
- Eu vou embora. A comida estava ótima, .
Olhei para seu prato, com a comida intocada.
- Hã... tá.
- Já vai? – perguntou.
- É, eu estou com dor de cabeça, e... mais tarde a gente se vê.
- Então você vai na nossa festinha? – perguntou, com uma expressão esperançosa.
Zayn hesitou. Mas olhando para aquela carinha de anjo, não tinha como recusar. Ele acabou dizendo que sim.
- Ótimo! Então até de noite.
Ele assentiu e foi para a sala.
- Tem que levar algo? – Jeremy perguntou.
Todo mundo riu.
- Se você conhecesse a casa dela não perguntaria isso. – Harry disse.
- Harry, para! Todos vocês! O que tem a minha casa ser grande?
- Grande? Ela é do tamanho do palácio de Buckingham! – Niall falou.
- É – o Louis riu. – até parece que...
ergueu sua faca para ele e ele parou de falar aos poucos.
- Não precisa levar nada, Jeremy. – expliquei ao novato no grupo.
- É, eu peço para entregarem salgadinhos e, hum, pode ser comida chinesa? Se quiserem, também peço algo do Mc, e meu pai tem um estoque de bebidas que... – ela olhou para todos e revirou os olhos. – eu cuido de tudo.

Harry’s POV

- Harry... – me chamou, quando dei a volta no carro e parei em frente à porta do estúdio.
Olhei para trás e ela havia aberto a porta, mas ainda estava de cinto.
- Tô presa!
Ri e voltei para ajudar.
- Tenho que mandar arrumar. – falei, me curvando para chegar mais perto do negócio onde o cinto vai preso. Apertei com força e puxei para desemperrar o botão e soltar . – fica presa nesse negocio todo dia.
- Não é muito confortável. – ela saiu do carro e fechei a porta, enquanto ia até a porta do estúdio.
Fui até lá também e empurrei a porta, ouvindo o sino tocar quando entrei. Vi Tony no balcão e ia ir até lá para cumprimentá-lo, mas antes olhei para trás.
- O que aconteceu? – perguntei, voltando atrás quando vi que havia parado.
- Dói muito?
Sorri. Eu seria suspeito em falar, já fiz tantas que nem sentia mais. Era até bom agora, a dor.
- Ah, um pouco. É tipo... tipo uma vacina, só que constante. – fiz uma careta e gesticulei, tentando explicar. – Depende do local. Onde você quer tatuar?
Ela encostou a mão no lado do corpo, na costela perto do peito. Cocei a cabeça. É, costela... ela vai sofrer.
- Ah, já sei. Vai doer muito, né. - Ela passou as mãos nos rosto e depois juntou-as na frente do corpo.
- Não, não vai. – ok, isso foi em parte mentira. – Talvez um pouco. Mas não é insuportável, . Qual é, a fez. Se ela fez, você também faz. E outra coisa, se for fazer uma tatuagem, é melhor fazer a que quiser, independente de tamanho ou lugar. Vai ficar em você pra sempre.
Ela ainda tinha uma cara incerta.
- Vai desistir? – ergui uma sobrancelha. Ela me fez uma careta. – Eu seguro a sua mão se você quiser. – propus.
- Segura? – fez cara de anjinho e voz de bebê.
- Sim. – ri.
- Então tá.
Peguei a mão dela e fui até o balcão.
- E aí, Tony.
- Harry, mais uma?
Olhei confuso para e só depois entendi que ele estava falando das tatuagens, e não dela.
- Ah, não, dessa vez não é para mim.
- Então a moça quer uma tatuagem? – ele puxou a cortina que cobria a porta de trás do balcão e Chris apareceu ali. – Chris, o que acha?
Christian olhou bem para e assentiu nos chamando.
- Vamos. – coloquei a mão em suas costas e a guiei para dentro da sala dele.
- Já sabe que tatuagem quer? – Ele perguntou, esterilizando algumas agulhas virado de costas para mim.
- Uma pena. Aqui. – apontou de novo para o lugar onde queria.
- Tenho desenhos de penas aqui... – ele procurou em suas gavetas e tirou uma as pastas com os modelos de dentro dela. Jogou-a no colo da e ela abriu-a, olhando cada uma com interesse.
- É essa. – Ela ergueu o desenho de uma pena meio dobrada como se estivesse voando no vento, com mais ou menos uns doze ou quinze centímetros de comprimento. Era um tamanho um pouco grande para uma primeira tatuagem. era corajosa.
- Você sabe que vai ter que tirar a blusa, não é?
- É claro que eu sei, a tatuagem fica bem no lugar onde o sutiã pega. – ela revirou os olhos e se virou de costas, tirando a blusa e largando-a em cima do banco onde estava sentada.
Olhei para Chris e ele olhou para mim e nos encaramos com as sobrancelhas erguidas.
- Não precisa ter vergonha, viu. – ele disse para ela. – Já vi coisas que você não pode imaginar. Tem gente que gosta de tatuar em lugares bem inusitados.
- Não estou com vergonha, tenho certeza absoluta que os dois já viram peitos. – Ela riu e tirou o sutiã. Depois, se virou – cobrindo os peitos com as mãos, é, esse é um detalhe importante – e olhou para nós dois. – e então?
- Hum, senta... ali... – Chris apontou para a mesa onde eram feitas as tatuagens e ela sentou.
Chris pegou a máquina e a arrumou do devido jeito, colocou a tinta preta e pegou os equipamentos necessários. Eu peguei um banco e sentei do lado da mesa, e peguei a mão livre dela.
- Se soltar, eu te bato.
Ri. Assenti para ela, eu não ia soltar.
Chris marcou o desenho na pele de com o papel, e depois ligou a máquina e fechou os olhos e mordeu os lábios. A primeira sensação de uma agulha furando sua pele milhares de vezes por segundo não é muito agradável, mas com o tempo você se acostuma.
No começo, eu não pude sentir meus dedos, mas à medida que ela ia se acostumando, foi desapertando um pouco minha mão e relaxou.
Geralmente a melhor amiga da sua namorada te odeia ou te ama. No nosso caso, era um meio termo. Não tinha como odiar , e ela era uma pessoa muito sociável, eu podia sentir uma amizade crescendo entre nós quase como se fosse visível ali, enquanto eu segurava sua mão.
Depois de uma hora e meia, a tatuagem ficou pronta, com um sombreado incrível. Então, ele colocou um plástico fino em cima da pele dela e ficamos esperando do lado de fora enquanto ela colocava as roupas.
Meu celular vibrou em meu bolso e quando vi o nome no visor atendi antes que minha demora fosse motivo suficiente para outra briga.
- Até que demorou. – falei, ao atender.
- Cadê você?
- Estou saindo do estúdio com a . Por quê?
- Já está na hora de ir para a , Harry.
- Eu sou seu motorista, por acaso? – eu juro que falei na maior inocência, mas descobri que mulheres na TPM não sabem brincar. vive na TPM.
- Deixa pra lá.
- Ah, garota, espera, já estamos chegando.
Ela não respondeu. Mas acho que eu deveria levar o jeito como ela desligou na minha cara como resposta. Guardei o celular outra vez e saiu da sala.
- Vamos?
Assenti. Dei tchau para os caras e nós entramos no carro.
- Por que é que você e a vivem brigando?
Dei de ombros, dando partida no carro.
- Acho que isso excita ela. Só pode, porque eu juro por Deus que é ela quem começa.
riu e balançou a cabeça.
- Garanto que te excita.
- Você não faz ideia do quanto.
- Vocês me dão nojo! – ela riu e me empurrou um pouco.
- Para – ri. – Vai dizer que brigar com o Niall não te excita?
- Só brigamos uma vez, Harry. E não foi a coisa mais sexy do mundo. – ela fez uma careta. Depois, sorriu. – Se bem que...
- O quê? – Abri um sorriso malicioso para ela. – Viu...
me olhou e deu de ombros.
- Eu poderia ter acabado aquela briga dando um beijo nele. Vontade e oportunidades não me faltaram.
- Então por que não fez, ? – perguntei, indignado.
- Sei lá, Harry. Medo, eu acho.
- Mas medo do quê? Se você agarrasse ele eu garanto que a noite teria acabado bem mais interessante, vocês...
- Nós não somos você e a . – me cortou.
Fiquei quieto olhando para a rua até ela prosseguir.
- Mas como eu não fiz nada, continuamos brigados.
- Eu sei que as coisas vão se ajeitar. – olhei para ela e tentei lançar um sorriso amigo. Não sei se saiu do jeito correto.

Liam’s POV

- Não foi tão mal.
- Não? Não foi tão mal?! – Olhei para ela. – Não, ? Ele perguntou porque eu fiz o mundo todo te odiar.
Ela suspirou.
- Não foi bem assim. Ele não usou essas palavras.
- Ele me odeia. – concluí.
- Para, Liam. Eu tenho que aguentar milhões de meninas me odiando por sua causa e não piro desse jeito.
- Nenhuma delas é meu pai.
- Garanto que sua mãe também prefere a Danielle. Maldito momento em que você resolveu se apaixonar por mim.
Desviei o olhar da janela e olhei para por um tempo. Ela estava dirigindo porque eu estava emocionalmente instável para fazê-lo. Ela também desviou o olhar da rua para me olhar.
- Ah, admite que isso fez nossa vida muito mais complicada. Não deveria ser tão difícil duas pessoas que se amam ficarem juntas.
- Isso tudo porque eu sou famoso... – suspirei. – queria poder mudar isso. Pelo menos um pouco. Eu me sinto culpado.
- Tudo bem, eu seguro a barra. Mas é tudo por você, Liam. – ela me encarou nos olhos e falou sério. – Eu faço tudo isso por você. Preciso ter a certeza de que você está ao meu lado sempre.
- Você sabe que eu estou. – peguei sua mão que não segurava o volante. – Sempre.
Eu entendia que aquilo que estávamos tendo não era o curso natural das coisas. As pessoas deveriam poder se conhecer melhor, começar aos poucos, começar a nutrir o sentimento aos poucos, ter toda a ação da conquista, como um verdadeiro relacionamento começa. Mas eu e não podíamos. Nenhum de nós da banda poderíamos, porque éramos famosos, e uma série de fatores impedia. Eu e , isso que nós tínhamos, era como um grande teste para descobrir se existia mesmo o sentimento. Nós precisávamos aprender juntos a passar por tudo aquilo. Sempre, sempre juntos. Eu precisava dela tanto quanto ela precisava de mim. Sem apoio dos dois lados, sem que aquilo fosse realmente o que queríamos para nós, não era possível seguir em frente.
Às vezes eu olhava para ela, e tudo que via era que ela estava presa a mim. Que eu a impedia de viver a vida, porque estando comigo, automaticamente nem sair na rua em paz ela podia. E eu mudei tanto sua vida de uma hora para outra, era tão boa e agia tão bem quanto a isso, mas por dentro eu sabia que ela não estava bem. Às vezes eu não era o suficiente para ajudá-la a passar por tudo isso. Era difícil, muito difícil. Mas eu não conseguia deixá-la livre de mim, era egoísta demais para isso.
- Um dia isso vai melhorar, .
- O quê? – ela me olhou de canto e depois voltou a olhar para frente.
- Nós dois. Isso que nós temos. Eu sinto muito por não poder te dar um relacionamento de verdade, desde o começo, com tudo que temos direito. Mas um dia isso vai melhorar. Eu sei que vai.
- Deixa disso, estamos indo muito bem.
- Você sabe que eu não acredito nessa sua postura de que está tudo bem sempre, né?
- Se quer facilitar a minha vida, comece a acreditar. – ela riu.
Balancei a cabeça e ri, disposto a deixar esse assunto de lado por um tempo. O celular dela tocou e ela olhou-o.
- Pode atender para mim?
Assenti e peguei o aparelho.
- Alô?
- Oi, Liam? É a .
- Oi.
- Vocês já vão para a ?
- Eu não sei... vocês já vão?
- Sim, nós ligamos para perguntar se ela precisa que levemos algo, mas ela disse que não.
- Tá, então acho que a gente se encontra lá.
- Ok, mas a e a precisam de uma carona.
- Tá, a gente passa para pegar elas.
- Ok, o Niall e o Zayn... a casa é sua e eu que tenho que saber onde você larga a chave do carro? – ela gritou para Harry e eu ri. – O Niall e o Zayn vão com o Louis.
- Ok, até mais.
- Até. Tchau.
Desliguei e me olhou.
- Precisamos pegar a e a para levarmos para a .

Niall’s POV

As entradas da casa de sempre me surpreendiam. É claro que eu só havia ido ali uma vez, mas acontece que foi em uma das melhores noites da minha vida, e não tinha como esquecer de cada detalhe daquele lugar. E aí vai um detalhe importante: é absurdamente enorme.
Enquanto Louis dirigia o carro pelos grandes portões de ferro que se encontravam abertos, passando pelo gramado enorme e deixando o carro perto da casa em um estacionamento pequeno junto com os outros cinco carros – um de Liam, um de Harry, um de e os outros dois provavelmente da casa. – e uma moto, que presumi que fosse de Jeremy, já que ela também estava na casa das meninas hoje mais cedo.
Eu especialmente não tinha nada contra o cara. Mas, você sabe, meu melhor amigo não vai muito com a fuça dele e eu me sinto na obrigação de odiá-lo também. Olhei para Zayn, no banco do carona, sempre com o olhar meio vago, perdido. Só depois que saiu da vida dele que eu percebi o quanto ele era melhor estando com ela. Não uma pessoa melhor, mas... ela o fazia bem. Muito bem. Zayn não conseguia mais ser o cara que soltava piadas idiotas e fazia todos rirem com seu jeito diferente. Ele era só o menino sério que parecia ser em frente às câmeras, agora. E eu esperava profundamente que isso passasse logo. Mas quem era eu para falar, o garoto que também estava com um coração partido. E eu sabia o quanto isso doía.
Balancei a cabeça, inerte em meus pensamentos. Que bagunça essas garotas fizeram com a vida da gente.
- Vai ficar aí, mano? – Louis me chamou de volta para a Terra, e olhei em volta. Os dois já haviam descido e Louis abrira a porta para mim.
Fiz que não com a cabeça e desci, ouvindo a porta ser fechada atrás de mim e o alarme acionado. Nós três fomos até a porta da frente, seguindo o caminho de pedrinhas até a porta de madeira escura da casa, e tocamos a campainha ouvindo uma musica não muito alta vinda lá de dentro.
- Oi, meninos! – atendeu a porta, com aquele sorriso costumeiro no rosto. Entramos, e ela deu um beijo na bochecha de cada um. – Que bom que veio, Zayn. – ouvi ela dizer.
- Não, lá é a lavanderia e lá é a sala de jogos. – mostrava a casa para Jeremy, que tentava entender sem sucesso. Eu sabia como ele se sentia, era impossível se achar lá dentro.
Zayn seguiu Louis e para a cozinha e eu segui o som que vinha da sala de estar até chegar lá. , , Harry, e Liam estavam sentados em uma rodinha no chão, e só algumas luzes fracas nos cantos da sala eram acesas, o que deixava o cômodo um pouco escuro. ria de algo que Liam e Harry falavam, e arrumava algumas comidas em cima de um pano no chão no meio deles.
- É um piquenique ou o quê? – perguntei, sentando ao lado de e .
- Acho que era pra ser. – se curvou e chegou mais perto de mim, passando o dedo na minha bochecha para limpar algo. Parecia minha mãe. – Coisas da . – ela deu de ombros e sorriu.
Sorri de volta e assenti.
- A gente deixa aqui? – Louis perguntou, trazendo alguns salgadinhos em umas bacias, seguido por Zayn, e largando no meio de nós. Os dois pegaram almofadas pequenas e sentaram na roda também. – Então, qual é a boa?
- Ai , ai. – reclamei, puxando meu rosto para longe do alcance das mãos dela.
- Niall, você ta sujo...
- Me deixa sujo, então. – fiz uma careta e passei a mão na bochecha, que já devia estar vermelha de tanto ela esfregar a mão.
, Jeremy e se juntaram com a gente nessa hora.
- Regras? – perguntou.
- Vale o poço. – Louis disse.
- Poço é apelação. – Liam reclamou.
- Não é não, poço é uma garantia.
- Ah, e verdade só pode três vezes. – eu falei.
- Tanto faz, vamos jogar logo. – Harry pediu.
pegou a garrafa e a girou no meio de nós. E o jogo começou...
- Verdade ou desafio? – perguntou à .
- Verdade.
- Se você pudesse escolher uma pessoa dessa sala para ser seu escravo por um dia, quem seria e o que mandaria ele fazer?
- Hum, seria o Harry e eu o mandaria fazer um strip pra mim. – Ela apontou para Hazza e riu.
Eu ri e mostrou a língua para ela.
As perguntas e os desafios foram ficando mais difíceis e complicados a cada nível. Apesar disso, estávamos nos divertindo.
Peguei uma bolinha de queijo e a botei na boca no exato momento em que a garrafa parou em mim e Zayn.
- Verdade ou desafio? – perguntei com a boca cheia.
- Verdade.
- Viado. – Harry murmurou, mas todo mundo ouviu.
- Hm... – olhei para e me passou na cabeça algo que talvez pudesse ajudá-lo a se reaproximar dela. – qual foi a ultima garota que você realmente gostou?
Primeiramente, Zayn me fuzilou com os olhos. Depois, deu uma olhada de canto para e olhou para baixo.
- Geneva Lane.
Opa, não era essa a resposta, cara! Um silêncio pesado se instalou na sala, e por alguns segundos as coisas ficaram assim. Mas o que se passa pela cabeça desse garoto? Eu estava tentando ajudar, não piorar tudo.
Depois de algum tempo no silêncio constrangedor, peguei a garrafa e a girei. Caiu em e .
- Verdade ou desafio? – perguntou.
- Desafio. – a outra sorriu.
- Ok, hum... eu te desafio a beijar a pessoa mais bonita dessa sala.
Louis, ao lado de , deu um pulo.
- Ah, cara. – ele começou sua habitual piada. – Não vale, é lógico que a pessoa mais bonita dessa sala sou...
Mas ele foi interrompido pelas mãos de que puxaram seu rosto e o viraram para ele, beijando-o antes que ele pudesse concluir a frase. Todo mundo se olhou, surpreso, e depois tudo que consegui foi sorrir. Já era hora! Troquei sorrisos significantes com todos na sala, enquanto aquele beijo prosseguia com vontade – de ambos os lados, tenho que acrescentar, porque era óbvio que Louis estava gostando tanto quanto , e isso foi ainda mais óbvio quando ela passou as mãos pelos cabelos dele e ele chegou mais perto dela instintivamente.
Começamos a nos sentir inconfortáveis ali no meio, eu principalmente estava me sentindo sobrando totalmente. Quer dizer, por mais que nem todos ali estivessem juntos, a tensão entre Zayn e era óbvia e dava para sentir o desejo entre e Louis de longe. Mas entre mim e ... nada. Simplesmente nada. Éramos como uma bolha cheia de ar. Não havia nada a ser sentido, era como se tivéssemos botado um ponto final mesmo que não houvesse frase alguma.
Quando os dois se separaram, Louis recuperou o fôlego com uma expressão surpresa.
- Uau, isso foi... louco. – ele soltou uma risada histérica, e pegou a garrafa.
O jogo estava muito divertido, até eu ter que pagar minha primeira consequência.
- Mas, gente, isso é... – fiz uma careta, segurando o copinho com a dose do liquido em minha frente.
- Toma e acaba logo com isso, Niall! – Harry pediu.
- Mas é vinagre! – exclamei.
- É um desafio, tem que cumprir ou vai para o poço, e...
- Tá, vou fazer. – respirei fundo, tranquei a respiração e engoli aquela dose toda de uma vez sem pensar muito.
O líquido desceu queimando minha garganta e o gosto quase me fez vomitar, mas peguei um copo cheio de água e tomei tudo em três goles para passar o gosto ruim de uma vez.

Liam’s POV

- Se virmos alguém da policia, a gente vai fugir e te deixar pra trás. – alertou, dentro do carro em que estava escorada.
- Liam... – me olhou incerta outra vez. – eu não posso fazer outra coisa, ou...?
- Não, . Qual é, é fácil. É só pegar alguma coisa e sair. Ah, e cuidado com as câmeras. – pisquei para ela.
bufou e foi até Zayn, tirando seu casaco jeans do corpo dele sem nem pedir e ele abriu os braços para que ela o tirasse.. Depois de vestí-lo, foi para dentro da lojinha em que estávamos parados na frente.
- Você é muito mau! – me deu uma cotovelada fraca na barriga. Ri de novo e a abracei mais forte pela cintura.
Esperamos por alguns minutos lá fora, pouco se via para dentro da loja, mas vez ou outra nós víamos andando por entre as prateleiras sem fazer nada demais.
Em algum momento, ela pegou alguma coisa e colocou dentro do micro ondas perto da porta do estabelecimento.
- O que ela está fazendo? – Harry perguntou, inquieto, dando um passo para frente. Puxei seu braço e ele voltou para trás.
- Ela se vira. – falei.
foi até o balcão e falou algo ao balconista. Depois, deu mais uma volta em uma das prateleiras e nesse exato momento um barulho alto foi ouvido lá dentro e a porta do microondas voou longe. Uma fumaça branca cobriu a porta do lugar e dentro do microondas pegava fogo. Alguns segundos depois, saiu correndo lá de dentro e gritando:
- Entrem logo nesse carro e vamos sair daqui! – veio até mim e empurrou eu e Harry para dentro do nosso carro, Zayn jogou seu cigarro fora e entrou dentro do carro de e eles partiram.
Entramos correndo no carro, eu no carona e Harry no banco do motorista, e ele deu partida no carro enquanto eu vi um guardinha se aproximando de nós.
Quando estávamos longe o suficiente e enfim pude respirar, olhei para trás e sorri para :
- Jogada de mestre aquela de explodir o microondas. – falei.
- Vi num filme! – ela riu.
- Como assim? - perguntou ao lado dela, confusa.
- A fumaça bloqueou a visão da câmera de segurança. – Expliquei, e concordou com a cabeça.
- Mas o desafio era roubar algo, você roubou?r> Ela revirou os olhos. Tirou algo do bolso. - Twix pra você, amor – ela tirou duas barrinhas de Twix do bolso e deu um beijo no rosto de Harry antes de soltar o doce no colo dele.
Abriu a jaqueta e tirou de dentro um saquinho amarelo.
- M&Ms pra você. – Jogou no colo de as balinhas de chocolate. – e para vocês dois – apontou para mim e depois para . – Eu trouxe isso. – tirou preservativos do bolso do casaco e jogou-os em meu colo.
- Isso tinha que ser para vocês. – fiz uma careta me dirigindo à ela e Harry.
- Peguei algo para mim também.
Olhei de novo para ela, e ela tinha uma garrafinha pequena de Ice na mão.
- Meu Deus, , você é uma ladrazinha! – riu.
Ri também e balancei a cabeça.
- Como coube tudo isso aí dentro? – Perguntei e ri.
Quando chegamos de novo na frente da casa de , todos os que estavam no outro carro já estavam parados na rua.
- Vamos, gira logo. – Niall jogou a garrafa para mim e eu a girei no chão no meio de todos nós.
Isso vai ser curioso, pensei quando parou em Zayn e Jeremy.
- Desafio. – Jeremy respondeu antes mesmo de ser perguntado.
- Quero que você dê uma volta correndo na quadra.
- Ah, fácil. – o loiro deu de ombros e começou a se preparar.
- Só que... – Zayn continuou. – sem roupa.

’s POV

- Você é louco! – exclamei de novo, colocando mais uma toalha sobre os ombros de Jeremy.
- Foi divertido. – ele riu, mas suas palavras saíram um pouco embaralhadas, pois seu queixo estava batendo.
- Divertido, Jeremy? Você vai pegar uma gripe daquelas!
- Relaxa, ! Ouvi seus amigos falando que isso era como um teste para me incluir ao grupo de vocês. Agora pelo menos eu estou dentro, valeu a pena.
Suspirei e balancei a cabeça.
- Você está congelando.
- Onde estão os outros? – ele ignorou meu comentário.
- Já entraram para o próximo desafio.
- E qual é?
- vai ter que pular de lingerie na piscina. – sorri.
- Não quero perder isso. – ele pegou minha mão e me puxou para dentro.
Passamos pela sala de e saímos para o quintal pela porta da cozinha, que dava direto na piscina aquecida. Quando chegamos lá, como sempre, não era só que estava na água.
- Por que tá todo mundo lá dentro?
- Esses aí não podem ver água que se jogam. – revirei os olhos e ri.
O único que não estava lá era Zayn, que estava na borda olhando para a água com o esboço de um sorriso escondido no canto dos lábios por ver a diversão dos outros. Suas mãos estavam nos bolsos das calças.
Evitei olhar para ele por muito tempo, isso me enchia de saudade de algo que não voltaria. Principalmente agora que sei que toda aquela cena que ele fez no dia em que terminamos foi em vão, já que ele não sentira nada por mim.
Geralmente olhar para Zayn não era uma coisa confortável para mim. Me machucava. E apesar de eu tentar me entreter com outros assuntos, outros hobbies, trabalho e qualquer outra coisa que exija minha atenção, estava ficando cada dia mais difícil ignorar o fato de que ele não era mais meu. Nem de brincadeira. E sabe, eu me xingava mentalmente por ter dito tantas vezes “não somos namorados de verdade”, porque pelo menos eu o tinha, se era real ou não, não importava.
Afinal, o que passou pela minha cabeça quando eu resolvi começar com aquilo? Que eu ia fingir um namoro com Zayn Malik sem me apaixonar? Ah, tá, . Sua idiota.
saiu da água e passou correndo por mim toda molhada, indo até Zayn e o empurrando forte pelas costas. Quando ele caiu, um grande tanto de água respingou em mim e Jeremy.
Observei Zayn voltar para a superfície com os cabelos molhados e bagunçados. Aquilo era como um tapa na cara para chamar sua atenção.
- ! – gritei, reclamando da água que pegara em minhas pernas. – Você tem o que na cab...
- Vai você também, rabugenta! – ela riu e me empurrou pelos ombros para trás.
Caí de costas na água. Mas até que foi bom, porque estava mais quente lá dentro do que fora da água.
- . – Liam apareceu do meu lado. – Você está bem?
- Vou ficar melhor se alguém jogar aquela vadia na água. – tirei meu cabelo do rosto e apontei para .
- Louis já está cuidando disso. – ele riu e olhei para fora da piscina, onde Louis corria atrás de , que gritava.
Mas por fim, a doida acabou caindo sozinha quando errou o pé e caiu dentro da piscina sem querer. Não pude deixar de rir da esperteza de .
Ficamos brincando na água por mais alguns minutos, mas logo começou a ficar frio. No final, estávamos todos escorados em uma ponta da borda da piscina como se aquilo fosse uma sauna.
- Cansei de jogar, e vocês? – perguntou.
- É... – todos concordamos, e ficamos em silêncio olhando uns para os outros por um tempo.
- Estou com fome, sabiam? – falei.
- Então somos dois, querida . – Niall fez joinha pra mim.
- Vamos comer então? – chamou, saindo da piscina, seguida por mim, Niall, , Harry e .
- Esperem que eu vou trazer toalhas para todos. – falou na porta. – Não entrem, a casa está limpa.
sumiu na cozinha escura e foi em direção à escada do canto da sala que dava acesso ao segundo andar e aos quartos. Voltou alguns segundos depois com várias toalhas brancas em mãos e enrolada em uma. Jogou algumas para mim, , Harry e e o resto deu para Niall entregar aos outros.
- Estou com frio! – reclamou, batendo o queixo e Harry abraçou-a e passou sua toalha em volta dela, passando a mão em sua boca que já estava um pouco roxa. Depois, depositou um beijinho na ponta de seu nariz.
Eu e nos encaramos. Nós duas éramos as com a vida amorosa mais bagunçada, e não tenho vergonha de dizer que tinha inveja desses dois por estarem juntos. Uma inveja boa, se é que é possível. Eles brigam, brigam, mas no fundo se amam e todo mundo sabe disso.
- Também estamos com frio! – gritou para eles. – e não temos ninguém para esquentar a gente. – fez biquinho e eu ri.
Harry abraçou e beijou a sua testa e depois fez o mesmo comigo, sorrindo.
- Você sabe ser fofo quando quer, curly boy. – disse à ele, bagunçando seu cabelo.
- Eu sei. – ele riu.
- Aí. – Niall voltou e me chamou, cutucando minha costela.
- O quê? – virei para ele.
- Seu amigo se machucou lá na piscina. – Apontou para trás e entrou na cozinha de , indo para perto dela na pia e rondando os lanches do Mc com desejo.
Olhei para trás e Jeremy vinha se aproximando com a mão na sobrancelha e um pouco de sangue escorria ali.
- Ai meu Deus, Jeremy. – cheguei mais perto e tirei sua mão dali. – O que aconteceu?
- Acho que eu resvalei na hora de sair, ou...
- Ou o quê? Droga isso vai deixar um hematoma.
- Não está doendo muito.
- Você só veio aqui para se ferrar hoje. – balancei a cabeça, puxando-o pelo pulso para dentro da casa. – Vem, vou fazer um curativo.
Fui para a sala e subi as escadas com cuidado, já que estávamos no escuro. Ao chegar lá, acendi a luz do banheiro e peguei uma toalha de papel de cima da pia de mármore branco.
- Como isso aconteceu?
- Bati na borda. Seu amigo foi sair e me empurrou sem querer.
- Meu amigo? – fiz uma expressão confusa e enrolei o papel no dedo, passando de leve na sobrancelha dele. Jeremy era alto, eu quase precisava ficar na ponta dos pés. – Que amigo?
- Hum, acho que é Zayn. O moreno.
- O Zayn... te empurrou sem querer? – perguntei, como quem não quer nada.
- Cá entre nós, acho que ele não gosta muito de mim. – sussurrou para mim e sorriu.
Sorri de volta. Jeremy era aquele tipo de cara extremamente fofo em tudo que faz, mas que emana esse ar de sedução em tudo também. Era impossível não gostar dele, de sua voz doce, o sorriso amigável e a cara de bebê.
- Ai! – ele reclamou quando apertei um pouco mais no machucado.
- Me desculpe. – pedi, baixinho. Molhei outro papel toalha e passei ali para tirar o resto do sangue. O corte era pequeno, mas ia inchar.
Me abaixei e peguei um soro que sei que sempre ficava na gaveta do meio de todos os banheiros da casa. sempre se machucava quando estava ali.
- , não. – ele olhou para o soro e para mim em seguida. – Sério, não. Isso arde.
Ri.
- Fica calmo.
Molhei um pedaço de algodão com o soro e encostei no hematoma.
- Ai! – ele deu um pulo, e me assustou também.
- Jeremy! – ri. Puxei sua cabeça um pouco mais para baixo para chegar mais perto e assoprei um pouco. – Passou?
- Sim.
- Ótimo. Agora é só esperar.
- Obrigado.
- Não foi nada.
Virei de costas para limpar a sujeira que eu havia feito na pia.
- Sabe, acho que tenho que me machucar mais vezes.
- Por quê?
- Se você for me cuidar toda vez, então vale a pena.
Sorri, mas fiz questão que ela não visse.
- Acho que a batida afetou seu cérebro.
Ele riu.
- E então, por que acha que Zayn não gosta de você?
- Vejo o jeito que ele olha para você, . Só um idiota não veria. Eu sou loiro, mas não burro.
- Você está realmente mal. – virei para ele e me encostei na pia atrás de mim. – Está vendo coisas.
- Então o jeito como você olha para ele também é coisa da minha cabeça, mocinha?
Senti meu corpo enrijecer. Mas consegui controlar e não deixar aparecer em meu rosto que ele havia me pegado. Continuei com a expressão tranquila. Mas o fato é que Jeremy pega tudo.
- Peguei você. – ele sorriu.
- Vou te dar um remédio. – me desencostei e fui para a porta.
- Ei, espera. Tenho uma coisa para você.
Virei para ele de novo, e o vi procurar por algo nos bolsos da calça.
- Espero que não tenha perdido quando entrei na piscina... ah, aqui! – tirou algo do bolso direito e ofereceu a mim. Quando cheguei mais perto, pude ver um pequeno anel de coco preto em sua mão.
- O que é isso, Jer? – olhei para ele.
Jeremy deu um passo para frente, se aproximando mais de mim. Pegou a minha mão, deixou o anel ali, e soltou-a. Depois, se aproximou mais. Ele sorriu aquele sorriso que me lembro de ter visto milhares de vezes no rosto do menino que nunca cresce. Sorriso de aventura.
- É um beijo. – ele levantou o meu queixo e me roubou um selinho.
Eu o olhei, surpresa, assim que ele se afastou de novo. Mas estava sorrindo, e achei aquilo tudo fofo e engraçado. Tive que sorrir também.
- Na verdade, isso é um dedal. – mostrei o anel para ele e ri. – Isso é que é um beijo. – Eu o puxei para perto e beijei-o de verdade dessa vez.
Não, eu não sentia nada por Jeremy. Nada mais do que uma garota sentiria por um garoto alto, bonito, loiro, de olhos azuis e sorriso de criança. Mas ele não fazia meu coração bater mais forte ou minhas mãos soarem, não me fazia perder a cabeça e pensar nele o tempo todo, e também não me fazia rir tamanha era a minha felicidade só por estar perto dele. Ele não era Zayn. Mas eu pensei que talvez pudesse esquecer de Zayn mais facilmente usando Jeremy Sumpter para isso. Qual era o problema, afinal? Estávamos ali, naquele corredor escuro, sozinhos, e os dois queriam isso.
O único problema visível era que eu estava cometendo o mesmo erro outra vez: usando um famoso para esquecer de um ex que me machucou. Isso sim era um erro sem tamanho.

POV

Não conseguia parar de me mexer, apesar de estar com frio, o que era muito estranho contando que Liam jurou que havia colocado o aquecedor de sua casa no máximo. Acho que era sua cama que era grande demais para nós dois.
Liam estava virado para a parede de costas para mim, e eu podia sentir o calor que seu corpo emanava ao meu lado. Como ele podia estar tão quente e eu tão fria? Estávamos debaixo dos mesmos cobertores!
Me virei outra vez de frente para ele e suspirei pesadamente. Eu não conseguia parar quieta, e parte disso eu sabia que era porque era fim de domingo e em algumas horas já era momento de começar a vida outra vez sem ele ali comigo. Isso sempre me deixava um pouco nervosa, fazia minhas mãos tremerem um pouco.
Suspirei de novo e ordenei à mim mesma que me controlasse, era só uma semana sem Liam, só isso.
Fechei os olhos para tentar dormir, mas tudo que eu conseguia era focalizar o calor do corpo dele ali do meu lado. E eu sabia que ele não estava dormindo ainda. Meus pés doíam e eu não conseguia esquentá-los, e nem mexer meus dedos. Odiava esse frio insuportável de Londres.
Levantei meus pés até a altura das costas de Liam e puxei a regata preta e larga que ele usava para enfiar meus pés lá dentro. Assim que eu os encostei nas costas dele, Liam gemeu e se contorceu ao meu lado.
- Amorrrrr – choramingou. Ri.
- Estou com frio! – Reclamei no ouvido dele.
Liam puxou a camisa para baixo e cobriu meus pés com ela. Sorri e cheguei mais perto dele para me esquentar mais. O abracei por trás.
Liam era um tanto maior do que eu. Na verdade, eu era muito menor do que ele, mas isso era bom. Quando os seus braços se fechavam ao meu redor aquela sensação de proteção me dominava. Não existia lugar melhor no mundo. Os braços dele eram fortes e ao mesmo tempo macios, eu não conseguia entender como ele podia ser tão forte, mas tão delicado comigo. Liam era simplesmente perfeito. Eu me sentia cada vez mais apaixonada por ele, e enquanto estávamos juntos não existiam problemas, porque eu tinha plena certeza de que aquele era o meu lugar.
Na manhã seguinte, me virei na cama e percebi que estava sozinha. Cerca de dois segundos depois de abrir os olhos e lembrar que Liam havia saído cedo, meu despertador tocou. Me levantei relutante e tratei de começar a me arrumar logo antes que eu me atrasasse, a casa de Liam era mais longe da editora do que a nossa.
Fiz minha higiene, coloquei a roupa que havia trazido, arrumei o cabelo e o rosto do melhor jeito possível, tomei um café rápido e peguei as chaves do meu carro.
Em quarenta minutos enfrentando o tráfego de Londres com muita paciência eu cheguei lá.
Ao chegar em minha sala, Elise já estava lá. Ela mal me deu bom dia, e também não fiz muita questão em responder já que não íamos com a cara uma da outra e isso era óbvio. Mas Milena chegou alguns segundos depois para suavizar o clima.
Ah, é, havia subido de cargo e agora não ficava mais na nossa sala. Ela agora era fotógrafa, e não estagiária. Foi muito bem merecido, eu diria. Mas a parte ruim era que agora Elise ficava no seu lugar. Ela era uma bela de uma metida, mas não podia negar que seus trabalhos, por mais que fossem amadores, eram muito bons.
- Hoje a tem o shoot com as meninas da Little Mix e quero que você ajude, . Tudo bem? – Milena perguntou, gentil como sempre.
- Claro. – Sorri. - Quando é?
- Em... – ela olhou no seu relógio de pulso. – três Minutos. – Sorriu.
- Uh. – Ri e me levantei, indo para a porta. Assim que saí, eu me bati com Matt, como sempre. Nos batíamos pelo menos uma vez por dia nos corredores, todo santo dia.
Sorri para ele.
- Bom dia, . – Ele retribuiu o sorriso.
- Bom-dia dia, Matthew. – Falei, no mesmo tom de voz sério, mas com um fundinho de brincadeira na voz.
- Aqui está. – Ele me deu um copo de café quentinho. – Cappuccino duplo, com chantilly e sem canela para você.
- Duplo? Mas eu nunca peço duplo.
- Você está muito magrinha. – Ele riu.
- Bom, obrigada. Além de um café ganhei um elogio.
Matt riu.
- Quanto te devo? – Perguntei, colocando a mão no bolso da calça.
- Ah, não, esse é por conta da casa. – Ele piscou para mim e se afastou, sendo chamado por outras pessoas. – Tenho que ir, mas tenha um bom dia.
- Até mais, Matt. – ri.
Eu geralmente tinha um dia bom sempre que ele começava com um café de Matthew. Não era todos os dias, já que ele quase nunca tinha tempo ou espaço nas mãos para pegar um café para mim também, e a verdade é que estagiárias como eu não têm direito de pedir café para o Office boy logo de manhã cedo, então eu considerava como um presente sempre que ganhava um.
Fui para o estúdio sete cantarolando aquela música irritante que Liam cantou para mim antes de dormir, e sorrindo. Droga de garoto, tinha razão quando disse que aquilo ficava na cabeça.
- It’s Friday, I’m in love...
- Ei, ei, ei gata. – Fui segurada pelos ombros por quando esbarrei com ela no corredor quase sem vê-la. Por que diabos eu sempre esbarrava com as pessoas? – Hoje ainda não é sexta e esse sorriso no seu rosto está te denunciando.
Meu sorriso cresceu.
– Bom dia, . Hoje o dia está maravilhoso, não é?
- Ah, claro. – Ela olhou para trás, para a janela de vidro que ia do teto ao chão, e também viu os pingos de chuva e os trovões que ecoavam no céu. – Um dia esplêndido.
- Uhum. Temos um photoshoot, o que está fazendo aqui?
- Vou buscar meu café com Matthew, você pode instruir a edição lá no estúdio? As meninas já estão lá. Tem uns contratos para assinar junto com a empresária delas, assine por mim?
Fiz que sim com a cabeça, brincando com a tampinha do meu copo e fazendo círculos com o pé.
- E é melhor parar de sorrir senão todo mundo vai sacar que você teve uma longa noite de sexo selvagem com o Liam.
- ! – Exclamei baixinho. – Não fala isso alto! – Sussurrei.
Ela gargalhou.
- Te vejo daqui a pouco. – Me deu um beijo estalado na bochecha que com certeza deixou marca de seu batom vermelho.
Entrei no estúdio ainda cantarolando e limpando minha bochecha com a manga de minha blusa.
- Bom-dia, garotas. – Fui até onde as quatro meninas estavam, conversando e olhando as roupas que usariam. – Meu nome é e é um grande prazer conhecer vocês.
Cada uma delas me deu um beijo na bochecha e um bom dia bem humorado e gracioso, elas pareciam emanar carisma. Geralmente as pessoas acham estranho quando ganham beijos na bochecha, o povo em Londres não gosta muito de contato físico de gente estranha, mas elas aceitaram muito bem.
Fui para perto da mulher alta e loira que lia o contrato em uma mesa.
- Bom-dia. – falei, parando ao seu lado.
- Bom-dia. – ela não desgrudou os olhos do papel, mas deu um sorriso, demonstrando boa educação. – Onde eu assino?
Tirei minha caneta do bolso.
- Aqui e aqui. – fiz um X nos lugares certos. A mulher assinou e eu peguei as folhas para dar uma lida rápida antes de assinar também e ver se estava tudo em ordem.
- Zayn Malik?! – Uma das meninas da banda exclamou alto. – Mas ele é o maior gato!
- Não sei o que seria daquela banda sem aquele garoto. – A morena baixinha falou.
- Gosto de todos eles. – Jade disse. É, ela era a única que eu sabia o nome com exceção de Perrie.
- Olha, gente, eu não vou fazer isso. – Perrie disse. – É muito fake, estaria na cara!
- Você sabe que milhões de meninas dariam uma perna para estar no seu lugar, certo? – A outra disse.
- Olha, eu conheço os meninos. Gosto da música deles, acho eles uns fofos. É claro que eu gostaria de namorar Zayn Malik, mas... não faz o nosso tipo, entende? Ficar com alguém só para conseguir fama. Eu não sou assim e vocês sabem. A Little Mix vai ganhar o reconhecimento que merece sem precisar do One Direction para isso. E estou cagando para o que a gestão acha disso, minha resposta é não.
Eu estava passando os olhos pelo contrato, mas meus ouvidos estavam na conversa delas.
- Você está certíssima, eu também não faria isso, por mais gato que ele seja. – Jade respondeu.
- Sem contar que acho que ele ainda gosta daquela ex, como é mesmo o nome?
- Sei lá.
Sorri.
- Eles eram fofos juntos. Por que será que terminaram? Será que foi algo com ele?
- Ou com ela.
- Talvez só não tivesse dado certo. – A outra voltou a falar.
- Nós sabemos como a Management pode ser controladora, aposto um dedo que isso é coisa deles. – Aquela morena baixinha voltou a falar.
- E então, garotas? – entrou no estúdio chamando a atenção delas.
Me concentrei em assinar o papel em minha frente e fazer meu serviço direito.

’s POV

- Eu te disse que não doía muito. – falou, comendo outro biscoito e voltando os olhos para a apostila à sua frente. – Caramba, não vejo a hora de começar a faculdade.
Abaixei minha blusa com cuidado e saí da frente do espelho, eu estava checando se minha tatuagem ainda estava lá. É estranho saber que você tem um desenho na pele que vai continuar ali para sempre.
- E então, como vai a vida?
Olhei para procurando entender o que ela quis dizer.
- Oi?
- Não conversamos há alguns dias.
- Nós moramos na mesma casa.
Ela riu.
- Como vai a vida, ?
- A mesma coisa de antes. Sabia que minha mãe e meu pai voltaram? Eu disse, eles nunca vão se decidir de verdade.
- Isso é bom, não é?
- Eu lá vou saber? – Dei de ombros. – Nem sei mais o que é ter pais normais, eles sempre estão em guerra por tudo. Não faz a mínima diferença se estão juntos ou não, quando estão na mesma casa é cada um em seu canto sem falar uma palavra.
- Que triste, isso. Como eles acabaram assim?
- Ah, foi... – parei subitamente e pensei se deveria falar isso. Peguei o controle da TV e comecei a passar os canais sem muito interesse. – Foram as brigas diárias, as discussões, as teimosias de ambos os lados, tudo isso foi ruindo seu relacionamento aos poucos. Teve um tempo em que eles não se suportavam mais.
- Hum... – ela continuou lendo sem se importar muito, ou, como eu conhecia bem a amiga que tinha, fingindo que não se importava.
- Cuida do que você tem com o Harry. Não quero ver vocês acabando como meus...
- . Não. – Ela balançou a cabeça para mim.
Eu sabia que as coisas não estavam bem há algumas semanas. Desde o fim de semana em que fiz a tatuagem eles praticamente não saíam juntos. Harry passava mais tempo comigo do que com ela, e isso era definitivamente estranho. Estávamos nos tornando como melhores amigos, ele era um idiota que me fazia rir e me ensinava coisas inúteis como jogar golf. Também gostávamos de jogar videogame e ele quase perdia de mim em competição de quem comia mais pizza. Já haviam até rumores da nossa amizade inusitada e algumas fãs me mandavam se afastar porque elas preferiam ele com a . Como se eu fosse roubar ele dela ou algo do tipo. Eu sentia mais como se estivesse ali para impedir mais brigas, porque enquanto ele estava comigo não estava brigando com ela por qualquer coisinha besta.
Ah, eu também servia para Harry encher meus ouvidos com seus problemas sobre ela, ou sobre a turnê e como isso cansa. Amigos são para isso, não é?
Em compensação, quando eles não estavam na cidade, os dias eram lentos e muito chatos. Aquele tédio todo estava beirando a depressão. Eu sentia falta de Niall perto de mim, e agora que era amiga de Harry percebi que nunca fomos amigos de verdade como pensávamos que éramos, amizade era o que eu tinha com Harry, o que eu tinha com Niall era apenas uma tensão e um muro que me impedia de dizer o que sinto.
Agora, esse muro desmoronou e acabou matando ambos. Nossa relação estava mais morta do que nunca.
Acho que a única pessoa feliz entre nós era , mas ela merecia, já que ficou por boa parte dessa história infeliz.
Claro, era aquela luta constante entre o ódio das fãs e não poder sair na rua sem ser reconhecida e vaiada ou algo do tipo, mas dava para ver o brilho em seus olhos sempre que ele estava perto, e aquele amor todo era tão lindo, que me dava vontade de vomitar. Eu amava Liam e o que ele fazia com , porque ela merecia tanto, mas tanto ser feliz, que eu sei que estaria ali para tudo que ela precisasse desde que pudesse ajudá-los a ficar juntos.
e Liam eram decididamente a parte mais bonita do meu dia.
Vamos ver... e Louis? Algo não identificado. Eles certamente estavam evoluindo, mas como, eu não sabia. Só podia ser chamado de evolução ela chegar todo dia do serviço, se trancar no quarto e ficar conversando com ele por duas horas inteirinhas. Sobre o que, também não sei. Mas isso a fazia feliz, era óbvio.
estava lidando bem com todo o negócio do Zayn e os boatos de que ele estaria namorando uma garota de uma banda chamada Little Mix. Mas sabia que as fãs gostavam mais dela, eu fazia parte do fandom sem elas descobrirem! Eu era como uma agente dupla.
E estava aí algo que eu nunca entenderia: então quer dizer que de e elas gostavam, mas de não? Por quê? Ela e Danielle não tinham muitas diferenças, e as fãs não tinham como saber disso porque não conheciam nenhuma das duas pessoalmente.
Mas voltando para , ela tinha aquele lindo do Jeremy Sumpter para se entreter, e sei que dava uns beijinhos nele de vez em quando. O cara praticamente morava na nossa casa, já havíamos nos acostumado com ele jantando toda noite ali, e ele era legal. Era óbvio também que ele queria ser muito mais para ela do que ela para ele, só que estava escrito na testa de que Jeremy nunca seria Zayn. Ele não sabia como ser o Zayn e mesmo se soubesse, nunca seria a mesma coisa para ela.

O fato é que, com o coração partido ou não, os dias foram passando devagar para todas nós. Quando vimos, as folhas das árvores já estavam no chão. Mais alguns dias, e os primeiros flocos de neve foram sentidos caindo sobre nós quando íamos buscar as correspondências no portão, e o frio nos atingia por inteiro. Quando nos demos conta de novo, as folhas no chão já estavam cobertas por uma grossa camada de neve, e algumas semanas depois as ruas estavam tão cobertas que as meninas mal podiam sair de carro de manhã. Um dia desses, resvalei em gelo na porta e caí de bunda. Mas era bonitinho ver o trilho de neve que ficava nos trilhos de nossa garagem quando as rodas passavam por cima.
Ficar em casa era cada vez mais entediante, mas era impossível sair, porque estava tão frio que se botasse o dedo para fora ele caía. Mais algumas três ou quatro semanas com os meninos vindo só por dois dias, e tudo que fizemos na maior parte do tempo foi colocar os colchões na sala como antigamente e assistir filmes comendo coisas que engordam. Ou eu ia com e Harry para o apartamento deles no domingo à tarde quando não tínhamos nada demais para fazer e ficava jogando com ele enquanto ela fazia as unhas ou hidratação no cabelo.
Não, essa não é uma daquelas histórias em que tem a namorada patricinha e a melhor amiga machona pela qual o cara se apaixona, isso está ultrapassado e eu nunca me apaixonaria por um retardado como Harry Styles. O retardado do Niall já roubou meu coração.
Mas eu não ficava me metendo no meio deles por gosto, e todos estavam de prova: eram eles que faziam questão de me levar para todos os lados como se eu fosse a filha que impede o casal de acabar em divórcio. E nós até que nos divertíamos juntos.
- Ei garotas, estamos em casa! – e chegaram. – E trouxemos lanche.
- Ótimo, estou morrendo de fome! – Reclamei e fui para a cozinha. – Como foi o dia, meninas?
- Foi bom, para mim. – concordou, pegando o celular e indo para o quarto. – Vou descansar.
- Descansar, é claro. – Revirei os olhos e eu e rimos.
- Vocês trouxeram Mc para mim também? – perguntou.
- É claro, né. – deu a caixinha do Mc Donald’s para . – E então, alguma de vocês falou com os meninos? Porque eu falei, e tenho novidades ótimas!
- Conta, vai. – Pedi, sentando e abrindo meu hambúrguer.
- Então, hoje no meu horário de almoço eu estava falando com Liam, e... – Ela encheu nossos copos com Coca Cola e sentou também. – Ele disse que tem duas novidades. A primeira, é que está certo que eles vão se apresentar no Madison Square Garden!
- Não brinca?! – Quase gritei de entusiasmo. – MSG? O Justin Bieber lotou aquele lugar com 21 mil pessoas em 2010! Foram tipo 22 minutos para esgotarem os ingressos. Na Believe tour, foi Sold Out em 22 segundos. E agora os meninos... uau, eu me sinto uma mãe orgulhosa do filho! – Coloquei a mão no peito e suspirei.
- E não é? – concordou e riu. – Estou tão feliz por eles, Liam estava pulando de alegria!
- Quando vai ser? – perguntou, de boca cheia.
- No dia três de dezembro.
- Eles devem estar radiantes!
- E qual a segunda novidade? – Perguntei.
- Bom, essa ele disse que é surpresa, mas que todas nós vamos adorar. Eles vão contar só amanhã, quando chegarem de volta.
- Chegamos, garotas! – Ouvi na porta, e alguns segundos depois ela e Jeremy apareceram na cozinha. – Adivinhem só? A série vai ao ar na semana que vem! – Ela estava sorrindo muito e pulando de alegria.
- E isso merece uma comemoração! – Jeremy concluiu, soltando a garrafa de champanhe na mesa.
- Mandou bem, Jer! – Levantei a mão para ele, que fez um high Five comigo. Que garoto gostoso, aquele. Às vezes eu tinha que me concentrar para não o encarar muito. Sério. Procure por Jeremy Sumpter no Google. Agora imagine ele parado bem na sua frente.
Um telefone começou a tocar e tirou o dela do bolso, e ela sorriu, o que já indicava quem era. Jeremy, parado atrás dela e uns bons centímetros mais alto, pegou o celular de sua mão e olhou no visor.
- “Amor”. – Ele leu, e eu ri.
- Jer, devolve. – Ela pulou para alcançá-lo, mas bastou ele levantar a mão para que ficasse fora de seu alcance.
- Como eu devo atender, ?
- Dá pra mim, eu atendo! – Me levantei.
falou algo, mas eu não entendi, porque ela estava de boca cheia.
- Jeremy, me dá!
O aparelho continuava tocando. Levantei o braço e ele me deu o celular. Virei de costa para bloquear e o atendi.
- Hey, bunny. – Falei, com uma vozinha chata. – Tudo bem, tigrão?
- Oi . – Ouvi a risada de Liam do outro lado da linha.
- , me devolve!
- Ah, seu chato, era pra pensar que é a .
- Ela não costuma me chamar de coelhinho ou tigrão, .
- Vocês não sabem brincar? – Revirei os olhos.
- Tudo bem com você? – Ele perguntou, trocando de assunto.
- Tudo ótimo aqui, só estamos com saudade.
- Aqui o mesmo.
- Mas ei, qual é a grande surpresa que vocês vão contar?
- Você acha que eu vou te falar?
- Eu tinha uma pontinha de esperança.
parou na minha frente com os braços cruzados.
- Vocês vão saber amanhã.
- Chato.
Ele riu de novo.
- Vou passar para a sua namoradinha, beijos.
- Tchau, .
Dei o celular à ela e sentei de novo, para voltar a comer.
- Mc é tão bom... – disse, limpando a boca com um guardanapo e se levantando.
Jeremy e estavam entertidos em uma conversa sobre algo que eu não sabia o que era no outro lado da mesa, à minha frente, e saiu da mesa para ir para o quarto quando seu celular tocou. Então eu comecei a comer meu hambúrguer e olhei para minha direita e vi no telefone com Liam, em minha frente Jeremy e conversando empolgados, atendendo seu namorado no telefone e provavelmente no quarto, falando com o cara que ela gostava. E só quem sobrava era eu, como sempre.
- Você já sabe que roupa vai usar amanhã na coletiva? – Jeremy perguntou à .
- Ainda não, e você? – Ela respondeu, tomando um gole de sua Coca.
Ele fez que não com a cabeça e pegou um guardanapo, passando no canto da boca dela devagar.
- Não, mas é provável que eu vá com um terno, ou smoking... qual você quer que eu use?
- Hum... Smoking. – Ela disse e sorriu para ele. – Smoking vai te deixar bem sexy.
- Ótimo, é tudo que eu quero. – Ele revirou os olhos e sorriu. Deu um selinho nela e foi nessa hora em que eu levantei da mesa.
- Obrigada pelo lanche. – murmurei ao passar por , ela só assentiu para mim ainda no telefone.
Fui para o corredor e parei ali por um tempo, olhando para os quartos. Não queria ficar sozinha, mas não gostava de companhia quando está falando com Louis, então fui incomodar .
Entrei no quarto e deitei na cama, fechei os olhos e fiquei ouvindo-a conversar com Harry por um tempo.
- Uhum. Tá. É. Sim.
Era nisso que se resumiam as conversas deles ultimamente.
- O que quer que eu fale? Nada. Nada. Você já sabe. – Ela fez outra pausa para ouvir a resposta e suspirou. – Não, eu só estou entediada. É. Eu sei, sim. Eu sei. Tudo bem. Estou. Eu também. Ia ser ótimo, Harry. Eu? Pode ser um jantar. Na sua casa. Acho que sim, amanhã. Tudo bem, então. Boa noite. Não se preocupa com isso, tá tudo bem. Não agradeça. Eu também te amo. Tchau.
- Qual é o drama da vez? – Perguntei. – Quer dizer, vocês são um iceberg. Tô sentindo o frio daqui.
- Ele ligou para se desculpar sobre os boatos de que ele anda pegando umas fãs e levando para o quarto do hotel, e dizer que não é verdade e eu não devo acreditar em tudo que vejo, mas eu nem estava preocupada com isso.
- E agora está?
- Não. – Ela deu de ombros. – Ele também me convidou para fazermos algo amanhã, qualquer coisa que eu quisesse, e eu escolhi uma janta.
- O Harry só quer se aproximar e você, . Ele sente a sua falta. Talvez tudo isso seja só por causa da distância da turnê.
- Então vai ser sempre assim, porque ele é Harry Styles.
- Não reclama, você está com o cara que ama. Me dá vontade de te bater, se fosse eu com o Niall, acha que eu seria idiota? Eu seria a pessoa mais adorável do mundo, sem brigas como vocês dois!
- Eu só não consigo evitar. Eu quero que as coisas voltem ao normal, mas meu orgulho não deixa, eu simplesmente não posso agir como se nada tivesse acontecido porque não consigo. Eu sou muito orgulhosa. Nem sei porque estamos assim, frios um com o outro, não devia ser assim.
- O problema é que Harry também é orgulhoso, mas as coisas vão se acertar, elas sempre se acertam entre vocês.
Ela assentiu.
- Eu espero que esteja certa. Já que você conhece melhor meu namorado do que eu mesma. – Ela sorriu.

’s POV

- , você está me ouvindo?
- É claro, Lou, é claro... – tomei mais um gole de minha água e voltei a largar o copo ao lado do laptop em minha escrivaninha. Peguei o celular entre meu ombro e meu ouvido outra vez e voltei a descer a página do Twitter para baixo. – Por que suas fãs te chamam de Jennifer?
Ele riu.
- Ah, uma brincadeira antiga. Você está fazendo o quê?
- Estou fuçando em uns fã clubes de vocês, e... tem tanta coisa que eu não entendo! Nem parece que conheço vocês pessoalmente.
- Ah, tem coisas que nem eu entendo. – Riu.
- Então, será que se eu criar um fã clube e pedir para você me seguir, vai rolar?
- Provavelmente não.
- E se eu te mandar muitos spans, Lou? Tipo “eu te amo Lou, me segue por favor, não ignora senão eu vou me matar!”
- Cala a boca, . – Ele bufou e riu.
- Você tem que me avisar antes de ser petulante ou irônico, ou eu vou entender errado toda vez.
- O que, você achou que eu te mandei calar a boca mesmo? – Ele riu. – Desculpa, você sabe que eu não faria isso.
- Tudo bem, é só que seu jeito me assusta às vezes. – Ri. – Mas você estava falando...?
- Ah, é. Eu estava falando dos brownies deliciosos que ela fez, e...
- Espera.
Ficamos em silêncio por alguns segundos.
- O quê?
- Ela quem? Perdi essa parte.
- Ela, a senhora da cozinha do hotel onde eu estou.
- Ah, certo, certo. Continua.
- Você pensou que fosse quem? – Ele riu um pouco.
- Ninguém, eu só fiquei confusa.
- Hum... bom, então ela fez os brownies, e...
- Ei, onde você está?
- Você não ouviu nada do que eu disse nos últimos cinquenta minutos, não é?
Ri.
- Me desculpa, eu não sei fazer duas coisas ao mesmo tempo!
- Ok, eu já entendi, fica aí com seu laptop e me deixa falando sozinho.
- Lou, não. Fala, estou ouvindo. – Me levantei da cadeira e fui até a cama, e me deitei lá. – Você está...?
- Em Amsterdam.
- Certo, Holanda. E a mulher da cozinha te fez brownies.
- É, ela virou minha amiga quando... , só um minuto.
- Ok.
Esperei algum tempo em silêncio, ele provavelmente estava cobrindo o telefone.
- Ei, eu tenho que ir, tudo bem?
- Ah, tudo bem. Ainda está de pé o café amanhã, né?
- É claro que sim, eu vou te acordar cedo!
- Tá bom. – Ri. – Boa-noite noite Lou, até mais.
- Boa noite, princesa .
Desliguei o celular e fui escovar os dentes e colocar o pijama para dormir, porque eu estava cansada. Depois que deitei na cama eu simplesmente apaguei, e me lembro só de levantar no meio da madrugada para tomar água.
Um barulho repetitivo no chão do quarto estava me incomodando, era como uma batida, um toc, toc, toc, e pela claridade já era de manhã. Me virei na cama e senti algo se mexer em cima de minhas pernas.
- Pega, vai! – Alguém sussurrou e ouvi o barulho da bolinha de Dobby rolar no chão e suas patas a seguirem.
Entendi nesse momento que definitivamente havia alguém ali, porque Dobby não entrava em meu quarto sem ser convidado.
Abri os olhos e sentei um pouco na cama. Louis estava sentado nos pés da cama e escorado na parede, olhando para mim e sorrindo. Seus olhos estavam azuis como água, e os cabelos levemente bagunçados, a barba bem ralinha por fazer e os lábios rosados pelo frio. No segundo em que pus os olhos naquela boca me lembrei de como era bom tocá-la. Foi inevitável, meu coração simplesmente deu um pulo e eu sorri também.
- Oi Lou... – descobri que minha voz estava fraca ao proferir essas palavras.
- Oi, . – Ele se curvou na cama e veio até perto de mim, me dando um beijo na testa e voltando ao lugar. – Lembra do nosso café?
- É claro que lembro. – Me levantei e procurei alguma peça de roupa descente. – Como entrou?
- Vim com o Liam. já está acordada.
- Ah, claro. – Peguei uma segunda pele branca e uma calça jeans escura da guarda da cadeira e me virei para ele de novo. – Como você está? – Cheguei mais perto e me ajoelhei na sua frente, pegando seu rosto com uma mão.
- Muito bem. – Louis falou, mas não olhava para o meu rosto, e sim para minhas pernas. Confesso que uma pontinha de alegria percorreu o meu corpo, porque a ideia de Louis me desejando ao menos fisicamente era tão boa que me parecia impossível. – Muito bem. – Repetiu murmurando e passou a língua nos lábios. – Você está arrepiada. – Passou a ponta dos dedos na minha perna e só a fez se arrepiar ainda mais.
- Está frio longe da minha cama. – Ri. – Você me dá um segundo para trocar de roupa?
- Claro, claro. Vou esperar na sala.
- Tudo bem. – Me levantei e dei-lhe um beijo na bochecha antes de ir para o banheiro.
Fui para o banheiro, escovei os dentes e lavei o rosto, e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e firme. As pontas estavam bem enroladas e rebeldes e eu preferi prender a ter que arrumá-las e demorar muito. Quando cheguei na sala, Niall estava jogado no sofá menor com um saquinho de amendoins em mãos e me ofereceu um pouco.
Peguei um punhado na mão e pisquei para ele.
- Se liga. – Joguei dois para cima e peguei com a boca, Niall riu.
- Você é fera, hein?
- Eu sei. – Dei de ombros. – Vamos, Louis?
- Vamos. – Ele se levantou e pegou meu sobretudo preto no cabideiro de trás da porta. Quando saímos, o frio me atingiu no mesmo segundo.
- Bota – ele abriu o casaco atrás de mim e colocou em meus braços. Depois, o apertou contra mim na frente, por cima dos meus ombros. Mania chata essa do Louis de aproximar tanto o rosto de mim. – Está frio.
- Obrigada.
- Não foi nada. – Ele veio para o meu lado, mas me abraçou pelos ombros com o braço. – E aí, onde quer tomar café?

Louis’ POV

- Eu já volto com os pedidos. – A garçonete se afastou anotando em seu bloquinho.
- Por que é que sempre acabamos parando no Starbucks? – olhou em volta e sorriu para mim.
Dei de ombros, voltando a olhar para o cardápio. estava umas sete ou oito vezes mais bonita do que ela já era naquela manhã, e isso me deixava desconfortável de alguma maneira. Porque desde que nos beijamos há algumas semanas atrás eu ficava me lembrando de qual foi a sensação às vezes, e tinha vontade de fazer de novo. O que era meio errado, porque éramos amigos.
- Os cafés daqui nem se comparam a qualquer outro.
- Verdade.
A garçonete voltou com os dois cafés, meu folheado e o sonho que pediu.
- Quase. – Ela se inclinou na mesa e me mostrou o nome que haviam escrito.
- Qual é o problema deles em escrever nomes corretamente? – Peguei o meu e li “Lóis”.
Nós continuamos tomando café e conversando sobre coisas absolutamente fora do contexto, porque já sabíamos tudo que precisávamos saber sobre como foi a semana um do outro e etc, só por conversar pelo menos duas horas por dia pelo telefone. Minha sorte, era que era extremamente fácil conversar com sobre qualquer coisa, ela era tão sociável e eu me sentia tão bem com ela.
Mas naquela manhã em particular ela não estava prestando muita atenção em mim, e demorei para perceber que era porque estava flertando com o cara da mesa ao lado. Ela era bem sutil nesse aspecto, porque demorei para sacar.
- . . !
- Oi? – Ela deu um pulo na cadeira e me encarou.
- Você quer que eu saia para te deixar mais à vontade com seu novo amiguinho? – Assenti para o garoto.
- O quê? Não, Lou. Desculpa. É só que eu estava pensando, e... faz tanto tempo que não fico com um cara decente. Acho que está na hora de encontrar um cara, até a está namorando e eu continuo sozinha.
Ok, ela me deu um tapa na cara. Porque contando que há umas três ou quatro semanas atrás nós ficamos, acho que não sou um cara decente o suficiente para ela. E não que eu me importasse, mas isso me atingiu. Também que se ela arrumasse um namorado, seria mais um cara para dividí-las comigo. Além desse Jeremy, que para mim já nem devia estar no meio da gente, ainda teria que suportar o namorado de . E eu nem fui com a cara dele, mesmo ele nem existindo ainda, só por se dominar “namorado da ”.
Saudade de quando éramos só nós dez. Suspirei.
- Não tem problema algum em estar sozinha, você precisa achar o cara certo antes de se precipitar.
- Eu não sou desse tipo que se guarda para o cara certo, Lou. Enquanto ele não vem, qual o problema em dar uns beijinhos em outros?
Ok, agora eu sou o “outros”. Me afundei mais em minha cadeira.
- E talvez o cara certo seja burro e ainda esteja atrás da garota errada.
Ergui meus olhos para ela.
- Como?
Ela deu de ombros e voltou a encarar o garoto da nossa direita.
Bati meu dedo na mesa enquanto pensava em algum modo de chamar a atenção de para mim de novo, como tinha que ser. Ela saiu para tomar café comigo, e não para flertar com um cara qualquer.
Me virei para trás e pedi a caneta de um garçom emprestada. Peguei um guardanapo debaixo do meu prato e escrevi nele. Depois, devolvi a caneta e virei para ela de novo.
- Ei, .
- Quê? – Ela me encarou.
Passei o guardanapo para ela na mesa, e ela o pegou. Depois de ler, sorriu e revirou os olhos para mim.
- Por que só tenho uma opção?
- O quê? – Me inclinei na mesa e fiquei mais perto dela. – Você tem duas! Olha, duas! – Apontei para o papel.
- Ei Princesa , quer almoçar comigo hoje? Sim, ou Claro? – Ela leu. – Ah, Louis. Você só me convida para comer! – Ela riu.
- Quer fazer o quê? A gente pode fazer alguma outra coisa. Sério.
- Tudo bem, almoço está ótimo para mim, mas a gente ainda tem... – olhou no relógio. – Quatro horas para fazer alguma coisa nas ruas de Londres antes de almoçar.
- Isso não é problema, Londres é enorme, e está esperando por nós. – Olhei pela janela e ela também.
- Ei, aquilo lá não é um papparazzi? – Ela apontou.
- É. – abaixei sua mão. – Finge que não viu, vai tornar tudo mais interessante para ele.
Ela assentiu.
- E o que acontece se eu te beijar agora?
Olhei para ela, curioso.
- Provavelmente vai ser tachada de minha namorada. E tenho certeza que não é isso que você quer. – Já que eu não sou um cara decente, concluí em minha cabeça.
- É claro que não. – Ela revirou os olhos de novo e suspirou pesadamente para mim. – Vamos?
- Vamos.
Nos levantamos e eu deixei algumas libras na mesa, e enquanto guardava minha carteira no bolso pegou minha mão e me puxou até a saída com naturalidade.
- Acho que você gosta que pensem que somos namorados. – Falei olhando para nossas mãos entrelaçadas.
- Está dizendo que eu sou interesseira? – Ela parou na porta, enquanto botava seu casaco.
- Não, , não! Eu falei na maior inocência, juro.
- Talvez seja melhor eu não pegar sua mão, ou vão pensar que somos namorados e isso seria um crime. – Ela foi mais rápido na minha frente.
Droga, Louis, cala a sua boca!
Andei mais rápido para alcançá-la e encaixei minha mão na dela de novo. Olhei para ela, e ela ainda mantinha aquela expressão sem surpresa alguma. Dei-lhe um beijo na bochecha e tudo que ela fez foi me olhar de canto por um segundo.
- Eu não quero que pense que tenho algum problema em acharem que estamos juntos. Qual é, olha para você, é uma gata! Eu seria o sortudo se estivesse com você.
Ela esboçou um sorriso por uma fração de segundos.
- Ainda bem que você sabe.
Ri.
- Ah, qual é, cadê aquele sorriso? Cadê aquele sorriso, ? – Cutuquei-a.
- Não enche. – Ela me empurrou um pouco.
- Ah, vem cá! – Me abaixei e peguei-a pelas pernas, e a joguei em cima do meu ombro.
- Louis! Estamos no meio da rua, seu idiota! Me larga! Me larga no chão!
- Tudo bem! – Soltei-a rápido e segurei de novo, e ela só resvalou um pouco do meu ombro e gritou.
- Não me solta!
- Você tem que se decidir! – Ri.
- Eu vou te morder, Louis!
- Nossa, que medo, acho que eu vou começar a rezar! – Ironizei.
Senti uma dor no lóbulo da orelha nessa hora
- Ai, ! – Gritei.
- Eu avisei.
Soltei-a no chão com cuidado e passei a mão na minha orelha.
- Isso foi maldade! – Reclamei.
- Não foi por falta de aviso. – Ela me empurrou um pouco com o quadril e fiz o mesmo com ela. Começamos a rir da nossa idiotice.
- Já percebeu que sempre que saímos juntos na rua todo mundo à nossa volta nos olha torto?
- Por que será, né, Louis?
Rimos de novo.
- Olha, Lou! – Ela apontou para uma cabine de fotos na praça do outro lado da rua. – Eu nunca entrei em uma antes.
- Nunca? Vamos ter que mudar isso. – Eu a peguei pela mão e fomos até lá. Dei o dinheiro para a moça que cuidava das cabines e ela segurou a cortina para que entrássemos lá dentro. Era escuro e tinha uma luzinha fraca, para que as fotos saíssem com a luz adequada.
- São quatro fotos. – Avisei, e concordou.
As fotos tinham um intervalo de alguns segundos para que tivéssemos tempo de trocar de pose. Quando a contagem para a última começou, nos olhamos. Eu não tinha ideia de que careta fazer para aquela foto, então dei de ombros para ela. No último segundo, se aproximou devagar do meu rosto e eu deixei que ela fizesse o que pensei que ia fazer. No momento em que fechei os olhos e senti a boca dela na minha de novo, o flash iluminou a cabine e a foto foi tirada. Mas não paramos aí, como era esperado. Um beijo desses era bom demais para ser desperdiçado. Eu me aproximei um pouco mais e passei a mão por baixo do seu cabelo, trazendo-a mais para perto de mim.
- As fotos já estão pron... ah. – A voz da dona da cabine foi ouvida atrás de nós, mas decidimos simplesmente ignorar, nós estávamos ocupados agora.
Ela fechou a cortina e saiu, e a cabine voltou a ficar escura. Eu descobri que precisaria respirar, por mais que se pudesse escolher eu preferia beijá-la. se afastou de mim terminando aquele beijo com perfeição quando puxou de leve meu lábio superior com os dentes e depois depositou um selinho ali. Droga de garota que sabe como me deixar louco.
Eu ainda fiquei por alguns segundos com os olhos fechados, esperando que desse jeito a sensação daquele beijo durasse mais, não querendo me esquecer daquele gosto nunca. Mas quando abri meus olhos, eu encontrei os dela olhando para mim. Não entendia como ela podia me olhar tão naturalmente como se nada demais tivesse acontecido.
Bom, mas talvez fôssemos amigos com benefícios, qual o mal nisso? Todo mundo faz isso hoje em dia, não é mesmo?
E isso não era só uma desculpa que eu estava dando para mim mesmo.
O bipe dos nossos celulares recebendo mensagem nos assustou, e pegamos eles para ver o que era.
“Reunião e emergência, casa das meninas, Liam x”. Assim que li, eu soube que ela recebera a mesma mensagem que eu, era para contar as novidades.
- Acho que nosso almoço furou. – Falei.
- Tenho certeza que eles estão fazendo almoço para nós.
- Bom, então vamos lá?
- Claro.
Saímos da cabine e a garota nos deu a foto, com um sorriso suspeito de quem “sabia nosso segredo” no rosto.
Peguei e entreguei-a para depois de dar uma rápida olhada. Se isso caísse me mãos erradas...
Mas ela pareceu gostar do que viu. Até que a última foto ficou bem legal. Não mais legal do que o momento em si quando ela foi tirada, mas legal. Sorrimos um para o outro e ela guardou a foto no bolso.
- A primeira vez que eu fui numa dessas foi com e Els... – Essa frase saiu sem querer. Tanto que eu a olhei, esperando para ver o que ela ia fazer. Mas ela apenas me olhou, para que eu continuasse.
- Me perguntaram tantas vezes dela essa semana nas entrevistas... Acho que eu estou indo bem. Não é? Eu falo menos dela.
Ela assentiu.
- Mas eu ainda sinto falta dela. Ficamos juntos por mais de um ano. Eu a amava. Eu não estou totalmente errado. Talvez um dia ela queira voltar. – Esperei alguma reação , e nada. – Ou não, já que agora ela tem esse tal de Lorenzo. Ele deve ser muito melhor do que eu. – Revirei os olhos.
Olhei para , mas ela só caminhava olhando para frente. Continuei.
- Porque eu não consigo imaginar porque ela não podia seguir a vida comigo, mas com ele sim. Ele deve ter algo que eu não tenho. Sabe, eu tenho raiva dela, muito mais do que saudade. Isso só pode ser um bom sinal. Eu acho que não voltaria com ela mesmo se ela quisesse. Porque, pensa bem, se ela me largou assim do nada e me encheu de desculpas esfarrapadas quer dizer que ela não quer mesmo...
- Louis! – parou de andar do nada na esquina enquanto esperávamos o semáforo abrir para atravessarmos a rua, e gritou. Bingo. – Cala a sua boca!
- Oi? – Balancei a cabeça.
- Você é um babaca! – Ela me empurrou pelos ombros. – Idiota! Você é um perdedor, sabia? Essa vaca não quer nada com você, só você não percebe! Estou absolutamente cansada de te ouvir falar dela a cada minuto do dia! Você só me liga para encher meus ouvidos sobre ela, seu retardado, olha só pra você! Eu tenho pena de você, está completamente iludido se acha que ela vai voltar. Ela. Não. Vai. Voltar. – Falou pausadamente. Ela estava furiosa. E isso estava me deixando mais confuso do que era para ser. Ela estava certa. – Quer saber? Você é um lesado, vê se me erra. Essa não sou eu. Eu deveria ter percebido há muito tempo. – Bufou e virou as costas, indo para frente para atravessar a rua.
- ! – Gritei e peguei seu pulso.
- Me solta, merda! – Gritou.
- O sinal... – apontei para o semáforo e olhei para o lado, onde vários carros frearam na mesma hora para não acertarem nela. Estávamos parados no meio da rua, e várias buzinas começaram a soar nessa hora. – Você ia se machucar, eu só... – suspirei e passei as mãos no rosto. Minha brincadeirinha quase custou caro. – Me desculpa. De verdade. Eu nunca percebi o quanto falo dela para você, eu só não consigo evitar, ela...
puxou sua mão e tapou os ouvidos.
- Você está fazendo de novo!
- Desculpa. Parei, agora. Juro.
Quando prestei atenção em seus olhos, eu os vi um pouco marejados. Não era possível que ela estivesse prestes a chorar.
- Você vai chorar? Você...
- Você é tão babaca. Fica reclamando por falta de amor, mas não sabe que a garota que mais quer te dar amor está bem na sua frente.
- O... quê? – Ri fraco, confuso. Nunca pensei que tudo fosse tão mais sério para ela.
As buzinas continuavam, agora misturadas com gritos nos xingando e falando para sairmos do meio da rua.
- Eu sempre fui apaixonada por você, Tomlinson. – Quando piscou, uma lagrimazinha de nada escorreu na sua bochecha. – Mas sabe... – ela riu com amargura e limpou-a, rápido. – Isso não importa. Essa não sou eu. Não sou de mendigar amor. Não quero mais sentir isso.
Quando foi se virar, eu percebi que ia acabar sozinho. Não só sozinho no meio da rua, eu quero dizer. Mas sozinho de verdade. Sem uma garota. Sem Eleanor. E sem . E percebi também que eu não queria perdê-la. Eu não podia. Então, houve um estalo em minha cabeça e eu apenas fiz o que devia ser feito. Sem nenhum motivo aparente, foi só o que passou primeiro em minha cabeça na hora. E eu puxei o seu pulso de novo e a beijei.
No meio da avenida. Sem aviso. Como ela costumava fazer. Para me cobrar, para devolver a ela aquela sensação tão gostosa que provoca um frio na barriga. Para fazer ela sentir o que eu sentia.



Capítulo 15

From throwing clothes across the floor
To teeth and clothes and slamming door on you
If this is all we're living for
Why are we doing it, doing it, doing it anymore?
I used to recognize myself
It's funny how reflections change
When we're becoming something else
I think it's time to walk away

Niall POV

- Panquecas?
- Panquecas! – Liam exclamou.
- Eu gosto de panquecas. – disse, entrando na cozinha comigo, Zayn, e Liam também.
- Já mandaram as mensagens? – Zayn pergunt
ou.
- Sim, só faltam e Harry e e Louis.
- Estou curiosa, dá pra falar logo? – pediu.
- Ei, chegamos! – era a voz de na porta. Fui até a porta da cozinha e vi os quatro que faltavam entrando na casa.
- Hum, panqueca! – bateu palminhas.
- Pega um prato, . – Liam pediu, no fogão.
Ela fez o que ele disse.
- Agora dá um passo para trás e segura o prato.
estranhou, mas obedeceu. Liam levantou a frigideira com a panqueca já pronta dentro dela e jogou-a com a ajuda da espátula para trás, para tentar acertar no prato. Não deu muito certo, contando que pegou em Harry.
- Ai! – ele reclamou.
- Foi mal, preciso treinar.
- Ótimo, agora só falta . – falou, empolgada.
- Mantenham a calma, queridos, a loira do grupo acabou de chegar. – saiu de seu quarto e veio para a cozinha também.
- Estamos todas aqui! Contem, contem logo! – pediu.
- Venham cá. – Liam largou a frigideira e o pano de prato, e chamou todos para a sala com a mão. Segui todo mundo até lá, onde cada um se jogou em um dos sofás beges das meninas, ou nos três pufes coloridos, e eu e Harry, que sobramos, sentamos no chão.
- Então, é o seguinte. É mais como um presente para vocês, só que também beneficia a nós.
- Vocês sabem que nós vamos nos apresentar no MSG esse mês, não é? – Harry continuou. – E não vamos voltar a tempo para a ceia de natal.
O sorriso de se desmanchou.
- Sério? Poxa, eu já tinha até alguns programas em mente...
- Nós sabemos, e é por isso que a gente resolveu fazer isso. Depois do show no Garden, nós vamos receber as tão esperadas férias de fim de ano. Três semanas, se eu não me engano. Então no dia 26 já vamos estar de volta em Londres, e vamos poder passar o final de ano com vocês.
- Com a gente? Uau. – levantou as sobrancelhas.
- O que foi, ? – perguntei.
- Nada, é só que eu achava que algum dos feriados vocês passariam com a família.
- A gente também. – Lou comentou. – mas não vamos poder. Então pensamos “poxa, passamos todos os finais de ano de nossas vidas com nossa família, e nenhum com as meninas”. Depois que o ano virar, a gente passa uns dias em casa com eles. – ele deu de ombros.
- Exato.
- Concluindo...? – pediu para prosseguirmos.
- Concluindo, nós pensamos que talvez pudéssemos fazer uma viagem. Todos nós, juntos.
- Uma viagem? Para onde? – perguntou.
- A gente pensou em algo como... Grécia.
- Grécia? – todas elas perguntaram ao mesmo tempo, exceto, talvez, .
Zayn pigarreou e virou o laptop que tinha no colo para as garotas. Lá tinha a localização do lugar onde planejamos talvez passar alguns dias com elas.
- Ilha de Creta. Fica no extremo norte da Grécia e é um lugar incrível, pelo que dizem. Nós podíamos passar uns dias lá, tem coisas muito legais para fazer. – ele explicou.
- Então vamos para a Grécia?
- Se vocês quiserem.
- Eu quero! - exclamou.
- Eu também quero, fala sério, quem é que não quer? – sorriu.
- Eu não quero viajar. – teve que dizer, para estragar todo o clima. Não consegui me aguentar e tive que dizer:
- E eu não suportaria viajar tendo que ouvir alguém reclamar a viagem toda.
De repente, a sala ficou em silêncio.
- Para quem não consegue manter nem uma amizade, manter a calma também não é seu forte. – Ela respondeu, seca.
Todos só conseguiam se olhar. Eu podia sentir meu sangue subindo para a cabeça.
- Pelo menos não sou mentiroso e manipulador. – Dei de ombros.
Ela arregalou os olhos para mim e pulou no sofá.
- Você é um merda, Horan, isso que você é!
- Isso é irônico, porque quando você me beijou no banheiro eu não era um merda. Se decide, .
O clima estava tão pesado que todos estavam sendo esmagados naquela sala. O choque pelo que eu disse fez todos se encararem e um silêncio nos engolir por completo. abriu a boca algumas vezes, mas nada saiu. Ela apenas ficou muito vermelha, e não ousou nem se mexer no sofá. Não que eu estivesse muito mais confortável.
- Niall, você... – ela começou algo que eu sabia que seria um insulto no futuro, se ela conseguisse pensar no que dizer. – você...
- Chega, vocês dois! Estão parecendo alguém que eu conheço. – Harry falou, batendo as mãos nas pernas.
- Bom... – quebrou o clima tenso. – E então? Grécia, uh?
- Ah, é, então... – Liam continuou. – a gente pensou em não só viajar, como ir de carro.
- De carro? – fez uma careta fofa.
- É, acho que dá mais ou menos três ou quatro dias de viagem. A gente provavelmente nunca mais vai ter a chance de fazer uma road trip na vida com toda essa agenda louca que temos, então nós conversamos e pensamos: whatever, vamos lá! – Lou disse. – o que vocês acham? Vamos ter tempo de sobra, apenas nós, sem mais ninguém. Vamos poder fazer o que quisermos. Vai ser divertido, vamos lá!
- É, eu concordo. Vamos ter bastante tempo a sós. – sorriu.
- Quem aqui está de acordo com isso? – Harry perguntou.
Todas elas levantaram a mão, menos uma. Adivinhem?
- Então você vai ficar, ? – perguntou.
- Como é que é?
- Você não quer ir. – ela deu de ombros. – não seria justo todo mundo ficar só por sua causa, e você já é grandinha para ficar sozinha, então...
- É, , exatamente. – ela sorriu cínica para sua amiga. – eu vou ficar. – e se levantou do sofá, indo para o quarto.
- Quantos anos ela tem? – bufei.
- Relaxem, dois dias e ela muda de ideia. – disse.
- Eu tenho uma pergunta: vamos em dois carros? – perguntou.
- Nós vamos pegar a nossa van. Só temos que convencer o Paul. – Louis sorriu, empolgado.

’s POV

Voltei da cozinha de Liam para seu quarto com um copo de água na mão e depois de tomar um gole deitei ao seu lado.
- Então... – empurrei Liam pelo peito até que ele deitasse completamente e deitei em cima, olhando para ele de baixo. – Eu tive uma ideia brilhante hoje.
- Brilhante? Me conta, então.
- A gente pode sair pra jantar...
- Ideia incrível! – ele me contou, gritando alto.
- Liam! – bati nele e ri. – eu não terminei.
- Desculpe, termine.
- E a gente pode convidar o Zayn e a .
- O Zayn e a ?
- É. – dei de ombros. – nós estamos felizes, e Harry estão felizes, até está mais feliz. Tirando a e o Niall, que eu realmente não sei se tem solução, podemos tentar fazer algo para ajudar. Eu odeio ver minhas amigas tristes.
- Você tem razão. Vai ser bom fazer eles se aproximarem outra vez, Zayn está tão triste ultimamente...
- Então, é um ótimo plano. – me gabei.
- Ah, é claro amor, você é um gênio. – ele revirou os olhos e riu.
- Eu sei, eu sei. – suspirei e mordi os lábios, enquanto pensava e ele olhava a TV. – Ei, você nunca pensou em ter algum animalzinho? – perguntei, me virando de costas para ele e olhando para o teto. – tipo um cachorro, um peixe ou uma tartaruga?
- Eu já tive tartarugas. – ele falou.
- Mas?
- Mas uma comeu o pé da outra quando eu não as dei comida.
Tive um ataque de riso nessa hora, mas Liam não me acompanhou. De algum modo o silêncio dele me fez rir mais.
- Não foi engraçado, .
- Desculpa. – tentei parar de rir, mas acabei rindo mais um pouco antes de parar. – Desculpa.
- Por que a pergunta? – Ele riu baixinho.
- Porque eu não quero ter filhos. – ri.
- Filhos? – ele disse, e mesmo não vendo eu pude sentir um sorriso em sua voz.
Minha intenção ao falar aquilo era ser uma brincadeira.
- É, então um peixe ou uma tartaruga seria a melhor opção, você sabe. Ao menos que tivéssemos um cachorrinho. Talvez uma boneca, assim você não corre o risco de deixar ela morrer de fome. – leguei meu celular que estava em minhas costas no sofá e comecei a escrever uma mensagem para enquanto falava. – Bom, talvez algum dia eu mude de ideia sobre ter filhos, mas por enquanto, eu digo, antes de nos casarmos e tudo mais, e antes de termos a nossa própria casa ou... ou talvez antes de eu conseguir um emprego estável. – parei de teclar. – Eu estou sendo muito sufocante? – foi uma retórica, porque eu estava tentando deixá-lo aterrorizado. Liam era sempre tão centrado, ele devia ter algum ponto fraco.
- Não, eu estou gostando. – Ele falou, tranquilo. – continua. – me cutucou.
Enviei a mensagem e encarei Liam.
- Eu estava falando tudo isso para te assustar. – Fiz um bico.
- Assustar? Por que você me assustaria? – Liam deu de ombros.
Sorri para ele e suspirei.
- Às vezes esqueço que você é diferente. Pensei que isso fosse te assustar como faria com qualquer outro homem.
- Na verdade foi bom imaginar tudo isso. Mas... posso te pedir uma coisa?
- Pode. – dei de ombros.
- Podemos ter uma casa com um jardim bem grande?
Ri alto.
- Ah, e um portão dividindo a piscina do resto da casa, porque o bebê não pode se jogar na água de uma hora para outra. Você sabe, ele vai ser seu filho, então eu não duvido.
- Ok, agora você tá me assustando. – Ri e ele riu junto, me cutucando. - A gente tem tempo pra pensar nisso.
- É, temos... – ele sorriu.
- Olha, a respondeu minha mensagem.
- Você mandou o quê?
- “jantar comigo hoje às oito, não aceito um não como resposta.” Ela acha que só eu vou, agora faz o mesmo com o Zayn.
- Tudo bem. – Ele disse e pegou o celular do bolso, digitando uma mensagem. Depois de largar o aparelho, me olhou. - Ei, quer sair? Tomar um café ou algo assim? Não tem nada pra comer na minha geladeira.
- Pode ser, estou com fome.
Nos levantamos e Liam foi trocar a roupa no quarto. Eu já estava arrumada, então só peguei um casaco dele para me proteger do frio londrino.
Saímos sem carro, porque a casa dos meninos ficava perto de um Starbucks e um restaurante de comida italiana.
- Starbucks?
- Sempre. – ri e concordei. – Vou falir de tanto tomar os cafés daqui, mas não abro mão.
Estava um belo dia para saírem fotos em HD de mim e Liam de mãos dadas na rua. Mas não podia mentir que a sensação de um fotógrafo nos seguindo era no mínimo estranha. Chegamos na esquina seguinte e entramos no café, e o aquecedor se fez presente no ar, me senti mais confortável sem aquele frio todo me rodeando.
Sentamos em uma mesa e fizemos nosso pedido de sempre, e começamos a conversar sobre algo enquanto esperávamos, e não demorou muito tempo para os cafés chegarem. Mas algo me chamou atenção no cara com a menininha loira há duas mesas atrás de Liam.
Eu definitivamente conhecia aquele garoto dando o canudinho do café para a garotinha na boca e sorrindo para ela. Pude ouvir ele falando “agora vamos limpar isso” enquanto limpava a boca dela com um guardanapo e sorri. Matt era mesmo um garoto adorável.
A menina deu uma rápida olhada para nossa mesa, e arregalou os olhos quando olhou para Liam.
- ? – Liam estalou o dedo na frente de meu rosto.
- Oi?
- Oi. – ele riu. – está ouvindo?
Desculpa, eu só... – apontei para a mesa de Matt e o vi se aproximando da nossa mesa de mãos dadas com a menininha e um pouco curvado, porque ela era baixinha.
- O que ele está fazendo aqui? – Liam falou.
Dei de ombros.
- Ei, gente. Desculpem o incômodo, mas minha companheira aqui é uma grande fã do seu trabalho. – ele disse para Liam. – Se importa em dar um autógrafo e uma foto?
Liam olhou para a criança e sorriu.
- Claro que não. Ei, gracinha...
- E aí, Matt? – acenei com a cabeça.
- E aí, . Tudo bem?
- Tudo ótimo. Por que sempre que nos vemos tem café no meio? – perguntei, pegando meu copinho de café.
- E não é? – ele riu.
- Prontinho. – Liam entregou o celular de Matt com a foto e o guardanapo com o autógrafo, mas a menina continuou olhando para ele sem se mexer para sair dali.
- Hum, Ally...
- Ei, vocês...? – olhei para Liam e depois para Matt e a garotinha. – Por que não se sentam com a gente?
- Ah, não, não. A gente não quer incomodar, e... – Matt olhou para Liam e depois para a Ally, que puxava a mão dele e implorava com o olhar. – Ally, eles estão ocupados. – ele sussurrou.
- Não, tudo bem. – ri. – tudo bem, não é amor?
- Ah, é claro. – Liam sorriu de volta. – sentem.
- Bom... tudo bem, mas não vamos ficar por muito tempo, ok? – Matthew disse a ela, que sorriu e assentiu.
Matt se sentou ao meu lado, já que ela já havia pegado seu lugar ao lado de Liam.
- Então, Ally – Me inclinei na mesa e cheguei mais perto dela. – Quantos anos você tem?
- Tenho sete. – ela sorriu e pude ver que um de seus dentes da frente havia caído. Ri. – Olha, Liam, que gracinha!
- Gracinha mesmo, acho que eu que vou pedir uma foto com você! – ele disse e a cutucou. – você é linda.
Os dois continuaram a conversar enquanto tomávamos nosso café e Ally perguntava tudo que uma fã com tempo livre com seu ídolo perguntaria a ele. Enquanto isso, eu conversava com Matt. Ele é um cara engraçado, daqueles que te faz rir com as expressões que faz durante a conversa, e começou a me contar de coisas embaraçosas da infância. Eu simplesmente não conseguia parar de rir, minha barriga doía.
- ... E então eu fiz assim – Matt me contava sobre quando foi dar uma correntinha de ouro e pedir em namoro a primeira garota da sua vida. Ele pegou minha mão e me olhou no fundo dos olhos, mas eu sabia que algo engraçado estava por vir. – “eu nunca me senti assim antes, e eu acho que eu te amo. Queria que você me desse a honra de namorar pela primeira vez com uma garota linda como você. Você quer namorar comigo?”
- E então?
- E então, ela sorriu meio encabulada, puxou a mão da minha com delicadeza, olhou a corrente por uns segundos, depois começou a gaguejar, jogou a corrente para cima e saiu correndo.
- SAIU CORRENDO? – comecei a rir com a mão na boca. – Meu Deus, Matt, eu sinto muito por isso, deve ter sido muito triste para você, mas... é engraçado.
- Eu sei, você pode rir. Eu mesmo ainda rio às vezes. – ele riu um pouco.
- , podemos ir? – Liam me puxou de volta para a realidade na mesa.
- Hã, é claro, Liam. – fui me levantando com ele. – Foi bom te ver fora do trabalho, Matt. Nos vemos segunda.
- Claro, até segunda. – ele acenou. – E obrigado pelo convite, de novo – assentiu para Ally.
Dei um beijinho na bochecha dela logo depois de Liam, e fomos embora.

Liam’ POV

- Você bateu a porta de casa. – observou, com calma, soltando meu casaco no sofá.
- Sério? Sinto muito. – respondi.
- Está tudo bem? Você nunca bate nada.
- Uhum. – fui para a cozinha. – quer algo?
- Quero água.
Enchi um copo de água e levei para ela no sofá, que procurava um filme bom na TV.
- Aquela menininha, a Ally, era a coisa mais linda, não? – ela sorriu.
- Sim. – Disse, sentando ao lado dela.
- Tudo bem, Liam. – soltou o copo na mesinha e se virou para mim, ao seu lado. – Qual é o problema, hum? – me deu um beijinho no rosto. – Você está triste? Irritado? – me deu um selinho dessa vez. – me conte, Senhor Payne, talvez eu possa ajudar. – ela sorriu e se sentou no meu colo, descendo os beijos macios pelo meu pescoço.
Mesmo assim, estava decidido por não tornar as coisas fáceis para ela dessa vez. Então, não falei. Eu não era Harry, não era bom nessa coisa de começar discussões.
- Me fala, Li! – ela soltou uma risada que foi abafada pela minha pele. Antes de fechar os olhos, que era a reação natural de meu corpo a esses tipos de carinho, eu a afastei um pouco, e ela foi para trás para olhar em meu rosto.
- Por que não pergunta ao seu amigo, Matt?
Ela colocou a franja atrás da orelha e resvalou para sentar ao meu lado outra vez, no sofá.
- Ah... isso. Eu imaginei que você talvez ficasse assim.
Nós encaramos a TV sem nenhum interesse por algum tempo.
- Olha, se você olhar por esse lado, não tem moral para falar nada, contando que passa a semana inteira no meio de várias garotas. – ela disse e deu de ombros, e me olhou de baixo.
- E você não tem direito de me dizer o que devo ou não falar, porque aquele foi o cara que praticamente me deu um aviso de que se terminarmos, ele vai ser o primeiro a tentar te pegar de mim.
- Você está sendo paranoico. Matthew é um amigo, e ele me ajudou naquela noite no pub quando suas fãs me atacaram. – ela disse, sem nunca perder a calma, é claro.
- Ah, não bote a culpa de tudo em cima delas, ! Elas são minhas fãs, e fãs são assim. Elas só... são um pouco ciumentas.
- Como você?
Olhei para ela, bravo.
- Elas me humilharam, Liam. Disseram que eu nunca deveria ter acreditado em seu amor por mim, porque você vai cansar de mim logo e vai me trocar por qualquer outra vadia assim como fez com Danielle. Foi isso que elas disseram. Mas para você, elas só estavam sendo um pouquinho ciumentas. Acho que tem que rever seus conceitos, Payne! – então ela se levantou e jogou me mim o controle da TV.
- Ei, não fala assim comigo! Eu tenho direito de ter ciúmes da minha namorada, porque você é minha, e não daquele garoto que se acha melhor do que eu só porque te consolou uma ou duas vezes. – me levantei e a segui a passos largos para o quarto.
- Não senhor, Liam, você não tem esse direito. – ela virou e apontou para mim. – já me viu reclamar das suas fãs?
- Como há, hum, dois segundos atrás?! – apontei para a sala.
Ela bufou.
- Eu não sou uma namorada chata que fica te enchendo o saco com qualquer foto que vê de fãs se esfregando em você. Mas se eu chego perto de algum garoto, você já explode. Isso não é nada justo, não é mesmo Liam, e eu não acho fofo e nem nada quando briga comigo por eu ter um amigo! Ou eu assinei algum contrato que dizia que não podia ter amigos se quisesse namorar com você?
Admirava como ela conseguia brigar sem perder o controle e gritar, mas eu infelizmente não continha essa virtude.
- Você está fazendo drama, ! Isso é irritante, sabia? Eu não saio por aí pegando na mão das garotas e com aquelas conversinhas que ele te falou hoje. Eu não levo cafezinho pra elas todos os dias e não está escrito na minha testa “gosto de você” como está na dele. Eu tenho até medo que ele te agarre quando eu não estiver olhando, por favor, aquele cara está obcecado por você!
- Para de gritar comigo! – ela me empurrou para trás com as mãos em meu peito. Como já era óbvio, eu nem saí do lugar. Mas ela, no entanto, perdeu o equilíbrio e vacilou para trás.
Segurei os braços de com firmeza no mesmo segundo. Ela se debateu contra mim no começo, tentando se livrar dos meus braços, mas eu a segurei mais forte, e encostei a sua cabeça no meu peito. Eu não queria que isso acontecesse. Não queria nem começar uma briga, porque no final iríamos acabar cada um em um canto daquele lugar, e eu não podia me dar ao luxo de ficar brigado com ela em nossos poucos minutos juntos. Não podia, porque não éramos assim. Já tínhamos problemas demais, e eu não precisava de mais brigas de casal por ciúmes separando a gente. Isso não era de nosso feitio.
- Ei, . Ei, me escuta. Tudo bem, está tudo bem. Me desculpa. Não vai mais acontecer.
Quando vi que ela se acalmou o suficiente, me afastei um pouco e segurei seu rosto, erguendo seu olhar para o meu.
- Olha só para nós dois. A quem queremos enganar? Não somos desse jeito. – Sorri, tranquilo. – não vamos brigar, vamos? Eu te amo. Eu te amo, te amo! Não vou deixar bobagens separarem a gente.
- Liam, nós já temos muita coisa pra se preocupar. – ela choramingou. – não faz isso. Não dificulta. Não... – ela se agarrou em minha camiseta e encostou a cabeça no meu peito. – não se afasta de mim.
- Eu não vou. – afaguei seus cabelos e suspirei. Eu tinha ciúmes. Não gostava dele. Mas acho que ela estava certa, eu estava sendo injusto.
- E não grita mais comigo, tá?
- Eu não vou, amor. Não vou. – beijei o topo de sua cabeça. – eu prometo.

’s POV

- Eu estou com preguiça de sair, . – reclamei. – azar o seu, vai pra casa do seu namorado só pra ficar sozinha. Aliás, cadê o viado do Harry pra ficar com você?
- Ele foi a um evento beneficente. – ela suspirou. – trabalho, você sabe.
- Bem feito para você, podia ficar em casa, agora sou eu sozinha aqui e você sozinha aí. – segurei o telefone entre o ombro e a orelha para lixar a unha.
- Ah... eu preciso te contar uma coisa, .
- O que foi? Acha que tá grávida? – ri.
- não, Credo, ! É só que quando eu e Harry trouxemos o Niall para casa hoje mais cedo, tinha uma garota esperando ele, e... E depois o Harry me contou das inúmeras garotas que o Niall pegou durante essas semanas na estrada.
Ah, que droga. Soltei a lixa de unha e me joguei para trás, em minha cama.
- Não sei porque está me falando isso. O Niall não me deve satisfações e ele pode comer quem ele quiser. – tentei agir normalmente e não deixar nada passar por minha voz.
- Ah, qual é! Eu sou sua melhor amiga, não vai me enganar com esse papinho furado. Olha, , eu realmente queria que vocês ficassem juntos, queria te ajudar de algum modo. Tem algo que eu possa fazer?
Eu pensei inúmeras vezes em pedir que ela tentasse nos aproximar de novo, mas agora que sei que ele já nem liga mais para mim, isso nem passou pela minha cabeça. Até que demorou bastante para que Niall acordasse e percebesse que pode ter coisa muito melhor do que eu.
- Não, . Eu quero esquecer ele e seguir em frente. Aliás, é isso que estou fazendo. Você acha que eu devo ligar para o Blake?
- Aquele, do ginásio? O garoto que te agarrou no banheiro feminino? – riu. – você merece algo melhor!
- Ele era bonitinho... mas tem também o... o... – me forcei para lembrar o nome. – Clark. Aquele que zoavam por causa da camiseta do Poo.
- Ele era muito nerd. Você não vai entender metade do que ele falar, se sair com ele.
- Você está me chamando de burra?
- Não, não . Nem a entenderia.
- É. – ri. – tá certo. – bufei. – ah, mas que droga, não existe gente decente numa cidade desse tamanho?
- Claro que existe, você só tem que querer conhecer.
É, talvez o problema fosse que eu me pegava fazendo comparações o tempo todo. Do tipo “esse não tem os olhos azuis o suficiente” “não, não, os cabelos desse não parecem tão macios” e “ah, mas esse não tem aquelas bochechas rosadas”. Suspirei pesadamente outra vez.
- Ei, você quer fazer algo essa noite? Odeio ser a única solteira do grupo.
- Eu tenho um compromisso com o Harry. Mas como assim, a está namorando agora e não me contou?
- Ela e o Louis vivem colados agora, e você sabe como essa história termina, a gente já viu o mesmo acontecer com a e com a .
- Ah... ah! Tomara, né!
- A, tomara! Mas então, você e a putinha se acertaram?
- Eu agradeceria se não chamasse meu namorado de putinha, . Me sinto um cafetão.
- Você entendeu. – ri.
- Não exatamente, mas eu espero que isso aconteça hoje. Estou farta de brigar com ele, eu sinto falta do começo da nossa relação, quando éramos só beijos e amores. – ela suspirou e deu uma risadinha, o que, julgando pelo quanto conhecia , era aquele ar de esperança que ela tinha. – vou colocar a minha melhor roupa, e esperar ele chegar essa noite. Tenho certeza que a gente vai se acertar. Eu sinto! Eu vou dar o meu melhor para que nosso namoro dê certo daqui para frente.
Levantei os pés e os balancei no ar enquanto sorria ao ouvir o telefone. Minha amiga estava tão apaixonada por esse cara, e eu esperava mesmo que Styles não a decepcionasse, porque era muito sensível quando se entregava de verdade para alguém, o que era raro. Eu não queria ver seu coração partido, era uma das piores coisas do mundo.
- Você está de quatro, amiga.
- Eu amo ele, . Eu o amo. É só isso. É... é simples. Eu amo o Harry como nunca imaginei que chegaria a amar algum dia.
- Eu quero muito que vocês fiquem bem, sabia? E se não ficarem, eu vou quebrar a cara dele.
- Tá bom. – ela riu. – então eu vou desligar, porque vou enrolar o meu cabelo.
Revirei os olhos.
- Vai lá, madame.
- Beijo, te amo.
- Te amo também.
Desliguei o telefone e o joguei na cama, fazendo mentalmente uma lista de garotos que gostavam de mim no colégio e gostariam de sair comigo. Eu teria que tratar de seguir a vida uma hora ou outra também.

Zayn’s POV

- Ah, não... – virei as costas logo que entendi do que se tratava o tal jantar.
Era mais do que óbvio que Liam não fez todo aquele bafafá para eu jantar com eles do nada, ele nunca me tiraria quase de arrasto de dentro de casa só porque queria que eu jantasse com ele. Por que afinal ele iria querer jantar comigo se esse era um de seus únicos momentos com ? Isso não tinha o menor sentido. Então confesso que boa parte do que me fez aceitar jantar com ele foi para descobrir porque ele fizera tudo aquilo.
E lá estava o belo motivo, em um vestido vermelho marcado na cintura e os cabelos loiros presos em um coque que caia em pequenas mechas enroladas. Ela também havia cortado o cabelo, e feito uma franjinha mínima que caia nos olhos. Os lábios estavam desenhados em um batom no mesmo tom de vermelho cor de sangue do vestido, o que contrastava com a pele branca. Deus, como ela conseguia ficar mais linda a cada dia.
- Não, não! – Liam pegou meu braço e me fez voltar. – Você vai, agora você vai. Eu não fiz tudo isso à toa.
- Eu não te pedi para fazer! – vociferei para ele. – mas que porra, Liam!
- Qual é, cara. Não vai te matar sentar na mesa e ter um jantar civilizado com elas.
- Eu te odeio. – deixei bem claro, antes de me livrar de suas mãos e arrumar minha jaqueta preta. Respirei fundo algumas vezes, e depois acompanhei Liam lentamente até a mesa.
Um recepcionista tirava o sobretudo preto dela, e por isso ela não nos viu se aproximar.
- Boa noite. – sorriu para mim, e semicerrei meus olhos para ela antes de responder.
- Boa noite.
Ela sorriu para mim como se não soubesse de nada.
- Boa noit... – se virou e sua voz sumiu assim que me viu. Me senti tão desconfortável. – Boa noite. – ela pigarreou e parou atrás da cadeira ao meu lado, na frente de . Liam se sentou ao lado da namorada e me lançou um olhar. Olhei para o lado, e me dei conta do que precisava fazer.
Puxei a cadeira e ela sentou.
- Obrigada. – murmurou.
Me sentei ao lado dela, xingando Liam mentalmente pela milésima terceira vez.
Conversamos, à medida do possível. Fizemos nosso pedido. E enquanto isso, conversamos mais um pouco. falou sobre a série, afinal agora ela era uma atriz (e eu não estava acostumado com isso, porque na nossa relação – isso é: quando tínhamos uma relação – eu era o famoso) e isso também justificava as roupas mais caras que ela estava usando e o novo corte de cabelo. Não que ela tenha mudado, porque olhando em seus olhos eu ainda via a mesma garota e ainda sentia que, apesar de ela ter se afastado, eu era o único que a conhecia desse jeito.
- Então vamos ter uma premiere de estreia amanhã à noite, e segunda o primeiro capítulo sai. – ela tomou um gole de seu suco, terminando de responder .
- Você tá empolgada?
- É claro que eu estou. Nunca apareci na TV antes e do nada eu sou uma das protagonistas de uma série. Eu estou muito ansiosa.
- A gente quase nunca consegue realmente se ver na TV, né Zayn? – Liam me chamou.
- É... é. Estamos sempre ao vivo, ou ocupados demais para ver o programa. – concordei.
- Mas uma vez eu vi. – Liam continuou. – é uma sensação estranha. – riu.
Fez-se silêncio por um tempo.
- Eu estou empolgada para a viagem. Foi uma ideia ótima de vocês.
- Na verdade parte do crédito é do Zayn.
- Ah, não, eu só disse que podíamos fazer uma viagem para nos redimirmos de não passar o natal aqui, e... eles adotaram a ideia. – dei de ombros.
- É, foi uma ótima ideia.
- E de quem veio a ideia de uma ilha grega?
- Harry. – falamos juntos.
- Nós estávamos em dúvida entre Portugal e Espanha, e ele disse Grécia. Então, aceitamos.
- Ei, Liam, você se importa em me levar para casa agora? – soltou seu guardanapo e olhei para o meu lado, meu corpo se agitando assim que ouvi que ela ia embora. Olhei para sua sobremesa quase que intocada, e olhei para Liam também.
- Ah, , eu não me importaria, mas eu e temos, hum, um compromisso agora.
Tanto eu quanto olhamos incrédulos para eles.
- Além disso, Zayn disse que te levaria para casa.
Arregalei os olhos para Liam. Eu estava prestes a arrancar a cabeça dele.
- Não é, Zayn?
me olhou um pouco surpresa e também com curiosidade. Bem, o que mais eu poderia dizer?
- É.
- Então, ótimo, você já tem carona. – falou.
Todo mundo se olhou por um segundo.
- Ótimo. – se levantou. – obrigada pela janta, . Mas da próxima, certifique-se de que vamos ser só nós ou me avise que mais gente vai aparecer. – ela sorriu gentilmente e beijou a bochecha da amiga.
Tudo bem, eu senti a indireta.
- Tchau, Liam.
- Tchau, .
- Tchau, Liam, tchau, . – acenei brevemente e segui para a porta. Ela foi colocando seu sobretudo até lá.
Seguimos para o meu carro e entrou no carona sem falar uma palavra. Era até bom vê-la lá dentro outra vez. Eu sentia falta de tê-la perto de mim todos os dias, em todos os lugares que ela costumava frequentar comigo.
Nós ficamos em silêncio por um tempão. Mas aí percebi que essa podia ser minha única chance de conversar com ela outra vez.
- Então, como estão as coisas? – comecei.
- Estão bem. – ela demorou um pouco para decidir se iria ser educada ou não. – e com você?
- Bem, também. Como vão as gravações?
- Legais. É, a gente começou a pegar o jeito agora.
- Ah, que legal.
Ficamos em silêncio por um segundo. Mas senti uma urgência em expor uma verdade, então simplesmente o fiz:
- Sinto sua falta.
Ela ficou quieta por um tempo.
- Zayn...
- Você não precisa dizer o mesmo, ok? Eu só queria que você soubesse.
- Eu... eu só... – ela deu de ombros, e voltou a encarar a estrada.
Paramos em uma fila de carros perto da avenida principal, aquela cidade estava virando um caos. Dei uma boa olhada, e a fila parecia não ter fim. O silêncio se fez presente pela milésima vez, e depois disso simplesmente pareceu precisar falar, assim como eu.
- Escuta, Zayn, me desculpa! Me desculpa por tudo! – ela levou as mãos à cabeça e depois escondeu o rosto, suspirou fundo e se recompôs. Mas olhava para frente, e não para mim. – Eu sei que venho sendo uma vadia com você, eu mal te olho no rosto, e eu sou muito mal educada, e... eu... mas é que eu só... – ela gemeu baixinho e encarou as mãos.
- Você pode me falar, . Estamos só nós dois aqui. Parece que você sempre quer falar algo, mas não consegue.
Ela assentiu.
- Eu... eu sinto tanto a sua falta. Eu me lembro de nós o tempo todo, e eu tento ver no Jeremy qualquer coisa que me faça querer estar com ele tanto quanto eu queria estar com você!
Olhei para o seu rosto, tentando procurar algum indicio de que eu não ouvira mesmo aquilo. Mas não existia, ela realmente parecia falar sério.
- Mas eu tenho medo. Eu sei que a gente não pode ficar junto se as pessoas não souberem da verdade, e a verdade não pode ser contada porque é a sua carreira que está em jogo, e uma carreira é muito mais importante do que um caso, um namoro ou sei lá o que tínhamos e que não tem garantia nenhuma de que vai durar. Você me entende? Se ficarmos juntos vão haver consequências, Zayn, e essas consequências podem acabar com nossas carreiras. Não podemos nos permitir. Não podemos.
- Eu aceitaria arriscar por você. – fui sincero.
Ela me olhou por um tempo. Depois, olhou para frente quando a fila começou a andar e avancei um pouco com o carro. Tudo parou de novo.
- Eu não consigo imaginar qu...
- Eu te amo.
Olhei rápido para , espantado com minhas próprias palavras. Não era para ter dito, mas foi tão natural. Foi automático. Eu entendia que ela estivesse assustada, porque eu também estava.
Ela me encarou por uns cinco segundos, mas pareceram horas para mim. E então, a próxima coisa que aconteceu ali foi uma série de movimentos muito rápidos que mal consegui processar. A mão de foi para o botão de liberar seu cinto, e um milésimo de segundo depois suas mãos estavam em meu rosto e a sua boca na minha.
se levantou do seu banco e veio para cima de mim, no carro, com um pouco de dificuldade. Eu não sei se quem destravou meu cinto fui eu ou ela, mas em pouco tempo já estávamos mais livres para nos mexermos lá dentro.
E aquele beijo, ah, aquele beijo... eu senti tanta falta daquilo, mas ao mesmo tempo era como se tivessem se passado segundos desde que ela me beijou pela ultima vez. E continuava ficando cada vez melhor, e aquela saudade misturada ao beijo deixou tudo tão maravilhoso que não quis que aquele momento acabasse nunca, eu pouco me importava em precisar de espaço para respirar.
Eu estava com . Eu estava beijando-a, e sentindo como se ela fosse minha de novo. Aquilo era a melhor coisa que eu poderia ter.
- Ah, meu Deus... ah meu Deus, Zayn. – ela disse entre o beijo, meio chorosa. – eu senti tanto a sua falta. Eu senti tanto a falta disso, Zayn. – se afastou um pouco e passou as mãos no meu rosto, como se fosse inacreditável que eu estivesse ali na sua frente mesmo. – Eu também te amo, Zayn. Eu te amo. Eu não posso, mas te amo. Muito, Zayn. Muito.
Tirei sua franja bagunçada de cima de seus olhos e passei o polegar na sua bochecha, para secar algumas lágrimas que caíram ali. Ver chorar nunca era um bom sinal para mim.
- Não, não chora, por favor. Não chora. – puxei-a para perto e colei minha testa na dela. – não tem que ser assim. – sussurrei.
- Tem sim, Zayn. Você sabe que tem.
- Fica comigo essa noite. Por favor, não me deixa de novo. Só por hoje. Não me deixa. – Enquanto falava, nossos lábios roçavam um no outro e me dei conta de que sempre ia ser minha, não importava o que ela dissesse e não importava o quão afastados estávamos. Isso não mudou com o tempo em que ficamos longe, e não mudaria tão cedo. Essa conexão física que tínhamos era a prova definitiva do que acabamos de dizer. Eu a amava. E ela me amava também. Nós apenas não podíamos deixar que todo mundo soubesse.
Mesmo não tendo motivo aparente, ela abriu um sorrisinho discreto.
- Só por hoje.
Assenti.
Ela voltou a me beijar, e voltei a sentir a melhor sensação do mundo.

Harry’s POV

Entrei em casa cantarolando uma música da JLS que tocou na boate que eu havia ido com alguns amigos. Uau, eu me sentia esgotado, mas ao mesmo tempo bem, eu precisava mesmo dessa pausa. Esse ritmo de entrevistas, reuniões, autógrafos etc., aquilo havia me tirado todas as energias. Precisava dar esse tempo para minha mente.
Larguei o blazer no sofá e girei nos calcanhares, ainda agitado com a música na cabeça.
- Oh, oh, oh. – Eu cantava enquanto ia para a cozinha. Minha barriga implorava por um pouquinho de atenção e um bolo de chocolate que eu sabia que estava na geladeira rondava minha mente nesse exato minuto.
Peguei um pedaço e saboreei aquilo como se fosse a última coisa que comeria antes de ir para a guerra. tinha razão, aquela confeitaria fazia os melhores bolos do mundo. De repente houve um estalo em minha mente e então eu me dei conta de que havia esquecido algo realmente importante.
Senti um par de olhos queimarem minhas costas e girei para ver quem era. estava escorada no batente da porta, segurando uma taça de vinho e estava vestindo jeans e uma blusa polo. Então eu soube o que eu havia esquecido.
- , mil perdões... – Comecei, mas ela levantou o dedo indicador em riste, me pedindo para não falar.
- Estou vendo que chegou bem em casa. Eu até estava preocupada, mas... Fui meio boba, né? – Seu tom de voz me indicava que ela estava ligeiramente bêbada, mas quem era eu para falar, eu também estava. Mas seus olhos me fuzilavam de tal modo que eu sabia que ela estava sóbria o suficiente para saber o que estava falando.
- La...
- Não, Harry! – Ela bateu o pé no chão, exaltada. – A gente tinha combinado! Você disse que não iria fazer nada hoje, era a nossa noite!
- Desculpe, eu tive que ir, era importante, é o meu...
- Trabalho? – Cortou-me de novo e aquilo já estava me incomodando. – É sempre seu trabalho. Sempre! Quer saber, vamos dar algum crédito ao seu trabalho, porque ele está ruindo nosso relacionamento!
- Você não entende, . É o que eu faço, não sou eu quem decide! – Juntei as mãos, implorando por um pouquinho de compreensão.
- Eu estou cansada de ser colocada sempre em segundo plano, Harry, estou simplesmente cansada. Eu não implico com o assédio das suas fãs, não reclamo da sua agenda cheia, não reclamo se seus empresários dizem que temos que sempre parecer bem um com o outro quando estamos na rua, num momento que eu simplesmente quero gritar com você! Eu só queria que você fosse pelo menos um pouco sensível e me ligasse avisando que não poderia vir. Assim, quem sabe, eu não ficaria plantada no seu apartamento como uma idiota esperando meu namorado chegar de sabe-se lá onde a sabe-se lá que hora!
- Desculpa se não dá para te ligar toda hora, avisando sobre cada passo que eu dou. – Abri os braços.
- Não senhor! Você não vai fazer com que eu me sinta a doida e neurótica da situação. Eu não estou te pedindo mais que educação, Harry!
- Legal. Mal educado. Você já terminou seu showzinho? – Esfreguei as mãos no rosto, cansado daquilo, minha cabeça meio confusa ainda pela loucura da festa, pela mudança de clima tão rápida.
- Showzinho? Não, Harry, você realmente quer saber a minha opinião? Vai à merda. – E então ela gritou. É, estava demorando. girou nos calcanhares e foi para a sala, pegando sua bolsa na poltrona. Segurei seu braço, não deixando que ela saísse antes de ouvir a minha vez de pagar sapo.
- Estou cansado dessas briguinhas. É sempre a mesma coisa. Você fica nervosa com alguma coisa que eu fiz na mais pura inocência e então a gente briga. Você começa a me ofender, a gente briga mais ainda, dizemos coisas das quais nos arrependemos depois e terminamos na cama com você em cima de mim, gemendo meu nome enquanto eu...
Minha bochecha ardeu quando ela virou a mão em meu rosto.
- Não ouse falar de mim como se eu fosse sua vadia, Harry. Eu. Não. Sou.
- Você não é minha vadia. – Segurei seu pulso e a trouxe para perto de mim num movimento bruto. – Você é minha namorada e eu gostaria de um pouco de respeito se não for pedir muito de vossa alteza. Não deu para te ligar e mesmo que desse, eu não me lembrei, simplesmente me esqueci que marcamos.
- É um belo discurso para alguém com um cérebro tão pequeno quanto o seu. – Ela cuspiu as palavras em cima de mim, me olhando com raiva. – E isso só demonstra que você desvaloriza demais a sua namoradinha aqui, porque se desse algum valor, não teria se esquecido.
- Eu não te dou valor? Não dou? Não te dou presentes caros, ? Não vamos a restaurantes caros? Eu ao menos briguei com você quando você estragou a droga do Xbox? E essa pulseira que você está usando, quem foi que te deu?
- Eu não quero seus presentes caros ou sua compaixão, Harry! Eu só quero que você me dê um pouquinho de valor! Só queria que você honrasse o que tem no meio das pernas e me dissesse que está tão farto de mim quanto eu estou de você e dessa sua criancice! Agora me solta, porque você está me machucando!
- Você acha que eu não honro? Você acha que eu não sou homem o suficiente para ser honesto com você? – Travei o maxilar, me sentindo quente e abafado.
- É, eu acho! Você é uma criança, Harry, não sabe quando as coisas são sérias! Não sabe o que é um namoro sério. Você é um moleque!
A voz estridente dela ecoou em cada canto do meu cérebro, e engoli em seco tentando recuperar qualquer sanidade. Mas era tarde.
- Você quer que eu seja homem? Então você vai ver quem é homem de verdade nessa porra! – Gritei, segurando-a pela cintura e a arrastei para o quarto. Joguei-a na cama e tirei a blusa rapidamente. Ela rolou na cama e tentou sair, mas eu a puxei de volta e a prendi entre minhas pernas, enquanto se debatia contra mim. – Fica quieta, ! – Ordenei, enquanto eu tirava meu cinto. Segurei seus pulsos no alto da cabeça dela quando ela tentou me empurrar. – Você não quer ver o homem que sou? – Gritei.
- Sai, Harry! Eu não quero e você não pode me obrigar! – Ela tentava sair dali, mas eu segurava suas pernas com muita força para isso. Ignorei os protestos dela, dirigindo minhas mãos para o colarinho de sua camisa polo e a rasguei sem dó nem piedade. soltou um grito agudo e de algum jeito ela liberou suas mãos.
– Você não pode! – Disse antes que sua mão batesse contra meu rosto. Minha pele ardeu e meu pescoço estalou. Senti meu último fio de paciência se rompendo e minha visão ficou vermelha.
- Você acha que eu não posso? – Segurei-a com força pelos braços e fechei minha mão em punho e a levantei acima dela, que se encolheu debaixo de mim, fechando os olhos com tanta força que as lágrimas escorreram e então fui eu quem arregalou os olhos.
Por um momento, tudo parou. Então eu voltei a pensar.
Saí de cima dela com movimentos cuidadosos, lentamente. Quando percebeu que estava livre, ela se levantou correndo e passou por mim, indo para o corredor. Passei a mão pelo rosto e cabelo, o colocando para trás, me dando conta do que havia feito.
! – Fui atrás dela e antes que eu pudesse alcança-la, uma porta se fechou na minha frente. Ela havia se trancado no banheiro social. Fugindo. De mim. Com medo. De mim.
Bati a cabeça na porta e bati com os nós dos dedos algumas vezes. Minha respiração estava pesada e eu tentava normalizar para ouvir o que se passava lá dentro. Eu podia ouvir sua respiração ainda mais descompassada que a minha e um choro baixinho.
- Abre essa porta! – Gritei. – , abre! Por favor, , abre essa porta!
Não tive resposta, eu apenas escutava seu choro e alguns soluços de vez em quando.
Merda, merda, mil vezes merda! O que eu havia feito? Fiquei de costas para a porta e sentei, escorado nela. Deduzi que ela estava sentada na mesma posição que eu, já que seu choro ficou mais audível e eu senti todo o peso do mundo em mim. Fechei os olhos.
- , amor, abre, vai. – Pedi de novo, de olhos fechados, desejando que eu não tivesse feito aquilo. Desejando ser menos dessa pessoa horrível que eu me tornara tão subitamente com ela. – Vamos conversar.
- Louis? – Ouvi sua voz do outro lado da porta, baixinha. – Pode me buscar na casa do Harry? Não pergunta, só vem? Por favor?
Ela estava pedindo ajuda ao Louis? Meu melhor amigo? Aquilo me atingiu como uma faca. Aquilo doía o inferno. Que merda eu havia feito? Ela estava com medo de mim, a minha garota. Eu, o cara que devia ser o porto seguro dela, agora era provavelmente o pior dos monstros. Enfiei a cabeça nas mãos e permiti-me imaginar como faria, como seriam as coisas dali para frente.
Pelo jeito Louis não hesitou em sair de casa quando recebeu a ligação, pois nem bem dois minutos depois estava entrando em minha casa sem nem bater na porta, praticamente correndo.
Ele olhou em volta por uma fração de segundos e depois seus olhos caíram sobre mim, sentado no chão. Eu soube pela sua expressão que Louis sacou o que havia acontecido no mesmo instante. Estava praticamente escrito em minha testa, e na voz de .
- Que merda você fez, Harry?!
- Faz ela sair, por favor. – Implorei, baixinho para que ela não ouvisse. – eu preciso falar com ela.
- Você a machucou, Harry?!
Olhei para o chão.
- Você tocou na , Harry?! – Louis gritou.
- Foi só... Um momento de loucura... – eu estava com vergonha de mim mesmo e da criatura patética que eu era. – eu não faria...
- Não faria, Harry?! – ele gritou de novo. – Essa não foi a primeira vez e nem vai ser a última!
Nos encaramos por um momento, os olhos arregalados de Louis, e eu soube que ele queria me dizer tanta coisa, que eu sabia que merecia ouvir. De repente Louis veio até a porta e eu me levantei rápido, ficando atrás dele.
- Sai daqui, você não vai falar com ela agora.
- Louis, eu preciso...
- Ela está apavorada, Styles! Dá um tempo! Desse jeito as coisas entre vocês nunca vão se acertar.
Ele estava certo, eu já havia acabado com nossa noite, não queria arriscar acabar com o que restou de nosso relacionamento. Eu estava com medo, mas precisava dar um tempo. Dei alguns passos para trás e Louis bateu na porta algumas vezes.
- , abre, é o Lou.
Houve silêncio por uns segundos, depois o barulho da torneira ligada se fez presente e então a porta se destrancou e a fechadura abriu devagar. E logo que ela o viu, deu um passo até ele e se aninhou em seu peito. Aquilo apertou meu coração. Era eu quem devia fazer aquilo, era meus braços que deveriam estar ao redor dela. Eu me sentia um merda.
Louis a abraçou e foi andando para a porta com ela.
- , eu... – tentei falar com ela, mas nem eu sabia se era o certo a fazer. Louis me olhou, duro, e eu desisti de tentar falar algo naquele momento.
Logo que a porta se fechou atrás deles, me joguei no sofá e levei as mãos à cabeça. Por que diabos eu fiz aquilo, meu Deus?!
Aquele apartamento ficava tão silencioso e sem vida sem ela ali. Nem conseguia acreditar que eu havia feito aquilo com ela. Eu me tornara a última pessoa que eu queria ser.

Louis’ POV

Logo que abri a porta de casa sentei no sofá e tirei meu casaco. Seus olhos estavam vermelhos e ela fungava.
Bem, eu não sabia o que fazer em um momento daqueles, então tudo que fiz foi olhá-la por algum tempo.
- Hã... Eu vou trazer um chá para você. Fica a vontade.
Ela assentiu e fui para a cozinha. Enchi uma xícara com o chá que eu estava preparando quando meu celular tocou, e voltei para a sala. Me sentei ao seu lado no sofá.
- Cuidado, tá quente. – falei, ao entregar para ela.
- Obrigada. – Ela murmurou.
Queria poder falar algo, mas eu não sabia o quê. Ela tomou um gole e depois abaixou a xícara e olhou para mim.
- Você acha que ele me ama? – ela perguntou.
Eu não sabia mais responder essa pergunta. Poderia jurar há algumas semanas atrás que Harry amava mais do que tudo, mas agora? Depois de todas as brigas e depois de ele fazer essas coisas? Harry não era mais o mesmo, eu não o reconhecia quando ele fazia essas coisas.
- O Harry te ama, . Eu só não sei porque ele faz isso.
- Se ele me amasse, ele faria isso? – ela estava com o olhar fixo no chão. – quero dizer, eu o amo. E acreditei todas as vezes quando ele disse o mesmo, mas... e se ele me batesse? Como alguém pode machucar a quem ama assim?
- Eu... não sei. Harry é meio temperamental, você devia dar uma chance para ele se desculpar.
- Mas isso vai se repetir, Louis. Eu sei que não consigo ficar longe dele e vou acabar perdoando-o, mas algum dia vai acontecer algo tão sério que vai tornar impossível para mim perdoá-lo... – Ela fechou os olhos e comprimiu os lábios, segurando o choro. - Eu tenho medo disso. E isso não está certo, entende? Eu ter medo dele. Eu devia me sentir protegida com ele, e não ter medo. E se eu não conseguir olhá-lo sem me lembrar de quando ele quase me machucou?
- Harry nunca vai te machucar mais do que fez hoje, mesmo nem tendo tocado em você. Mas sei que ele está muito arrependido, , eu o conheço. Ele te ama, porque se não amasse, não estaria com você até agora. Vocês precisam de um tempo, só isso. Ele pode mudar, ele pode ser alguém melhor para você. – Disse, esperando que minhas palavras fossem verdade tanto quanto ela.
- Eu espero que possa. – sua voz estava baixa.
Ficamos em silêncio.
- Quantas vezes você se apaixonaria por ele? – perguntei, de repente.
me olhou confusa.
- O quê?
Dei de ombros.
pareceu pensar por um tempo, olhando para as próprias mãos, e depois ergueu o olhar e respirou fundo.
- Às vezes sinto que eu o amo um pouquinho mais cada vez que abro os olhos de manhã, Lou.
Sorri. Isso sim é que era amor. Eu tinha inveja do que eles tinham. Uma inveja boa, é claro. Inveja da capacidade deles de brigarem todo santo dia, mas não viverem um sem o outro e fazerem as pazes tão rápido. Nada abalaria aqueles dois mais do que eles mesmo faziam.
- Anda, toma mais um pouco, te ajuda a dormir. – levantei a xícara que estava em suas mãos até tocar em sua boca e ela tomou outro gole. - Você pode passar a noite aqui, se quiser. O quarto de Harry ainda está do mesmo jeito de antes. Tem até algumas roupas dele aqui, pode usar o que quiser.
- Obrigada, Lou. – ela disse, colocando os pés para cima do sofá e deitando a cabeça em meu ombro. – soube que você era um bom amigo desde que te vi pela primeira vez naquele hospital.
- Esperando você acordar – ri.
- Todo culpado por quase ter me matado – ela riu.
- Nem me lembra.
tomou o resto do chá e depois continuou deitada em meu ombro até pegar no sono.

’s POV

Eu sabia que iria pegar no sono, e foi o que acabou acontecendo. Fato é que os braços do Zayn são quentes e aconchegantes, então é um ótimo lugar para dormir. Então, fechei os olhos e pensei “só alguns segundinhos...” e quando abri eles outra vez algumas horas haviam se passado.
Zayn estava dormindo, e eu reconhecia isso por sua respiração, que pegava em meu ombro, já que ele me abraçava por trás. Ah, meu Deus, o que eu não daria para ficar ali com ele por anos. Seu braço rodeava o meu corpo junto com o meu braço, e acabava segurando minha mão entrelaçada na sua. Ele era tão aconchegante. Eu podia sentir o seu peito subindo e descendo colado em minhas costas, e os seus lábios encostados levemente em meu ombro. Tão perto de mim como se eu fosse fugir a qualquer momento.
Trouxe a sua mão que estava entrelaçada na minha até minha boca e dei um leve beijinho nela. Me desculpa, Zayn, foi o que ele quis dizer. Gemi baixinho por saber que estava na hora de levantar e sair dali de uma vez. Eu não podia prolongar aquilo. Amava Zayn, eu o amava mesmo, e era por isso que queria seu bem acima de tudo. E o bem tanto dele quanto meu consistia em ficarmos longe um do outro. O quanto mais próximos, pior seria o afastamento depois.
Tirei seu braço de volta de mim o mais gentilmente que pude fazer para que ele não acordasse, e me levantei devagar para que a cama não mexesse. Coloquei a ponta dos pés no chão, e me levantei. Peguei meu vestido no chão e o coloquei por baixo bem rápido. Peguei meus sapatos e minha bolsa em uma mão, e joguei meu sobretudo vermelho sobre o outro braço.
Tentei ir devagar até a porta, mas ouvi um barulho vindo da cama.
- ?
Ao me virar, Zayn estava abrindo os olhos e sentando na cama.
- Onde você está indo?
Abri a boca, mas nada saiu por um tempo. Eu virei para ele outra vez e dei de ombros.
- Para casa.
Zayn esfregou os olhos e pareceu se acordar um pouco mais. Olhou para o relógio na cômoda.

’ POV

Dei minha última mordida na pizza e joguei a borda seca dentro da caixa outra vez, acertando de longe.
- Qual seu número preferido? – Louis fez a próxima pergunta, batendo os pés na parede e deitado na cama com as pernas erguidas como eu.
- Onze.
- E por que onze?
- Porque é o número do meu sabor preferido de pizza no cardápio.
Ele riu.
- Faz sentido.
- Minha vez, Lou. – Olhei para ele. – O que você sente pela ?
- Eu gosto dela. – Ele concluiu devagar. – Eu definitivamente gosto bastante dela.
- E...?
- Já te respondi, não é o suficiente?
- Não.
- As regras são claras.
- Eu faço as regras, esse jogo nem existe. – Fiz careta.
- É, mas... ah, eu já respondi. Bom, agora você: o que vai fazer em relação ao Harry?
Sentei-me rápido, assim que notei que algo não estava certo comigo. Fiquei meio tonta por ter mudado de posição tão rápido, mas me levantei e corri para o banheiro mesmo assim.
- ? – Ouvi Louis gritando no momento em que me joguei ao chão no lado do vaso e senti toda a pizza voltando.
Droga, como vomitar era horrível. Mas acontecia tanto ultimamente que eu já estava até acostumada. Mary disse que podia ser problema de estômago, segundo ela “comíamos muita porcaria”.
- Ei, ei, você está bem? O que aconteceu? Quer ver um médico? – Ele se ajoelhou ao meu lado e segurou meus cabelos.
Fiz que não com a cabeça.
- Eu estava comendo de cabeça para baixo, Louis. Não me espanta ter vomitado. Sabe, gravidade...
- É, mas, ... – ele fez uma careta.
- Estou bem, eu juro.
- está certo, então. Quer que eu te leve para casa? – Ele colocou meu cabelo atrás da orelha e se levantou.
- Sim.
- Ok. Vou só me arrumar. – Piscou e saiu do banheiro.

Me levantei um pouco fraca pelo recém ocorrido e enxaguei a boca. Aproveitei para passar uma água no rosto e prender os cabelos, que estavam um caos. Louis só podia ter alma de garota por não rir da minha situação deplorável, eu estava um monstro. Mas a culpa não era totalmente minha. Tive uma noite péssima, não preguei o olho depois de umas horas da madrugada. Eu não sabia o que fazer dali para frente e apesar de não querer pensar nisso, eu estava um lixo emocionalmente falando. Então, eu tinha o direito de estar feito um monstro.
Assim que tentei melhorar meu visual e saí do banheiro, esperei sentada no sofá da sala onde dava um desenho irritante do Cartoon Network enquanto Louis trocava de roupa. Ele não demorou.
- Vamos? – Se abaixou para pegar a chave na mesinha de centro e eu fui levantar quando batidas fortes na porta nos fizeram parar.
- Louis, abre a porta, quero falar com a .
Olhei para ele assustada e fiz que não com a cabeça. Louis olhou para a porta e para mim algumas vezes e pareceu não saber o que fazer.
- Ah... a não tá aqui, Harry. – Ele foi até a porta e encostou as mãos ali. – Ela já foi embora.
Harry parou por um segundo. Nos olhamos, esperando algo, e eu dei de ombros.
- Então abre.
- Eu não... posso.
- Louis, eu sei que ela tá aí!
- Que droga, cara, vai embora.
- , vamos conversar. , por favor, vamos conversar. Por favor.
Fiz que não de novo e apoiei o rosto nas mãos. Não conseguia encarar aquilo agora. Eu acabaria vomitando até o meu coração.
- Ela não quer, Harry. Vai embora. Dá um tempo.
- Mas eu não quero dar um tempo!
- Não é só você que decide. – Falei, baixinho, e só Louis escutou.
- Não é só você que decide, Harry. – Ele passou o recado.
- Mas eu... eu só quero conversar, arrumar as coisas.
Louis me olhou, esperando uma resposta.
- Você só vai estragar mais. – Sussurrei.
- Você só vai estragar mais.
Tudo ficou quieto do lado de fora da porta por um tempo. Pensamos que ele havia ido embora.
- Tá. Tudo bem, eu vou dar um tempo. Eu vou... me afastar por uns dias, te dar um espaço, mas não esquece, precisamos resolver isso. Eu quero resolver, de verdade . Eu sinto muito.
Fechei os olhos e senti minha cabeça ameaçando explodir. Meu estômago virou uma cambalhota, eu me sentia sufocada.
Louis sentou ao meu lado e passou um braço pelos meus ombros, fazendo carinho ali.
- Eu odeio ele. – Disse. – Eu sempre odiei ele. Sempre soube que ele só estragaria a minha vida como sempre fez.
- Você o ama tanto que mal cabe no seu peito.
O pior de tudo é que isso era a mais pura verdade. E agora eu queria poder amá-lo menos, porque sabia que toda essa cena era só porque Harry estava com a consciência pesada pelo que fez. Ele devia estar querendo acabar logo com esse namoro para que não arriscasse fazer mais nenhuma merda que acabasse na mídia. E esse era um dos motivos para evitá-lo e evitar acabar com meu relacionamento arruinado.

’s POV

- Chácara? É, é uma boa. – concordou com a cabeça enquanto pegava um cupcake de chocolate da caixinha que trouxe, no meio de nós, no colchão na sala.
- Ok, olha, é o mais forte que temos. – voltou da cozinha com uma garrafa de vinho branco e algumas taças na mão.
- Já serve. – Peguei a garrafa e enchi as taças que ela colocou em cima da mesinha. Depois peguei uma, e me concentrei nas garotas. – Ok, vamos confessar.
- Tem alguma ordem?
- Vamos em sentido horário. – pediu.
- Ok, eu começo. – levantou a mão. – Vou para a América.
- O quê? – perguntou, confusa.
- Falei para o Lou que eu gosto dele. – Segui a ordem, sem conseguir segurar aquilo.
- Espera, sério? – arregalou os olhos.
- Eu quero terminar com o Jeremy.
- Não! – Eu e exclamamos para ao mesmo tempo, tristes.
- Quero transar! – falou e parou de tomar seu vinho e começou a tossir que nem louca. Acho que ia sair vinho do nariz dela, coitada. Dei uns tapinhas em suas costas.
- O que você disse?! – Ela perguntou, incrédula.
- Todo mundo aqui já fez isso, menos eu! Eu estou curiosa.
- Vai sair e dar pra qualquer um? – começou julgando a menina.
- Não foi isso que ela disse. – levantou o dedo.
- Não foi isso que eu disse! – falou em sua legitima defesa. – Eu disse que quero, não que vou. Além disso, não tenho o cara certo e tudo mais. Foi só uma confissão, não é disso que esse jogo se trata?
- Tudo bem. – parecia menos desolada agora. – Não, espera: temos que conversar. Todas nós. Começando por você – apontou para mim. – Como assim disse tudo para ele? Quando foi? Quais foram as suas palavras? Como ele reagiu? O que aconteceu depois?
Suspirei.
- Eu falei isso no meio da rua quando ele estava enchendo meus ouvidos com coisas sobre a Eleanor, e isso estava me deixando louca. Então, eu falei que quem ele procurava estava bem na sua frente, e ele ficou com cara de pastel. Aí eu fui me virar, ele me puxou e... me beijou. – Dei de ombros.
- AI, MEU DEUS!
- Eu sei, mas não foi o primeiro beijo. Nós já nos beijamos antes. Na formatura, mas foi só como amigos e não tinha nada no meio.
e bufaram ao mesmo tempo.
- Sei... – disse.
- Ei, você, por que quer terminar com o Jeremy?
- Porque... – ela olhou incerta para todas nós. – Porque eu fiquei com o Zayn de novo. – Ela choramingou e escondeu o rosto nas pernas.
Na verdade, todas nós fizemos uma festa e nos jogamos em cima dela.
- Como assim, ?!
- Ele disse que me amava! Foi tudo culpa dessa vaca e o namoradinho dela! – Apontou para a , que riu. – Eu não pude evitar. Eu não consegui, meninas. Ele é... ele é tão lindo, tão, tão, tão lindo. E ele disse que me ama. Em que mundo um cara como ele diria isso para a CDF da sala?
- Que CDF?! Estamos falando da estrela de TV loira e gostosa namorada de um popstar!
- Ai, calma. – Coloquei a mão no peito. – Ele disse que ama ela, gente. E ela... ai, meu Deus, nossa menininha tá amando!
- Se você fizer isso eu te mato, . – Ela apontou para mim e me avisou.
- Mas é que... – comecei a abanar o rosto, fazendo cena. – É que vocês dois são tão... awn!
- Amor proibido é lindo. – concordou com a cabeça.
- A gente pode ajudar vocês dois a esconderem isso.
- Não, não, não. Não vai ser assim. A gente não está junto agora. Ele está livre para ficar com quem quiser e eu também. Talvez no futuro, quando ele puder e eu também, nós podemos tentar de novo. Foi só uma recaída, não vai mais acontecer.
- Se você está livre para ficar com quem quiser, então por que quer terminar com o lindo do Jer? – fez cara confusa.
- Porque eu não quero ficar com ninguém agora. Eu não sinto nada por ele, e é uma pena ficar enganando ele assim. Não posso mais fazer isso.
- Saquei. Bem, mas e você? – Olhamos para . – Vai para a América é? E nem convida?
- Photoshoot para catálogo da Gucci. – Ela deu de ombros. – Foi de última hora, eu estava na fila, e a garota que foi escolhida caiu de uma escada. Então, me escolheram.
- Uau! Gucci! – se empolgou. – Isso é grande!
- Eu sei que é. Não é meu estilo, mas é muito grande. Além disso, vou ficar em um hotel no Upper East Side, com vista para o Central Park e tudo mais. – jogou o cabelo para trás e sorriu. - Eu mal posso acreditar!
- Seu pai já sabe?
- Sim, ele precisou assinar o contrato já que vou sair do país. Vai ser só uma semana, então não vai fazer muita diferença.
- Quando você vai?
- Sábado.
- Sábado? Mas e o Harry, não vai ficar com ele?
fez gesto de “abortar missão” que para nós significava “não tocar no assunto”, e franzi o cenho.
- O que foi? – Não pude evitar perguntar.
- A gente meio que... deu um tempo. – Respondeu, sorrindo fraco. Aquilo era tudo, menos um sorriso de verdade.
- Mas por quê? – perguntou, tão confusa e surpresa quanto nós.
- É que... – ela coçou a testa. – É que ele... nós... tivemos outra briga, e ele...
- Eles brigaram feio dessa vez, foi isso. – se meteu.
- Ah, qual é! Eles brigam feio todo fim de semana.
- O Harry... A gente... – engoliu em seco. – Ele quase me bateu. –Disse. Todas nós nos olhamos, chocadas. – Foi isso que aconteceu, mais ou menos. Foi só isso.
- Ele... o quê?! – começou a dar piti antes mesmo de todo mundo.
- Ele ia te bater?! – Perguntei.
- Ele não ia...
- O que esse garoto tem na cabeça?! – Foi a vez de gritar.
- Gente, por favor. Se acalmem. – pediu.
- Eu não sei você, , mas o seu amiguinho quase bateu na sua melhor amiga. Eu não vou deixar isso barato. – disse, se levantando.
- Ei, ei! O que você vai fazer? – pegou seu braço.
- Eu vou ligar para esse idiota agora!
Revirei os olhos.
- Calma aí, revolucionária. Não vai fazer diferença nenhuma se ligar para ele ou para o papa. – Disse para , esperando que ela sentasse.
- , por favor, não. Não foi exatamente isso, não começa uma briga. Eu quero mais é esquecer.
- Esquecer?! Você está dando um tempo?! Você devia terminar com ele agora, !
- Ele tá arrependido, . – falou. – Ele falou comigo sobre isso. Ele queria poder voltar e fazer diferente, ele me disse.
- O problema, Bia, é que eles sempre dizem isso – expliquei para minha amiga.
- Ele parou quando viu o que ia fazer. Às vezes acho que ele não teria coragem. – falou. – Olha, eu só quero um tempo para pensar, tá bom? Vamos esquecer isso por alguns dias.
- Tudo bem. – voltou a sentar e bufou. – Mas você não deveria ter que pensar em nada, isso é óbvio. E ele vai ficar longe de você durante esse tempo. Você tem que tomar uma decisão séria, que não envolva contato com Harry.
- Ela quis dizer que não vale ele te seduzir para voltar com você. – disse e nós rimos, o clima se suavizando. Mas o rosto de a denunciava, ela estava um caos.
- Ok. Então - me escorei no sofá atrás de mim e levantei a música, na TV. – Nossa aula recomeça essa semana.
- É, estou ansiosa. – disse.
- Ei, escutem, ganhei meu primeiro salário hoje. – disse. – Vamos dar uma passadinha no shopping assim que possível.
- Uau, poderosa. – revirou os olhos.
- Esses dias entrei na Gucci. – começou. – Saí de lá pensando “ou pago faculdade para meus filhos, ou compro uma bolsa”.
Todas nós rimos.
- Então você não vai poder ir na chácara esse fim de semana, .
- Não, eu vou estar ocupada no photoshoot da Gucci e no Upper East Side.
- Que nojo de você! – falou rindo e a jogou um bolinho.
- A gente vai sentir saudade. – Ri.
- Eu não. Ela vai estar no Upper East Side. – fez careta.
- E você vai estar comprando toda a loja da Channel com seu salário, bonitinha.
- É, certo. – Revirou os olhos.
- Ai, tô triste. – deitou do lado de e se abraçou nela como se fosse um travesseiro. – Eu engordei uns três quilos em dois meses, isso não pode.
- Grande coisa, continua sendo chamada pra photoshoots legais.
- É, mas se as coisas continuarem nesse ritmo eu não vou mais ser chamada. O lado bom disso, é que ganhei peitos também. – Ela se afastou e olhou para dentro da própria blusa. - Acho que é minha puberdade chegando atrasada.
- Também queria isso, eu preciso. – Reclamei olhando para baixo.
- Você não precisa de nada, !
- Você é perfeita, nojenta – disse e riu, me jogando algo também.

Harry’s POV

Zayn contava algo empolgante aos outros três no quarto de hotel quando eu cheguei, e como de costume todos pararam assim que me viram.
- Vocês não precisam parar só porque estou perto.
- Não vai bater em ninguém aqui por motivo nenhum? – Liam jogou as palavras em mim.
Suspirei e encarei-o, jogando a chave em cima da mesinha.
- Você não precisa me lembrar do canalha que eu sou o tempo todo, Liam. Eu já sei disso.
- É bom que saiba, tomara que a culpa esteja te matando.
- Pode apostar que sim. – murmurei e peguei um pedaço da pizza aberta na mesa. Olhei-os por um tempo, esperando alguém voltar a conversar normalmente ou pelo menos parar de me olhar como se eu fosse um criminoso.
Por fim, desisti de esperar por algo que não ia acontecer e dei as costas aos quatro olhares decepcionados para mim, e saí do quarto. Eu sabia do grande babaca que havia sido e já estava arrependido o suficiente sozinho, não precisava da ajuda deles. Desci até a recepção e quando cheguei lá eu já havia terminado a pizza. A recepção estava cheia de gente com câmeras e bloquinhos de anotações e sabia que aquilo era por minha causa. Não exatamente pelos outros, mas só por mim. Porque, bem, aparentemente minha namorada estava na América e quando foi parada para falar algo sobre mim disse que não queria falar sobre o assunto. Isso em si já era uma coisa imensa para a mídia, mas as coisas pioraram quando alguém a gravou falando com uma das meninas por telefone no shopping em Nova York e ela dizia claramente que não queria chegar perto de mim por enquanto. Isso não era uma coisa boa de se ouvir para mim, mas para o resto do mundo não passava de um furo de reportagem que merecia sair em todas as revistas e sites.
Ah, sem contar o pequeno fato de que alguns realmente acreditavam que tudo isso aconteceu porque eu traí com , o que era totalmente fora de contexto, e a única explicação para isso era que a única das meninas que aceitava me ouvir era ela. Aparentemente todo mundo estava me evitando pela merda que fiz.
Eu não queria ser aquele cara nunca mais. Nunca quis, mas só depois de que aquilo realmente aconteceu, ou quase aconteceu, eu percebi o ser humano horrível que seria, e não queria nunca mais me sentir daquele jeito. E principalmente, fazê-la se sentir daquele jeito.
Eu precisava de ar puro, então só fiquei fora do hotel, sentado em um muro no corrimão da escadaria da porta. O dia estava nublado, era finalzinho de tarde, e um pouco frio.
Peguei meu celular no bolso da calça e disquei o número de que estava nas chamadas rápidas. Sempre esteve, desde que eu acordei em uma madrugada para achar ela pela cidade e ela me beijou quando eu a encontrei.
Eu sentia muito pelo que fiz, e queria que todo mundo soubesse disso. Se eu pudesse pegar um auto falante e gritar isso no meio do show, eu o faria. Eu realmente queria concertar as coisas, mas não conseguia dizer tudo aquilo que estava preso na minha garganta ou expressar de verdade o que sentia e o quanto eu estava arrependido. Eu simplesmente não conseguia, eu travava, e ficava parecendo o monstro da situação sempre. Então geralmente tudo que eu conseguia dizer era “estou com saudade” e “por favor, me desculpa”.
Como de praxe, a ligação caiu na caixa de mensagens.
- Oi, sou eu, de novo. Acho que você bloqueou meu número. – Suspirei. - Eu... eu estava pensando em um jeito diferente de te convencer a me atender, mas não consegui. Eu sei que não falo as coisas que você queria ouvir, me desculpa. Eu realmente sinto muito, . Eu... – suspirei de novo e fechei os olhos. – Eu acho que estraguei tudo, não é? Eu acabei com a gente. Me desculpa de verdade, ao que parece eu sempre acabo fazendo isso. Eu... eu sinto muito, de novo. Isso é tudo que eu faço, sentir muito. – abri a boca para falar, mas como sempre, nada saiu. – Eu te amo. – desliguei a ligação e me senti um idiota por falar exatamente o mesmo das últimas trinta mensagens que deixei. Praguejei e chutei uma pedra perto de meu pé.
Acabei ligando para , como sempre. Eu ainda não estava pronto para voltar para dentro.
- Oi, Harry.
- Oi, , alguma novidade?
- Não, está tudo a mesma coisa.
- Como ela tá?
- Em Nova York, com vista pro Central Park, como você acha que ela está?
- Ela tá bem sem mim, é isso que quer dizer?
- Não, não... Mas eu estaria. – ela riu.
- Invejo você conseguir rir numa hora dessas.
- Ah, você tá tão pra baixo que tá me dando câncer. Qual é, as coisas vão melhorar!
- Eu preciso de alguma causa para nos aproximarmos de novo, .
- Que tal essa: você diz que não vai mais meter a mão na cara dela e aí ela te perdoa.
- Eu não meti a mão na cara dela, ! – Murmurei. – Deus me livre. Eu nunca, nunca mais vou fazer algo parecido...
- Ei, calma aí garotão. Você não tem que falar isso para mim. E era brincadeira. Olha, se serve de consolo, eu falei com ela ontem. Ela disse que te odeia e que rezou pedindo para parar de te amar. – Riu fraquinho.
- E como isso me ajudaria? – Fiz careta.
- Quer dizer que ela ainda te ama, Harry. É claro que ama. Qual é, são vocês dois, conseguem passar por essa briga.
- Eu assustei ela.
- Grande coisa, a sai correndo se vê uma galinha.
Ri fechando os olhos.
- Olha, você riu!
- Grande coisa. Olha, se tiver noticias me avisa. Fala pra ela ouvir os recados. Eu já deixei uns vinte só hoje.
- Vou tentar, eu juro! E, olha, Harry... eu sei que digo umas coisas para te animar, e é porque não quero ser como os nossos outros amigos, acho que todos eles já estão te castigando o suficiente. Mas o que você fez é sério. Assim... Só pra deixar claro que eu não apoio, e nunca vou apoiar.
- Eu sei, .
- Ok. Se cuida, viadinho.
- Eu não deixaria isso passar barato, então agradece.
- Ui, que medo!
- Idiota.
- Tchau, Harry.

’ POV

Upper East Side. Eu estava chique agora, hein?!
Olhei mais uma vez para a cama onde algumas sacolas com roupas da Gucci estavam espalhadas. Me sentia uma madame. Quem diria que essas criaturas odiadas por todas as mulheres normais do planeta realmente sentissem prazer em serem assim. Hoje mais cedo, saí do hotel e vi uma mulher dizendo ao porteiro que sua cachorrinha valia mais que a vida dele.
Voltei a contemplar a vista da janela. O Central Park era magnífico. Estávamos no inverno, e a vista à minha frente, bem do outro lado da rua, era de tirar o fôlego. Era estonteante. As folhas das árvores cobriam o chão quase que completamente em um tom amarelado quase de ouro, e poucas pessoas andavam por lá. Era uma vista maravilhosa. Que me fazia, infelizmente, pensar em apenas uma pessoa.
Dei um pulo quando meu celular fez o som de uma postagem nova no site dos meninos. Eu sabia que precisava me afastar, e isso não ajudava, mas precisava ficar por dentro das notícias deles de alguma forma, eu não podia me afastar assim de repente. Peguei o celular e abri a nova postagem. As donas daquele site postavam noticias ou boatos diários sobre eles. Eram coisas idiotas, e na maioria das vezes me faziam rir, mas às vezes eu ficava sabendo de coisas que a gente nem sonhava que aconteciam, como um programa de TV ou um prêmio que eles ganharam.

“Aparentemente a briga entre Harry e a sua namorada foi séria, dessa vez. Talvez quem tenha pisado na bola tenha sido ele mesmo. Um vídeo gravado ontem à tarde de Harry na frente de seu hotel falando ao telefone com alguém mostra claramente isso: Harry disse eu te amo para a pessoa do outro lado da linha.”

Abri o GIF do vídeo onde ele falava com a tal pessoa.

“É claro que essa pode ser sua mãe, irmã ou até mesmo algum amigo. Mas as circunstâncias não mentem, não quer falar com ele agora, o que a torna uma pessoa improvável na lista de quem estaria do outro lado da linha. Ela também deve ter algum motivo para não querer falar com seu próprio namorado, se é que eles ainda são namorados. Então concluímos que esse eu te amo pode ter sido para outra garota. , talvez?
Quem aí está feliz com o possível término do romance?”

Os comentários estavam divididos igualmente entre pessoas que me odiavam e pessoas que gostavam de mim. Eu me sentia uma garotinha de doze anos stalkeando os ídolos. Peguei o celular e joguei-o na cama com força, batendo o pé no chão. Idiota! Fã idiota, Harry idiota, mídia idiota! Eu odiava tudo que tinha a ver com ele ou com nosso relacionamento no momento. Minha cabeça estava tumultuada, eu não sabia o que pensar, como agir, o que fazer. Se pudesse escolher, nunca teria me apaixonado por um cretino como Harry Syles.
Sentei no meio do carpete felpudo do quarto e enterrei o rosto nas mãos, gemendo baixinho. Eu não sabia o que pensar. As chances de aquilo ser mentira eram tão grandes quanto as de ser verdade. Eu nem conhecia mais o Harry, não sabia do que ele era capaz.
Mas qual é, olha para mim, uma mimadinha que só sabe começar brigas por nada. Eu bem que merecia aquilo. Só fazia tudo errado.
Em nenhum momento desde nossa última briga eu havia percebido o quanto aquilo me machucou profundamente. Mas o pior de tudo era que minha voz interior continuava repetindo que eu merecia. Eu não tinha o direito de ficar brava, porque eu merecia. Quem está ruindo com seu relacionamento é você mesma, . É você. Aguente quieta.
E eu estava tentando mesmo lidar com tudo aquilo quieta. Aguentar o fato de que talvez não voltássemos a ficar juntos, ver Harry em cima de mim toda vez que fechava os olhos, me segurando firme, com raiva, me machucando. Eu queria tanto poder sentir só raiva dele. Ou então me esquecer de tudo isso e poder perdoa-lo por isso. Eu queria mesmo. Mas algo simplesmente não deixava. Me sentia egoísta. Talvez Harry merecesse outra chance. Ou talvez eu estivesse cometendo o maior erro de minha vida ao pensar nisso. Eu estava tão assustada. Eu voltara a ser a menininha aterrorizada e vulnerável de oito anos na borda da piscina esperando por minha mãe voltar. Esperando por algo que nunca iria acontecer. Ou, nesse caso, esperando por uma coisa que talvez nunca fosse mudar.
Se eu pudesse, desligaria meus pensamentos, assim eles não me sufocariam.
Levantei-me do chão, ordenando a mim mesma que mantivesse a calma. Peguei meu sobretudo vermelho e meu celular outra vez e saí do quarto levando o cartão de acesso no bolso. Sair sem rumo por Nova York. Ótimo jeito de pensar e refletir sobre o que é certo a fazer.

’s POV

- Vocês não vão acreditar! – chamou a atenção de e que estavam no sofá assim que chegamos da faculdade. – a deu de cara com um protótipo do Brad Pitt nos corredores da universidade!
- Sério? – sorriu para mim.
- Sérissimo! – respondi. – Eu esbarrei nele e quase caí.
- Ela mal conseguia se equilibrar em cima dos seus saltos quando viu ele. – riu.
- Tá brincando? O homem é magnífico!
- Como ele é? – perguntou.
- Alto, loiro, barba por fazer, olhos castanhos, óculos de leitura, rosto fino, ar de intelectual, magro, uns 25 anos... ele é o Brad Pitt sem a montanha de músculos.
- Caramba, por que eu não encontro um desses na rua como vocês fazem? – disse.
- Talvez porque você não saia de casa? – comentou, indo para o quarto.
- Enfim, vocês ainda não ouviram a melhor parte! Ele derrubou o meu café e disse que teria que me pagar um novo. Pegou meu celular e tudo mais. – suspirei e me joguei no sofá ao lado delas.
- Qual o nome dele?
- Sei lá! Acho que vou descobrir logo – dei de ombros.
- Hum... getting her game on.
Comecei a rir com elas.
- Espera, mas e o Louis?
Abri os olhos.
- O que tem ele?
- Vocês não tinham se beijado e tudo mais?
- E daí? Isso não mudou nada. Ele continua me vendo como uma amiga e eu continuo sendo só isso para ele.
Percebi o quanto minhas palavras eram verdade. Louis não queria nada comigo. Ele me beijou por medo de perder a minha amizade, porque eu era a única pessoa que aguentava ouvi-lo reclamando de Eleanor. E a partir de agora as coisas ficariam estranhas entre nós já que ele sabia dos meus sentimentos. Louis e eu nunca iríamos ficar juntos. E a minha vida tinha que continuar. Aliás, eu estava esperando o que há tanto tempo? Desde que o vi no hospital sabia que ele era muito para mim. Estava na hora de me libertar. Voltar a curtir a vida. Soltar a que não se apega aos outros e não precisa ter medo de se apaixonar.
Louis despertou o pior de mim. O lado frágil, meigo e fofo que se apaixona e chora por amor. Mas eu não era assim e nem nunca fui. Não que se apaixonar fosse besteira para mim, mas só nunca esteve em meus planos. Estava na hora de apagar essa apaixonada e voltar a ser quem eu sempre fui.
Me sentia mais leve depois desse momento de clareza onde pude perceber tanta coisa sobre a minha vida. Eu estava decidida, era disso que precisava. Desencanar de Louis, uma coisa que nunca ia acontecer.

Louis’ POV

O que eu faria quando voltasse para Londres no final de semana? Iria para a casa das meninas? Viajaria para Doncaster para ver minha família? Convidaria para sair?
Hum, tantas opções.
Ah, Louis, para de mentir para você mesmo. Estava tudo perdido. Você beijou a garota e você gostou. Você quer mais e não consegue aceitar isso. Mas está tudo bem sentir atração por outra garota depois de tanto tempo. Está tudo bem sentir atração por uma amiga linda como . É completamente normal se sentir assim, mesmo depois de tanto tempo sem perceber que ela sentia algo por você. Está tudo perfeitamente bem.
- Geralmente sou eu que gasto tempo me olhando no espelho desse jeito. – a voz de Zayn me acordou, e vi seu reflexo no espelho à minha frente escorado na porta do banheiro atrás de mim com os braços cruzados. – O que você tem?
- Não tenho nada, não. Eu só estava pensando.
- Pensando, é? O que passa por essa cabecinha, Louis?
- Nada não, Zayn. Só... – terminei de abotoar meu blazer e me virei para ele. – Cadê os outros?
- Niall e Liam já desceram, o Harry está por aí. Vamos?
- Vamos. – fui para a porta do quarto do hotel e Zayn me seguiu. Descemos pelas escadas mesmo, já que estávamos no primeiro andar.
- Até que hora a gente vai ter que ficar lá?
- Você sabe como são eventos beneficentes. É só aparecer, tomar alguma coisa, tirar umas fotos, conversar com algumas pessoas e sair.
Assenti.
- O que vai fazer amanhã quando embarcarmos em Londres?
- Descer do avião.
- Zayn, você é tão engraçado. – revirei os olhos.
- Aprendi com o melhor. – ele me deu alguns tapinhas nas costas.
Encontramos os meninos na porta do hotel e fomos para a van, seguidos de Paul. Assim que entramos e ele fechou a porta, perguntou pela janela:
- Cadê o Harry?
- Não sabemos, Paul. – Liam disse.
- Cadê o meu hambúrguer, isso sim. – Niall olhou em volta. – você disse que passou no Mc, Paul.
- Nós vamos passar, Niall, assim que acharmos o Harry.
- E cadê o Harry? – ele perguntou confuso se ajoelhando no banco.
- Niall, em que mundo você vive? – perguntei.
- Dá um tempo pra ele acordar, o garoto estava pegando a maior gata ali fora. – Zayn riu.
- Estava, é? – perguntei, curioso. – quem era ela, Nialler?
Ele deu de ombros.
- Katy, Katia, Kitty... algo assim.
- É a terceira só essa semana, vai com calma aí, Niall. – Liam avisou. – Não queremos que você contraia sífilis.
- Eu sou gostoso e solteiro. – ele falou e deu de ombros outra vez. – e tem fãs que pagariam para isso. Eu posso me permitir só uma vez, não posso?
- Ou duas, três, quatro... – Ri.
- Como quiser. – Liam levantou as mãos. – só dei uma dica.
A porta de traz se abriu e Harry entrou por ela, sentando no canto mais afastado de nós. Estava escuro, então só a luz do visor de seu telefone iluminava o seu rosto e ele parecia estar concentrado em algo.
- Onde é que você estava, Styles? – Paul perguntou.
- Por aí. – ele respondeu sem de fato prestar atenção. Apertou um botão e colocou o telefone no ouvido.
- Eu vou pedir um aumento. – Paul decidiu, dando a volta no carro e entrando no banco do motorista.
Nós chegamos no evento e logo o tédio me abalou. A única parte legal era a de comer os aperitivos, porque de resto era tudo um lixo. Saí por um tempo para falar com as fãs e tirar fotos, dei alguns autógrafos e conversei por um tempo, mas logo isso ficou chato também. Então me afastei um pouco delas e peguei meu celular. Eu queria saber se a noite de estava sendo tão chata como a minha.
- Oi, é a . Eu não posso atender no momento, então deixa um recado depois do sinal e eu vou te retornar. Claro, se eu gostar de você. Beijos!
Sorri ouvindo aquela voz. Era incrível como com ela não tinha tempo ruim. iluminava o dia de qualquer um. Desliguei a chamada antes que caísse na caixa de mensagem e coloquei o celular no bolso. Era uma pena que ela não pudesse falar agora, mas eu esperava que estivesse se divertindo mais do que eu.
- Lou? – alguém me chamou, e virei para ver quem era. – você pode conversar?
Harry não parecia bem. Não me lembro de tê-lo visto em uma situação assim antes. Tentando claramente esconder que na verdade estava uma bagunça por dentro. Era exatamente assim que ele parecia. Como quando você está tão desesperado que não sabe o que fazer e sua respiração começa a ficar acelerada.
Fui até ele e o acompanhei até lá dentro com a mão em suas costas para que saíssemos da visão das câmeras lá fora. Eu o conduzi até um canto perto do bar, onde poucas pessoas conversavam em grupos. Paramos lá, e fiquei em sua frente enquanto ele se escorava na parede atrás de si.
- O que foi?
Ele balançou a cabeça algumas vezes. Não sabia o que falar.
- O que foi que eu fiz? – foi o que conseguiu proferir.
- Uma grande burrada, não é?
- Eu... não sei como consertar as coisas. E nem sei se mereço. Louis, eu sou só um moleque que não sabe levar um relacionamento a sério, ela tem toda a razão. E agora que eu destruí isso eu vi a seriedade da situação. Eu não sei o que fazer. Eu sinto muito mesmo. Eu preciso de ajuda, preciso que alguém me fale o que fazer para consertar isso.
- Eu não tenho como te ajudar, Harry. É você que tem que saber o que fazer. É a sua namorada. É a ela que deve desculpas, e é pra ela que tem que falar tudo isso. Eu não posso te ajudar, eu sinto muito.
Ele olhou para o chão. Eu sabia que Harry havia feito uma merda enorme, mas aquele ali na minha frente era Harry Styles, o meu melhor amigo que tinha um grande coração e que estava visivelmente machucado. Não aquele cara daquela noite. Mas não tinha como não ter pena daquilo ali. Harry era meu irmão mais novo, eu precisava ajudá-lo. E eu ia, mesmo que ele não tivesse razão, e que bem provavelmente não merecesse.
Eu sabia que também não era muito fácil de lidar, mesmo que isso não fosse desculpa para nada do que ele fez. Mas garotas são assim, e tudo que ela queria era um pouco de amor. Era dever de Harry como seu namorado que a desse carinho. Qual é, ela era uma garota traumatizada, carente. Ela precisava de amor e carinho. Naquele momento Harry se esqueceu. Ele não percebeu o que fazia, e eu sabia que se pudesse voltar, ele nunca faria igual. As coisas acabaram indo longe demais. E agora ele entendia tudo que deveria ter feito e não fez. Ele já sofreu entendeu seu erro. Agora era a hora de parar de crucificar o pobre garoto. Eu acreditava nele.
Apoiei uma mão em seu ombro e ele olhou para mim.
- Já tentou ligar para ela?
Ele assentiu.
- Milhares de vezes. Cai sempre na caixa de mensagem. Acho que ela bloqueou o meu número ou algo assim.
- Vamos tentar concertar isso. – saquei meu celular do bolso outra vez e me escorei na parede ao lado dele.

Zayn’s POV

Desci do avião cuidadosamente, eu estava com sono por ter dormido o voo inteiro, era possível que se eu caísse, descesse rolando e sofresse um traumatismo craniano. Assim que consegui chegar no saguão, falei com algumas fãs e fui direto para o carro que nos levaria para casa.
Coloquei a mala no porta malas, entrei no carro e chequei a hora. Era pouco mais de meio dia. Quando o carro deu partida, olhei para meu descanso de tela que era beijando minha bochecha na ponte do Tamisa e mudei de ideia automaticamente. Era um ato tão desesperado ir para a casa das meninas assim, sem nem chegar em casa antes. Mas eu não ligava a mínima.
Pedi para o motorista dar a volta. Agradeci pelos meninos terem ido em outro carro, mas eles disseram que iam parar para almoçar e eu não estava afim. Em alguns minutos paramos em frente à casa delas, peguei minha mala e desci.
Bati na porta e alguns segundos depois quem abriu a porta foi .
- Olha só, não é todo dia que recebemos Zayn Malik batendo em nossa porta. – ela zombou.
- Oi, . – Ri e dei-lhe um beijinho no rosto. – Tudo bem?
- Tudo bem. Entra aí, a gente tá muito ocupada morrendo de tédio, mas você pode se juntar a nós.
- Eu estou com fome e vim almoçar, já vou avisando.
Ela riu.
- , traz mais pizza?
- Vocês só comem pizza?
- Conhece algo mais prático e gostoso?
Fiquei com vontade de responder “eu”, mas isso seria meio narcisista.
- Tem razão.
- E o resto dos meninos? – perguntou quando chegamos na sala e ela voltou a se sentar no seu lugar do sofá.
- Foram comer fora. Eu não estava afim, e estava com saudade, então... – olhei em volta procurando por alguém em especial.
- Ela está no quarto, Zayn. Se quiser, pode ir lá.
- Ei, garotão! – veio até mim e me abraçou com o braço que não estava segurando o prato. Me deu um beijo na bochecha e se afastou. – Aqui sua comida.
- Vocês são incríveis.
- Um obrigado já bastaria. – voltou do corredor e se jogou ao meu lado no sofá. – Mas sabemos que somos incríveis.
Sorri para ela e peguei um pedaço de pizza.
- Tudo bem com você? – ela passou a mão em meu braço e depois pegou o controle para trocar de canal.
- Tudo bem comigo. Vocês estão bem? Nenhuma novidade?
- Temos novidades, sim. está saindo com um professor de biologia, ganhou um dia de estágio na Vogue e eu continuo na fossa.
- , você reclama demais e não levanta a bunda do sofá para fazer algo que preste. – disse. Olhei para , sorrindo.
- Olhem isso: - virou o laptop para nós e mostrou o vídeo que estava olhando. – lembram? Tem sete milhões de views.
Meu rosto se iluminou ao ver nosso cover de Call Me Maybe feito há meses atrás. Meu Deus, quanto tempo desde que isso aconteceu? Nem parecia, mas estávamos juntos há um tempão.
- Cara, eu nem lembrava mais disso! – sorriu.
- Nem eu! Nossa, faz quase um ano. – concordou.
Soltei meu prato na mesinha e me levantei.
- está...
- Dormindo. – sorriu. – No quarto dela, quer dizer. Ela voltou tarde do ensaio ontem, resolveu descansar agora. Vai lá, ela vai gostar de te ver. – sorriu mais, me encorajando.
Assenti e fui para o corredor. O quarto estava pouco iluminado, as cortinas brancas deixavam um pouco de luz entrar ali mesmo estando fechadas, a cama de estava arrumada com um jogo de cama rosa, e a de estava com um edredom branco por cima dela. Mas ainda não podia vê-la e saber se estava dormindo ou não. Sua amada playlist das melhores músicas da Rihanna tocava baixinho em seu Ipod plugado na caixinha de som em formato de um porquinho rosa, e as notas de Cheers criavam um clima relaxante no quarto.
Cheguei mais perto da cama e pude ver que ela dormia. O cabelo loiro solto e espalhado sobre o travesseiro e coberta até o nariz. Sorri. Nunca me acostumaria com o quanto ela era bonita.
Sentei na cama e puxei um pouco o edredom, cheguei mais perto e tirei uma mecha de seu cabelo do rosto antes de depositar um beijinho na sua testa. Mas senti que ela se mexeu e ia acordar, então continuei distribuindo beijos levemente pela bochecha, maxilar e toda essa área. balbuciou alguma coisa e se virou, e minha boca roçou na dela. Foi nesse momento que vi que ela percebeu que eu estava ali, porque seu corpo congelou e até a respiração ela prendeu. Sorri, e fiz questão de deixar que meus lábios encostassem nos dela quando fiz isso. Dei um selinho longo e demorado em sua boca, e puxei de levezinho o lábio inferior quando me afastei. gemeu baixinho.
- Zayn...
- Abre os olhos pra mim. – murmurei.
Ela abriu os olhos devagar e ao encontrar os meus se levantou um pouco, sentando na cama e me empurrando um pouco para trás pelo peito.
- O que faz aqui?
- Eu voltei hoje e resolvi passar para te ver.
- Mas... – ela coçou os olhos e passou a mão no cabelo. – Você não devia estar aqui, Zayn.
- Ah, , qual é. Vamos parar de joguinhos, por favor, você me enlouquece desse jeito!
- Mas é a verdade, você sabe que sim. Lembra o que falei sobre eu ser a pessoa que pensa nesse relacionamento?
Ela estava séria, mas não conseguia continuar sério ao ouvi-la nos chamar de “relacionamento". Abri um sorriso e voltei a beijá-la. Desci para seu pescoço, e ela tentava me afastar, mas sabia que não era isso que queria fazer.
- Zayn, Zayn, por favor. Se controla, por favor. – voltou a me afastar. – Não. – ela me disse, séria. – Não, nós não podemos. Estou decidida dessa vez. Não podemos e não vamos. Nós vamos esperar, vamos seguir a vida normalmente e não vamos nos esconder assim. Certo?
- Você fica linda quando tenta falar sério. – disse à ela.
- Eu estou falando sério!
- Como queira. – ri. – Vem, me beija. – puxei-a para mais perto.
- Zayn! Por favor, me ajuda aqui! Eu estou tentando salvar a sua carreira, não piora tudo.
- Eu não quero que você salve nada, quero que me beije logo, não entendeu isso? – parei e olhei-a sério.
me olhou do mesmo jeito por uns segundos, ponderando o que deveria fazer. Por fim, ela decidiu que não valia a pena lutar contra o desejo. Me puxou pelo colarinho e me deitou ao seu lado, avançando para minha boca com vontade.
- Foda-se você e sua carreira então, Malik. – disse entre o beijo. – Ninguém te mandou ser tão sexy.
Ri entre o beijo.
- Senti tanto a sua falta. Estar bem com você me faz sorrir mesmo estando longe. Então... – afastei ela só o suficiente para olhar em seu rosto. – Não me deixa mais como fez antes. Ok?
Ela passou a palma da mão gentilmente em meu rosto, sobre minha barba por fazer e depois depositou beijos por ali, pela linha do maxilar e pela bochecha, até chegar aos meus lábios. Apesar de isso ser muito bom e ser uma grande distração, ela não respondeu minha pergunta.

Liam’s POV

- Onde estão os filmes que você pegou? – perguntei à quando descemos do carro na frente de casa.
- Na sacola do banco de trás, amor. – ela disse, tirando o óculos de sol dos olhos e colocando-o em cima da cabeça.
Abri a porta de trás e peguei a sacola, quando fechei-a ouvi os costumeiros cliques das câmeras dos papparazzi. Olhei brevemente por cima do ombro para todos eles parados do outro lado da rua apontando as câmeras para nós. Eu não entendia porque eles gostavam tanto de seguir-nos quando eu estava com ela. Aliás, eles seguiam para todos os lugares, só esperando por uma falha dela para poder julgá-la. Eu odiava isso. Mas queria que todos vissem o quanto eu era feliz com ela e o quanto a amava, então eu gostava de sair sempre abraçando ou beijando ela quando saíamos em público.
Fui até ela, que já entrava pelo portão de entrada e a abracei pela cintura. Demos oi para o porteiro e eu dei um beijo em sua bochecha fazendo-a sorrir antes de entrarmos em casa. Ela pegou algumas correspondências na caixa de correio e foi direto para a cozinha enquanto as lia. Eu sentei no sofá e peguei os filmes para olhar.
- Celular: um grito de socorro. Quarteto Fantástico 1 e 2. Diário de uma Babá. Heróis. Qual Seu Número? Capitão América. Os Vingadores. – li os títulos de todos os filmes que ela trouxe. voltou da cozinha com um copo de água e se sentou ao meu lado no sofá. – Tem algum filme sem o Chris Evans?
Ela riu.
- Qual o problema?
Dei de ombros.
- Nenhum... eu acho.
- Estou me preparando psicologicamente. Tenho um photoshot com ele segunda! – Ela deu um pulinho. – Dá pra acreditar?
- Ah... Sério? – Franzi o cenho para ela.
O sorriso de sumiu.
- Nossa, Liam, que “ah” mais desanimado.
- Desculpa, ahhhhh. – fiz, com um pouco mais de vontade. – É que não me sinto muito confortável sabendo que um cara daquele tamanho, pelo qual você tem um abismo, vai estar perto de você amanhã.
- Ah, para! – ela riu e me beijou. – Já tenho o meu grandão, esqueceu? – ela disse, colocando a mão espalmada em cima da minha e assim pude ver o tamanho da minha mão perto da dela. Era pequena e delicada, bem ao contrário da minha.
- É, ainda bem que você sabe. Eu sei que ele é o Capitão América e tudo mais, mas... – Comecei, fazendo-a rir e rindo junto.
gargalhou.
- Então bota um filme ali, gatão! – ela me empurrou.
Fiz que não com a cabeça.
- Por que não? – fez bico.
- Tenho uma ideia melhor do que isso. – disse, me aproximando do rosto dela.
- Ah... – ela sorriu. – Boa ideia. – cercou meu pescoço com os braços e eu a puxei pela cintura. Ela entrelaçou as pernas na minha cintura e me levantei do sofá, indo para o quarto.

Louis’ POV

Peguei meu celular do bolso. Ainda nenhuma chamada. Eu estava há uns dez minutos sentado em um banco do aeroporto esperando Harry se decidir ou alguém me ligar.
- E então, Harry? – olhei-o, sentado ao meu lado na mesma posição de dez minutos atrás. Com os cotovelos apoiados nos joelhos, e as mãos entrelaçadas enquanto pensava em algo. – Vai pra onde?
- Eu não sei se vou para casa ou para a casa das meninas.
- Então não saímos da estaca zero? – suspirei pesadamente.
- Eu preciso me desculpar com elas, já que não está na cidade hoje. Preciso melhorar essa situação.
- Então vamos para lá.
- Mas eu estou com medo, Louis. Nem sei o que falar.
- Então vamos pra casa e aí você pensa, Harry.
- Não tô a fim de ficar sozinho em casa. – ele disse, esfregando as mãos no rosto.
- Vamos lá em casa. Seu quarto ainda tá do mesmo jeito que você deixou.
- Mas eu preciso pensar um pouco, ficar sozinho, e...
- Por Deus, Styles! Então vai pescar, assim você pensa bastante! Mas que saco!
Ele me olhou por um segundo.
- O que foi?
- Você falou igual a ela. – ele revirou os olhos. – Vou para casa. Quer carona? – falou, se levantando.
- Hum... leva minhas malas? Depois passo na sua casa e pego, não estou a fim de ir para casa agora.
- Vai ficar aqui?
- É claro, Harry. Tô super a fim de comer aquele pastel – apontei para uma pastelaria em nossa frente e revirei os olhos. – Vou ligar para alguém vir me buscar.
- Saquei. – ele pegou sua mochila enorme e marrom e jogou sobre o ombro, e minhas duas malas pequenas e pretas e se afastou.
Peguei meu celular outra vez. Disquei o número de . O número chamou algumas vezes até ela atender.
- Oi?
- Oi, . É o Lou.
- Ah, oi Louis. – ela riu de algo no outro lado da linha. – O que foi?
- Você disse que viria me buscar no aeroporto. Lembra?
- Ah... ah! Eu sinto muito Lou, me esqueci totalmente. Eu estou meio ocupada agora, mas... Ah, droga.
- Não, tudo bem. Deixa pra lá.
- Desculpa, Lou. Eu simplesmente esqueci.
- Tá tudo bem mesmo. Eu pego um táxi.
- Tá. Então, até mais. Passa lá em casa mais tarde.
- Tá. Tchau.
Ela desligou.
Olhei para a tela do celular sem acreditar por um segundo. Então até uma semana atrás ela estava apaixonada por mim e agora nem podia me atender no telefone direito? Uau.
Liguei para Niall.
- O-oi Louis. Oi.
- Oi. Onde você tá?
- Em casa, e você?
- Tô no aeroporto.
- Ainda? Eu já cheguei há um tempão... Ei, não mexe nisso, ok?
- Quem tá aí?
- Hum... - ele pareceu pensar. – Não lembro o nome dela, mas é loira. – sussurrou.
Bufei e revirei os olhos.
- Niall, você tem que parar de ficar com essas garotas que nem sabe o nome. Isso não é... saudável, sei lá.
- Tanto faz, Louis. Eu to meio ocupado agora, e... Ahhh, espera aí, ainda não!
- Você é nojento! – exclamei.
- O que você quer?
- Nada, esquece.
- Tá, tchau.
O garoto desligou e então eu me vi sozinho no aeroporto. Não acredito que teria que chamar um táxi. Se eu soubesse, teria ido com Harry.

’s POV

Estava sentada no balcão da pia, esperando Liam colocar a carne no micro-ondas pra descongelar – ele iria fazer a janta.
- Macarrão com carne... A única coisa que eu sei fazer – falou ficando na minha frente, com as mãos no balcão.
- Ah, eu sei algumas coisas. Aprendi na pressão, tendo que manter aquelas quatro garotas vivas – Ri. Ele riu e me deu um selinho.
- Já dá pra casar – falou dando um sorrisinho fofo.
- É – falei encarando-o – Você também, eu faço a comida e você arruma a casa, e faz suco.
- Ah claro, suco, porque refrigerante dá celulite.
- Óbvio, ou você quer sua esposa cheia de celulite?
- Tá certo. – Liam riu e encarou meus lábios de cima, daquele jeito que só ele fazia, com aquela carinha fofa.
Por um momento essa conversa pareceu estranha. Parecia que estávamos falando de nós. Olhei para Liam e ele estava com um biquinho agora.
- Para com isso, Liam.
- Isso o quê? – olhou confuso.
- De fazer biquinho quando está pensando.
- Esse? – fez um biquinho. Ri.
- Sério, para. – Tapei sua boca com a mão.
- Por quê?- continuava com aquele biquinho.
- Porque ... ah... – ele se aproximou mais, ainda com o biquinho – Liam, sér... – me interrompeu dando um beijo.
Era um beijo calmo. Por algum tempo. Até nos separarmos por falta de ar. Depois disso, os beijos foram ficando mais quentes. Liam parou o beijo e puxou meu moletom – que no caso era dele, e a única roupa que eu estava, além da lingerie - para cima, ergui os braços e ele o jogou em cima de uma cadeira. Ele me olhou e sorriu um pouco. O puxei e nos beijamos novamente. Um beijo mais feroz. Passei minha mão por dentro de sua camisa, e arranhei suas costas. Ele colocou suas mãos em minhas coxas e apertou-as. Me puxou para ele e me ergueu um pouco. Trancei minhas pernas em sua cintura. Ele deu uns passos para trás, e caminhou até o sofá. Me deitou com cuidado ali, e parou o beijo. Me olhou um pouco, e comecei a tirar sua blusa, ele ergueu seus braços e tirou a camisa, jogando-a no chão.
Não sei de onde veio tanto desejo da nossa parte nos últimos dias. Não éramos assim antes. Mas era como se cada segundo com ele não pudesse ser perdido, e eu sentia o calor do seu corpo me puxando para perto como um imã, eu não podia me afastar, não queria. Sentia uma mudança em mim também. Não só física, mas emocional, principalmente. Eu sentia que estava me tornando uma mulher – e não só isso, mas a mulher que sempre quis ser. Eu era livre, tinha alguém a quem amar, era mais tranquila em relação à tudo em minha volta e sentia que não precisava mais ser aquela garota certinha e tensa de antes. Eu era completa com Liam, e só ele me fazia ser assim.
E tudo que eu passava pelo ódio das suas fãs, era só um preço a pagar. Um preço justo, e eu não podia me dar ao luxo de reclamar.

Estávamos deitados no sofá da casa de Liam, agora. Assistindo TV. Ele estava com a cabeça em minhas pernas.
- Liam, vamos sair um pouco? – perguntei, passando a mão em seus cabelos.
- Sair aonde? – me olhou.
- Não sei, só vamos sair pra não ficarmos o dia inteiro sem fazer absolutamente nada.
- Ok, hmm, que horas são?
- Quase quatro.
- Vamos ir em algum lugar pra comer alguma coisa. Meus planos de comer não deram certo – riu.
- Pode ser.
- Tá, então espera um pouco que eu vou me trocar. – me deu um selinho, e se levantou.

’s POV

Como sempre estava jogada no sofá assistindo TV até tarde da noite. Eu nunca tinha nada para fazer e era sempre a última a dormir. Estava com dor nas pernas, porque agora eu fazia treinos de vôlei uma vez por semana, porque uma hora ou outra a vida tinha que continuar e eu já estava começando a me sentir doente por não sair de casa nunca. Fazia bem para a saúde, e também para minha autoestima. Eu me sentia melhor depois de descobrir que ainda existem pessoas vivendo suas vidas do lado de fora da minha casa. Não que eu fosse fitness, porque ainda chegava em casa devorando o mundo todo.
Fato é que eu havia mesmo perdido a prática em ter uma vida social, essas férias – e um loiro irlandês – acabaram com a minha vontade de praticar social. Mas eu estava me recompondo. Aos poucos, estava sim.
Uma das minhas amigas conversou comigo, e me fez enxergar coisas que até agora eu não havia notado. Eu estava passando por uma fase difícil (e sim, isso era óbvio). Essa fase, depressão, drama ou sei lá como se chama me derrubou de tal maneira que eu só conseguia sentir vontade de ficar no sofá o dia todo, todos os dias, do amanhecer até o anoitecer assistindo filmes que já havia assistido várias vezes antes sem botar o nariz para fora. E eu nem percebia isso. Era como um vício, ou uma doença. Mas aí a falou comigo sobre isso. Disse “não precisa ser assim”, e foram essas as palavras dela. E eu percebi que realmente não precisava ser assim, eu não podia me deixar abalar desse jeito, tinha tanta coisa legal lá fora, não era saudável ficar assim.
Conheci gente bem bacana. Fiz alguns amigos, e até troquei telefone com um garoto meio alto demais, mas que era gente boa.
Agora eu estava fazendo as unhas e comendo meu terceiro bombom de licor. Não que eu esperasse ficar bêbada, mas o açúcar estava me deixando elétrica. Estava assistindo um programa qualquer que sempre passava de madrugada sem prestar muita atenção, só para ouvir a música animada que a banda do programa tocava.
A campainha tocou e me assustei. Todos já estavam dormindo, era tarde e ninguém iria até lá essa hora. Levantei-me e fui até a janela ao lado da porta. Abri um pouco a persiana, mas não pude ver quem estava na porta, só um carro ainda ligado parado lá na frente com as luzes ligadas. Uma música um pouco alta demais vinha do carro. Me pareceu familiar.
Fui até a porta e a abri devagar. Um Niall meio exaltado e com uma garrafinha pequena de vodka na mão me deixou bem surpresa.
- Niall...
- ! – ele disse alto demais, abrindo os braços. – Justo quem eu queria ver!
- Niall, você tá bêbado. Fala baixo, vai acordar as meninas. – fui para o degrau de cima da porta e a fechei atrás de mim, deixando só uma fresta aberta.
- Eu não ligo. Eu não ligo se acordar elas ou a vizinhança inteira. Eu não ligo porque eu não... Eu não preciso ligar! – ele riu. Cambaleou um pouco e virou o restinho de vodka na garrafa. Quando viu que acabou, chacoalhou um pouco e a jogou no nosso gramado.
- Niall! O que está fazendo aqui?!
- Ouça bem... – ele apontou para mim. – Ouça muito bem. Ouça. Quero que todos ouçam. Todos ouçam! – ele gritou o final como se fosse acordar os vizinhos, e levei a mão ao rosto, envergonhada.
- Niall, para de fiasco!
- Eu vim para te falar uma coisa importante, . Bem importante, e você precisa prestar atenção.
- O que você quer? – cruzei os braços.
- Eu só quero te dizer, que... – ele enrolou um pouco a língua, e veio bem perto do meu rosto. O cheiro do álcool era sentido de longe. – Eu já superei você. – sussurrou essa última parte para mim.
Travei o maxilar.
- Ah, jura?
- É. Superei totalmente. Esqueci você. Completamente.
Ele esperou alguma reação minha. Por um momento tudo que fiz foi encará-lo com reprovação. Me encostei no batente da porta, ainda com os braços cruzados e olhei-o de cima à baixo por um tempo.
- Veio até aqui só para falar isso, Niall?
- Sim. Ah, e para te mostrar minha prova.
- Que prova?
- A prova de que eu te esqueci. Olha. – ele se virou para seu carro e apontou para lá. – Aquela lá é a... Beth. – ele franziu o cenho. – SEU NOME É BETH, NÉ? – gritou para ela.
- Beatriz!
- Beatriz! A Beatriz, ... – ele virou outra vez para mim. – É incrível. Ela é incrível. Ela é uma modelo... ou... – pareceu meio confuso. – uma atriz. É algo que trabalha com câmeras. Ela é incrível, não é? Ela faz uma coisa com a língua...
- Incrível. – concordei, sentindo pena da posição deplorável de Niall diante de mim. Olhei para o carro de novo. – Quem está dirigindo, Niall?
- Dirigindo? Dirigindo o quê? Ah! Aquele carro ali? Sou eu.
- Você?!
- Sim. Sou eu.
- Espera um minuto, não vá embora. – pedi, voltando para dentro de casa e indo para a cozinha. Enchi um copo com água enquanto ouvia os gritos de Niall lá fora e voltei para a porta em dois tempos. Antes que ele pudesse sequer pensar, joguei a água em seu rosto.
- Ei!
- Você não pode dirigir estando bêbado!
- Agora eu estou molhado!
- Niall, sinceramente, olha para você, seu idiota! Vem na minha casa no meio da madrugada para fazer escândalo quase caindo de bêbado e falando que me esqueceu, eu podia chamar a polícia. Se orienta, garoto! – Dei-lhe um tapa na cabeça.
Suspirei um pouco enquanto observava ele secar o rosto com as mãos.
- Se ao menos falasse comigo quando está sóbrio... – pensei comigo mesma.
- Você é uma mentirosa manipuladora e eu só queria que soubesse disso. – ele falou baixo.
Dei um passo para frente, e ele se sentiu ameaçado e andou para trás.
- Some daqui agora! – apontei para o carro.
- Não posso dirigir estando bêbado, esqueceu?
Empurrei-o com força.
- Eu não estou nem aí, tomara que você morra em um acidente, seu animal! Sai da minha casa agora ou eu vou chamar a polícia, Niall! Some daqui! Vai comer a Beth, ou seja lá qual for o nome dela. Para de fingir que me esqueceu e vai trabalhar melhor nisso! Argh! – Joguei as mãos no ar, furiosa.
Ele me olhou por alguns segundos. Como se realmente enxergasse o quanto eu queria que ele ficasse por trás de todas essas palavras que diziam o contrário. Me senti até um pouco envergonhada por mentir tanto até para mim mesma. Mesmo assim, ele virou as costas e entrou no carro.
Virei as costas também, e entrei em casa fechando a porta com força. Olhei pela janela e ele demorou alguns minutos para dar partida no carro.
Idiota.



Capítulo 16

Here we go again
I kinda wanna be more than friends
So take it easy on me I'm afraid you're never satisfied
Here we go again
We're sick like animals we play pretend
You're just a cannibal and I'm afraid I wont get out alive
No I won't sleep tonight.

Harry’s POV

Eu só conseguia odiar estar em casa nesse fim de semana. Qual era a parte boa em estar sozinho naquele apartamento que parecia milhares de vezes maior sem ali? Não senti vontade de ligar a TV, pois o silêncio era incômodo, mas era um jeito de me lembrar da burrada que fiz, enquanto o barulho da TV só serviria para tentar sem êxito disfarçar que faltava algo. Não me atrevi a ir para a cama, aquele lugar tinha memórias ruins e não me parecia digno. Tinha o cheiro dela nos lençóis e olhar para o seu lado da cama era quase como vê-la ali, brincando comigo, escondendo os olhos castanhos que brilhavam na luz da manhã no meio do emaranhado de tecidos brancos. Subir para o terraço me pareceu uma péssima ideia. Aquilo era uma coisa que fazíamos quando estávamos juntos, não me parecia certo ir lá sem ela.
Então tudo que fiz foi sentar no sofá com algumas latinhas de cerveja. Acho que tomei duas até pender para o lado e encostar a cabeça na guarda do sofá. Como de praxe, para combinar ainda mais com a minha situação, o mundo caía em uma chuva densa lá fora. Pensei em fechar os olhos por alguns instantes para descansar, e a próxima coisa que aconteceu foi meu telefone fazendo um ruído alto enquanto vibrava na mesinha de centro.
Me sentei com um pouco de dificuldade e peguei o telefone. Era uma e meia da manhã. Quando destravei a tela, pude ver quem ligava e congelei. Era ela. A . Estava me ligando. Fiquei tão nervoso de repente.
- ?
Não pude ouvir nada de início, além de uma música muito alta e muitas pessoas falando.
- Está ouvindo a música, amor? – uma voz feminina gritou. – Essa é para você!
Prestei atenção. Era So What, da Pink, que estava tocando. Ri fraco, sem humor nenhum.
Isso era tão a cara dela. estava em uma festa em Nova York cheia de gente bacana, sem mim, e pelo que pude perceber em sua voz com o nível de álcool acima do permitido.
- ? , você tá onde?
Acho que ela se afastou um pouco da caixa de som nessa hora, pois pude ouvi-la bem melhor.
- Eu, meu querido? Eu estou na festa do ano, Harry. Na festa do ano. Em Nova York, na América. Sozinha. – ela riu. – Bem, nem tão sozinha. – estava se enrolando nas palavras. – Mas sem você.
Tudo que consegui foi ficar preocupado.
- , quem tá aí com você? Não se mete com gente perigosa, , por favor. Volta pro hotel logo, fica sozinha e trancada, se cuida, não toma nada que não conhece... – suspirei. – Se cuida.
- Eu já me meti com gente perigosa, seu idiota. Mas me livrei dele. E estou bem longe agora, em outro continente. Não preciso de você, eu... eu tenho aquele cara ali com a bebida rosa, a menina das pulseiras de neón e... Ah! Você vai amar esse aqui. – Ela riu. - E eu tenho o William! Ele vai me levar para casa, ele disse. – ela riu.
- William? O William?! O William que te beijou, ? – Coloquei a mão no rosto. Era brincadeira, só podia ser.
- Esse aí. Ele tem um carro. Legal. Mas eu só liguei porque a... a menina das pulseiras disse que você não me merecia pelo que fez comigo. E é verdade, não me merece. E queria que soubesse disso, você é um idi... ota.
- Você tá tão bêbada. Ai meu Deus, , onde se meteu? Por favor, vai pra casa. Passa para o William, me deixa pedir para ele cuidar de você. , você é menor de idade e tá perdida numa das maiores cidades do mundo! – Disse, de repente desesperado, a consciência pelo que ela estava fazendo caindo sobre mim.
- Vai se foder, Harry. Eu ainda estou sóbria o suficiente para te mandar ir se foder. Se mata. Antes que mate todo mundo ao seu red...
Afastei o celular do ouvido e olhei para a tela quando a ligação caiu no meio de sua frase. Ótimo. Agora não sei se me preocupava mais com ela ou comigo. Porque se pensei brevemente que ela estava me ligando para me dar uma chance de pedir desculpas, eu passei longe.
Liguei para , eu estava inquieto demais para dormir ou sentar no sofá e tomar um porre. Precisava conversar com alguém que me entendesse, que não estivesse tão bravo comigo, e ela era a pessoa certa.
- Oi, Harry...
- Oi , te acordei?
- Não, estou sem sono. Eu preciso de companhia, Harry.
- Eu também, . – suspirei. – Não tá nada bem aqui. Preciso de alguém que me escute.
Ela fungou.
- É... eu acho que a gente podia se encontrar...
- Você quer vir aqui?
- São duas horas da manhã, Harry.
- Eu vou te buscar. Você pode dormir no quarto, eu durmo na sala, mesmo. Juro que te levo cedo para casa, eu só preciso conversar.
- Virar a noite conversando. – ela fez uma pausa. – É, é disso que eu preciso também. Pode vir.
- Tudo bem, já estou chegando.
Peguei as chaves e passei uma água no rosto para acordar. Fui até as meninas e cheguei lá em dez minutos por não ter muito movimento. Dei uma batidinha fraca na porta e girei a maçaneta, estava aberta. Entrei logo antes que ficasse todo molhado pela chuva. estava sentada no parapeito da janela com os pés em cima do mesmo e olhando para fora, onde a rua estava iluminada e a chuva caía.
- ?
Ela desceu de lá e veio até mim, me dando um abraço.
- Oi, Harry. Seu desgraçado. – me deu um soco no ombro, mas continuou abraçada em mim e eu retribui.
- Eu mereci isso.
- É.
- Vamos?
- Por que você não fica aqui?
- Porque aqui todo mundo me odeia. Vamos lá pra casa, te trago cedo, eu juro.
- Tudo bem.
Ela colocou um casaco e fomos até o carro. Voltei em menos até do que dez minutos.
- Então, me conta o que aconteceu? – pedi, dando a ela uma xícara de chocolate quente e pegando uma para mim.
- Seu amiguinho foi lá em casa fazer escândalo e esfregar na minha cara que tinha uma vagabunda no carro dele.
Ri daquilo. Era incrível a delicadeza de .
- Ele me odeia, não é, Harry?
- Ele não te odeia, . Ele até gosta demais de você. Mais do que queria gostar, e esse é o problema. O Niall não sabe como passar por isso, como te esquecer. Ele não sabe.
Ela encarou as mãos.
- Saudade de quando éramos amigos. – sorriu um pouquinho. – Pelo menos eu tinha ele por perto. Eu juro que tentei esquecer o Niall, mas hoje vi que foi em vão. Eu não consigo, Harry. E continuo presa nesse círculo vicioso. Como posso gostar tanto de alguém que eu nunca tive? Tem algo que me prende a ele, eu me odeio por não conseguir me desapegar. Eu me odeio por ter estragado tudo entre nós, era tudo tão mais fácil, eu só precisava ter dito a verdade.
- Essas coisas acontecem, . Mas eu sei que tudo vai se acertar no final.
- É isso que todo mundo me diz, mas nunca nada muda entre nós! Eu cansei de esperar, eu quero acabar com essa distância entre nós, quero beijar ele e pedir desculpas, mas tem coisas que não permitem.
- Tipo o quê?
- Tipo falta de coragem, fãs malucas, medo, umas duas garotas por noite, insegurança... tudo.
- Ah... tudo isso some se você beijar ele. A insegurança, as garotas, o medo, a falta de coragem. Só o que não somem são as fãs, mas elas podem se acostumar com você. Elas gostam tanto de você, , sabia?
- Gostam?
- Gostam muito! – Ri. – Então por que não faz assim, ó: amanhã de manhã vai lá e fala com ele. Eu sei que você consegue. Pelo menos se aproxima de novo, ou se não conseguir dizer nada à ele, agarra de uma vez!
Ela riu.
- É. Talvez eu possa...
- Você pode!
Ela sorriu para mim.
- Eu posso, Harry. Se esse covarde não vai vir falar comigo, eu vou ter que ensinar ele a como ser o homem da situação.
- Isso. O Niall tá precisando disso.
Nós dois rimos.
- E agora você. Qual é o mal que te aflige?
Balancei a cabeça e deitei-a na guarda do sofá.
- me ligou agora há pouco. Ela está em uma festa sabe-se lá onde com aquele cara, o William, e está bêbada. Me fez ouvir uma música que dizia que ela não precisava de mim, porque estava melhor sem mim e se divertindo mais. E aí a ligação caiu. Ah, e essa nem é a pior parte. Meus colegas de banda me odeiam, meu desempenho nas gravações estão péssimos, eu estou me sentindo a pior pessoa do mundo, e não sei como salvar o relacionamento com a pessoa que eu amo. Se eu pudesse, , se eu pudesse voltar àquele momento. Ah... – tomei um gole do chocolate, era difícil demais tentar explicar o quanto eu estava desapontado comigo mesmo. – Tudo que ela queria era um pouco de atenção. Eu podia ter apenas pedido desculpas e deitado com ela, abraçado ela, beijado, dado carinho, feito companhia. Só isso. Era tão simples. Coisas que eu morreria para poder fazer hoje. Isso é que é ser um homem, não é? E em vez disso eu me descontrolei e gritei com ela, eu estraguei tudo, eu...
- A estava tão empolgada para o jantar de vocês naquela noite, Harry. Você nem tem ideia. Ela tinha me ligado no mesmo dia. Estava entusiasmada com a ideia de que vocês fizessem as pazes e não brigassem mais. Ela só queria que tudo se ajeitasse naquela noite e se fosse preciso ela mesma iria mudar em alguns aspectos para evitar mais brigas. Ela esperou muito pelo jantar, e então você simplesmente não apareceu. Eu entendo que a deve ter ficado muito chateada mesmo. E talvez você também, sei que ela não é lá muito fácil de lidar, mas não precisava ter acabado como acabou. Eu sei que vocês dois têm esse fogo no rabo e tudo mais, mas...
Tive que rir do jeito que ela falava.
- Deviam ter começado a tirar a roupa na hora em que você jogou ela na cama. Não deviam ter deixado a briga ir tão longe.
Eu me sentia cada vez mais patético. Se arrependimento matasse, eu estaria morto.
Havia uma bola em minha garganta, uma angustia. Se ela estivesse ao meu alcance agora, em qualquer lugar que eu não precisasse viajar de avião por horas para vê-la, eu juro que a procuraria nesse mesmo segundo sem hesitar.
Sentei de novo e encarei .
- Eu me odeio.
- Não é só você, gatinho. – ela me deu um empurrão de leve.
- É sério.
- É sério. A e o Liam te odeiam, a não é sua maior fã no momento, a tá uma fera, a tá bêbada e com outro... Eu se fosse você desistiria.
- Você quer me ajudar, ou...
Ela riu.
- É brincadeira. Vai ficar tudo bem no final. – repetiu a frase que eu disse e piscou.
- Argh, você tem razão, essa é a pior coisa a se falar para alguém que quer ajuda.
Ela assentiu. Por um momento, eu e só ficamos em silêncio e nos encaramos.
- Quando foi que tudo virou um caos completo em nossa vida? – Ela sussurrou.
- Quando a gente fez merda e estragou tudo.
Continuamos em silêncio pelos próximos segundos. Tudo era só contato visual. Eu só conseguia pensar em e em como ela estava longe. E em como eu queria que ela estivesse aqui. Aqui na minha frente, sentada comigo no sofá. Olhando nos meus olhos. Se aproximando de mim devagar, alternando entre olhares para meus olhos e minha boca. E então eu fecharia os olhos, e aí...
encostou a boca na minha devagar. Eu me assustei assim que percebi o que de fato estava rolando ali. A boca dela estava encostando na minha boca. . A . Estávamos nos beijando. Eu e a .
Correspondi ao beijo automaticamente enquanto essas informações chegavam ao meu cérebro, e então eu me dei conta do que de fato era isso, e abri os olhos, me afastando lentamente. Ela me olhou de novo.
- Ai...
- Meu Deus...
Esse foi definitivamente o silêncio mais constrangedor de toda a minha vida.
- O... o que foi que... a gente...
- Ai meu Deus, Harry. Que tipo de vadia destruidora de relacionamentos eu sou? – Ela colocou a mão na boca e depois escondeu o rosto. – Que tipo de ser humano desprezível eu sou?! – choramingou.
Eu não conseguia proferir uma só palavra, porque estava em choque. Então quer dizer que nós dois ficamos um tempão reclamando sobre as pessoas que nós amamos e aí do nada simplesmente nos beijamos como se isso não fosse nada de mais?
- ... isso tem que ficar entre nós.
- Nunca aconteceu. Nunca aconteceu isso. Eu nunca beijei Harry Styles, o namorado da minha melhor amiga. Eu nunca deixei que um momento de fraqueza me fizesse beijar o primeiro cara que visse na minha frente pensando no Niall, eu...
- Você estava pensando nele? – quase gritei.
Ela me olhou assustada.
- Sim, não era para estar?
- Sim! Sim, era! – Fechei os olhos, respirando fundo. – Que alívio. Eu também estava pensando nela. Só fiquei aliviado. Isso foi só um erro idiota que não teve a mínima importância e não precisa ser lembrado nunca mais.
- Nunca mais. – Ela assentiu. – Promete? – me mostrou o dedinho.
- Prometo. – enrosquei o dedinho no dela e depois nos afastamos.
Mais silêncio.
- A gente é um monstro. – falei.
- Pode apostar que sim. – ela falou, fazendo uma careta.

’s POV

Segurei o telefone entre o ouvido e o ombro enquanto me abaixava para tirar meus saltos. A luz do sol me cegou assim que saí do pub, quando os seguranças fecharam as portas. Agora foi o primeiro momento onde as bebidas que tomei começaram a fazer efeito e minha visão estava um pouco turva, acho que era o sono por uma noite inteira sem dormir.
O telefone chamou duas vezes antes de ser atendido.
- Alô?
- Oi, Louis. Me ligou ontem a noite?
- É, liguei. Eu só queria saber se você estava afim de sair para tomar alguma coisa, mas acho que você estava meio ocupada. – ele riu um pouquinho.
- Ah. Eu saí com uns amigos, e... – me assustei e dei um pulo para trás quando um carro buzinou e passou a centímetros de mim. – Droga.
- Você está bem?
- Sim. Estou bem.
- Que milagre é esse em que acorda às seis horas da manhã em um domingo?
- Eu nem dormi, Lou. Saí de uma boate agora.
- Sério?
- Sim. – ri fraco. – E você? Parece bem disposto.
- Eu não tinha nada para fazer, então saí pra dar uma caminhada.
- Às seis da manhã? Só você mesmo, Louis.
- Você tem ideia de quanto tempo fazia que eu não podia ficar a sós comigo mesmo e dar uma caminhada no parque?
- É, imagino que deve ser bom.
- É muito bom!
- , você vem? – Pam me chamou, abrindo a porta de trás de seu mini Cooper verde musgo onde três pessoas já estavam sentadas, espremidas, e algumas dormindo. Fiz que sim com a cabeça e fui para perto do carro.
- Lou, tenho que desligar. Minha galera tá indo embora, e eles vão me dar uma carona então... até mais.
- Até mais, . Se cuida.
- Tchau.
- Ah, , será que você vai...
Apertei no botão vermelho antes de Louis terminar sua frase e fiz uma careta. Droga, desliguei na cara dele. Pensei em ligar de volta e pedir desculpas, mas, cara, eu estava seguindo em frente. É isso que pessoas que estão seguindo em frente fazem. Elas fazem novos amigos e esquecem das pessoas que devem esquecer. Ignoram. Eu só estava ignorando.
Entrei no carro e sentei no colo de alguém. Não foi a viajem mais confortável de minha vida, mas posso dizer que foi a mais divertida.

Liam’s POV

riu alto quando eu tropecei no primeiro degrau do último lance de escadas. Ela havia parado para pegar um fôlego, afinal descemos do décimo andar correndo. Parei também para esperá-la.
- Vamos logo, já vai começar!
- Calma, Liam, eu não aguento mais correr!
Voltei até ela e peguei-a pelas pernas, jogando seu corpo por cima do meu ombro.
- Liam Payne, me bota no chão agora!
- , eu não posso. Não quero perder esse episódio novo de The Big Bang Theory por causa do seu sedentarismo!
- Meu joelho dói, a culpa não é minha. Meu ortopedista disse que eu ainda vou crescer mais um pouco, é por isso.
- Ah, vai sonhando. Você não cresce mais, já passou da idade, babe.
- Você quer discutir isso com o meu médico? – ela falou, tentando levantar a cabeça mesmo estando de ponta cabeça. – Porque ele disse que sou um caso raro.
- Tanto faz. Você vai ser sempre pequena.
- Em comparação com você, que é um gigante, é claro.
- Olha que eu posso te segurar pelos pés e te balançar, viu?!
- Não exagera, fortão!
Ri.
- Poxa Liam, me solta, descer as escadas no colo de alguém é meio desconfortável.
- Te solto quando chegarmos no carro.
- Pode pelo menos deixar minha cabeça acima dos meus pés?
Parei e soltei-a no chão só para poder pegar direito, passando um braço por seus joelhos e o outro por trás da cabeça. Ela se segurou no meu pescoço.
- Melhor?
- Bem melhor, posso sentir meu sangue descendo.
Sorri. Desci o resto das escadas, já que o elevador estava em conserto, e levei-a até o carro. Nós fomos até a editora para pegar uns papéis que precisava levar para casa, já que saímos para comprar nosso almoço perto do prédio.
Ela colocou o cinto e fechei a porta, indo para o lado do motorista. Dirigi rápido para que chegássemos a tempo de ver TV. Eu raramente assistia qualquer coisa, então estava empolgado.
- Ai, Liam, qual é o seu problema? – arrancou o molho de chaves da minha mão e pegou a verde, colocando no buraco da fechadura e abrindo a porta em dois tempos. – Pronto, viu? Que difícil!
Fiz careta para ela e entramos em casa. Ela ligou a TV enquanto botava a comida japonesa na mesinha e abria a sacola, dando uma para ela e pegando uma para mim.
Abri os hashis, ou como todo mundo conhece, aqueles palitinhos difíceis pra caramba de segurar a comida, e olhei para aquilo por um segundo. Sem condições. Levantei, corri até a cozinha e peguei um garfo.
- Você é patético, Liam! – Ela disse, levantando um punhado de yakisoba com os palitinhos e se exibindo para mim.
- Suas mãos são pequenas e delicadas, você nasceu pra isso, eu não.
- Se você morasse na China já teria morrido de fome. – ela debochou de boca cheia.
- Ainda bem que sou britânico bem bonitinho. – pisquei para ela, botando a comida na boca também.
Nos concentramos em Sheldon Cooper na tela da TV pelos próximos trinta minutos. Às vezes a gente ria tanto que não conseguíamos mais comer, acho que até da risada um do outro. Depois que nosso almoço e o programa acabou, nós ficamos atirados no sofá por minutos incontáveis falando besteira e olhando para o teto. Eu deitado com a cabeça na guarda direita e ela na esquerda, nossas pernas entrelaçadas no meio. Mas as coisas que falávamos eram tão bestas que parecíamos dois amigos de colegial outra vez.
- E aí você tenta não rir, mas a pessoa saca que você não tá brava de verdade e começa a te incomodar. É tão chato.
- Exatamente! Ficar sério quando quer dar risada exige um alto nível de concentração que eu não tenho. – concordei.
- É... – suspirou.
- É...
empurrou minha perna com a dela e eu fiz o mesmo. Rimos outra vez. Amava o jeito como acima de qualquer coisa nós éramos melhores amigos e compartilhávamos tudo um com o outro, sejam dores, desejos, memórias, momentos, tristezas, opiniões ou segredos. me conhecia por inteiro e vice versa, e esse era o relacionamento mais sincero que poderia existir.
- Eu te amo, sabia, ?
Ela se sentou no sofá e deitou de novo, dessa vez em cima de mim.
- Eu também te amo muito, Li. – sorriu e me deu um beijinho no queixo. – De verdade.
- Obrigado por estar comigo. – afaguei seu cabelo e sorri de volta. – Eu sou um cara sortudo.
- Nós dois somos por termos um ao outro. – ela disse, deitando a cabeça bem em cima do meu peito e abraçando a minha cintura.
Nem acreditava que eu tinha ela às vezes.

Niall’s POV

- Onde é o banheiro? – A... garota perguntou. Apontei para o final do corredor colocando uma mão em cima da testa para ver se ajudava na dor de cabeça.
Eu me lembrava vagamente de ter feito algo errado na noite passada. O quê? Não fazia ideia. Talvez eu tivesse sonhado durante a noite ou algo assim. A garota voltou do banheiro alguns segundos depois e sentou no sofá perto dos meus pés. Levantou minhas pernas e colocou-as em cima das suas, começando a fazer massagem. Será que eu paguei ela por isso ou ela simplesmente aceitava fazer essas coisas sem nem eu precisar pedir?
- Então, Niall...
- Sim?
- Eu estava pensando, e... – Argh, a voz dela era fina demais. Minha audição talvez estivesse meio sensível demais pelo porre que tomei na noite passada, mas aquela voz estava piorando minha situação. – eu e você, a gente... hum, a noite passada foi ótima. – ela deu uma risadinha. – A gente devia...
- É, devia. – falei, cortando-a. Eu não aguentava mais ouvi-la. – Mas outro dia, pode ser? Hoje eu estou meio mal, então... eu te ligo. Pode ser assim?
- Você quer... que eu vá embora?
Levantei um pouco as mãos que tapavam meus olhos e espiei-a.
- Não sei, se quiser pode ir. Eu não sei cozinhar, então provavelmente não vou almoçar hoje. Pega um dinheiro ali na minha carteira para o táxi. Desculpa por não poder te dar uma carona.
Ela ficou quieta por um tempo.
- Tá. Tudo bem, então. Vou pegar minhas roupas no quarto. – ela se levantou e veio até mim para me dar um selinho antes de ir para o quarto. Fiz uma careta assim que a garota se virou.
Eu odiava isso, mas geralmente não conseguia suportar a aproximação de alguma menina depois que já estava sóbrio. Não sabia como a bebida me fazia trazê-las para minha casa. Tudo bem, elas eram gostosas, mas na semana passada foi uma garota que tinha uma risada muito chata e ria de dois em dois segundos. E agora a menina com voz de apito. Bebida retarda a audição, ou o quê?
As três batidas não muito fortes na porta me fizeram pular no sofá. Gemi pela dor aguda na cabeça.
- Entra. – falei o mais alto possível.
- Ei... – uma voz feminina, tímida, e muito doce falou. Doce, do tipo que é massagem para meus ouvidos, que descansa meu corpo e relaxa minha mente. Reconheci no mesmo segundo.
Me senti um tanto tonto quando sentei muito rápido no sofá, mas logo recuperei os sentidos.
- .
- Oi, Nialler.
Ah, meu Deus. Ela me chamou de Nialler. É hoje que as coisas vão mudar. Algo me deixou muito inquieto nesse momento. Ela coçou a testa e depois sorriu um pouquinho, juntando as mãos na frente do corpo outra vez.
- Eu estava na casa do Harry, e aí... será que a gente pode conversar? – fez uma careta fofa.
- Claro. É claro, a gente pode. – fui para o lado no sofá como um convite para ela sentar ao meu lado. Eu estava afoito e claramente não pensando direito.
Me sentia um otário quando meu corpo agia assim quando ela estava perto sem eu nem pensar antes.
- Mas... – ela olhou para o resto da minha casa, esperando encontrar alguém. – Você está sozinho? Não quer conversar outra hora? Olha, eu acho melhor... – apontou para a porta.
- Não, eu estou sozinho. – Falei, prontamente. O que eu estava fazendo? Não sei. – Só tem eu e você aqui. Vem, senta. Vamos conversar. - Peloamordedeus. - Niall, eu vim... – ela suspirou e sentou ao meu lado. – Eu vim aqui porque tem algo que eu preciso te falar. Algumas coisas, na verdade.
- Sou todo ouvidos. – queria que minha voz não saísse tão urgente e me denunciasse assim.
- Então, eu sei que tivemos nossos problemas. Vários problemas, mas eu cansei disso. Eu sei que fui eu quem errou e queria consertar isso. Te pedir desculpas pelo que eu fiz, e dizer que eu não tinha o direito de dizer todas aquelas coisas. Niall... – ela pegou a minha mão e eu olhei para baixo, para poder ver aquele contato entre nossas peles. – Eu estou cansada de brigas. Eu sinto a sua falta. O que eu quero dizer é que... – ela vacilou um pouco nas palavras e hesitou. – Niall, eu... eu...
- Nini? Não consigo achar o meu sutiã! – Aquela maldita voz, vindo diretamente do último nível do inferno, soou vinda do quarto. Fechei os olhos com força. Não, estava tão perto, não! – Eu vou deixar aqui, tudo bem? Quando achar, me liga. Aliás, Tifany disse que você a deve uma peça de lingerie.
Abri os olhos de novo para . Agora ela estava séria. Não brava, nem surpresa. Só séria. Sem expressão. Nula. Branca como uma folha de papel.
- Hã...
- Está tudo bem aí? – ela voltou a gritar. – Olha, eu sei que bebeu um pouco pra mais ontem, e também sei que deve ser por isso que ficava errando meu nome ontem a noite, mas Niall, aquela garota da qual você falou realmente foi uma idiota. – Ouvi a voz dela se aproximando. Era até cômico. Eu digo, como a vida estava sacaneando comigo desse jeito. Parecia coisa de desenho animado. Humor negro. – Ela não conseguiu nem... ah. Wow.
Eu e seguimos o olhar para a porta do corredor e a vimos lá, botando o casaco.
- Ai. Ela tá aqui. – a garota fez uma careta.
- ...
Ela apenas negou com a cabeça. Soltou a minha mão e se levantou.
- Esquece o que eu disse.
- , por favor... – me levantei também. – A gente... ela...
- Tudo bem, Niall. – ela forçou um sorriso à medida que suas bochechas ganhavam um tom avermelhado. – Eu fui uma idiota. De novo.
- , não. Por favor, a gente pode... pelo menos podemos...?
- Podemos o que, Niall? Conversar? Claro. Me liga quando acabar com ela. – Assentiu para a garota. – Podemos falar sobre como eu fui uma idiota, e tudo mais. Esse assunto sempre rende. Agora eu vou indo, acho que você tem que procurar um sutiã ou comprar uma lingerie.
- Não, não, não, por favor, não vai embora – a segui até a porta, parando na sua frente. – Por favor, vamos acertar as coisas, por favor.
- Niall – tocou meu ombro e suspirou. – Tá tudo bem. Eu já esperava por isso. Eu não devia ter vindo. Está tudo bem, mesmo. Agora eu tenho que ir. Tenha um bom dia! –apertou meu ombro antes de ir para a porta e sair.
Tentei correr até lá, mas foi em vão. Ela bateu-a praticamente na minha cara. Bati meu punho fechado sem muita força lá, e encostei minha testa na superfície de madeira, fechando os olhos.
- Droga! – gritei, chutando a porta. Não conseguia conter minha frustração.
Tudo ficou em silêncio por um tempo, a garota não se atreveu a falar uma só palavra. Eu podia socar a parede com minha própria cabeça até morrer. Eu juro que podia. Eu não conseguia acreditar que isso tudo acabou de acontecer. Ela estava ali, prestes a falar tudo que eu sempre quis ouvir. Por que Deus não queria que ficássemos juntos? Por que Deus me odiava tanto assim? Eu fiz algo de tão errado que não mereça nem um pouquinho só ser feliz?

’s POV

- Zayn? – chamei, sentando na cama meio confusa. – Zayn?
- Shhhh – ele apareceu na porta do quarto e piscou para mim. Veio até a cama com um prato em uma mão e um copo em outra. Ele sentou ao meu lado. – Prova isso. – disse, falando baixo, e pegou um pedaço do bolo no prato, me dando na boca. Era de chocolate.
- Hum, que gostoso!
- É, agora toma. – colocou o copo na minha boca e tomei um gole do suco.
- Maracujá?
- Uhum. Bom, né?
- Ótimo. – sorri.
- Fui eu quem fiz. O bolo, é claro, porque não tenho como fazer um suco de maracujá, quer dizer, eu nunca nem sequer vi um maracujá na minha vida... – ele fez uma careta, pensando consigo mesmo.
Ri.
- E o que te fez fazer um bolo tão gostoso, Malik? – passei as mãos no cabelo que caía em cima dos olhos dele, colocando-os para o lado. Seus olhos tinham um tom caramelo quase verde quando em contato com a luz que entrava pela janela. Por um milagre, tinha sol lá fora. Um dia bonito assim em Londres, principalmente durante o outono, era quase impossível de se ver. O vento que entrava por ali fazia as cortinas brancas balançarem de leve e tudo estava um tanto quanto silencioso. Era muito gostoso, mas o melhor de tudo era ter ele ali, perto de mim.
- Bom, você estava em um sono tão pesado que não quis te acordar, mas lembrei que não tinha comida, então decidi fazer. Queria te acordar com um café da manhã daqueles de filme na cama, mas você acordou antes. – fez bico. – E o bolo não é lá essas coisas, ele é de caixa.
- Ah, desculpa por estragar seus planos. – ri e me destapei, colocando o prato que ele tinha nas mãos em cima da cômoda e me sentando em seu colo. Passei meus braços ao redor do seu pescoço.
- Tudo bem. – ele sorriu de volta para mim.
Acho que fiquei ali, só contemplando aquela vista e fazendo carinho em seu rosto por um bom tempo. Zayn era tão magnífico, tão lindo, tanto fisicamente quanto seu interior. Ele era uma pessoa boa, meio quieto, tímido, mas sempre fazendo de tudo para que os outros estivessem felizes também. Ele era daquele tipo de pessoa que te passa calma com o olhar.
- Eu te amo. – falei outra vez, devagar, baixinho, para que ele entendesse toda a verdade anexada a essas palavras.
Ele apenas sorriu, daquele jeito sincero que é lindo de se ver.
- Te amo porque é fácil te amar. É natural. É o que acontece aqui dentro. – toquei de leve em meu peito. – Quando eu estou com você, eu sou mais feliz do que sempre imaginei que seria. Só em ter você por perto. Tudo fica bem, tranquilo, como se tudo estivesse em seu devido lugar no mundo.
Zayn subiu a sua mão que estava em minhas costas até a minha nuca e me deitou de leve na cama, deitando ao meu lado. Distribuiu beijinhos suaves pelo meu colo, pescoço e linha do maxilar. Fechei os olhos com isso e suspirei. Ele subiu beijando bem devagar e levemente até encostar na minha boca, e ali ficou por alguns segundos. Eu podia sentir seu hálito fresco em contato com a minha pele, com os meus lábios, me fazendo querê-lo mais, como se fosse possível.
- Eu te amo tudo isso de volta. – sussurrou, enquanto seus lábios roçavam nos meus. – Mais do que cabe em meu peito.
Uma das minhas mãos foi parar nos cabelos de sua nuca, entrelaçando meus dedos entre eles. Zayn pegou minha mão livre e colocou-a espalmada em seu peito. Bem onde eu podia sentir o seu coração batendo com força.
- Você me faz ficar assim desde a primeira vez que nos beijamos.
Fui incapaz de conter um sorriso.
- Esse era meu segredo. – ele sorriu também e me deu um selinho leve. – Agora conhece todos os meus lados.
- Todos?
- Todos. O lado narcisista, o lado magoado, o lado triste, o lado selvagem... – sorriu minimamente. – e o lado que te ama incondicionalmente.
- Zayn... – gemi, fechando os olhos. Era tão difícil ouvi-lo dizer que me amava quando ninguém mais podia saber disso.
Ele sorriu e se afastou um pouco, deitando de frente para o teto ao meu lado.
Eu não podia amar Zayn, de acordo com o resto do mundo. E ele não podia me corresponder. Havia algo que eu realmente amava em saber que esse era um segredo só nosso, que nosso amor fosse algo verdadeiro, puro, conservado só entre nós e que ninguém pudesse julgar. Mas odiava o fato de ninguém mais poder admirá-lo e de não poder dividir tamanha felicidade com o resto do mundo.
Esse era um dos preços a pagar por amar um garoto tão impossível como Zayn.

’s POV

- Se você assustar ele, perde o emprego. – disse, colocando umas bolinhas de chocolate na boca e virando para mim.
- Obrigada! Isso me deixou muito mais tranquila. – revirei os olhos.
- Sem pressão. – ela riu e deu de ombros.
Sem pressão. Ok, sem pressão. Respirei fundo. Do outro lado daquela porta, estava o cara mais gostoso que eu veria em toda a minha vida, mas sem pressão. Eu era, tipo, fã daquele cara há anos. Sem pressão.
- Qual é, . É só um cara. Tá certo que é O cara, mas ainda sim é só um. – ela piscou para mim e veio até mim, me dando um beijinho na bochecha antes de dar meia volta. – Boa sorte.
- Obrigada.
Peguei minha câmera pendurada em meu pescoço e comecei a limpar a lente com a barra de minha camiseta. Depois de alguns segundos parada olhando para a maçaneta, virei-a e entre no estúdio, de uma vez só.
Ao fazer isso, eu bati de frente com uma parede e quase caí para trás. Só que depois percebi que não era uma parede. Era só um cara com quase dois metros de altura e parecendo uma montanha de músculos, com um rosto cheio de expressões fortes e marcadas e olhos azuis e uma voz grossa.
Sabe aquela coisa de “sem pressão”? Esquece.
- O-oi. – falei. Droga, eu tinha certeza que estava com cara de pateta. Mas ele... ah, meu Deus, ele era simplesmente... Magnífico. E eu não conseguia respirar.
- Oi, você deve ser a ? – ele disse, vindo até mim e me estendendo a mão. – Muito prazer.
- Sim, sim. . Sou. – estendi a mão para ele também, e cara, minha mão sumiu na dele. – O prazer é todo meu. – sorri.
Ele sorriu de volta para mim. Chris Evans sorriu de volta para mim! Merda. Eu precisava parar de trancar a respiração ou iria desmaiar ali na frente dele.
- Poxa... – ele coçou a nuca. – Já te disseram que você é baixinha?
Nós rimos.
- Já. Mas parou pra pensar que talvez dessa vez seja você que é muito alto?
Ele assentiu.
- Tem razão. – apontou para mim. Olhei para sua camiseta preta, colada nos braços por causa dos músculos enormes. Deus do céu, isso era demais para mim.
Balancei a cabeça para espantar esses pensamentos. Liam, , foca no Liam.
- Vamos começar? – pedi, apontando para as roupas esportivas nas araras do canto do estúdio. Ele fez que sim e foi trocar de roupa.

Sem mais delongas, posso dizer que foi o melhor ensaio que eu já fiz. É claro que aquele era um artista importante, e novatas como eu não faziam esses tipos de photoshoots, mas Milena mexeu seus pauzinhos e conseguiu que eu fizesse esse. Ela sabia o tamanho do meu crush nesse cara. E era inacreditável o quão humilde e engraçado ele era. Eu estava nas nuvens.
- Outch! – ouvi Chris reclamar no final do ensaio, quando estava trocando de roupa e eu guardando a câmera.
- Algum problema aí? – perguntei, perto da porta da salinha onde ele se trocava.
- Ahn, sim. Pode vir aqui um segundo?
Abri a porta devagar e entrei lá. Chris estava com o uniforme militar aberto na frente, e com uma das mãos levantada perto de seu pescoço.
- Prendeu aqui. – ele se abaixou para me mostrar o botão que havia prendido em um fio perto de sua nuca. Ri. – Ajuda?
- Claro. – fui até ele e fiquei na ponta dos pés para alcançar e soltar a mão dele, mas o fio começou a puxar. Fiz força e arrebentei o fio, soltando a mão dele. Ele deixou os ombros para trás em um sinal de que queria que eu o ajudasse a tirar o casaco. Puxei o mesmo de seus ombros e o tirei dos seus braços de olhos fechados para tentar me acalmar. Não era possível que eu estivesse mesmo tirando uma peça de roupa de Chris Evans.
- Obrigado. – ele disse, terminando de arrumar a roupa.
- Hã, Chris, eu sei que isso vai parecer estranho, mas... – virei para ele outra vez e peguei meu celular do bolso da calça. – Você pode tirar uma foto comigo?
Ele me olhou surpreso e riu.
- Com você? A fotógrafa?
Dei de ombros.
- Você tem muitos tipos de fãs.
- Sério? – ele riu. – Claro, vem cá. – me chamou e me abraçou. Ele precisou se abaixar para tirarmos a foto. Postei na internet automaticamente. Ah, que sonho. Eu não esqueceria desse dia tão cedo.
- Então, eu preciso ir. – ele fez uma careta fofa. – Foi muito bom te conhecer, . Até outro dia. – ele veio até mim e me abraçou, e depois me deu um beijo demorado na bochecha antes de sair do estúdio. Precisei ficar por um tempo parada no mesmo lugar me recuperando.

Harry’s POV

Então, os dias foram passando. Passaram rápido, tão rápido que eu mal notei. Estávamos tão ocupados trabalhando em cima de nosso novo álbum que nem tivemos tempo para notar o outono indo embora.
De outubro não sentimos nem o cheiro. Passou tão rápido que pareceram horas. Nós trabalhamos tão duro que em algumas noites nem dormíamos ou comemos. Eram dias longos e noites mais longas ainda. Cansativos. Mas valiam a pena.
Quando a neve começou a cair e dezembro deu as caras, estávamos em Madri. Foi ótimo, mas eu queria estar com . Todos nós queríamos estar com elas. E foi por isso que ficamos em silêncio.
Zayn e estavam de um jeito estranho. Eles ficavam juntos, porque ela acabou aceitando que Zayn não iria desistir dela tão cedo. Mesmo ninguém podendo saber, eles ficavam juntos como seu segredo pessoal. Liam e estavam melhores do que nunca, tirando o fato de que as nossas fãs não a aceitavam não importava o que ela fizesse, o que era uma pena porque ela era uma menina incrível e o fazia feliz. e Louis se afastaram bastante também, porque pelo que fiquei sabendo ela desistiu de correr atrás do idiota e aí foi ele que ficou com o rabinho entre as pernas. Os meninos haviam me perdoado desde que jurei que nunca mais machucaria ninguém e nem botaria em risco nossa imagem. e Niall não se falavam mais. Pelo que entendi, eles chamavam isso de “seguindo em frente”, o que eu não conseguia fazer nem se tentasse. Eu e estávamos no nosso usual “dando um tempo”, mesmo depois de dois meses. Eu não queria abrir mão dela, então esperaria até sentir que não dava mais.
No começo do mês, nós fizemos nosso primeiro show no Garden. Ficamos muito eufóricos, afinal, era o MSG! Foi lá onde nossos maiores ídolos tocaram, só pessoas extremamente fodas tocam lá e mais fodas ainda enchem o lugar. Nós ficamos muito nervosos, mas no final, esgotamos os ingressos em minutos. Foi a melhor noite de nossa vida.
E depois de trabalharmos muito em cima do Take Me Home, gravar videoclipes, cantar ao vivo, ir a premiações e começar a ensaiar para a nova turnê que seria enorme e muito importante, nós finalmente tivemos férias no dia vinte. Teríamos pouco mais de quinze dias antes de voltar ao trabalho.
E agora eu estava mais precisamente estatelado no chão da minha sala, depois de ter sido acordado pelo som do meu telefone tocando loucamente na mesinha. Era mais ou menos sete horas da noite, eu estava deitado no sofá com um CD do Alabama Shakes ecoando pelo apartamento inteiro quando peguei no sono. Me sentei meio confuso no carpete, olhando para o telefone vibrando na mesa. Sentei de novo no sofá e olhei o visor, com o número de minha namorada estampado ali. Fiquei até com medo de atender. Não nos falávamos há um bom tempo. Mas antes de parar de tocar, atendi.
- Alô? – falei, depois de ouvir o silêncio quebrado apenas por uma respiração do outro lado da linha.
- Harry? – chamou baixinho, quase como um sussurro.
- Oi, . – fechei os olhos. Toda vez que pensava nela eu queria desesperadamente voltar àquela noite e fazer diferente.
Fez-se silêncio por longos segundos.
- Você pode vir aqui comigo? – ela disse, ainda baixinho. Senti um aperto no coração. Sim, eu podia. Era só ela chamar e eu estaria lá, não importa onde fosse. Porque eu a amava. E não restava mais dúvidas do quanto havia mudado por ela.
- Sim, eu posso. Estarei aí em cinco minutos.
- Ótimo. – murmurou antes de desligar.
Eu não pensei em nada além de pegar as chaves e sair correndo de casa. E foi isso que fiz, e cheguei lá no tempo previsto. As mil possibilidades de nossa futura conversa depois de meses me assombravam enquanto eu dirigia. era imprevisível, não dava para saber se ela me queria de volta ou se ia terminar tudo de vez. Fiquei um pouco receoso em bater na porta, mas se me chamou então eu podia entrar. Mesmo assim, não queria invadir seu espaço. Bati na porta e esperei alguns segundos até ouvir um “entra” baixinho vir de lá de dentro. Abri a porta devagar, olhando para dentro e me certificando de que não era nenhuma armadilha de e para que elas pudessem me pegar e arrancar todos os meus dentes.
Mas não havia ninguém. A casa estava escura, tirando pela luzinha de cima do armário aéreo da cozinha que estava aceso. Fechei a porta atrás de mim e olhei em volta. Ninguém na sala, ninguém na cozinha. Acho que ninguém estava em casa.
- ?
Fui até seu quarto, que era onde ela provavelmente estava. Abri devagarzinho a porta que estava com uma fresta aberta e vi aquele pequeno ser enrolado em cobertores na cama. Liguei a luz e gemeu, provavelmente pela luz que fez seus olhos arderem. Desliguei-a de novo. Estava quase que intransitável, era hora do crepúsculo e os últimos raios solares iam embora com uma coloração arroxeada pela janela do lado de sua cama. Eu não conseguia enxergar muito no quarto, mas fui até a cama e me sentei ao seu lado, colocando a mão em seu ombro para que ela virasse para mim. se virou devagar e olhou para mim, não tinha uma expressão muito feliz.
- Eu estou aqui. Qual é o problema? – falei baixinho, porque senti que o silêncio devia ser preservado.
- Eu preciso de você. – ela choramingou.
Não precisei ouvir mais nada. Apenas puxei os cobertores e me deitei ao seu lado, ficando de frente para ela, que também estava deitada de lado na cama.
- , eu queria te dizer que...
- Shhhh... – ela pediu, fechando os olhos. – Hoje não, Harry. Só fica aqui comigo. Só me abraça. Me dá carinho. Me faz companhia, me faz esquecer o resto. Não fala nada. Só fica.
Assenti, chegando mais perto dela e a abraçando de um jeito acolhedor. De um jeito que sua cabeça ficasse encaixada em meu peito, e ela pudesse se abraçar em mim também. Podia sentir sua respiração quente no meu peito, e suas mãos geladas tocaram a minha pele, me arrepiando.
- , você tá gelada. Você tá bem? – peguei sua mão com a minha e tentei esquentá-la.
- Estou com dor.
- Dor? – olhei-a, preocupado. – Dor aonde, babe?
- Acho que é cólica. – ela fez uma careta. – Não tenho certeza...
- Por que não?
- Porque não está na semana do meu ciclo. E porque eu estou atrasada em dois meses. E também porque não é uma cólica comum, acho que estou morrendo. – Gemeu.
Me afastei dela, para olhar em seu rosto. Meu sangue congelou nas veias.
- Dois meses, ?
- Eu troquei o anticoncepcional. Isso acontece. – ela disse baixinho e se aconchegou mais perto de mim, sabia que ela queria que eu ficasse quieto. - Eu não consigo dormir há duas noites... Preciso de você.
- Pode dormir agora. – dei um beijo em sua testa. – Eu estou aqui.
Abracei como se fosse a última coisa que eu faria. Só Deus sabe o quanto senti falta dessa pequena coisinha irritante e chata. Nunca mais queria me afastar dela. Nunca, nunca mais. Mas sabia que ela não estava pronta para me perdoar. Eu não sei como, apenas sabia. Eu estava ali porque não era mais que minha obrigação ajudar minha garota a dormir, a passar por um dia ruim. Só por isso.
Depois de um tempo, pensei que ela tinha dormido, mas se virou e gemeu.
- Você não tá bem mesmo, não é? – sentei um pouco na cama e liguei o abajur do lado da cama. Ela fez que não. – Me deixa ver isso aqui. – cheguei mais perto e toquei a minha palma quente em cima de sua barriga.
sorriu.
- É mais pra baixo.
Desci um pouco a mão.
- Aí.
Levantei sua blusa e comecei a passar a mão de leve ali. Ela fechou os olhos. Não sei explicar porquê, mas eu estava um pouco ansioso, de um modo que não ficava há tempos perto dela. Olhei para sua pele branca e macia, destapada pela blusa. Fui mais para baixo na cama, e comecei a distribuir beijos ali. De leve, devagarzinho bem do jeito que ela gostava. Com carinho, e sem nenhuma segunda intenção. Só queria tirar a dor dali. gemeu baixinho e suspirou. Não conseguia explicar aquela inquietude dentro de mim, acho que era porque eu a tinha ali, tão perto, e tinha tanto a dizer. Antes de abaixar sua blusa, olhei para sua pele pela última vez e deixei outro beijinho ali. Depois, abaixei a blusa dela e voltei a deitar do seu lado. Ela deitou no meu braço, continuei com a minha mão quente aberta na sua barriga por debaixo da blusa e dessa vez ela conseguiu dormir.
Fiquei ali por um bom tempo, pensando em tudo aquilo. Em nós dois. Não sei em que momento eu acabei pegando no sono também.

’s POV

- Você só pode estar brincando. – fiz bico outra vez.
- Não, , hoje é você quem fica de babá. Fiquei ontem, quero ver meus pais. – pegou sua bolsinha e pendurou ao lado do corpo, passando as mãos nos cabelos para soltá-los. Foi até a porta, onde já esperava também.
- ?
- Nem vem. Vou para a casa do Liam, a família dele chega hoje e vamos fazer um jantar.
Bufei.
- Cadê a ? Só falta ela. – olhou em volta. – , anda logo, vai nos atrasar! – gritou.
- Pronto, pronto! – veio do banheiro terminando de prender sua franjinha lateral com um grampo em um penteado mais comportado.
- ! – pulei na frente dela, bloqueando sua passagem. – Por favor, . Por favor! – juntei minhas mãos em oração. – Você é minha última chance!
- Sem essa, . É sua vez de ficar com a . Não vai cair pedaço, e você é a única que não tem coisa pra fazer.
Fechei a cara.
- Não tenho?! Eu tenho uma festa IN-CRÍ-VEL pra ir e você acha que eu não tenho? Você é que não tem!
- Tenho sim, eu tenho um jantar em família, e... hum...
- E depois tem que ir dar para o Zayn?
Ela me empurrou para o lado, bufando, e passou por mim.
- Me poupe.
- Fine! – gritei, me dando como vencida. – Eu fico. Mas só hoje.
- Ótimo, . Agora vamos, garotas, estamos atrasadas. – fez um gesto e e foram para o carro. – , o remédio dela tá na cômoda, o chá tá esquentando, não deixa ferver. Se ela acordar e doer muito, faz compressa.
- Não é muito mais fácil marcar um médico? – fiz careta.
- Eu marquei para amanhã, ele não tinha horário para hoje. E é só uma crise de cólica, não é o fim do mundo. Cuida dela, . – Apontou para mim.
- Tá, . Vai logo. Vai. – despachei e fechei a porta.
Fiz um pote de pipoca e fui para o sofá procurar algum filme bom para assistir. Era dia vinte e três e meus pais não estavam na cidade. Eu tinha uma lista de festas fodas que podia ir, mas precisei ficar em casa com porque ela estava com aquelas cólicas insuportáveis desde dois dias atrás e alguém precisava ficar porque ela não conseguia levantar da cama. Sempre a mais nova, é claro, dando prejuízo.
Em alguns dias atrás, eu chamaria Louis para me fazer companhia, mas estava passando por minha fase “ignore o cara que não te quer” e estava indo muito bem, não queria voltar atrás. Eu tinha orgulho de dizer que estava melhor sem ele. Conheci um professor de biologia gato e dei uns amassos nele, e por meio dele conheci um aluno que estava se formando em letras e me apresentou outros caras e garotas que viviam em festas, e então conheci um DJ gay que se apaixonou por meu cabelo e agora me dava passe livre para os melhores pubs de Londres. Modéstia a parte, eu era ótima em fazer social.
Falando nele, meu celular começou a tocar nessa hora, com sua foto no visor.
- Ei, . – ouvi, quando atendi à ligação.
- Oi, Lou.
- Você não vai acreditar. Estou em um lugar muito foda, queria que você visse. Você pode sair agora?
Suspirei. Louis, do jeito lerdo que era, precisaria de alguns dias para entender que eu estava o ignorando.
- Não vai dar, Louis. Eu tenho que cuidar da , ela tá mal.
- Ah... que pena.
- É...
- Bom, então...
- Ah, tenho outra chamada. Espera aí. – tirei o telefone da orelha e atendi à chamada extra.
- Jake!
- Ei, pequena ! Tudo bem? Vai vir para o Zeitgeit hoje?
- Ah, Jake... eu adoraria! Mas tenho que cuidar da minha amiga, sabe aquela? Ela ainda tá mal, e tenho que ficar em casa.
- Poxa, , você não vai querer perder isso! Sabe quem vai estar aqui? Sabe? Nada mais, nada menos do que Tiesto! Tiesto, , você não vai querer perder isso! – repetiu.
Choraminguei.
- Não me tortura, Jake!
- Então vem! Não vai ser a mesma coisa sem você!
Mordi o lábio e olhei para o corredor, onde dormia em seu quarto.
- Ok, vou ver se consigo dar uma escapada. Não posso perder isso.
- Exato. Me liga se vier!
- Tudo bem, beijos.
- Tchau, gata!
Desliguei a chamada e esqueci da outra, onde Louis estava esperando. Acabou desligando junto. Joguei o celular no sofá e fui para o quarto.
- ?
- Hum? – ela pareceu estar acordada há um tempinho. Fez um pouco de força e sentou na cama.
- Você tá com dor? Tá bem, tá se sentindo bem?
- Estou melhor, . Pode ir pra sua festa, eu sei que você quer.
- Mas você vai ficar bem sozinha?
Ela assentiu e sorriu.
- Qualquer coisa ligo para um dos meninos ou as meninas.
- Tem certeza? – quis me certificar, e mordi o lábio parada na porta.
- Vai logo se arrumar, !
Dei um pulinho e fui até ela para dar um beijo em sua bochecha.
- Obrigada!
Ela riu e me deu um tapa antes que eu me afastasse.



’s POV


A entrada do The Ledbury, mais simples e chique do que nunca, me pareceu um lugar aconchegante para passar um jantar em família. Um dos restaurantes mais caros da cidade e um dos cem mais chiques do mundo era um ótimo jeito de meu pai dizer “estou tentando, me dê algum crédito”.
Logo que entramos e meu pai deu seu nome, fomos direcionados à uma mesa redonda para quatro lugares perto da janela ao fundo do restaurante, com suas grandes cortinas pretas que iam do teto ao chão e contrastavam com o jogo de mesa completamente branco. Me perguntei qual o tamanho do rombo na conta de meu pai depois do dinheiro que ele gastaria para jantarmos ali. E decidi que não ligava a mínima, porque esse joguinho era para convencer minha mãe de que ela devia continuar com ele. O que eu já não sabia se era uma boa ideia.
Qual é, eles tinham dois filhos, se ela decidisse que podia conviver com o divórcio mesmo tendo dois filhos para criar nada mais mudaria sua ideia, então nada melhor do que tocar o coração de minha mãe com um jantarzinho pagando de família feliz.
Fizemos os pedidos, e nem olhei para o preço do meu. Como disse, eu não ligava. Estava sem fome, mas queria ver até onde aquilo ia.
- Jess... – chamei meu irmão. – não bate tanto os talheres. Estamos em lugar chique, tá?
- Dinheiro não vai me fazer agir diferente.
Ri. Olha a ousadia do garoto! Dez anos nas costas e já tinha essas respostas.
- Tá, mas não bate tanto.
Se bem que o som dos talheres batendo nos pratos era a única coisa que quebrava o silêncio. Eu estava me sentindo mal naquela mesa, meio sufocada, me sentindo obrigada a falar algo e sabendo que mesmo que falasse o clima tenso só pioraria.
- Como está a vida, filha? - minha mãe sorriu para mim.
- Bem.
- E o coração? – meu pai completou.
Soltei os talheres no prato fazendo mais barulho do que devia. Olhei-o.
- Continua batendo. – suspirei. – Vou pegar algo para beber.
Devia ser algo estranho para eles, esse negócio de “sou maior de idade e posso beber sem a permissão de vocês”. Me direcionei ao bar do outro lado do salão, ao lado da entrada para a cozinha e para os banheiros. Pedi um coquetel.
Peguei minha taça assim que o barman a largou na minha frente, e tomei um gole. Depois que a soltei, ele colocou um palitinho com três azeitonas pequenas dentro dele. Olhei para cima, para o garoto – sim, não passava de um garoto - de olhos claríssimos e sorriso de bebê.
- De brinde. – ele falou das azeitonas.
Sorri para ele de volta.
- Obrigada.
Olhei em volta e notei que o movimento estava pouco ali, há essa hora todos estavam jantando do outro lado do restaurante. Ele acabou de arrumar algumas garrafas de vodka atrás do balcão e voltou até ali, escorando o braço perto de mim e me olhando.
- Você parece chateada com algo.
Olhei-o de novo, meio surpresa.
- Como?
- Pediu coquetel, porque obviamente não quer algo muito forte, deve estar com a família ou pessoas que não gostariam de te ver bêbada. Por outro lado, precisa de algo forte para se distrair de alguma coisa.
Levantei uma sobrancelha, surpresa.
- E você é o quê, especialista em bebidas?
Ele deu de ombros e riu.
- Especialista em bebidas e comportamento humano – levantou um dedo e ri. – Só experiência.
- Experiência? – sorri e apoiei os cotovelos no balcão e o queixo nas mãos. – Quantos anos você tem?
- Dezesseis. – ele abriu um sorriso orgulhoso e fofinho.
- Uau. E já trabalha?
- Meu pai é o gerente. Quebro um galho aqui de vez em quando.
- Hum. É um trabalho estranho para um menor.
- Eu vendo bebidas, não as tomo, moça. – ele deu de ombros de um jeito fofo.
Me desencostei do balcão e peguei minha taça outra vez.
- E você não tem vontade?
- Um pouco – ele riu.
- E como faz para passar?
- Tenho um segredo. – ele se abaixou no balcão e levantou de novo com um copo grande e umas rodelas de limão dentro.
- O que é? – perguntei, curiosa. Tinha um cheiro um pouco forte.
- Se chama caipirinha. É basicamente uma limonada bem forte com um pouco de vodka. É uma receita sul americana, eu só a customizei. Vamos, prova. – ele me ofereceu. Fui um pouco para trás.
- Não.
- Vai, toma um gole só. É ótimo.
- Eu nem te conheço. Mamãe ensinou a não aceitar bebidas de estranhos. – Sorri.
- Ah. – ele soltou o copo no balcão e estendeu a mão para mim. Peguei-a com uma mão e com a outra levei minha taça à boca. – Prazer, Charlie.
Senti meu coquetel voltar pelo nariz e soltei a taça no balcão, tossindo.
- Opa – ele deu um pulo para trás, rindo. – Eu sei, eu sei. É um nome feminino, bem idiota, na verdade, mas meu pai o escolheu, então...
- Não... – coloquei a manga de meu suéter na boca. – É um nome lindo. Desculpa.
Ele me ofereceu uma toalha de papel para limpar a boca. Ainda tinha um sorrisinho divertido no canto dos lábios. Levantou minha taça, tirando-a do balcão e passou o pano que tinha no ombro por ali, para limpar um pouco que eu derrubei.
- Qual o seu nome?
- . .
- É um nome lindo.
- Eu sei. – peguei o copo com a tal de caipirinha e cheirei-a mais de perto. Tinha um cheiro bem diferente. – Quer dizer... – chacoalhei a cabeça. O que eu estava falando? – Obrigada. O seu também.
Ele riu de novo.
- Eu te divirto?
- Um monte. – ele concordou com a cabeça. – Você é estranha. De um jeito bom, sabe. – pegou outra taça de dentro do balcão igual à que eu tinha e a encheu, fazendo outro coquetel. Colocou-a no balcão e a deslizou até chegar até mim. – Por conta da casa. Você cuspiu a metade em mim, então nem pode tomá-la.
- Desculpa. – ri. – É que eu não socializo com algum menino bonito há tanto tempo, que... – minhas bochechas ficaram automaticamente vermelhas e quentes quando me dei conta do que eu falei. Levantei o olhar do balcão para ele devagar, com medo da sua reação. Ele só levantou uma sobrancelha, e continuou com o sorrisinho de canto. – Quer dizer... não que você... mas você é... É só que... – parei por um segundo para pensar no certo a fazer, mas por fim decidi só ficar quieta e tomar meu drink.
- Por que uma gata como você não socializa com caras bonitos há tanto tempo? – ele quis saber, curioso.
- Porque... – parei e pensei. – é um longa história, Charlie.
Ele olhou em volta. Não havia ninguém. Sentou em alguma coisa que eu não podia ver do outro lado do balcão.
– Eu tenho a noite toda.

Niall’s POV

- Ela está aqui? – coloquei outra massa de panqueca enrolada na boca e me escorei no balcão.
Louis fez que sim com a cabeça, enquanto picava uma cenoura na pia.
- Disse que queria conhecer um pouco da cidade. Em outras palavras, ela quer te ver de novo.
- Hum.
- Niall, sério, ela é minha prima. Ela é uma garota legal, então tenta não magoá-la nem nada. Por favor.
- Claro, claro. – falei, perdido em pensamentos. – Aliás, valeu por me deixar jantar aqui.
- Tudo bem. Sua família vem quando?
- Meu pai vem só na manhã do dia 24. Minha mãe não quer estar no mesmo lugar que ele, mas Greg e a noiva dele também vêm.
- Ah, legal.
- Você não disse que ia convidar a para vir aqui?
Ele bufou, visivelmente chateado com algo.
- Liguei para ela mais cedo, enquanto estava no estúdio com a Lindy e as meninas. Eu ia convidar, mas ela disse que não podia sair porque estava cuidando da .
- Ah, tudo bem. Ela pelo menos deu uma desculpa.
- Ela recebeu uma chamada nova enquanto falava comigo e deixou a linha aberta. O cara convidou ela para uma festa, e ela aceitou. – ele me lançou um olhar significativo. Passou a manga do suéter na testa e voltou a cortar algo verde na pia. – Eu entendo, na verdade. Prefiro ir em uma festa do que jantar com a família de um amigo que nem conheço direito.
Concordei com a cabeça, pegando um enroladinho de queijo.
- Para de comer, não vai sobrar espaço pra janta. – ele disse, pegando uma tigela cheia de saladas e indo para a sala de jantar.
- Oi? – olhei para ele. - Você sabe que eu sou o Niall, né?
Ele riu e balançou a cabeça.
Segui Louis para a sala, mas no meio do caminho encontrei com Lindsay, que abriu um sorriso quando me viu.
- Niall!
- Ei, Lindy! Tudo bem? – coloquei uma mão em seu ombro.
- Tudo ótimo, e você?
- Bem, como sempre. – Concordei com a cabeça e soltei a bolinha de queijo no balcão. – Sempre que me vê eu estou comendo.
Ela riu.
- Como vai a vida?
Decidi falar que ia bem, em vez de contar os mil e um motivos pelo qual ela não estava nada bem, na verdade. Então, começamos a conversar na cozinha de Lou. Eu não tinha nada a perder.

’s POV

- O que eles acham que a gente...? – perguntei baixinho quando fui para a cozinha ajudar Zayn com a comida.
- Falei que somos só bons amigos.
- Ah.
- Minha mãe não engoliu muito bem. – ele deu de ombros. – Ela gosta muito de você.
Sorri.
- Zayn, você não vai nos levar em algum lugar legal? – Waliyha perguntou, aparecendo na cozinha de repente. – Eu não vim para Londres para ficar presa na sua casa o tempo todo.
- Amanhã, Wali. Amanhã nós vamos passar, tá bom?
Ela soltou seu copo de água ao meu lado e olhou para a comida que estávamos preparando.
- Quer ajuda?
- Você pode me alcançar o sal? – pedi.
Ela assentiu e pegou um saleiro de cima da mesa. Abri a tampa do molho e mexi um pouco, pegando com a colher.
- Zayn, dá sua mão.
Ele estendeu a palma para mim e coloquei um pouco de molho lá. Provou.
- Tá sem sal.
Coloquei um pouco do sal que Waliyha havia me alcançado.
- Não, não. Precisa de mais. – ele tomou o saleiro da minha mão e virou na comida.
- Zayn! Não se mete!
- Você não provou, eu provei. Sei que precisa de mais.
- Vai ficar muito salgado!
- Não vai não, .
Pulei para pegar o saleiro de sua mão, mas ele foi para trás e levantou a mão. Continuei tentando pegar, até chegar perto demais dele. Ele sorria para mim e como de praxe não conseguia não sorrir para ele também. A boca de Zayn parecia mais convidativa o quanto mais perto você chegasse. Eu não conseguia me afastar. Só chegar mais perto, como estávamos fazendo agora.
Waliyha limpou a garganta e isso me fez dar um pulo. Olhei-a e ela virou de costas para nós e começou a organizar os copos nos lugares.
- Eu... vou... – Zayn só apontou para trás e saiu da cozinha. Dois segundos depois, ouvi a porta da frente da casa se fechando.
Continuei mexendo no molho e um silêncio constrangedor se formou ali.
- Vai lá, deixa que eu cuido disso aqui. – A irmã de Zayn se aproximou e tomou a colher de minha mão. Olhei-a, surpresa. – Anda, vai.
Eu não sabia se ela sabia de algo entre nós, mas não era difícil de imaginar. Então, não falei nada. Apenas assenti e segui para onde Zayn havia ido.
Donya, Safaa e Trisha comentavam sobre algo na TV enquanto Doniya arrumava uma trança o cabelo da mais nova. Passei por ali e saí da casa, encontrando Zayn sentado em um muro baixo ao lado da área da sua casa. Estava tremendamente frio lá fora, e a neve fazia montes no chão perto do degrau da área. Ele estava com uma jaqueta de couro, e mesmo assim sabia que sentia o frio entrando por ela. Sua respiração saia em fumaça por sua boca, e um cigarro também expelia fumaça no vão de seus dedos. Estava um tanto escuro ali.
Fui até ele. Ele não olhou para mim, apenas tragou seu cigarro e soltou a fumaça devagar. Me aconcheguei perto do seu braço, e ele me abraçou de lado.
- Eu odeio fazer isso. – disse. – Odeio ter que mentir para elas. Odeio ter que esconder o que sinto por você das pessoas mais importantes da minha vida. Odeio, .
Olhei para cima para poder ver em seu rosto. Meu rosto estava perto de seu pescoço, e um cheiro bom de perfume podia ser sentido. Me levantei um pouco para dar um beijinho em sua bochecha.
- Vai ficar tudo bem, Zayn.
- Mas quando?
- Não importa quando. Temos um ao outro, o resto é só resto.
Ele concordou, como se tentasse acreditar nessas palavras. Tragou o cigarro de novo.
- Argh, Zayn. – fiz uma careta.
- Desculpa, eu precisava.
- Eu não vou te beijar nunca mais. – choraminguei.
- É claro que vai. – ele apertou o braço ao meu redor. Fiz que não.
- O que é preciso fazer para que você pare?
Ele deu de ombros.
- Eu não sei. Não consigo parar.
- É claro que consegue, você já parou uma vez antes. Disse que precisava de um motivo, não é? Um empurrão?
Ele fez que sim.
- É, mas...
Tomei o cigarro da sua mão e dei um passo para trás.
- ... – ele fechou os olhos e estendeu a mão para mim. – Devolve.
- Como usa mesmo? - falei, ignorando-o e girando aquilo nos dedos. – Você me ensinou uma vez.
- , não inventa.
- Sugar e soltar. Ok. – coloquei na boca e dei outro passo para trás quando ele veio para perto de mim. Foi automático sugar o ar pela boca, e senti só fumaça entrando por ela, queimando minha garganta e de algum modo minha via nasal também. Na mesma hora eu tirei e tossi aquilo. Era horrível. Como alguém consegue fazer isso? Eu não conseguia parar de tossir.
Zayn veio até mim e tirou o cigarro da minha mão, jogando no chão. Levantou o meu rosto e esperou que eu parasse de tossir.
- Isso é... – minha voz falhou pela tosse. – horrível! Como você consegue?!
- Você tem que soltar, não engolir, sua idiota! Não faz isso, você não quer gostar de cigarro, . – ele passou a mão no meu cabelo. – Não faz. Tá?
- Então para você também.
- Você é muito tratante. – ele suspirou e me abraçou, passando a mão no meu cabelo enquanto eu tossia um pouco mais.

’s POV

Nunca desejei morrer como naquele momento. Sério. Silêncios tensos e constrangedores causam isso na gente.
- Então... como estão as coisas por lá? – Liam puxou outro assunto.
- Tudo o mesmo de sempre. – Ruth respondeu para ele, voltando a encarar seu prato em seguida.
E eu que pensei que aquela noite seria divertida. Todas elas me odiavam. Elas simplesmente me odiavam, a família do meu namorado. Preferiam a Dani. Nicola chegou e perguntou onde sua cunhada estava, e quando Liam apontou para mim, ela ficou séria e disse que falava de Danielle. Me senti no chão, mas aquela era a noite de Liam e eu não ia estragar.
Uma coisa é receber ódio de milhões garotas no mundo todo, o que por si só já é bem horrível, mas outra totalmente diferente é que a própria família do seu namorado te odeie. Isso já é demais.
Todos tentaram começar uma conversa civilizada na mesa, mas não deu muito certo. Depois da janta, eu me ofereci para ajudar Karen a lavar a louça, já que ela insistiu em fazê-lo. Trocamos meia dúzia de palavras. Eu me sentia como uma destruidora de lares ou algo assim.
No final da noite, depois da louça, Karen se juntou aos seus filhos que conversavam animadamente na sala de estar e eu fui para o quarto de Liam. Fiquei lá por algum tempo, já era tarde e eu estava em dúvida entre ir para casa ou dormir ali.
- Amor, você viu o... Ei. – Liam apontou para mim quando entrou no quarto. – Larga a bolsa aí, você dorme aqui hoje.
- Liam, acho que vou para casa. – sorri amarelo para ele. Que situação embaraçosa.
- Por quê?
- Eu... – respirei fundo e coloquei o cabelo atrás da orelha, meio desconsertada. – Elas me odeiam.
- Ei, elas não odeiam, não. – ele veio até mim e pousou as duas mãos nos meus ombros. – Elas só... não te conhecem direito.
- Elas nem querem conhecer, Liam.
Ele ficou quieto por um tempo.
- Eu vou falar com elas.
- O quê? Não! Tá louco?! Liam, se você falar qualquer coisa eu nunca vou te perdoar! – apontei para seu rosto.
- Mas, ...
- Mas nada, Liam. Eu não estou me queixando pra você ir correndo falar que eu fiz fofoquinha pra você. Não somos mais crianças. Eu só vou pegar minhas coisas e ir para casa, e amanhã nós nos falamos. – peguei minha bolsa de novo em cima da cama e fui para a porta.
- , por favor. Você é a coisa que mais importa para mim, e eu só quero que tente dar mais uma chance à minha família. É muito importante pra mim. Por favor, amor. Por mim.
Droga de cara de filhote de labrador perdido.
Liam era tão baixo às vezes.
- Liam, elas não me aceitam. Eu não posso fazer nada além de entender isso, não é culpa minha, e eu não posso fazer nada pra mudar. Por favor, entende isso. Pra elas, eu sou a garota que te fez trair a Dani e que quer te dar um golpe ou algo assim. – suspirei pesadamente e encarei-o, implorando que ele entendesse. – Para o mundo todo eu sou só isso.
Ele não falou nada. Me virei outra vez.
- Então só dorme aqui.
Parei de novo, mas não virei para ele.
- Não precisa mais conversar com elas, eu posso falar que você já dormiu, e eu venho para cá logo. Ficamos longe por tanto tempo, nos vendo só nos fins de semana, quero aproveitar que isso acabou e curtir um pouco você.
Fechei os olhos por um momento e respirei fundo.
- Tudo bem. – voltei e soltei minha bolsa na cama, empurrando-o de leve. – Ganhou. Mas eu estou dormindo. – pisquei para ele.
Liam sorriu, parecendo realizado.
- Tá. Venho logo. – ele segurou meu rosto e beijou minha testa.
Assim que ele saiu do quarto, coloquei uma de suas regatas que ficavam enormes em mim, já que não tinha nenhuma calça ou calção que eu pudesse usar então eu precisava usar uma blusa bem grande. Escovei os dentes e deitei na cama, apagando a luz e esperando que ele voltasse. Peguei no sono por algum tempo e fiquei naquele meio termo entre dormindo e acordada, e quando acordei de novo a casa estava mais silenciosa. Eu precisava tomar água, então espiei para fora e como a única luz ligada era a do quarto de hóspedes eu fui até a cozinha e enchi um copo para mim. Ao voltar pé por pé para o quarto, passei pelo quarto de hóspedes e vi Liam sentado ao lado de sua mãe na cama, e suas duas irmãs na outra cama de casal ao lado.
- Mas eu a amo, gente. Eu realmente amo.
- Liam, eu já disse. Esse tipo de garota consegue o que quer de qualquer menino, você só tá sendo usado. Todo mundo vê isso. – Nicola disse.
- Nick, eu conheço a . Eu te juro. Pra começar, não teríamos ficado pela primeira vez se não fosse por minha causa. É meio que minha culpa e eu odeio isso, porque sinto que estou estragando a vida dela e sou muito egoísta pra deixar que ela tenha algo melhor do que eu.
- Você tá cego, Liam. – Ruth falou. Eu estava escorada na parede de fora do quarto deles, ao lado da porta, e podia ouvir apesar de todos falarem baixo.
- Não, Ruth. Eu juro. Eu conheço ela, a é uma pessoa incrível. Por favor, acreditem em mim.
- Eu preferia a Dani. – Karen disse.
Liam suspirou.
- Tudo bem, eu desisto de vocês. Só quero que saibam que eu estou feliz, e mal ou bem vocês têm que aceitar isso. Ela é a melhor coisa que já me aconteceu.
Ouvi pelo barulho da cama que ele havia se levantado.
- Liam, não fica bravo. Só queremos o seu bem.
Voltei para o quarto antes que fosse pega no ato. Tomei um gole da minha água e larguei o copo na cômoda, deitando outra vez do meu lado da cama. Alguns minutos depois ele entrou no quarto, e não ligou a luz, apenas a do banheiro. Depois de trocar de roupa e escovar os dentes, veio para a cama também. Queria que ele pensasse que eu estava dormindo, assim seria mais fácil.
Liam passou a mão suavemente pelo meu braço e deu beijinhos no meu ombro, se aproximando de mim. Me esquivei um pouco e puxei meu travesseiro para ficar mais confortável.
- Tudo bem?
- Tudo.
Ele se aproximou mais e me abraçou, com o braço ao redor da minha cintura acompanhando o meu braço.
- Eu te acordei?
- Sim.
- Desculpa. – pediu.
Fiquei em silêncio.
- ?
- O quê?
- Nós...
- Vamos dormir.
- É claro.
Ele parou por um segundo.
- Sério. O que aconteceu? – ele levantou um pouco e apoiou a cabeça na mão e o cotovelo no colchão, me olhando de cima.
- Não foi nada, babe. Só quero dormir.
- Dormir? Mesmo?
- Mesmo.
- Tudo bem, então. Desculpa te acordar. – ele deitou de novo.
Então agora eu tinha duas opções: dormir e esperar que Liam ficasse chateado comigo na manhã seguinte ou contar a verdade que ele já desconfiava e tudo ficar bem entre nós.
Virei de frente para ele na cama.
- Você falou com elas mesmo eu pedindo para não falar.
- Eu não puxei o assunto, ele simplesmente surgiu. – ele me olhou com olhar de inocente. – Eu juro.
- Ok, Liam. Mas... eu não quero causar brigas entre vocês ou separá-los de algum jeito.
- Você não vai, .
- Não foi o que pareceu.
- Você estava espiando ou...?
- Isso vem mesmo ao caso? – levantei uma sobrancelha.
- Ok. Hm, olha: – ele pegou uma das minhas mãos e entrelaçou na dele, brincando um pouco com elas. – Eu não me importo com o que elas ou qualquer pessoa desse planeta diga. Eu te conheço. Eu sei quem você é melhor do que você mesma, e sei que não é o que falam. E eu me apaixonei por essa garota que só eu conheço. É uma pena que o resto do mundo não consiga te ver dessa maneira tão linda como eu te vejo, mas também um alivio por saber que você é só minha. Então, esquece o que dizem. Pela última vez, por favor, não vamos deixar isso nos abalar. Não vamos botar a opinião ou os comentários de ninguém no meio da gente, eu preciso de você então que se dane o mundo ao redor da gente. Certo?
Dei um selinho rápido nele.
- Já parou para pensar que eu posso ser uma vadia que sabe fingir muito bem e só quer a sua fama?
Ele revirou os olhos.
- Eu fiz um discurso. Você nem sequer ouviu.
- Eu ouvi. – ri. – Eu só não sei o que responder.
- Ok. Vamos dormir, então. – ele fez careta no “dormir”.
- Você não quer dormir?
- Você acha que eu quero dormir? - ele me olhou, irônico.
Ri mais. Me aproximei de Liam e procurei a barra da sua camiseta enquanto chegava mais perto dos seus lábios. Eu o fiz deitar de costas na cama e fiquei em cima dele, depois roubei um beijo lento e sem pressa, com tudo aquilo que tinha direito. Só me afastei para dar espaço para tirar sua camiseta, e as mãos dele já estavam na minha cintura por debaixo da regata dele que eu usava.
- Você tá com aquela calcinha de coração, não tá? – ele disse, passando a mão pelo meu quadril acompanhando a barra da calcinha. Ri e escondi o rosto no seu pescoço.
- Eu não sabia que ia posar aqui.
- Não importa, ela não faz diferença se estiver no chão.
Sua frase sussurrada no meu ouvido fez um choque percorrer pelo meu corpo e um calor começar a me consumir por dentro naquele exato momento. Não tardei em procurar seus lábios de novo depois disso. Procurei a barra do calção que ele usava.
- Hu-hum. – ele emitiu entre o beijo e tirou minhas mãos de lá. – Agora é minha vez.
- Eu estou em desvantagem. – me afastei e mostrei a regata que eu usava. Era só ela. Ele concordou com a cabeça.
- É, é justo. – soltou minhas mãos e eu ri.
Foquei nos beijos que distribuía pelo seu pescoço e Liam apertava um pouco mais minha cintura a cada vez que eu o provocava mais um pouco.
- Hm... hm... amor... – ele murmurou. – Temos que ser silenciosos.
Olhei-o de cima, um pouco surpresa. Ele deu de ombros.
- Minha mãe tá no quarto do lado. – me olhou com uma expressão de “duh, é óbvio”.
- Então cala a boca, Li. – voltei a beijá-lo.

Zayn’s POV

- Para. De. Se mexer. – pedi, baixinho.
- Eu não consigo! – ela sussurrou para mim. – O que estamos fazendo, Zayn? Isso não tá certo. Isso é idiota, é coisa de dois adolescentes!
- Adivinha? Nós somos adolescentes! – sussurrei de volta. Estávamos ambos deitados na cama, um virado para cada lado. – Se eu soubesse que a noite seria assim, teria te levado para casa quando pediu.
se levantou e só percebi isso porque ela jogou seu lado das cobertas em cima de mim. Virei para vê-la sentada na cama de costas para mim.
- Me desculpa por tentar salvar isso aqui. – balançou a cabeça. - Eu sou uma idiota.
Suspirei e cocei os olhos, sentando na cama também. Fiquei de joelhos e parei atrás dela.
- Desculpa. – falei, baixinho. – Eu fico de mau humor quando não consigo dormir.
Ela não disse nada. Não parecia se importar com eu ter sido rude. Tirei o cabelo dela de um ombro e coloquei no outro, chegando mais perto.
- Ei...
- Isso é errado, Zayn.
- Até algumas horas atrás você estava bem.
- Há algumas horas atrás não estávamos nos escondendo no seu quarto. – ela fechou os olhos. – Eu odeio isso.
- Eu também, . Mas é por nós, não é? Vale a pena.
- Será?
Olhei-a, confuso.
- Será mesmo, Zayn?
- O que quer dizer?
- Às vezes eu acho que... é mais fácil... e mais certo... desistir. Admita. Você sabe que é.
- É claro que é mais fácil. Mas eu escolhi ficar com você, e não tomar o caminho mais fácil. Eu vou até pelo mais difícil se precisar.
Ela parecia angustiada. Choramingou e escondeu o rosto nas mãos.
- Eu odeio ter que me esconder aqui, Zayn. Isso é tão idiota. Me sinto uma vadia.
- Para com isso, . A gente disse que ia te levar em casa, e aí você veio pra cá. Grande coisa.
- Como eu vou embora amanhã?
- A gente acorda cedo, já falei.
Virei o rosto dela para mim. Encarei aqueles olhos inquietos por um tempo, e na hora soube que tinha algo errado.
- Me fala o que tá te incomodando, vai. Não temos segredos.
- Promete não ficar chateado?
Fiz que sim com a cabeça.
- Zayn... mal ou bem, eu tenho uma carreira agora. Não se compara à sua, mas eu tenho. E eu quero crescer. Esse é o meu sonho. Eu... tenho que fazer escolhas.
- E...?
- Viver um romance escondido não é uma delas.
Parei.
- Você tá... terminando, ou...?
- Não, não. Não, Zayn. Só estou dizendo que uma hora ou outra isso vai acontecer. A gente vai ter que parar e conversar sério, tomar uma decisão de verdade, parar de se esconder ou enfrentar tudo que temos que enfrentar e nos mostrar para o mundo. Não podemos adiar pra sempre. Sabe, eu sempre me perguntei se o amor realmente vale a pena quando ele pode anular todos os seus outros sonhos. Mas eu nunca tinha amado antes.
- E ele vale? - Ela me olhou. - Ele vale a pena?
- Eu não sei.
Isso doía. Mas deixar aparecer ou ficar chateado só provaria o quanto eu sou egoísta. E eu não podia ser egoísta com quem mais amava. Era errado.
- Eu entendo. – falei. – O pior é que eu entendo. Eu não consigo pensar em ficar sem você, mas de alguma forma também não consigo... não consigo...
- Ver a gente junto. – ela concordou, sentando com as pernas cruzadas em pose de índio na minha frente, igual a mim. – Junto de verdade. Sem nenhum problema interferindo.
- Parece bom demais pra ser verdade.
- E a gente merece realizar todos os nossos sonhos. Só que agora vem nossa escolha: sonhos ou amor?
Nos encaramos. Eu não fazia ideia. Meu cérebro deu um nó. Eu não queria abrir mão de , eu queria lutar por ela, por nós, por tudo que quase tivemos e tudo que eu queria que tivéssemos. Queria ter um futuro com ela, poder fazer coisas que um casal normal faz, ser um namorado bom o bastante, me divertir, até mesmo brigar. Eu queria uma relação de verdade. E continuar nessa que estávamos só nos machucaria mais.
- Talvez... – ela olhou para baixo. – Talvez devêssemos ter nos conhecido daqui a alguns anos. Talvez devêssemos adiar isso. Esperar. Aproveitar tudo o que podemos, e depois ver se ainda é possível ter algo.
Eu concordei, mas no mesmo instante imagens de com outro homem, que talvez a fizesse mais feliz do que eu, passaram pela minha cabeça e minha concordância virou negação.
- Mas eu quero você.
ficou em silêncio por longos minutos. Só o que fazíamos era olhar nos olhos um do outro. Estava pensando, e repensando, e pensando de novo. E eu também. Queria tomar uma decisão de verdade, mas não sabia se essa era a hora certa.
Eu só tinha certeza de uma coisa, e esta era de que eu a amava.
Olhei no relógio de cima da cabeceira.
- ... amor... – chamei. – tá tarde. Não vamos nos precipitar. Vamos só dormir e amanhã a gente conversa. – cheguei mais perto e puxei-a para mim, minha boca indo direto para seu pescoço. – Vamos, babe. Vamos dormir.
- Vamos, Zayn. – ela se afastou e me beijou no rosto. – Vamos dormir. – deitou e eu deitei do lado. Puxei os cobertores e cobri nós dois.
- Amanhã é um novo dia.

Louis’ POV

- Boa noite, Pheebs. – beijei a testa da loirinha e ela fechou os olhos.
- E eu? – a outra reclamou.
- Boa noite pra você também, Daisy. – dei o mesmo beijo nela. – E durmam mesmo, viu. Amanhã temos um tour pela cidade! – pisquei.
- Tour?
- A Lottie e a Felicite vão junto?
- Vão.
- Ah. – Pheobe fez bico.
- Por quê?
- A gente queria você só pra nós por um tempo.
Ri.
- Eu sei que não tenho muito tempo ultimamente, mas é por uma boa causa.
- Fazer menininhas inocentes gritarem.
Olhei para Daisy.
- O quê?!
- Foi o que a Lottie disse! – elas riram.
- A Lottie disse? Eu vou ter um papo sério com ela! Agora, dormir. – apontei para elas. – As duas.
- Aaahhh!
Fiz cócegas nas duas e elas riram. Depois, tapei-as melhor com o cobertor e levantei.
- Boa noite, Lou!
- Boa noite, meninas.
Saí do quarto e fui para o corredor. Encontrei minha mãe, que me deu um beijo de boa noite e também foi para o quarto de hóspedes.
Fui para o meu quarto. Apesar de o dia não ter sido muito movimentado – muito menos do que eu queria que tivesse sido, pelo menos – eu só queria cair na minha cama e descansar. Coloquei o pijama, escovei os dentes, desliguei a luz e deitei na cama. Quando fechei os olhos, o celular tocou.
- Sério? – reclamei. Peguei-o, de cima da cômoda, e olhei no visor. Era . Estranhei, era tarde demais para uma ligação. – Oi, ?
- Lou... – a voz dela estava abafada, e um tanto estranha.
- O que aconteceu? Você tá bem?
- Eu... – ela gemeu uma vez. – Preciso da sua ajuda, Lou.
- O que aconteceu, ?
- Eu não sei. Tá doendo muito, e tem sangue, e...
- Sangue?! , cadê a ? – Sentei na cama, atordoado.
- Ela saiu! Eu disse que estava melhor e ela saiu!
- Vou estar aí em um minuto. – levantei rápido da cama. – Onde tem sangue? Você se cortou? Caiu? Tá machucada? Tem muito sangue?
- Muito, Lou. Eu não sei de onde vem, eu.. ahhh – foi uma mistura de choro com um gemido de dor, e eu fiquei apavorado.
- ? ?! ?!
Ouvi um barulho abafado o telefone ficou mudo. Merda, isso não podia ser bom. Só peguei um sobretudo bege e o vesti, amarrei na cintura e coloquei minhas patufas.
- MÃE, MINHA AMIGA TÁ PASSANDO MAL, VOU NA CASA DELA E QUALQUER COISA EU TE LIGO! – Gritei para minha mãe no quarto e saí antes que pudesse receber resposta, discando um número e colocando o telefone na orelha.
- Merda, Styles, quando é pra atender você não atende! Idiota! – praguejei.


Capítulo 17

You're never gonna be alone
From this moment on
If you ever feel like letting go
I won't let you fall
You're never gonna be alone
I'll hold you 'till the hurt is gone


Harry’s POV

- Hum, isso é bom. – Gemma me devolveu o copo de wisky.
- Sim.
- Quem diria, meu irmãozinho mais novo tem um bar em casa.
Revirei os olhos. Acho que o álcool já estava “subindo à cabeça”.
- Como anda a vida, Harry? E a sua namorada, aquela? Eu vejo ela nas noticias às vezes. Vocês andaram terminando. Por quê?
- A gente deu um tempo. – me surpreendi com o quanto minha língua enrolou. Eu não parecia tão bêbado assim.
- Por quê?
- Porque eu... – olhei-a, de repente. Eu não podia falar isso para minha irmã. – pisei na bola.
- Você traiu ela? Ah, Harry, não foi pra isso que eu e mamãe te criamos.
- Eu... – suspirei. – eu errei.
- Eu se fosse ela não te perdoava.
- Eu também não. – murmurei.
- Mas vamos falar de coisa boa! Você sabia que o...
Meu telefone vibrou em meu bolso nessa hora.
- Ah, desculpa. – peguei-o, e era Louis. – É o Lou.
- Às duas da manhã? Deve ser importante, atende seu namoradinho, vai. – Ela riu.
Fiz careta e atendi.
- Oi.
- Até que enfim! – ele berrou. – Pro hospital, Styles. Agora.
- Hospital? Onde você se meteu? – ri.
- Não fui eu, idiota. A .
Qualquer sinal de sorriso sumiu do meu rosto. Fiquei estático.
- O quê?
- Eu não sei. Ela me ligou há algum tempo, estava sangrando muito e eu não tenho ideia do que é. Trouxe ela pra cá.
Me levantei, cambaleando um pouco.
- Tô indo. – olhei em volta procurando as chaves. – Chama as meninas.
- Já avisei a e a . A não atende, e a tá com o Zayn. Eles estão vindo.
- Chego aí em quinze minutos. – desliguei o celular e guardei-o no bolso, minha respiração já um pouco fora do normal.
- O que foi? – Gemma perguntou.
- A . Eu não sei, ela estava sangrando.
- Sangrando? Onde? como?
- Eu não sei! Vou pro hospital.
- Harry, você bebeu! Não pode sair.
- Eu posso e vou, Gemma. A tá no hospital. Eu não vou ficar aqui esperando notícias.
Peguei as chaves e fui para a porta.
- Argh, garoto! Eu vou junto.
- Não, a mãe vai ficar sozinha! – Disse, chacoalhando as mãos no ar, procurando a chave do carro.
- A mãe já tá dormindo, idiota.
- Vamos, Gemma. Vamos logo, então. – fiz um gesto pra ela sair do apartamento logo e peguei as chaves no porta chaves.
Entramos rápido no carro e eu corri até lá. Em quinze minutos chegamos. Deixei o carro no estacionamento e entramos na recepção para encontrar todo mundo lá, enchendo os bancos do local. Era madrugada, e tudo estava silencioso e vazio, então eles eram os únicos ali. Estavam ali: Liam, , , Louis e .
- O que aconteceu? Onde ela tá?
- Não sabemos, Harry. Ela foi levada por uns enfermeiros. – respondeu, e Liam apertou mais o braço ao seu redor.
- Eu vou falar com alguém, perguntar para alguém se... – virei para o balcão.
- Harry, não adianta. Nós já falamos. Ela não pode nos dizer nada por enquanto. Temos que esperar.
Respirei fundo três vezes para tentar me acalmar, e depois sentei ao lado de Louis, enquanto Gemma se apresentava para todos.

’s POV

- Será que eu sou sempre o último a saber de tudo?! – uma voz familiar me acordou do meu possível futuro sonho. Eu estava entre dormindo e acordada, escorada no braço de Louis e dei um pulo ao ouvir aqueles gritos.
Olhei ao redor, e vi Niall parado em nossa frente.
- Dá pra falar mais baixo? – Liam pediu. – Isso é um hospital, não a sua casa.
Niall sentou também. Estávamos em silêncio há pelo menos duas horas, cada um escorado em um canto, tentando dormir. As cadeiras da recepção não eram tão confortáveis, mas disso nós já sabíamos... outra vez naquele hospital, todos nós juntos. Era até cômico. Já eram quase sete da manhã agora, e ainda não tivemos noticias. Eu estava preocupada. A irmã linda de Harry, que podia muito bem ser sua gêmea, havia ido para casa com o carro dele minutos antes, para ficar com sua mãe.
Harry se levantou em um pulo e assustou Louis, que pendia a cabeça para o Lado quase dormindo.
- Quê? – ele chamou, assustado.
- Vou pegar um café. – Harry levou a mão ao bolso da calça. – Alguém quer?
- Eu quero um, Harry. – pediu.
- E eu também. – disse.
Harry assentiu e foi para o corredor.
Vimos três caras grandalhões saírem pelo elevador e virem até mim, e Zayn emergiu do meio deles de repente.
- Caramba, tem muita gente lá fora. Tivemos que entrar pela garagem. – ele passou a mão no cabelo.
- Tem? – Louis perguntou, acordando um pouco mais. – Que tipo de gente?
- Papparazzi, fãs, gentes com câmeras... essas coisas. – ele sentou ao meu lado. – E aí, o que tá rolando?
- Por enquanto, nada. – Liam respondeu.
levantou para atender ao telefone, e minutos depois voltou com ele na mão.
- Gente, tenho que ir. Vamos ter uma reunião importante. Eu sinto muito. – Ela pegou a bolsa de cima da cadeira ao lado de . – Me liguem assim que tiverem alguma notícia. – gritou por cima do ombro enquanto virava de costas.
- Quer uma carona? – Zayn perguntou.
- Hã... na verdade, o Jeremy está me esperando ali na frente...
- Ah... ok.
- Vai pela garagem. – Liam avisou.
Ela deu tchau e entrou no elevador.
- Aqui. – Harry deu o café de e o de , sentando ao lado da mais velha. – E o pai dela?
- Liguei para eles há pouco, estão vindo para cá.
Ele se mexeu na cadeira.
Quando vimos um médico se aproximar, com o nome “Thomas” escrito no crachá pendurado no pescoço, se levantou.
- Parentes da ? – ele olhou em sua prancheta, olhando em seguida para e confirmando a paciente.
- Isso. O que ela tem? Ela tá bem?
Ele olhou para todos nós por um segundo.
- Eu gostaria de falar só com a família primeiro. São as regras. – ele deu de ombros.
- Eu sou irmã dela.
- Eu sou namorado. – Harry pulou da cadeira e foi para perto deles.
- E eu sou irmã! – Gritei e me aproximei também. O médico me lançou um olhar cético. Era um homem jovem, talvez uns trinta e cinco anos. Parecia cansado por uma noite sem dormir, tal como todos nós. – Quer fazer exame de sangue? – levantei uma sobrancelha em desafio.
Ele pareceu não ter paciência ou força para discutir. Só suspirou.
- Tudo bem, venham comigo.
- Eu sou irmã dela, também. – falou.
Zayn olhou para todos um pouco confuso. Depois, levantou o braço e disse:
- Eu também.
- E eu também. – Foi a vez de Niall.
- Eu também sou. – Liam sorriu.
- E eu sou o pai. – Louis revirou os olhos. – Chega de palhaçada. Fala logo.
O médico respirou fundo mais uma vez.
- Tudo bem, vocês ganharam.
Voltei a me sentar, assim como Harry, que se sentou ao meu lado balançando as pernas de um jeito irritante. voltou para o lado de Liam.
- Eu tenho más notícias, pessoal. – ele olhou para sua prancheta outra vez.
Meu coração deu um pulo. Que droga, ela estava com câncer ou o quê? Estava com os dias contados? Ai, cala a boca, . Isso só acontece em filme.
Depois de um breve momento de silêncio, ele tirou os olhos de sua folha e olhou para nós de novo.
- A sofreu um aborto espontâneo.
O silêncio se instalou na hora. Como se alguém tivesse apertado no mudo ou algo assim. Todo mundo parou até de respirar, ou piscar. Depois de um tempo, começamos a nos olhar com expressões confusas.
- Mas...
- Ela...
- Doutor, tem certeza? ? – pulou para o lado dele e olhou na prancheta. – Isso é impossível. A não...
Ele abaixou um pouco a prancheta para ela olhar.
- Certeza absoluta. – ele passou sua caneta sobre algo que devia ser o nome dela. – ? – ele nos olhou de novo. – Dezoito anos, tipo sanguíneo O positivo, grávida de dois meses?
- Grávida? – dessa vez quem quase gritou foi eu e . Ela realmente gritou. Acho que Londres toda ouviu.
- Mas... – Louis voltou a gaguejar, fazendo careta.
- Ah, não... – ele mordeu um lábio parecendo pensativo. – Vocês não sabiam, sabiam?
E agora todos estavam de boca aberta. Não era possível. Ela teria nos contado. Teríamos descoberto isso. Dois meses? Mas... como era possível?
- É impossível. Ela nem sequer viu o Harry nos últimos dois meses. – Falei alto, mas foram meus pensamentos escapando pela boca.
No momento seguinte todo mundo se virou para ele como uma plateia curiosa. Harry estava com o olhar meio perdido. No chão. Parecia mais em choque do que surpreso. Estático. Mal respirava. Fiquei preocupada que ele pudesse estar em choque.
- Na verdade... – ele falou, depois de alguns segundos. – A última vez que nos vimos antes de nos afastarmos foi há exatamente dois meses atrás. – ele também parecia pensar consigo mesmo. Depois, lentamente levantou o olhar para todos nós. – Não é impossível.
levou a mão à boca, eu arregalei os olhos e acho que teria sofrido um ataque se Liam não tivesse se levantado e ido até ela.
- Eu não sabia que vocês... – o doutor Thomas balançou a cabeça. – Pensei que soubessem. Acham que ela sabe?
- Ela teria nos contado. – concluí.
- Calma. A tá grávida? - Niall pareceu voltar para a terra pela primeira vez na manhã. Por algum motivo eu não suportava nem ouvir a sua voz sem bufar e revirar os olhos.
- Você é um tapado. – Louis murmurou e empurrou ele.
- Como eu disse, ela sofreu um aborto espontâneo. Acontece muito. As causas podem variar. Podem se dar pela idade da gestante, ou por consumo de substâncias tóxicas. Mas pelo que vi na ficha de , esse não é o caso. Nós ainda temos algumas possibilidades, como o uso de anticoncepcionais muito fortes, ou... Bem, estamos fazendo testes, mas acredito que ela tenha nascido com uma má condição do útero. Agora que sei que ela não sabia, ela provavelmente não faz ideia que tem essa condição. Ela provavelmente terá dificuldade em ter filhos, quando planejar ter.
Não falamos nada. Ainda era difícil de acreditar. Quer dizer, estava grávida! De um filho do Harry! E apesar de não saber disso, eu tinha certeza que aquilo seria um choque enorme para ela, como foi para todos nós. Era simplesmente insano, inacreditável. Olhei para o garoto ao meu lado, ainda branco como papel e em choque. Passei a mão em seu braço.
E sei que era muito, muito errado pensar isso, e ia contra todos os meus princípios, mas talvez isso tenha acontecido por um motivo. O aborto, eu quero dizer. Porque, bem, se ela descobrisse e decidisse ter essa criança, a sua vida ia mudar totalmente, de um jeito não exatamente bom. Mas uma criança era uma criança. Uma vida a mais. Não era uma boneca nem um cachorrinho. Era coisa séria. E aqueles dois definitivamente não estavam prontos para isso. Pobre criança, eu quero dizer.
- Eu sinto muito. – o médico disse, um minuto depois do silêncio que se seguiu. - No geral, ela está bem. Vamos esperar que o efeito dos remédios passe para contarmos a ela. Vocês vão poder vê-la em alguns minutos.
Ele entregou à um papel com o número do quarto.
Liam e ela se sentaram de novo. Ninguém conseguiu falar nada pelos minutos que se seguiram.

’ POV

A porta se abriu, e pude ouvir mesmo de olhos fechados. Minha cabeça doía, mas eu não queria que ninguém soubesse e tentasse me fazer engolir outro comprimido. Eles me deixavam atordoada.
Eu me sentia estranha. A ideia de estar gravida era absurda. Eu não conseguia acreditar ou aceitar que fosse real. Quando ouvi aquelas palavras, senti como se uma bomba houvesse atingido minha cabeça, como se meu próprio corpo estivesse exposto, violado. Eu não conseguia entender. Me posicionar quanto a tudo aquilo. Minha cabeça estava enevoada, acho que eram os remédios, e eu não conseguia fazer minha consciência funcionar para pensar sobre aquilo. Eu só me sentia terrivelmente exposta.
Não quis abrir os olhos de início quando ouvi a porta abrindo. Eu já aguentara falar “estou bem” para todas as minhas amigas, não queria fazer isso de novo. Eu não me sentia bem. Não era como se eu fosse morrer, mas também não era drama. Era uma coisa estranha, esse sentimento. Saber que eu tinha um bebê, e tudo mais. E o perdi. Me fazia querer chorar o tempo todo. Eu estava grogue, perdida, e mal conseguia proferir as palavras direito. Estava exausta, mas angustiada demais para dormir.
Me senti obrigada a abrir os olhos. As vozes da TV já estavam me atordoando também. Olhei para o lado, e Harry estava ali, sentado na cadeira ao meu lado.
Ele não tentou sorrir para mim como os outros fizeram. Parecia angustiado também. Depois de sustentar meu olhar por um tempo, procurou a minha mão e a segurou.
- ... – o queixo dele tremeu. Droga. Abriu a boca, mas nada saiu de início. – Eu... – ele acariciou as costas da minha mão com o polegar. – Me desculpa.
- Não foi culpa sua.
- Eu sei, eu sei que não. Eu quero dizer... me desculpa por não estar com você. Talvez se eu estivesse...
- Agora já passou.
- Eu sei, mas talvez se eu estivesse com você. Se eu não tivesse pisado na bola, talvez não estaríamos aqui agora. Podíamos estar em casa, e podíamos... descobrir sobre... sobre... sobre ele juntos.
Gostei de como Harry usou a palavra “ele”.
- Acho que nunca vamos saber. – respondi. Minha voz soava estranha e distante, como se não saísse de mim.
Ele concordou. Não falou nada por um tempo.
- Aquela noite na sua casa...
Concordei com a cabeça. Eu já pensara nisso milhares de vezes. Na verdade, foi a primeira coisa que me ocorreu quando me contaram o que aconteceu. Harry foi lá para me cuidar. Ele acariciou a minha barriga, beijou-a, como se soubesse de algo. Isso simplesmente não tinha explicação.

Harry ficou comigo por horas. A tarde toda, para ser mais exata. Não falamos muita coisa. Mas eu tinha essa sensação de que tudo estava bem entre nós. E minha vida, ao contrário, parecia ter sido virada de cabeça para baixo. Me sentia virada do avesso, nada estava no lugar. Eu sentia como se houvessem tirado um pedaço de mim, e provavelmente era um sentimento literal. Não sabia se o que estava sentindo era mágoa, ou tristeza, ou, até mesmo, alívio.
Quando já estava escurecendo ele fechou a janela, de onde um vento frio entrava, e voltou até a cama.
- Posso...?
Assenti e abri espaço para ele, indo mais para o lado. Ele deitou ao meu lado. Não era muito confortável, a cama era pequena, mas cabia nós dois. Ele me abraçou e começou a fazer círculos enrolando meu cabelo.
- Talvez... talvez isso tenha acontecido por um motivo, sabe.
Olhei para cima, para seu rosto.
- Talvez nunca recuperássemos nosso relacionamento se isso não tivesse acontecido.
Assenti.
- Talvez isso devesse ter acontecido.
Ele chegou mais perto de mim. Me abraçou de um jeito bom, confortável.
- Eu juro que nunca mais vou gritar com você, ou perder a paciência, ou levantar a mão. Eu juro. Juro por tudo nesse mundo.
Não falei nada. Não tinha nada a ser dito.
Harry ficou quieto por um segundo. Depois, baixinho, procurou o meu ouvido e sussurrou para mim:
- For you I’d bleed myself dry...
Fechei os olhos e sorri.
- Eu também amo você. – respondi.
Harry não precisou dizer para que eu entendesse que a partir de agora as coisas seriam diferentes. Agora não éramos mais o casal que vivia brigando, não éramos mais aquela relação de ódio e amor, porque a partir daquele dia nos tornamos pessoas diferentes. Nós evoluímos. Precisamos evoluir. Melhoramos. E estávamos cansados de briga. Isso não nos separaria mais. Era um novo começo. Doloroso, mas necessário.

’s POV

Olhei em meu relógio de novo. Mais cinco minutos de corrida, cinco de caminhada e eu podia ir para casa.
Olhei em volta, o parque ainda estava deserto. Tudo bem, eu realmente esperava que quando passasse de dez da manhã alguém se arriscaria a sair de casa para dar uma volta ali nem que fosse para levar o cachorro passear.
Mas aparentemente eu era a única louca que precisava ficar sozinha com um fone de ouvido e adrenalina no sangue e achei uma boa ideia ir correr em um parque de Londres de manhã cedo bem no meio do inverno e no dia da ceia de natal. É claro.
Comecei fazendo cinco minutos de caminhada e três de corrida, depois seis e quatro e por aí vai. Aumentei até minha pulsação aumentar tanto que eu pensei que minhas veias fossem explodir e eu fosse sofrer uma hemorragia interna. Não era uma má ideia totalmente. Afinal, o que eu faço além de estragar tudo sempre com Niall? Como se não bastasse, fui a maior tola do mundo ao pensar que as coisas poderiam se acertar e tentar arrumar tudo sozinha, cheguei lá e além de atrapalhar as coisas com a vadiazinha dele ainda fui chamada de babaca.
Mas tudo bem, porque eu já não suportava olhar em seu rosto sem ter nojo dele. Foi o jeito que encontrei para não desabar em lágrimas toda vez que eu o via, intocável, magnifico na minha frente. O jeito menos doloroso era odiá-lo.
Então, eu saí para correr de manhã para tentar botar os pensamentos em ordem e me preparar psicologicamente para a noite de hoje, com todas as nossas famílias reunidas em uma grande ceia na casa de e mais tarde a afterparty maneira dela.
Mas fui idiota de novo se esperei que a manhã fosse boa, que apesar do frio eu pudesse desfrutar de meu sossego sem nenhum problema. Por que é que eu sempre esperava o melhor nas coisas e acabava quebrando a cara? Primeiro, veio uma garoa fina. Depois, o vento ficou tão gelado que eu jurei sentir minha pele rachando enquanto corria. Mas de algum modo a dor era boa, mesmo quando senti minha pele cortando minimamente na bochecha pelo frio lancinante. Daí, como se tudo não pudesse ficar pior, tudo parou por um tempo e aí a neve começou a cair em camadas finíssimas, o que era talvez ainda pior do que camadas grossas, porque ela pegava em minha pele e se derretia, virando gotículas gélidas que escorriam pelo meu rosto. Meu cabelo estava um caos, mas não parei.
Daí, para fechar minha manhã com chave de ouro, quando a natureza percebeu que eu não ia parar de correr só por birra, a chuva despencou pesadamente em minhas costas com pingos grossos e violentos em minha pele. E em questão de dez segundos eu estava ensopada, com frio, com raiva e com uma vontade imensa de chorar, correndo na chuva sozinha em um parque a três quilômetros de casa como uma louca.
Eu fiquei com os olhos cheios d’agua por pura raiva por tudo dar tão errado de repente e comecei a correr ainda mais rápido com a cabeça baixa para conseguir enxergar minimamente (a água da chuva e as lágrimas não ajudavam em nada minha visão embaçada), fazendo meu corpo todo se mexer mesmo contra sua própria vontade porque eu já mal conseguia respirar por estar forçando tanto a mim mesma. Era raiva. Pura raiva da fase horrível que eu não conseguia superar, e raiva da vontade que quase me consumia de deitar em uma cama e não levantar nunca mais, e mais raiva ainda por isso ser por causa de um cara que provavelmente não merecia a metade disso tudo. Era muita raiva para uma pobre louca como eu.
Ok, então eu não conseguia mais enxergar, podia sentir no meio daquele frio todo algumas gotinhas quentes das lágrimas percorrendo meu rosto até que eu não tinha mais lágrima alguma. Devo ter dado duas ou três voltas no parque sem parar e corri por minutos a fio sem conseguir respirar e sem levantar a cabeça, minhas pernas doíam e eu já tinha medo de, se parasse, cair no chão e não levantar mais. Mas ainda não estava pronta para parar.
Daí, como em um passe de mágica, a chuva parou aos poucos e as nuvens voaram com rapidez, destapando um sol fraquíssimo que mandava alguns raios de luz para baixo por detrás de nuvens mais grossas. Tudo ficou mais claro de repente. E aí eu levantei a cabeça bem a tempo de ver um garoto passar por mim. Era alguns centímetros apenas mais alto do que eu, tinha cabelos dourados um tanto molhados e corria da chuva segurando a coleira de um gold terrier adulto que também corria ao seu lado. Obviamente corriam da chuva, pois com a mão livre ele segurava o exemplar diário do The Times no ar para não se molhar muito.
Isso foi só por uma fração de segundos, e então, como para me lembrar o meu lugar no mundo, eu olhei para o chão outra vez bem a tempo de ver minhas pernas se enrolando na coleira do cachorro e fui ao chão no mesmo segundo.
- Ai, caramba! – o garoto gritou quando caí. Coloquei os braços na frente do rosto bem a tempo para não cair de cara, mas senti meus cotovelos machucando.
Ótimo, vida, ótimo! Molhada, com frio, machucada e agora esfolada também.
- Você tá bem, moça? – levantei o rosto e vi o garoto se ajoelhando ao meu lado, pisando em cima da coleira para que o cachorro não fugisse. Mas o animal estava ocupado lambendo minha bochecha como um pedido de desculpa. – Zeus, não! Zeus! Sai, Zeus! – ele empurrou o cachorro. – Vem, eu te ajudo. – me estendeu a mão e a peguei, sentando no chão.
Quando olhei para cima, lá estava aquele rostinho de anjo que eu já vira uma vez antes. Ele também pareceu me reconhecer, mas antes teve que tirar uma mecha dos meus cabelos molhados do rosto.
- ?
Suspirei pesadamente. É isso, o que faltava para meu dia ficar completo.
- E aí, Charlie.
Não, de verdade, qual era a probabilidade de nos encontrarmos de novo? Estamos em Londres, a capital da Inglaterra! Qual é! Em meio a mais de oito milhões de habitantes qual eram as chances de eu reencontrar o bonitinho do bar que se chamava justamente Charlie? Às vezes a vida era uma grande piada. Se um cavalo caísse do céu nesse momento não seria difícil de acreditar.
Mas ainda consegui me surpreender um pouquinho quando ele começou a rir, e depois a gargalhar e acabou sentando ao meu lado na calçada molhada, tentando recuperar o fôlego sem sucesso.
Cocei minha cabeça, meus cabelos encharcados e grudados nas costas e na testa. Agora, depois que finalmente parei de correr, com a respiração ofegante, as pernas moles, a garganta seca e o corpo voltando à temperatura normal, comecei a tremer de frio.
- V-você... você... – ele parou para rir mais. Enquanto isso, respirei fundo pela terceira vez para recuperar o fôlego, olhei para o céu, mexi mais um pouco no cabelo e tentei limpar o sangue dos meus braços. Não foi nada sério, os antebraços ficaram vermelhos e ralados e os cotovelos sangraram um pouco. Isso daria belos hematomas.
- Acho que já chega, né. – dei duas batidinhas em seu ombro quando vi que ele realmente não ia parar de rir.
Charlie conseguiu se controlar aos poucos. Depois de parar de rir aos pouquinhos e retomar o fôlego, me olhou.
- O que diabos você faz aqui?
- Quer mesmo saber? – fiz uma careta.
Ele deu de ombros enquanto se levantava.
- Suas histórias sempre têm um fundo de humor. – falou como se me conhecesse há anos e estendeu a mão para mim de novo.
Peguei-a e me levantei com muita dificuldade, forçando minhas pernas a suportarem meu peso.
- Você tem algumas horas, então?
- Bom, contando que eu ensopei o jornal que fui pegar para o meu pai, vou precisar achar um pet shop para dar banho no meu cachorro de novo – apontou para o cachorro. – e achei uma garota perdida num parque, acho que mal não vai fazer tentar achar a casa dela e levá-la até lá.
Sorri. Olha só, uma coisinha legal no meio de tanta tragédia.
- Começa aí sua história, começando com como você fugiu do hospício, e ah meu Deus como você tá gelada. – ele disse, olhando para minha mão que ainda segurava. – Aqui – soltou-me e tirou a jaqueta preta que ficava grande até nele, e colocou nos meus ombros, fechando apenas e botão do pescoço para que ela não caísse. – melhor.
- Obrigada. – me espremi contra o tecido que estava aquecido pelo seu corpo e mordi o lábio inferior para tentar parar de tremer o queixo.
- Sua boca tá roxa. Espero que você saiba que vai ficar muito gripada mesmo. – veio para o meu lado e começou a andar, com uma mão no meu braço me guiando devagar como se soubesse que caminhar era uma tarefa difícil para mim no momento. – E espero que não more com seus pais, porque você vai perder todo o seu charme se for escoltada para dentro de casa com puxões de orelha.
Dessa vez quem gargalhou fui eu.
- Moro com amigas.
- Amigas? - ele levantou as sobrancelhas. – Quer dizer que tem mais de onde você veio?
- O quê? - franzi o cenho.
- Sei lá, várias garotas bonitas em um único lugar. Garanto que elas são tão bonitas quanto você. – falou com naturalidade e eu fitava seu rosto com curiosidade, porque ele me parecia um ser tão carismático e natural e engraçado e bom de se conviver. Agora o sol parecia mais forte, e comecei a esquecer das coisas que me fizeram chorar há minutos atrás. Ele era interessante demais para perder o espetáculo.
- Não venho da casa das coelhinhas da Playboy se é o que está pensando. – tentei ser engraçadinha também.
Ele riu e fez um bico para o lado.
- Droga, eu ainda tinha esperanças.
Ri.
- Bom, se não é isso, então... ah, eu sabia que tinha um hospício no meio!
Dei-lhe um tapa no braço. Ele riu.
- Sério, agora. Onde é sua casa, mademoiselle?
- Há algumas muitas quadras naquela direção. – apontei para a rua que se seguia em nossa frente. – Mas a noticia boa, é que no meio do caminho tem um pet shop.
- Ah, jura?
- É. E você nem ouviu a melhor parte.
- Me conta! – ele chegou mais perto enquanto andávamos.
- É bem do lado de um Starbucks, então você vai poder me pagar um café, o que sei que era o que já tinha em mente há algum tempo.
- Você me pegou. – ele suspirou.
- É claro, se você não se importar em entrar com alguém toda acabada como eu em um lugar público.
- Ah, tudo bem, você tá quase menos pior do que o Zeus. – olhou para o cachorro e ri outra vez.
Risos espontâneos, isso era tudo o que eu precisava no momento. Aí, Deus, obrigada por ter um pouquinho de pena de mim.

Harry’s POV

- Na verdade, Nick, antes de Little Things o Harry quer falar uma coisa. – Louis interrompeu Grimshaw antes que ele pudesse apresentar nossa nova música de trabalho para a pequena plateia de garotas à nossa frente.
Era a manhã antecedente ao natal, e supostamente estávamos de férias, mas nunca se sabe o que pode acontecer nesse trabalho louco que temos. Então, Simon ligou no meio do meu sono matinal para avisar que tínhamos uma entrevista em uma hora para a Radio 1. E o que eu podia fazer?
Além disso, ele prometeu que aquela era a última vez e depois disso tínhamos nossas tão merecidas férias.
Olhei para Louis meio surpreso ao meu lado.
- Eu tenho? – falei baixo, longe do microfone.
- Aquela música, se lembra? – ele me lançou um olhar significativo. Parecia meu pai.
- Ah, certo, certo. – assenti.
- Qual a novidade? – Nick pareceu curioso.
- Bom, ham. – olhei para Louis de novo. Eu tinha quase certeza que sair do script nas entrevistas era uma coisa barrada pela Modest, mas às vezes era necessário. Lou assentiu, me incentivando. Nunca cantei sozinho depois de ter entrado na One Direction, e aquilo seria estranho e assustador.
- Vocês vão assumir o namoro ou...? – Nick fez sua piadinha e as fãs enlouqueceram baixinho. Larry sempre presente.
- Bom, eu e minha namorada andamos meio separados ultimamente. Embora eu não possa dizer o porquê, só posso dizer que eu pisei na bola e ela teve todo o direito de se afastar de mim, o que foi totalmente compreensível. – olhei para as talvez duzentas meninas que estavam presente ali. Era um lugar parcialmente ao ar livre, com um palco improvisado montado meio às pressas e acabaram, como sempre, aparecendo muito mais meninas do que o esperado. Então várias delas não estavam cobertas pela grossa lona que montaram em cima de nós com o logo da rádio, e ficavam na garoa. Agora todas elas estavam com os olhos fixos em mim e em silêncio.
- Deixa eu adivinhar: você quer pedir desculpas em rede nacional?
Sorri.
- Não exatamente. Bem, também, mas... nós já nos acertamos. Eu só queria aproveitar para cantar um trechinho de uma música que é muito importante para ela, e foi escrita por uma das minhas pessoas preferidas no mundo. Um cara que vocês conhecem muito bem, aliás.
- Bem, vá em frente então, pequeno Styles. – Nick riu.
Cantei sem nenhuma melodia acompanhando um trecho de Small Bump sem conseguir encarar os olhos curiosos à minha frente. Eu só conseguia imaginar o que seria de nós se as coisas tivessem sido diferentes. Essa gravidez, esse aborto inesperado, tudo isso aconteceu por um motivo, para que voltássemos a ficar juntos e por mais que fosse algo triste, eu precisava agradecer porque agora tinha ela de volta. Quando cantei os últimos versos, eu enfim pude olhar para cima.

‘Cause you were just a small bump unborn
For four months, then torn from life
Maybe you were needed up there
But we’re still unaware as why…


Nick era meu amigo e estava nesse ramo há um bom tempo. Ele entendeu que não precisava fazer perguntas por mais que uma grande questão houvesse pairado no ar depois disso.
- Ok, então. – ele bateu com as mãos nos joelhos. – Muito bem, Harry, muito bem. Sei que a vai te dar outra chance depois dessa. – ele riu. – Ótimo, ótimo. Agora, Little Things, certo? As fãs estão loucas para ouvir de primeira mão, só aqui, na Radio 1.

Zayn’s POV

Terminei de arrumar o cabelo e tirei o gel da mão na toalha de papel, antes de formar uma bolinha e jogar no lixo. Me olhei mais uma vez no reflexo do espelho.
- Já estamos atrasados. – Niall disse de boca cheia, se escorando na porta do banheiro com uma mão enterrada dentro de um pacote de amendoim.
- Você vai ficar comendo que nem louco o dia todo? Temos ceia mais tarde.
- Já te falei um dos motivos principais pelo qual eu amo o natal, Zayn?
Revirei os olhos.
- Comida.
- Muita, muita comida. – ele corrigiu.
- Ok, estou pronto. – saí do banheiro e empurrei-o pelos ombros até a sala. – Vamos?
- Você não vai pegar a ?
- Não podemos ser vistos juntos. Não muito.
- É tão simples, é só ficarem juntos e pronto.
- Não é tão simples ir contra as ordens do Simon... além do mais, olha quem está falando.
- Cala a boca. – ele bufou.
Terminou de comer os amendoins e jogou o pacote vazio em cima do meu sofá.
- Está nervoso?
- Não. Só um pouco curioso. Nossas famílias todas juntas... vai ser divertido.
- Eu aposto que sim.
- Quem veio? – peguei minha carteira e as chaves da mezinha e fui para a porta, abri a mesma e Niall saltou para fora em um pulo só. – Da sua família, eu quero dizer.
- Meu pai, meu irmão e a minha cunhada. A minha mãe não gosta muito de estar no mesmo lugar que ele. E da sua?
- Pai, mãe e irmãs.
- Onde elas estão?
- Já estão lá. O Harry inventou de oferecer uma carona à Walyiha e ela enlouqueceu. Safaa a seguiu, e meus pais e a Donyia tiveram que ir atrás.
- Ela ainda é louca pelo Harry?
- Louca é apelido. – ri e sentei no banco de motorista do carro.
Niall riu e balançou a cabeça.
- E a ?
- Acho que foi junto.
- Não, eu digo, ela tá bem? Foi um grande choque tudo aquilo.
Concordei com a cabeça.
- Estão passando por isso aos poucos. Às vezes acho que eles gostam de se trancar no próprio mundinho quando estão juntos. Tenho receio de atrapalhar.
Ele concordou.
- Mas e você? Continua pegando todas? – entrei na avenida e olhei-o de canto.
Niall deu de ombros.
- Ah, você sabe... A Lindsay, a prima gatinha do Louis, veio para cá só pra me ver. – ele riu um pouco. – Ela é legal.
- Sei... – suspirei. Niall estava perdido. Mas eu já estive onde ele está, e ele foi compreensivo comigo.
Conversamos até chegar à casa de , que como de praxe era o lugar mais adequado que conhecíamos para se fazer uma ceia enorme com dez famílias. Eu em particular achei essa ideia toda genial, a de juntar todas as famílias em uma ceia só. Desse jeito não precisaríamos passar nosso primeiro natal separados, nem passar longe dos nossos pais e irmãos.
Assim que estacionei no gramado enorme junto com os vários outros carros, Niall desceu e em segundos sumiu na minha frente. Liguei o alarme do carro e caminhei devagar pelo jardim até chegar à porta. Bem no meio do jardim, perto de um chafariz não muito grande existia um salgueiro enorme que tinha ramos tão grandes que tocavam o chão, como grandes camadas de cortinas naturais em volta do tronco. Dava para se perder dentro dela se você entrasse lá.
Logo que cheguei na porta e a abri, uma onda de crianças passou correndo por mim e foi para fora. Olhei para trás e vi Safaa, Pheobe e Daisy correndo no gramado uma atrás da outra.
- Ei, entrem aqui! Tá frio aí, vocês vão se gripar.
Elas pararam por alguns segundos e depois voltaram a correr para dentro da casa, sumindo da minha frente em segundos. A sala de estar estava bem iluminada e alguns dos nossos pais conversavam no sofá ou em algum canto enquanto tomavam vinho. Cumprimentei brevemente aqueles que eu não tinha certeza de quem eram pais, e dei oi a todos da família dos meninos que eu já conhecia antes de seguir para a cozinha. Assim que botei o pé lá dentro fui atingido por uma garota baixinha e que segurava uma taça de vinho – vinho esse que foi parar todo na minha camisa.
Olhei para baixo, para ela, que levara uma mão à boca em forma de surpresa.
- Me desculpa, Zayn!
- Só podia ser você. – fiz cara de desaprovação.
- Desculpa mesmo. – ela soltou a taça no balcão e passou a mão na minha camiseta como se isso fosse secá-la.
- Tem camisetas do meu irmão no quarto lá em cima. A segunda porta à direita. – disse.
pegou meu pulso e me puxou escada acima, me fazendo entrar no quarto indicado pela amiga.
- Tira a camisa. – ela disse, indo procurar uma roupa no closet.
- Estou começando a pensar que isso tudo foi um plano pra me trazer aqui pra cima e me sequestrar.
Ela riu.
- Não viaja, amorzinho. – falou, irônica. – Foi sem querer mesmo, dessa vez.
Tirei minha camiseta e joguei-a na cama enorme de casal que o quarto abrigava. Fui até ela, e puxei-a pela cintura para encaixar meu rosto na curva de seu pescoço por trás.
- Zayn...
- O que é? Estamos sozinhos aqui. Só eu e você.
- Não estamos, não. – ela tentou me afastar sem fazer muita questão de obter sucesso. – Tem um monte de gente que nem sonha que estamos juntos lá embaixo, inclusive minha família, e eu não quero ser taxada de mentirosa e essas coisas.
- Você não vai. - falei, mordendo o lóbulo de sua orelha. – Contanto que não grite muito alto.
Ela riu e se esquivou um pouco.
- Ou eu posso pedir para a botar uma música. – dei de ombros e brinquei, um tanto decepcionado pela distância que ela tomou de mim.
- Não agora. Não aqui.
- Tudo bem, se é o que você quer. – fiz bico e sentei na cama.
Ela procurou mais um pouco, até achar uma regata do Jack Daniel’s e atirar em mim.
- É a única do seu tamanho. Ele joga futebol americano. – ela deu de ombros. – Mas pode botar isso se quiser. – jogou um casaco preto de times de futebol e eu peguei no ar. Coloquei as duas roupas e desci de novo com ela. Ignorando a vontade de segurar a sua mão, é claro.

’s POV

- Já? – fiz bico.
e Harry assentiram ao mesmo tempo.
- A janta estava ótima. De verdade. – veio até mim e me deu um beijo na bochecha. – Obrigada. E feliz natal. Eu te amo.
Os dois se viraram, mas fui para o lado deles de novo.
- Está bem mesmo? – perguntei. – Você parece meio quietinha e agora vai embora antes da sobremesa?
- Desculpa, . Só estou cansada. – fez uma careta.
- Tudo bem então. – chegamos na porta e eu abri a porta para ela. – Boa noite.
- Boa noite. – os dois responderam.
Dei um beijo na bochecha dela e os dois saíram abraçados até o carro. Fiquei olhando por uns segundos até ser chamada por uma voz masculina atrás de mim. Fechei a porta e me virei.
-
- Oi, pai. – fui para perto dele. Meu pai colocou uma mão no meu ombro.
- Será que eles vão demorar muito? Estou cheio de trabalhos para fazer.
Olhei-o com descrença.
- Você tá brincando. – falei, mas ele não pareceu entender. – É natal! Será que dá pra receber convidados pelo menos hoje sem reclamar tanto? Trabalho não é tudo na vida, pai.
- , você não entende. É importante.
- Natal é importante! Seu serviço é tudo que você faz todos os outros dias do ano, mas por hoje você podia dar uma folga, né?
Ele balançou a cabeça.
- Não posso, filha. Tenho relatórios para entregar antes das seis da manhã.
Bufei e me afastei dele.
- Não reclama quando perceber que não passamos um tempo juntos desde que eu tenho oito anos.
Antes de ouvir a resposta, voltei para a sala de jantar sem querer ouvi-lo.
O resto do jantar foi ótimo. Era legal ver todos os nossos pais conversando empolgadamente e ver que todos se deram muito bem. Menos, é claro, os meus, que preferiam ficar quietos enquanto esperavam a janta terminar para poderem subir para o escritório e trabalharem pelo resto da noite.
Quando os últimos pais foram para casa (afinal, eles sabiam que queríamos fazer uma festinha e não podíamos enquanto eles estivessem ali), liguei para minha nova turma de festa e em alguns minutos apareceram DJs, amigos, barris de chope e luzes de neon. Ah, como eu adorava meus novos amiguinhos.
Não tinham pessoas demais, a música não estava muito alta, mas dava para curtir a vontade. Meus pais subiram para o andar de cima e não me importava se eu estava os atrapalhando, agora era hora da nossa afterparty de natal e eu não queria deixar de me divertir.
Bebi. Bebi mesmo. E bebi muito, porque A) eu não precisava me importar com minha idade. B) eu não tinha nada a perder. C) eu era livre e desimpedida, e D) eu...
- Estou meio tonta. – me escorei no ombro de alguém.
- Senta ali, . Descansa um pouco. Sua festa tá irada! – e então a pessoa se afastou e me desequilibrei outra vez. Antes de tombar para o lado, senti um braço ao redor da minha cintura.
- Opa! – ele disse quando me segurou, passando um dos meus braços pelo seu pescoço.
Era Louis. Mesmo que eu não reconhecesse a voz, o que era impossível, seu cheiro era inconfundível. Um cheiro levemente cítrico e fraco, daqueles que você tem que chegar perto para sentir. Um aroma suave do creme de barbear que você só sentia quando chegava perto o suficiente do seu rosto, e seu hálito de menta. Sempre, sempre cheiroso. Sempre tão irresistível. Tornava tudo mais difícil para mim.
Ele me levou até o sofá da sala e me sentou ali, sentando do lado.
- Tudo bem?
Assenti.
- Só bebi um pouquinho...
- Um pouquinho, é claro. – ele riu fraco. – Você realmente sabe dar uma festa. E curtir ela nem se fala.
Pensei em agradecer, mas eu o estava ignorando. Não podia me dar ao luxo de ser gentil. Virei o rosto para o lado contrário, para não ter que olhar no seu rosto. Eu estava bêbada, sei o que aconteceria se chegasse muito perto de Louis.
- Eu vou voltar para a pista, e... – tentei me levantar, mas além da vertigem, Louis segurou meu pulso e sentei de novo. – O quê?
- , o que tá acontecendo?
- Uma festa. – respondi, somente.
- Entre nós, quero dizer. Estou preocupado. – ele franziu o cenho. – Nós dois. Nossa amizade. Estamos nos afastando.
Revirei os olhos. Juro que se ele falasse amizade de novo, eu daria um murro na cara dele.
- Foi aquele beijo? – sua voz estava meio urgente, meio preocupada. – Porque eu nunca teria feito se soubesse que aquilo estragaria a gente, . Me desculpa se você não gostou. Eu só queria...
- Você só queria demonstrar compaixão. – olhei-o e respondi rispidamente. – Só isso, Louis.
- Não, . Eu queria... eu só...
-Olha, eu tive uma noite cheia. Briguei com meus pais e não preciso de outra briga para piorar tudo. Então se me dá licença... – me levantei.
- , quer conversar? Ainda podemos ser amigos como antes. Podemos conversar. Você pode me contar sobre...
Virei para ele e afastei sua mão de mim, cambaleando um pouco para trás.
- Sinceramente, Louis? Não. Não podemos continuar sendo amigos como antes. E sabe de mais uma coisa? Guarda a sua compaixão pra Eleanor. – me virei e saí pisando duro.
Eu não queria mais ouvir o que ele tinha a dizer. Essa era a verdade.

’s POV

- Ok, então.
Liam se abaixou para me dar um selinho e depois se afastou, seguindo sua família para a porta. Eu entendia completamente que ele ia ficar com a família e tudo mais, eles iam embora no dia seguinte, mas era chato uma festa sem ele.
Minhas amigas estavam ocupadas. fora embora, estava bêbada, estava em algum lugar com Zayn e estava sabe-se lá Deus aonde. Peguei uma bebida e sentei no sofá. Meu celular vibrou em meu bolso, e peguei-o para ler a mensagem que acabara de receber.
“Feliz natal! Espero que tenha uma ótima noite. Qual seu desejo de final de ano? x Matt”
Sorri e digitei:
“No momento desejo só uma boa companhia.”
“Então hoje é seu dia de sorte. Estou sozinho e entediado. Onde você está? Eu posso te buscar.”
Dei o endereço da casa de , afinal eu não tinha nada a perder. Matt era um cara muito legal, eu gostava de conversar com ele e estava sozinha agora.
Ele me mandou outra mensagem quando chegou para que eu saísse para encontrá-lo.
- Quer ir aonde? Beber alguma coisa?
- Pode ser. Qualquer coisa melhor do que isso.
Ele me ofereceu o capacete reserva.
- Sua amiga é sobrinha da rainha?
Ri.
Ele dirigiu para um bairro vizinho, um tanto quieto. Parou em frente a um lugar aparentemente fechado, mas quando a porta foi aberta pude ouvir a mistura de várias vozes vindo lá de dentro. Entramos, e eu segui Matt para o balcão. Pedi uma tônica enquanto ele pediu uma dose de whisky.
- Você está dirigindo.
- É só pra esquentar. – ele sorriu.
- Então, Matthew.
- Sim, ?
- Como foi sua ceia?
Ele sorriu.
- Eu pedi uma pizza.
- Por que? – não pude conter minha curiosidade. – Você não é de passar com a família?
- Meu pai está preso e minha mãe sumiu. Eu morava com a minha avó, então ela morreu e... agora moro sozinho. – Antes que pudesse falar qualquer coisa, ele riu. – Não precisa ficar sem graça. História clichê, mas já superei.
Olhei-o, desejando internamente que isso fosse brincadeira. Mas ele não parecia estar brincando. Me encarava normalmente, olhando nos meus olhos. Tomou um gole de sua bebida e sorriu de canto.
- Sério?
- Sério.
- Eu sinto muito, Matt.
- É, todo mundo sente – deu de ombros e sorriu para mim. – Relaxa.
Balancei a cabeça.
- Eu... uau, isso é bem...
- Trágico? Eu não vejo assim.
- Como você vê? – Balancei a cabeça.
Ele deu de ombros.
- Normalmente. Já acostumei.
Em um ato de compaixão, peguei sua mão no balcão.
- Eu também não tenho um pai. – sorri.
- O que aconteceu com ele?
- Ele fugiu da responsabilidade. Quando eu era uma criança.
- Isso é tão errado... – ele suspirou.
- Também já acostumei.
- Meu pai era viciado. Por isso foi preso. Eles também suspeitam que ele tem algo a ver com o desaparecimento da minha mãe, mas eu não tenho muita certeza disso. Eles se odiavam, mas ela nunca fez nada tão ruim para ele. Sabe, a gente não escolhe a família que tem. Por isso eu sou office boy – riu.
- Esse negócio de família é complicado. – Concordei.
Ele balançou a cabeça e rimos.

’s POV

- Mais uma, por favor. – pedi ao menino que estava enchendo os copos de chope. Caramba, como aquilo era bom. Por isso ia direto para os quadris. Procurei alguém conhecido em volta de mim enquanto me afastava cambaleando com meu copo, mas eu não conseguia mais reconhecer ninguém à minha volta. Minha visão estava embaraçada, minhas pernas moles, e meu corpo já não seguia mais os meus comandos. Mas eu estava bem. Com uma interna vontade de rir de qualquer coisa que eu visse.
Eu precisava beijar alguém, decidi quando vi a boca de Niall em algum lugar no corpo de uma garota.
Virei o resto do líquido do meu copo, e joguei-o em qualquer canto. Peguei mais um copo cheio que achei em cima da mesinha da sala, e virei-o também. Talvez eu entrasse em coma alcoólico, mas quem liga?
Comecei a dançar com uns amigos de que estavam ali no meio, e depois de alguns minutos com eles, resolvi que precisava ir ao banheiro.
Subi para o andar de cima, fui ao banheiro, e quando saí fiquei meio perdida porque o corredor estava realmente escuro. Eu ainda precisava achar alguém para beijar.
Foi então que vi um garoto – bom, eu espero que seja um garoto, pensei. – que no escuro se parecia muito com Niall. Talvez eu estivesse mesmo muito bêbada, mas desejei beijá-lo para descobrir se ele se parecia com Niall nesse aspecto também. Eu não estava sendo racional, e sinceramente nem queria ser. Que garota nunca teve uma noite de pegação? Até as melhores já fizeram isso.
Então andei até ele, que andava na minha direção, mas não exatamente para perto de mim, e o puxei pelo colarinho. Eu hesitei um pouco, e se o garoto tivesse namorada? Então, lembrei de Niall agarrando a garota lá embaixo, e algo dentro de mim percebeu que eu não dava a mínima.
Beijei-o. E beijei-o com vontade. E fechei os olhos bem forte, tentando imaginar que aquele era Niall. Por incrível que pareça, não foi difícil como eu pensei que seria. Eu só tive que lembrar daquele beijo no estacionamento do Mc Donald’s e se parecia muito com esse que estava acontecendo agora.
O garoto pareceu gostar do que fazia, o que me fez pensar que ele não tinha uma namorada. E se tivesse, ele era um garoto muito malvado.
Sem desgrudar a boca da dele, dei alguns passos para o lado até achar a maçaneta da despensa que eu sabia que havia naquele corredor. Eu não estava em condições de achar um quarto agora. Além disso, estava bêbada, e na minha cabeça, só estava fazendo aquilo por causa de Niall. Do idiota e babaca do Niall. Queria provar a mim mesma que se ele podia comer todas, eu também podia pegar quem eu quisesse sem ficar me roendo de ciúmes pelos cantos. Eu podia mesmo. E se no dia seguinte fosse me lembrar do que estava prestes a fazer e me arrepender, eu botaria a culpa exclusivamente nele.
Niall arruinara minha vida, eu só estava usando-o como desculpa.
O menino sabia o que fazia, isso eu tenho que admitir. Ele era bom. Suas mãos eram grandes e ágeis, e ele me levantou com uma facilidade logo depois que tranquei a porta da despensa e me sentou em uma das prateleiras não muito altas. O lugar era um cubículo, se eu abrisse os braços podia sentir as estantes dos dois lados, talvez nem bem dois metros quadrados ela tivesse, mas servia.
Não me atrevi a abrir os olhos em nenhum momento, por mais que soubesse que se abrisse eu veria tudo escuro exatamente como se estivesse de olhos fechados. O garoto levou uma das mãos para os meus peitos, e com a outra segurou meus cabelos. Entre um beijo e o outro, sua mão já havia descido para minha coxa, que devia estar coberta pelo vestido que ia até pouco acima do joelho, mas a essa altura estava muito mais para cima.
E entre umas e outras, aquilo realmente aconteceu. Eu não me sentia orgulhosa. Só sentia que de alguma forma apenas cumpri meu dever de provar a mim mesma que eu era melhor do que a garota que passou os últimos meses trancada em casa por causa de um garoto. Durante o ato, o garoto não foi um cara gentil, mas também não fez nada muito desconfortável. Eu só... nunca imaginei que fosse ser assim. Sempre esperei que fosse acontecer com alguém especial, e que fosse ser algo mais romântico, com alguém que eu realmente gostasse. Na verdade, e o que me deixava muito irritada, não era um desconhecido que eu queria ali, era um garoto que eu não podia ter. Mas o álcool me ajudou a esquecer dos detalhes por um tempo.
Até meu nome eu jurei ter ouvido uma vez, mas acho que também foi o álcool. Eu devia estar delirando. Nem o conhecia, ele nem me conhecia e não tinha como saber o meu nome. Esperava não ver essa pessoa nunca mais, seja ele quem for.

Depois que saí da pequena despensa, ainda abaixando meu vestido e colocando-o no devido lugar, desci de novo para o andar de baixo e peguei mais um copo de cerveja. Eu precisava que aquilo se apagasse da minha memória quase que completamente, ou isso me mataria no dia seguinte.

’s POV

- Eu vi um episódio da sua série na TV na semana passada. – Zayn falou, sorrindo e colocando uma mecha do meu cabelo no devido lugar.
Ele estava escorado na parede atrás de si, e eu abraçada nele. Gostava de ficar daquele jeito.
- E o que achou?
- Você realmente manda bem. Gosto da sua personagem, também.
Sorri.
- Obrigada. Charlie é meio louquinha, né?
- Se faz de boa moça... – Ele estreitou os olhos. – Mas sei que tem mais coisa por baixo disso.
Ri.
- Pode apostar.
- Então, você já ouviu nosso álbum novo?
- Eu vi ele na pré venda em uma loja esses dias no shopping, mas achei que seria tão estúpido se eu comprasse quando sou uma das melhores amigas de vocês todos. Eu devia ganhar um!
- Você vai. – ele riu. – Tem um lá em casa, trouxe pra você. Mas você tem que me prometer que vai ouvir com um carinho especial a faixa numero 12, tá?
- O que tem ela?
- É uma das minhas músicas preferidas, eu canto a maioria das partes e simplesmente não consigo não lembrar de você ao ouvi-la.
- E o que ela diz? – sorri.
- Não vou te contar, você vai ter que ouvir.
Fiz bico.
- Não faz essa cara. – pediu.
- Tudo bem.
- Tudo bem?
- Sim. Eu ia te dar um beijo, mas também não vou te dar, você vai ter que viver sem ele.
Ele fez uma careta.
- Eu roubo.
- Uh, me desculpa por esquecer que estou lidando com um badboy, um garoto muito perigoso e que já levou uma arma para o colégio!
- Não fala alto! – ele pediu. – Isso é vergonhoso.
Ri.
- Então canta pra mim um pedaço, vai.
Zayn bufou.
- Tá. Tratante.
Fiz careta e ele apertou mais os braços ao redor da minha cintura, acariciando minha pele por debaixo da blusa nas costas. Olhou para cima por um segundo e depois para mim de novo.
- They don't know about the things we do… They don't know about the I love you's. But I bet you if they only knew, they would just be jealous of us…
Tive que fechar os olhos para curtir enquanto Zayn cantava o refrão da música. Deus, ele tinha uma puta voz. Como é possível que além de perfeito o garoto tenha tantas outras qualidades?
- Você se supera. – falei, antes de dar um beijo leve em sua boca.
Assim que se afastou, ele pegou o celular no bolso, que vibrou. Deu uma breve olhada e sua expressão mudou.
- O que foi?
- Hã... nada.
- Nada? – levantei a sobrancelha. – O que aconteceu, Zayn?
Ele se desencostou da parede.
- Nada, . Não foi nada.
- Como nada? Você mudou de repente. – tentei pegar o celular, mas ele o levantou no ar. – Zayn!
- Eu... é só...
- Deixa eu ver! – pulei e peguei o celular. Antes que ele pudesse tomá-lo de mim, vi uma foto de nós dois nos beijando na área da casa dele na noite anterior e ainda editado na imagem a frase “sendo agora uma das protagonistas da mais nova série adolescente britânica, resolve dar outra chance a Zayn.” A foto estava anexada a uma mensagem que dizia “o que é isso, Zayn?” e o remetente era Simon.
- Zayn, o que...?
- Eu não sei. – ele tinha uma expressão preocupada. – Eu não sei o que vamos fazer.
Pensei por um segundo. Essa história tinha que acabar uma hora ou outra. Precisávamos tomar uma providência.
- Sim, você sabe o que vamos fazer.
Ele me olhou por um segundo.
- Não. – apontou para mim e falou com firmeza. – Não, . Não vamos. Não podemos.
- Zayn, por favor...
- Eu já te perdi uma vez e não quero reviver a sensação, por favor. A gente pode falar com ele. Explicar a situação. Simon vai querer o melhor para mim acima de...
- Zayn, pelo amor de Deus! Simon é um empresário! Ele pode ser um cara legal, mas sua função é cuidar da sua imagem, e ele leva o trabalho a sério! Ele não vai mudar por compaixão.
- Então você sugere que a gente simplesmente desista?
- Não, Zayn. Vamos dar um tempo. Já conversamos sobre isso. Além do mais, você não é o único aqui que precisa ficar solteiro...
- O quê?
Desviei o olhar.
- Nossos produtores querem que eu finja um namoro com Jeremy.
- O quê?! – Voltou a perguntar.
- Ter um casal ternurinha nos bastidores de uma série é sempre bom. É uma jogada de marketing e tanto. Você sabe, Lea Michele e Cory Monteith? Nina Dobrev e Ian Somerhalder?
- , você não vai ficar com aquele babaca! Vai?
- Ele não é babaca. – revirei os olhos. – Não vou. Nós conversamos e decidimos que o casal vai ser formado por outros dois protagonistas.
- Certo. – ele parecia mais tranquilo.
- Então é isso, certo? Podemos dar um tempo. Só até a poeira baixar. Podemos continuar juntos, amigos, como... como e Niall. Não estão juntos, mas continuam saindo com a gente.
- Só porque têm amigos em comum. – ele revirou os olhos.
- Isso mesmo. Temos amigos em comum, sempre vamos estar juntos. E então podemos responder que somos só amigos quando nos perguntarem sem ter medo de mentir.
- Só até a poeira baixar?- ele parecia tentar se convencer.
- Sim.
Zayn pensou por um tempo.
- Tudo bem.
- Certo.
Não era fácil me afastar também. Eu não queria ser a adulta reacional e responsável do relacionamento, mas alguém tinha que ser.
- Você pode...?
Assenti quando ele deu um passo na minha direção, cheguei mais perto e segurei seu rosto, encostando minha boca na dele devagar. Eu sentiria tanta falta disso! Por que as coisas não podiam ser mais fáceis?
Depois de me afastar, cada um de nós deu um passo para trás e fomos em direções contrárias. Isso doía mais do que devia em mim.

Louis’ POV

Tentei não levar nada do que disse a sério porque na verdade ela estava bêbada. Muito bêbada. Mas eu sabia que tudo aquilo tinha um fundo de verdade, do contrário, mesmo estando bêbada ela não me mandaria ir para o inferno.
Então sentei em um banco ao lado do barril de chope e fiquei ali conversando com Zayn por um tempo. As pessoas estavam começando a sair aos poucos, mas ainda estava um pouco cheio. Devia ser pouco mais de quatro horas da manhã. Eu não desgrudava os olhos de porque ela estava bêbada e perdida na sua própria casa, e precisaria de ajuda uma hora ou outra.
Zayn foi para casa quando as primeiras pessoas começaram a sair. Fiquei sentado por mais alguns minutos até que mais pessoas saíssem, e depois de dar tchau a um pequeno grupo de amigos fechou a porta e passou por mim, sem me ver, indo para algum lugar perto da sala de jogos. Mas ela parou por um segundo e colocou a mão na cabeça, e foi quando eu me levantei e fui até ela.
- Tudo bem? – coloquei uma mão nas suas costas.
- Tudo ótimo. – riu fraco. – Eu só estou... eu preciso... – ela continuava de olhos fechados. Duvido até que soubesse que era eu ao seu lado. – Eu só preciso...
Passei um dos seus braços pelo meu pescoço e a segurei pela cintura. Ela largou o peso devagar, e então totalmente, e tive que pegá-la no colo. Passei um braço pelo seu pescoço e o outro por debaixo dos joelhos e a peguei no colo. Ela se segurou no meu pescoço com os braços e escorou a cabeça no meu ombro.
- Só preciso dormir... um pouquinho. – murmurou.
Passei por pelo caminho até as escadas.
- Vou levá-la para o quarto, você finaliza aqui embaixo?
Ela fez que sim com a cabeça, então subi as escadas e fui até seu quarto. Soltei-a na cama e tirei seus sapatos. Estendi o edredom sobre ela, e tirei seu cabelo do rosto antes de me virar, mas ela segurou meu pulso como se fosse seu urso de pelúcia ou algo assim. Me virei de novo para ela.
- Fica... – pediu.
- , sou eu, o Lou. – falei baixinho. “O cara que você não suporta mais”, pensei.
- Eu sei... fica. – sussurrou antes de se virar na cama de costas para mim.
Suspirei. Garota complicada. Eu não ia desobedecer, se era isso que ela queria. Puxei o edredom e deitei ao seu lado, virado de costas para ela. Eu estava com sono também, e não demorei a dormir.

Harry’s POV

Acordei ainda me sentindo um pouco cansado pela noite mal dormida. Sentei na cama e me espreguicei, era tão bom poder acordar mais tarde do que o normal de quando estávamos na estrada.
não estava mais na cama, e isso não era uma novidade. Ela não dormiu a noite toda, duvido que tenha dormido de manhã também. Desde que voltou do hospital era assim, noites longas e mal dormidas. Eu não a culpava. Era delicado passar pelo que ela passou. Pelo que nós passamos.
Levantei, coloquei um casaco, fiz minha higiene e fui para a sala. A TV estava ligada no canal de ciências, como ela gostava, e ela dormia no sofá, com olheiras profundas debaixo dos olhos e a cabeça em cima das mãos. Da cozinha, vinha um cheiro forte de algo queimado e o micro-ondas apitava de um em um minuto por algo que já fora esquentado e não fora pegado.
Fui até lá, e descobri uma torrada tostada na torradeira e uma xícara de chá no micro-ondas. Pelo jeito hoje o sono veio mais tarde, pensei e ri.
Joguei a torrada fora, tirei o chá do micro-ondas e desliguei a TV. Joguei uma manta por cima dela no sofá e fui tomar um banho.
Nossa relação estava um tanto mais silenciosa nos últimos dias. Não de um jeito ruim, é claro que não. Era um tanto mais tranquila. Sem brigas a cada cinco minutos, sem piadinhas de mal gosto ou comentários irônicos. Nós conversávamos um monte, isso é, quando ela não estava retomando o sono que perdeu de noite no meio da tarde.
Saí do box para pegar minha toalha e me assustei com escovando os dentes ali.
- Desculpa. – riu.
- Não te vi entrar.
Ela me alcançou a toalha e a enrolei na cintura.
- Precisamos fazer as malas, você sabe.
Ela assentiu.
- Eu não sei o que levar.
- Lá faz calor.
- Não tenho muitas roupas de calor. – ela passou uma água no rosto e guardou a escova.
- Nós podemos... comprar. – franzi o cenho.
- Você, ir comprar roupas comigo? – ela riu. – Dispenso.
- Me ofendeu! – reclamei indo para o quarto.
- Não foi por querer. – ela veio até mim e me abraçou por trás, dando um beijo em meu rosto.
- Você por acaso já viu como eu me visto bem? Todos os sites me amam! Talvez eu saiba mais de moda do que você.
- Sonha, meu amor. – E com isso recebi um tapa na bunda.
- Então, você quer comprar roupas lá? – perguntei, enquanto me vestia.
- Eu não sei, Harry. Vou ver se as meninas vão ir aqui ou lá, e depois te digo.
- Eu quero opinar no biquíni.
- Você pode opinar, mas vou comprar o que eu quiser. – Riu. – Por que isso?
- Porque não quero que você escolha, sei lá, um biquíni brasileiro ou algo do tipo. – dei de ombros. – Nada que faça os olhos dos caras saltarem das órbitas ou outra coisa saltar.
- Harry!
Ri.
- Eu não vou comprar nada brasileiro. Talvez um chinelo. – ela riu.
- Você me ajuda com a minha? - perguntei, vestindo uma calça de moletom. Deus, quanto tempo fazia que eu não vestia uma calça folgada.
- É claro.
Depois de passar a toalha nos cabelos algumas vezes, peguei uma mala de dentro do closet e soltei em cima da cama, abrindo as portas da minha parte do closet. Joguei algumas peças de verão na cama e depois sentei ao lado dela para ajudá-la a dobrar.
- Por que está tremendo? – perguntei, ao ver que suas mãos tremiam enquanto ela dobrava uma camiseta minha.
- O quê? – ela parecia distante.
- Suas mãos. Estão tremendo.
Ela olhou para as próprias mãos por um tempo.
- Eu não sei.
- Você está bem?
- Ótima. – deu de ombros.
- Mesmo?
- Mesmo. Não sei porque estou tremendo.
Ficamos em silêncio.
- Quanto tempo você dormiu hoje?
- Quarenta e sete minutos. – ela separou as blusas dos calções na mala e colocou um de cada lado.
- ... talvez você devesse...
- Eu estou bem, Harry. De verdade. Não preciso ir em um psicólogo.
- É que você não dorme há alguns dias, e...
- Eu só fico tendo sonhos ruins. – deu de ombros. – Prefiro ficar acordada.
- Mas você tem que dormir.
- Eu sei.
- Então?
Ela se levantou da cama e pegou um envelope de cima da cômoda.
- Chegou pra você hoje de manhã. – me entregou. Era uma carta qualquer de uma fã.
- Você é tão sutil em mudar de assunto. – ri.
- Não tem mais o que falar. Eu estou bem. E só.
Olhei-a enquanto ela fechava a mala.
- Mais tarde eu separo uns sapatos seus, se você quiser. Eu pego coisas como escova e aparelho de barbear porque você vai esquecer. Se quiser levar seus perfumes, pegue uma bolsa pequena, eu não vou levar nada seu na minha bolsa. – me olhou. – O quê? Não me olha desse jeito, Styles.
- De que jeito?
- Do jeito “eu sei o que você está fazendo e quero que pare”.
- Mas eu sei o que está fazendo, e eu quero que pare.
- Eu não estou fazendo nada. – ela retrucou, colocando a mala no chão e vindo até mim. Puxou o colarinho da minha camiseta polo, e me beijou rapidamente antes de descer os beijos pelo meu pescoço. – E quem tem que parar é você.
Fechei os olhos.
- Hum... tudo bem, você quem manda. – murmurei, e a ouvi soltar uma risada abafada, seguida de um “o quão sutil eu fui agora?”. Eu segurei sua cintura e ela me empurrou com as mãos em meu peito até eu deitar na cama. Me deu um beijo suave e quente, mexendo no meu cabelo, e em momentos como esse eu percebia o quanto senti falta dela.
Levantei sua blusa devagar, mas ela parou de me beijar aos poucos e tirou uma das minhas mãos dela. Olhei-a, um tanto confuso. não era de recusar a isso, mas agora seu corpo parecia um pouco rígido.
- Tudo bem?
Ela sentou ao meu lado. Pigarreou e abaixou a camiseta.
- Tudo. Hum, vamos pedir comida? – se levantou e foi para a sala. Ouvi os botões do telefone serem discados. – Chinesa, ou pizza? – gritou.
Eu ainda estava me recuperando da recusa que levei, então só gritei um “você escolhe”.
Era estranho, porque se eu bem a conhecia, ela sentia falta disso tanto quanto eu. Quantos meses fazia que estávamos sem sexo? Era simplesmente estranho ela ter recusado, e me senti mal.

’s POV

- Outch! – ouvi alguém reclamar de dor perto de mim. Abri os olhos, assustada com a possibilidade de alguém na minha cama comigo. Droga, eu não posso ter bebido tanto assim.
Sentei na cama devagar, com medo do meu cérebro explodir. Eu podia sentir ele latejando. Olhei para onde veio o som, e não achei ninguém. Mas me deitei na cama e espiei para o chão onde vi Louis se levantando devagar e passando a mão na cabeça.
- Louis?
- Oi... ai. – ele reclamou.
- O... – o que ele estava fazendo no meu quarto? Meu Deus, me diz que eu não fiz isso. – O que... você... está fazendo aí?
- Você me chutou. – fez careta.
Bom, pelo menos isso.
- Nós... a gente...
- Se a gente transou? Não. Você estava tão bêbada que não conseguiria nem achar a minha boca.
Bufei. Esperava que ele estivesse falando a verdade, mas Louis não parecia o tipo de cara que mentiria para mim.
- Por que está aqui? – perguntei, deitando no meu travesseiro e fechando os olhos, massageando minhas têmporas.
- Porque você pediu.
Abri os olhos e olhei-o de soslaio.
- O quê?
- Você pediu que eu ficasse. – ele deitou de novo ao meu lado e encarou o teto. – Depois de...
- De o quê?!
Ele suspirou.
- Nada.
- Nada?! Me fala! – pedi, urgente.
- De uma discussão idiota lá embaixo.
- Ah...
- Escuta, , agora que você está sóbria... preciso saber o que está acontecendo entre nós.
-E tem algo acontecendo entre nós? - levantei uma sobrancelha.
- Deve ter. Você me ignora e é rude comigo e as coisas não são mais como antes, só pode ter algum motivo para isso. E eu quero saber qual é.
Respirei fundo. Se tinha uma coisa da qual eu me orgulhava de mim mesma, era minha facilidade em ser direta.
- Escuta, Louis. Eu não sou a garota que você acha que sou. Eu sou uma ótima amiga, e te apoiaria em tudo. Mas acontece que desde que me conhece, você só viu a pior parte de mim. A parte vulnerável, tola e apaixonada. Por você. – olhei-o e quando ele olhou também, desviei o olhar para o teto. Ainda não era seguro olhar em seus olhos azuis. – Mas isso não importa. Você é Louis Tomlinson, eu sou só uma garota, e mesmo que acontecesse algo a mais do que alguns beijos escondidos em uma cabine de fotos, nossos amigos já estão muito enrolados. Não precisamos nos enrolar também. Uma boa parte de você ainda pertence à Eleanor e eu só não podia aguentar mais isso. Então, eu desencanei. Deixei de lado, esqueci. Eu não sou do tipo de garota que me apega a alguém e morre de amores. Quando vejo que não vai pra frente, eu desisto. Procuro algo melhor. Você só foi uma breve exceção. – respirei fundo de novo, agora mais decidida. – E estou seguindo em frente. Conhecendo novas pessoas e voltando a ser quem eu sempre fui. Eu não sou uma pessoa fácil de entender. As pessoas geralmente não me entendem, apenas me acompanham e seja o que Deus quiser. Nem eu me entendo. – dei de ombros, falando mais comigo mesma, agora.
Depois de um enorme silêncio onde não consegui fazer nada além de encarar o teto e esperar sua reação, ele se levantou da cama, passou as mãos nos cabelos, e foi para a porta.
- Me desculpa por... – parou subitamente no meio da frase. – Me desculpa por... – tentou de novo, mas nada saiu. Ele balançou a cabeça negativamente, abriu a porta e saiu. Antes de fechá-la, falou mais baixo: - Por não conseguir ser quem você queria que eu fosse.
A porta se fechou, e me deixou sozinha no quarto. Pensei, e pensei mais um pouco, e mais ainda, e decidi que era assim que tinha que ser. Eu tinha orgulho de ser a garota que fecha o coração quando há alerta de paixão eminente. Minhas amigas eram a prova viva de que gostar demais de alguém pode ser destruidor.

’s POV

Sentei-me com cuidado. Dormi em um dos quartos de hospedes de , e não lembro como fui parar ali. Eu não lembrava de nada da noite passada, na verdade, mas algo me dizia que seria melhor não pensar nisso.
Fiz minha higiene e fiz um coque improvisado no cabelo que estava uma bagunça. Saí do quarto de pés descalços mesmo, porque meus pés doíam demais para eu botar meus saltos e eu só queria uma boa xícara de café.
Desci as escadas devagar, alguém conversava baixinho na cozinha, mas fora isso estava tudo silencioso, tirando o barulho alto da chuva batendo no chão lá fora.
- Eu não lembro de quase nada da noite passada...
Parei pouco antes da porta da cozinha quando ouvi isso. Era a voz de Niall, claramente.
- Só que peguei uma gostosa na despensa lá de cima. – ele riu.
- Quem?
- Sei lá, eu não vi a cara dela. Mas era boa pra caralho.
- Eu nem te reconheço mais, Niall. – Louis soltou uma risada com um pouquinho de desaprovação.
E foi nesse momento que tudo me atingiu, como um tapa na cara. Eu não só fui uma vadia repulsiva e burra como também fui idiota e inocente. Eu percebi, com um choque, que fora exatamente tudo que eu sempre detestei em uma pessoa, fui exatamente igual às outras várias meninas que Niall comeu e tudo isso em uma noite só. Eu me senti atordoada, envergonhada e com nojo de mim mesma. Não conseguia acreditar que fiz aquilo. Eu fui o tipo de pessoa mais filha da puta que existe, e fui assim com Niall. E ele me tratou como qualquer outra garota que ele já comeu, porque era isso que eu era e eu não merecia nada mais do que isso.
Não consegui me conter, e voltei para o quarto em silêncio. Tranquei a porta e sentei no carpete, escorada nos pés da cama atrás de mim, escondi o rosto nos joelhos e abracei minhas pernas. Eu só queria sumir. Tinha raiva da idiota que eu era, que só sabia fazer tudo errado sempre. Eu merecia tudo de mal que acontecia comigo, porque agia de um jeito péssimo. Eu não sabia ser uma pessoa decente. Não sabia nem decidir o rumo da minha própria vida.
Não sei por quanto tempo fiquei daquele jeito, absorvendo todas as informações do que eu descobrira mais cedo enquanto ouvia a casa ganhando vida e o resto das pessoas acordando lá fora. Decidi que, por pior que eu tenha sido, ninguém mais podia saber. Ninguém nunca me levaria a sério se soubesse a merda que fiz.
Maldita hora em que fui beber para parar de pensar em Niall. Era tudo culpa dele. Culpa dele ser tão irresistível, e culpa dele me deixar tão confusa só por chegar perto, e era culpa dele me fazer esquecer de como agir como uma garota, e era culpa dele me fazer agir como uma criancinha que não tem responsabilidade sobre os próprios atos. Era tudo culpa dele.







Qualquer erro nessa fanfic e reclamações somente no e-mail.






comments powered by Disqus