História por Roby e Mah | Revisão por Taaci


Comida. Ah, saborosa e deliciosa comida. Há quanto tempo não a temos por aqui. Finalmente, Martha conseguiu um pouco de carne para nós, fico feliz em saber que ainda existe comida por aí, achei que, provavelmente, eles já teriam acabado com ela, mas vejo que não. Peguei meu pedaço, me sentei próxima à janela e passei a observar a chuva caindo nos restos daquela cidade totalmente destruída.
Incrível, mesmo depois de tantos anos, ainda me lembro daquele dia perfeitamente: 21 de dezembro de 2012, o tão falado fim do mundo. Muitas pessoas achavam que tudo acabaria devido a grandes furacões, terremotos e tsunamis, mas não foi assim, quem dera tivesse sido! Eu preferia que tivesse sido! Antes eu tivesse morrido junto com meus amigos, ao saber que fui eu quem os matou!
Tudo começou com somente alguns doentes, mas não demorou muito para se tornar uma epidemia! Muitas pessoas estavam com os mesmos sintomas de uma doença ainda não conhecida. Fraqueza, tosses, eram alguns dos sintomas mais comuns.
Passaram meses e meses sem saber que possuíam essa doença, que não podia ser diagnosticada por nada, e somente no dia 21, passaram a saber dela, mas já era tarde demais. Os cientistas chamavam a doença de C23, outras pessoas chamavam de “Doença sem cura”, mas nós, sobreviventes, preferimos chamar de epidemia do fim do mundo, ou só epidemia mesmo.
Todos os infectados começaram, lentamente, a morrer. Tossiam sangue, perdiam os sentidos até que seus corações dessem suas ultimas batidas. Muitas dessas pessoas contaminadas morreram de verdade, mas outras não. Falando assim, parece complicado, mas, na verdade, não é. É bem simples... A Doença tem, na realidade, dois possíveis resultados: morte ou paranoia.
Todos tinham os mesmos sintomas, por isso era difícil dizer quem enlouqueceria e quem morreria de verdade. Só se sabia depois da morte, na realidade. Alguns permaneciam mortos, mas outros, simplesmente, faziam seus corações voltarem a bater, e acordavam novamente, completa e totalmente paranoicos! Só queriam saber de matar, matar a todos, matar a família, matar os amigos, matar quem fosse! As pessoas que não conseguiram se proteger dos infectados morreram, e, quem conseguiu, se refugiou num prédio exilado, onde até hoje estamos.
- Quantos infectados temos lá em baixo, Jonnathan? – perguntei, séria, sentindo minha cabeça latejar.
- 9 até agora. Martha já estava indo se livrar deles, não se preocupe, ! – ele me respondeu, sorrindo. Isso era o que eu mais admirava em Jonnathan, sua capacidade de ter calma mesmo nos piores momentos.
- Obrigada, Jonnathan – disse, simplesmente, me voltando para a janela.
Alguns pensam que foi fácil para mim, escapar desse novo mundo cruel e assassino. Mas não foi, a não ser que, ter de matar sua família inteira, seja algo fácil de fazer. Esse foi o meu preço, por não ter sido infectada. E, Céus, até hoje eu me pergunto por que diabos eu não fui!
Eu tinha apenas 16 anos na época, estava em casa quando minha mãe e meu pai adoeceram junto com minha irmã mais nova, . Eu cuidei deles por três dias, até que, de repente, seus corações pararam de bater.
- Mãe? Pai? ? Por favor, falem comigo! Mãe! Mãe! Pai, por favor, pai... , você que sempre foi tão empenhada em tudo... Volta, , por favor, maninha, volta pra mim!
O que eu estava sentindo naquele momento era inexplicável, meu coração batia rápido e eu chorava como um bebê, até que, como num passe de mágica, minha mãe abriu os olhos, me encarando. Eu havia ficado tão feliz, me aproximei tocando seu rosto, inocentemente, sem saber o que havia acontecido. E então as mãos de minha mãe tocaram meus rosto, frias como gelo e passaram a tentar virá-lo com força. Ela queria quebrar meu pescoço, ela queria me matar.
- Mãe, para, mãe! O que você tá fazendo? Me solta!
Eu gritava em desespero. Soltei as mãos de minha mãe e corri pra longe do quarto, indo em direção à sala, mas logo ela me alcançou. Lembro que ela queria, com todas as suas forças, me machucar, ela me batia, me arranhava. Enquanto eu tentava ao máximo acalmá-la e fazê-la voltar ao normal. Ela correu atrás de mim e eu desviei por cima do sofá, indo em direção à cozinha, mas lá ela novamente me alcançou, puxou um de meus braços, fazendo de tudo para quebrá-lo. Naquele momento, a única coisa que consegui avistar foi uma faca daquelas de cortar carne, e foi exatamente o que peguei. Em um único golpe, cortei a garganta de minha mãe, fazendo-a cair no chão e morrer, dessa vez, de verdade.
Eu não podia acreditar no que havia acabado de fazer, eu matei minha mãe, a mulher que cuidou de mim por tantos anos. Minhas lágrimas não paravam de cair, ouvi um barulho vindo de onde os corpos de meu pai e de minha irmã estavam e, no caminho para ver o que estava acontecendo, dei de cara com meu pai, que, infelizmente, estava no mesmo estado que minha mãe segundos atrás. Eu sabia que ele queria me matar também. Enfiei a faca em seu coração, pedindo desculpas em seu ouvido e me sentei do chão, conforme seu corpo morto foi caindo. Joguei aquela faca longe pela janela, me sentia suja, a única coisa que conseguia fazer era chorar... E rezar.
Rezei, pedi a Deus, seja lá no que eu acreditava, com todas as minhas forças, pedi perdão por ter matado meus pais, e pedi, por tudo que fosse mais sagrado, que eu não tivesse que repetir isso com minha irmãzinha, com ela não, ela era tão pequena! Porém, como muitos dizem, o mundo dos infectados não é um mundo de Deus. Vi aquela pequena sombra de uma garotinha com um vestido saindo do quarto. Não, eu não poderia matá-la. Fui até a cozinha novamente, na esperança de sair pela porta dos fundos, mas estava trancada, a chave estava na sala. Já era tarde demais para ir até lá, estava na porta da cozinha, vindo em minha direção, pronta para me atacar. Procurei por algo para me defender (muito inteligente da minha parte, como sempre, ter jogado a ÚNICA faca grande pela janela. Muito bem, , muito bem!), havia uma frigideira na pia e eu simplesmente a peguei e a bati com força contra seu delicado rosto de criança, quebrando seu fino pescoço e a matando de uma única vez!
- Ai... – sibilei, sentindo meu coração se apertar de um modo realmente dolorido. Minhas pernas formigavam e meus olhos ardiam, merda, o que esta acontecendo comigo agora? Sintomas do esforço nas batalhas, talvez? Fome? Não sei. Sinceramente, minha cabeça doía tanto que eu nem ao menos conseguia pensar! Voltei a olhar pela janela. Ah, tão encantadora América, ninguém imaginaria que algum dia você fosse ficar assim! Aliás, ninguém nunca imaginou que o mundo ficaria assim, em pedaços, ruínas! 32 sobreviventes no mundo inteiro, somente 32! 32 que se refugiaram aqui, em uma cidade pequena e esquecida dos Estados unidos.
Três espanhóis (Carlos, Gizella e Antonia), cinco americanos (Martha, Lindsay, Logan, Zac e eu), um australiano (Jonathan), três russos (Anastasia, Ivan e Dominique), três Japoneses (Yumi, Usui, Koji), uma chinesa (Mei), quatro brasileiros (Ana, Gabriela, Beatriz e Bruno), dois cubanos (Juan e Santiago), dois britânicos (Harry e Kateh), três indianos (Haji, Amit e Jade), um grego (Diego), um argentino (Jorge), duas francesas (Claire e Janine) e, por fim, uma saudita (Talibah). Nós nos comunicamos somente pelo motivo de todos aqui saberem o inglês, se não fosse isso, sinceramente, eu não saberia o que poderia ter acontecido entre nós e como teríamos sobrevivido esses cinco anos!
Mais uma batida forte, meu coração, ai... Minha garganta começou a doer, parece que há algo dentro dela! Eu me forço para tossir, mas logo já não é mais preciso, estou tossindo sem parar, coloco a mão na boca, tentando abafar a tosse alta, e, quando olho minha mão novamente, meus olhos se arregalam automaticamente, minha respiração para por alguns segundos e então eu, simplesmente, entro em um tipo de choque.
Sangue... Tem sangue na minha mão!
Merda, merda, merda, ! Como você não percebeu isso antes?
Me levantei, deixando que meu prato caísse no chão e se quebrasse, e corri, juntando todas as forças de meu corpo e tentei pegar a faca que estava depositada em cima da mesa, a mesma faca usada para cortar meu pedaço de carne mais cedo. Mas, quando estiquei meu braço para poder alcançá-la, senti meu ombro praticamente dilatar, e minhas pernas fraquejarem. Caí no chão e bati com força a cabeça. Merda... Eu não sinto meu corpo, eu não consigo mais mexê-lo.
- , o que aconteceu? - ouvi a voz de Jon soar.
- Jonnathan... - disse num fio de voz, me forçando ao máximo - Me mate.
Seus olhos se arregalaram, sua boca caiu.
- O quê? O que está dizendo? , não posso, não vou!
- Jonnathan, por favor. Me. Mate. Agora! – pedi, tossindo novamente.
- Não. Eu não...
- O que está acontecendo aqui? - ouvi a voz de Talibah perguntar.
- Ela está bem, Jonnathan? – perguntou, parecendo preocupada...
Ai, meu coração! Tentei gritar para que algum deles pegasse logo a droga da faca e a fincasse em meu coração de uma vez por todas, mas minha voz simplesmente não saía.
- Ela está... Ela está... - Bruno tentava dizer, paralisado perto de mim.
- Infectada – a voz de Martha soou ao longe.
Foi então que meu coração bateu forte, forte demais, doeu, doeu muito, meus olhos paralisaram no teto, as vozes ficaram confusas, a visão embaçou, minha garganta ardia, eu tentava gritar, tentava mandá-los me matar, tentava me manter consciente, mas era impossível, as batidas de meu coração eram a única coisa clara que eu podia ouvir naquele momento, até que elas, finalmente, pararam e eu me vi na escuridão.

's POV: OFF

- Sem pulso - Koji disse, soltando o braço de e o colocando no chão ao lado do corpo sem vida da garota.
- Ela pediu para que eu a matasse. Eu... eu não podia, eu não podia! - Jonnathan repetia sem parar!
- Tudo bem, Jonnathan, não fique assim! - Yumi o consolava.
- você tem que parar de consolá-lo, Yumi, ele tem que aprender que, nesse mundo que estamos vivendo, não há tempo para sentimentos. Isso vale para todos aqui, vocês deveriam tê-la matado, entendam que ela morreria de qualquer jeito, só estaríamos nos prevenindo que ela voltasse. Quando vão finalmente aprender isso? - Martha disse, séria, encostada na porta.
- Eu concordo com Martha, vocês deviam tê-la matado, mesmo sendo a , ela estava infectada, era o dever de vocês tê-la matado! - Beatriz os olhava, friamente - Covardes, parem de ser covardes! Da próxima vez, matem, matem sem piedade, sem misericórdia, simplesmente matem! Não importa se são seus amigos, familiares, isso não importa mais. Vocês fizeram errado em não obedecê-la, fizeram errado em não terem tido coragem para matá-la.
- Bia tem toda razão... - Uma voz fraca soou. A atenção de todos foi lançada para onde o corpo de descansava e seus olhos se arregalaram no mesmo momento. - Vocês deviam ter me obedecido, deviam ter me matado, mas não o fizeram. E, agora, quem vai matá-los sou eu! - Um sorriso cruel e completamente paranoico surgiu nos lábios da garota.

"As coisas nunca são do jeito que você espera, elas são do jeito que devem ser"


FIM


Nota da autora: Olá lindonas, tudo bem? Primeiramente MUITO obrigada por ter lido essa fic! E se você gostou ou já leu outra fic nossa, agora criamos um grupo no facebook \o/ o link está aqui ( https://www.facebook.com/groups/624756710986861/?fref=ts ) caso vocês queiram participar para conhecer as outras fictions ou mandar dicas e sugestoes <3 Beijos da Roby e da Mah
Nota da Beta e não da Autora: Encontrou algum erro de script/html/português? Avise-me através deste e-mail. Não use a caixa de comentário com essa intenção. Obrigada.
Agradecimentos sobre a fiction? Somente com a autora!

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