It's My Dream
Por: Tati & Tami
Beta: Nelloba Jones



- Nossa vez. - disse, pegando o violão
- O que acha de cantarmos uma nossa? - falei enquanto ele afinava o instrumento.
- Não sei, . Será que vão gostar? - dei de ombros.
- Vamos ver. - falei e, antes mesmo de escolher uma canção, ele começou a tocar.
Enquanto cantávamos, mais pessoas foram se juntando à fogueira e, ao acabarmos a canção, para a nossa surpresa, eles aplaudiram.
Não vi como estava, mas eu estava muito feliz, meu sorriso quase não cabia no rosto, eu não esperava por aquilo.

Eu sempre gostei de tocar, cantar, compor... mas por hobby mesmo. Claro, eu tinha vontade de tocar em um palco, ser famosa, ter fãs, essas coisas... Mas também, quem nunca sonhou com isso em algum momento da vida? Mas eu não esperava por isso, e não imaginei que fosse assim, não mesmo. Foi bem melhor do que em qualquer um de meus sonhos.
E foi aí que eu realmente comecei a pensar em ter isso sempre na minha vida, levar isso como profissão.

Passei a noite em claro pensando naquilo e, assim que amanheceu, atravessei o Camping até o lugar onde meu irmão estava.
- , eu quero...
- Eu também. - interrompeu-me.
- Mas como...?
- Não sei.
- Pare com...
- Não, é legal.
- Besta. - rimos. Ele adorava fazer aquilo, e só dava certo porque éramos muito parecidos.


Assim que voltamos para casa liguei para , que meia hora depois já estava lá.

Ela era minha melhor amiga, em todos os lugares estávamos juntas e, na maioria das vezes, também.
Nossa pequena diferença de idade — apenas um ano — fez com que crescêssemos e fizéssemos tudo juntas. Sempre gostávamos dos mesmos lugares, tivemos o mesmo grupo de amigos e aquelas coisas.

- Temos uma coisa pra te falar. - ele disse assim que a cumprimentamos.
- Aaaah, o que vocês fizeram? Fizeram alguma besteira? , você ficou com alguém? Quem é? Estão doentes?
- Calma! - falou, segurando-a. - sempre foi muito ansiosa, e meu irmão nunca teve paciência com isso.
- Tá bom. - ela disse, passando a mão pela boca, como se estivesse fechando um zíper. - Mas nada de me enrolar, vão direto ao ponto.
Contamos para ela sobre nossa experiência, nossos planos para um futuro musical e dissemos que queríamos que ela fosse nossa guitarrista.
Resultado: ela ficou mais empolgada do que nós.


Ensaiamos algumas vezes no estúdio improvisado que montou em nossa garagem, mas faltava uma coisa: a bateria. Sem ela as músicas ficavam mais apagadas, como se estivéssemos fazendo um show acústico para a MTV.
Era exatamente sobre isso que estávamos conversando na lanchonete de nosso bairro, a qual nós íamos toda sexta, quando começamos a ouvir uma leve batida.
Embora baixa e feita em alguma das mesas, era perfeita!
Eu estava procurando pelas mesas quando consegui visualizá-lo. Deveria ser impressão minha, mas achei que ele estava olhando para onde eu estava.

Ele morava perto de minha casa, já o havia visto com seu cachorro por lá algumas vezes. Sempre o via com o cabelo bagunçado, de uma forma extremamente linda. Naquele dia não estava daquele jeito, estava mais ajeitado, mas não tanto também, ele conseguiu atingir o perfeito intermediário entre os dois.

e estavam falando alguma coisa sobre música que ele estava improvisando na mesa, mas nem prestei atenção, só estava prestando atenção nele. Ele começara a parte do solo e mordeu o lábio inferior para se concentrar, nem preciso dizer que estava lindo, como ele todo. Contive um suspiro pela presença de , ainda não tinha coragem de comentar com ele, mas sabia.

Ele sempre conseguira me prender, era como se me hipnotizasse. Eu parava na hora, toda vez que ele passava, e gaguejava toda vez que ia falar comigo.
Eu conseguia ser tão idiota que nem sabia seu nome ainda, mas sabia o de seu cão: Billy. Mas eu tinha de saber, era Billy que usava como desculpa por ficar lá parada.

Ele se levantou, agora podia ver sua blusa xadrez aberta mostrando a outra, preta, que estava por baixo, e sua calça jeans rasgada. Ele começou a batucar pelas cadeiras, até chegar a nossa mesa, a qual contornou e finalizou a música atrás de mim.
Logo após abaixou-se ao meu lado, entre e eu, e disse:
- Acabei ouvindo a conversa de vocês. Sou , quero ser seu baterista.


Marcamos um dia para os testes e ele foi super bem. Nós três adoramos e entrou na banda.
Para mim isso foi muito bom, não somente falando na área profissional, mas na pessoal também, pois começamos a nos falar mais. Ele me ligava quase todos os dias, sendo assim, nos tornamos grandes amigos. Claro, eu ainda queria mais do que isso, já que a cada dia que passava eu me apaixonava mais e mais por ele, mas estava gostando de ser, pelo menos, uma de suas amizades mais próximas. Ao menos por enquanto...


O ensaio desta vez estava diferente: não estamos ensaiando realmente e, sim, discutindo nomes para a banda, já que havíamos conquistado a oportunidade de fazer a abertura de alguns shows.
Enquanto discutíamos, um homem bêbado passou na frente da garagem falando, ou tentando falar, coisas inteligíveis e, não sei por qual motivo, eu estava tentando decifrar, mas a única coisa que entendi foi "", se é que era isso mesmo, no meio de tudo o que ele foi balbuciando até eu não conseguir mais ouvi-lo.
- ... - falei baixo, pensando.
- ! - falou, parecendo adorar o nome acidental que fora criado.

Todos gostaram, então esse seria o nome da banda.

(...)


- Alô? ? – falei, atendendo o celular. Era estranho me ligar naquele horário, geralmente ele ligava à noite.
- Oi, , tudo bem? - hum... ele parecia estar normal.
- Tudo, e com você? - perguntei.
- Tudo... Escuta, eu poderia ir aí hoje? Escrevi uma música e queria te mostrar - uma música? Legal, é a primeira composição dele.
- Claro, pode sim. Mas por que não mostrou ontem no ensaio? - será que ele a fez hoje?
- É que eu queria mostrar pra você primeiro. - awwn, que lindo!
- Tá bom, pode vir. - falei sorrindo que nem boba no telefone, tentando parecer indiferente, para variar um pouco.
- Ok. Já, já estou aí. Beijo! - ele falou rápido, parecia estar nervoso. Ou seria ansioso?
- Beijo. Tchau.
- Tchau.

(...)


- Nossa, , essa música é linda! - não escondi minha admiração, era ótima mesmo. O tipo de música que não paro de ouvir: a letra era perfeita, apaixonante, e o ritmo contagiante.
- Gostou mesmo? - ele perguntou sorrindo. Cara, que sorriso lindo ele tinha.
- Claro! É linda, não tem como não amar. - minha animação era evidente, não quis escondê-la, nem mesmo tentar.
- Que bom que gostou, porque... é sobre você. - ele falou olhando em meus olhos. O quê? Sobre mim? As palavras dele estavam sendo lentamente processadas por mim. - Na verdade, é sobre o que sinto por você... - fiquei muda. O que eu poderia falar? Estava surpresa, feliz, emocionada...
Uma mistura indescritível de emoções. Será que eu estava sonhando?
Ele foi se aproximando devagar, meu coração começou a acelerar, já estava sentindo sua respiração em meu rosto. passou a mão em minha nuca. Fechei os olhos e senti seu lindo sorriso próximo aos meus lábios.
Nos beijamos.

(...)


Hoje era o nosso grande dia. conseguiu um diretor e uma equipe para gravar nosso videoclipe para ser lançado juntamente com nosso primeiro cd. Agora estávamos todos no carro de indo em direção ao estúdio de gravação para começar.

Chegamos e Pedro, nosso diretor, já estava lá nos esperando. Nossas ideias já haviam sido discutidas e ele só explicou como faríamos as filmagens e passou os lugares aos quais iríamos.
Quando já estava tudo certo, entramos para a filmagem onde estaríamos "gravando" a canção, a qual ocuparia a maior parte do vídeo.
- Ai, que emoção! - falou, apertando o meu braço. - Dá pra acreditar, ?
- Não, não dá! - falei empolgada.

Não sou menina, e nem mulher ainda
Sou apenas uma jovem começando a correr atrás de meus sonhos
"


Acabamos aquela parte e fomos ao banheiro nos trocar para o próximo local.

- É ali? – perguntei, apontando para uma das entradas do parque.
- Não sei, acho que é. - disse, virando-se para mim e voltando rapidamente a fixar os olhos no carro de Pedro.
O enorme carro prata virou, indo em direção à entrada que eu havia apontado, e nós fomos o seguindo.
Havia uma área razoavelmente grande reservada para a filmagem.
Teríamos uma troca de figurino e três tipos de cena diferentes lá: e eu cantando alguns trechos; nós quatro correndo e "brincando" na parte das crianças e todos nós entrando em um pequeno lago, onde estaríamos com uma roupa mais praia, e eu não iria querer entrar, então me empurraria.
Não gostei muito dessa última, pois estava frio e eu realmente não queria entrar, e também não a entendi muito, mas pensei que ficaria bem legal.

Terminamos. Agora era somente voltar para casa e aguardar o grande dia.

(...)


Nosso primeiro show.
Um show de verdade, não abertura de algum outro. Foi fantástico ouvir nossa canção nas rádios, ver nosso clipe na TV e ouvir pessoas cantando nossas músicas nas apresentações que fazíamos, mas creio que esta noite seria a mais incrível de todas.
Entramos, ouvimos os gritos, transformei a emoção em um grito de "Boa noite!" e o momento que tanto sonhei começou.


| FIM |



Nota de Beta: Se virem algum erro de português/script/HTML, não usem a caixinha de comentários, me avisem por aqui: nellotcher@gmail.com


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