Escrita por: Cher Louise
Betada por: Teesh




Algumas vezes nos relacionamentos, as pessoas se acomodam e se esquecem de que podem ser substituídos em um minuto, então, agora é a oportunidade de imaginar quem quer te prender bem longe e dar mais paz à sua mente.

Sexta-feira, 11 de setembro, 05h02am.
Eu perdi as contas de quantas vezes seguidas naquela semana Samuel chegava em casa quando o dia já estava quase amanhecendo. Eu estava farta de ser feita de otária por ele. Há semanas que eu venho buscando qualquer coisa que explicasse isso, porque com certeza essa história de ficar trabalhando até tarde era só mais uma desculpa. Sam não gostava de trabalhar por horas seguidas, nunca gostou, por que disso agora?
- Amor? Ainda tá acordada? – ouvir sua voz afastou qualquer vestígio de sono que persistia em mim. Virei-me para a porta, observando Sam passar por ela.
- Tô sim – me levantei do sofá – Muito mais tarde que normal, não é?
- Amor – ele suspirou, sentando-se no sofá para tirar seu sapato – Eu já te expliquei, é meu trabalho. O que eu posso fazer se tenho que ficar lá até essa hora? Não posso ficar sem emprego.
- O engraçado é que liguei tantas vezes e ninguém atendeu. Você disse que nunca fica lá sozinho, quase todos têm que trabalhar até mais tarde - cruzei os braços. Ele voltou sua atenção para a blusa social que desabotoava.
- Talvez seja por que a empresa é enorme e só tinham quatro pessoas trabalhando ali – Sam explicou. Eu ri, ele realmente me achava uma tola.
- E quem estava trabalhando lá mesmo?
- Eu já te disse amor, eu, o Dean, a Abigail e a Bethany.
Sam levantou-se, deixando o sapato e a gravata em cima da bancada e, tirando sua blusa, seguiu para o quarto.
- Os sapatos e a gravata, Samuel – avisei, passando por ele e entrando no quarto.
- Ah, foi, mal – ele voltou para a sala, pegou o que eu disse e veio para o quarto onde eu já me encontrava deitada – Sabe que mais tarde tem a festa da empresa, não é?
- Sei – murmurei, me virando para o lado oposto de onde ele estava.
- Já escolheu o vestido? – senti o colchão da cama afundar com o peso, indicando que ele tinha se sentado ali.
- Já – respondi seca. Senti Samuel beijar meu pescoço que estava descoberto e me encolhi afastando-me dele – Eu tô cansada e você também deve estar, afinal, trabalhou a noite toda, não foi?
- Trabalhei, amor – ele suspirou, cansado – Pedi para Beth escolher um vestido pra você, acho que mais tarde entregam ele aqui. Se não gostar, usa o que você escolheu.
- Beth? – ri amarga. Me virei para ele e arqueei a sobrancelha. Samuel nunca, em todos esses anos, tratou nenhuma das secretárias ou colegas de trabalho por apelido. Abigail era a única que ele se deixava ter algum tipo de intimidade, por ser casada com seu melhor amigo e por ser minha amiga.
- Bethany – ele corrigiu, mudando sua expressão, dando uma impressão de que ficara nervoso – Você sabe, minha nova secretária. Eu te falei.
- É, você falou. Não se preocupe com o que visto.
- Mas eu acho que você vai gostar. Ele é lindo, amor, sua cara.
- Eu acho que não, pelo que me disseram essa nova secretária é bem vulgar, agora me deixe dormir, sim? – murmurei, cortando aquele assunto. Ele apenas concordou e foi, para o banheiro.
Quando ouvi a porta do banheiro fechar, deixei que as lágrimas escorressem livremente pelos meus olhos. Não me permiti fazer nenhum barulho que acusasse minha atitude, apenas deixei que meus olhos fossem limpos até que eu pegasse no sono, mais decidida do que nunca a por um ponto final naquilo.
Nunca acordei tão seca na minha vida. Sim, minha decisão continuava e mais forte do que nunca. Eu ia tirar o Samuel daquela casa com uma mão na frente e outra atrás e ninguém iria me fazer mudar de ideia. Me levantei e fui para o banheiro do andar de baixo, fazendo o menor barulho possível. Levei junto comigo as roupas que eu usaria para me vestir e minha bolsa pronta. Após me trocar e fazer todas as minhas higienes, escrevi um bilhete para Sam dizendo: 'Eu saí logo cedo e só volto algumas horas antes da festa, peça almoço – '. Peguei meu celular e liguei para Abigail, queria apenas confirmar com ela, mesmo tendo todas as informações que eu preciso em mãos.
- Atende, atende... Vamos, Abby – eu murmurava na esperança dela atender.
- Alô? – escutei sua voz rouca e preguiçosa, que me trouxe um alívio, ela sempre me atendia.
- Abigail? É a – informei – Desculpa estar te ligando a essa hora da manhã no seu dia de folga, mas eu não vou sossegar enquanto eu não resolver isso.
- Oi, , não tem problema. Aconteceu alguma coisa? – minha amiga perguntou e eu suspirei.
- Sim, aconteceu. Abby, eu preciso que você seja sincera comigo, não falarei que você me confirmou, mas se você não confirmar eu vou ter que ir atrás – comuniquei e ouvi um suspiro como resposta. Ela sabia do que eu falava e aquilo me bastou.
- Pode perguntar, .
- Você já sabe, não é? Por que você não me disse? – perguntei, furiosa. Abby não chegou a me dizer com todas as palavras, mas suas dicas e insinuações eram inconfundíveis, eu que fui a otária – Quer dizer, desculpe. Eu entendo. Você não queria trair o Dean desse jeito.
- Ele ficaria muito bravo, todos nós sabemos como você é explosiva – ela sussurrava, provavelmente estava na mesma cama que Dean.
- Dean está aí? – perguntei.
- Está na sala, acordou cedo também – ouvi o barulho de uma porta sendo fechada – Me tranquei no quarto, pode ficar tranquila.
- Obrigada – suspirei – Eu não sei o que fazer Abigail.
- Você sabe o que fazer, mas você não quer.
- Não nasci pra ser feita de trouxa – bufei – É a tal Bethany, não é?
- É sim – ela confirmou – Já faz algum tempo, eu queria ter te contado, mas ele não chegou a me falar. Dean que sabia.
- É verdade que vocês estavam trabalhando até cinco da manhã quase todos os dias ou era mais uma das mentiras?
- Não é verdade – aquilo foi, como um murro na minha barriga – Ficávamos até no máximo umas duas, eu e Dean íamos embora e eles dois ficavam.
- Não acredito... – suspirei, minha voz saiu mais fraca do que eu esperava – Vou acabar com a vida dele.
- , pense bem. Eu tenho certeza que o Sam te ama, essa Bethany é uma cobra – Abby tentava amenizar – É isso que ela quer, converse com ele e dê um basta nisso.
- Vou dar um basta disso – afirmei, decidida – Hoje mesmo. Você vai à tal festa da empresa?
- Vou.
- Ótimo. Então nos vemos lá, obrigada, Abby – disse, desligando o celular em seguida, sem esperar por uma resposta dela.
Fui até meu banheiro apressada e tomei um banho bem rápido, me troquei e arrumei minha bolsa, colocando tudo que eu precisaria. Peguei a chave do meu carro e meu celular e saí dali o mais rápido que pude, evitei até usar o banheiro do quarto para que eu não fizesse zoada e o acordasse. Segui até o SPA que eu tinha costume de ir ao longo da semana, principalmente ultimamente, que eu vivia aos nervos.
- Bom dia, posso ajudá-la? – a atendente perguntou assim que me aproximei do balcão da recepção. Tirei meus óculos de sol para que ela pudesse me reconhecer.
- Michel está?
- Srta. ! – ela me reconheceu das várias vezes que apareci nesse lugar - A senhora tem hora marcada?
- Não. O Michel está? – repeti a pergunta.
- Está, mas ele disse que hoje só atenderia quem tem hora marcada com ele – ela respondia nervosa, folheando o caderno onde anotavam as clientes marcadas. - Não me importa. Em que sala ele está?
- Desculpe, Srta. , mas não posso te dar essa informação – ela gaguejava.
- Ah, me poupe – bufei – Chame o Michel, o Christian, qualquer um deles aqui. Por favor, Marie, é um assunto sério.
- Algum problema? – Christian saiu de sua sala e logo me avistou – O que foi, ?
- Ah, Chris – suspirei aliviada. Peguei meus óculos e minha bolsa, que eu tinha colocado em cima do balcão, e segui para sua sala encontrando com Michel lá – Preciso de ajuda.
- O que foi? – Chris fechou a porta atrás de si e pediu para que eu sentasse.
- O Samuel está com outra – me apressei em dizer recebendo dois pares de olhos espantados como resposta.
- Choquei – Michel murmurou – E do que você precisa? Quer destruir o bofe ou a baranga?
- Os dois. Quero colocar o Samuel pra fora daquela casa com uma mão na frente e outra atrás – revirei os olhos e continuei – Tem uma festa da empresa hoje, Sam disse que pediu para ela escolher um vestido pra mim, acreditam nisso?
- Que ousado! – exclamou Christian.
- Um canalha, isso sim – eu disse, furiosa – Pedir para a outra escolher um vestido para corna é ridículo, eu não me submeteria a isso nunca, se eu fosse ela.
- Ela deve ter escolhido um vestido horrível pra você aparecer lá vulgar – Michel concluiu – Nem ouse aceitar.
- Eu já disse para o Sam que tinha escolhido um vestido, não vou aceitar – expliquei o óbvio – Vim aqui não só para desabafar, mas preciso da ajuda de vocês – mordi o lábio inferior.
- Não precisa nem pedir, é claro que vamos te ajudar! – Michel se apressou em responder, se levantando e me puxando para que eu me levantasse também – Você vai fazer não só o Samuel, mas todos os homens daquela festa quererem estar na cama com você – ele falava com um sorriso maldoso enquanto segurava minha mão.
- E não só a puta master como todas as outras quererem ser você – Chris completou, segurando minha outra mão sorrindo da mesma forma que seu companheiro. Eu sorri, mas meu sorriso não era maldoso, era agradecido. Eu tinha os melhores amigos do mundo.
Passei o dia naquele SPA, eu na verdade não tinha comprado vestido algum para essa festa por que nem me lembrava de que ela seria naquela sexta, pensei que fosse na outra, mas meus amigos se encarregaram de mandar alguém com um bom gosto comprar um vestido para mim, um alívio. Fiz tratamento de pele e relaxei a tarde toda, queria estar com meu maior bom humor naquela noite. Michel e Christian cuidaram da minha maquiagem e do meu cabelo. No meio de tudo aquilo, é claro, Sam me ligou querendo passar a imagem de preocupado.
- Oi? – o atendi.
- Amor? Onde você tá? – ele perguntou enquanto de boca cheia.
- Tô com uns amigos – respondi, olhando para meus dois melhores amigos que sorriram concordando com aquela atitude.
- Amigos? Que amigos? – sua voz ficou mais grave e sua boca já não estava mais cheia.
- Uns amigos – revirei os olhos, impaciente – O que você quer? Eu não vou voltar tão cedo, vou ao salão ainda. Almoça fora ou pede alguma coisa pra comer.
- Uns amigos, é? – ele riu amargo – Não precisa, vou ver se alguma amiga minha fez almoço ou quer companhia.
- Bom apetite, amor – respondi fria, destacando e recheando com ironia a última palavra. Desliguei o telefone e respirei fundo, procurando pela calma.
Eu acho que fazia tempos que eu não me divertia tanto como naquela tarde. Estar na companhia dos dois melhores amigos, que inclusive são gays bem abichados, era com certeza a melhor coisa. Michel me conhece desde que nasci, inclusive, eu que dei o seu primeiro beijo que foi, a certeza de que a fruta dele não era aquela. Conheci Christian alguns anos depois, quando eles começaram a se relacionar e resolveram abrir um SPA, no qual eu ia sempre que podia, por que com certeza era o melhor SPA daquela cidade. Depois que me casei com Sam, minhas saídas com eles diminuíram. Eu não podia mais ir dormir na casa deles e muito menos eles na minha, Sam era totalmente preconceituoso com eles e com minhas amizades, acho que a única que era do gosto dele seria Abigail por ser casada com o seu melhor amigo. Eu sei, que mulher que se submete a deixar que o marido a controle tanto assim? Uma mulher apaixonada, talvez. Ou até mesmo uma mulher insegura, que não se acha pronta para ficar sozinha, que era o meu caso até hoje. A partir de hoje eu iria finalmente viver. Minha sessão do SPA acabou umas seis e vinte da noite, mais ou menos, e tinha sido com certeza a melhor. Nós pedimos comida chinesa e jantamos planejando minha noite e como eu faria a tal Bethany passar vergonha junto ao meu querido Samuel.
- Ainda voto pra que você meta a porrada naquela baranga – Christian repetiu mais uma vez sua bela sugestão.
- Ela não vai descer o nível dela, né, amorzinho – Michel o respondeu novamente – Acaba com ela nas palavras mesmo, , sem descer do salto.
- Eu nem sei como vou fazer – disse com a boca cheia – Depende de toda a situação lá, mas com certeza, de hoje não passa.
- Me liga pra me contar tudo amanhã, ok? – o moreno disse, puxando o batom que eu usara – Faz bico, vou retocar.
Fiz o que ele pediu e ele deu os últimos retoques para finalizar. Michel e Chris me acompanharam até o carro carregando meu vestido e minha bolsa, colocaram tudo no banco de trás enquanto eu entrava no banco do motorista e ligava o carro.
- Obrigada, meninos – sorri agradecida – Vocês são os melhores.
- Não tem o que agradecer , para com isso – Michel sorriu docemente e se aproximou, beijando minha cabeça. Chris repetiu seu gesto – Arrasa.
- Eu vou – fiz cara de convencida e acelerei o carro, buzinando para eles.

Sexta-feira, 11 de setembro, 20h07pm.
Eu tinha terminado de vestir meu vestido e colocar meus acessórios, enquanto calçava meu salto, Sam apareceu no quarto já todo pronto, só com a gravata na mão.
- Amor – ele chamou e, quando o olhei, me mostrou a gravata –, pode?
- Posso.
- Você tá tão linda – Sam elogiou. "E você não dá o valor que eu mereço", pensei – Tenho muita sorte.
- Muita – fiquei de costas pra ele e procurei pela minha bolsa – Vai agora ou vai esperar o Dean?
- Vou esperar, ele tá vindo já.
- Tá bem, vou esperar na sala.
- Espera – ele segurou meu pulso e eu voltei a olhar pra ele – O que aconteceu?
- Como? – me fiz de desentendida.
- Há dias você tá fria e esquisita comigo. Mal fala, só responde com o mínimo possível e evita ficar nos mesmos cômodos que eu. O que houve?
- Não houve nada. Acho que só me acostumei a não ter meu marido dentro de casa comigo, sabe? Dormi tanto sozinha. Acordei tanto sozinha. Passo meus dias sozinha, me acostumei – esbocei um sorriso e me virei, descendo para sala.
- ... – ele murmurou, me acompanhando – Eu sei que não ando muito presente há uns dias, mas é o meu trabalho, você tem que entender.
- Dias? – eu ri – Dias, Samuel? Isso tem meses, me poupe... Olha, eu não quero brigar. É uma noite importante hoje, vamos deixar pra conversar sobre isso outra hora, pode ser? – engoli tudo o que eu queria falar e perguntei. Ele negou com a cabeça e quando ia argumentar a campainha tocou. Salva pelo gongo – Eu atendo.
Fui até a porta e a abri sem olhar no olho mágico mesmo, sabia que eram Dean e Abigail. Dei espaço para que eles entrassem, sem ao menos olhá-los.
- Oi, . – Dean cumprimentou, beijando minha bochecha ao passar por mim – Sam, vamos logo, deixa de ser moça.
- Oi, Dean – o respondi, sorrindo para Abby que apenas me lançou uma olhar triste – O Samuel está pronto, Dean, pode ficar tranquilo.
- Lembrando que a moça que sempre demora é você, Dean – Sam se pôs na sala com um sorriso no rosto – E aí, vamos?
Todos concordaram e fomos até os carros. Dean e Sam brigavam para decidir se iam em um carro só ou se cada um ia no seu, eu e Abby nos metemos e acabamos decidindo por cada um ir no seu. A casa deles ficava para o outro lado, seria uma contra mão voltar aqui pra pegar o carro. O caminho da nossa casa até a festa só não foi mais silencioso porque Sam deixara o rádio ligado. Ele não forçou nenhum tipo de conversa ou tentou puxar algum assunto. Logo chegamos à tal festa, Sam rodou um pouco para achar vaga pro carro já que tinham muito mais carros que o esperado ali. Depois de um tempinho rodando quando voltamos ao inicio um carro tinha saído e dado lugar para que Sam estacionasse. Desci do carro sem esperar por ele, não queria que ele abrisse a porta. Apesar de eu saber de tudo o que acontecia, a ficha ainda não tinha caído pra mim, eu nunca vi a tal Bethany, só ouvia o que falavam. Eu queria acreditar que ela era inexistente, algo da minha cabeça, mas infelizmente não era.
Encontramos com Dean e Abigail na entrada do salão e adentramos o lugar. Sam me puxava pela mão dentre aquelas pessoas, eu já reconhecia o rosto da maioria e cumprimentava de volta algumas pessoas que passavam por mim.
- Vou te apresentar o meu novo chefe – ele sussurrou no meu ouvido antes de me por em sua frente e cutucar um homem que pegava uma bebida. O homem ao nos ver sorriu abertamente e olhou para mim.
- Samuel! Como vai? – o homem perguntou, educado.
- Fabian – Sam sorriu – Vou bem e você?
- Ótimo – o homem também sorriu e voltou a olhar pra mim – É sua namorada?
- Minha esposa. , esse é o Fabian, Fabian essa é a – Sam apresentou e eu sorri. O tal Fabian pediu minha mão e eu a estendi, ele a levou até a boca e depositou um beijo.
- Encantado – disse, com um sorriso no canto dos lábios.
- Tá apresentando sua namorada, Sam? – uma mulher ruiva disse, se juntando a nós – Quero conhecê-la também – a ruiva sorriu. Olhei para Sam esperando um posicionamento e ele fitava a ruiva furiosamente.
- Estou. Perdeu o momento de apresentações – ele forçou uma risada para que aquilo fosse levado na brincadeira, mas reconheci seu tom sério no fundo.
- Por que essa curiosidade? Sam fala muito de mim? – arqueei a sobrancelha me dirigindo a ela.
- Muito – a ruiva respondeu com ironia.
- Então, amor, não vai apresentar? – o olhei e a ruiva fez o mesmo.
- Amor, essa é a Bethany – ele gesticulou para ruiva – Aquela secretária que eu te falei.
- Espero que tenha falado muito bem – Bethany disse, esticando a mão para que eu segurasse. Assim eu fiz, forçando um sorriso, meu sangue estava quente.
- Na verdade ele não falou muito, ele só fala das coisas bem importantes, sabe? Só disse que tinha mudado de secretária, tudo que tinha para me falar – eu disse, a fazendo fechar a cara. Deixei meu sorriso prevalecer no rosto – Amor, pode pegar uma bebida pra mim? Estou com tanta sede.
- Claro, amor – Sam sorriu e foi até onde se pegavam bebidas não alcoólicas. Observei Sam se afastar e voltei o meu olhar para Fabian e Bethany.
- Me dão licença? Estou com sede também – Bethany disse, saindo dali sem esperar por respostas.
- Licença, vou procurar por Abigail – eu sorri para o homem à minha frente, que apenas assentiu.
Segui Bethany até onde Sam estava conversando com Dean, com minha bebida em mãos. Observei toda a cena um pouco afastada deles, ouvindo tudo.
- Hey, Dean, se importa? – Bethany disse, segurando o braço de Sam. Dean revirou os olhos.
- Onde a ficou? Vou procurá-la – Dean perguntou para Sam.
- Perto da mesa de bebidas alcoólicas, não a deixe sair de lá – Sam pediu e Dean concordou com a cabeça se afastando. Sam puxou Bethany para um corredor fora do lugar e eu os acompanhei um pouco mais atrás.
- Gosto quando você age assim, mas na cama. Aqui você pode me tratar com carinho, tá, Sam? – Bethany disse, puxando seu braço que ele segurava com força.
- Qual é o seu problema, Beth? Aparecer ali pedindo pra ser apresentada à ? – Sam riu – Você pirou?
- Queria conhecer sua linda esposa, ué – Bethany deu de ombros se encostando na parede.
- Eu já te disse que dei bandeira demais, ela tá desconfiada – Sam suspirou e Bethany sorriu.
Respirei fundo e me afastei dali. De onde eu estava não dava mais para ouvir a conversa deles, mas eu via bem a expressão de Sam suavizando com os toques de Bethany. Eu esperava o momento perfeito para entrar em cena. Esperei por pouco tempo, já que logo os dois começaram a se beijar. Respirei fundo mais algumas vezes antes de fazer o que eu tinha em mente. Voltei para o inicio do corredor e comecei a andar na direção que eles estavam.
- Sam? – chamei alto, forçando meus saltos a fazerem barulho pelo corredor – Samuel, está aí?
- Oi, amor – ouvi-o responder quando cheguei onde eles estavam. Bethany continuava encostada na parede, mas Sam estava bem longe dela.
- Ainda bem que te achei – encurtei a distância entre mim e ele. Olhei para a ruiva e arqueei a sobrancelha, voltando meu olhar para ele como se eu não entendesse o que se passava ali.
- Bethany pediu pra conversar comigo longe de toda aquela gente, mas ainda não falou o que queria. Acabamos de chegar aqui – ele mentiu. Sorri em resposta e o dei um selinho.
- Quero ir pra casa.
- Por quê? Eu não posso ir agora, chegamos tem pouco tempo, amor.
- Não precisa vir comigo. Eu não tô me sentindo bem, pego um táxi – expliquei, me virando e voltando a andar. Ouvi Bethany dizer 'já vai tarde' e me voltei para eles. - Como, querida? Não entendi – me dirigi a ela e Sam tentou interver.
- Eu te acompanho até o táxi, amor. Vamos? – ele pôs sua mão em minha cintura e tentou me puxar, prendi meus pés ali e não deixei.
- Eu não entendi o que ela disse. O que foi, Bethany?
- Só disse que é linda a confiança que você tem nele, querida – a ruiva respondeu, destacando bem a última palavra. Não soube como responder àquilo.
- Até logo, Bethany – me despedi e continuei andando com Sam em meu encalço.
Sam me acompanhou até onde tinham uns táxis parados, nos despedimos e eu entrei no carro, avisando para onde iria. Eu não tinha raiva de Sam, eu tinha nojo. Já de Bethany, eu sentia uma raiva multiplicada. Minha vontade era de arrancar os cabelos dela e fazê-la engolir, eu não conseguia aceitar que uma mulher conseguia ser tão baixa e imunda a ponto de, além de ficar com o marido de outra, fazer questão de ter contato com a mesma. Cheguei em casa enfurecida e arrumei uma mala pequena com tudo que Sam tinha quando se mudou para cá e tudo que ele comprou com o dinheiro dele, eu ia o deixar praticamente com uma mão na frente e outra atrás. Queria ver aí, se Bethany continuaria fazendo questão dele. Arrastei a mala comigo até a sala, a deixei no canto da porta, fui até o sofá e me sentei. Eu esperaria por ele.

Sábado, 12 de setembro, 03h13am.
- Amor? – Samuel estreitou os olhos para confirmar se estava me vendo ali mesmo – Tá me esperando de novo ou não tá se sentindo bem? – ele jogou a chave do carro em cima do centro e fez menção de se sentar ao meu lado.
- Não se sente – eu disse e ele obedeceu, mostrando-se confuso.
- O que aconteceu?
- Tudo o que é seu está na caixa à esquerda – respondi, o encarando. Samuel abriu a boca algumas vezes para falar, mas nenhum som saiu – Suas roupas estão todas na mala perto da porta. O que ficou no armário, são minhas coisas. Se eu comprei, por favor, não toque.
- Como? – ele finalmente achou – O que aconteceu? Pode me explicar? Pode não, eu exijo uma explicação, , está louca?
- Você quer uma explicação? – fiz cara de pena - Eu mando uma mensagem.
- Amor, o que deu em você? Deixa eu me explicar de seja lá o que for – ele riu, nervoso.
- Tudo bem, mas você pode andar e falar? – pedi, o empurrando - Ah, e é o meu nome que está naquela bolsa. Então, faça-me o favor de devolver, ok? Estou sendo boa demais em ainda emprestá-la.
- Para – ele aumentou o tom de voz – Você deve ter entendido tudo errado, amor.
- Você ainda ousa me dizer que é mentira? – eu gritava, o empurrando em direção à porta com mais força.
- Você tá de cabeça quente, vou pra um hotel e amanhã passo aqui pra gente conversar – ele fez menção de ir até o centro pegar a chave do carro e eu não deixei.
- Eu chamo um táxi pra você, Samuel – sorri docemente.
- O quê? Táxi? – ele mostrou-se confuso – Eu vou com meu carro.
- Eu comprei, então o carro é meu – o corrigi – E não precisa passar aqui nem amanhã e nem nunca. Minha decisão é definitiva, não temos o que conversar.
- , pense bem, você nunca vai encontrar um homem como eu. Não seja boba, eu te amo – Samuel tentou se aproximar, mas eu me afastei fazendo uma cara de confusa.
- Essa é a intenção – dei de ombros – Você não deve saber nada sobre mim mesmo, não é?
- Não vai encontrar ninguém pra me substituir, eu sei que você não consegue ficar em uma casa sozinha.
- Eu arrumo outro como você em um minuto – sorri sem mostrar os dentes – Inclusive, ele deve chegar aqui num minuto, então se apresse em sair da minha casa. Nem por um segundo pense que você é insubstituível, Samuel.
- , por favor, meu amor – ele implorava com os olhos.
- Continua andando, segue em frente, vê se cresce. Quero você o mais longe daqui agora – o empurrei para fora da minha casa e entreguei a caixa com seus pertences em suas mãos – Aproveite e ligue para aquela puta, veja se ela está em casa para te receber – voltei até a porta, puxando também sua mala e jogando em sua frente.
- C-c-como? – gaguejou.
- Ops – levei minha mão até minha boca – Você achava que eu não sabia? Por que acha que eu te coloquei pra fora? Porque você é um mentiroso! Andando por aí com ela no carro que EU comprei pra você! – berrei, cada palavra era um soco que eu dava nele, literalmente – Ande logo, antes que o táxi vá embora, eu não vou chamar outro.
- , pense melhor, você é tudo pra mim – Sam insistia.
- Sou? Pra mim você não é mais nada – cuspia as palavras – Não vou derramar uma lágrima sequer por você, não vou perder nem um segundo do meu sono, nem isso você merece, e sabe por quê? Porque é muito fácil substituir você, querido. Agora some daqui, eu não vou falar outra vez. O táxi já, já cansa de esperar.
Não quis ouvir mais uma palavra sequer. Virei-me e voltei para dentro de casa, fechando a porta atrás de mim em seguida. Eu estava finalmente livre daquele problema, daquelas frustação, daquela mágoa. Eu não dependia dele, nunca dependi. Pelo contrário, só eu sabia o quanto eu faria falta em sua vida, Bethany era caloura nessa vida, era apenas uma secretária que seria demitida daquela empresa em dois tempos assim que eu falasse com o dono daquilo, Sam não teria o mesmo destino, se tivesse sorte. Eu não tinha mais aquele peso nas costas, iria me livrar daquelas olheiras por chorar durantes horas ou ficar acordada até o cansaço me ganhar várias noites, o esperando, eu iria finalmente ser feliz. E ao contrário do que ele pensa, substituir Samuel era muito, muito fácil. Aproximei-me da mesa da cozinha e admirei aquelas belas flores, prestando mais atenção no cartão que ali estava.
"Estou realmente encantado por ter a honra de ser apresentado a você. Que tal tomarmos um café amanhã às nove? Adoraria te conhecer melhor. As rosas são belas e delicadas, como você. Me liga 8956-09890... >Fabian Xx."



Fim



Nota da autora: E então? Essa é uma short bem curtinha, tiveram poucas páginas, mas espero que vocês tenham gostado. É minha primeira autoria sozinha aqui no site, então peguem leve, ok? Eu sou completamente apaixonada pela Beyoncé e todas as músicas dela me deixam louca, as letras são simplesmente perfeitas e tocantes. Essa é uma das minhas preferidas das várias que são uma tapa na cara da sociedade, Bey pisa! HAHAHA. Achei que a música dava uma short boa e resolvi escrever, então, é isso... Não tenho muito que dizer, me gritem no meu ask(ask.fm/cherlou), beijinhos e até a próxima! (:


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